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OAB
XXXII EXAME DE ORDEM
Lesões Corporais
 
1 
CAPÍTULOS 
Capítulo 1 – Noções Gerais de Direito Penal   
Capítulo 2 – Tipicidade Penal. Tipicidade Conglobante.        
Capítulo 3 – Princípios aplicáveis ao Direito Penal.        
Capítulo 4 – Da aplicação da lei penal.        
Capítulo 5 – Tomo I - Teoria Geral do Crime. Tomo II - Fato típico. 
Tomo III - Ilicitude. Tomo IV - Culpabilidade. 
        
Capítulo 6 – Iter Criminis    
Capítulo 7 – Do Concurso de Pessoas    
Capítulo 8 – Das Medidas de Segurança      
Capítulo 9 – Ação Penal    
Capítulo 10 – Das Penas      
Capítulo 11 – Da Extinção da Punibilidade    
Capítulo 12 –Dos Crimes contra a vida         
Capítulo 13 (você está aqui) – Lesões Corporais         
Capítulo 14 – Da periclitação da vida e da saúde  
Capítulo 15 – Rixa  
Capítulo 16 – Dos crimes contra a honra       
Capítulo 17 – Dos crimes contra a liberdade individual. Dos crimes 
contra a liberdade pessoal. 
      
Capítulo 18 – Dos crimes contra a inviolabilidade do domicílio.   
Capítulo 19 – Dos crimes contra a inviolabilidade de correspondência. 
Dos crimes contra a inviolabilidade dos segredos 
  
Capítulo 20 – Dos crimes contra o patrimônio         
Capítulo 21 – Dos crimes contra a propriedade intelectual   
Capítulo 22 – Dos crimes contra a organização do trabalho   
Capítulo 23 – Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o 
respeito aos mortos 
  
 
2 
Capítulo 24 – Dos crimes contra a dignidade sexual         
Capítulo 25 – Dos crimes contra a família   
Capítulo 26 – Dos crimes contra a incolumidade pública   
Capítulo 27 – Dos crimes contra a paz pública    
Capítulo 28 – Dos crimes contra a fé pública 
Capítulo 29 – Dos crimes contra a administração Pública 
     
 
 
3 
SOBRE ESTE CAPÍTULO 
Neste capítulo, iremos tratar do tema Lesões Corporais. Trata-se de tema extremamente 
recorrente, que merece grande atenção. É importante sempre estudar o tema relacionando com 
a lei seca, jurisprudência e súmulas. 
 
4 
SUMÁRIO 
DIREITO PENAL ................................................................................................................................... 6 
Capítulo 13 .......................................................................................................................................... 6 
13. Lesões Corporais .......................................................................................................................... 6 
13.1 Conceito ............................................................................................................................................................................ 6 
13.2 Conduta ............................................................................................................................................................................. 6 
13.3 Objetividade jurídica e Objeto material ........................................................................................................... 7 
13.4 Sujeito ativo e sujeito passivo ............................................................................................................................... 8 
13.5 Elemento subjetivo ...................................................................................................................................................... 8 
13.6 Tentativa e consumação ........................................................................................................................................... 8 
13.7 Autolesão .......................................................................................................................................................................... 8 
13.8 Princípio da insignificância ou criminalidade de bagatela ..................................................................... 8 
13.9 Lesão dolosa leve (Art. 129, caput); ................................................................................................................... 9 
13.10 Lesão corporal dolosa grave (art. 129, §1º) ................................................................................................... 9 
13.11 Lesões corporais gravíssimas: Art. 129, § 2.º .............................................................................................. 12 
13.12 Lesão corporal seguida de morte: Art. 129, § 3.º .................................................................................... 16 
13.13 Lesão corporal dolosa privilegiada: causa de diminuição de pena (art. 129, § 4.º) .............. 17 
13.14 Lesões corporais leves e substituição da pena: § 5.º ............................................................................. 17 
13.15 Aumento de pena na lesão corporal dolosa: § 7.º ................................................................................. 18 
13.16 Lesão corporal culposa (art. 129, §6º) ............................................................................................................ 18 
13.17 Lesão corporal culposa e perdão judicial: § 8.º ........................................................................................ 19 
13.18 Lesão corporal e violência doméstica: § 9.º ................................................................................................ 19 
13.19 Pessoa portadora de deficiência e aumento de pena na lesão corporal leve com 
violência doméstica: § 11º ................................................................................................................................................. 21 
 
5 
13.20 Causa de aumento de pena nas lesões graves, gravíssimas e seguidas de morte: § 10º . 21 
13.21 Lesão corporal contra integrantes dos órgãos de segurança pública: § 12º ............................ 22 
13.22 Ação Penal no Crime de Lesão Corporal ..................................................................................................... 22 
QUADRO SINÓPTICO ....................................................................................................................... 24 
QUESTÕES COMENTADAS .............................................................................................................. 27 
GABARITO.......................................................................................................................................... 37 
QUESTÃO DESAFIO .......................................................................................................................... 38 
GABARITO QUESTÃO DESAFIO ...................................................................................................... 39 
LEGISLAÇÃO COMPILADA ............................................................................................................... 41 
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................. 42 
MAPA MENTAL ................................................................................................................................. 44 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................... 45 
 
 
 
6 
DIREITO PENAL 
Capítulo 13 
Neste capítulo, iremos tratar do tema Lesões Corporais. Trata-se de assunto recorrente em 
provas de Carreiras Jurídicas, que merece grande atenção. 
13. Lesões Corporais 
13.1 Conceito 
Lesão corporal é a ofensa humana direcionada à integridade corporal ou à saúde de outra 
pessoa. Depende da produção de algum dano no corpo da vítima, interno ou externo, mas 
independe da produção de dores ou a irradiação de sangue do organismo do ofendido. 
Encontra-se previsto no art. 129 do Código Penal. O art. 129 do CP tutela a incolumidade 
pessoal do indivíduo, protegendo sua tríplice saúde, ou seja, saúdefísica, saúde fisiológica 
(correto funcionamento do organismo) e a saúde mental. 
Assim, por exemplo, o agente que provoca um desmaio na vítima pode responder por 
lesão corporal, tendo em vista que violou sua saúde fisiológica. O mesmo ocorre com o agente 
que provoca depressão, já que viola a saúde mental da vítima. 
13.2 Conduta 
A conduta está consubstanciada em ofender a integridade física ou a saúde (fisiológica 
ou mental) de outrem. Trata-se de delito de execução livre, podendo ser praticado por ação ou 
omissão (imprópria), por meio de violência física (soco) ou moral (susto). 
 
 
7 
Configura-se o crime não só com a criação pelo agente de ofensa à incolumidade da 
vítima, mas também com o agravamento de uma enfermidade já existente. 
Importante destacar que a dor, bem como o sangramento, são consequências 
dispensáveis para a consumação do delito, podendo ser consideradas pelo juiz na fixação da 
pena. Além disso, a pluralidade de ferimentos, no mesmo contexto fático, não desnatura a 
unidade do crime, podendo ser considerada na fixação da pena-base. 
Observe como o tema foi cobrado na prova de PCMG/2018: " O agente que provoca, de 
forma dolosa, várias lesões corporais, de natureza grave e gravíssima, contra a mesma vítima, 
em um mesmo contexto fático, irá responder por crime continuado. Errado! O Agente irá 
responder por crime único". 
Por outro lado, quanto ao o corte de cabelo contra a vontade da vítima configurar ou 
não lesão corporal. Existem 03 correntes: 
1ªC: Pode configurar lesão corporal, mas é indispensável que a ação provoque uma 
alteração desfavorável no aspecto exterior do indivíduo. 
2ªC: Não configura lesão corporal, mas pode configurar injúria real. 
3ªC: Pode configurar lesão corporal ou injúria real, dependendo do dolo do agente. 
Por fim, conforme entendimento doutrinário contemporâneo, a integridade da vítima é 
um bem relativamente disponível. Portanto, tratando-se de lesão corporal leve e que não 
contrarie a moral e os bons costumes, o consentimento do ofendido poderá excluir o crime. 
13.3 Objetividade jurídica e Objeto material 
O objeto jurídico é a proteção da integridade física, bem como a saúde fisiológica (correto 
funcionamento do organismo) e a saúde mental do indivíduo. Já o objeto material, é a pessoa 
humana que suporta a conduta criminosa. 
 
8 
13.4 Sujeito ativo e sujeito passivo 
Trata-se de um Crime comum, podendo qualquer pessoa ser sujeito ativo. O sujeito 
passivo pode ser qualquer pessoa, mas, em alguns casos, o tipo penal exige uma situação 
diferenciada em relação à vítima, como é o caso da lesão corporal grave ou gravíssima em que 
a vítima deve ser mulher grávida para possibilitar a aceleração do parto ou o aborto. 
13.5 Elemento subjetivo 
Em geral é o dolo, direto ou eventual, conhecido como animus laedendi ou animus 
nocendi. 
13.6 Tentativa e consumação 
A tentativa é possível em todas as modalidades de lesão corporal dolosa. Mas é incabível 
na lesão culposa e na lesão corporal seguida de morte, pois a involuntariedade do resultado 
naturalístico que envolve a culpa é incompatível com o conatus. 
Cuida-se de crime material ou causal e de dano: consuma-se com a efetiva lesão à 
integridade corporal ou à saúde da vítima. 
13.7 Autolesão 
Em regra, a autolesão não é crime, em razão do princípio da alteridade. Entretanto, pode 
caracterizar crime autônomo quando violar outro bem jurídico, é o que ocorre no crime de 
fraude para recebimento do valor de seguro. 
13.8 Princípio da insignificância ou criminalidade de 
bagatela 
É possível sua incidência na lesão corporal dolosa de natureza leve e na lesão corporal 
culposa (CP, art. 129, caput, e § 6.º), quando a conduta acarreta em ofensa ínfima à integridade 
corporal ou à saúde da pessoa humana. O STF já admitiu no âmbito da Justiça Militar. 
 
9 
13.9 Lesão dolosa leve (Art. 129, caput); 
O art. 129, caput, do Código Penal prevê a lesão corporal dolosa leve: 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, cuja ação penal pública depende 
de representação (Lei 9.099/95, art. 88). Cabe suspensão condicional do processo e transação. 
Faz-se prova da materialidade do fato delituoso com o exame de corpo de delito, mas 
para o oferecimento da denúncia é suficiente o boletim médico ou prova equivalente. Entretanto, 
para a condenação, entretanto, exige-se a perícia, sob pena de nulidade. 
A ação penal é pública condicionada à representação. As demais espécies de lesões 
corporais dolosas são crimes de ação penal pública incondicionada, inclusive no caso da Lei 
Maria da Penha. 
Súmula n.º 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal 
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
13.10 Lesão corporal dolosa grave (art. 129, §1º) 
É uma forma qualificada, e encontra-se prevista no § 1.º do art. 129 do Código Penal: 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias1; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função2; 
IV - aceleração de parto3: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 
1 Vide questão 8 do material 
2 Vide questão 4 do material 
3 Vide questões 6 e 10 do material 
 
10 
A pena, em qualquer das hipóteses, é de reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos. Cuida-se, 
portanto, de infração penal de médio potencial ofensivo. 
É possível a coexistência de diversas formas de lesão corporal grave. Nesses casos, estará 
configurado um único crime. 
Considera-se lesão grave aquela que resulta em: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias; 
Ocupação habitual corresponde a qualquer atividade corporal rotineira, não 
necessariamente ligada a trabalho ou ocupação lucrativa, devendo ser lícita, ainda que imoral. 
É suficiente tratar-se de ocupação concreta, pouco importando se lucrativa ou não. 
Pode atingir pessoas que não fazem parte da população economicamente ativa, ex: 
crianças, débeis mentais, idosos, etc. 
Vergonha de sair de casa ou humilhação devido à agressão sofrida NÃO qualifica , 
devendo ser um impedimento real e não meramente subjetivo. 
São exigidos, pois, dois exames periciais, conforme o Art. 168, do Código de Processo 
Penal: um exame inicial, realizado logo após o crime, que se destina a constatar a existência das 
lesões, e um exame complementar, efetuado logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, 
contado da data do crime, que serve para comprovar a duração da incapacidade das ocupações 
habituais em razão dos ferimentos provocados pela conduta criminosa. 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, 
proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou 
judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, 
ou de seu defensor. 
§ 1º No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim 
de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. 
§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do 
Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do 
crime. 
 
11 
§ 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. 
Esse prazo é penal, até porque presente no próprio tipo. Logo, se inclui na contagem o 
dia da ocorrência do crime. 
II - Perigo de vida 
Trata-se da probabilidade séria, concreta e imediata do êxito letal, devidamente 
comprovado por perícia. Não se presume, comprovando-se por meio de perícia. 
Apenas admite a forma PRETERDOLOSA, dolo na lesão e culpa no perigo de vida. Se o 
sujeito assume o risco de causar perigo de vida à vítima, trata-se de tentativa de homicídio. 
III- Debilidade permanentede membro, sentido ou função 
Debilidade é a diminuição ou o enfraquecimento da capacidade funcional, de forma 
permanente, duradoura e de recuperação incerta. 
Membros são os braços, pernas, mãos e pés. Sentidos são os mecanismos pelos quais a 
pessoa humana constata o mundo à sua volta. São cinco: visão, audição, tato, olfato e paladar. 
Função é a atividade inerente a um órgão ou aparelho do corpo humano. Destacam-se, entre 
outras, as funções secretora, respiratória, circulatória etc. 
Tratando-se de órgãos duplos (ex: rins, olhos), a perda de um deles caracteriza lesão 
grave pela debilidade permanente, enquanto a perda de ambos configura lesão gravíssima pela 
perda ou inutilização. 
A perda de um ou mais dentes pode ou não caracterizar lesão corporal grave, 
dependendo da comprovação pericial acerca da debilidade ou não da função mastigatória, e, 
indiretamente, também da função digestiva. O STJ, em 2017, decidiu que a lesão corporal que 
provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art. 129, § 1º, III, do CP), e não 
gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP). 
 
 
 
12 
IV - Aceleração de parto 
Aceleração de parto é a antecipação do parto, o parto prematuro, que ocorre quando o 
feto nasce antes do período normal estipulado pela medicina, em decorrência da lesão corporal 
produzida na gestante. Exige-se o conhecimento, pelo sujeito, da gravidez da vítima. Caso ignore 
a situação, o agente deve responder somente por lesão corporal leve. 
Entretanto, se em consequência da lesão corporal praticada contra a gestante, o feto for 
expulso morto do ventre materno, o crime será de lesão corporal gravíssima em razão do aborto. 
13.11 Lesões corporais gravíssimas: Art. 129, § 2.º 
As lesões corporais gravíssimas estão definidas pelo art. 129, § 2.º, do Código Penal. A 
pena, em qualquer caso, é de reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho4; 
II - enfermidade incurável5; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente6; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
É possível a ocorrência simultânea de duas ou mais modalidades de lesão corporal 
gravíssima, mas irá configurar crime único. 
Considera-se lesão gravíssima aquela que resulta em: 
 
 
 
4 Vide questão 9 do material 
5 Vide questão 3 do material 
6 Vide questão 1 do material 
 
13 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
Incapacidade permanente compreende toda e qualquer incapacidade longa e duradoura, 
isto é, que não permita fixar seu limite temporal. Não se exige que seja irreversível ou perpetua, 
deve ser duradoura, no tempo e sem previsão de cessação. 
Não se trata mais de ocupações habituais, mas de trabalho remunerado. Prevalece que 
para incidir essa qualificadora, o sujeito deve ficar incapacitado para todo o tipo de trabalho, e 
não apenas para aquele realizado antes do fato. 
II - enfermidade incurável; 
Trata-se de um processo patológico em curso que afeta a saúde em geral, para o qual 
não existe cura na medicina. Deve ser provada por exame pericial. 
Considera-se incurável a enfermidade que somente pode ser enfrentada por 
procedimento cirúrgico complexo ou mediante tratamentos experimentais ou penosos, pois a 
vítima não pode ser obrigada a enfrentar tais situações. 
A qualificadora não se aplica quando há tratamento ou cirurgia simples para solucionar 
o problema e a vítima se recusa injustificadamente a adotá-lo. 
Admite-se que a enfermidade incurável possa resultar tanto do comportamento culposo 
quanto doloso do agente. 
Não há consenso na doutrina acerca da transmissão do vírus da AIDS configurar 
homicídio, lesão corporal gravíssima em razão de enfermidade incurável ou até mesmo o crime 
de perigo de contágio venéreo. 
Para Cleber Masson “A AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), doença fatal e 
incurável, não é moléstia venérea, uma vez que pode ser transmitida por formas diversas da 
relação sexual e dos atos libidinosos. Se um portador do vírus HIV, consciente da letalidade da 
moléstia, efetua intencionalmente com terceira pessoa ato libidinoso que transmite a doença, 
matando-a, responde por homicídio doloso consumado. E, se a vítima não falecer, a ele deve 
ser imputado o crime de homicídio tentado. Não há falar no crime de perigo de contágio 
 
14 
venéreo (CP, art. 130), uma vez que o dolo do agente dirige-se à morte da vítima. É a nossa 
posição”. 
O autor, todavia, traz o entendimento do Supremo Tribunal Federal: “não comete 
homicídio (consumado ou tentado) o sujeito que, tendo ciência da doença (AIDS) e, 
deliberadamente, oculta-a de seus parceiros, mantém relações sexuais sem preservativo. A Corte, 
todavia, limita-se a afastar o crime doloso contra a vida, sem concluir acerca da tipicidade do 
delito efetivamente cometido (perigo de contágio venéreo ou lesão corporal gravíssima pela 
enfermidade incurável)”. 
 
Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: DPE-SC Prova: FUNDATEC - 2018 - DPE-SC - Analista 
Técnico. IV. Pode-se asseverar que se o agente ativo, portador de HIV – AIDS, tem por 
intenção transmitir a sua doença a outrem, poderá responder pelo delito de perigo de 
contágio de moléstia grave, se o seu dolo se dirigir tão somente à transmissão da doença; 
poderá responder pelo delito de homicídio ou de tentativa de homicídio, se o seu dolo se 
dirigir para além da transmissão da doença à morte da vítima; ou, ainda, poderá responder 
por lesão corporal de natureza gravíssima, se seu dolo se dirigir à produção de ofensa à 
integridade física ou saúde da vítima, com o resultado enfermidade incurável, ou, ainda, 
por lesão corporal seguida de morte, acaso essa ocorra, mas o dolo do agente abranja 
apenas a intenção de lesionar a vítima. 
 
 
 
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
Perda é a destruição ou privação de membro, sentido ou função. Existem duas hipóteses 
de perda de membro: Amputação (feita por médico em procedimento cirúrgico) ou mutilação 
(realizada pelo agressor, culposa ou dolosamente, na execução do crime). 
 
15 
Inutilização é a falta de aptidão do órgão para desempenhar sua função específica. Frisa-
se que a perda de parte do movimento de um membro (braço ou perna, mão ou pé) caracteriza 
lesão grave pela debilidade, ao passo que a perda de todo o movimento tipifica lesão corporal 
gravíssima pela inutilização. 
Para configurar lesão corporal gravíssima, na hipótese de órgãos duplos, os dois órgãos 
precisam ser prejudicados, caracterizando perda ou inutilização. Exemplo: surdez nos dois 
ouvidos. 
Por fim, a cirurgia de esterilização e de mudança de sexo não provoca a inutilização da 
função reprodutora, e não configuram lesão corporal gravíssima, assim como não configura as 
intervenções médicas ou cirúrgicas em geral (com finalidade curativa, reparadora etc.), eis que 
há ausência do dolo de lesionar a integridade corporal ou a saúde do paciente. Não há crime 
por parte do médico que efetua essa cirurgia. 
IV - deformidade permanente; 
Alteração duradoura de parte do corpo. Permanente e visível, em qualquer parte do corpo, 
trazendo uma impressão desagradável ou vexatória para a vítima. Deve haver um dano estético 
irreparável, visível. Exemplo: Jogar ácido no rosto da pessoa. 
Doutrina e jurisprudência majoritárias, entretanto, consagram o entendimento de que essa 
qualificadora é intimamente relacionada a questões estéticas. A correção da deformidade com 
o emprego de prótese ou ocultação da deformidade pelos cabelos ou por aparelhos, tais como 
óculos escuros, não afasta essa qualificadora. 
Caso a deformidade permanente seja corrigida por cirurgia estética, subsiste a 
qualificadora? 
 1ª corrente: sim, pois a deformidade deixou de existir. 
 2ª corrente: não, porque a qualificadora deve ser analisada no momento do crime,em 
compasso com a teoria da atividade. 
 
16 
Doutrinariamente, a 1ª corrente parece ser a majoritária. Todavia, é preciso ter cuidado 
com o tipo de pergunta feito na hora da prova, eis que o STJ, no Informativo n.º 562, decidiu 
contrariamente. 
V - aborto 
A interrupção da gravidez com a consequente morte do feto deve ter sido provocada 
culposamente, uma vez que se trata de crime preterdoloso. Do contrário (dolo de abortamento), 
o agente responde pelo crime de aborto. 
É obrigatório o conhecimento do sujeito acerca da gravidez da vítima. Se o agente 
ignorava a gravidez da ofendida, a hipótese é de erro de tipo, com exclusão do dolo e, 
consequentemente, da qualificadora. 
Quadro comparativo: 
Lesão corporal grave Lesão corporal gravíssima 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, 
por mais de trinta dias; 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - perigo de vida; II - enfermidade incurável; 
III - debilidade permanente de membro, 
sentido ou função; 
III perda ou inutilização do membro, sentido 
ou função; 
- IV - deformidade permanente; 
IV - aceleração de parto: V - aborto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
Ação penal pública incondicionada 
 
13.12 Lesão corporal seguida de morte: Art. 129, § 3.º 
Estabelece o art. 129, § 3.º, do Código Penal: 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, 
nem assumiu o risco de produzi-lo: 
 
17 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Trata-se de um crime preterdoloso. Não há que se falar em dolo de matar. A morte, aqui, 
é sempre culposa. 
Caso fortuito ou força maior não permitem imputar o resultado morte ao agente. 
Responde apenas por lesão. 
Tratando-se de figura híbrida (misto de dolo e de culpa), esse crime não admite tentativa. 
13.13 Lesão corporal dolosa privilegiada: causa de 
diminuição de pena (art. 129, § 4.º) 
O art. 129, §4º prevê uma causa especial de diminuição de pena aplicável unicamente no 
tocante às lesões dolosas. Não é cabível na lesão corporal culposa. 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral 
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, 
o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
13.14 Lesões corporais leves e substituição da pena: § 5.º 
O §5º, por sua vez, prevê a possibilidade de substituição da pena, in verbis: 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela 
de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas7. 
A substituição aplica-se exclusivamente à lesão corporal LEVE, e mesmo assim somente 
se a lesão for privilegiada ou se tratar-se de lesão recíproca. 
 
7 Vide questão 2 do material 
 
18 
Lesões recíprocas são as que ocorrem quando duas pessoas injustamente se agridem. 
Não se confunde com a legítima defesa, pois, se a vítima ferir o ofensor apenas para se defender, 
não cometerá crime nenhum. 
13.15 Aumento de pena na lesão corporal dolosa: § 7.º 
Prevista no Art. 129, §7º, do Código Penal: 
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do 
art. 121 deste Código. 
Na hipótese de lesão corporal dolosa, qualquer que seja sua modalidade (leve, grave, 
gravíssima ou seguida de morte), a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado 
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou então se for praticado 
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de 
extermínio. 
13.16 Lesão corporal culposa (art. 129, §6º)8 
A lesão corporal culposa está prevista no Art. 129, §6º, do Código Penal, e assim dispõe: 
§ 6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, cuja ação penal pública depende 
de representação (Lei 9.099/95, art. 89). Cabe suspensão condicional do processo e transação. 
Importante dizer que a Lei nº 13.546/2017, alterou o Código de Trânsito Brasileiro. O art. 
303 do CTB trata sobre o crime de lesão corporal culposa no trânsito. A Lei nº 13.546/2017 
acrescenta uma nova qualificadora no § 2º com a seguinte redação: 
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - 
detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
8 Vide questão 5 do material 
 
19 
§ 1º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses 
do § 1º do art. 302. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.546, de 2017). 
§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das 
outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade 
psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa 
que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou 
gravíssima. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017). 
Dessa forma, passaram a existir no ordenamento jurídico brasileiro dois crimes de lesões 
corporais culposas: a previsão do art. 129, §6º, CP, abrangendo todos os casos de forma residual; 
e a previsão do art. 303 do CTB, aplicação exclusiva para os acidentes de trânsito viário em que 
o autor do crime esteja na direção de veículo automotor. 
13.17 Lesão corporal culposa e perdão judicial: § 8.º 
O art. 129, § 8.º, do Código Penal determina a incidência do perdão judicial ao crime de 
lesão corporal culposa. 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
Os requisitos são os mesmos do homicídio. O juiz pode deixar de aplicar a pena quando 
as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal 
se torne desnecessária. 
 
13.18 Lesão corporal e violência doméstica: § 9.º 
O § 9º traz uma qualificadora aplicável na hipótese de lesão corporal leve. Com a pena 
majorada, o delito em análise deixa de ser de menor potencial ofensivo. 
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou 
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente 
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
 
20 
Não teria sentido punir uma lesão grave, gravíssima ou seguida de morte com pena de 
detenção, em limites inferiores àqueles previstos nos §§ 1.º, 2.º e 3.º do art. 129 do Código 
Penal. Se a lesão corporal for grave, gravíssima ou seguida de morte, incidirá sobre as penas 
respectivas o aumento de 1/3 imposto pelo § 10 do art. 129 do Código Penal. 
A ação penal será incondicionada quando praticado crime de lesão corporal leve (e 
também a lesão corporal culposa) no âmbito da violência doméstica ou familiar contra a mulher . 
Súmula n.º 542, STJ. A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
É preciso atentar para o art. 16 da Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha, o qual permite 
a retratação da representação perante a autoridade judicial. Todavia, somente será possível a 
retratação nos crimes de ação penal pública condicionada, praticado com violência doméstica 
ou familiar contra a mulher (exemplo: crime de ameaça – CP, art. 147), e nesse rol não se inclui 
a lesão corporal. 
O crime de lesão corporal com violência doméstica pode ser praticado nas seguintes 
situações (formas de violência): 
 Contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro: Exige-se prova 
documental da relação de parentesco ou do vínculo matrimonial.O parentesco pode ser 
civil ou natural. 
 Com quem conviva ou tenha convivido: É um grupo autônomo de vítimas, de forma 
que não se exige dos familiares a coabitação com o agente. 
 Prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade: Esse terceiro grupo de vítimas se refere às Visitas, hóspedes, empregados 
domésticos etc. 
 
 
21 
13.19 Pessoa portadora de deficiência e aumento de pena na 
lesão corporal leve com violência doméstica: § 11º 
Esta causa de aumento aplica-se exclusivamente ao § 9º, que contempla a lesão leve. Não 
incide, portanto, se a lesão é grave, gravíssima ou seguida de morte. 
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime 
for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
Se o deficiente for vítima de lesão grave em ambiente doméstico e familiar, somente se 
aplica a majorante do §10º. 
13.20 Causa de aumento de pena nas lesões graves, 
gravíssimas e seguidas de morte: § 10º 
Note-se que a lesão leve praticada nas situações descritas no § 9º consubstancia uma 
qualificadora, ao passo que a lesão grave, gravíssima ou seguida de morte cometida nas mesmas 
hipóteses dá ensejo a uma causa de aumento de pena. 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas 
no § 9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
Como exemplo, o art. 129, §1º (lesão grave), que tem pena prevista de 01 a 05 anos, terá 
a pena majorada de 1/3, se o crime for cometido em ambiente doméstico ou familiar. O mesmo 
ocorrendo com os §§2º (lesão gravíssima - pena de 02 a 08) e 3º (lesão seguida de morte - 
pena 04 a 12). 
Consequência da majoração de 1/3 nesses crimes: 
 §1º: 01 a 05 anos - Não mais admite suspensão condicional do processo. 
 §2º: 02 a 08 anos - Não mais admite a ‘sursis’ comum ou especial. 
 §3º: 04 a 12 anos - Não mais admite regime inicial aberto. 
 
 
22 
13.21 Lesão corporal contra integrantes dos órgãos de 
segurança pública: § 12º 
Nova causa de aumento de pena da lesão dolosa, em qualquer modalidade , leve, grave, 
gravíssima ou seguida de morte: 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena 
é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015). 
Cuida-se de causa de aumento da pena, a ser utilizada pelo magistrado na terceira e 
derradeira etapa da dosimetria da pena privativa de liberdade, e aplicável exclusivamente à lesão 
corporal dolosa, em qualquer das suas modalidades (leve, grave, gravíssima ou seguida de 
morte). 
13.22 Ação Penal no Crime de Lesão Corporal 
Em regra, a pena do crime de lesão corporal é perseguida mediante ação penal pública 
incondicionada. Excepcionalmente, porém, no caso da lesão dolosa de natureza leve (art. 129, 
caput, do Código Penal) e culposa (§ 6º), o oferecimento da ação penal dependerá de 
representação da vítima ou de seu representante legal (art. 88 da Lei 9.099/95). 
Faz-se importante mencionar que, qualquer lesão corporal, mesmo que leve ou culposa, 
praticada contra mulher no âmbito das relações domésticas é crime de ação penal 
incondicionada, ou seja, o Ministério Público pode dar início à ação penal sem necessidade de 
representação da vítima. 
"(...) Conforme decidiu o c. STF, na ADI 4424, o crime de lesão corporal em contexto de 
violência doméstica é de ação pública incondicionada, que independe da vontade da 
vítima para a persecução penal... Não é outro o entendimento do e. STJ, que, inclusive, 
editou a súmula n. 542: “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de 
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. No mesmo sentido, decidiu 
 
23 
o Tribunal que “(...) As lesões corporais praticadas no âmbito doméstico constituem crime 
de ação pública incondicionada, pouco importando a vontade da vítima ou a reconciliação 
do casal, ante a imperatividade da Lei Maria da Penha na salvaguarda do interesse maior 
da integridade física e psíquica da mulher. (...)” (Acórdão 1008237, 20161510001855APR, 
Relator: Des. Jesuino Rissato, 3ª Turma Criminal, data de julgamento: 30/3/2017, publicado 
no DJE: 7/4/2017. Pág.: 154/168). Daí por que não se aplica o disposto no art. 16 da L. 
11.340/06 quanto ao crime de lesão corporal". (grifamos) Acórdão 1236068, 
00027001220168070003, Relator: JAIR SOARES, 2ª Turma Criminal, data de julgamento: 
5/3/2020, publicado no DJe: 18/3/2020. 
Corroborando esse entendimento, a jurisprudência em teses n.º 11 do STJ, referente a 
violência doméstica e familiar contra mulher, entende que: 
11) O crime de lesão corporal, ainda que leve ou culposo, praticado contra a mulher no 
âmbito das relações domésticas e familiares, deve ser processado mediante ação penal 
pública incondicionada. 
Por fim, esse entendimento foi consolidado através da Súmula n.º 542 do STJ: 
Súmula n.º542, STJ. A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de 
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
 
 
24 
QUADRO SINÓPTICO 
 
LESÃO CORPORAL 
CONCEITO 
Lesão corporal é a ofensa humana direcionada à integridade 
corporal ou à saúde de outra pessoa. Depende da produção de 
algum dano no corpo da vítima, interno ou externo, mas 
independe da produção de dores ou a irradiação de sangue do 
organismo do ofendido. 
AUTOLESÃO 
Em regra, a autolesão não é crime, em razão do princípio da 
alteridade. Entretanto, pode caracterizar crime autônomo quando 
violar outro bem jurídico é o que ocorre no crime de fraude para 
recebimento do valor de seguro. 
PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA OU 
CRIMINALIDADE DE 
BAGATELA 
É possível sua incidência na lesão corporal dolosa de natureza 
leve e na lesão corporal culposa (CP, art. 129, caput, e § 6.º), 
quando a conduta acarreta em ofensa ínfima à integridade 
corporal ou à saúde da pessoa humana. O STF já admitiu no 
âmbito da Justiça Militar. 
LESÃO DOLOSA LEVE 
(ART. 129, CAPUT); 
Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, cuja ação 
penal pública depende de representação (Lei 9.099/95, art. 88). 
Cabe suspensão condicional do processo e transação. 
LESÃO CORPORAL 
DOLOSA GRAVE (ART. 
129, §1º) 
É uma forma qualificada, e encontra-se prevista no § 1.º do art. 
129 do Código Penal: 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
LESÕES CORPORAIS 
GRAVÍSSIMAS: ART. 129, 
§ 2.º 
As lesões corporais gravíssimas estão definidas pelo art. 129, § 
2.º, do Código Penal. A pena, em qualquer caso, é de reclusão, 
de 2 (dois) a 8 (oito) anos. 
 
25 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
LESÃO CORPORAL 
SEGUIDA DE MORTE: 
ART. 129, § 3.º 
Trata-se de um crime preterdoloso. Não há que se falar em dolo 
de matar. A morte, aqui, é sempre culposa. Caso fortuito ou força 
maior não permitem imputar o resultado morte ao agente. 
Responde apenas por lesão. 
LESÃO CORPORAL 
DOLOSA PRIVILEGIADA: 
CAUSA DE DIMINUIÇÃO 
DE PENA (ART. 129, § 
4.º) 
O art. 129, §4º prevê uma causa especial de diminuição de pena 
aplicável unicamente no tocante às lesões dolosas, caso o agente 
comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou 
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a 
injusta provocação da vítima. 
LESÕES CORPORAIS 
LEVES E SUBSTITUIÇÃO 
DA PENA: § 5.º 
A substituição aplica-se exclusivamenteà lesão corporal LEVE, e 
mesmo assim somente se a lesão for privilegiada ou se tratar-se 
de lesão recíproca. 
AUMENTO DE PENA NA 
LESÃO CORPORAL 
DOLOSA: § 7.º 
Na hipótese de lesão corporal dolosa, qualquer que seja sua 
modalidade (leve, grave, gravíssima ou seguida de morte), a pena 
é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra 
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos, 
ou então se for praticado por milícia privada, sob o pretexto de 
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
LESÃO CORPORAL 
CULPOSA (ART. 129, 
§6º) 
Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, cuja ação 
penal pública depende de representação (Lei 9.099/95, art. 89). 
Cabe suspensão condicional do processo e transação. 
LESÃO CORPORAL 
CULPOSA E PERDÃO 
JUDICIAL: § 8.º 
Os requisitos são os mesmos do homicídio. O juiz pode deixar 
de aplicar a pena quando as consequências da infração atingirem 
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne 
desnecessária. 
 
 
26 
LESÃO CORPORAL E 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: 
§ 9.º 
O § 9º traz uma qualificadora aplicável na hipótese de lesão 
corporal leve. Com a pena majorada, o delito em análise deixa de 
ser de menor potencial ofensivo. 
PESSOA PORTADORA DE 
DEFICIÊNCIA E 
AUMENTO DE PENA NA 
LESÃO CORPORAL LEVE 
COM VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA: § 11º 
Esta causa de aumento aplica-se exclusivamente ao § 9º, que 
contempla a lesão leve. Não incide, portanto, se a lesão é grave, 
gravíssima ou seguida de morte. § 11. Na hipótese do § 9º deste 
artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for 
cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
CAUSA DE AUMENTO 
DE PENA NAS LESÕES 
GRAVES, GRAVÍSSIMAS 
E SEGUIDAS DE MORTE: 
§ 10º 
Note-se que a lesão leve praticada nas situações descritas no § 
9º consubstancia uma qualificadora, ao passo que a lesão grave, 
gravíssima ou seguida de morte cometida nas mesmas hipóteses 
dá ensejo a uma causa de aumento de pena. 
LESÃO CORPORAL 
CONTRA INTEGRANTES 
DOS ÓRGÃOS DE 
SEGURANÇA PÚBLICA: § 
12º 
Nova causa de aumento de pena da lesão dolosa, em qualquer 
modalidade, leve, grave, gravíssima ou seguida de morte. 
 
 
 
27 
QUESTÕES COMENTADAS 
Questão 1 
(Banca: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto) De acordo com o Artigo 
129 do Código Penal Brasileiro, trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima: 
 
A) Aceleração de parto. 
B) Debilidade permanente de membro, sentido ou função. 
C) Deformidade permanente. 
D) Perigo de vida. 
 
 
Comentário: 
A) Errada. Conforme o Art. 129, §1.º, IV, do Código Penal, a aceleração de parto é lesão 
corporal de natureza grave. 
B) Errada. Conforme o Art. 129, §1.º, III, do Código Penal, a debilidade permanente de 
membro, sentido ou função é lesão corporal de natureza grave. 
C) Correta. Conforme o Art. 129, §2.º, IV, do Código Penal, a deformidade permanente é 
lesão corporal de natureza gravíssima. 
D) Errada. Conforme o Art. 129, §1.º, II, do Código Penal, o perigo de vida é lesão corporal 
de natureza grave. 
 
Questão 2 
(Banca: FCC - 2016 - DPE-BA - Defensor Público) Sobre os crimes contra a pessoa, 
 
A) o comportamento da vítima é incapaz de influenciar a pena no crime de lesão corporal. 
 
28 
B) o princípio da insignificância não se aplica ao crime de lesão corporal, pois sua desclassificação 
incide na contravenção de vias de fato. 
C) a ofensa à saúde de outrem, por ser crime de perigo, não depende da produção do resultado 
para a configuração da tipicidade. 
D) a lesão corporal culposa na direção de veículo automotor impede a substituição da pena 
privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. 
E) a prática de lesão corporal leve em situação de lesões recíprocas pode ensejar a substituição 
da pena de detenção pela de multa. 
 
 
Comentário: 
A) Errada. Comportamento da vítima é circunstância que deve ser considerada pelo 
julgador para fins de fixação da pena base na ocasião da prolação da sentença juntamente 
com outras circunstâncias, nos termos do artigo 59 do Código Penal. Vale dizer: em casos 
de crime contra pessoa, se o comportamento da vítima de alguma forma contribui com a 
lesão do bem jurídico, o juiz deve levar em conta para amenizar o quantum a ser aplicado 
na pena base. No que toca ao crime de homicídio, a injusta provocação da vítima, somada 
aos demais elementos estabelecidos no § 1º do artigo 121 do Código Penal, configura o 
delito de homicídio privilegiado, que enseja a diminuição da pena (causa de diminuição de 
pena). Esse fenômeno se repete em relação ao crime de lesão corporal nos termos do § 
4º, do artigo 129, do Código Penal. Sendo assim, a assertiva contida neste item está 
incorreta. 
B) Errada. Há entendimento tanto na doutrina quanto na jurisprudência de que o princípio 
da insignificância se aplica aos crimes de lesão corporal leve. Seria insignificante, embora 
se subsuma a tipo penal do artigo 129 do Código Penal, um levíssimo arranhão que não 
afeta a tipicidade material para ser considerado lesão corporal. Neste sentido já se 
manifestou o STF: 
 
29 
“Acidente de Trânsito. Lesão Corporal. Inexpressividade da Lesão. Princípio da 
Insignificância. Crime Não Configurado. Se a lesão corporal (pequena equimose) decorrente 
de acidente de trânsito é de absoluta insignificância, como resulta dos elementos dos autos 
- e outra prova não seria possível fazer-se tempos depois -, há de impedir-se que se 
instaure ação penal (...)." (STF; HC 66869/PR; Segunda Turma; Relator Ministro Aldir 
Passarinho). Sendo assim, a assertiva contida neste item está errada. 
C) Errada. A conduta de ofender a saúde de outrem é tipificada como crime de lesão 
corporal no artigo 129 do Código Penal. Com efeito, não se trata de crime de perigo, mas 
de resultado e não prescinde, por via de consequência, da ocorrência da efetiva lesão para 
a sua configuração. Logo, a assertiva contida neste item está errada. 
D) Errada. Não há vedação legal à substituição da pena privativa de liberdade por restritivas 
de direito, no caso de crime de lesão corporal na direção de veículo automotor, desde que 
estejam presentes os requisitos previsto no artigo 44 do Código Penal, que trata da matéria. 
E) Correta. A substituição da pena de detenção pela de multa, no caso de prática de lesão 
corporal quando há lesões corporais recíprocas, é possível desde que estejam presentes as 
circunstâncias previstas no inciso II, § 5º, do artigo 129 do Código Penal. A assertiva contida 
neste item está correta. 
 
Questão 3 
(Banca: UFMT - 2016 - DPE-MT - Defensor Público) A lesão corporal se enquadra nas 
hipóteses expressas no art. 129, § 2º do Código Penal, doutrinariamente denominada gravíssima, 
se ocorrer 
 
A) aceleração de parto. 
B) enfermidade incurável. 
C) incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias. 
D) debilidade permanente de membro, sentido ou função. 
E) perigo de vida. 
 
30 
 
 
Comentário: 
A) Errada. Conforme o Art. 129, §1.º, IV, do Código Penal, a aceleração de parto é lesão 
corporal de natureza grave. 
B) Correta. Conforme o Art. 129, §2.º, II, do Código Penal, a enfermidade incurável é lesão 
corporal gravíssima. 
C) Errada. Conforme o Art. 129, §1.º, I, do Código Penal, a incapacidade para as ocupações 
habituais, por mais de trinta dias é lesão corporal de natureza grave. 
D) Errada. Conforme o Art. 129, §1.º, III, do Código Penal, a debilidade permanente de 
membro, sentido ou função, por mais de trinta dias é lesão corporal de natureza grave. 
E) Errada. Conforme o Art. 129, §1.º, II, do Código Penal, o perigo de vida é lesão corporal 
de natureza grave. 
 
Questão 4 
(Banca: Quadrix - 2019 - CRO-AM - Assistente Administrativo Fiscal) Conforme o Código 
Penal, julgue o item. 
 
É considerada como lesão de natureza média a que resultar em debilidade permanente de 
membro, sentidoou função. 
 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
Comentário: 
 
31 
Errada. Não existem a modalidade MÉDIA, apenas leve, grave e gravíssima. Conforme o 
Art. 129, §1.º, III, do Código Penal, a debilidade permanente de membro, sentido ou função, 
por mais de trinta dias é lesão corporal de natureza grave. 
 
Questão 5 
(Banca: Quadrix - 2018 - CRO-PB - Fiscal) Acerca do Direito Penal aplicado à prática 
odontológica, julgue o item que se segue. 
 
O crime de lesão corporal, assim como a maioria dos crimes previstos no Código Penal brasileiro, 
somente admite a modalidade dolosa. 
 
 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
 
Comentário: 
Errada. O Código Penal admite também a modalidade culposa. A lesão corporal na 
modalidade culposa está prevista no §6° do art. 129, e é praticada quando há violação a 
um dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia). 
 
Questão 6 
(Banca: FCC - 2018 - Prefeitura de Caruaru - PE - Procurador do Município) Lesão corporal 
de natureza grave é aquela da qual resulta 
 
A) deformidade permanente. 
B) incapacidade permanente para o trabalho. 
C) violência doméstica. 
D) feminicídio. 
 
32 
E) aceleração de parto. 
 
 
Comentário: 
A) Errada. Conforme o Art. 129, §2.º, IV, do Código Penal, a deformidade permanente é 
lesão corporal de natureza gravíssima. 
B) Errada. Conforme o Art. 129, §2.º, I, do Código Penal, a Incapacidade permanente para 
o trabalho é lesão corporal de natureza gravíssima. 
C) Errada. A violência doméstica qualifica a lesão leve e serve como causa de aumento de 
pena pra greve, gravíssima e com resultado morte. 
D) Errada. Não há tal previsão. O termo feminicídio trata-se do homicídio qualificado contra 
mulher pela simples razão de menosprezo ou discriminação à condição de ser mulher. 
E) Correta. Conforme o Art. 129, §1.º, IV, do Código Penal, a aceleração de parto é lesão 
corporal de natureza grave. 
 
Questão 7 
(Banca: CESPE / CEBRASPE - 2018 - PC-MA - Perito Criminal) Mário, ao envolver-se em uma 
briga, lesionou Júlio. Nessa situação hipotética, Mário responderá por lesão corporal de natureza 
grave se tiver 
 
A) provocado em Júlio debilidade permanente de função, como, por exemplo, a redução da 
capacidade mastigatória pela perda dentária. 
B) ofendido a integridade corporal de Júlio, causando-lhe diversas escoriações no corpo. 
C) causado a morte de Júlio, ainda que em circunstâncias que evidenciem que Mário não queria 
matá-lo. 
D) causado a morte de Júlio em circunstâncias que evidenciem que Mário assumiu o risco de 
produzir o resultado. 
 
33 
E) provocado a incapacitação de Júlio para ocupações habituais, como, por exemplo, o trabalho 
e o estudo, por quinze dias. 
 
 
Comentário: 
A) Correta. A redução da capacidade mastigatória pela perda dentária é considerada Lesão 
Corporal de Natureza Grave, enquadrada no Art. 129, §1.º, III, do Código Penal. 
B) Errada. Enquadra-se no Art. 129, caput, ofender a integridade corporal ou a saúde de 
outrem. 
C) Errada. Conforme o Art. 129, § 3º, do Código Penal, trata-se de lesão corporal seguida 
de morte. 
D) Errada. Conforme o Art. 121, §4º, do Código Penal, trata-se de Homicídio doloso. 
E) Errada. Apenas seria lesão corporal de natureza grave se a incapacidade fosse por mais 
de trinta dias. 
 
Questão 8 
(Banca: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil) De acordo com o Código Penal, a 
incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, caracteriza o crime de: 
 
A) lesão corporal simples. 
B) lesão corporal leve. 
C) lesão corporal grave. 
D) lesão corporal gravíssima. 
E) lesão corporal seguida de morte. 
 
 
Comentário: 
 
34 
A) Errada. De acordo com o Art. 129, §1.º, I, do Código Penal, a incapacidade para as 
ocupações habituais, por mais de trinta dias é lesão corporal de natureza grave. 
B) Errada. De acordo com o Art. 129, §1.º, I, do Código Penal, a incapacidade para as 
ocupações habituais, por mais de trinta dias é lesão corporal de natureza grave. 
C) Correta. De acordo com o Art. 129, §1.º, I, do Código Penal, a incapacidade para as 
ocupações habituais, por mais de trinta dias é lesão corporal de natureza grave. 
D) Errada. De acordo com o Art. 129, §1.º, I, do Código Penal, a incapacidade para as 
ocupações habituais, por mais de trinta dias é lesão corporal de natureza grave. 
E) Errada. De acordo com o Art. 129, §1.º, I, do Código Penal, a incapacidade para as 
ocupações habituais, por mais de trinta dias é lesão corporal de natureza grave. 
 
Questão 9 
(Banca: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Papiloscopista) Considerando apenas as informações 
existentes nas alternativas, assinale aquela que caracteriza crime de lesão corporal gravíssima 
(art. 129, § 2º, do CP). 
 
A) Provocar dolosamente a perda de audição em um dos ouvidos da vítima. 
B) Agredir a vítima com intenção de interromper sua gravidez mediante aborto, o que 
efetivamente ocorre. 
C) Lesionar a vítima dolosamente, causando-lhe por culpa incapacidade permanente para o 
trabalho. 
D) Transmitir a vítima, intencionaImente, enfermidade grave, mas curável. 
E) Queimar culposamente significativa parte do corpo da vítima, de modo a causar-lhe 
deformidade permanente. 
 
 
Comentário: 
 
35 
A) Errada. O inciso III do §2º faz alusão sobre a perda ou inutilização do membro, sentido 
ou função, logo, apenas 1 dos 2 ouvidos foram inutilizados, mantendo o sentido da 
audição. O que houve foi a debilidade do membro, o agente responderá pelo inciso III do 
§1º. 
B) Errada. Se a intenção do agente é provocar o aborto, configura-se crime de aborto 
provocado por terceiro, por outro lado, se a lesão corporal resulta em aceleração do parto 
ou aborto, o agente responde pelo Art.129. 
C) Correta. Lesionar uma pessoa dolosamente lhe causando incapacidade permanente para 
o trabalho é hipótese arrolada no art. 129, parágrafo 2º, como lesão corporal gravíssima. 
D) Errada. O art.129, §2º, II, do Código Penal trata sobre a "enfermidade incurável". 
E) Errada. Se é culposa, automaticamente não responde pelo §2º do Art. 129 do Código 
Penal, e sim pelo §6º. 
 
Questão 10 
(Banca: VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe) É um resultado que 
caracteriza o crime de lesão corporal de natureza grave, cuja pena é de reclusão de um a cinco 
anos: 
 
A) incapacidade para as ocupações habituais, por mais de dez dias. 
B) incapacidade para as ocupações habituais, por mais de vinte dias. 
C) debilidade temporária de membro, sentido ou função 
D) incapacidade para as ocupações habituais, por mais de quinze dias. 
E) aceleração de parto. 
 
 
Comentário: 
 
36 
A) Errada. A incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias configura 
lesão corporal grave. 
B) Errada. A incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias configura 
lesão corporal grave. 
C) Errada. A debilidade permanente de membro, sentido ou função configura lesão corporal 
grave. 
D) Errada. A incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias configura 
lesão corporal grave. 
E) Correta. Conforme o inciso IV, § 1º do Artigo 129, do Código Penal, a aceleração de 
parto configura lesão corporal grave. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
GABARITO 
 
Questão 1 - C 
Questão 2 - E 
Questão 3 - B 
Questão 4 - ERRADA 
Questão 5 - ERRADA 
Questão 6 - E 
Questão 7 - A 
Questão 8 - C 
Questão 9 - C 
Questão 10 - E 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
QUESTÃO DESAFIO 
Carlos ao encontrar seus desafetos na rua, Pablo e Maria, decide ofender a integridade 
corporal de ambos. Em decorrência da gravidade das lesões praticadas, Pablo produz 
impotência generandi e Maria que estava grávida, mas Carlos não sabia, tem um aborto 
que causa a morte de seu feto. Como enquadrar a conduta praticada por Carlos? 
Máximo de 5 linhas 
 
 
39 
GABARITO QUESTÃO DESAFIO 
Quanto à Pablo, Carlosdeverá responder pela lesão corporal gravíssima diante da 
inutilização de função. Já quanto à Maria, Carlos não pode ser responsabilizado pelo aborto 
pois, como não tinha ciência da gravidez, haveria a incidência da responsabilidade penal 
objetiva. 
 Lesão corporal gravíssima. Inutilização de função. 
Quanto às hipóteses de lesão corporal de natureza gravíssima, destaca-se a " perda ou 
inutilização de membro, sentido ou função. (art. 129, §2º, III). 
É circunstância mais grave do que a do parágrafo anterior (lesão corporal de natureza grave), 
não mais se falando em debilidade, mais sim em perda (amputação ou mutilação) 
ou inutilização (membro, sentido ou função inoperante, isto é, sem qualquer capacidade de 
exercer suas atividades próprias). É também gravíssima a lesão que produz a impotência 
generandi (em um e outro sexo) ou a coeundi. (CUNHA, Rogério Sanches; Manual de Direito 
Penal: parte especial; 11 ed. Salvador: Juspodivm, 2019, p. 123). 
Quanto ao tema, vale destacar importante decisão do STJ, segundo a qual a perda de dois 
dentes seria lesão de natureza grave, e não gravíssima: 
RECURSO ESPECIAL. LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA. PERDA DE DENTES. DEBILIDADE 
PERMANENTE. DESCLASSIFICAÇÃO. LESÃO CORPORAL GRAVE. PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIAS 
DESFAVORÁVEIS. MÍNIMO LEGAL. INVIÁVEL. RECURSO PROVIDO. PRESCRIÇÃO. EXTINÇÃO DA 
PUNIBILIDADE. 1. A deformidade permanente prevista no art. 129, § 2º, IV, do Código Penal é, 
segundo a doutrina, aquela irreparável, indelével. Assim, a perda de dois dentes, muito embora 
possa reduzir a capacidade funcional da mastigação, não enseja a deformidade permanente 
prevista no referido tipo penal, mas sim, a debilidade permanente de membro, sentido ou 
função, prevista no art. 129, § 1º, III, do Código Penal. 2. Inviável a fixação da pena-base no 
mínimo legal, diante das circunstâncias do delito - modo brutal de execução (mesmo depois de 
derrubar a vítima, "continuou a acelerar o veículo que conduzia arrastando a moto e o piloto 
 
40 
desta" - fl. 85) - e das consequências do crime - "extenso e certamente doloroso tratamento [...] 
com a realização de quatro intervenções cirúrgicas". 3. Fixada a pena privativa de liberdade do 
recorrente em 1 ano e 4 meses de reclusão, cujo prazo prescricional é de 4 anos, e transcorridos 
mais de 4 anos entre o fato (22/12/2008) - época em que era permitido ter por termo inicial 
data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa - e o recebimento da denúncia 
(12/12/2008), o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva na modalidade 
superveniente é a medida que se impõe. 4. Recurso provido. Reconhecida a prescrição da 
pretensão punitiva. (REsp 1620158/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, 
julgado em 13/09/2016, DJe 20/09/2016). 
 Não ciência gravidez. Aborto. Responsabilidade Objetiva. 
A hipótese de lesão corporal de natureza gravíssima relacionada ao aborto, por sua vez, pune 
a lesão a título de dolo e o abortamento (interrupção da gravidez) a título de culpa (crime 
preterdoloso ou preterintencional). 
É indispensável que o agente tenha conhecimento da gravidez da vítima (ou que sua ignorância 
tenha sido inescusável), jamais querendo ou aceitando o resultado mais grave, caso em que 
haveria o abortamento criminoso (art. 125, CP). (CUNHA, Rogério Sanches; Manual de Direito 
Penal: parte especial; 11 ed. Salvador: Juspodivm, 2019, p. 125). 
Em outros termos: 
Prevalece o entendimento de que a interrupção da gravidez, com a consequente morte do feto, 
deve ter sido provocada culposamente, uma vez que se trata de crime preterdoloso. Assim 
sendo, se a morte do feto foi proposital, o sujeito deve responder por dois crimes: lesão corporal 
leve (ou grave ou gravíssima, se presente alguma outra qualificadora), em concurso formal 
impróprio ou imperfeito com aborto sem o consentimento da gestante (CP, art. 125). (BRASIL, 
1940). É obrigatório o conhecimento do sujeito acerca da gravidez da vítima, pois em caso 
contrário estaria configurada a responsabilidade penal objetiva. Se o agente ignorava a gravidez 
da ofendida, a hipótese é de erro de tipo, com exclusão do dolo e, consequentemente, da 
qualificadora. (http://revistas.unifenas.br/index.php/BIC/article/viewFile/187/143). 
 
41 
LEGISLAÇÃO COMPILADA 
LESÃO CORPORAL 
 Código Penal: Art. 129. 
 
 
 
 
42 
JURISPRUDÊNCIA 
LESÃO CORPORAL CONTRA IRMÃO CONFIGURA O § 9º DO ART. 129 DO CP 
NÃO IMPORTANDO ONDE A AGRESSÃO TENHA OCORRIDO 
 STJ. 5ª Turma. RHC 50026-PA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 3/8/2017 (Info 
609). 
Não é inepta a denúncia que se fundamenta no art. 129, § 9º, do CP – lesão corporal leve –, qualificada pela 
violência doméstica, tão somente em razão de o crime não ter ocorrido no ambiente familiar. Ex: João agrediu 
fisicamente seu irmão na sede da empresa onde trabalham, causando-lhe lesão corporal leve. O agente deverá 
responder pelo art. 129, § 9º do CP. Sendo a lesão corporal praticada contra ascendente, descendente, irmão, 
cônjuge ou companheiro, deverá incidir a qualificadora do § 9º não importando onde a agressão tenha ocorrido. 
Comentário: A ideia do legislador ao incluir o § 9º ao art. 129 do CP foi a de ter coibir a 
violência nas relações domésticas independentemente de a vítima ser mulher ou homem. Assim, 
não há irregularidade em aplicar a qualificadora de violência doméstica às lesões corporais 
contra homem. 
Mas, por favor, não confunda: a Lei Maria da Penha, seus institutos e regras, não se aplicam 
quando a vítima for homem. A Lei Maria da Penha somente se aplica para vítimas mulheres. 
• Qualificadora do § 9º do art. 129 do CP: pode ser aplicado quando a vítima for mulher ou 
homem; 
• Lei Maria da Penha: somente pode ser aplicada quando a vítima for mulher. 
Ex: filho empurrou seu pai que, com a queda, sofreu lesões corporais leves. Em tese, esse filho 
praticou o delito do art. 129, § 9º, do CP. Apesar disso, não se aplicará a Lei Maria da Penha 
neste caso porque a vítima é homem. 
 
 
43 
PERDA DE DOIS DENTES CONFIGURA LESÃO GRAVE (E NÃO GRAVÍSSIMA) 
 STJ. 6ª Turma. REsp 1620158-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/9/2016 (Info 590). 
A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art. 129, § 1º, III, do CP), e não 
gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP). A perda de dois dentes pode até gerar uma debilidade permanente (§ 1º, III), 
ou seja, uma dificuldade maior da mastigação, mas não configura deformidade permanente (§ 2º, IV). § 1º Se 
resulta: III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; § 2º Se resulta: IV - deformidade permanente. 
Comentário: É importante diferenciar a debilidade permanente a deformidade permanente. A 
deformidade permanente prevista no art. 129, § 2º, IV, do CP é aquela irreparável, indelével. A 
perda da dentição pode implicar redução da capacidade mastigatória e até, eventualmente, 
dano estético. No entanto, não se pode considerar que se trate de algo tão grave a ponto de 
se dizer que se trata de uma pessoa "deformada". Desse modo, a perda dos dois dentes pode 
até gerar uma debilidade permanente, ou seja, uma dificuldade maior da mastigação, mas não 
configura deformidade permanente. A debilidade permanente é hipótese apenas de lesão 
corporal grave (§ 1º, III).9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 Vide questão 7 do material 
 
44 
MAPA MENTAL 
 
 
 
45 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120). 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2015. 
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. 
	DIREITO PENAL
	Capítulo 13
	13. Lesões Corporais
	13.1 Conceito
	13.2 Conduta
	13.3 Objetividade jurídica e Objeto material
	13.4 Sujeito ativo e sujeito passivo13.5 Elemento subjetivo
	13.6 Tentativa e consumação
	13.7 Autolesão
	13.8 Princípio da insignificância ou criminalidade de bagatela
	13.9 Lesão dolosa leve (Art. 129, caput);
	13.10 Lesão corporal dolosa grave (art. 129, §1º)
	13.11 Lesões corporais gravíssimas: Art. 129, § 2.º
	13.12 Lesão corporal seguida de morte: Art. 129, § 3.º
	13.13 Lesão corporal dolosa privilegiada: causa de diminuição de pena (art. 129, § 4.º)
	13.14 Lesões corporais leves e substituição da pena: § 5.º
	13.15 Aumento de pena na lesão corporal dolosa: § 7.º
	13.16 Lesão corporal culposa (art. 129, §6º)
	13.17 Lesão corporal culposa e perdão judicial: § 8.º
	13.18 Lesão corporal e violência doméstica: § 9.º
	13.19 Pessoa portadora de deficiência e aumento de pena na lesão corporal leve com violência doméstica: § 11º
	13.20 Causa de aumento de pena nas lesões graves, gravíssimas e seguidas de morte: § 10º
	13.21 Lesão corporal contra integrantes dos órgãos de segurança pública: § 12º
	13.22 Ação Penal no Crime de Lesão Corporal
	QUADRO SINÓPTICO
	QUESTÕES COMENTADAS
	GABARITO
	QUESTÃO DESAFIO
	GABARITO QUESTÃO DESAFIO
	LEGISLAÇÃO COMPILADA
	JURISPRUDÊNCIA
	MAPA MENTAL
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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