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OAB XXXII EXAME DE ORDEM Duração do Trabalho 1 CAPÍTULOS Capítulo 1 – O Direto do Trabalho Capítulo 2 – Fundamentos e formação histórica Capítulo 3 – Fontes do Direito do Trabalho Capítulo 4 – Princípios do Direito do Trabalho Capítulo 5 – Interpretação. Integração e Aplicação do Direito do Trabalho Capítulo 6 – Relação de trabalho e Relação de Emprego Capítulo 7 – Relação de Trabalho Lato Sensu Capítulo 8 – Empregado Capítulo 9 – Empregador Capítulo 10 – Contrato de Trabalho Capítulo 11 – Terceirização e Trabalho Temporário Capítulo 12 – Extinção do Contrato Trabalho Capítulo 13 (você está aqui) – Duração do Trabalho Capítulo 14 – Remuneração, Salário e Equiparação Capítulo 15 – Meio Ambiente do Trabalho Capítulo 16 – Discriminação. Trabalho da Mulher Capítulo 17 – Trabalho do Menor Capítulo 18 – Trabalho Escravo Contemporâneo Capítulo 19 – Contratos de Trabalho Especiais Capítulo 20 – Contrato de Trabalho: Morfologia e Nulidade Capítulo 21 – Formação e Alteração Contratual Capítulo 22 – Interrupção e Suspensão do Contrato de Trabalho Capítulo 23 – Prescrição e Decadência 2 SOBRE ESTE CAPÍTULO Olá Aluno(a), o presente capítulo tratará sobre a duração do trabalho, tema bastante recorrente em provas, e, portanto, essencial. Recomenda-se que o aluno faça um estudo integrado entre doutrina, lei seca e jurisprudência. Vamos juntos! 3 SUMÁRIO DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO ................................................................................................. 4 Capítulo 13 ................................................................................................................................................ 4 13. Duração do Trabalho ....................................................................................................................... 4 13.1 Jornada de trabalho ............................................................................................................................................. 4 13.1.1 Tempo à disposição do empregador ........................................................................................................... 6 13.1.2 Trabalho em regime de tempo parcial ........................................................................................................ 7 13.1.3 Jornada 12x36......................................................................................................................................................... 8 13.1.4 Jornada suplementar ........................................................................................................................................... 8 13.1.5 Compensação de jornada ................................................................................................................................. 9 13.1.6 Sobreaviso e prontidão ................................................................................................................................... 11 13.1.7 Trabalho noturno ............................................................................................................................................... 12 13.2 Períodos de descanso ...................................................................................................................................... 14 13.2.1 Intervalos interjornada e intrajornada....................................................................................................... 14 13.2.2 Repouso semanal remunerado .................................................................................................................... 17 13.3 Teletrabalho .......................................................................................................................................................... 20 13.4 Férias ........................................................................................................................................................................ 21 QUADRO SINÓPTICO ............................................................................................................................ 28 QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 30 GABARITO ............................................................................................................................................... 40 LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 41 JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................................... 42 MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 47 4 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO Capítulo 13 13. Duração do Trabalho 13.1 Jornada de trabalho Duração do trabalho é o gênero do qual são espécies a jornada de trabalho, o horário de trabalho e os repousos trabalhistas. Compreende o lapso temporal em que o empregado presta serviços ao empregador, ou ainda se coloca à sua disposição, em virtude do contrato de trabalho. A duração do trabalho, conhecida também como jornada de trabalho, é o tempo diário que o empregado permanece à disposição do empregador. Serviço efetivo, como define o artigo 4º da CLT, não é apenas a execução do trabalho em si, mas também o tempo gasto aguardando ordens do empregador. Quando se fala em jornada de trabalho, basicamente devemos ter em mente os conceitos de tempo de trabalho efetivo, tempo à disposição do empregador, horas extras. sobreaviso e prontidão, pois são os temas mais cobrados em provas de concurso. O art. 7º, inciso XIII da CF dispõe que a duração do trabalho normal não poderá ser superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. No mesmo sentido, o art. 58 da CLT aduz que a duração normal do trabalho, para os empregados 5 em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. Todavia, existem jornadas especiais. Por exemplo, os bancários trabalham 6 horas diárias e 36 semanais. No caso de trabalhadores de minas de subsolo, são 6 horas diárias e 36 semanais. Jornalistas profissionais laboram 5 horas diárias, sendo possível haver prorrogação para até 7 horas, mediante acordo escrito. Operadores cinematográficos trabalham também 6 horas diárias, sendo 5 na cabine e 1 hora dedicada para limpeza e lubrificação das máquinas. Os aprendizes não podem ter jornada acima de 6 horas, vedadas a prorrogação e a compensação de jornada (salvo para os aprendizes que concluíram o ensino fundamental, conforme art. 432, caput, c/c §1º, CLT). De acordo com a Lei 13.874/2019, que alterou o §2º do art. 74 da CLT, se o estabelecimento contar com mais de vinte trabalhadores será obrigatório o registro do ponto, isto é, a anotação da hora de entrada e de saída, seja de forma manual, mecânica ou eletrônica.1 Cumpre-nos ressaltar que as regras que veremos a seguir sobre jornada de trabalho não são aplicadas aos seguintes empregados: Empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho (para memorizar, lembre dos vendedores externos); Gerentes, aqueles que exercem cargos de gestão, salvo quandoa gratificação de função for inferior a 40% do salário efetivo); Empregados em regime de teletrabalho. 1 Vide questão 1 desse material. 6 As normas que limitam e regulam a duração do trabalho são normas de medicina e segurança do trabalho, e, como tais, são normas de ordem pública (também chamadas cogentes ou imperativas), razão pela qual são irrenunciáveis pelo obreiro. 13.1.1 Tempo à disposição do empregador Conforme dito mais acima, a duração do trabalho configura o tempo em que o empregado permanece à disposição do empregador. Veja o que dispõe o art. 4º, caput, da CLT: CLT, Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. Em continuidade, é importante que você saiba da modificação ocorrida com o advento da Lei 13.467/2017, a qual incluiu o §2º ao art. 4º da CLT com a finalidade de excluir as chamadas horas in itinere do tempo à disposição do empregador. Assim, o tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. Ou seja, a possibilidade de computar as horas in itinere prevista anteriormente no art. 58, §3º, da CLT foi expressamente revogada!2 Além disso, o §2º do art. 4º da CLT ainda prevê que não será considerado tempo à disposição do empregador (e, portanto, não será computado como período extraordinário) o 2 Vide questão 9 desse material. 7 tempo em que o empregado permaneça nas dependências da empresa para buscar proteção pessoal, bem como para exercer atividades particulares que envolvam práticas religiosas, descanso, lazer, estudo, alimentação, atividades de relacionamento social, higiene pessoal, além da troca de roupa ou uniforme (quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa). 13.1.2 Trabalho em regime de tempo parcial Existem duas hipóteses de jornada em tempo parcial, quais sejam: Aquela cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais; OU Aquela cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas extras semanais. Essas horas extras podem ser compensadas na semana seguinte. Quanto ao salário, será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. Sobre o tema, destacamos o seguinte entendimento do TST: 358. SALÁRIO MÍNIMO E PISO SALARIAL PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. EMPREGADO. SERVIDOR PÚBLICO. I - Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado. II – Na Administração Pública direta, autárquica e fundacional não é válida remuneração de empregado público inferior ao salário mínimo, ainda que cumpra jornada de trabalho reduzida. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 8 13.1.3 Jornada 12x36 A Reforma Trabalhista regulamentou a possibilidade de jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso. Assim, de acordo com o art. 59-A da CLT, é facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho 3estabelecer tal regime, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Outro ponto especial sobre o tema é a questão da remuneração dos empregados que laboram sob esse tipo de jornada. Isso porque, nos termos do parágrafo único do art. 59-A, a remuneração mensal pactuada abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver. A Reforma Trabalhista possibilitou a celebração da jornada 12X36 através de acordo individual escrito. 13.1.4 Jornada suplementar Em regra, o trabalho exercido após a jornada normal é considerado trabalho extraordinário, momento em que surge para o trabalhador o recebimento do adicional de hora extra de, no mínimo, 50% sobre o valor da hora normal, nos termos do art. 7º, XVI da CF. Na mesma linha é a disposição do caput, da e no §1º do art. 59 da CLT: 3 Vide questão 10 desse material. 9 Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. § 1o - A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. Nos termos da súmula 376, do TST, embora o número máximo de horas extras deva ser de duas horas, o desrespeito a esse limite não exime o empregador de pagar as horas que foram trabalhadas. 13.1.5 Compensação de jornada Nem sempre a extrapolação do horário normal da jornada de trabalho será remunerada com o respectivo adicional. Isso porque, nos casos de compensação de jornada, tal acréscimo de salário poderá ser dispensado. Inicialmente, é preciso que você saiba que a compensação da jornada não poderá ultrapassar 10 (dez) horas diárias. Em segundo lugar, pode-se afirmar que a CLT prevê três tipos de compensação de jornada: a mensal, a semestral e a anual, também conhecida como banco de horas. 4Vejamos detalhadamente cada uma delas: Compensação de jornada mensal: é a compensação ocorrida dentro de um mês. Tal módulo compensatório poderá ser acertado por meio de acordo individual, tácito ou escrito. Compensação de jornada semestral: é aquela realizada em até um semestre, podendo ser estipulada via acordo individual escrito. Banco de horas anual: como o próprio nome diz, é aquele em que a compensação é feita em até um ano. Tal modalidade somente é permitida por meio de convenção 4 Vide questões 2 e 5 desse material. 10 coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho, nos termos do §2º do art. 59 da CLT. Além dessas modalidades de compensação, ressaltamos que o TST admite também a chamada “semana espanhola”, regime de compensação de horas em que o trabalhador presta jornada semanal de 48 horas e na semana seguinte, presta a jornada de 40 horas. Nesse sentido, vide a OJ 323, SDI-1, TST e a Súmula 349, TST. O art. 59-B da CLT, incluído pela Reforma Trabalhista, determina que o não atendimento das exigências legais para a compensação da jornada, inclusive quando estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. Ademais, o mesmo dispositivo estabelece que a prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e banco de horas, contrariando o entendimento do TST contido na Súmula 85, IV. Acrescente-se, ainda, que no caso de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral das horas extras realizadas, o trabalhador terá direito ao pagamento destas calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. Por fim, a legislação trabalhista prevê que, em regra, para que haja prorrogação da jornada de trabalho em atividade insalubre, será necessária uma licença prévia das autoridades competentes. A exceção fica para o caso da jornada 12x36, que, de acordo com o art. 60, parágrafo único da CLT,dispensa a exigência da licença prévia. 11 É possível haver a prorrogação da jornada de trabalho por ato unilateral do empregador? Sim. Quando houver necessidade imperiosa ou para garantir a continuidade da atividade empresarial, nas hipóteses de força maior, de realização/conclusão de serviços inadiáveis ou de situação em que a inexecução da tarefa possa acarretar prejuízo manifesto. Para tais casos, o trabalho não poderá exceder de 12 (doze) horas, desde que a lei não fixe outro limite. Além disso, também poderá ocorrer a prorrogação da jornada de forma unilateral pelo empregador quando ocorrer interrupção do trabalho, nas hipóteses de causas acidentais ou de força maior. Nesse caso, deverá haver autorização prévia da autoridade competente e a jornada poderá se estendida para 2 (duas) horas diárias, durante o numero de dias indispensáveis à recuperação do tempo perdido, até 10 (dez) horas por dia, em período não superior a 45 (quarenta e cinco) dias por ano. 13.1.6 Sobreaviso e prontidão No que se refere às horas de prontidão, o art. 244, §3º, da CLT regulamenta que consiste no tempo em que o trabalhador ferroviário ficar nas dependências da estrada aguardando ordens, em escala não superior a 12 horas, sendo seu valor equivalente a 2/3 do valor da hora normal. Já as horas de sobreaviso são aquelas em que o empregado efetivo permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço, conforme o art. 244, § 2º, da CLT. Note que o art. 244, §2º, da CLT fala apenas sobre os trabalhadores ferroviários, mas o regime de sobreaviso vem sendo aplicado por analogia àqueles empregados que, pelo avanço 12 da tecnologia, ficam aguardando o chamado do empregador a qualquer momento para retornar ao trabalho. Todavia, ressaltamos que, de acordo com a Súmula 428 do TST, a mera disponibilização de telefones da empresa (os famosos telefones funcionais) não caracteriza, por si só, o regime de sobreaviso. A duração máxima será de 24 horas e o valor equivale a um terço do salário. PRONTIDÃO SOBREAVISO Empregado fica nas dependências da empresa, aguardando ordens. Empregado fica em sua residência, aguardando ser chamado a qualquer momento para ser chamado para serviço. Duração máxima = 12 horas Duração máxima = 24 horas (cada sobreaviso) Horas serão remuneradas em 2/3 do salário- hora normal. Horas serão remuneradas em 1/3 do salário- hora normal. 13.1.7 Trabalho noturno Em relação ao trabalho noturno, é importante que você saiba que a remuneração é superior a do trabalho diurno, nos moldes do art. 7º, IX, CF. Para o trabalho urbano, o adicional será sempre maior ou igual a 20%. A hora do trabalho noturno é contada de forma diferente, de modo que a hora de trabalho corresponde a 52 minutos e 30 segundos, é a chamada “hora ficta”. É considerada hora noturna (na área urbana) o trabalho realizado entre às 22h de um dia e às 05h do dia seguinte, conforme o art. 73, §2º, CLT. Para os rurais que trabalham na agricultura, o horário noturno é definido entre 21h de um dia e 5h do dia seguinte. Para os que trabalham na pecuária, consiste no trabalho realizado entre às 20h de um dia às e 4h do dia seguinte, conforme o art. 7º, Lei n. 5.889/73. O empregado rural (tanto da agricultura como da pecuária) recebe adicional noturno de 25% sobre a remuneração normal (parágrafo único, art. 7º, Lei n. 5.889/73). De acordo com o entendimento do TST, o rural não tem direito à hora noturna reduzida. 13 TRABALHO NOTURNO URBANO RURAL Adicional de 20% sobre a hora diurna. Adicional de 25% sobre a remuneração normal. Trabalho noturno = 22h às 5h. Lavoura: trabalho noturno = 21h às 5h. Pecuária: trabalho noturno = 20h às 4h. Hora ficta = 52 minutos e 30 segundos Não possui hora ficta. Sendo o trabalhador transferido para o turno matinal, perde o direito de receber o adicional, conforme súmula 265 do TST. Importa, também, saber os seguintes entendimentos do TST: Súmula nº 60 do TST - ADICIONAL NOTURNO. INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO E PRORROGAÇÃO EM HORÁRIO DIURNO. I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos. II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT. Súmula nº 65 do TST – VIGIA. O direito à hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos aplica-se ao vigia noturno. 14 De acordo com o art. 620 da CLT (inovação trazida pela Reforma), as condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho (ACT) SEMPRE prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho (CCT). É certo que temos medo de expressões generalizadoras (a exemplo de “sempre” e “nunca”), porém, nesse caso, o próximo texto da lei trouxe a expressão “sempre”. Então, não tenha medo: se o tema for abordado em sua prova, pode ficar tranquilo em afirmar que o ACT sempre prevalece em face da CCT. Vamos abordar isso melhor quando tratarmos dos instrumentos coletivos. Por que estamos mencionando essa questão agora? Para que você saiba que se, por exemplo, o ACT prever o pagamento de adicional de horas extras correspondente a 70% e a CCT prever 60%, prevalecerá o disposto no ACT. 13.2 Períodos de descanso Por razões biológicas e para prevenir as doenças e acidentes do trabalho, entre duas jornadas diárias ou dentro da mesma jornada contínua, o empregador é obrigado a conceder intervalos. 13.2.1 Intervalos interjornada e intrajornada O intervalo interjornada é medida de higiene, saúde e segurança do trabalho. Está previsto no art. 66 da CLT, o qual preleciona que entre duas jornadas diárias de trabalho são necessárias, no mínimo, 11 horas consecutivas de repouso, para descanso do empregado. A 15 jurisprudência posiciona-se no sentido de que a não concessão integral do intervalo interjornada acarreta o pagamento do período subtraído.5 A obrigatoriedade de concessão de intervalo interjornada de, no mínimo, 11 horas consecutivas abrange também os empregados rurais, conforme art. 5º da Lei nº 5.889/1973. Veja o seguinte exemplo: Martin, empregado da empresa “X” cumpre jornada de trabalho de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Hoje, ele trabalhou até às 20h e, para cumprir o intervalo interjornada de, no mínimo, 11h, o seu empregador só poderá exigir que inicie sua jornada amanhã a partir das 07h. Nesse tema, há uma casca de banana clássica. Veja: o empregador é obrigado a conceder um repouso semanal remunerado (RSR ou DSR) de 24 horas e, também, entre cada jornada de trabalho, deve ser concedido o intervalo interjornada de 11 horas. Logo, soma-se o RSR e o intervalo interjornada, perfazendo um total de 35 horas, período em que o empregado deve permanecer em descaso. Já o intervalo intrajornada está previsto no art. 71 da CLT e consiste no intervalo realizado dentro da mesma jornada diária de trabalho, normalmente para alimentação e repouso. Há alguns lapsos temporais que você precisa memorizar, mas não é complexo. Observe: Trabalho contínuo com duração superior a 06 horas: obrigatória a concessão de intervalo para repouso e alimentação de, no mínimo, 1 hora e, salvo convenção 5 Vide TRT-24 00253603220155240061, Relator: Amaury Rodrigues Pinto Júnior, julgado em 09.05.2017. 16 coletiva ou acordo individual ou coletivo que disponha em sentido contrário, não pode exceder 2 horas, nos termos do art. 71, CLT. Se a jornada não exceder 06 horas diárias de trabalho contínuo, é obrigatório um intervalo de 15 minutos, nos termos do art. 71, §1º, CLT. INTERVALO INTRAJORNADA Jornada superior a 6h/dia 1h a 2h de repouso Jornada de 4h a 6h/dia 15 min de repouso Jornada de até 4h/dia Sem intervalo Para os trabalhadores rurais, observe o dispostono art. 5º da Lei nº 5.889/73. Lembre-se, ainda, que esses intervalos de descanso não são computados na duração do trabalho. Além disso, o limite mínimo de 1 hora para repouso pode ser reduzido, em duas hipóteses: Por ato do Ministro do Trabalho, quando se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os empregados não estiverem sujeitos à prestação de horas extras, conforme §3º, art. 71 da CLT: CLT, Art. 71, § 3º - O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. Mediante convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, limitados ao mínimo de 30 minutos para jornadas superiores a 6h diárias, nos termos do art. 611-A, inciso III da CLT. 17 De acordo com o art. 71, §4º, CLT, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada implica o pagamento apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. Atenção a esse dispositivo, já que foi uma importante modificação trazida pela Reforma! Acrescente-se, ainda, que, segundo o entendimento do TST, consubstanciado na Súmula 118, os intervalos concedidos pelo empregador durante a jornada de trabalho que não estão previstos em lei significam tempo à disposição do empregador (ou seja, trabalho efetivo) e são remunerados como serviço extraordinário (hora extra), caso adicionados ao final da jornada. Há, ainda, alguns intervalos especiais concedidos a certas categorias: nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração, cálculo e digitação), a cada 90 minutos de trabalho consecutivo corresponderá um repouso de 10 minutos não deduzidos na duração normal de trabalho (CLT, art. 72). Analise, também, a Súmula 346, TST, que equipara os digitadores aos prestadores de serviços permanentes de mecanografia: Súmula nº 346 do TST - DIGITADOR. INTERVALOS INTRAJORNADA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 72 DA CLT. Os digitadores, por aplicação analógica do art. 72 da CLT, equiparam-se aos trabalhadores nos serviços de mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), razão pela qual têm direito a intervalos de descanso de 10 (dez) minutos a cada 90 (noventa) de trabalho consecutivo. 13.2.2 Repouso semanal remunerado Também chamado de repouso hebdomadário, trata-se de um direito fundamental social dos empregados urbanos e rurais, nos termos do art. 7º, XV, CF. A todo empregado é assegurado um repouso ou descanso semanal remunerado de, no mínimo, 24 horas consecutivas, preferencialmente, aos domingos. O RSR é computado, para todos os efeitos legais, como tempo de serviço. 18 Em relação ao trabalho aos domingos deve-se atentar aos seguintes dispositivos: Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. Parágrafo único - Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização. Art. 68 - O trabalho em domingo, seja total ou parcial, na forma do art. 67, será sempre subordinado à permissão prévia da autoridade competente em matéria de trabalho. Parágrafo único - A permissão será concedida a título permanente nas atividades que, por sua natureza ou pela conveniência pública, devem ser exercidas aos domingos, cabendo ao Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, expedir instruções em que sejam especificadas tais atividades. Nos demais casos, ela será dada sob forma transitória, com discriminação do período autorizado, o qual, de cada vez, não excederá de 60 (sessenta) dias. Art. 69 - Na regulamentação do funcionamento de atividades sujeitas ao regime deste Capítulo, os municípios atenderão aos preceitos nele estabelecidos, e as regras que venham a fixar não poderão contrariar tais preceitos nem as instruções que, para seu cumprimento, forem expedidas pelas autoridades competentes em matéria de trabalho. Art. 70 - Salvo o disposto nos artigos 68 e 69, é vedado o trabalho em dias feriados nacionais e feriados religiosos, nos termos da legislação própria. O turno ininterrupto de revezamento (TIR) está previsto no art. 7º, XIV, CF e ocorre quando o turno trabalhado é variável dentro de certo período. A jornada deve ser de seis horas de trabalho, salvo negociação coletiva. Exemplo: Pedro, enfermeiro, trabalhou na semana passada no turno da noite, mas agora está trabalhando pela manhã e, na próxima semana, trabalhará no turno da tarde, sua jornada 19 deve ser de, no máximo 06 horas e caso extrapole, deverá receber o valor correspondente às horas extras (salvo negociação coletiva). Atenção aos seguintes entendimentos do TST sobre o assunto: Súmula 360 - TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. INTERVALOS INTRAJORNADA E SEMANAL. A interrupção do trabalho destinada a repouso e alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo para repouso semanal, não descaracteriza o turno de revezamento com jornada de 6 (seis) horas previsto no art. 7º, XIV, da CF/1988. Súmula 423 - TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. FIXAÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO MEDIANTE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. VALIDADE. Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a turnos ininterruptos de revezamento não têm direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas como extras. OJ nº 360, SDI-I - TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. DOIS TURNOS. HORÁRIO DIURNO E NOTURNO. CARACTERIZAÇÃO. Faz jus à jornada especial prevista no art. 7º, XIV, da CF/1988 o trabalhador que exerce suas atividades em sistema de alternância de turnos, ainda que em dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo ou em parte, o horário diurno e o noturno, pois submetido à alternância de horário prejudicial à saúde, sendo irrelevante que a atividade da empresa se desenvolva de forma ininterrupta. OJ nº 395, SDI-I - TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. HORA NOTURNA REDUZIDA. INCIDÊNCIA. O trabalho em regime de turnos ininterruptos de revezamento não retira o direito à hora noturna reduzida, não havendo incompatibilidade entre as disposições contidas nos arts. 73, § 1º, da CLT e 7º, XIV, da Constituição Federal. OJ nº 420, SDI-I - TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. ELASTECIMENTO DA JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA COM EFICÁCIA RETROATIVA. INVALIDADE. É inválido o instrumento normativo que, regularizando situações pretéritas, estabelece jornada de oito horas para o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento. 20 13.3 Teletrabalho O teletrabalho está previsto no Capítulo II-A da CLT, especificamente nos artigos 75-A, 75-B, 75-C, 75-D e 75-E da CLT. É uma espécie de trabalho a distância, exercido fora das dependências do empregador, em que subsiste a subordinação jurídica. O controle é realizado a partir de câmaras, sistemas de informática, relatórios, ligações, dentre outros. A legislação prevê, ainda, que o comparecimento do empregado às dependências da empresa para a realização de atividades específicas não descaracteriza o regime de teletrabalho. Essa modalidade deve constar expressamente no contrato individual de trabalho e devem estar especificadas as atividades desempenhadas pelo empregado. Pode haver alteração entre o regime presencial e o teletrabalho e também o oposto.: Se for alterada do regime presencial para o teletrabalho, precisa haver mútuo acordo entre as partes e o registro em aditivo contratual; Se a alteração for do regime de teletrabalho para o presencial, pode ser feito por determinação do empregador e deve ser garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com o devido registro em aditivo contratual. 21 PRESENCIAL TELETRABALHO Mútuo acordo e aditivo TELETRABALHO PRESENCIAL Determinação do empregador 15 dias e aditivo. Não esqueça de que as disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, devem estar previstas em contrato escrito. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho e caberá ao empregado assinar termo de responsabilidade se comprometendo a seguir as instruções. 13.4 Férias As férias possuem fundamento constitucional (art. 7º, XVII, CF). A cada período de 12 meses de vigência do contrato, o empregado adquire o direito a férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do seu salário normal. Para o cabimento das férias, são considerados dois momentos distintos: Período aquisitivo: corresponde aos primeiros 12 meses de trabalho, contados da admissão do empregado; Período concessivo: corresponde aos 12 meses após o período aquisitivo. 22 Ou seja, após o período aquisitivo, o empregado tem o direito subjetivo às férias e, a partir disso, o empregador possui o lapso temporal de 12 meses (período concessivo) para conceder as férias. Dentro desses 12 meses, o empregador escolherá qual o período em que prefere conceder as férias. Sobre as férias, o art. 130 da CLT estabelece:6 CLT, Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. As férias podem ser usufruídas em até três períodos, desde que haja concordância do empregado. Mas lembre-se: o período não pode ser inferior a 14 dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um, nos termos do art. 134, §1º, CLT. FALTAS DIAS DE FÉRIAS Até 5 dias 30 dias De 6 a 14 dias 24 dias De 15 a 23 dias 18 dias De 24 a 32 dias 12 dias 6 Vide questão 4 desse material. 23 Atenta-se que, para a doutrina e a jurisprudência, se o empregado faltar mais de 32 dias, perderá o direito a férias. Frisa-se que o disposto no art. 130 da CLT também se aplica aos empregados que laboram em regime de tempo parcial.7 O art. 131 da CLT enumera as hipóteses em que não serão consideradas faltas ao serviço, para efeitos de férias, as ausências do empregado: Nos casos do art. 473, da CLT (faltas justificadas); Licença maternidade ou aborto espontâneo; Afastamento em razão de acidente de trabalho, salvo quando o empregado ficar afastado por mais de 6 (seis) meses, mesmo que descontínuos; Suspensão preventiva para responder a inquérito administrativo; Prisão preventiva, quando for impronunciado ou absolvido; Paralisação da empresa, salvo quando ultrapassar 30 dias com remuneração. Além dessas situações, também não se considera falta aquela que for justificada pela empresa, entendida como a que não determinar o desconto do salário. É possível que o empregado perca o direito a férias? Sim. De acordo com o art. 133 da CLT, não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo: Deixar o emprego e não for readmitido em 60 dias;8 Gozar de licença remunerada por mais de 30 dias; Paralisação parcial ou total da empresa por mais de 30 dias, com percepção de salário; 7 Vide questão 3 desse material. 8 Vide questão 8 desse material. 24 Receber prestações de acidente de trabalho ou de auxílio doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos. Para que o tempo de trabalho anterior à apresentação do empregado para serviço militar obrigatório seja computado no período aquisitivo das férias, deverá este comparecer ao estabelecimento dentro de 90 dias da data em que se verificar a respectiva baixa. Quanto à concessão das férias analisemos as regras a seguir. Primeiramente, destaca-se que a escolha das férias, dentro do período concessivo, caberá ao empregador. Em segundo lugar, as férias podem ser usufruídas em até três períodos, desde que haja concordância do empregado. Contudo, o período não pode ser inferior a 14 dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um, nos termos do art. 134, §1º, CLT.9 Somado a isso, o art. 134, §3º, CLT dispõe que é vedado o início das férias em período de dois dias que antecede feriado ou repouso semanal remunerado. A concessão será participada, por escrito, ao empregado com antecedência mínima de 30 dias. Ademais, o empregado não poderá entrar em gozo de férias sem que apresente ao seu empregador sua CTPS para fins de anotação da concessão desse período. O art. 136, §1º, da CLT, dispõe que os membros de uma família que trabalham no mesmo estabelecimento ou empresa terão direito a gozar férias no mesmo período, cabendo ao empregador analisar se o descanso de ambos no mesmo período causará ou não 9 Vide questão 7 desse material. 25 prejuízo. Além dessa previsão, o §2º do art. 136, da CLT, estabelece que o empregado estudante, menor de 18 (dezoito) anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com as férias escolares. O empregado pode trabalhar durante o período de férias? A resposta é negativa, salvo em virtude de contrato de trabalho já estipulado. Visto isso, falaremos agora das situações que ensejam o pagamento em dobro das férias: Concessão fora do período de 12 meses; Se não pagar dentro do prazo do art. 145 da CLT (2 dias antes do respectivo período); Sobre o tema, vide o entendimento do TST: Súmula nº 450 - FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. 137 E 145 DA CLT. É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal. Concessão dentro do período concessivo, mas fruição ultrapassa este período. Exemplo: o período concessivo das férias de uma empregada é de nov/2018 a nov/2019. Porém, ela só começa a fruir das férias no dia 29 de nov/2018. Nesse caso, o período de fruição das férias vai ultrapassar o período de concessão. Logo, serão devidas as férias dobradas. É oportuno ressaltar a seguinte jurisprudência do TST: 26 Súmula nº 7 – FÉRIAS. A indenização pelo não deferimento das férias no tempo oportuno será calculada com base na remuneração devida ao empregado na época da reclamação ou, se for o caso, na da extinção do contrato. E férias proporcionais, você sabe o que significa e como são pagas? As férias proporcionais são aquelas concedidas ainda no curso do período aquisitivo e são calculadas na proporção de1/12, sendo considerado 1 mês completo quando houver prestação de serviço ao empregador por 15 dias ou mais. Em suma, temos o seguinte: Férias em dobro: concedidas após o período concessivo. Férias proporcionais: concedidas ainda no período aquisitivo, calculadas na proporção de 1/12.10 Férias simples: concedidas dentro do período concessivo, já tendo o empregado laborado por 12 meses no período aquisitivo. Extinguindo-se o contrato sem justa causa, o empregado terá direito a férias simples (se a extinção se deu durante o período concessivo), em dobro (se não gozadas as férias no período concessivo) e/ou proporcionais (à razão de 1/12, referente ao período aquisitivo incompleto), conforme preceitua o art. 146 e seu parágrafo da CLT. No caso do trabalhador intermitente, as férias são pagas, de modo proporcional, ao término de cada período de prestação de serviço (art. 452-A, § 6º). 10 Vide questão 6 desse material. 27 Na sequência, analisemos a questão do abono pecuniário, coloquialmente conhecido como “venda” das férias. Em regra, o empregado faz jus a 30 dias, sendo-lhe facultado converter 1/3 (10 dias) de suas férias. A conversão das férias em abono pecuniário consiste em um direito potestativo do empregado e deve ser requerido até 15 dias antes do início do período das férias, nos termos do art. 143, § 1º, da CLT. Por fim, temos as férias coletivas, nos termos do art. 139, CLT. O seu intuito é assegurar os interesses da empresa, seja em virtude de uma crise econômica ou pela inviabilidade de manter o quadro de funcionários durante um período do ano. As férias coletivas podem ser concedidas para toda a empresa ou para determinados setores ou estabelecimentos. Poderão ser fracionada em até 2 períodos anuais, sendo que nenhum deles poderá ser inferior a 10 dias corridos. De acordo com os §§ 2º e 3º do art. 139 consolidado, o empregador comunicará ao órgão local do Ministério do Trabalho (atualmente, Ministério da Economia) e ao sindicato da categoria profissional, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, as datas de início e de fim das férias, bem como os setores e estabelecimentos abrangidos. Encerramos, assim, o estudo das férias, porém, é importante que você faça a leitura da letra da lei, uma vez que, constantemente, é cobrada em prova. 28 QUADRO SINÓPTICO ACORDO MENSAL ACORDO SEMESTRAL BANCO DE HORAS ANUAL Módulo compensatório Compensa dentro de 1 mês Compensa em até 6 meses Compensa em até 1 ano Requisito Acordo individual tácito ou escrito Acordo individual escrito CCT/ACT JORNADA DE TRABALHO Tempo à disposição do empregador Jornada em tempo parcial Excluídos da jornada de trabalho Não se considera tempo à disposição do empregador: art. 4º, §2º, CLT. 36h Sem horas extras 26h Com horas extras até 6h Atividade externa Cargo de gestão (Gratificação > 40%) Teletrabalho 29 FÉRIAS INDIVIDUAIS FÉRIAS COLETIVAS Possibilidade de fracionamento em até 3 períodos (art. 134, §1º, CLT) Possibilidade de fracionamento em 2 períodos (art. 139, §1º, CLT) FÉRIAS Período aquisitivo: primeiros 12 meses de trabalho, contados da admissão do empregado. (Art. 130, CLT) Período concessivo: 12 meses após o período aquisitivo. (Art. 134, §1º, CLT) 30 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (VUNESP - 2019 – Prefeitura de São José dos Campos - SP – Procurador) Será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, para os estabelecimentos com A) mais de vinte trabalhadores. B) vinte ou mais trabalhadores. C) dez trabalhadores. D) dez ou mais trabalhadores. E) mais de sessenta trabalhadores. Comentário: Alternativa A. O art. 74 da CLT assim dispõe: CLT, Art. 74, §2º - Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de repouso. Questão 2 (IESES – SCGás – 2019 – Advogado - adaptada) A respeito do tema jornada de trabalho: Somente é lícito a compensação de jornada extraordinária realizada pelos empregados mediante acordo coletivo de trabalho. 31 Comentário: Errado. A Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) possibilitou a compensação de horas extras mediante acordo individual, tácito ou escrito, para compensação no mesmo mês, nos termos do §6º do art. 59, CLT. Ademais, manteve a possibilidade de compensação de jornada por convenção coletiva, conforme o disposto no §2º do referido artigo consolidado. Questão 3 (CESPE - 2019 – Prefeitura de Boa Vista – RR- Procurador Municipal) João, de dezoito anos de idade, foi contratado como frentista em um posto de gasolina localizado em Boa Vista – RR. O contrato de trabalho foi firmado em regime de tempo parcial para uma jornada de vinte e cinco horas semanais. Considerando essa situação hipotética, julgue o item seguinte de acordo com a Constituição Federal de 1988 e a CLT. É vedado a João converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário. Comentário: Errado. A questão traz a hipótese de trabalho em regime de tempo parcial, em conformidade com o art. 58-A da CLT: CLT, Art. 58-A - Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. O §6º do referido artigo prevê a faculdade de o empregado contratado sob tal regime converter o terço de férias em abono pecuniário: 32 CLT, Art. 58-A, §6º - É facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário. Logo, está incorreta a questão ao afirmar ser vedado a João, empregado que labora sob regime parcial converter um terço das férias em abono pecuniário. Questão 4 (FUNDEP – 2019 – Prefeitura de Ervália – MG – Advogado) A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, inciso XVII, assegura o direito ao “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal”. Acerca de referido direito, é incorreto afirmar: A) A época da concessão das férias será a que melhor atenda aos interesses do empregador. B) Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na proporção de 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas ou 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes, entre outros. C) É vedado o início das férias no período de dois dias que antecedem feriado ou dia de repouso semanal remunerado. D) As férias coletivas poderão ser concedidas a todos os empregados de uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa e deverão ser gozadas em um único período anual, desde que não seja inferior a 15 (quinze) dias corridos. Comentário: Alternativa A: Correta, nos termos do art. 136 da CLT. Alternativa B: Correta. Vamos relembrar a nossa tabela? 33 FALTAS DIAS DE FÉRIAS Até 5 dias 30 dias De 6 a 14 dias 24 dias De 15 a 23 dias 18 dias De 24 a 32 dias 12 dias Alternativa C: Correta, consoante o §3º do art. 134 da CLT. Alternativa D: Incorreta. As férias coletivas poderão ser gozadas em 2 períodosanuais, desde que nenhum seja inferior a 10 dias corridos, nos termos do §1º do art. 139 da CLT. Questão 5 (VUNESP – 2019 – Prefeitura de Arujá - SP – Advogado) A empresa Serviços Totais Ltda. quer firmar acordo individual com os empregados para instituir Banco de Horas para compensação das horas extraordinárias. Para que esse acordo tenha validade, é preciso que seja pactuado A) por escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de 30 dias. B) por escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de um ano. C) por escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. D) verbalmente ou por escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. E) verbalmente ou por escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de um ano. 34 Comentário: Correta a letra C. Conforme estudamos, a compensação de jornada pode se dar de três formas: Banco de horas anual = ACT/CCT Banco de horas semestral = Acordo individual escrito Banco de horas mensal = Acordo individual, tácito ou escrito. Questão 6 (CESPE – 2019 – PGE-PE – Analista Judiciário de Procuradoria) À luz do entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho (TST) a respeito do direito de férias, julgue o item seguinte. O empregado que se demite antes de completar doze meses de serviço não terá direito ao recebimento de indenização relativa a férias. Comentário: Errado. Eis o entendimento do TST: Súmula 261, TST - O empregado que se demite antes de completar 12 meses de serviço tem direito a férias proporcionais. Questão 7 (FCC – 2019 – AFAP – Advogado) Ana, com 40 anos de idade, é secretária da Empresa de Cobrança X Ltda. e possui direito ao gozo de férias. Seu empregador propôs que, ao invés de usufruir 30 dias corridos de férias, Ana usufrua-as de forma fracionada, em três períodos, para que a empresa não fique com a vaga desfalcada. 35 A) não há necessidade da concordância de Ana para que as férias sejam usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a 15 dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a 5 dias corridos, cada um. B) não há necessidade da concordância de Ana para que as férias sejam usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a 14 dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a 5 dias corridos, cada um. C) desde que haja concordância de Ana, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a 15 dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a 5 dias corridos, cada um. D) desde que haja concordância de Ana, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a 14 dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a 5 dias corridos, cada um. E) desde que haja concordância de Ana, as férias poderão ser usufruídas em até dois períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a 14 dias corridos. Comentário: Alternativa correta: D. Segundo o §1º do art. 134 da CLT, desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. Questão 8 (INAZ DO PARÁ – 2019 – CORE-SP – Assistente Jurídico - adaptada) No que diz respeito às férias anuais, reguladas pela Consolidação das Leis do Trabalho, marque a alternativa correta: Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo, deixar o emprego e não for readmitido dentro dos sessenta dias subsequentes à sua saída. Comentário: Correta. Trata-se de hipótese prevista no art. 133, inciso I, da CLT. 36 Questão 9 (IBGP – 2018 – Prefeitura de Santa Luzia – MG – Procurador Municipal - adaptada) Sobre as mudanças introduzidas no Direito do Trabalho em razão do advento da Lei Federal nº 13.467/17, conhecida como Reforma Trabalhista, O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, será computado na jornada de trabalho, por ser considerado tempo à disposição do empregador. Comentário: Errado. A Reforma Trabalhista extinguiu o direito do empregado às horas in itinire: CLT, Art. 58, § 2º: O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. Questão 10 (FCC– 2018 – Prefeitura de Caruaru – Procurador do Município - adaptada) No tocante à jornada de trabalho e, de acordo com a legislação vigente, considere: Empregado e empregador poderão estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas, por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. Comentário: Correto. Tal previsão conta no art. 59-A da CLT: 37 CLT, Art. 59-A - Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Questão 11 (VUNESP – 2020 – AVAREPREV-SP – Procurador Jurídico) O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno: A) será considerado como tempo à disposição do empregador somente se o empregado utilizar transporte fornecido pelo empregador. B) será computado na jornada de trabalho, se utilizando meio de transporte fornecido pelo empregador. C) não é considerado como tempo à disposição do empregador. D) é considerado como tempo à disposição do empregador. E) não será considerado como tempo à disposição do empregador somente se o empregado utilizar de veículo próprio como meio de transporte. Comentário: A resposta encontra-se no §2º do art. 58, da CLT, que expõe que o tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. Portanto, correta a alternativa C. Questão 12 38 (VUNESP – 2020 – FITO – Advogado) Assinale a alternativa correta sobre as férias do empregado: A) A época da concessão das férias será a que melhor consulte os interesses do empregado. B) O empregado estudante, menor de 21 (vinte e um) anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com as férias escolares. C) É vedado o início das férias no período de três dias que anteceder feriado ou dia de repouso semanal remunerado. D) Independentemente de concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos. E) Durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele. Comentário: Alternativa A – Incorreta. A alternativa está em desacordo com o art. 136, da CLT, que menciona que a época da concessão das férias será a que melhor consulte os interesses do empregador e não do empregado. Alternativa B – Incorreta. A alternativa não está de acordo com o §2º, do art. 136, da CLT, que estipula que o empregado estudante, menor de 18 anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com as fériasescolares. Alternativa C – Incorreta. A alternativa não está de acordo com o §3º, do art. 134, da CLT, que menciona que é vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. Alternativa D – Incorreta. A alternativa está em discordância com o §1º, do art. 134, da CLT, que estipula que desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, 39 sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. Alternativa E – Correta. A alternativa está de acordo com o art. 138, da CLT, que menciona que “durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele. Portanto, correta a alternativa E. 40 GABARITO Questão 1 - A Questão 2 - Errado Questão 3 - Errado Questão 4 - D Questão 5 - C Questão 6 - D Questão 7 - Correto Questão 8 - Correto Questão 9 - Errado Questão 10 - Correto Questão 11 - C Questão 12 - E 41 LEGISLAÇÃO COMPILADA Duração do trabalho e períodos de descanso CLT: Art. 4º; Arts. 57 ao 74; 244, §§2º e 3º; 611-A, III. CF/88: Art. 7º, IX, XIII, XV. Súmulas do TST: 85, IV; 60; 65; 265; 346; 349; 358; 376. OJ’s do TST da SDI-I: 323. Lei 5.889/73 (Lei do Trabalhador Rural) MP 905/2019 Turnos ininterruptos de revezamento CF/88: Art. 7º, XIV. Súmulas do TST: 360 e 423. OJ’s do TST da SDI-I: 360; 395; 420. Teletrabalho CLT: Arts. 75-A a 75-E. Férias CLT: Arts. 129 a 153. CF/88: Art. 7º, XVII. Súmulas do TST: 7; 261; 450. 42 JURISPRUDÊNCIA Jornada de Trabalho TST-AIRO-277-95.2015.5.17.0000, SDC, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, red. p/ acórdão Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, 8.4.2019 (Info 194) Ação anulatória. Acordo coletivo de trabalho. Sistema de registro de ponto por exceção. Validade. A SDC, por maioria, deu provimento a recurso ordinário para considerar válida cláusula constante de acordo coletivo de trabalho que estabeleceu sistema de controle de jornada por exceção, no qual o empregado anota no registro de ponto somente situações excepcionais, como faltas, saídas antecipadas, atrasos, licenças e horas extras. Prevaleceu o entendimento de que o art. 74, §2º, da CLT, ao atribuir ao empregador a obrigação de formar prova pré-constituída a respeito da jornada de trabalho de seus empregados, possui natureza eminentemente processual. Não se trata, portanto, de matéria de ordem pública, que asseguraria ao trabalhador determinado regime de marcação de ponto. Assim, não há óbice a que os sujeitos coletivos negociem a forma pela qual o controle será realizado, desde que garantida aos empregados a verificação dos dados inseridos no sistema. Vencidos os Ministros Mauricio Godinho Delgado, relator, e Aloysio Corrêa da Veiga. Períodos de descanso TST: RO-22003-83.2018.5.04.0000, SDC, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, 14.10.2019 (Info 208) Lei nº 13.467/2017. Cláusula de norma coletiva que prevê jornada de 7h20min. Validade. Necessidade de concessão do intervalo intrajornada mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas. Art. 611-A, III, da CLT. É válida, independentemente de indicação expressa de contrapartidas recíprocas, cláusula de instrumento coletivo firmado após a vigência da Lei nº 13.467/2017 que flexibilize normas trabalhistas concernentes à jornada e ao intervalo intrajornada, desde que, neste último caso, seja respeitado o limite mínimo de 43 trinta minutos para jornadas superiores a seis horas (art. 611-A, III, da CLT). Ao dispor sobre direitos insuscetíveis de supressão ou redução por norma coletiva, o art. 611-B, parágrafo único, da CLT excluiu expressamente as regras sobre duração do trabalho e intervalos, as quais não são consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho, para os fins do referido artigo. Ademais, à espécie não se aplica a Súmula nº 437 do TST, visto que suas disposições regem situações anteriores à vigência da Lei nº 13.467/2017. No caso, o TRT de origem, considerando a petição informando a existência de negociação direta entre as partes, homologou o acordo firmado, com ressalvas do Ministério Público que, no recurso ordinário, pleiteou a exclusão da cláusula que admite a adoção de “(...) jornada de trabalho ininterrupta de 07h20min diários, sem redução e sem acréscimo salarial e/ou gratificação de hora extraordinária”. Assim, verificando que a cláusula impugnada, embora preveja jornada de trabalho válida, não assegurou o intervalo intrajornada mínimo previsto em lei, a SDC, por unanimidade, conheceu do recurso ordinário do MPT e, no mérito, deu-lhe provimento parcial para adequar a redação da cláusula e incluir a concessão do intervalo intrajornada de trinta minutos a que se refere o art. 611-A, III, da CLT. TST: E-RR-168000-85.2009.5.02.0027, SBDI-I, rel. Min. Renato de Lacerda Paiva, 24.5.2018. (Info 179) Intervalo intrajornada. Redução. Autorização do Ministério do Trabalho. Horas extras prestadas sem habitualidade. Pagamento das horas extraordinárias decorrentes da redução do intervalo intrajornada restrito aos dias em que houve efetivo trabalho em sobrejornada. Não se admite a redução do intervalo intrajornada nos dias em que concomitantemente houver prestação de horas extras, ainda que presente a autorização do Ministério do Trabalho a que se refere o art. 71, § 3º, da CLT. Na hipótese, registrou-se que além de a empresa ter autorização para reduzir o intervalo intrajornada, o empregado não estava submetido a regime de trabalho prorrogado a horas suplementares, mas apenas prestava horas extras de forma esporádica. Assim, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, deu-lhes provimento parcial para limitar o pagamento das horas extras decorrentes da redução do intervalo 44 intrajornada, no período em que havia autorização do Ministério do Trabalho, aos dias em que efetivamente houve prestação de horas extras. Vencidos parcialmente os Ministros Aloysio Corrêa da Veiga e Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Turno ininterrupto de revezamento TST: AIRO-277-95.2015.5.17.0000, SDC, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, red. p/ acórdão Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, 8.4.2019 (Info 194) Ação anulatória. Acordo coletivo de trabalho. Turno ininterrupto de revezamento. Regime 4x4. Validade. Súmula nº 423 do TST. Não incidência. É válida cláusula da norma coletiva que fixa em dez horas a jornada de trabalho em turno ininterrupto de revezamento, em que o empregado trabalha dez horas diárias, com intervalo intrajornada de duas horas, alternando-se dois dias no período diurno e dois dias no período noturno, seguidos de quatro dias consecutivos de folga. Tal regime (4x4) não viola o art. 7º, XIV, da CF, pois o limite de seis horas para a jornada em turno ininterrupto de revezamento estabelecido pelo legislador constitucional somente se aplica se não houver negociação coletiva dispondo especificamente sobre o assunto. De outra sorte, não há falar em incidência da Súmula nº 423 do TST ao caso concreto, visto que a modalidade de trabalho adotada na espécie difere do turno ininterrupto típico, na medida em que garante duas horas de intervalo intrajornada. Ademais, a súmula em questão não impõe à norma coletiva o limite máximo de oito horas para a jornada em turnos ininterruptos de revezamento, mas apenas estabelece que, nessa situação, a 7ª e a 8ª horas não serão pagas como extras. Sob esses fundamentos, a SDC, por maioria, negou provimento ao recurso ordinário do Ministério Público do Trabalho para manter a decisão doTribunal Regional que julgara improcedente o pedido de nulidade da cláusula que fixou o regime 4x4. Vencido o Ministro Mauricio Godinho Delgado, relator. Férias TST-RR-684-94.2012.5.04.0024, 2ª Turma, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, julgado em 2.10.2019. (Info 207) 45 “(...)1 - FÉRIAS INTERROMPIDAS. PAGAMENTO EM DOBRO DO PERÍODO INTEGRAL E NÃO APENAS DOS DIAS TRABALHADOS. No caso concreto, restou demonstrado que a reclamante foi chamada para trabalhar por três dias nas férias. Todavia, a Corte de origem manteve a condenação da reclamada ao pagamento em dobro apenas dos três dias trabalhados. O trabalho durante as férias torna irregular a sua concessão, porquanto frustra a finalidade do instituto, gerando, assim, o direito de o trabalhador recebê-las integralmente em dobro, e não apenas dos dias trabalhados, nos termos do artigo 137 da CLT. Precedente. Recurso de revista conhecido e provido. (...)” TST-E-ED-RR-104300-96.2009.5.04.0022, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 8.11.2018. (Info 186) Férias. Conversão de 1/3 do período em abono pecuniário. Imposição do empregador. Aplicação da sanção do art. 137 da CLT. Pagamento em dobro devido. Dedução dos valores recebidos a título de abono pecuniário. A conversão de 1/3 do período de férias em abono pecuniário, conforme o art. 143 da CLT, é um direito potestativo do empregado, razão pela qual não pode ser imposta pelo empregador, sob pena de descumprimento dos arts. 134 e 143 da CLT e 7º, XVII, da CF. Ausente a livre escolha do trabalhador, aplica-se a sanção do art. 137 da CLT, que impõe o pagamento em dobro do período não usufruído, a fim de coibir a prática que compromete o direito ao descanso anual. Verificado, contudo, que o empregado já recebeu o abono pecuniário, esse montante deve ser considerado para efeito de aplicação da penalidade, evitando-se o pagamento em triplo da remuneração de férias e o consequente enriquecimento sem causa. Sob esses fundamentos, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes provimento para restabelecer o acórdão do Regional. 46 MAPA MENTAL 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CISNEIROS, Gustavo. Direito do Trabalho Sintetizado. 1ª ed. Método, 2016. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do trabalho/ Maurício Godinho Delgado. – 17 ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Ltr, 2018. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 34ª ed. Saraiva, 2018. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 43ª ed. Saraiva, 2018. RENZETTI, Rogério. Direito do Trabalho para Concursos – Teoria e questões práticas. 5ª ed. Método, 2018. RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho. 8ª ed. Método, 2018. ROMAR, Carla Tereza Martins. Direito do Trabalho Esquematizado. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. SARAIVA, Renato. Direito do trabalho para concursos públicos. 10 ed. São Paulo: Método, 2009. DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO Capítulo 13 13. Duração do Trabalho 13.1 Jornada de trabalho Cumpre-nos ressaltar que as regras que veremos a seguir sobre jornada de trabalho não são aplicadas aos seguintes empregados: 13.1.1 Tempo à disposição do empregador 13.1.2 Trabalho em regime de tempo parcial 13.1.3 Jornada 12x36 13.1.4 Jornada suplementar 13.1.5 Compensação de jornada 13.1.6 Sobreaviso e prontidão 13.1.7 Trabalho noturno 13.2 Períodos de descanso 13.2.1 Intervalos interjornada e intrajornada 13.2.2 Repouso semanal remunerado 13.3 Teletrabalho 13.4 Férias QUADRO SINÓPTICO QUESTÕES COMENTADAS GABARITO LEGISLAÇÃO COMPILADA JURISPRUDÊNCIA MAPA MENTAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS