Buscar

Resumo "Sobre a Potencialidade da Alma" de Santo Agostinho

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O livro inicia-se com uma apresentação, onde se 
traz os primeiros sinais sobre o tema principal – 
(em grego psyché, em latim animus), e 
temas secundários – – (que advém 
do grego pneuma e do latim spiritus). Essas duas 
coisas são faladas como se fossem apenas uma, 
porém vistas sob dois aspectos: o do princípio 
vital e de animação (animus) e substância 
própria e imaterial (spiritus). 
É interessante destacar que a palavra espírito se origina do grego pneuma, que hoje é 
empregado como um elemento relacionado a respiração, o que pode levar a crer que o ar 
e o espírito possuem uma certa similaridade, porém no decorrer no livro sabe-se que não. 
A maneira como Agostinho escreve se vale do famoso método retórico, muito utilizado 
por Sócrates, entretanto, sua retórica apresenta traços bem característicos, valendo-se de 
antíteses, jogos de oposição dos contrários, comparações por analogia (semelhanças 
observadas, por oposição das diferenças) e uma técnica de argumentar que não deseja ser 
abstrata, ou intelectual, é, sobretudo dirigida por uma lógica intencional que, na palavra 
do Frei Victorino Capánaga, quer mais converter pela adesão à verdade que convencer 
com argumentos abstratos. 
Evódio, que é quem dialoga com Santo Agostinho, faz cinco indagações iniciais que 
são discutidas ao longo do texto: De onde se origina a alma? O que é ela? Como ela 
é? Como se une ao corpo? Como procede unida a corpo, e quando separada dele? 
Agostinho pergunta se Evódio deseja indagar sobre a origem da alma: saber de onde vem 
o ser humano, em sua origem, e falar do que consta, ou de que elementos se compõem, e 
a resposta é que ele deseja saber sobre as duas coisas. Sendo assim, Agostinho diz que 
acredita que a pátria de origem da alma é Deus que a criou. Ele diz que a composição do 
ser humano é feita de alma e corpo. O corpo é feito dos quatro elementos, a alma, que ele 
entende como substância própria, não saberia dizer como é tal substância, como também 
não sabe dizer a substância dos elementos do corpo. O espírito é natureza própria, não-
material e não pode ser reduzido ao espaço-tempo. Tem natureza própria, mas não 
por si mesma, e sim pelo poder divino criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis. 
Esta é a verdade formal que o texto define. 
 
 
 
Evódio deseja entender, Como pode a alma ser semelhante ao Ser divino, se Deus não foi 
criado por outro, e a alma humana, pelo contrário, é Criatura de Deus? Agostinho 
responde e chega ao ponto que a imagem ou representação do corpo não pode ser o mesmo 
que o próprio corpo, da mesma forma não é motivo de espanto que a alma não tenha poder 
de efetuar o mesmo que o Criador, a cuja imagem foi criada. 
A imortalidade é um dom divino à alma humana, não é um poder da alma, pois 
semelhança não é igualdade. 
Agostinho diz que prefere começar mostrando que existem coisas onde não se pode 
encontrar tais relações materiais que Evódio supõe existir na alma. Se lhe parece que alma 
poderia ser um nada, porque não apresenta dimensões do corpo, entenderá que justamente 
por isso ela deve ser tida em maior consideração, pois é superior às coisas materiais 
exatamente por isso, porque não é matéria. (transcende) 
Agostinho segue com suas perguntas, agora é feita a seguinte: Podemos supor a existência 
de algo corporal e que, de acordo com sua natureza, não tenha longitude, latitude e 
profundidade (altitudinem)? 
 Evódio tem dúvidas sobre o que deseja significar com profundidade. Agostinho diz que 
aquilo que lhes permite imaginar as dimensões internas de um corpo, ou até perceber 
visualmente como em transparência. Porque, se retira-se tal propriedade, não se sabe de 
sua existência. Evódio opina dizendo que não há corpo sem as três dimensões. Surge aí 
a confusão que Evódio faz ao achar o vento semelhante a alma. Agostinho diz que 
tanto é corpo o vento, como a água. O vento não é mais que ar agitado, como é fácil de 
entender em lugar tranquilo e sem corrente de ar, quando com um simples abano para 
espantar insetos movimenta-se o ar, percebendo o vento. 
Quando Evódio, em termos da linguagem do “homem comum”, imagina uma semelhança 
possível com o vento, por exemplo, é por não entender ainda a noção do imaterial, como 
substância própria e não sujeita às relações de tempo e espaço (mesmo quando, no caso 
da alma, atua o corpo no tempo e no espaço). E o tema da não-materialidade é 
fundamental para entender a natureza do espírito. 
O tema do capítulo é a memória. No final Evódio chega à conclusão de que o movimento 
do ar, vento, poderia encher apenas este espaço visível, enquanto a alma pode representar 
inúmeros espaços e um universo tão grande de coisas, que nem se pode imaginar um 
espaço capaz de conter tudo isso. 
Aqui se verifica três pontos: 1- o que é longitude, 2- latitude e 3- profundidade. Agostinho 
tenta fazer Evódio imaginar uma longitude sem latitude alguma. 
A noção de longitude só pode ser percebida pelo inteligível, e não pela visão dos corpos. 
A longitude percebida no entendimento, que não pode ser dividida mentalmente no 
sentido da largura, sendo pura e simples é chamada de linha. A linha pode ser prolongada 
para diante ou para trás até o infinito. 
Agostinho diz “Aceitar a autoridade alheia é grandemente tranquilo, e não dá trabalho. 
Se lhe agrada esse meio de estudo, poderá ler o que grandes e inspirados homens disseram 
comentando o assunto. E o fizeram por entender útil e necessário para os que sabem 
pouco, considerando que a salvação podia parecer difícil para os que possuem inteligência 
mais rude e menos capaz...A estes é utilíssimo que se atenham à autoridade dos homens 
sábios e agindo de acordo com os ensinamentos...se você acha mais seguro esse 
argumento de autoridade, não me oponho,...Mas se quer manter o desejo antes afirmado, 
de entender a verdade pelo argumento da razão, e assim chegar a se convencer, deverá 
tolerar pacientemente toda a sequência demorada que leva a um raciocínio correto e capaz 
de chegar à verdade de um modo especificamente racional, ou seja, a razão verdadeira. 
Não apenas verdadeira, mas certa. E livre de toda a aparência de falsidade. 
Agostinho está interessado no bem do outro, em fazer que estude e aprenda melhor, como 
está dando uma palavra de orientação: o estudo exige seriedade, constância e 
continuidade, pois é um meio. O fim a atingir é a verdade. 
Agostinho pergunta se há ou não a possibilidade de traçar uma figura (espaço fechado 
pela linha) se se limitarem a entender uma linha (longitude pura e simples), em um e outro 
sentido e até o infinito? Discute-se sobre o triângulo e suas propriedades. 
Quadriláteros e relações de igualdade, igualdade maior que a outra, melhor igualdade, 
quadrado e losango. Agostinho chama a justiça apenas ao que significa igualdade, 
consistindo a igualdade na virtude da justiça senão em que ela significa: dar a cada 
um o que é seu? E não podemos dar algo a cada um se não houver distinção (= se 
não podemos distinguir um e outro). 
Discute-se sobre a falsa noção de que figuras representam serem perfeitas, onde a 
aparência do que é terreno e perfeito pode esconder imperfeiçoes 
A figura perfeita é o círculo. A longitude é superior a latitude pelo fato dela só puder ser 
dividida no sentido transversal. Evódio chega à conclusão de que o indivisível é o ponto 
central da figura e de onde partem linhas para todos os extremos. 
Agostinho fala o que são os signos, sendo um sinal sem partes distintivas, e o ponto é 
um sinal que se coloca no centro de uma figura. Todo ponto é também um signo, 
mas nem todo signo é um ponto. Os signos podem ser naturais, ou convencionais – 
criados pelo homem. Os naturais são os que, por eles mesmos, fazem com que se conheça 
algo por eles indicado, assim como a fumaça, que é sinal de fogo. Os signos 
convencionados, porém, são criados pela Inteligência humana, para manifestar enquanto 
possível ideias e pensamentos, como também sensações. 
Linha nenhuma se une a uma outra sem um pontode referência. Finalmente, em todas as 
figuras de geometria plana (sem falar de volume), mostra a razão que deve ser preferido 
o círculo, por sua mais perfeita igualdade. 
Encerra-se essa parte onde foi feita uma série de abstrações da realidade material, até a 
última, a abstração em si, o ponto. E a alma, capaz de ver e entender isso, não são da 
natureza do que entende, ou seja, não é matéria. Conclui-se que a alma não é um 
conceito abstrato, é realidade em si, substância própria, capaz de fazer abstrações 
intelectuais. Abrange no entendimento a dimensão, sem limitar-se 
dimensionalmente. Capaz de aprender todos os tempos, sem estar no tempo, e por 
mais que atue o corpo no tempo. É com sua potência mais pura, o pensamento, que 
a alma entende e percebe o tempo e o espaço. 
Agostinho diz que o corpóreo, por singular semelhança natural, é visto com os olhos. E a 
alma, pela qual vemos o incorpóreo e entendemos seu conceito, é preciso não seja corpo, 
nem corpóreo. 
Agostinho considera que a alma está feita de tal modo que não necessita de quantidade 
alguma. Sobre a origem da alma ele diz interpretar de duas maneiras – se provinha de 
algum lugar, ou se vinha dos quatro elementos, ou de algum outro, ou de tudo isso a um 
tempo, ou somente algum...A alma, criada por Deus, tem substância própria que não e a 
de nenhum dos quatro elementos. A não ser que se possa imaginar ter Deus concedido à 
terra não ser mais que terra, e não desse à alma não ser mais que alma. E se quer uma 
definição da alma, e saber o que ela é, respondo facilmente: É substância dotada de 
razão, apta a reger um corpo. Pormenorizando, é substância, ou seja, contida em si 
mesma com realidade própria. Dotada de razão. E é da essência mesma do espírito ser 
racional, isto é, conhecer, manter o conhecimento inteligente, na memória, 
principalmente a intelectual, ser capaz de determinação racional e consciente, no ato de 
preferência ou vontade. E apta (destinada) a reger um corpo, e corpo humano. Entenda-
se o conteúdo deste reger o corpo. Nem ela o rege como “acidental” a ele (Platão), nem 
como “aderente” a ele (Aristóteles). Rege como princípio formal e causal, faz que seja 
um corpo e o constitui como corpo organizado e é princípio de todas as operações da 
natureza humana. 
Agostinho diz que “A poucos é concedido que a alma veja a si mesma (nesta vida atual), 
mas ela pode fazer isso com a inteligência. Somente à inteligência é concedido perceber 
que nada existe maior e superior às coisas.” Ele segue dizendo sobre o tamanho dos 
animais e como a dimensão não afeta no nível de inteligência que cada um apresenta e 
faz uma colocação destacando que coisas muito elevadas devem ser meditadas sobre 
a alma, sem que para isso a tenhamos que imaginar em sentido dimensional. Isso é 
atingido por aqueles que se dedicam a estudar ou refletir, impulsionados e inflamados no 
divino amor pela verdade. Também pode ser atingido por aqueles que, menos instruídos, 
desejam pensar nestas coisas, e aceitam pacientemente o ensino dos bons, procurando, 
até onde possível nesta vida, fugir do apego ao corporal. 
Nesse capítulo Evódio lança duas perguntas ao seu mestre Agostinho: se a alma cresce 
junto com o corpo, e se pode sentir no corpo inteiro sem estar contida no corpo. Agostinho 
diz em Contra Acadêmicos: a dúvida, obrigando à indagação, já é princípio de 
conhecimento provocado. Se duvido, ainda não sei. Se não pergunto, como vou 
saber? 
Discute-se sobre maior e melhor, quantidade e qualidade. Evódio diz que “Nem devemos 
aceitar como racional uma coisa se ela não é expressão da verdade. E somente quem vive 
de acordo com a verdade tem uma vida honesta e boa. Quem assim procede, dizemos que 
tem virtude e age de acordo com ela”. Agostinho concorda e diz que das figuras, o círculo 
é o mais semelhante à virtude, por causa a igualdade, sendo a virtude o bem da alma que 
mais permanece constante e fiel em si mesmo. A virtude é a razão corretamente 
empregada 
Agostinho diz que “Não parece razoável supor no desenvolvimento corporal um sinal de 
melhoria da alma, pois os mesmos corpos que aumentam com a idade tornam-se mais 
reduzidos na velhice.” 
Portanto, se o maior tamanho do corpo através do tempo não é causa de superioridade 
corporal, está só poderá estar nas forças germinativas, ou em princípios ainda 
desconhecidos por nós sobre a natureza dos corpos, questão de entendimento complexo. 
O espírito é superior qualitativamente a toda a possível imensidão do universo da matéria, 
porque feito à imagem e semelhança de Deus. 
o Seriam elas o que chamamos de energia, fé, forças. 
o Forças místicas, no sentido de fé também, busca esse impulso para esperar alguma 
coisa. 
o Busca esse impulso para superar alguma coisa 
o Escolha é sempre fruto da razão boa escolha é sempre a escolha da fé para 
eu afirmar que sou cristão devo comungar esses valores 
o A Bíblia do direito é a constituição Reta razão (racionalização jurídica 
moderna) busca de uma razão que se adeque aos valores 
Nascemos com a inteligência, mas aprendemos a usá-la e a nos comunicar nos sinais da 
linguagem. Há também uma referência já indicada, na sua obra maior, onde ele tece 
considerações inclusive sobre uma certa forma de comunicação infantil independe de 
palavras. 
A alma cresce de tamanho também, e são naturais quando cresce em conhecimentos 
adquiridos no aprendizado honesto, numa existência corretamente vivida. Quando 
aprende coisas que podem ser até maravilhosas, e menos úteis, ainda que de alguma 
utilidade ocasional, seria crescimento acidental e pode ser comparado ao segundo tipo de 
aumento corporal. A alma se auto prejudica quando abandona a procura intelectual, 
deleitando-se preferivelmente no conhecimento sensível, aderindo ao sensualismo, e 
às habilidades com fins apenas materiais. 
Evódio questiona Agostinho acerca da criança de acabara de nascer, que se mostra 
incapaz de entendimento assim como os animais, tendo em vista que a alma é eterna, 
como não traz em si um entendimento natural? Agostinho entende que a alma traz todo o 
conhecimento, e, quando vai aprendendo com a idade, nada mais faz do que recordar. 
Agostinho acrescenta uma nova pergunta ao debate: Como a alma, sem ter extensão, sente 
pelo tato em qualquer parte do corpo. 
Alma e corpo agem juntos, evidentemente, pois o ser é uno. Mas a alma é princípio único 
dos atos do corpo. 
É importante saber o impulso de cada um...Está inclinação natural, movida pelo impulso 
do princípio animante, ou alma, faz com que o corpo se dirija ao que lhe compete por sua 
mesma natureza...Logo, se o que chamamos forças ou atividades do corpo, são atuadas 
pela alma o impulso direto e material é dado pelos nervos e pelo peso ou inclinação 
natural...A alma aplica vontade aos movimentos do corpo...Em conclusão: as forças que 
o corpo adquire com a idade não provam um crescimento da alma. Todas essas análises 
feitas por Agostinho são sobre a causalidade, sendo a alma responsável por fazer o 
corpo crescer. 
Discute-se sobre os sentidos do corpo e as impressões que eles causam. Há uma longa 
discussão sobre a visão e a sensação que ela causa no corpo. 
Evódio responde dizendo: estendendo o olhar até onde você está, seja onde for. E admito 
que não estou ali. É assim como se pudesse tocá-lo com uma vara. Certamente seria eu 
o que toca, sem estar no lugar onde toco. Também quando afirmo que percebo com a 
visão, e por mais que não esteja onde se encontra o objeto, também sou eu quem vê. 
Sentir é do corpo, entender é da alma, e é a alma que sente inteligivelmente através dos 
sentidos. Por isso, os sentidos trazem uma percepção, mas não o significado. 
Evódio diz que se pode ver uma coisa e perceber a existência de outra que a visão não 
demonstra diretamente. 
Agostinho diz que quando a alma percebe alguma coisa por intermédio de uma 
impressão (passionem) do corpo, não chamamos a isso imediatamente com o nome 
de um dos cinco sentidos, a não ser quandoé assim diretamente sentido pela alma. 
História do fogo e da fumaça 
Evódio por sua vez diz que sensação é não estar oculto à alma o que sofre o corpo. Chama-
se sensação o fato de ver a fumaça, pois os olhos, parte do corpo, e corporais também, 
sofrem diretamente a impressão do que estão vendo. MAS ESSA DEFINIÇÃO ESTÁ 
INCOMPLETA SEGUNDO AGOSTINHO 
A alma percebe muitas coisas através dos sentidos, porém nem tudo que ela percebe 
advém das percepções dos sentidos. 
Eles analisam como deve ser o que seria a definição perfeita de sensação. Agostinho diz 
que “Toda a impressão (passio) sofrida pelo corpo e no corpo, e não oculta à alma, é 
realmente sensação. Mas tal proposição não pode ser convertida, porque o fato de nosso 
corpo experimentar o crescimento, por exemplo, não é sensação, e não se oculta à alma.” 
Dada essa explanação Evódio parte para uma segunda tentativa de definição: Sensação é 
não ser diretamente oculto à alma o que sofre o corpo. Toda sensação é isso, e isso é 
sensação. 
Agostinho faz a seguinte indagação para Evódio: é pela razão que chegamos à ciência, ou 
pela ciência chegamos à razão? Evódio crê na segunda alternativa, o que deixa seu Mestre 
um tanto quanto irado 
Agostinho define razão: “Agora concordamos em que esta passagem do conhecido ao 
desconhecido não se chama razão, pois assim procede a inteligência normal, de vez que 
usa a razão a qualquer tempo. A essa maneira de agir chamamos de raciocínio, ou 
indagação racional. Razão é olhar da mente, e raciocínio é o exercício da inteligência, 
ou seja, o movimento do olhar da mente sobre aquilo que deve examinar. Essa 
indagação, ou raciocínio, é necessária para a procura. O olhar da mente, ou 
racionalidade, é necessário para ver intelectualmente.” 
Agostinho define ciência: Quando esse olhar da mente, chamamos razão, dirigido a 
algo, é capaz de ver, chamamos ciência. Quando não consegue ver, por mais esforço 
que empregue, chamamos ignorância. 
Agostinho diz que por mais que muitos animais superem o homem no uso de 
determinados sentidos do corpo, Deus coloca o homem acima dos irracionais, 
concedendo-lhes a mente, a razão e o conhecimento. 
Agostinho diz que se sabe com o exercício da razão, sendo sensação alguma a ciência, o 
que não se ignora pertence ao conhecimento. 
Agostinho enfim define: é conhecimento quando entendido racionalmente. Pois, o que 
se percebe por meio do corpo, e é conhecido diretamente como atuação corporal, 
chama-se sentir. 
A alma, potência imaterial, pode estar em cada parte do corpo (e inteiramente, estando no 
corpo inteiro de uma só vez, sem estar limitada de modo algum pelo espaço do corpo. Ou 
seja, a alma “está no corpo” pela sua atuação, e nunca pela sua “dimensão”. A 
expressão estar no corpo já foi usada até por São Paulo, em Atos 20:10. 
A matéria viva pode ser dividida, mas não a vida animante desta matéria. Como se pode 
notar ao cortar uma lagarta. 
Discute-se sobre uma coisa ser o som da palavra e outra o seu significado. O som da 
palavra pode ser dividido no sentido das letras que o constituem, mas sua significação, 
ou sua alma, não pode ser dividida. Como já definido, alma não tem dimensões. O que 
se sente com os olhos divide-se no tempo, o que se sente com o ouvido divide-se no 
tempo. 
Primeiro Grau – relativa a vida vegetativa (homens e plantas), pois vemos e sabemos 
que as espécies vegetais conservam suas estruturas, também se alimentam, e reproduzem 
segundo a sua espécie. 
Segundo Grau – contemplação do poder da alma em relação à vida sensível, onde o viver 
é manifesto de modo mais evidente. Concentra-se a alma no tato. Através do exercício, 
movimenta-se prazerosamente, compondo a harmonia dos membros. Enquanto possível, 
procura a união dos sexos, e da natureza de dois faz uma só, no amor e na sociabilidade. 
E a força do costume, que nem a separação das coisas impede, chama-se memória 
(sensível). 
Terceiro Grau – próprio do homem, onde esse explora sua capacidade como inventor e 
criador, advindo do raciocínio e da imaginação, como a oratória, a arte e a poética. São 
próprias do ser humano, mas comuns tanto aos estudiosos como aos ignorantes, aos bons 
e aos maus. 
Quarto Grau – onde se inicia a bondade e o louvor verdadeiro. Aqui a alma ousa 
sobrepor-se não somente ao corpo – que é parte integrante do universo – mas ao 
mesmo universo. Não considera coisas suas os bens deste mundo, aprende a estimar sua 
potência e beleza acima destes bens, pois distingue os valores, e menospreza os bens 
apenas terrenos. Quanto mais aproveita o uso destes bens, tanto mais deles se afasta, 
libertando-se de toda imperfeição. Aprecia o convívio social, não deseja a outrem o que 
não quer para si mesma, obedece à legítima autoridade e aos preceitos dos mais sábios, 
reconhecendo que Deus fala por meio deles também. Exige esforço pela purificação, 
existindo ainda um certo medo da morte 
Quinto Grau – a alma alegra-se finalmente nela mesma, nada mais teme, nem se 
intranquiliza por coisa alguma, a menor que seja, nos assuntos interiores. Estado em que 
já se atingiu a pureza do coração, não consente mais ao pecado. Tende a contemplação 
mesma da verdade. 
Sexto Grau – Nesse grau dirige-se o olhar da mente de modo sereno e adequado ao que 
deve ser visto. O pensamento se afasta de toda a paixão, purificando-se do ranço das 
coisas mortais. 
Sétimo Grau – Já não é mais um grau da alma, é mansão ou morada que se atinge. Se 
mantiver a constância, chega-se pelo poder divino à Sabedoria de Deus, Virtude de Deus, 
suprema causa e supremo autor. A natureza corpórea sofre mudanças e dificuldades, 
obedecendo neste mundo à lei divina. 
“A alma não adorará criatura alguma”, somente deve adorar o Criador de todas as coisas 
que existem, e de quem, por quem e em quem todas elas podem existir, princípio imutável, 
sabedoria imutável, amor imutável, um só Deus verdadeiro e perfeito, que sempre existiu 
e sempre existirá. Cada um dos citados graus, ou atividades, possuem a sua beleza 
distinta. 
É penetrando em nós mesmos que subimos ao encontro de Deus. Porque a verdade mora 
no interior da alma, onde Deus é intimior intimo meo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tudo está submetido a Deus, ao poder divino. A verdadeira religião é aquela na qual a 
alma se une a Deus pela reconciliação, ao mesmo Deus do qual tinha se afastado pelo 
pecado. 
No terceiro grau a alma se une a Deus, onde Ele começa a guiar o espírito; no quarto a 
purifica; reforma no quinto; introduz sua amizade no sexto e no sétimo se alimenta. A 
morte da alma se dá apenas com o pecado.

Outros materiais