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Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Qualidade de Vida Objetivo 1: Conceituar qualidade de vida (QV), identificando os fatores associados à QV. FONTE: Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos – Eliane Maria Fleury Seidl; Célia Maria Lana da Costa Zannon, 2004 – SCIELO ASPECTOS HISTÓRICOS Surgimento: na literatura médica na década de 30 Segundo um levantamento de estudos que tinham por objetivo a sua definição e que faziam referência à avaliação da QV. Costa Neto 9, trabalhando a publicação de Cummins, intitulada Directory of Instruments to Measure Quality of Life and Correlate Areas, publicada em 1998, identificou 446 instrumentos, no período de setenta anos. No entanto, 322 instrumentos identificados, equivalentes a mais de 70,0% do total, apareceram na literatura a partir dos anos 80 O acentuado crescimento nas duas últimas décadas atesta os esforços voltados para o amadurecimento conceitual e metodológico do uso do termo na linguagem científica. Década de 70: Campbell (1976, apud Awad & Voruganti 8 p. 558) Qualidade de vida é uma vaga e etérea entidade, algo sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que Ênfase dada na literatura mais recente às controvérsias Períodos anteriores a 1995: ao lado dos esforços direcionados para a definição e avaliação da QV na área de saúde, havia lacunas e desafios teóricos e metodológicos a serem enfrentados. Gill et al. 10, procuraram identificar como QV estava sendo definida e mensurada na área de saúde, mediante a revisão de 75 artigos que tinham esse termo em seus títulos, publicados em revistas médicas. Depois de verificar que somente 15,0% dos trabalhos apresentavam uma definição conceitual do termo e 36,0% explicitavam as razões para a escolha de determinado instrumento de avaliação, Gill et al.10, concluíram que havia falta de clareza e de consistência quanto ao significado do termo e à mensuração da QV. Até os primeiros anos da década de 90 Farquhar 11, procedendo a uma revisão da literatura, propôs uma taxonomia das definições sobre QV então existentes, dividida em quatro tipos Definição clássica, do tipo global, é datada de 1974 (Andrews, apud Bowling 12 p. 1448): "qualidade de vida é a extensão em que prazer e satisfação têm sido alcançados". A noção de que QV envolve diferentes dimensões configura-se a partir dos anos 80, acompanhada de estudos empíricos para melhor compreensão do fenômeno. Uma análise da literatura da última década evidencia a tendência de usar Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 definições focalizadas e combinadas, pois são estas que podem contribuir para o avanço do conceito em bases científicas. Qualidade de vida: subjetividade e multidimensionalidade A partir do início da década de 90, parece consolidar-se um consenso entre os estudiosos da área quanto a dois aspectos relevantes do conceito de qualidade de vida: subjetividade e multidimensionalidade. No que concerne à subjetividade, trata-se de considerar a percepção da pessoa sobre o seu estado de saúde e sobre os aspectos não-médicos do seu contexto de vida. Em outras palavras, como o indivíduo avalia a sua situação pessoal em cada uma das dimensões relacionadas à qualidade de vida. Estudiosos enfatizam, então, que QV só pode ser avaliada pela própria pessoa, ao contrário das tendências iniciais de uso do conceito quando QV era avaliada por um observador, usualmente um profissional de saúde. Nesse sentido, há a preocupação quanto ao desenvolvimento de métodos de avaliação e de instrumentos que devem considerar a perspectiva da população ou dos pacientes, e não a visão de cientistas e de profissionais de saúde. O consenso quanto à multidimensionalidade refere-se ao reconhecimento de que o construto (conceito teórico não observável diretamente) é composto por diferentes dimensões. A identificação dessas dimensões tem sido objeto de pesquisa científica, em estudos empíricos, usando metodologias qualitativas e quantitativas. Qualidade de vida: conceituação Duas tendências quanto à conceituação do termo na área de saúde são identificadas: qualidade de vida como um conceito mais genérico, e qualidade de vida relacionada à saúde (health-related quality of life). No primeiro caso, QV apresenta uma acepção mais ampla, aparentemente influenciada por estudos sociológicos, sem fazer referência a disfunções ou agravos. Ilustra com excelência essa conceituação a que foi adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em seu estudo multicêntrico que teve por objetivo principal elaborar um instrumento que avaliasse a QV em uma perspectiva internacional e transcultural. A QV foi definida como "a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações" 13 (p. 1405). Por se tratar de um conceito dinâmico, amplo, subjetivo e polissêmico2 vários termos têm sido utilizados na literatura para definir QV, como bem-estar3, grau com que as pessoas aproveitam as possibilidades de suas vidas4, percepção de satisfação com a vida2. A ampla dimensão da saúde e sua relação com diversos aspectos positivos e negativos da vida permitem distintas formas de avaliação, levando indivíduos com a mesma morbidade a manifestarem diferentes níveis de saúde e de bem-estar, físico e emocional. Um aspecto importante que caracteriza estudos que partem de uma definição genérica do termo QV é que as amostras estudadas incluem pessoas saudáveis da população, nunca se restringindo a amostras de pessoas portadoras de agravos específicos. O termo qualidade de vida relacionada à saúde é muito frequente na literatura e tem sido usado com objetivos semelhantes à conceituação mais geral. No entanto, parece implicar os aspectos mais diretamente associados às enfermidades ou às intervenções em saúde. É possível identificar, nas conceituações de Guiteras & Bayés 20, Cleary et al. 21 e Patrick & Erickson (1993, apud Ebrahim 22), a referência ao impacto da enfermidade ou do agravo na qualidade de vida. Há uma controvérsia associada ao uso de medidas específicas da QV relacionada à saúde. Alguns autores defendem os enfoques mais específicos da qualidade de vida, assinalando que esses podem contribuir para melhor identificar as características relacionadas a um determinado agravo. Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Outros ressaltam que algumas medidas de qualidade de vida relacionada à saúde têm abordagem eminentemente restrita aos sintomas e às disfunções, contribuindo pouco para uma visão abrangente dos aspectos não-médicos associados à qualidade de vida Os instrumentos de mensuração da qualidade de vida relacionada à saúde tendem a manter o caráter multidimensional e avaliam ainda a percepção geral da QV, embora a ênfase habitualmente recaia sobre sintomas, incapacidades ou limitações ocasionados por enfermidade. Predominam os instrumentos específicos, como o EORTC-QLQ 30, para pacientes com neoplasias desenvolvido pelo European Organization for Research and Treatment of Cancer 24, e o Medical Outcomes Study-HIV, para pessoas vivendo com HIV/AIDS 25. Clarificando o conceito: distinção entre qualidade de vida e estado de saúde Pesquisadores alertam que os termos qualidade de vida e estado de saúde aparecem na literatura muitas vezes quase como sinônimos. Interessados na clarificação desses conceitos, Smith et al., investigaram a importância de três grandes dimensões saúde mental, funcionamento físico e funcionamento social sobre a percepção da QV e do estado de saúde, em 12 estudos que trabalharam esses indicadores com amostras de pacientes portadores de enfermidades crônicas (câncer, hipertensão, HIV/AIDS, entre outras). A dimensão que teve maior poderde predição em relação ao escore da QV foi o da saúde mental/bem-estar psicológico, sendo que o poder preditivo da dimensão funcionamento físico foi menor. No caso da percepção do estado de saúde como variável critério, a dimensão funcionamento físico foi o mais forte preditor, incluindo variáveis como energia, fadiga e dor. Explorando os dados com path analisys, observaram, de um lado, que o escore da saúde mental afetou de modo significativo os escores da QV. De outro lado, o funcionamento físico afetou de modo mais significativo a percepção do estado de saúde. Os autores concluíram que os dois construtos são diferentes e alertaram que determinados instrumentos que avaliam a percepção do estado de saúde não devem ser usados para a avaliação da QV. AS DIMENSÕES DA QUALIDADE DE VIDA Estudos de meta-análise como o de Smith et al. 19, respondem também a questões sobre a relevância e o peso das diferentes dimensões da QV, trazendo mais clareza ao construto. O empreendimento da OMS, de grande contribuição teórico-metodológica para o tema, foi desenvolvido em projeto multicêntrico, cuja construção se deu em quatro etapas: (a) clarificação do conceito de QV por especialistas oriundos de diferentes culturas; (b) estudo qualitativo, em 15 cidades de 14 países, com grupos focais formados por pacientes com agravos diversos, profissionais de saúde e pessoas da população em geral, para explorar as representações e o significado do termo em diferentes culturas; (c) desenvolvimento dos testes de campo para análise fatorial e de confiabilidade, validade de construto e validade discriminante A natureza multidimensional do construto foi validada, de modo empírico, a partir da emergência de quatro grandes dimensões ou fatores: (a) física percepção do indivíduo sobre sua condição física; (b) psicológica percepção do indivíduo sobre sua condição afetiva e cognitiva; (c) do relacionamento social percepção do indivíduo sobre os relacionamentos sociais e os papéis sociais adotados na vida; (d) do ambiente percepção do indivíduo sobre aspectos diversos relacionados ao ambiente onde vive. Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Além dessas dimensões, obteve-se uma avaliação da QV percebida de modo global, mensurada por quatro itens específicos que foram computados em um único escore. As quatro dimensões subdivididas em 24 facetas mais os itens referentes à QV geral constituem o Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida da OMS 17. Power et al. 28 realizaram um estudo de meta-análise, utilizando o banco de dados dos estudos de validação do WHOQOL-100 nos 15 centros. Mediante análise de regressão múltipla padrão, referente à amostra total de 4.802 sujeitos, verificaram que os escores das quatro grandes dimensões explicaram, juntos, 64,0% da variância do escore da qualidade de vida geral, considerada como variável critério. Aspectos físicos e psicológicos foram responsáveis pela explicação da maior parte dessa variância, seguidos das dimensões do ambiente e do relacionamento social, sendo que essa tendência também foi observada nas amostras dos 15 locais pesquisados, com algumas especificidades. Os pesquisadores concluíram que o WHOQOL-100 tem boa capacidade psicométrica para mensurar a qualidade de vida e que a estrutura do construto é comparável nas diferentes culturas, reforçando a sua importância como ferramenta transcultural. PESQUISA SOBRE QUALIDADE DE VIDA NO BRASIL No Brasil, igualmente, vem crescendo o interesse pelo tema qualidade de vida no campo da saúde. Alguns trabalhos publicados no Brasil foram considerados tendo em vista a sua contribuição para o avanço das pesquisas sobre QV no país e por sua consonância com as tendências históricas observadas no contexto internacional. Um trabalho pioneiro disponibilizou um instrumento genérico de avaliação da QV, o SF-36; utilizando os procedimentos canônicos de tradução reversa e adaptação transcultural para uma amostra de cinquenta pacientes com artrite reumatoide, permitiu evidenciar a utilidade de medidas gerais para a investigação de impacto da doença crônica sobre a vida das pessoas acometidas 30. Posteriormente, o desenvolvimento do WHOQOL-100 para a língua portuguesa 4 e o estudo para a validação das versões completa e breve permitiram a utilização abrangente desse instrumento por pesquisadores brasileiros no campo da saúde. Foram encontrados trabalhos sobre QV em diferentes especialidades médicas, por exemplo, nas áreas de psiquiatria 33, neurologia 34,35, oftalmologia 36, oncologia 37 e ginecologia 38. Na psicologia, destaca-se a construção do Inventário de Qualidade de Vida 39 utilizado em pesquisa e em intervenção relacionadas ao manejo do estresse. Um trabalho de revisão importante, pela abrangência da análise de contribuições e desafios do conceito para o setor saúde, em especial para a saúde pública, foi realizado por Minayo et al. 40. Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Objetivo 2: Caracterizar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), relacionando-o com a QV de uma população FONTE: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) DESENVOLVIMENTO HUMANO? Processo de ampliação das escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades e oportunidades para serem aquilo que desejam ser. Diferentemente da perspectiva do crescimento econômico, que vê o bem-estar de uma sociedade apenas pelos recursos ou pela renda que ela pode gerar, a abordagem de desenvolvimento humano procura olhar diretamente para as pessoas, suas oportunidades e capacidades. A renda é importante, mas como um dos meios do desenvolvimento e não como seu fim. Mudança de perspectiva: com o desenvolvimento humano, o foco é transferido do crescimento econômico, ou da renda, para o ser humano. O conceito de Desenvolvimento Humano também parte do pressuposto de que para aferir o avanço na qualidade de vida de uma população é preciso ir além do viés puramente econômico e considerar outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana. Esse conceito é a base do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), publicados anualmente pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) IDH: ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO O objetivo da criação do Índice de Desenvolvimento Humano foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, o IDH não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da "felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver". Democracia, participação, equidade, sustentabilidade são outros dos muitos aspectos do desenvolvimento humano que não são contemplados no IDH. O IDH tem o grande mérito de sintetizar a compreensão do tema e ampliar e fomentar o debate. Desde 2010, quando o Relatório de Desenvolvimento Humano completou 20 anos, novas metodologias foram incorporadas para o cálculo do IDH. Atualmente, os três pilares que constituem o IDH (saúde, educação e renda) são mensurados da seguinte forma: Uma vida longa e saudável (saúde) é medida pela expectativa de vida; O acesso ao conhecimento (educação) é medido por: i) média de anos de educação de adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos durante a vida por pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de escolaridade para criançasna idade de iniciar a vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que um criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os mesmos durante a vida da criança; E o padrão de vida (renda) é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita expressa em poder de paridade de compra (PPP) constante, em dólar, tendo 2005 como ano de referência. Publicado pela primeira vez em 1990, o índice é calculado anualmente. Desde 2010, sua série histórica é recalculada devido ao movimento de entrada e saída de países e às adaptações metodológicas, o que possibilita uma análise de tendências. Aos poucos, o IDH tornou-se referência mundial. Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 É um índice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas e, no Brasil, tem sido utilizado pelo governo federal e por administrações regionais através do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M). IDH-M é um ajuste metodológico ao IDH Global, e foi publicado em 1998 (a partir dos dados do Censo de 1970, 1980, 1991) e em 2003 (a partir dos dados do Censo de 2000). O indicador pode ser consultado nas respectivas edições do Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, que compreende um banco de dados eletrônico com informações socioeconômicas sobre todos os municípios e estados do país e Distrito Federal. Uma nova versão do Atlas, com dados do Censo 2010, está sendo produzida pelo PNUD e deve ser lançada no início de 2013. Indicadores complementares de desenvolvimento humano (IDH – IDHAD, IPM e IDG) Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD) O IDH é uma medida média das conquistas de desenvolvimento humano básico em um país. Como todas as médias, o IDH mascara a desigualdade na distribuição do desenvolvimento humano entre a população no nível de país. O IDH 2010 introduziu o IDH Ajustado à Desigualdade (IDHAD), que leva em consideração a desigualdade em todas as três dimensões do IDH “descontando” o valor médio de cada dimensão de acordo com seu nível de desigualdade. Com a introdução do IDHAD, o IDH tradicional pode ser visto como um índice de desenvolvimento humano “potencial” e o IDHAD como um índice do desenvolvimento humano “real”. A “perda” no desenvolvimento humano potencial devido à desigualdade é dada pela diferença entre o IDH e o IDHAD e pode ser expressa por um percentual. Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) reflete desigualdades com base no gênero em três dimensões – saúde reprodutiva, autonomia e atividade econômica. A saúde reprodutiva é medida pelas taxas de mortalidade materna e de fertilidade entre as adolescentes; A autonomia é medida pela proporção de assentos parlamentares ocupados por cada gêner Obtenção de educação secundária ou superior por cada gênero Atividade econômica é medida pela taxa de participação no mercado de trabalho para cada gênero. O IDG substitui os anteriores Índice de Desenvolvimento relacionado ao Gênero e Índice de Autonomia de Gênero. Ele mostra a perda no desenvolvimento humano devido à desigualdade entre as conquistas femininas e masculinas nas três dimensões do IDG. Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) O IDH 2010 introduziu o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), que identifica privações múltiplas em educação, saúde e padrão de vida nos mesmos domicílios. As dimensões de educação e saúde se baseiam em dois indicadores cada, enquanto a dimensão do padrão de vida se baseia em seis indicadores. Todos os indicadores necessários para elaborar o IPM para um domicílio são obtidos pela mesma pesquisa domiciliar. Os indicadores são ponderados e os níveis de privação são computados para cada domicílio na pesquisa. Um corte de 33,3%, que equivale a um terço dos indicadores ponderados, é usado para distinguir entre os pobres e os não pobres. Se o nível de privação domiciliar for 33,3% ou maior, esse domicílio (e todos nele) é multidimensionalmente pobre. Os domicílios com um nível de privação maior que ou igual a 20%, mas menor que 33,3%, são vulneráveis ou estão em risco de se tornarem multidimensionalmente pobres. O IPM é um indicador complementar de acompanhamento do desenvolvimento humano e tem como objetivo acompanhar a pobreza que vai além da pobreza de renda, medida pelo percentual da população que vive abaixo de PPP US$1,25 por dia. Ela mostra que a pobreza de renda relata apenas uma parte da história. Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Objetivo 3: Descrever os componentes do IDH, identificando as variáveis e dimensões usadas para o cálculo desse índice. FONTE: Cálculo dos índices de desenvolvimento humano – Relatório do Desenvolvimento Humano – 2006 Cálculo dos índices de desenvolvimento humano – Relatório do Desenvolvimento Humano – 2006 Atlas do desenvolvimento humano no Brasil COMO CALCULAR O IDH? O índice de desenvolvimento humano (IDH) consiste numa medida que resume os diversos índices de desenvolvimento humano. Mede os progressos registrados, em média, num determinado país, em três dimensões básicas do desenvolvimento humano. Uma vida longa e saudável, medida através da esperança de vida à nascença. Nível de conhecimentos, medido através da taxa de alfabetização de adultos (com ponderação de dois terços) e da taxa de escolarização bruta combinada do primário, secundário e superior (com ponderação de um terço). Um nível de vida digno, medido através do PIB per capita (PPC em USD). Antes de se chegar ao IDH propriamente dito, é necessário criar um índice para cada uma destas três dimensões. Para o cálculo destes índices – índices de esperança de vida, de grau de instrução e de PIB são seleccionados valores mínimos e máximos (balizas) para cada indicador primário. O desempenho em cada dimensão é expresso em termos de valor entre 0 e 1, utilizando a seguinte fórmula geral: Índice de dimensão = valor efectivo – valor mínimo / valor máximo – valor mínimo O IDH é, então, calculado como uma média simples dos vários índices de dimensão. IDHM 9 º Minas Gerais 0,731 0,730 0,838 0,638 876 º Unaí (MG) 0,736 0,723 0,847 0,651 289 º Patos de Minas (MG) 0,765 0,749 0,855 0,698 75 Brasil 0,755 Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Objetivo 4: Identificar os dados atuais do IDH municipal, estadual e federal. FONTE: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Atlas do desenvolvimento humano no Brasil IDHM O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é uma medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. IDHM brasileiro segue as mesmas três dimensões do IDH Global - longevidade, educação e renda, mas vai além: adequa a metodologia global ao contexto brasileiro e à disponibilidade de indicadores nacionais. Embora meçam os mesmos fenômenos, os indicadores levados em conta no IDHM são mais adequados para avaliar o desenvolvimento dos municípios brasileiros. Assim, o IDHM - incluindo seus três componentes, IDHM Longevidade, IDHM Educação e IDHM Renda - conta um pouco da história dos municípios em três importantes dimensões do desenvolvimento humano durantes duas décadas da história brasileira. COMO É CALCULADO O IDHM O IDHM é um índice composto que agrega 3 das mais importantes dimensões do desenvolvimento humano: A oportunidade de viver uma vida longa e saudável, Ter acesso ao conhecimento e ter um padrão de vida que garanta as necessidades básicas, representadas pela saúde, educação e renda. Vida longa e saúdável é medida pelaexpectativa de vida ao nascer, calculada por método indireto a partir dos dados dos Censos Demográficos do IBGE. Esse indicador mostra o número médio de anos que as pessoas viveriam a partir do nascimento, mantidos os mesmos padrões de mortalidade observados no ano de referência. Padrão de vida é medido pela renda municipal per capita, ou seja, a renda média de cada residente de determinado município. É a soma da renda de todos os residentes, dividida pelo número de pessoas que moram no município - inclusive crianças e pessoas sem registro de renda. Os dados são do Censo Demográfico do IBGE. Os três componentes acima são agrupados por meio da média geométrica, resultando no IDHM. DADOS DO BRASIL Entre 1990 e 2018, o país apresenta aumento consistente do seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um crescimento de 24%. Em relação a 2017 Brasil apresentou leve crescimento de 0,001 no seu IDH, passando de 0,760 para 0,761. Esse resultado mantém o Brasil no grupo de países com Alto Desenvolvimento Humano. Sua posição no ranking de 189 países é a 79ª, juntamente com a Colômbia. Na América do Sul, o Brasil é o 4º país com mais alto IDH. Chile, Argentina e Uruguai aparecem na frente. Teve o quinto maior crescimento no IDH na região entre 2010 e 2018. No entanto, quando o valor do IDH do Brasil tem descontada a desigualdade, ele apresenta uma perda de 24,5%. A parcela dos 10% mais ricos do Brasil concentra cerca de 42% da renda total do país. Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Objetivo 5: Identificar outros índices que mensuram a qualidade de vida: IDI, IDJ, APVP, Gini e Theil FONTE: Índice de desenvolvimento infantil no Brasil: uma análise regional – Dolores Bombardelli, 2007. Relatório de desenvolvimento juvenil – Julio Jacobo, 2007 O indicador anos potenciais de vida perdidos e a ordenação das causas de morte em Santa Catarina, 1995 – SCIELO UNESCO IDI Com o intuito de contribuir para o desenvolvimento humano das crianças e dos adolescentes, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) vem construindo o Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI) para o Brasil, procurando incorporar algumas dimensões do conceito do desenvolvimento infantil e elementos do enfoque de direitos humanos contidos na doutrina da proteção integral da Convenção sobre os Direitos da Criança, e do Estatuto da Criança e do Adolescente. Dessa forma, ainda que as limitações enfrentadas para o IDI sejam similares às apontadas para o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), sua utilização reveste-se de grande importância para a formulação e o monitoramento de políticas públicas orientadas à infância. IDI é um índice sintético1 que incorpora variáveis relacionadas com a oferta de serviços de saúde e educação, e com o cuidado e a proteção que a família deve proporcionar à criança nos seis primeiros anos de vida, nesse caso representado pelo nível de educação do pai e da mãe. O presente estudo é parte do trabalho realizado para o UNICEF com o objetivo de analisar o IDI – 1999 e 2004 –, elaborado a partir de dados das pesquisas domiciliares desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos resultados dos censos escolares realizados pelo Ministério da Educação (MEC) e de informações obtidas junto ao Ministério da Saúde, procurando integrar, em uma única informação, dados relevantes sobre as crianças de 0 a 6 anos de idade IDI é composto por cinco indicadores: Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Percentual de crianças de até 6 anos de idade morando com mães com escolaridade precária (menos de quatro anos de estudo) (ICMEP); Percentual de crianças de até 6 anos de idade morando com pais com escolaridade precária (menos de quatro anos de estudo) (ICPEP); Cobertura vacinal em crianças menores de 1 ano de idade – DTP (1999) e tetravalente (2004) (ITetra, ITDP); Percentual de mães com mais de seis consultas pré- natal (consultas de acompanhamento, desde o conhecimento da gravidez até o parto) (IPré-natal); Percentual de crianças matriculadas na pré-escola (IPré-escola). IDJ Indicador sintético da situação da juventude no Brasil. O intento fundamental na elaboração do Índice de Desenvolvimento Juvenil foi precisar locais, aspectos e graus de desigualdade que afetam os jovens em relação às possibilidades de acesso aos benefícios sociais considerados básicos, como educação, renda e saúde. A partir dos referenciais fornecidos pelo IDH do PNUD, foram consideradas, para construir o Índice, as seguintes dimensões e seus respectivos indicadores. Os indicadores de base foram assim construídos: 1. Analfabetismo – porcentagem de analfabetos na faixa dos 15 aos 24 anos de idade em relação à população total da mesma faixa etária. Fonte: PNAD 2006. 2. Escolarização adequada – porcentagem de jovens dos 15 aos 24 anos de idade que frequentam escola de Ensino Médio ou superior em relação à população total da mesma faixa etária. Fonte: PNAD 2006. 3. Qualidade do ensino – média estandardizada das escalas de proficiência da 8ª série do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio, nas áreas de língua portuguesa e matemática. Fonte: SAEB 2005. 4. Mortalidade por causas internas – taxa de óbitos em 100 mil jovens dos 15 aos 24 anos de idade, atribuíveis a Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 causas internas, segundo definição da Classificação Internacional de Doenças – CID-10. Fonte: SIM 2005. 5. Mortalidade por causas violentas – taxa de óbitos em 100 mil jovens dos 15 aos 24 anos de idade, acontecidos por causas consideradas violentas (suicídios, acidentes de transporte e homicídios, segundo definição na Classificação Internacional de Doenças – CID-10). Fonte: SIM 2005. 6. Renda familiar per capita – valor do rendimento mensal familiar dividido pelo número de integrantes da família dos jovens na faixa dos 15 aos 24 anos de idade. Fonte: PNAD 2006. Esses seis indicadores foram combinados para estruturar os três índices parciais: o de educação, o de saúde e o de renda, cuja média constitui o Índice de Desenvolvimento Juvenil. Algumas limitações surgidas durante o processo de construção do IDJ devem ainda ser apontadas. Em primeiro lugar, o fato de investigar exclusivamente fontes secundárias impõe as naturais limitações e restrições que a fonte possui. Entre essas limitações, podemos citar o fato de a PNAD ter começado recentemente a coletar dados das áreas rurais da maior parte dos estados da região Norte em 2004, além de adotar a compreensão da alfabetização como mera capacidade de ler e interpretar um bilhete simples. Em segundo lugar, a ausência de levantamentos sistemáticos e fidedignos limita o espectro de indicadores potencialmente relevantes para o tema da juventude que poderiam ser incorporados na composição do índice, como condições de acesso à cultura, a esportes, a lazer, à participação política etc. APVP Uma das formas mais importantes de avaliar condições de saúde de uma população é determinar as doenças ou agravos à saúde que mais contribuem para a mortalidade, isto é, a classificação ou o ordenamento das suas principais causas de morte. A questão central envolvida neste artigo refere-se à utilidade da aplicação do indicador Anos Potenciais de Vida Perdidos - APVP, na comparação da importância relativa dessas causas. Tradicionalmente, na ordenação das causas de óbito, a posição ocupada por determinada causa está relacionada com a quantidade de óbitos que ela provocou, atribuindo-se o mesmo peso a qualquer causa, independente da idade em que ocorreram as mortes. Quando se ordenam as causas de óbitos dessa forma, o critério utilizado é, portanto, a magnitude das causas. No entanto, quando o objetivo é selecionar prioridades, devem-se considerar outros aspectos, como a vulnerabilidadedo dano, isto é, a capacidade operacional de reduzir o dano e sua transcendência, entendida como o valor social atribuído ao problema. O ideal é considerar uma combinação de critérios. Foi partindo desse pressuposto que se originou a idéia de que o tempo de vida perdido por morte em cada idade deveria ser um critério importante para estabelecer o ranking das principais causas de mortalidade e comparar sua importância relativa. Segundo Werneck e Reichenheim,1 o indicador APVP, explicitando o total de anos potenciais de vida perdidos para cada óbito, "qualifica" as mortes e introduz um novo critério para a seleção de prioridades. A utilização do APVP propõe um reordenamento das causas de óbito, considerando o momento em que as mortes ocorreram. Estabelece pesos diferentes para cada causa, de acordo com o número de anos potenciais de vida que elas tolheram de suas vítimas. A mortalidade prematura é entendida aqui como a expressão do valor social da morte, pois, quando a morte ocorre numa etapa em que a vida é potencialmente produtiva, não afeta somente o indivíduo e o grupo que convive diretamente com ele, mas a coletividade como um todo, que é privada do seu potencial econômico, intelectual e do vir a ser do sujeito na sociedade. O indicador incorpora ainda o critério da vulnerabilidade, visto que os óbitos ocorridos em idades menos avançadas são mais fáceis de serem evitados. Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Várias pesquisas têm demonstrado a importância do uso desse indicador que apresenta, ainda, como ponto positivo, a facilidade de cálculo e a possibilidade de ser, desde que conhecido, amplamente utilizado. GINI O índice de Gini, que varia de 0 a 1, é um indicador da igualdade ou desigualdade de uma determinada distribuição (renda, serviços educacionais ou de saúde, por exemplo). Quando o índice é igual a 0, significa que há situação teórica de igualdade. Quando igual a 1, ocorre a situação de máxima desigualdade. Portanto, à medida em que se aproxima de um significa que uma dada distribuição está-se concentrando. Pode ser utilizado para medir o grau de concentração de qualquer distribuição estatística (o grau de concentração de posse de terra em uma região; da distribuição da população urbana de um país pelas cidade; etc). Índice de Gini é menos sensível à desigualdade associada à riqueza ou pobreza extremas (não tem “sensibilidade de transferência”), refletindo mais precisamente distribuição nos segmentos de renda média. Permite avaliar efeitos da conjuntura e de medidas de política econômica sobre distribuição da riqueza. THEIL O Índice de Theil é uma medida estatística da distribuição de renda/desigualdade econômica. Dado pelo logaritmo neperiano da razão entre as médias aritméticas e geométricas da renda familiar per capita média. Se a razão entre as médias for igual a 1, Theil será igual a 0, indicando perfeita distribuição. Quanto maior a razão entre as médias, maior será o valor para o índice de Theil, e pior será a distribuição de renda. Usado também para medir ausência de diversidade racial. No universo desta análise são também excluídos os indivíduos que apresentam renda per capita nula. Objetivo 6: Caracterizar o instrumento WHOQOL-bref, apontando porque esse instrumento pode ser utilizado para estimular ações de promoção da saúde. FONTE: Possibilidades do WHOQOL-bref para a promoção da saúde na estratégia saúde da família – Anna Maria, 2011 – SCIELO Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida "WHOQOL-bref" – 2000 – SCIELO O WHOQOL-bref, um instrumento para avaliar qualidade de vida: uma revisão sistemática – Ana Claúdia, 2009 – SCIELO Qualidade de vida foi definida pelo Grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde como "a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações". Apesar da crescente importância da avaliação desse desfecho em diferentes áreas da medicina, não havia nenhum instrumento desenvolvido dentro de uma perspectiva transcultural para uso internacional. Assim, inicialmente foi desenvolvido um instrumento de avaliação de qualidade de vida com 100 questões (o WHOQOL-100). O desenvolvimento do WHOQOL-100 seguiu metodologia descrita em outras publicações envolvendo a participação de vários países, representando diferentes culturas,3 tendo sido desenvolvida uma versão brasileira. A necessidade de instrumentos curtos que demandem pouco tempo para seu preenchimento, mas com características psicométricas satisfatórias, fez com que o Grupo de Qualidade de Vida da OMS desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL-100, o WHOQOL-bref. Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 O WHOQOL-bref consta de 26 questões, sendo duas questões gerais de qualidade de vida e as demais 24 representam cada uma das 24 facetas que compõe o instrumento original. Assim, diferente do WHOQOL-100 em que cada uma das 24 facetas é avaliada a partir de 4 questões, no WHOQOL-bref cada faceta é avaliada por apenas uma questão. Os dados que deram origem à versão abreviada foram extraídos do teste de campo de 20 centros em 18 países diferentes. O critério de seleção das questões para compor o WHOQOL-bref foi tanto psicométrico como conceitual. No nível conceitual, foi definido pelo Grupo de Qualidade de Vida da OMS de que o caráter abrangente do instrumento original (o WHOQOL-100) deveria ser preservado. Assim, cada uma das 24 facetas que compõem o WHOQOL-100 deveria ser representada por uma questão. No nível psicométrico foi então selecionada a questão que mais altamente se correlacionasse com o escore total do WHOQOL-100, calculado pela média de todas as facetas. Após esta etapa, os itens selecionados foram examinados por um painel de peritos para estabelecer se representavam conceitualmente cada domínio de onde as facetas provinham. Dos 24 itens selecionados, seis foram substituídos por questões que definissem melhor a faceta correspondente. Três itens do domínio meio ambiente foram substituídos por serem muito correlacionados com o domínio psicológico. Os outros três itens foram substituídos por explicarem melhor a faceta em questão. Foi realizada análise fatorial confirmatória para uma solução a quatro domínios. Assim o WHOQOL- bref é composto por 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. As medidas de qualidade de vida devem satisfazer propriedades básicas para serem úteis na prática clínica, e apresentar características psicométricas satisfatórias é um critério muito importante quando da escolha de um instrumento para avaliação da qualidade de vida. O uso disseminado e sistemático de instrumentos genéricos em pesquisas no Brasil permite acumular evidências quanto às propriedades psicométricas desses instrumentos5. Como o Brasil apresenta grande extensão e diversidade socioeconômica e cultural entre suas regiões, pelo próprio construto de qualidade de vida, entende-se que estudos devem ser realizados em centros mais desenvolvidos economicamente, bem como em regiões menos favorecidas. Assim, ressalta-se a importância de avaliar o desempenho do WHOQOL-bref nas diversas regiões e grupos de brasileiros. Além dos estudos de validação ou avaliação de propriedades psicométricas, os objetivos dos estudos restantes referiam-se a avaliações da qualidade de vida em um ou mais grupos de sujeitos, em um ou mais momentos diferentes, com ou sem grupo-controle, somando 70,4% do total. As avaliações de qualidade de vida têm diversas possibilidades de uso na prática clínica. Podem ser usadas para priorizar problemas, melhorar a comunicação com os pacientes, evitar potenciais adversidades, identificar preferências dos pacientes,monitorar mudanças ou respostas ao tratamento e para treinamento de pessoal. Também podem ser utilizadas em auditorias e administração. A avaliação da qualidade de vida serve à comparação de tratamentos no sentido de definir quais aspectos da qualidade de vida podem ser afetados por determinada terapia. Esses aspectos podem ser tanto benéficos, como melhora na qualidade de vida em cuidados paliativos, quanto negativos, como toxicidade e efeitos colaterais do tratamento15. Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 De fato, a qualidade de vida pode ser alterada tanto por efeitos imediatos como por consequências do tratamento a longo prazo, especialmente em doenças crônicas. Os tratamentos podem ter efeito imediato na qualidade de vida do paciente, como redução dos sintomas, mudança no estilo de vida, ou aparecimento de efeitos colaterais. Esses efeitos podem mudar a colaboração do paciente e afetar o risco de complicações tardias da doença. Com a redução do risco de complicações tardias, o paciente poderia obter um aumento no número absoluto de anos de vida e também maior tempo de bem-estar e melhor saúde. As avaliações da efetividade e méritos relativos dos diferentes tratamentos, bem como a obtenção de informações sobre as áreas nas quais a pessoa é mais afetada são indicações do uso dos instrumentos WHOQOL, auxiliando o profissional da saúde na melhor escolha da atenção ao paciente. A avaliação da qualidade de vida nos últimos anos vem sendo útil para determinar o impacto das doenças e dos tratamentos a partir da perspectiva dos pacientes. O uso dessas medidas pode beneficiar os pacientes, pois seus problemas são identificados e as decisões do tratamento podem ter como base suas preferências e habilidades. Contudo, faltam evidências desses benefícios, porque essas medidas são raramente usadas na prática clínica. Seidl & Zannon relatam que as dificuldades relativas à avaliação da qualidade de vida talvez sejam limitantes para sua inclusão na prática clínica, principalmente pela ausência de informação das equipes de saúde sobre as diferentes possibilidades existentes para investigações da qualidade de vida. Por outro lado, os efeitos dos tratamentos em Medicina e dos programas na qualidade de vida não devem ser ignorados simplesmente porque há dificuldades de mensuração, haja vista as possibilidades da sua utilização e os possíveis benefícios. No entanto, os benefícios ganhos pelo conhecimento sobre qualidade de vida precisam ser compreendidos e interpretados por clínicos e formuladores de políticas públicas. Embora a pesquisa sobre qualidade de vida tenha suas origens nas ciências sociais, ela só será aceita por profissionais da saúde quando responder a questões relacionadas a escolhas terapêuticas e a programas clínicos. Além disso, a inclusão de medidas de qualidade de vida como parte do planejamento e avaliação do tratamento provavelmente influencie mais as decisões clínicas do que a inclusão daquelas que são usadas somente para monitorar doenças ou tratamentos. Espera-se que esse cenário melhore e que as avaliações de qualidade de vida sejam incorporadas na rotina das atividades das equipes de saúde, inclusive no Brasil, podendo influenciar suas condutas e decisões, tanto no âmbito da atenção básica, como em âmbitos de maior complexidade, podendo, definitivamente, beneficiar os pacientes. Um aspecto que pode explicar essa dificuldade dos profissionais de saúde em compreender e aplicar o conceito de promoção da saúde no seu cotidiano refere-se à limitação dos instrumentos e protocolos clínicos atualmente em uso. Sabe-se que tais instrumentos são mais voltados para a identificação de distúrbios físicos (patologias) do que para compreender outras dimensões envolvidas no processo saúde-doença, tais como as dimensões sociais, familiares e subjetivas. Na perspectiva de buscar um instrumento que captasse as diferentes dimensões envolvidas no processo saúde-doença, o grupo de pesquisa modelos tecnoassistenciais e a promoção da saúde desenvolveu investigações que testassem as potencialidades do instrumento WHOQOL-bref como subsídio à prática na Estratégia Saúde da Família (ESF). WHOQOL-bref foi elaborado pela OMS em 1994, para avaliar a qualidade de vida, entendendo esta como um construto que abarca: subjetividade, multidimensionalidade e presença de dimensões positivas e negativas(9). Esse instrumento foi traduzido e validado para o idioma português e pode contribuir para a captação da dimensão da saúde (no seu aspecto positivo), bem como subsidiar uma prática de promoção da saúde (no seu aspecto mais operacional) na Estratégia Saúde da Família(9). Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 Na pesquisa 1, as autoras encontraram que a concepção de qualidade de vida (QV) dos entrevistados relacionou-se à sua condição de saúde (dimensão física), mas também reconheceram a importância da dimensão social e de meio ambiente para a construção da saúde e da QV. Concluem que o investimento em propostas de assistência a saúde que consideram outras dimensões da vida, que não apenas a biológica, pode colaborar para a satisfação positiva dos entrevistados quanto à sua qualidade de vida. Esses achados são partilhados em diversas pesquisas realizadas Pesquisa 2 concluiu que o uso do WHOQOL-bref seria adequado como um complemento da assistência pré-natal, uma vez que permitiria monitorar como as percepções sobre a QV da gestante poderiam se modificar com a evolução da gravidez. A autora sugere que o instrumento poderia ser aplicado no início de cada trimestre gestacional, permitindo ao profissional de saúde ampliar seu olhar sobre a saúde da mulher-gestante e, assim, identificar outras intervenções, para além da saúde física, que deveriam ser efetuadas. Ainda afirma que esse instrumento é de fácil aplicação no momento da consulta clínica e permite ampliar o olhar do profissional para as condições de vida que impactam o processo saúde-doença A pesquisa 3 revelou elevada associação (83,3%) entre os domínios do WHOQOL-bref e as dimensões da Promoção da Saúde propostas por Labonte(15). Destacaram-se as dimensões Energia Vital e Vida Comunitária. Houve consenso também que nove questões do WHOQOL-bref são capazes de evidenciar a dimensão Vida Comunitária. A dimensão com menor associação foi a relativa ao Projeto de Vida, com apenas 4 questões(13). As pesquisas 4 e 5 permitiram avaliar a QV dos idosos, com uma patologia definida e sem uma patologia definida, respectivamente. Ambas as pesquisas mostraram que os idosos no geral avaliam como boa sua QV. O domínio pior avaliado é o domínio físico, tanto nos idosos com Diabetes Mellitus como nos que não são portadores especificamente dessa patologia. Um achado interessante é o domínio psicológico como sendo o mais bem avaliado, o que fala da importância de abordagens de saúde voltadas para a dimensão projeto de vida e sentido de vida para garantir uma boa QV. Outro aspecto que chamou a atenção é o fato de na cidade do Porto (Portugal) encontrarmos a utilização de um instrumento de avaliação da QV na prática dos profissionais de saúde que assistem aos idosos na Atenção Básica. WHOQOL-bref avalia a Qualidade de Vida a partir dos domínios físico, psicológico, das relações sociais e do meio ambiente, integrando aspectos importantes para uma visão ampliada do processo saúde-doença. A compreensão da saúde como resultado de um processo de produção social que expressa a QV de uma população e de que a melhoria da QV das pessoas e grupos é um dos objetivos centrais dos cuidados de saúde podem ser argumentos importantes para justificar a incorporação do WHOQOL- bref como instrumento, tanto na clínica como na abordagem de grupos na Estratégia Saúde da Família. Sua incorporação pode contribuir para aproximação dessa meta. A avaliação da QV, segundo o WHOQOL-bref,é um atributo valorativo (avaliação crítica), daí sua importância nas ações de saúde, pois permite explicitar as divergências na avaliação entre usuários e profissional/equipe de saúde. Em uma abordagem ampliada da clínica, tais divergências abrem espaço para o diálogo compreensivo dos valores, crenças e preferências que levaram às diferentes estimações. O WHOQOL-bref possibilita, também, a interação emancipatória com pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade, a partir da problematização das expectativas de qualidade de vida que desejam para si e/ou a que têm direito como cidadãos e seres humanos. Estratégia Saude da Familia é um locus privilegiado para a prática do cuidado em saúde, pois pode representar o primeiro contato do usuário com a rede de serviços de assistência à saúde e se configura como o espaço de acompanhamento longitudinal e vínculo, em que a dimensão processual da saúde-doença fica mais evidente. Nessa perspectiva o WHOQOL-bref também pode Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 funcionar como indicador ou sentinela de situações de desgaste, uma vez que a análise de suas dimensões pode apontar o âmbito da vida das pessoas que está mais comprometido. Objetivo 7: Identificar as ações de saúde e as políticas públicas que melhoram a qualidade de vida de uma população. FONTE: Plataforma Agenda 2030 POLÍTICAS PÚBLICAS DE MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA - UM FOCO NA ECOLOGIA E NA SAÚDE – Revista Educação em Saúde - 2015 AGENDA 2030 Em setembro de 2015, representantes dos 193 Estados-membros da ONU se reuniram em Nova York e reconheceram que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável. Ao adotarem o documento “Transformando o Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” (A/70/L.1), os países comprometeram-se a tomar medidas ousadas e transformadoras para promover o desenvolvimento sustentável nos próximos 15 anos sem deixar ninguém para trás. A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca fortalecer a paz universal. O plano indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas, para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. São objetivos e metas claras, para que todos os países adotem de acordo com suas próprias prioridades e atuem no espírito de uma parceria global que orienta as escolhas necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro. O documento adotado na Assembleia Geral da ONU em 2015, “Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, é um guia para as ações da comunidade internacional nos próximos anos. E é também um plano de ação para todas as pessoas e o planeta que foi coletivamente criado para colocar o mundo em um caminho mais sustentável e resiliente até 2030. A Agenda 2030 consiste em uma Declaração, em um quadro de resultados - os 17 ODS e suas 169 metas -, em uma seção sobre meios de implementação e de parcerias globais, bem como de um roteiro para acompanhamento e revisão. Os ODS são o núcleo da Agenda e deverão ser alcançados até o ano 2030. Os 17 Objetivos são integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. São como uma lista de tarefas a serem cumpridas pelos governos, a sociedade civil, o setor privado e todos cidadãos na jornada coletiva para um 2030 sustentável. Nos próximos anos de implementação da Agenda 2030, os ODS e suas metas irão estimular e apoiar ações em áreas de importância crucial para a humanidade: Pessoas, Planeta,Prosperidade, Paz e Parcerias. “Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”. Em outras palavras, o desenvolvimento sustentável é aquele que assegura o crescimento econômico, sem esgotar os recursos para o futuro. Ao combinar os processos dos Objetivos do Milênio e os processos resultantes da Rio+20, a Agenda 2030 e os ODS inauguram uma nova fase para o desenvolvimento dos países, que busca integrar por completo todos os componentes do desenvolvimento sustentável e engajar todos os países na construção do futuro que queremos. http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/Agenda2030-completo-site.pdf http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/Agenda2030-completo-site.pdf Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE (PNPS) A promoção da saúde não se caracteriza apenas como um conjunto de ações que informam e capacitam indivíduos e organizações, ou que objetivam o controle de determinantes das condições de saúde em populações específicas. Sua contribuição mais importante consiste nas diversas possibilidades de preservar e elevar o potencial do indivíduo, bem como da coletividade, em identificar as formas diversas de uma vida mais saudável que contribuem para a melhoria da qualidade de vida da população. Por meio do direcionamento da população, busca-se alcançar tais objetivos, com integralidade do cuidado e elaboração de políticas públicas que valorizam a vida, mediante articulação intersetorial. Nessa perspectiva, tem-se como uma estratégia do setor saúde, a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), aprovada em 30 de março de 2006 por meio da Portaria Nº 687 MS/GM, a qual "aponta estratégias de organização das ações de promoção da saúde nos três níveis de gestão do SUS" e busca a promoção da qualidade de vida e redução da vulnerabilidade e riscos à saúde por meio da “gestão compartilhada entre usuários, movimentos sociais, trabalhadores do setor sanitário e de outros setores, produzindo autonomia e co-responsabilidade". Entre as ações específicas da PNPS, a promoção do desenvolvimento sustentável está relacionada; e a sua prática prevê articulações para a interação saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Em prol disso, preceitua entre seus objetivos: “favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção de ambientes mais seguros e saudáveis, além de contribuir para a elaboração e implementação de políticas públicas integradas que visem à melhoria da qualidade de vida no planejamento de espaços urbanos e rurais”. Observa-se, desse modo, que a PNPS postula a compreensão de que o meio ambiente é resultado da relação de todos os que convivem numa mesma esfera. Ou seja, não se concebe a separação entre homem e natureza, ou entre sociedade e natureza, pois ambos configuram o que se conhece como meio ambiente. Só nesse sentido é possível uma interação entre as dimensões saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, da qual as práticas de saúde sobressaem, também, de esferas não governamentais responsáveis pela promoção da saúde e remetem à contribuição dos diversos campos do saber, - aspecto fundamental para o fortalecimento da política. OBJETIVO GERAL Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Sarah Rabelo Fernandes – Medicina Unipam 14 I – Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica; II – Ampliar a autonomia e a co-responsabilidade de sujeitos e coletividades, inclusive o poder público, no cuidado integral à saúde e minimizar e/ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer ordem (étnica, racial, social, regional, de gênero, de orientação/opção sexual, entre outras); III– Promover o entendimento da concepção ampliada de saúde, entre os trabalhadoresde saúde, tanto das atividades-meio, como os da atividades-fim; IV – Contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança das ações de promoção da saúde; V – Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas/ contributivas no âmbito das ações de promoção da saúde; VI – Valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convivência e de produção de saúde para o desenvolvimento das ações de promoção da saúde; VII – Favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção de ambientes mais seguros e saudáveis; VIII – Contribuir para elaboração e implementação de políticas públicas integradas que visem à melhoria da qualidade de vida no planejamento de espaços urbanos e rurais; IX – Ampliar os processos de integração baseados na cooperação, solidariedade e gestão democrática; X – Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de doenças e agravos à saúde; XI – Estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o desenvolvimento de uma cultura de paz no País; e XII – Valorizar e ampliar a cooperação do setor Saúde com outras áreas de governos, setores e atores sociais para a gestão de políticas públicas e a criação e/ou o fortalecimento de iniciativas que signifiquem redução das situações de desigualdade. POLÍTICA DE SANEAMENTO BÁSICO Outra política que emana das dimensões saúde e meio ambiente em nossa realidade nacional vem a ser a que trata dos problemas relacionados à qualidade da água, saneamento e saúde, estatuída pela Lei nº 11.445, 05 de janeiro de 2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a Política Federal de Saneamento Básico. Esta lei versa sobre setores do saneamento básico como drenagem urbana, abastecimento de água, esgotamento sanitário e tratamento dos resíduos sólidos, trazendo entre seus princípios fundamentais a concepção de que estes devem ser realizados “de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente”. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS Resultantes do atual modelo de desenvolvimento, que estimula o consumismo, e da frágil intervenção do Estado na responsabilização dos governos locais, indústrias e consumidores, o destino e o tratamento inadequados do lixo propiciam a contaminação da atmosfera (sua queima), do solo e lençóis freáticos e mananciais (pelo chorume), a proliferação de vetores (ratos, moscas, baratas, mosquitos etc), o aparecimento de doenças e o risco de contaminação dos catadores de lixo nos resíduos dos serviços de saúde. Dos municípios brasileiros, 50,8% ainda despejam resíduos a céu aberto, o que evidencia um problema grave que afeta diretamente a saúde das pessoas e do ambiente – é o que indica a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB). Nesse cenário, após longo período tramitando no Congresso Nacional e transpondo interesses de mercado, foi instituída a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), disposta na Lei nº 12.305, 02 de agosto de 2010, e regulamentada pelo Decreto Nº 7.404, 23 de dezembro de 2010,26 que delibera que até o ano de 2015 o poder público deverá realizar coleta seletiva de lixo e dar destinação adequada aos resíduos em aterros sanitários.
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