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Enfermagem em Saúde do Idoso

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Programa de Educação 
Continuada a Distância 
Curso de 
Enfermagem em Saúde do 
Idoso
Aluno:
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
1
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Curso de 
Enfermagem em 
 Saúde do Idoso 
MÓDULO I
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
2
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3
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
1 ENVELHECIMENTO: CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
2 ENFERMAGEM GERONTOLÓGICA 
3 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: DEMOGRAFIA 
4 EPIDEMIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO 
5 VULNERABILIDADE INDIVIDUAL, SOCIAL E PROGRAMÁTICA 
6 BIOÉTICA E O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO 
7 ESTATUTO DO IDOSO 
8 ATENÇÃO AO IDOSO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
9 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM
10 CAPACIDADE FUNCIONAL 
11 MEDICAMENTOS E ENVELHECIMENTO 
12 SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE 
13 PROGRAMA DE IMUNIZAÇÃO DO IDOSO 
14 SÍNDROMES GERIÁTRICAS 
15 LUTO E VIUVEZ 
16 MAUS TRATOS NO ENVELHECIMENTO 
17 ATENÇÃO À FAMÍLIA DO IDOSO E O ATENDIMENTO DOMICILIAR 
18 O CUIDADOR IDOSO 
19 A ADAPTAÇÃO DO DOMICÍLIO DO IDOSO 
20 REDE DE APOIO SOCIAL 
21 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO IDOSO 
22 PROMOÇÃO E REABILITAÇÃO DA SAÚDE DO IDOSO 
23 QUALIDADE DE VIDA E PERSPECTIVAS DA ENFERMAGEM GERONTOLÓGICA 
4
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SAÚDE DO IDOSO 
No Brasil, a atenção à saúde do idoso é uma especialidade em expansão, que 
ainda, carece por profissionais com amplos conhecimentos técnico-científicos para 
abordagem do indivíduo em processo de envelhecimento. O exercício profissional de 
enfermagem acrescido de temas específicos na área da saúde do idoso oportuniza o 
cuidado integral e contextualizado. Tal atividade deve estar em consonância com as 
necessidades fisiológicas e instrumentais, sendo estes relacionados aos aspectos 
individuais e coletivos dos diversos atores sociais envolvidos no processo de cuidar. 
Assim, torna-se necessário conhecer de forma exaustiva as características 
sociais, econômicas, culturais, psicológicas, bem como as necessidades e as demandas 
desse grupo populacional para propor estratégias de ação em saúde. Entretanto, os 
aspectos que serão abordados nos módulos I, II, III e IV estão relacionados à saúde do 
idoso e a inserção do enfermeiro nesse processo que desvela a oportunidade de 
aprimorar, discutir e avaliar as políticas e programas de prevenção de doenças, de 
promoção e reabilitação de saúde. Enfocando as práticas de cuidado ao nível individual 
e coletivo. 
Neste primeiro módulo será abordada a saúde do idoso a luz de conceitos e 
definições; da enfermagem gerontológica; da demografia e epidemiologia; da 
vulnerabilidade individual, social e programática; da bioética; e do estatuto do idoso. 
Desejo um excelente aprofundamento de conhecimentos no Curso de Assistência de 
Enfermagem na Saúde do Idoso. 
Bons estudos! 
MÓDULO I 
1 ENVELHECIMENTO: conceitos e definições 
O envelhecimento é um "processo de diminuição orgânica e funcional, não 
decorrente de doença, e que acontece inevitavelmente com o passar do tempo". 
(ERMINDA, 1999, p. 43). Considera-se o envelhecimento como um fenômeno natural, 
mas que geralmente apresenta um aumento da fragilidade e vulnerabilidade, devido à 
influência dos agravos à saúde e do estilo de vida. Erminda (1999) complementa que o 
envelhecimento pode ser dividido em três dimensões: biológica, cronológica e social. A 
figura 1 planifica a relação entre as três dimensões. 
FIGURA 1 – Dimensões do processo de envelhecimento.
A dimensão cronológica é mensurada pelo calendário católico romano. A pessoa 
idosa é aquela com idade de 60 anos ou mais, nos países em desenvolvimento, entre 
eles o Brasil, conforme o critério da Organização das Nações Unidas (ONU). Tal critério 
foi definido em 1982, na 1ª Assembléia Mundial do Envelhecimento. Os países 
desenvolvidos consideram a pessoa idosa com idade de 65 anos ou mais. (VERAS, 
5
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6
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1994; ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2000). 
A dimensão biológica se expressa pela alteração estrutural e funcional, a qual 
nem sempre coincide com o avanço cronológico e a perda social. O envelhecimento é
regulado por mecanismos celulares intrínsecos e modulado por numerosas influências 
do meio ambiente. Porém, as alterações biológicas tornam o idoso menos capaz de 
manter a homeostase quando submetido ao estresse fisiológico. Tais alterações quando 
associadas, principalmente, à idade cronológica avançada, determinam maior 
suscetibilidade ao aparecimento de doenças, à instalação de incapacidades físicas, 
mentais e funcionais, assim como a maior probabilidade de morte. (ANDREOLI et al.,
1998; ERMIDA, 1999). 
A senescência ou envelhecimento fisiológico é definido como um conjunto de 
alterações que ocorrem no organismo humano que implica em perda progressiva da 
reserva funcional sem que comprometa as necessidades básicas de manutenção de 
vida. (JACOB-FILHO et al., 2006). Em contrapartida, a senilidade ou envelhecimento 
patológico denomina-se como conjunto de alterações que ocorrem no organismo em 
decorrência de doenças e do estilo de vida que acompanha o indivíduo até a fase idosa. 
(JACOB-FILHO et al., 2006). 
Entende-se que as doenças (senilidade) associadas às perdas fisiológicas 
(senescência) em idade avançada poderão levar a insuficiência de órgãos, a 
incapacidade funcional e ao óbito. Para Karsch e Leal (1998) a Terceira Idade considera-
se o período que as pessoas estejam em boas condições físicas e mentais, mas, 
algumas vezes, instalam-se limitações que podem tornar a vida diária complicada, 
sobretudo, pela restrição funcional para algumas ou todas as atividades básicas e 
instrumentais da vida diária. Estudos apontam que o maior temor da velhice está 
relacionado com a perda da saúde. As possibilidades para desenvolver as doenças e as 
incapacidades aumentam quando associadas ao estilo de vida, tais como: tabagismo, 
sedentarismo, obesidade e etilismo (LITVOC e DERNTL, 2002; VOSER e VARGAS 
NETO, 2002). 
Portanto, a dimensão social refere-se aos papéis e hábitos que a pessoa, ao 
7
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longo do seu ciclo vital, assume na sociedade e na família, a partir de um padrão 
culturalmente estabelecido. O envelhecimento agregado à vulnerabilidade social pode, 
muitas vezes, manifestar-se pela diminuição ou perda do papel desempenhado por 
longos anos, na esfera familiar, na social e na profissional (ERMIDA, 1999). Considera-
se que a inatividade acarreta uma profunda alteração ao estilo e ritmo de vida, devido à 
perda do papel profissional e pessoal junto da família e da sociedade, por sentir-se em 
desigualdade diante dos que trabalham. 
A Geriatria é uma especialidade médica que abrange os conhecimentos emtorno do diagnóstico e do tratamento das doenças que comprometem a saúde do 
indivíduo em processo de envelhecimento. E a Gerontologia é um termo utilizado pelas 
diversas áreas de conhecimento, sejam elas: ciências biológicas e da saúde, ciências 
humanas e sociais aplicadas, e ciências exatas que estudam o processo de 
envelhecimento inter-relacionando ao contexto socioeconômico, cultural e ambiental. 
(JACOB-FILHO et al., 2006). 
Entende-se que a Gerontologia propõe a articulação das áreas de conhecimento 
por meio de discussões e investigações de equipes multi ou interdisciplinares no intuito 
da construção e da consolidação de políticas e dos programas de saúde na área do 
idoso. Enfim, é um campo vasto aos profissionais para que possam atuar de maneira 
multi, inter e transdisciplinar nas questões que cercam o processo de envelhecimento 
humano.
2 ENFERMAGEM GERONTOLÓGICA 
Os profissionais das áreas de conhecimento das ciências biológicas e da saúde, 
das ciências exatas, e das ciências humanas e sociais aplicadas necessitam discutir e 
avançar os conhecimentos em relação ao processo de envelhecimento humano. Na área 
da saúde, a Gerontologia, enquanto especialidade busca estudar de forma 
interdisciplinar o processo de envelhecimento humano, incluindo os aspectos físicos, 
biológicos, sociais, culturais e econômicos que são inerentes ao indivíduo idoso. Na 
figura 2 apresenta a relação entre as áreas de conhecimento em gerontologia. 
FIGURA 2 – A gerontologia e sua relação com áreas de conhecimento. 
O cuidado é a essência do cuidar em Enfermagem. Por sua vez, o cuidado pode 
ser entendido por meio das teorias de enfermagem que embasam o conhecimento 
científico e oferecem subsídios na estruturação de metodologias para a assistência em 
enfermagem. Frente à diversidade de teorias que surgiram entre as décadas de 50 a 70, 
se destacam: 
a- Teoria de Orem, que aborda o autocuidado de cada indivíduo em relação as 
suas necessidades e atividades do cotidiano, seja elas básicas ou instrumentais. Os 
pressupostos teóricos possibilitam a prevenção de fatores de risco às doenças por meio 
de cuidados de enfermagem para manter ou buscar o bem-estar diante do processo 
saúde-doença, sendo estes orientados pelo(a) enfermeiro(a); 
b- Teoria de Leininger, que propõe o cuidado transcultural como valores, crenças 
e expressões, que auxiliam, subsidiam ou capacitam indivíduos ou grupos para manter 
ou buscar o bem-estar diante das condições de vida. O cuidado transcultural é um meio 
de respeitar, usar a empatia, de conhecer, de explicar, de justificar, de prevenir, e de 
orientar os cuidados de enfermagem frente à diversidade cultural; 
c- Teoria de Watson, que enfoca o cuidado transpessoal de caráter humanístico 
ao cuidado do indivíduo nas dimensões biológica, psicológica, espiritual e sociocultural. 
Assim, o foco principal em enfermagem é o cuidado visando uma perspectiva humanista 
8
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9
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alicerçada aos conhecimentos científicos. (GEORGE, 2000). 
Em 1960, nos Estados Unidos as enfermeiras se organizaram para constituir 
uma especialidade que congregasse os conhecimentos do processo de envelhecimento, 
sendo esta denominada de Enfermagem Geriátrica. No entanto, após 16 anos institui-se 
através de estatutos e passa ser chamada essa especialidade como Enfermagem 
Gerontológica, por compreenderem que o processo de envelhecimento abrange a 
multidimensionalidade do ser humano. (GONÇALVES e ALVAREZ, 2002). 
Define-se a Enfermagem Gerontológica como sendo 
“o estudo científico do cuidado de enfermagem ao idoso, 
caracterizado como ciência aplicada com o propósito de utilizar os 
conhecimentos do processo do envelhecimento para o planejamento da 
assistência de enfermagem e dos serviços que melhor atendam a 
promoção da saúde, à longevidade, à independência e ao nível mais alto 
de funcionamento da pessoa.” (DUARTE apud GONÇALVES e 
ALVAREZ, 2002, p. 757). 
Gonçalves e Alvarez (2002) enfatizam a definição dos objetivos específicos da 
Enfermagem Gerontológica, são eles: 
 Prestar a assistência integral ao idoso, à família e à comunidade, de 
maneira em que os atores sociais entendam as alterações decorrentes do 
processo de envelhecimento saudável e patológico, e ao mesmo tempo em 
que possa facilitar a adaptação desses ao cotidiano; 
 Realizar ações educativas ao idoso e sua família em nível de 
prevenção primária, secundária e terciária; 
 Manter ao máximo a autonomia e o autocuidado do idoso, assim 
como favorecer a participação ativa dos atores sociais na busca do bem-estar 
e da qualidade de vida. 
Salienta-se que para concretização desses objetivos em Enfermagem 
Gerontológica torna-se necessária uma avaliação interdisciplinar, multidimensional e 
10
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holística da pessoa idosa, de sua família e de sua comunidade, no sentindo de 
vislumbrar um atendimento integral e resolutivo, em conformidade com as políticas de 
saúde vigentes no país. 
Duarte (2005) contribui que o plano de ação assistencial da Enfermagem 
Gerontológica é fundamental, visto que, estabelece o cuidado a ser prestado de forma 
integral e holística ao cliente idoso. Para tanto, deve ser elaborado juntamente com o 
cliente e sua família, considerando as condições individuais e coletivas dos atores 
sociais envolvidos no processo de cuidar. Smeltzer e Bare (2000) acrescentam que 
Enfermagem Gerontológica deve destacar o cuidado ao idoso direcionando suas ações à 
manutenção do estado funcional. Dessa forma, poderá ser promovida a independência, 
assim como preservada a dignidade e autonomia, mesmo que, com o passar do tempo, 
haja perdas físicas, sociais e psicológicas. 
Considera-se que a Enfermagem Gerontológica focaliza o cuidado ao idoso, à 
família e à comunidade, respeitando as especificidades de cada sujeito e articulando às 
teorias de enfermagem. Tal afirmação permite o planejamento e a avaliação das ações 
de promoção da saúde, de prevenção e de reabilitação dos agravos de longa duração, 
com o objetivo de manter a autonomia e a independência do idoso. Entretanto, o cuidar 
na Enfermagem Gerontológica é um processo dinâmico que depende das interações e 
das ações planejadas interdisciplinarmente no contexto da realidade do idoso e da 
família, considerando os aspectos biopsicossociais, culturais, econômicos e espirituais. 
(GONÇALVES e ALVAREZ, 2002). 
3 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: demografia 
A composição da população brasileira é um fenômeno de sua dinâmica ao longo 
do tempo. A transição demográfica apresenta quatro etapas: a primeira como alta 
fecundidade/alta mortalidade; a segunda como alta fecundidade/redução da mortalidade; 
a terceira como redução da fecundidade e a mortalidade contínua diminuindo; e a última 
etapa que continua a queda da fecundidade e da mortalidade em todos os grupos etários 
11
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da população. (BRASIL, 2002c). 
O envelhecimento populacional é definido por Ramos (1993) como o aumento da 
proporção de idosos em uma população, devido à diminuição da proporção de jovens. 
Esse evento é irreversível e associam-se as importantes transformações sociais e 
econômicas, que estão diretamente relacionadas às mudanças no perfil epidemiológico e 
nas demandas dos serviços de saúde. 
O aumento da população idosa, no Brasil, segundo os censos demográficos e as 
estimativas populacionais realizadas pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística 
(IBGE), apresenta um crescimento progressivo e rápido. No censo de 1991, os idosos 
correspondiam a 7,3% de uma população de 147 milhões de habitantes. No ano de 
2000, entre 169 milhões de habitantes, 8,6% eram idosos. Projeções apontam que 
16,0% da população no ano de 2050 serão constituídas de pessoas idosas na população 
brasileira. (BRASIL, 2002a; 2002b; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA, 2002). 
No gráfico 1, os dados do DATASUS identificam que entre 1980 a 2005, a 
população geral e a população com 60 anos ou mais vêm crescendo, ainda que a 
segunda população em proporções menores. No entanto, as estimativas apontam que 
essa população ultrapassará o número de indivíduos menores de quinze anos. Fato este 
que tem a contribuição da menor reprodução dos casais que preferem um menor número 
de filhos na composição familiar. 
GRÁFICO 1 - Distribuição da população geral e da população com 60 anos 
ou mais, no período de 1980-2005, Brasil, 2007.
0
20000000
40000000
60000000
80000000
100000000
120000000
140000000
160000000
180000000
200000000
1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010
anospopulação geral população 60 anos ou +
Fonte: DATASUS (BRASIL, 2007a). 
Atualmente, o Brasil está em um processo de transição demográfica acelerado, 
sendo esse resultante de vários fatores, como a queda da fecundidade, redução de 
mortalidade infantil e materna, do aumento da esperança de vida ao nascer e o 
progressivo envelhecimento da população. No entanto, estudos apontam que o fator 
decisivo para o envelhecimento da população brasileira é a queda da fecundidade. Tem-
se o reconhecimento que o aumento da longevidade é uma conquista social que marcou 
o século XX em quase todo o mundo, mas tal conquista gera novas demandas e 
impactos para o sistema de saúde, a família e a sociedade. (VERAS, 1994; 
CHAIMOWICZ; 1997; KALACHE, 1998; BRASIL, 2002b). 
A seguir, têm-se figuras 3, 4, 5 e 6 de pirâmides etárias de 1980 a 2050, que 
identifica a transição demográfica acelerada da população brasileira. Observa-se o 
ingresso da população em faixas etárias avançadas, devido ao aumento da esperança 
de vida aos 60 anos e da queda de mortalidade e fecundidade. Chaimowicz (1997, p. 
192) acrescenta que "o envelhecimento populacional pode passar a representar mais um 
problema que uma conquista da sociedade, à medida que os anos de vida ganhos não 
sejam vividos em condições de independência e saúde". Tal afirmação é reforçada pela 
12
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Organização Mundial de Saúde (OMS) que declara que o envelhecimento populacional é 
uma história de conquista da sociedade e sucesso das políticas públicas. (BERZINS, 
2004).
Fonte: IBGE (2007) 
FIGURA 3 – A pirâmide etária absoluta da população brasileira em 1980. 
13
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Fonte: IBGE (2007) 
FIGURA 4 – A pirâmide etária absoluta da população brasileira em 2000. 
Fonte: IBGE (2007) 
FIGURA 5 – A estimativa de pirâmide etária absoluta da população brasileira em 2020. 
14
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Fonte: IBGE (2007) 
FIGURA 6 – A estimativa de pirâmide etária absoluta da população brasileira em 2050. 
Constata-se que o aumento do número de idosos na população é preocupante à 
medida que a sociedade não oferece condições para a manutenção de sua 
independência, o que dificulta sua adaptação e convivência (DUARTE, 1994; SANTOS, 
1997). Portanto, esse fenômeno de conquista é resultante da associação do aumento da 
expectativa de vida, dos avanços tecnológicos em diagnóstico e tratamento, das 
imunizações e da longevidade na terceira idade. Sendo assim, os serviços de saúde e a 
sociedade necessitam adequar-se a realidade e, concomitantemente, elaborarem e 
executarem políticas e programas para promoção do envelhecimento digno e 
sustentável.
Em relação ao sexo, no Brasil, o censo demográfico de 2000, aponta que a 
população idosa era constituída por 44,9% de homens, enquanto 55,1% são mulheres. 
De acordo com os dados demográficos relacionados à razão dos sexos1 verifica-se que 
na primeira faixa 60 a 69 anos existem 88 homens para 100 mulheres; e na última faixa, 
considerando 80 anos e mais de idade, há aproximadamente 66 homens para 100 
1 Número de homens residentes para um grupo de 100 mulheres residentes (BRASIL, 2002a). 
15
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
mulheres. Observa-se nesses dados uma redução de idosos do sexo masculino à 
medida que avança a idade, evidenciando a sobremortalidade masculina. (BRASIL, 
2002a; 2002b). 
Fonte: IBGE (2007) 
FIGURA 7 - A população brasileira de 80 anos ou mais de idade por sexo de 1980-2050. 
Os dados acima citados sobre a distribuição e a razão dos sexos são 
visualizados, também, na Figura 7, que permite inferir que a população idosa está 
também envelhecendo, à medida que o indivíduo consegue chegar à faixa etária de 80 
anos ou mais de idade. Ainda, observa-se na Figura 7 que as mulheres apresentam 
maior predominância em relação aos sexos, sendo denominado de “feminilização do 
envelhecimento”. Tal fenômeno possibilita a mulher idosa assumir progressivamente o 
papel de chefe das famílias e de provedora do lar. Embora, as mulheres vivam mais do 
que os homens, apresentam maior predisposição para a dependência física e mental. 
(CAMARANO, 2002). 
Segundo o Anuário Estatístico de Saúde do Brasil, em 2001, no que se refere à 
16
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
esperança de vida ao nascer2, por sexo, há uma diferença de quase oito anos, sendo 
64,8 anos para os homens e 72,6 anos para as mulheres. Em relação à expectativa de 
vida aos 60 anos de idade3, verifica-se que, no Brasil, o tempo médio de vida, após os 
60 anos, para homens e mulheres, corresponde respectivamente a 16 e 19,4 anos. 
(BRASIL, 2002a). 
Frente à magnitude do envelhecimento populacional brasileiro, observa-se que o 
índice de envelhecimento4, em 2000, é da ordem de 19,8%, conforme gráfico 2 que 
segue. Na população gaúcha esse índice eleva-se significativamente para 27,6%, sendo 
inferior apenas ao do Estado do Rio de Janeiro, que atinge 29,6%. Já nas Unidades 
Federativas de Roraima e Amapá esse índice de envelhecimento da população chega a 
6,8%. (BRASIL, 2002a). 
19,8
9,8
17,7
23,9
22,6
14,3
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
BRASIL Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-
Oeste
Regiões do Brasil
GRÁFICO 2 - Distribuição do índice de envelhecimento, segundo as 
regiões do Brasil, 2001.
Fonte: Estatístico Anuário de Saúde 2001 (BRASIL, 2002a). 
Essas informações denotam a não homogeneidade da distribuição da população 
idosa nas Unidades Federativas do Brasil, bem como o fato de que, na Região Sudeste 
2 Expressa a probabilidade de tempo médio de vida esperado para um recém-nascido, mantido o padrão 
de mortalidade existente (BRASIL, 2002a). 
3 Expressa a probabilidade de tempo médio de vida da população a partir do ingresso no grupo etário dos 
idosos (BRASIL, 2002a). 
4 Número de pessoas de 65 anos e mais anos para cada 100 indivíduos com menos de 15 anos de idade 
(BRASIL, 2002a). 
17
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18
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e Sul, aspessoas apresentam maior longevidade quando comparado ao índice nacional. 
(BRASIL, 2002a). Em relação à situação conjugal para os idosos do sexo masculino é a 
de casados ou vivendo com companheiras, já para as mulheres idosas após ficarem em 
situação de viuvez preferem viver sozinhas em seu lar, ou morando com seus filhos e 
netos.
Camarano (2002) acrescenta que o envelhecimento populacional é resultado das 
altas taxas de crescimento por causa da alta fecundidade das décadas de 60 e 70. O 
grande desafio para as ciências humanas e sociais aplicadas e das ciências da saúde é 
a compreensão da transformação, à medida que avalia os impactos causados na 
sociedade. Na área da saúde, o impacto ocorre diretamente nos serviços de saúde, os 
quais poderão não estar preparados para receber uma grande demanda de pessoas 
idosas. As condições físicas dos idosos podem ser classificadas como: independente, 
dependente parcial ou total para suas necessidades básicas e instrumentais do seu 
cotidiano.
Enfim, a queda da fecundidade e da mortalidade infantil, o aumento da 
esperança de vida ao nascer e aos 60 anos, os avanços tecnológicos em diagnóstico, 
tratamento e imunobiológicos permitem o progressivo envelhecimento da população. 
Ainda, se agrega os serviços de saúde públicos como fator contribuinte ao processo de 
envelhecimento a partir do acesso universal, da integralidade e da eqüidade atribuída 
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no cenário político e social do Brasil. Foi uma 
conquista da população brasileira, desde as Conferências Nacionais de Saúde, da 
promulgação da Constituição Federativa do Brasil e das Leis Orgânicas de Saúde 
8.080/90 e 8.142/90. 
4 EPIDEMIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO 
Em menos de 50 anos, o Brasil passou de um perfil de morbimortalidade típica
de uma população jovem, ou seja, do predomínio de doenças infecto-contagiosas, para o 
predomínio de doenças crônico-degenerativas e incapacitantes, próprias de faixas 
etárias mais avançadas. Tal mudança ocorreu devido ao acesso tecnológico da 
avaliação diagnóstica, das intervenções terapêuticas e imunobiológicas, que reduziram 
drasticamente a mortalidade por doenças infecto-contagiosa. No entanto, salienta-se a 
utilização de tecnologia que implica em aumento dos custos diretos e indiretos para o 
sistema de saúde. (VERAS, 1994; CHAIMOWICZ, 1997; BRASIL, 2002b; VERMELHO e 
MONTEIRO, 2002). 
GRÁFICO 3 - Distribuição da mortalidade por sexo, no período de 1980-2005, 
Brasil, 2007.
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010
anosMasc Fem Total
Fonte: DATASUS (BRASIL, 2007b). 
No gráfico 3 constata-se que à medida que a população cresce 
demograficamente, a mortalidade aumenta, também, nas faixas etárias de 60 anos ou 
mais de idade. Paralelamente, ocorre o aumento significativo da mortalidade por 
doenças crônico-degenerativas, à medida que avança a idade em anos. (BRASIL, 
2007b; LIMA-COSTA, 2003). 
No Anuário Estatístico de Saúde do Brasil (2002a), verifica-se que a mortalidade 
para a faixa etária acima dos 60 anos constitui aproximadamente 54,5% de óbitos em 
19
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relação aos óbitos totais, no ano de 1999. Dentre as causas de óbitos mais freqüentes 
no mesmo período na faixa etária idosa, identificou-se que 36,9% dos óbitos foram 
ocasionados pelas doenças do aparelho circulatório; seguido de 14,0% por neoplasias 
(tumores); 12,2% de doenças do aparelho respiratório; e 5,8% de doenças endócrinas, 
metabólicas e nutricionais. (BRASIL, 2002a).
Na Tabela 1, os dados são referentes aos óbitos ocorridos no ano de 2000 e 
2005 que estão disponíveis no site do DATASUS (www.datasus.gov.br). Os grupos de 
causas estão atribuídos à Classificação Internacional de Doenças – 10ª revisão (CID-
10), que destacam o ranking para as cinco principais causas de mortalidade de pessoas 
acima de 60 anos ou mais de idade: 
 As doenças do aparelho circulatório; 
 As neoplasias (tumores); 
 Os sintomas, sinais e achados anormais em exames clínicos e 
laboratoriais;
 As doenças do aparelho respiratório; 
 As doenças endócrinas nutricionais e metabólicas. (BRASIL, 2002a). 
TABELA 1 – Distribuição dos grupos de causas CID-10, segundo a 
mortalidade a partir da faixa etária 60 anos ou mais de idade, no período de 2000 e 
2005, Brasil, 2007. (página seguinte) 
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2000 2005
Grupos de causas CID-10 n % n %
I - Algumas doenças infecciosas e parasitárias 19563 3,09 24594 3,45
II - Neoplasias (tumores) 97139 15,36 121134 17,00
III - Doenças sangue órgãos hematopoiéticos e 
transtornos imunitários 2669 0,42 3079 0,43
IV - Doenças endócrinas nutricionais e 
metabólicas 39729 6,28 47114 6,61
V - Transtornos mentais e comportamentais 2989 0,47 4810 0,67
VI - Doenças do sistema nervoso 5789 0,92 10601 1,49
VII - Doenças do olho e anexos 2 0,00 7 0,00
VIII - Doenças do ouvido e da apófise mastóide 46 0,01 35 0,00
IX - Doenças do aparelho circulatório 227474 35,97 252436 35,42
X - Doenças do aparelho respiratório 70326 11,12 82379 11,56
XI - Doenças do aparelho digestivo 29085 4,60 36182 5,08
XII - Doenças da pele e do tecido subcutâneo 1258 0,20 1664 0,23
XIII - Doenças do sistema osteomuscular e tecido 
conjuntivo 1520 0,24 2085 0,29
22
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XIV - Doenças do aparelho geniturinário 10778 1,70 15612 2,19
XV – Gravidez, parto e puerpério 2 0,00 3 0,00
XVI - Algumas afecções originadas no período 
Peri natal 0 0,00 17 0,00
XVII - Malformações congênitas, deformidades e 
anomalias cromossômicas 337 0,05 388 0,05
XVIII – Sintomas, sinais e achados anormais em 
exames clínicos e laboratoriais 101309 16,02 82072 11,52
XX - Causas externas de morbidade e 
mortalidade 22365 3,54 28488 4,00
TOTAL 632380 100,00 712700 100,00
 Fonte: DATASUS (BRASIL, 2007b). 
No gráfico 4 observa-se a mortalidade dos homens idosos, dentre as quais 
predominam: as doenças infecciosas e parasitárias, as neoplasias, os transtornos 
mentais e comportamentais, as doenças do aparelho circulatório, as doenças do 
aparelho digestivo, as doenças do aparelho respiratório, os sintomas, sinais e achados 
anormais em exames clínicos e laboratoriais, e as causas externas. 
GRÁFICO 4 - Distribuição dos sexos segundo os grupos de causa por mortalidade em 
2005, Brasil, 2007.
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV XVI XVII XVIII XX
grupos de causas - CID-10Masc Fem
Fonte: DATASUS (BRASIL, 2007b). 
Ramos (2002) menciona que os fatores de risco à mortalidade do idoso 
dependem da genética e da interação do sujeito com o meio ambiente que são: a própria 
velhice, o sexo masculino, o aparecimento de agravos de longa duração, as limitações 
físicas, o declínio cognitivo e sensorial, os sintomas depressivos, os acidentes e o 
isolamento social. Em relação ao sexo, o mesmo autor (2002) faz uma ressalva, na 
medida em que ocorre a transformação social, a mulher poderá elevar o risco de 
mortalidade das doenças cardiovasculares, por estar se inserindo progressivamente, no 
ambiente de trabalho, tendo como fatores de riscos relacionados ao ambiente e a 
ocupação profissional. 
No entanto, muitos estudos apontam que os valores do coeficiente de 
mortalidadepor causas externas têm-se elevado entre os idosos. Esses dados são 
23
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considerados de alto risco para violência e acidentes. Tal afirmação refere-se à 
combinação de declínio do sistema musculoesquelético e de dificuldades de percepção, 
instaladas pela diminuição da acuidade auditiva e visual, constituem em fator de risco 
para a mortalidade e as internações hospitalares por danos provocados por causas 
externas. (RAMOS, 2002). As informações sobre a mortalidade de indivíduos idosos 
fornecem subsídios para o planejamento, à gestão e a avaliação das políticas públicas e 
ações de prevenção e controle de agravos à saúde da população idosa. 
Em relação às internações hospitalares em decorrência de morbidades, no 
período de 1993 a 2002, constatou-se um aumento de gastos com a população idosa e 
um declínio significativo na utilização de recursos financeiros com hospitalizações da 
população infantil. Por exemplo, em 2001, a população idosa consumiu 29,6% dos 
recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS), destinados às hospitalizações. 
(BRASIL, 2002c). 
As hospitalizações em idades avançadas relacionam-se, principalmente, à alta 
incidência de agravos de longa duração entre idosos, que perduram por vários anos e 
exigem acompanhamento de profissionais de saúde, assim como de intervenções 
contínuas que repercutiram na qualidade de vida. No entanto, a hospitalização pode 
agregar outros riscos à saúde do idoso, tais como: as infecções hospitalares, as reações 
adversas às drogas e intervenções, assim como a imobilidade. Paralelamente, os riscos 
associados à hospitalização constituem fatores que favorecem a permanência hospitalar 
prolongada, a qual gera custos elevados pelo consumo de medicamentos e realização 
de testes diagnósticos. (CREDITOR, 1993; DUARTE e DIOGO, 2000; BRASIL, 2002b; 
SANTOS et al., 2002; SILVA, 2003a). 
À medida que, no Brasil, parcelas crescentes da população atingem idades mais 
avançadas, conforme Stevenson, Gonçalves e Alvarez (1997, p. 35), "aumenta o número 
de casos de doenças do tipo crônico-degenerativo". Tais doenças crônico-degenerativas 
ou doenças não transmissíveis são terminologias utilizadas para definir grupos de 
entidades nosológicas, caracterizadas por: história natural prolongada; multiplicidade de 
fatores de risco complexos; interação entre fatores etiológicos conhecidos e 
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desconhecidos; ausência ou participação de microorganismos entre os determinantes da 
condição de cronicidade; longo período de latência; longo curso assintomático; curso 
clínico lento, prolongado ou permanente; manifestações clínicas com períodos de 
remissão e de exacerbação; e evolução para graus variados de incapacidade ou para 
morte. (LESSA, 1999). 
5 VULNERABILIDADE INDIVIDUAL, SOCIAL E PROGRAMÁTICA 
A vulnerabilidade é referida por Ayres et al. (2003) como sendo um produto da 
interação de três distintos planos, denominados de individual, social e programático. 
Esses autores reforçam que uma mudança em qualquer um dos planos influenciará os 
demais. Conceituam a vulnerabilidade como: 
O esforço de produção e difusão de conhecimento, debate e 
ação sobre os diferentes graus e naturezas da suscetibilidade de 
indivíduos e coletividades [...], segundo a particularidade de sua situação 
quanto ao conjunto integrado de aspectos sociais (ou contextuais), 
programáticos (ou institucionais) e individuais (ou comportamentais) que 
os põem em relação com o problema e com os recursos para seu 
enfrentamento (AYRES, FRANÇA JÚNIOR e CALAZANS, 1997, p. 20). 
Portanto, esses autores (1997) inferem que conhecer a vulnerabilidade 
possibilita a avaliação objetiva, ética e política das condições de vida que tornam cada 
um dos indivíduos expostos aos diversos problemas. Ao mesmo tempo, possibilita a 
visibilidade de elementos que contribuem para a construção de alternativas reais de 
proteção para cada indivíduo, enquanto ser único. A figura 8 planifica a interação entre 
os três planos da vulnerabilidade 
FIGURA 8 – Os planos que constituem a vulnerabilidade. 
O envelhecimento traz a vulnerabilidade para doenças crônico-degenerativas, 
sendo essa uma das causas à alta incidência de hospitalizações. Tais doenças, quando 
associadas à hospitalização, favorecem o declínio funcional e, conseqüentemente, se 
encaminham para o desenvolvimento de incapacidades. Cabe salientar que a 
hospitalização e o repouso no leito podem gerar maior agravamento da situação de 
saúde, tornando mais frágil à saúde do idoso. 
VULNERABILIADE INDIVIDUAL 
A vulnerabilidade individual refere-se "ao grau e à qualidade da informação de 
que os indivíduos dispõem sobre o problema; à capacidade de elaborar essas 
informações e incorporá-las aos seus repertórios cotidianos (...), ao interesse e às 
possibilidades efetivas de transformar essas preocupações em práticas protegidas e 
protetoras". (AYRES et al., 2003, p. 123). Portanto, vulnerabilidade individual é o que 
uma pessoa, na sua singularidade, pensa, faz e quer, e o que, ao mesmo tempo, expõe, 
ou não, à aquisição de um agravo à saúde. Tal exposição refere-se à idade, à estrutura 
física ou genética, assim como ao tipo de informação de que a pessoa dispõe e de como 
a utiliza. Os valores pessoais e os projetos de vida também são fatores protetores ou 
não da saúde do idoso. 
Andreoli et al. (1998) referem que o envelhecimento é um fenômeno natural e 
processual, com distintos significados culturais, que pressupõe alterações físicas, 
26
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psicológicas e sociais. A vulnerabilidade individual se expressa pela alteração estrutural 
e funcional que nem sempre coincide com o avanço cronológico e a perda social. O fato 
de tornar-se idoso não pode ser generalizado, pois não ocorre da mesma forma para 
todas as pessoas. Entretanto, as alterações biológicas tornam o idoso menos capaz de 
manter a homeostase quando submetido ao estresse fisiológico. Tais modificações, 
principalmente, quando associadas à idade cronológica avançada, determinam maior 
suscetibilidade à ação de doenças, crescente vulnerabilidade e maior probabilidade de 
morte.
A vulnerabilidade individual associa-se ao perfil epidemiológico da população e a 
existência das síndromes geriátricas que constituem vulnerabilidade através do declínio 
da capacidade funcional e do maior nível de dependência de cuidados familiares, 
profissionais e institucionais. Tais síndromes são: a imobilidade, as quedas, a demência, 
a incontinência e os eventos adversos. Esses aspectos podem resultar em isolamento 
social e comprometimento da qualidade de vida. (LITVOC e DERNTL, 2002). 
Portanto, o envelhecimento traz consigo a vulnerabilidade aos agravos de longa 
duração, sendo esses últimos fatores predisponentes à elevada incidência de 
(re)hospitalizações. Cabe salientar que a hospitalização e o repouso no leito de forma 
intermitente podem determinar o agravamento da situação de saúde e a capacidade 
funcional se torna mais frágil à saúde do idoso. Nesse conjunto de condições adversas, 
podem também emergir situações relativas à vulnerabilidade social e/ou programática, 
ou seja, maus tratos físicos, psicológicos e negligência aos cuidados cotidianos e ao 
tratamento terapêutico.VULNERABILIDADE SOCIAL 
A vulnerabilidade social atribui-se ao modo da "obtenção de informações (...), 
como acesso aos meios de comunicação, escolaridade, disponibilidade de recursos 
materiais, poder de influenciar decisões políticas, possibilidades de enfrentar barreiras 
culturais, estar livre de coerções violentas ou poder defender-se delas". Bem como todos 
os aspectos referentes à estrutura, a organização e a dinâmica familiar. (AYRES et al.,
2003, p. 123). As condições culturais, econômicas e políticas precisam ser consideradas 
28
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quando se deseja compreender as razões pelas quais as pessoas pensam, fazem e 
querem coisas que as expõem ao agravo de longa duração ou aos eventos não 
condizentes à qualidade de vida. 
Segundo Minayo (2003), nos diferentes contextos históricos sempre houve a 
atribuição de poderes à pessoa, de acordo com sua fase no ciclo vital. Logo, a figura da 
pessoa idosa nesses mesmos contextos históricos sofre um intenso “desinvestimento” 
social e político. A vulnerabilidade social do idoso decorre da diversidade de 
circunstâncias enfrentadas no cotidiano pela população envelhecida. Tais circunstâncias 
referem-se aos aspectos relacionados às questões culturais, sociais, econômicas, de 
saúde, entre outros. Segundo dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2002a), 
constatam-se a prevalência do sexo feminino, devido à mortalidade masculina por 
causas externas e às ocorrências de doenças que os trazem à morte prematura. 
No Brasil, o baixo valor das aposentadorias constitui uma vulnerabilidade social. 
Tal vulnerabilidade, muitas vezes, no contexto brasileiro, expõe não apenas a pessoa 
idosa, mas todo o grupo familiar que sobrevive do único recurso. As baixíssimas 
aposentadorias não conseguem promover uma condição social adequada e tão pouca a 
qualidade de vida. O idoso, muitas vezes, é o provedor familiar. O gasto elevado com 
medicações é acompanhado de limitações às necessidades: abrigo, alimentação, 
vestuário, entre outras. Tal fenômeno denota mudanças de comportamento e atitudes 
das pessoas idosas o que contribui para o aumento do risco de mortalidade e 
internações por causas externas. (PAZ, SANTOS e EIDT, 2006). 
Entretanto, a violência contra os idosos se expressa em diversas formas no 
núcleo familiar, sendo, muitas vezes, os indivíduos idosos considerados como 
“descartáveis” e/ou “peso social”. Assim, a negligência, os maus-tratos, os conflitos e a 
discriminação colocam a pessoa idosa em condição de vulnerabilidade social no próprio 
contexto familiar. Na sociedade atual, os jovens são excluídos ou têm oportunidades 
limitadas no que se refere principalmente ao emprego. As elevadas taxas de 
desemprego e subempregos, muitas vezes, os condicionam a participarem da economia 
informal. (CAMARANO, 2002). 
29
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VULNERABILIDADE PROGRAMÁTICA 
A vulnerabilidade programática reporta-se aos recursos sociais de que as 
pessoas necessitam para não se exporem aos agravos e "se protegerem de seus danos 
que sejam disponibilizados de modo efetivo e democrático". (AYRES et al., 2003, p. 
123). Tal vulnerabilidade refere-se ao grau de alerta e preocupação com o problema, 
quanto ao modo que se organiza para enfrentá-lo (planejamento, recursos, capacidade, 
gestão e avaliação), que impede ou limita a intervenção sobre as razões sociais. As 
quais levam os indivíduos aos modos de pensar, fazer e querer que os exponham aos 
agravos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza a universalização do acesso, a 
integralidade da atenção, a eqüidade, a descentralização da gestão, a hierarquização 
dos serviços e o controle social. A implantação desse sistema pressupõe a 
reorganização das práticas sanitárias e, conseqüentemente, a transformação do modelo 
assistencial e da organização do serviço. Entre os elementos de organização dos 
serviços destaca-se a vulnerabilidade programática.
O plano programático engloba o acesso e a forma de organização dos serviços 
de saúde. Inclui, ainda, programas voltados à prevenção, assistência e controle. Seu 
planejamento e execução ocorrem em níveis nacional, estadual ou local, e os seus 
executores são os governos municipal, estadual e federal, ou até mesmo as 
organizações não-governamentais. A instituição é considerada a de saúde, de educação, 
a comunidade, o município, entre outras. (PAZ, SANTOS e EIDT, 2006). 
Conforme Minayo (2003, p. 788), é indiscutível a presença da violência ao idoso 
nos âmbitos domiciliar e institucional. Entretanto, no contexto dos serviços de saúde, 
constatam-se espaços de violência no que se refere à omissão do Estado na oferta e na 
avaliação de instituições que oferecem assistência aos idosos. Nessas instituições, 
muitas vezes, são comuns as situações de vulnerabilidade relacionadas com "maus 
tratos, despersonalização, destituição de poder e vontade, falta de inadequação de 
alimentos e, também, omissão de cuidados médicos específicos e personalizados". 
Agrega-se como vulnerabilidade a exposição dos idosos no que se refere aos 
30
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transportes e vias públicas, devido à inadequação das instalações dos meios de 
transporte à condição da pessoa idosa e do comportamento hostil e negligente dos 
profissionais de transportes coletivos em relação às necessidades dessa população. 
Diante desse contexto de vulnerabilidades, torna-se extremamente necessário 
incluir todas as formas de intervenção na sociedade, a partir da vigilância à saúde, da 
proteção e da educação em saúde, tendo como parceiros o indivíduo, a família, os 
profissionais e o Estado. Como afirmam Ayres, França Júnior e Calazans (1999, p. 27), 
Os índices desenvolvidos para avaliar vulnerabilidade 
programática buscam dar conta justamente deste gradiente de 
permeabilidade e sensibilidade das estruturas sociopolíticas mais 
abrangentes e as necessidades concretamente postas para a saúde de 
indivíduos/população [...]. 
Diante de tal constructo conceitual, um dos objetivos do Estatuto do Idoso 
(BRASIL, 2003) é manter a pessoa idosa na comunidade, junto de sua família, de forma 
digna e confortável. Muitas vezes, as condições de saúde dos idosos exigem 
hospitalização; porém, espera-se que essa não tenha longa duração, bem como que a 
família seja orientada para o cuidado no contexto domiciliar. 
Entretanto, nas instituições hospitalares do Brasil, observa-se a vulnerabilidade 
programática no que se refere à falta de preparo dos profissionais de saúde para orientar 
o idoso e o seu cuidador no momento da alta hospitalar. (KARSCH e LEAL, 1998). Em 
consonância, programas específicos de preparo e acompanhamento da alta hospitalar 
praticamente inexistem. Entretanto, no âmbito das instituições de assistência social e de 
saúde, são freqüentes as denúncias de maus-tratos e negligências pelos profissionais 
que assistem à pessoa idosa (MINAYO, 2003). Tal evento denota a escassez de 
profissionais que tenham a formação dirigida à saúde do idoso. Muitos idosos, por sua 
vez, não denunciam esses maus-tratos ou negligências por medo de repressão 
institucional. 
Ressalta-se que quando no serviço de saúde existem profissionais 
31
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comprometidos com o cuidado integral da pessoa idosa, é possível desempenhar um 
importante papel no levantamento de diagnósticos relacionados às condições que se 
configuram em fatores de risco, no que se refere ao tratamento e nas orientações aos 
idosose familiares. O envolvimento do idoso, do cuidador/família, da comunidade e dos 
profissionais de saúde torna-se imprescindível para a elaboração, a efetivação e a 
avaliação do plano de cuidados após a alta hospitalar. Tal plano deve ser elaborado pela 
equipe interdisciplinar, junto ao idoso e a sua família, sendo extremamente necessário 
que ambos sejam orientados. (CREUTZBERG e SANTOS, 2000). 
É acrescida a essas observações por Caldas (2003) que os cuidadores 
mencionaram, no momento da alta hospitalar, a falta de informações sobre a doença, a 
escassez de orientações e apoio para os familiares darem continuidade aos cuidados no 
domicílio e a não indicação de um serviço para prosseguir o tratamento. Ressaltam 
ainda que, quando se tem o acompanhamento médico, existe, muitas vezes, a 
dificuldade de acesso ao meio de transporte adequado para o deslocamento, devido às 
limitações da locomoção do idoso. 
Diante desse contexto, "a promoção da saúde para essa população compreende 
a disponibilidade de um 'continunn' de serviços que atenda às necessidades que eles 
experimentam, à medida que avançam em anos e limitações". (LITVOC e DERNTL, 
2002, p. 279). Tal concepção remete às ações de cuidado domiciliar e às atividades de 
educação em saúde, que devem ser desenvolvidas no momento da alta hospitalar para 
orientação dos cuidados a serem realizados com o idoso no domicílio. Por sua vez, as 
poucas iniciativas de profissionais em consonância com as políticas públicas 
relacionadas à saúde do idoso, não conseguem oferecer a integralidade e a qualidade 
no atendimento da demanda, que também constituem em elementos de vulnerabilidade 
programático-institucional para a população idosa. (SILVA, 2003b). 
O envelhecimento, principalmente, com dependência é um desafio a ser 
incorporado pela Saúde Pública, em que se contrapõem duas situações. A primeira 
refere-se às condições necessárias para a manutenção dos cuidados ao idoso na 
comunidade, e a segunda refere-se às condições da família para que possa 
32
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responsabilizar-se pela assistência ao idoso. 
Portanto, a vulnerabilidade da pessoa idosa não pode ser vista de forma única 
em cada plano, mas como uma vulnerabilidade constituída desses três planos 
apresentados. Ainda não se têm instrumentos que meçam o grau de vulnerabilidade do 
idoso, sendo uma oportunidade para futuras investigações. A abordagem da 
vulnerabilidade pressupõe que a mudança não ocorre a partir da pessoa em relação ao 
outro e seu entorno, mas que é construída nas possibilidades das pessoas estarem 
diante de outras, de modo a tornar a saúde de todos mais satisfatória. (AYRES et al.,
2003).
Considera-se que ao conhecer a vulnerabilidade de grupos populacionais 
possibilita mobilizar profissionais e população civil, por meio de um processo educativo 
construtivista, para transformações sociais. Tais transformações devem ser alicerçadas 
nas relações intersetoriais e na ação comunicativa entre os sujeitos sociais. (PAZ, 
SANTOS e EIDT, 2006). 
Quanto maior o grau de compromisso, de qualidade, de recursos, de gestão e do 
monitoramento de programas nacionais, estaduais e locais de prevenção e de cuidado 
ao idoso, “maiores serão as chances de canalizar os recursos sociais existentes, otimizar 
seu uso e identificar a necessidade de outros recursos, fortalecendo as pessoas idosas 
diante dos agravos de longa duração e suas conseqüências.” (AYRES et al., 2003, p. 
123). Frente a tal concepção conceitual de vulnerabilidade, será possível propor uma 
reconstrução ampliada e reflexiva das práticas em saúde relacionadas à prevenção e a 
promoção da saúde da população idosa, visto que os problemas-alvo são as 
suscetibilidades populacionais, que resultam numa resposta social. 
6 BIOÉTICA E O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
A bioética é uma tomada de consciência frente às transformações históricas e 
sociais de nossa sociedade. Segundo Goldim (2002) as questões éticas têm despertado 
interesses de diversos sujeitos na sociedade, à medida que um maior número de idosos 
33
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participa ativamente nos diferentes campos de prática profissional. Da qual emergem 
reflexões e discussões sobre a ética e a moral que cercam o idoso no seu viver em 
família e sociedade. 
As questões éticas e morais são discutidas nas diversas esferas de atenção ao 
idoso que envolve: 
 A autonomia e a tomada de decisão; 
 A relação profissional-idoso; 
 As relações familiares; 
 O abuso e negligência de cuidados às pessoas idosas; 
 A alocação dos recursos de saúde versus a idade avançada; 
 O morrer com dignidade; 
 As pesquisas que envolvem seres humanos. (GOLDIM, 2002). 
Entende-se por autonomia a pessoa com plena consciência de seus atos, 
direitos e deveres, que seja capaz de tomar decisões em conformidade com seus 
objetivos, escolhas, opiniões, metas e desejos. Para tal, que seja capaz de agir para que 
a decisão se concretize. No cotidiano e nas investigações, o idoso deverá ser tratado 
com dignidade, respeitada suas decisões, e defendidos em situações de vulnerabilidade 
e fragilidade. (BRASIL, 1996). A incapacidade funcional, seja ela definitiva ou temporária, 
permite ao idoso instituir um rol de prioridades de acordo com suas escolhas, opiniões e 
desejos, sendo estes estabelecidos por uma procuração, que geralmente, é dada ao 
membro familiar que assume ser o provedor das decisões do idoso. 
No que se refere à relação profissional-idoso baseia-se no respeito, honestidade, 
lealdade e compromisso com o idoso, mediante as informações que lhe são confiadas. A 
relação se efetiva à medida que o idoso sinta a confiança recíproca. É direito de todo 
paciente saber ou não saber sobre o seu processo saúde-doença. No entanto, surgem 
dilemas em que a família omite as informações da saúde ao idoso. Tal postura impede 
que o idoso possa tomar uma decisão mais acurada sobre o seu processo saúde-
doença. Portanto, a relação profissional-idoso deve ser transparente e clara de que a 
34
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fidelidade está relacionada ao indivíduo. O ponto crucial aos profissionais é de preservar 
o vínculo e de reconhecer o indivíduo como uma pessoa com autonomia para a tomada 
de decisões sobre o seu processo saúde-doença. (GOLDIM, 2002). 
Atualmente, emerge um grande desafio à família, visto que, o aumento da 
expectativa de vida permite um maior vínculo do idoso com seus membros familiares. As 
relações familiares geram responsabilidades para o cuidado do membro fragilizado que 
necessita de atenção no domicílio. Entretanto, a institucionalização poderá ser freqüente, 
à medida que o idoso apresente dependência para suas atividades do cotidiano. Assim, 
o que garante a relação familiar num momento de dependência para atividades são o 
entendimento e a compreensão do processo dinâmico do envelhecimento que decorre 
da mudança dos papéis sociais da família. Salienta-se que a convivência de diversas 
gerações pode contribuir para o desentendimento, devido às percepções e às visões de 
mundo pela cultura e valores de cada época. No entanto, a inclusão social do idoso na 
família possibilita um reconhecimento das potencialidades e fragilidades, enquanto ser 
social e amado por seus membros familiares no convívio do domicílio. (GOLDIM, 2002). 
O abuso e maus tratos na velhice vêm sendo discutidos nos âmbitos sociais de 
cuidado. O abuso pode ser definido como dano físico (lesões, fraturas e queimaduras) 
intencional ou de omissão, às situações de negligência (não prover as necessidades 
vitais ou instrumentais),danos psicológicos (ofensas, insultos e humilhação), e 
socioeconômicos (espoliação e apropriação de bens). Como alternativa na busca do 
bem-estar do idoso em seu contexto familiar, pode instituir-se nas instituições de saúde, 
os comitês de proteção ao idoso, para a notificação de abuso diante de situações 
visíveis e identificadas no cotidiano dos serviços de saúde. (GOLDIM, 2002). 
Em relação à alocação de recursos públicos versus a idade avançada é presente 
nos mais diversificados espaços sociais e de saúde, a disputa pelo recurso considerado 
escasso no momento do atendimento do idoso nos serviços de saúde públicos. No 
campo da saúde, esses critérios dizem respeito aos atendimentos que podem determinar 
a vida e a morte das pessoas. O desafio criado pelo sucesso das políticas de saúde 
expressa orçamentos insuficientes para atender a demanda crescente da população 
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brasileira em processo de envelhecimento. Cabe salientar, que a decisão da utilização 
do recurso deve estar em conformidade com o merecimento, a necessidade e o 
prognóstico do processo saúde-doença. Portanto, o critério para estabelecer a utilização 
do recurso espera-se que seja mediado pelos três itens citados e não por favorecimentos 
e discriminações em relação à idade avançada. (GOLDIM, 2002). 
O morrer na idade avançada busca um momento de passagem com dignidade e 
respeito ao indivíduo que colaborou na construção da sociedade em que vivemos. A 
intervenção tecnológica que ocorre sobre o ciclo vital possibilitou o aumento da 
expectativa de vida da população. Por sua vez, as perdas de pessoas próximas 
reafirmam a noção de finitude do ser. Em situações de sofrimento, de incapacidades 
instaladas no organismo, o ato de morrer pode passar a ser concebido, por alguns, como 
uma alternativa de alívio para si e para a família. (DOLL, 2002; GOLDIM, 2002). 
Para a pesquisa envolvendo idosos requer a atenção na obtenção do Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido. No momento da efetivação do Termo, o profissional 
deve exigir a participação de um membro familiar designado pelo idoso para 
acompanhar os propósitos da investigação, assegurando a autonomia, a privacidade, a 
confidencialidade, a beneficência, a justiça e que esteja livre de prejuízos e riscos à 
saúde. Os elementos fundamentais do Termo são: a informação, a compreensão, a 
voluntariedade, e a autorização, os quais são aprovados pelo Comitê de Ética e 
Pesquisa. Os princípios éticos são os mesmos aplicados às demais faixas etárias e 
grupos vulneráveis, de acordo com a Resolução 196/96. (BRASIL, 1996; GOLDIM, 
2002).
Enfim, o envelhecimento é um tema que carece atenção dos profissionais e dos 
segmentos sociais, no sentindo, de discutir, de refletir e de propor investigações que 
possam desvelar essa área da bioética e envelhecimento. Entende-se que a partir de 
investigações nas áreas temáticas do envelhecimento e bioética será possível realizar 
comparações com outras nações em processo de envelhecimento para melhor 
planejamento de políticas e programas para a população idosa brasileira. 
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7 ESTATUTO DO IDOSO
O Estatuto do Idoso com certeza foi um grande ganho para a população 
brasileira por assegurar os direitos de pessoas acima de 60 anos (BRASIL, 2003). O 
Estatuto foi aprovado em outubro de 2003, depois de seis anos de discussão no Senado 
Federal, e entrou em vigor oficialmente a partir de 01 de janeiro de 2004. Tal documento 
prescreveu um intervalo três meses para que os diversos setores da sociedade 
adequassem à prestação de serviços, a fim de que possam contribuir para a efetivação 
do Estatuto. 
A pessoa idosa goza de todos os direitos e deveres como qualquer outro 
cidadão brasileiro, independente de sua idade, pois segue os preceitos da Constituição 
Federativa do Brasil, promulgada em 1988. O idoso tem preferência e priorização no 
atendimento dos serviços prestados pela sociedade, na formulação, na execução e na 
destinação de recursos provenientes das políticas sociais e de saúde, bem como na 
viabilização de sua participação nos segmentos sociais e de convívio com sua família, e 
na garantia do acesso à rede dos serviços de saúde e sociais. 
É salientado que nenhum idoso pode sofrer negligência, discriminação, violência, 
insultos ou opressão, por ação ou omissão. Entende-se que todos os cidadãos têm o 
dever de prevenir as ameaças e a violação dos direitos, em detrimento da bioética e do 
processo de envelhecimento. Nos casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos 
devem ser comunicados pelos profissionais de saúde à autoridade policial. Portanto, 
cabe ao Estado a garantia da proteção à vida e à saúde diante das políticas sociais e de 
saúde, as quais propiciem um envelhecimento saudável, digno e livre de incapacidades. 
Por sua vez, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve assegurar a atenção 
integral, o acesso universal e igualitário aos diversos níveis de complexidade de atenção, 
tendo o direito de permanecer acompanhado por algum membro familiar que garanta 
conforto e segurança. As ações na busca do bem-estar e qualidade de vida estão 
relacionadas à prevenção de doenças, a promoção, a proteção, a manutenção e a 
reabilitação de saúde, incluindo especial atenção aos agravos de longa duração 
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inerentes a idade avançada.
O idoso tem direito a educação, lazer, cultura e esporte, ou seja, situações que 
propiciem bem-estar e qualidade de vida. Algumas universidades, já implantaram nos 
cursos de graduação e pós-graduação vagas para pessoas da Terceira Idade, os quais 
possibilitam a inserção do idoso na comunidade acadêmica e na sociedade. O Estatuto, 
ainda, ressalta as questões de direito a: 
 Habitação segura e digna para si e sua família; 
 Transporte municipal, intermunicipal e interestadual; 
 Acesso a entidades de atendimento do idoso e sua fiscalização; 
 Situações judiciais; 
 Inserção de temas relacionados à saúde do idoso nos currículos 
mínimos dos diversos níveis de ensino formal, abordando conteúdos sobre o 
processo de envelhecimento, do respeito e da valorização do idoso, com o 
objetivo de eliminar preconceitos e disseminar esses conhecimentos. 
Dentre os diversos artigos e parágrafos destaca-se em manter a pessoa idosa 
na comunidade, junto de sua família, de forma digna e confortável. Muitas vezes, as 
condições de saúde dos idosos exigem hospitalização; porém, espera-se que essa não 
tenha longa duração, bem como a família seja orientada para o cuidado no contexto 
domiciliar. Nesse sentido, o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003) preconiza que a família, a 
comunidade e o poder público assegurem ao idoso a prioridade e a proteção integral, 
junto à família, excluindo a opção da institucionalização do idoso. Porém, muitas famílias 
não têm estrutura para manter um idoso fragilizado no âmbito familiar e escassos 
programas de assistência domiciliar existem para auxiliar essa família fragilizada e 
carente de atenção para prover os cuidados ao idoso. Por sua vez, a família sem suporte 
adequado acaba institucionalizando o idoso para atender as demandas de suas 
necessidades e fragilidades. 
A longevidade precisa ser desvelada como um desafio ou uma oportunidade 
para todos os indivíduos, família e sociedade, visto que, é uma conquista social e de 
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saúde. Portanto, o futuro será marcado por um grande contingente de pessoas 
envelhecidasna população brasileira. Corrobora-se com o Estatuto do Idoso sobre a 
necessidade de conscientização das transformações, a fim de que o idoso, a família, a 
sociedade e o sistema de saúde brasileiro estejam preparados para essa realidade; 
senão, poder-se-á viver em uma civilização solitária e com inexistência dos direitos na 
terceira idade. 
------------ FIM DO MÓDULO I ------------- 
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MÓDULO II 
METODOLOGIA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO 
IDOSO
A metodologia da assistência em enfermagem constitui-se numa atividade 
crítica, reflexiva e investigativa que é atribuída aos enfermeiros, tendo como foco do 
cuidar o indivíduo, a família e a comunidade em seus diversos contextos sociais e de 
saúde. Nesse sentido, busca-se prevenir as doenças, promover, proteger, recuperar 
e reabilitar a saúde de acordo com o ciclo vital nos diversos contextos de cuidado 
em enfermagem.
Neste módulo é abordada a assistência à saúde do idoso nos serviços de 
saúde, bem como a sistematização da assistência em enfermagem e a avaliação da 
capacidade funcional. Portanto, cabe salientar que, o sucesso do cuidar reside na 
parceria criada entre o profissional e o sujeito que carece de atenção à saúde. 
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8 ATENÇÃO AO IDOSO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
O modelo assistencial predominante no Brasil estava voltado às ações 
curativas, enfatizando uma medicina tradicional, de alto custo e de exclusão social, 
caracterizando-se pelo individualismo, pela utilização irracional de recursos 
tecnológicos disponíveis e pela baixa resolutividade. Tal modelo assistencial gerou 
um alto grau de insatisfação para todos os cidadãos em relação ao sistema de 
saúde, na década de 80. (SOUSA, 2000). Na década entre 70 e 80, cresce o 
número de serviços privados, porém, a maioria dos brasileiros não detém condições 
financeiras suficientes para ter acesso aos serviços privados. Por sua vez, a atenção 
à saúde nos serviços públicos não estava sendo suficiente para garantir o direito à 
saúde dos cidadãos. (MENDES, 1996). 
Com a promulgação da Constituição Federativa do Brasil, em 1988, 
formulou-se um novo conceito de saúde que é expresso no artigo 196 como “saúde 
é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas. Seu acesso é universal e igualitário, as ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação”. (BRASIL, 1998, p. 7). Assim, a saúde torna-se 
obrigatória, tendo o atendimento público e gratuito a qualquer e todo cidadão 
brasileiro. Tal obrigatoriedade vem ao encontro das mudanças necessárias diante da 
situação de desigualdade na assistência à saúde da população. 
Fato ao exposto, a Reforma Sanitária foi à principal causa do 
desenvolvimento do processo de institucionalização da saúde como dever do Estado 
e de direito do cidadão brasileiro. Esse processo culminou num sistema de saúde 
coletivo, gratuito e de controle social, que recebeu o nome de Sistema Único de 
Saúde (SUS), a partir das discussões que ocorrerão na VIII Conferência Nacional de 
Saúde. Tal reforma ocorreu nas últimas décadas, em que a melhoria da atenção ao 
usuário no setor saúde deu-se por meio de situações marcantes na busca de uma 
assistência integral e resolutiva. (BRASIL, 2000). 
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SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS 
A partir da promulgação da Constituição Federal, emergiu no início da 
década de 90, as Leis nº. 8080 e nº. 8142, em que iniciou o processo de 
implementação do novo Sistema Único de Saúde (SUS), surgindo desta forma, o 
novo modelo tecno-assistencial em busca da reorganização e da reorientação dos 
serviços de saúde no país. (SILVA, CARBONIE e PIRES, 1996). Sousa (2000, p. 25) 
acrescenta que o “processo de construção de SUS, foi regulamentado pela 
Constituição Federal de 1988, que visa diminuir o hiato, ainda existente, entre os 
direitos sociais garantidos em lei e a capacidade efetiva de oferta dos serviços 
públicos de saúde à população brasileira”. 
Com a consolidação dos princípios doutrinários que regem o SUS: “a 
universalidade, a eqüidade, a integralidade, a descentralização, a hierarquização e a 
participação da comunidade.” (BRASIL, 2000, p. 316). Infelizmente, esses princípios 
ainda não foram alcançados em sua totalidade e plenitude, mas é impossível não 
discutir que os avanços obtidos nas últimas décadas em relação ao processo de 
efetivação do Sistema Único de Saúde (SUS), destacam-se a descentralização com 
a efetivação da municipalização da saúde. Por sua vez, a saúde pública tem como 
desafio de propor e criar programas de intervenção adaptados às reais 
necessidades do contexto da população de acordo com o ciclo vital e realidade 
social.
A Lei n° 8.080/90 chamada de Lei Orgânica de Saúde, define as atribuições 
nas três esferas do governo: municipal, estadual e federal. Essas esferas devem 
desenvolver suas funções e competências específicas, com a finalidade de 
promoção da saúde e de ações preventivas para melhoria do nível de saúde 
populacional e para democratização das informações. (BRASIL, 2001). 
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem o intuito de promover ações em 
saúde integrando à rede regionalizada e hierarquizada. As diretrizes do SUS 
buscam a reorganização e reorientação do novo modelo tecno-assistencial. Tais 
diretrizes são: a descentralização das ações, sendo estas atribuídas aos municípios 
para a execução; a participação da comunidade por meio do controle social; a 
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universalidade do acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; 
a equidade na distribuição de recursos; e a integralidade das ações da assistência à 
saúde. (BRASIL, 1998; COSTA e CARBONE, 2004). 
Entretanto, surge junto do novo sistema de saúde o processo de resgate da 
cidadania dos cidadãos brasileiros no campo da saúde sendo marcado 
significativamente pelo Movimento da Reforma Sanitária e pela consolidação das 
diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao longo das últimas décadas, os 
conceitos de eqüidade, integralidade, universalidade, e intersetorialidade emergiram 
como princípios norteadores do SUS para o planejamento das ações em saúde. 
(HILDEBRAND, FLORES e COSTA, 2000). 
Assim, o novo modelo de serviço de saúde proposto pelo SUS, requer 
adequação das práticas nos serviços de saúde. Para tal, constitui-se o Programa de 
Agentes Comunitários de Saúde (PACS) que teve o início em 1991, na região 
Nordeste e Norte do país. O objetivo desse programa era contribuir para o 
enfrentamento da morbimortalidade infantil e materna nessas regiões do Brasil. Além 
disso, esse programa estava imbuído dos princípios orientadores do SUS para a 
mudança do modelo tecno-assistencial, e assim, proporcionando o vínculo da família 
com a unidade básica de saúde. (SOUZA, 2000b). 
Indubitavelmente, o PACS mostrou que era possível ter cobertura pela 
equipe de saúde nos domicílios, assim como dados que comprovaram a diminuição 
da morbimortalidade materna e infantil. Posteriormente, em 1994, o Ministério da 
Saúde implementou o Programa de Saúde da Família (PSF) como eixo estruturador 
da atenção básica em saúde, que vem reorientando o modelo de atenção, tendo 
como foco a família no seu espaço físico e social. Ainda, Nichiata e Fracolli (2001, p. 
29) referem que o novo modelo tecno-assistencial possibilita a produção das 
informações em saúde. Os quais devem ocorrer “de forma ágil, atualizada,completa 
e fidedigna, vem se conformando num importante instrumento de controle social do 
SUS, na medida em que possibilita à população o acompanhamento e a avaliação 
das atividades dos serviços de saúde”. 
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A estratégia da saúde da família vem sendo monitorada e avaliada pelo 
Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB-SUS) que se constitui num sistema 
especial para: gerenciamento das informações de saúde obtidas nas visitas 
domiciliares; na produção de relatórios que auxiliam as equipes, para as unidades 
básicas de saúde; e aos gestores municipais. Tais relatórios permitem priorizar o 
atendimento, e conseqüentemente, para a avaliação da qualidade dos serviços 
oferecidos ao usuário no sistema de saúde. (FRACOLLI e NICLIOTA, 2001). 
O envio das informações no SIAB-SUS está vinculado ao recebimento de 
fomentos para a equipe de saúde da família. Portanto, se não ocorrer o envio das 
informações num período de dois a três meses, poderá implicar na suspensão dos 
recebimentos referentes ao Piso de Atenção Básica (PAB) fixo e variável. Essa 
experiência em curso, só é possível a partir da habilitação dos municípios em 
consonância com a Norma Operacional Básica (NOB) 01/1996, que dispõe sobre a 
promoção e a consolidação do exercício por parte do poder público municipal. Da 
função de gestor de atenção à saúde de seus cidadãos, avançando na consolidação 
do SUS. (BRASIL, 2001). 
Entretanto, para facilitar a operacionalização nos municípios foram 
elaboradas as Normas Operacionais Básicas (NOB’s) que são parte do conjunto de 
leis do SUS, as quais regulamentam o processo de descentralização da gestão dos 
serviços de saúde em nível federal, estadual e municipal de saúde. (BRASIL, 1998). 
Na NOB-91, a coordenação do SUS era exercida pelo governo federal, ficando sob 
responsabilidade dos estados e municípios a gerência dos serviços de saúde. A 
NOB-93 preconiza o processo de municipalização habilitando aos municípios como 
gestores do sistema de saúde, sendo criadas três condições: a gestão insipiente, a 
gestão parcial e a gestão semiplena. Assim, o antigo sistema de atenção à saúde, 
chamado de Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS) é extinto. Já na NOB-96 passa ao município a responsabilidade de 
Gestão do Sistema Municipal, apresentando duas formas: 
Gestão Plena da Atenção Básica (GPAB), os repasses são 
realizados aos municípios para as ações básicas de saúde, chamado de 
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Piso de Atenção Básica (PAB). Podendo este ser considerado fixo 
conforme o número de habitantes e de implantação de alguns programas, 
como: o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o PSF; 
Gestão Plena do Sistema Municipal (GPSM), os repasses são 
realizados aos municípios, sendo este o responsável pela assistência em 
todos os níveis de atenção a saúde, incluindo a atenção secundária e 
terciária. (BRASIL, 1998). 
Desta forma, o SUS segue a mesma doutrina em todo território nacional, 
formado por uma rede de serviços, regionalizados, hierarquizados e 
descentralizados, com gestão única em cada esfera do governo e sob controle social 
do usuário. (COSTA, 2004). Para tal, tem-se a contribuição da Norma Operacional 
da Assistência à Saúde (NOAS 01/2001; BRASIL, 1997a) que se torna como um 
importante impulso no processo de implantação do SUS, pois, reorganizou a 
estratégia da regionalização pactuada de forma tripartite e prevista na Lei Orgânica 
da Saúde n° 8.080/90. Oferecendo ações aos gestores, como instrumentos para 
promoverem a reorganização do sistema, buscando garantir a eqüidade no acesso 
aos serviços da saúde. (BRASIL, 2002). 
A partir dessas considerações é necessário que se construa como base de 
sustentação um adequado planejamento de implementação da estratégia ao 
aperfeiçoamento das práticas assistenciais já existentes na atenção primária. Assim, 
a NOAS complementa as atribuições da equipe do PSF que elege como ponto 
central o estabelecimento de vínculos e a criação de laços de compromisso e de co-
responsabilidade entre os profissionais de saúde e a população adstrita a unidade 
de saúde da família. 
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PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – PSF 
O Programa de Saúde da Família (PSF) surge como estratégia de 
reorganização e reorientação do modelo tecno-assistencial de saúde. A implantação 
do PSF teve seu início em 1994, tendo como proposta ações de prevenção de 
doenças e de promoção da saúde. (BRASIL, 2000). Tal assistência remete ao 
desenvolvimento de ações à atenção básica em saúde, numa perspectiva de ação 
integral e preventiva aos membros de uma família ao longo de seu ciclo vital, e que 
estejam inseridos numa comunidade. (PEREIRA et al., 2005). Diante disso, 
Farinasso (2005) afirma que o PSF pretende substituir o modelo ordotoxo, 
hospitalocêntrico e curativista, por um modelo de respeito à integralidade e a 
universalidade da assistência, atendendo aos princípios e diretrizes do Sistema 
Único de Saúde (SUS). 
Deste modo, o PSF é uma estratégia que alinha a estrutura física e 
conceitual dos serviços de saúde para reverter à forma de prestação da assistência 
à saúde. Contribui na reorganização da atenção básica como eixo de reorientação 
do modelo assistencial, respondendo a uma nova concepção de saúde não mais 
centrada na doença, e sim na promoção da saúde e da qualidade de vida da 
população. (BRASIL, 2000). Bromberger (2003) complementa que o PSF é uma 
estratégia de aprimoramento e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) que 
possibilita a reorientação das ações ao nível ambulatorial e domiciliar, focalizando o 
indivíduo, a família e a comunidade. Ainda salienta que as ações do PSF são 
realizadas através da educação em saúde, destacando: a promoção da saúde, a 
participação da comunidade, o trabalho interdisciplinar e intersetorial entre equipe de 
saúde família e comunidade. 
Acredita-se que esta estratégia de saúde da família é a ferramenta mais 
potente já criada para intervenção em assistência, prevenção de doenças e 
promoção da saúde no Brasil. Tal programa tem como um recurso estratégico 
principal a superação do modelo assistencial, buscando facilitar o acesso aos 
serviços de saúde e fornecer um atendimento personalizado, de forma mais 
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acolhedora, mantendo vínculos diretos com a clientela e estabelecendo 
responsabilidades com relação à manutenção da saúde da comunidade. 
Neste sentido, o PSF ocupa um espaço de elaboração e construção de 
novas práticas de saúde, atuando como uma nova forma de pensar e fazer saúde. 
Tal estratégia é uma proposta que traz em sua base metodológica o processo de 
humanização do atendimento dos usuários nos serviços de saúde. Esse é um dos 
grandes desafios do PSF, transparecer que sua atuação não é simplificada, mas sim 
ampliada no território da atenção básica, integrando as práticas preventivas e 
educativas, mais perto da realidade da população que pertence. (SOUSA, 2000). 
Assim, faz renascer uma nova dinâmica para a estruturação dos serviços de saúde, 
bem como sua interação com a comunidade nos diferentes níveis de atenção. Tal 
estruturação assume o compromisso de prestação do serviço em âmbito universal, 
integral, equânime, contínua e acima de tudo resolutiva à população assistida. 
(SOUSA, 2000). 
A unidade de saúde da família (USF) segue as diretrizes operacionais que 
regem o PSF. Trata-se

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