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Compostagem: Transformação de Resíduos Orgânicos

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Tratamento da fração 
úmida
I. Compostagem
O que é compostagem?
A compostagem é um processo de 
decomposição oxidativo biológico aeróbio e 
controlado de decomposição de resíduos 
orgânicos em produto estabilizado, com 
propriedades e características completamente 
diferentes do material que lhe deu origem.
Decomposição = “milagre” da natureza.
Basta criarmos as condições para os microorganismos 
“trabalharem de graça e com alegria”;
Em linguagem simplificada
Processo biológico: o “trabalho” é 
realizado por colônias de bactérias, 
fungos e actinomicetos.
A diferença entre estes microorganismos refere-se ao 
que “gostam de comer” e ao ambiente que necessitam 
para desenvolver suas colônias (característica dos 
nutrientes, umidade e pH);
Em linguagem simplificada
Processo oxidativo aeróbio:
escolhemos microorganismos que 
digerem os nutrientes “respirando” 
oxigênio (processo aeróbio) e 
“trabalhando” rápido
1. com isso nos livramos de microorganismos que não 
precisam de oxigênio para a digestão, mas liberam 
gases indesejáveis e o processo fica muito lento 
(processo anaeróbio);
2. Digerir significa se alimentar, mas também 
desagregar as moléculas da matéria orgânica.
Em linguagem simplificada
Processo controlado: é necessário 
cuidar do ambiente (substrato) para 
atingirmos nossos objetivos.
1. Precisamos “ajudar” os microorganismos a atingir as 
fases do processo que garantam o composto de 
qualidade, livres de organismos patógenos.
Em linguagem simplificada
Produto estabilizado: composto 
livre de matéria orgânica, odores ou 
insetos.
Para isso é necessário cumprir dois estágios, 
subsequentes: composto semi-curado e composto 
curado;
O composto semi-curado resulta do processo de digestão da matéria 
orgânica pelos microorganismos. Significa eliminar a carga orgânica e os 
problemas ambientais dela derivados, como emissão de gases (NH4).
O composto curado significa o resultado de um processo de 
transformação em humus da matéria compostada. Esse é o atributo 
esperado para utilização como condicionador de solo, em agricultura.
Em linguagem simplificada
Matéria 
orgânica
(verde + 
castanho)
Microorganismos Oxigênio+ =
CO2
Matéria 
orgânica 
estável
+ + +
+
Água Calor
Compostagem = processo de transformação bioquímica
A “mágica” consiste, portanto, em juntarmos 
dois tipos de materiais:
VERDES: materiais ricos em nitrogênio
CASTANHOS: materiais ricos em carbono
Na compostagem, sob a ação do oxigênio molecular a 
oxidação se faz completa desmembrando-se completamente a 
molécula orgânica, cedendo toda sua energia potencial 
disponível (hidratos de carbono) e formando subprodutos 
(carbonatos e cinzas), que induzem ainda o ambiente a uma 
considerada alcalinidade.
Nestas condições de aerobiose, instala-se também um 
processo de antibiose ou de antagonismo microbiano intenso, 
produzido pela proliferação de fungos e de bactérias 
esporuladas aeróbicas. Ao associarem-se os fatores energia 
calórica (produzida pela fermentação), alcalinidade (produzida 
pela putrefação), antibiose e um determinado tempo de 
exposição, obtêm-se condições seguras para o controle eficaz 
dos germes patogênicos, ovos, larvas, oocistos, etc.
Explicação científica
Na compostagem os materiais VERDES são a principal fonte 
de comida para os microrganismos, que se associam e ao 
mesmo tempo competem para devorar o “almoço”. Os 
materiais CASTANHOS são o combustível, a fonte de energia, 
para os microorganismos agirem. Dessa “batalha”, controlada, 
resulta um ambiente com determinada temperatura e 
alcalinidade que eliminam os microorganismos causadores de 
doenças.
Explicação simplificada
Importante destacar que este processo de digestão é exotérmico. Essa 
exotermia exige controle para que sejam atingidos gradientes facilitadores da 
ação de grupos distintos de microorganismos. São duas as fases: mesofílica
(até, aprox. 40 graus Celcius) e termofílica (até aprox. 65 graus Celcius). Se 
conseguirmos manter o substrato por algum tempo sob temperatura da fase 
Termofílica, sementes de ervas daninhas será desativadas e organismos 
patógenos destruídos.
O tempo de transformação dependerá da qualidade dos materiais e do 
processo utilizado.
A produção de composto orgânico será sempre realizado em duas etapas. 
Na primeira etapa o processo gera o que denominamos pré-composto, no 
qual é efetuada a digestão aeróbia da carga orgânica.
Em instalações industriais que processam Resíduos Sólidos Urbanos o 
ciclo para esta fase é regulado entre 24 e 48 hs, com alto controle de 
diversas variáveis, especialmente a relação verde/castanho, a 
granulometria e a umidade.
Em processos artesanais esta fase se realiza, tipicamente, entre 40 dias e 
seis meses. A qualidade do composto dependerá da qualidade dos 
materiais e do controle do processo. 
A segunda etapa denominamos fase de maturação. Esta fase tem por 
objetivo humificar o pré-composto, transformando-o em composto 
orgânico. Dura, indistintamente, cerca de 90 dias.
Quanto tempo dura o processo de compostagem?
1. Em princípio qualquer material orgânico é compostável;
2. Alguns cuidados, porém, devem ser observados:
VERDES (preferencial): restos do preparo de alimentos
• Legumes, hortaliças, frutas, cereais, casca de ovos, 
borra de café, penas de aves, etc.
VERDES (pode, mas de preferência evitar):
• Alimentos temperados, gordura animal, óleos, carnes, 
etc.
O que pode e o que não pode ser utilizado?
CASTANHOS (preferencial): fibras finas e secas
• Aparas de grama, algas marinhas, papéis sem tinta 
(guarda-napos usados), feno, palha, serragem, cavacos 
de madeira (longo prazo de degradação)
O que pode e o que não pode ser utilizado?
CUIDADO ESPECIAL: lodo de esgoto
• Rico em microorganismos e em metais pesados
O que pode e o que não pode ser utilizado?
Nota
As cidades produzem, em escala significativa, “lixo” e esgoto. 
A fração orgânica do “lixo” no Brasil é muito elevada e onde o 
esgoto é tratado há enormes quantidades de lodo. 
Nesse sentido há usinas de compostagem de escala 
industrial projetadas para utilizar “lixo” e lodo de esgoto na 
produção de composto orgânico.
Qual a proporção entre VERDES e CASTANHOS ?
VERDES
CASTANHOS
Relação inicial de massa - Carbono 30 : 1 Nitrogênio
Dez partes do carbono são incorporadas à massa e vinte partes são 
eliminadas como gás carbônico (CO2)
Relação final de massa - Carbono 10 : 1 Nitrogênio
BACTÉRIAS:
• Função:
- Decompor a matéria orgânica;
- Aumentar a disponibilidade de nutrientes;
- Agregar partículas no solo;
- Fixar o nitrogênio
• Decompõem:
- Açúcares;
- Amidos;
- Proteínas;
- Outros nutrientes de fácil digestão.
MICROORGANISMOS: Afinal o que fazem as bactérias?
FUNGOS:
• Função:
- Decompor a matéria orgânica resistente;
- Formação do húmus;
- Fixação do nitrogênio;
- Decomposição do composto em alta 
temperatura.
MICROORGANISMOS : Afinal o que fazem os fungos?
ACTINOMICETOS:
• Função:
- Degradação do material celulósico;
- Formação do húmus;
- Fixação do nitrogênio;
- São maus competidores;
- Não atuam com baixo pH.
MICROORGANISMOS : Afinal o que fazem os actinomicetos?
Temperaturas indesejáveis
70o
60o
50o
40o
30o
20o
Fase termófila
Fase mesófila
Início da decomposição
Instalação do processo
Temperatura
Parâmetros para controle do processo: TEMPERATURA
Nota
Genericamente no processo de compostagem, a temperatura se eleva, de 15 a 20 
graus Celsius nas primeiras 24 horas..
Bioestabilização Humificação
Temperatura
Parâmetros para controle do processo: TEMPERATURA
Tempo
Composto curadoComposto semi- curado
Fase termófila
Fase mesófila
Temperatura 
ambiente
90 dias24 horas a seis meses
40 
0
C
65 
0
C
Excessiva
70%
60%
50%
40%
30%
20%
Tolerável
Ótima
Umidade
Parâmetros para controle do processo: UMIDADE
10%
0%
Baixa
Péssima
Condições para o processo de compostagem
Nota
Comumidade muito baixa o processo para. Com umidade muito alta o processo é 
continuado de forma anaeróbia.
Excessiva
70%
60%
50%
40%
30%
20%
Tolerável
Ótima
Umidade
Parâmetros para controle do processo: UMIDADE
10%
0%
Boa
Excelente
Condições para o produto acabado
O2 = 0,5% a 2%
LEIRA
Parâmetros para controle do processo: OXIGENAÇÃO
Internamente
O2 = 18% a 20%
Região externa
Parâmetro técnico: insuflação diária de 0,3 a 0,6 m3 de ar por Kg de substrato
Compostagem: sistema de leiras
Equipamento para 
revolvimento da leira
Tendências de evolução das principais variáveis: pH
pH
dias
7
9,5
Tendências de evolução das principais variáveis: UMIDADE
UMIDADE
dias
20%
80%
Tendências de evolução das principais variáveis: MATÉRIA ORGÂNICA TOTAL
MATÉRIA ORGÂNICA TOTAL
dias
0 %
Tendências de evolução das principais variáveis: NITROGÊNIO TOTAL
NITROGÊNIO TOTAL
dias
Tipos de processo: caseiro
REATOR BIOLÓGICO (In-Vessel)
Substrato
Lixiviado
A tampa deve admitir perda de 
umidade (melhor um telado)
Bombona ou tambor plástico
Nota
Esse é o padrão da composteira doméstica, com volume nominal de 50 a 100 litros. Funciona perfeitamente 
desde que bem cuidada (dá tanto trabalho quanto um aquário). Bem cuidada não gera odores, nem insetos. 
O lixiviado, este sim, atrai insetos e deve ser sistematicamente descartado na rede de esgoto (e não nas 
plantas). Um reator desse tipo gera de 5% a 10% de lixiviado, em volume.
Nota
Composteira típica de sítio. Pelo volume observado, provavelmente 
não há revira. Logo, a cobertura de cada descarga de resíduos deve 
ser feita com capim seco bem armado para incorporação de 
oxigênio. Nesse caso é indispensável a proteção contra a entrada de 
água de chuva. Nesse tipo de processo estático, cumulativo, o 
resultado final – composto orgânico, será obtido entre seis meses e 
um ano. Devido à saturação da base neste tipo de sistema 
inevitavelmente ocorre anaerobiose com liberação de odores 
desagradáveis e atração de vetores.
Recipiente inadequado para compostagem, pois terá 
que dar conta do recolhimento do lixiviado. Necessita, 
ainda, de um telado de proteção contra insetos (mosca 
de fruta, especialmente).
Exemplos de 
composteiras caseiras 
divulgadas via internet.
Exemplo de situação inadequada para compostagem. Não há controle do lixiviado 
nem de vetores.
Qualquer arranjo resultará na digestão da carga orgânica, variando somente o tempo 
(de curto a muito alto); a qualidade do composto (quanto mais tempo levar menor 
será a taxa de Nitrogênio) e o impacto ambiental e à saúde (de nenhum a 
moderado).
Não se coloca terra na composteira. O substrato deve ser formado 
apenas pela mistura do verde com o castanho. Quem quiser lidar com 
terra deverá trabalhar com vermicompostagem (tão bom quanto). Ao 
invés da digestão orgânica ocorrer por meio de microorganismos, dar-
se-á através de minhocas, de preferência minhocas californianas 
(Mercado Livre: 100 minhocas por R$26,90).
Sistema Kiehl: produção de composto orgânico a partir da utilização de restos de 
produção agrícola, especialmente palha e restos vegetais (castanho) e de criação animal, 
especialmente fezes (verde), que são aqui denominados de meios de fermentação. Estabilização 
através de sistema de leiras revolvíveis. E. J. Khiel foi professor da Escola Superior de Agricultura 
Luís de Queirós – ESALQ de Piracicaba. É um dos principais cientistas brasileiros nessa área de 
conhecimento.
Tipos de processo: escala rural
Sistema UFSC – PMSP/ INOVA
Tipos de processo: perfil rural, em meio urbano
Sistema semi-artesanal implementado pela concessionária Inova no município de São 
Paulo. O processo utiliza leiras estáticas (sem revolvimento) mesclando camadas de 
resíduos orgânicos de feiras livres e palha obtida no Ceasa (palha de capim utilizada no 
transporte de melancia e melões). Embora não haja revira, o sistema funciona 
adequadamente em regime de digestão aeróbia, em razão do alto índice de vazios 
proporcionado pelas camas de palha, e pela rede de drenagem que capta e afasta não 
somente o lixiviado, mas o excesso de umidade que ocorre em períodos de maior 
pluviometria. 
O ciclo de produção de composto orgânico é de 4 a 5 meses. 
Embora haja, no momento, cinco áreas desse tipo na cidade de 
São Paulo, operadas pela Inova, fica claro que o sistema embora 
eficiente, não é compatível com a escala da cidade. É um 
sistema muito interessante para cidades com cerca de 50.000 
habitantes, como Rio Grande da Serra, por exemplo.
Caixa de passagem 
de drenagem
LEIRA
Tipos de processo: escala rural - industrial
LEIRAS REVOLVIDAS (Windrow)
Embora a leira seja utilizada, como regra, somente na segunda etapa do processo de compostagem -
maturação, comumente remanesce alguma carga orgânica A utilização de leira para maturação ou 
estabilização ou cura ou humificação (sinônimos) somente é recomendada em regiões de baixa pluviometria 
( a menos que haja rede de captação de lixiviado e água excedente), sob pena do encharcamento 
continuado da massa produzir digestão anaeróbia (alongamento de prazos e geração de odores). O 
revolvimento é um requisito necessário para alimentar de oxigênio o processo aeróbio. 
Tipicamente as leiras 
apresentam como geometria 
um triângulo com 2,0 a 3,0 
metros de base e 2,0 a 2,40 
metros de altura. O 
comprimento somente 
dependerá do espaço 
disponível.
Revira mecânica de leira. Compostagem verde. Grande Paris-Fr.
LEIRA
Tipos de processo: rural - industrial
LEIRAS ESTÁTICAS AERADAS (Static pile)
Insuflador de ar
Insufladores ativados por aeradores de porte industrial. Resulta em alto 
consumo de energia.
Sistema Carel-Fouché_Languepin
Tipos de processo: escala industrial
Observar que os resíduos são triturados, peneirados e elevados a uma torre de seis estágios, dotada 
de dispositivos para controle da umidade e oxigenação do substrato. O ciclo de digestão é de seis dias. 
O pré-composto produzido é, posteriormente, disposto em leiras para maturação, por mais 90 dias.
Tipos de processo: industrial
Sistema industrial de compostagem mais difundido pelo mundo nas décadas de 1970 e 1980. O sistema DANO 
utiliza cilindros rotativos com cerca de 3 m de diâmetro e eixo longitudinal levemente inclinado, como reator para 
promover a digestão aeróbia da carga orgânica. Os materiais permanecem dentro dos bioestabilizadores, girando 
e se fragmentando, por um, dois ou três dias, dependendo do comprimento, com velocidade de rotação superior 
a 1,5 rpm. O produto resultante é chamado de pré-composto e não possui qualidade suficiente para uso agrícola 
"in natura", devido a sua maturação incompleta, devendo terminar o processo em leiras para atingir o nível de 
maturação aceitável para fins agrícolas.
Sistema DANO
Na década de 1970, no estado de São Paulo, foram instaladas duas usinas de tecnologia dinamarquesa –
DANO, duas no município de São Paulo – Vila Leopoldina e São Mateus, e mais duas na década de 1980 nos 
municípios de Santo André, junto ao Aterro Sanitário público e no município de São José dos Campos. Todas as 
quatro usinas foram instaladas para processar “lixo” indiferenciado.
Usina de compostagem vila Leopoldina – SP (sistema DANO)
Usina de compostagem de Santo André (sistema DANO)
Instalada no aterro cidade São Jorge foi desativada e desmontada para permitir 
a ampliação do aterro sanitário.
Uma alternativa ao processo de compostagem anteriormente descrito é a vermicompostagem. O mercado 
oferece grande variedade de dispositivos, tipicamente composto por três caixas plásticas empilhadas. A 
função da caixa inferior será coletar, acumular e drenar o lixiviado gerado no processo. A carga orgânica é 
colocada, inicialmente, na caixa superior, previamente abastecida com terra. É preferencial o uso de um tipo 
específico de minhoca. A minhoca californiana se distingue pela voracidade na digestão dos alimentosdepositados. Estas minhocas são amplamente comercializadas [Mercado livre, 100 minhocas = R$26,90]. 
A lâmina, a seguir, informa detalhadamente o processo a partir de uma experiência, dentre 
inúmeras, apresentadas na internet. Para a escala doméstica esta solução é muito interessante 
e eficiente.
Compostagem, e daí?
Vamos refletir sobre a realidade brasileira
1. A lei federal 12.305/2010 (PNRS) 
obriga o tratamento do RSU antes 
de sua disposição final.
Cenário brasileiro
Cenário brasileiro
2. Mais da metade, em massa, dos 
RSU gerados no Brasil é representada 
pela fração úmida. 
Cenário brasileiro
3. No âmbito dos RSU a fração úmida
concentra o maior potencial de impactos 
ambientais negativos e riscos à saúde 
humana. 
Cenário brasileiro
4. Historicamente a disposição final de RSU no 
Brasil é realizada:
i. A céu aberto (lixão) ou com simples cobertura com 
terra (aterro controlado), predominantemente, em 
municípios de até 50.000 habitantes; e
i. Em aterros sanitários com controle parcial dos 
impactos ambientais.
Cenário brasileiro
5. Embora contrariando a Lei Federal, 
essa situação deve perdurar por mais 
algumas décadas. 
Diferente do folclore brasileiro que dispõe sobre leis que pegam e não pegam a lei 12.305/2010 já 
pegou, do jeito brasileiro. É uma lei transformadora e está obrigando os prefeitos municipais a 
saírem de sua zona de conforto. Não cumprir lei gera, para os prefeitos, ação de improbidade 
administrativa e inegibilidade (ponto fraco dos políticos). 
A primeira atitude, claro, foi postergar prazos para as obrigações. Consumiremos duas décadas 
com essa postergação, mas as obrigações continuam existindo.
O desafio presente é o do financiamento de empreendimentos de saneamento, não somente para 
eliminar lixões, mas principalmente para se efetivar a triagem na fonte e o tratamento dos RSU. 
Veremos no curto prazo uma alteração no marco legal do saneamento básico no Brasil (já 
aprovado no Senado Federal), tirando dos municípios a titularidade da prestação deste tipo de 
serviço, transferindo essa atribuição para a Agência Nacional de águas – ANA. 
Essa alteração possibilitará ampliar a participação do capital privado na área de saneamento 
básico, especialmente esgotamento sanitário e resíduos sólidos.
Veremos ao longo da década de 2020 uma franca transformação no cenário de manejo de RSU 
nas grandes cidades (as que darão muito lucro para o capital privado). Veremos essa 
transformação nas cidades médias num horizonte de três décadas (médio lucro). As cidades 
pequenas, com pouco potencial de retorno do capital, mesmo que consorciadas, ficarão pior do 
que hoje estão. Não terão perspectiva de serem alcançadas por empreendimentos privados e os 
municípios continuarão sem capacidade de investimento nessa área.
Cenário brasileiro
6. Num cenário de médio prazo (10-15 anos) os 
municípios com maior capacidade técnica e de 
recursos financeiros tendem a caminhar para uma 
“solução primária” de disposição final de RSU, 
associando tratamentos voltados à REDUÇÃO do 
volume de aterramento e, consequentemente, 
REDUÇÃO do potencial de impacto ambiental dos 
resíduos e à valorização energética, através do 
biogás.
Essa solução primária tem nome:
Tratamento Mecânico Biológico
TMB, ou
Bingo! Uma instalação para Tratamento Mecânico Biológico significa que todo 
RSU indiferenciado coletado é enviado para duas linhas de processamento 
articuladas, após uma etapa preliminar de triagem, onde serão separados 
metais, plásticos, madeira, borracha, trapo etc. Nesta primeira etapa só não 
deveremos admitir que essa triagem seja feita manualmente, como concebido 
há quase cinquenta anos atrás, mesmo que sob o argumento de geração de 
trabalho num ambiente de alto desemprego. Devemos dizer NÃO. Por uma 
razão ética não devemos concordar com essa postura, uma vez que toda essa 
triagem poderá ser realizada de forma mecanizada. Ofereçamos, como 
alternativa, capacitação e trabalho digno para as pessoas!
A primeira linha do material triado terá por objetivo produzir biogás, para suprir 
de energia todo o sistema (objeto da próxima aula). A segunda linha 
processará o material para gerar composto orgânico, para depois aterrar.
Isso mesmo, aterrar!
Observem esta composteira em processo de 
monitoramento, 22 dias após sua instalação. 
Quando da instalação da composteira o substrato 
ocupava 100% do volume do recipiente. A 
redução de volume, que pode alcançar 60% do 
volume inicial, se explica pelo abatimento da 
massa com a diminuição do índice de vazios, 
pelo volume de lixiviado gerado e liberação de 
CO2. Logo, aterrar um pré-composto, sem valor 
comercial, pois contaminado por metais pesados 
e, especialmente, vidro, originado de RSU 
indiferenciado é vantajoso no que se refere à 
redução de volume, com impacto favorável na 
vida útil do Aterro Sanitário.
Mas não é só isso, após o processamento o pré-
composto estará livre de grande parte da carga 
orgânica, portanto, isento de emissão de metano 
e chorume.
Não é, realmente, vantajoso?
Cabe perguntar: por que aterrar algo que gerou custos de energia, depreciação 
de capital, mão de obra, manutenção e amortização de equipamentos, etc.?
Caberia, ainda a pergunta, mas isso 
não encarecerá a disposição final?
Sim, sem dúvida. Descartar “lixo” em 
lixões é muito mais barato do que 
cobrir o “lixo” com terra, que, por sua 
vez, é incomparavelmente mais 
barato do que dispor em Aterro 
Sanitário, este muito mais barato do 
que TMB. Em suma, a sociedade tem 
que pagar o preço pela contrapartida 
de melhoria ambiental.
O diagrama, a seguir, nos informa sobre o caminho a ser percorrido, em 
processo de TMB, no segmento compostagem, pelos RSU.
Como há uma triagem inicial e espera-se que seja totalmente 
mecanizada, uma parte pequena do volume de resíduos será 
recuperada para reciclagem, havendo rejeito a ser destinado para 
aterro sanitário.
No processo de digestão aeróbia haverá a liberação de lixiviado 
(chorume), que deverá ser enviado para desativação da carga biológica 
em Estação de Tratamento de Esgotos por lodo ativado (assunto já 
tratado na última aula).
Após o processo de trituração, para reduzir a granulometria da carga 
orgânica, homogenização e fermentação, que num processo de escala 
industrial levará de 24 horas a três dias, o pré-composto, resultado do 
processo será destinado ao aterramento, em contraste com os 
processos convencionais instalados no Brasil há mais de quarenta 
anos, que previam a comercialização do composto orgânico, mesmo 
contaminado. 
Gerador
RSU Indiferenciado
Recepção
Triagem Mecânica
Manual
Reciclado
Baixo valor
Reciclado
Baixo valor
Trituração
RejeitoRejeito
Disposição 
final
Disposição 
final
Homogeneização
Fermentação
Maturação
Consumidor
Aterramento
(TMB)
Lixiviado 
(chorume)
COMPOSTAGEM
Processo em escala
ETE
Em síntese, hoje no Brasil são gerados cerca de 205.000 t/dia de RSU e desse 
total mais de 100.000 t/dia constitui a fração úmida. Dessa fração úmida podemos, 
através da gestão diferenciada de RSU efetuar a segregação na fonte (feiras livres, 
mercados, restaurantes, etc.) de cerca de 5% a 7,5%, em massa, da fração úmida 
desses resíduos e destiná-los a processos de compostagem para produção de 
composto orgânico de qualidade para uso na agricultura. A produção agrícola no 
Brasil ganha cada vez mais destaque como setor dinâmico da economia brasileira 
e demanda, correntemente, enormes quantidades de fertilizantes sintéticos, sendo 
o Brasil um dos maiores importadores mundiais deste tipo de insumo. Em 
contraste, descartamos em aterros sanitários enormes quantidades de nutrientes, 
contidos na fração úmida dos RSU. Compostamos hoje no Brasil, se muito, 0,01% 
da massa de RSU gerado. Temos potencial para substituir parte da importação de 
fertilizantes (nitrogênio), por composto orgânico, que além de rico em nitrogênioconstitui inigualável condicionador de solo, nas quantidades sugeridas na lâmina a 
seguir.
Mas, o que fazer com o restante da massa de RSU? O que não for triado na fonte 
constituirá o resíduo indiferenciado que poderá seguir duas rotas: TMB ou 
valorização energética através da incineração.
Quer dizer que dispormos RSU indiferenciado em aterro sanitário não está entre as 
alternativas de rota?
_Claro que não. Desde 2010 a PNRS dispõe que só pode ter disposição final em 
aterro sanitário o rejeito do tratamento dos RSU.
Gravimetria sintética da geração de RSU, hoje no Brasil
Fração úmida
Cerca de 52%
Fração seca
(recicláveis)
Cerca de 35%
Outros
(resíduos de varrição urbana)
Carca de 13%
Fração úmida: 
potencial de 
segregação na fonte
5,0 – 7,5 %
Brasil: 5.000 t/dia
RMSP (39 municípios): 1.300 t/dia
Região do ABC (07 mun.): 130 t/dia
Santo André: 34 t/dia
Compostagem: 0,01%
QUESTÕES
Q5_14: O que fazer com o lixiviado resultante do processo de 
compostagem?
Q6_14: No processo de compostagem o que devemos fazer para 
gerar um composto orgânico livre de patógenos?
Bibliografia:
(1) OLIVEIRA, L. Isolamento e identificação de microorganismos em processos de 
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04 pág.;
(2) LIMA, Gilson L. O destino das sobras, in: (Des)construindo o caos. Perspectiva: coleção 
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(3) PHILIPPI Jr. A. (org). Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um 
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(4) MONTEIRO, J. H. P. et al. Gestão integrada de resíduos sólidos: manual de 
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(5) IPT/ CEMPRE (Compromisso empresarial para a reciclagem). Lixo Municipal: manual de 
gerenciamento integrado. Publicação IPT No. 2.163. São Paulo, 1996;
(6) PEREIRA NETO, João T. Manual de compostagem: processo de baixo custo. 
Universidade Federal de Viçosa/ SLU/ UNICEF. Belo Horizonte, 1996;
(7) LIMA, Luís Mário Q. Lixo: tratamento e biorremediação. Hemus. São Paulo, 1995.
(8) KIEHL, E. J. Metodologia da compostagem e ação fertilizante do composto de resíduos 
domiciliares, ESALQ-USP, Piracicaba, 1979.

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