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DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL APLICADOS 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 MÓDULO 1: PRINCÍPIOS DAS CIÊNCIAS CRIMINAIS TEMA 5 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS V 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 Aula II – Soberania dos Veredictos TEXTO NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Expressamente prevista no art. 5°, XXXVIII, c, da Constituição Federal, a soberania dos veredictos é o que garante ao Tribunal do Júri sua supremacia perante quaisquer outros órgãos jurisdicionais, em qualquer instância de julgamento. Considerar o veredicto popular como soberano implica em reconhecer não poder ser ele substituído por outra decisão proferida por magistrados togados, nem sequer em grau de recurso. A previsão constitucional, portanto, busca garantir ser a decisão dos jurados a única a prevalecer em relação aos crimes dolosos contra a vida. Portanto, uma decisão proferida pelo Tribunal do Júri apenas pode ser substituída por outra também proferida pelos jurados. APELAÇÃO É justamente o que se dá na apelação com fundamento no art. 593, III, d, do Código de Processo Penal. Caso o Tribunal de Justiça entenda ser a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos, não poderá proferir decisão de absolvição ou condenação, cabendo ao Tribunal de segunda instância apenas determinar a realização de novo julgamento perante o Júri, de forma que a nova decisão dos jurados substitua a anterior (art. 593, § 3º, CPP). 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 Contudo, a apelação fundada em decisão manifestamente contrária à prova dos autos poderá ser manejada uma única vez, não estando o segundo veredicto sujeito a nova apelação pelo mesmo fundamento. Cabe destacar que, assim como o Tribunal de Justiça não poderá absolver ou condenar o acusado, também não poderá afastar as qualificadoras reconhecidas ou inserir novas qualificadoras, posto que tais circunstâncias também são quesitadas ao conselho de sentença, assim como o privilégio. Importante ainda notar a seguinte situação: imagine que, após a votação, os jurados tenham reconhecido a materialidade e autoria delitivas, porém tenham respondido positivamente ao quesito “o jurado absolve o réu?”. Nesta situação não caberá recurso de apelação com fundamento no art. 593, III, d, do CPP, posto haver o júri interpretado corretamente as provas produzidas, entretanto, soberanamente, optou por absolver o acusado. Note-se que a soberania também garante aos jurados a desnecessidade de fundamentação de suas decisões, permitindo que julguem de forma absolutamente livre, de acordo com sua mais íntima convicção. REVISÃO CRIMINAL Questão atualmente controvertida refere-se à função da revisão criminal no âmbito das decisões proferidas pelo Júri. Infelizmente, diversos tribunais brasileiros tem entendido ser possível, em sede de revisão criminal, absolver diretamente o acusado, possibilitando a substituição do veredicto pelo acórdão revisional. 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 Tal entendimento, contudo, embora privilegie o favor rei, nos parece de todo inconstitucional. O Tribunal do Júri é o juiz natural para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, sendo sua decisão soberana, inexistindo hierarquia entre o conselho de sentença e o magistrado togado. A Constituição Federal não criou qualquer exceção à soberania dos veredictos, ao contrário, atribui-lhe a característica de garantia fundamental do cidadão e cláusula pétrea. Assim, onde a norma não excepciona, não cabe ao Poder Judiciário excepcionar, conferindo, a si mesmo, maior competência jurisdicional do que a constitucionalmente atribuída. Nesta situação o Poder Judiciário acaba por imiscuir-se em competência alheia, ampliando sua própria competência em detrimento da competência do Júri. A solução, portanto, na hipótese de entender-se ser a revisão criminal procedente, deve ser a realização de um novo e último julgamento perante o Tribunal do Júri. Esta é, em nosso entendimento, a única conclusão possível para garantir-se a efetividade ao princípio da soberania dos veredictos. LEITURA COMPLEMENTAR O tribunal do júri está previsto no art. 5º, XXXVIII, da Constituição Federal, como uma garantia para o julgamento dos denunciados por crimes dolosos contra a vida (e crimes conexos). Nesse diapasão, um fundamento para a sua existência é o caráter democrático de tal julgamento, haja vista que o tribunal do júri confere a um indivíduo a possibilidade de ser julgado por seus pares, ou seja, atribui ao povo – e não a Juízes – a função de julgar 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 https://canalcienciascriminais.com.br/category/artigos/tribunal-do-juri/ determinados crimes, podendo absolver, inclusive, por critérios não permitidos por lei, como arrependimento do acusado, desnecessidade da pena ou por mero perdão (por isso se fala em plenitude de defesa, e não mera “ampla defesa”). Nucci (2015) afirma que a participação popular no Judiciário, por meio do tribunal do júri, é enaltecida por muitos por ser uma forma de exercer a cidadania e a democracia, pois a decisão proferida seria respeitada em homenagem ao princípio da soberania dos veredictos. No entanto, pergunta-se: o princípio constitucional da soberania dos veredictos é absoluto? A resposta é negativa, haja vista que tal princípio, apesar de sua previsão constitucional, pode ser relativizado. Para a íntegra do texto, segue link abaixo: Tribunal do júri: o princípio da soberania dos veredictos pode ser relativizado? LEGISLAÇÃO Constituição Federal Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 https://canalcienciascriminais.com.br/principio-soberania-veredictos/ d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Código de Processo Penal – CPP (Decreto-Lei nº 3.689, de 03 de Outubro de 1941) Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco)dias: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) § 1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 § 2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) § 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) § 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 263, de 23.2.1948). JURISPRUDÊNCIA PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO. PRINCÍPIO DA SOBERANIA DOS VEREDICTOS. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL A QUO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO. NECESSIDADE DE REEXAME FÁTICO. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Não afronta o princípio da soberania dos veredictos do júri, previsto no artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea c, da Constituição da República, a decisão devidamente fundamentada do Tribunal a quo que anula julgamento manifestamente contrário à prova dos autos. 2. É impossível dissociar a análise de eventual violação ao princípio da soberania dos veredictos do reexame fático nos casos em que o motivo da anulação do julgamento proferido pelo júri é justamente o de que a decisão seria manifestamente contrária à prova dos autos. 3. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no AREsp: 1119026 PA 2017/0149550-2, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento: 19/04/2018, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 02/05/2018). 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/L263.htm#art8 BIBLIOGRAFIA NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. Rio de Janeiro: Forense, 2015. NUCCI, Guilherme de Souza. Júri - Princípios Constitucionais. São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999. 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7 46 47 92 37 89 7
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