Prévia do material em texto
Bruna Siqueira de Arruda - Medicina AN����I� D� �ÍGA�� � �A V��ÍCU�� ��LI�� ────────────────── Fíga�� ─────────────────── Loc����ação O fígado ocupa o quadrante superior direito (QSD) e o quadrante superior esquerdo (QSE); está localizado nas seguintes regiões abdominais: hipocôndrio direito (quase totalmente), epigástrio e hipocôndrio esquerdo (pouco). Localiza-se abaixo do diafragma, dominando a topografia da parte superior do abdome. Obs.: Em recém nascidos, o fígado possui um tamanho muito maior devido a sua função hematopoiética na vida fetal. 1 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina O fígado é quase que inteiro protegido pelas costelas (principalmente pelo arco costal direito, como pode ser observado na imagem). Porém, por ter sua posição determinada pelo diafragma e pelos pulmões, nem sempre há o aumento do órgão quando ele pode ser palpado. Fac�� �� fíga�� FACE DIAFRAGMÁTICA: face em forma de cúpula, que inclui áreas lisas (peritoneais) e a área nua áspera; relaciona-se com a face inferior do diafragma; recoberto por peritônio visceral, exceto na área nua. FACE VISCERAL: face relativamente plana e côncava, direcionada para baixo, para trás e para esquerda; está em contato com as vísceras (é marcado por diversas impressões resultantes desses contatos) e é onde se encontra o hilo hepático. Face diafragmática Face visceral 2 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Áre� ��a O fígado é revestido por peritônio visceral, mas há uma parte livre de revestimento, denominada área nua. Esta área é demarcada pela reflexão do peritônio do diafragma para o fígado e está à direita da VCI e posterior ao órgão (face diafragmática). Possui aspecto áspero. Refl�xões ����to���i� Na região superior do fígado, abaixo do diafragma, o peritônio rebate e reveste o fígado. Essa reflexão forma os recessos subfrênicos (direito e esquerdo), entre a face diafragmática do fígado (parte anterior e superior) e o diafragma. Abaixo do fígado, o peritônio sofre outra reflexão e reveste o rim direito, formando o recesso hepatorrenal, situado mais especificamente entre a face visceral do fígado e o rim e a glândula suprarrenal direitos. O recesso hepatorrenal se comunica anteriormente com o recesso subfrênico pelo espaço sub-hepático (abaixo do fígado, onde outros órgãos estão localizados). Vistos em exames de imagem, os recessos são bem pequenos, preenchidos por uma fina camada de líquido peritoneal (que impedem o colabamento). 3 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Lob�� ��atômi��� d� �íga�� DIREITO: maior lobo hepático ESQUERDO: pequeno e pontiagudo à esquerda CAUDADO: visto somente em face visceral; posterior e superior QUADRADO: visto somente em face visceral; anterior e inferior. 4 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina 5 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Observe a área nua em aspecto mais opaco que o restante do órgão (pela falta de peritônio visceral). Lig����to� ��páti��� Ligamento falciforme: dobra de peritônio que limita lobo esquerdo e lobo direito; responsável por fixar o fígado à porção inferior do diafragma e à parede anterior do abdome. Ligamento falciforme = união anterior entre os ligg. triangular esquerdo e coronário 6 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Ligamento coronário: dobra peritoneal que fixa a área nua (lobo direito) ao diafragma; circunda a superfície superior do lobo direito como uma coroa. Vista inferior Ligamento triangular esquerdo: dobra peritoneal muito pequena que fixa a parte superior do lobo esquerdo ao diafragma. Ligamento triangular direito: pequena dobra de peritônio que fixa a superfície lateral direita do fígado ao diafragma; especialização do ligamento coronário. Localizado no ápice da área nua (a pontinha inferior). 7 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Ligamento redondo: localizado dentro do ligamento falciforme. É um fragmento (resquício) fibroso da veia umbilical e fixa o fígado à parede anterior do abdome. Vista inferior 8 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Ligamento venoso: resquício fibroso da comunicação entre a veia cava inferior (VCI) e a veia porta do fígado, denominada ducto venoso (período fetal). Ligamento da veia cava inferior: fixa o lobo caudado do fígado à VCI. Observar os ligamentos nas imagens do tópico “Lobos anatômicos do fígado". 9 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Im��es�ões ���c��a�� Impressão gástrica: impressão do estômago no lobo esquerdo e no lobo quadrado. Impressão renal: impressão do rim direito no lobo direito. Impressão suprarrenal: impressão da suprarrenal/adrenal no lobo direito. Impressão cólica: impressão do colo transverso no lobo direito (inferior); observa-se a impressão de saculações. Seg���t�� �o fíga�� O fígado é subdividido em 8 segmentos funcionais. Como traçar os segmentos? - Traçar uma linha transversal → o que está ↑ é posterior e o que está ↓ é anterior. - Traçar uma linha vertical (centro) → segmentos direito e esquerdo. Subdivisões das extremidades: lateral. Subdivisões centrais medial. O segmento I é lobo caudado, também chamado de segmento posterior. A partir do I, começa-se a enumerar pela extremidade e segue em sentido horário. 10 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Hil� ���áti�� Pelo hilo hepático entram e saem estruturas. Segundo Moore: artéria hepática, veia porta e ducto colédoco Segundo Sobotta e Prometheus: artéria hepática própria, veia porta e ducto hepático comum Essas três estruturas formam a TRÍADE PORTAL (anatômica). 11 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Cir����ções ���áti��� CIRCULAÇÃO NUTRICIONAL Artéria hepática própria: o fígado tem o seu parênquima nutrido pela a. hepática própria, importante ramo do tronco celíaco. O tronco celíaco emite a artéria hepática comum. Essa emite a artéria gástrica direita e a a. gastroduodenal; depois disso, passa a se chamar a. hepática própria e entra no fígado a partir do hilo hepático. Tronco celíaco → a. hep. comum → a. hep. própria A artéria hepática própria emite 2 ramos: aa. hepáticas esquerda e direita, que emitem os ramos segmentares (uma artéria para cada um dos oito segmentos hepáticos). 12 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina 13 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina CIRCULAÇÃO FUNCIONAL - Circulação porta-hepática Veia porta: A veia porta recebe sangue com oxigenação reduzida, mas rico em nutrientes da parte abdominal do sistema digestório; o sangue é desviado para o fígado para METABOLIZAÇÃO DE NUTRIENTES → todo o sangue do estômago, baço, pâncreas e intestinos, antes de voltar para a circulação sistêmica. Obs.: LEMBRAR → V. porta = v. mesentérica superior + v. esplênica Os desvios são feitos pelas seguintes veias: V. mesentérica superior: desvia sangue do piloro, do intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) e do intestino grosso (ceco até ⅔ direito do colo transverso). V. mesentérica inferior: desvia sangue do ⅓ esquerdo do colo transverso, do colo descendente, do colo sigmóide e da parte superior do reto. V. esplênica: desvia sangue do baço, do pâncreas e de parte do estômago (parte superior da curvatura maior pela v. gastromental esquerda). Vv gástricas direita e esquerda: desviam o sangue do estômago diretamente à veia porta. Lobo direito: recebe a maior quantidade de sangue da v. mesentérica superior. Lobo esquerdo: recebe a maior parte de sangue que vem das vv. mesentérica inferior, esplênica e gástricas. Lobos caudado e quadrado: recebe uma mistura de sangue da veia mesentérica superior e das outras veias. 14 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina ──────────────────────────────────────────────────────────── Observação clínica - CIRROSE HEPÁTICA CIRROSE HEPÁTICA → processo contínuo de degeneração e cicatrização; substituição de tecido hepático normal por tecido conjuntivo fibroso (↑ rigidez do órgão). Pela formação de tecido conjuntivo fibroso, a VCI começa a ser comprimida, resultando numa congestão (reduz o lúmen, reduz a passagem de sangue). Além 15 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina disso, os capilaressinusóides do fígado são destruídos (↓ circulação) e a veia porta pode ser obstruída → o resultado destes eventos é a HIPERTENSÃO PORTAL O sangue que não está passando mais no fígado é desviado para circulações colaterais da veia porta. ──────────────────────────────────────────────────────────── ANASTOMOSES PORTOSSISTÊMICAS - circulações colaterais da veia porta - Vias de desvio de sangue Quando a circulação porta através do fígado é reduzida ou obstruída por doença hepática ou compressão física (por uma massa tumoral, por exemplo), o sangue que passaria pelo fígado é desviado para as vias colaterais (a assim chega até o átrio direito pela VCI). As anastomoses são: - Anastomose esofágica: veias esofágicas; essas veias não foram feitas para receber grande quantidade de sangue. Se houver o rompimento de veias esofágicas → para o lúmen do esôfago (vômito sanguinolento) ou para fora (hemorragia esofágica). - Anastomose retal: veias retais inferior e média; se o sangue desviado para as veias retais é excessivo, pode resultar em hemorroidas ou sangramento anal. A veia retal superior drena p/ a v. mesentérica inferior. Sangue que não consegue passar pelo fígado é desviado para: v. mesentérica inferior → v. retal superior → vv. retais média e inferior → VCI (que está congestionada, então não sobe) - Anastomose paraumbilicais: veias paraumbilicais em condições normais drenam na v. porta. Quando há alguma alteração na circulação porta-hepática (como acontece na cirrose), o sangue não consegue seguir para a v. porta e, então, volta para drenar para vv. epigástricas. Das vv. epigástricas segue para: v. ilíaca externa → v. ilíaca comum → VCI (congestionada, então o sangue não sobe com facilidade, logo as veias paraumbilicais e epigástricas ficam bastante evidentes → cabeça de Medusa). 16 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina - Anastomose retroperitoneal: vv. retroperitoneais drenam na VCI; anastomose entre as veias atrás do peritônio (retroperitoniais) com vv. intraperitoneais. Última via de desvio ativada. Quando o volume de sangue forçado pelas vias colaterais é excessivo, o resultado são varizes (dilatação anormal das veias); são potencialmente fatais se não corrigida a obstrução cirurgicamente. Veias que drenam para a porta estão em azul escuro 17 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina DRENAGEM VENOSA HEPÁTICA As veias que drenam o fígado são as veias hepáticas direita, intermédia e esquerda, que drenam para a veia cava inferior. CIRCULAÇÃO HEPÁTICA - Circulação porta e sistêmica A veia porta emite ramos, assim como a artéria hepática própria. Analisando histologicamente o parênquima hepático, observa-se lóbulos hepáticos clássicos. Em 3 cantos do hexágono, observa-se uma TRÍADE PORTAL (microscópica; histológica), formada por ramos da v. porta, ramos da a. hepática e pelo ducto biliar. O sangue que chega pelos ramos da veia porta caminha em direção a uma veia central, denominada veia centrolobular/central(no centro de cada lóbulo), assim como o sangue do ramo da artéria hepática. A união das veias centrolobulares 18 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina forma as veias hepática direita, esquerda e intermédia. A união das veias hepáticas tributam na veia cava inferior (o sangue que veio da circulação porta volta para a circulação sistêmica). A bile produzida pelo fígado sai pelo ducto biliar. Obs.: o sangue flui no sentido do centro do lóbulo hepático clássico e a bile no sentido oposto (conduzida por entre os hepatócitos em direção à periferia dos lóbulos). 19 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Ine���ção h��áti�� Fibras simpáticas chegam pelo PLEXO CELÍACO (que forma o plexo hepático). Fibras parassimpáticas chegam pelos troncos vagais anterior (n. vago esquerdo) e posterior (n. vago direito). Além da vasoconstrição e vasodilatação, a função não é clara. Pedícu�� ��páti�� Estruturas que passam pelo hilo hepático (semelhante às raízes do pulmão) Pedículo hepático = tríade hepática (a. hep. própria, v. porta e ducto hep. comum) + inervação + vasos linfáticos ──────────────── Vesícu�� ��li�� ───────────────── Loc����ação A vesícula biliar está em contato com a face visceral do fígado (situa-se na fossa da vesícula biliar), apontada para frente. Em nível de 9º costela e linha medioclavicular. A face hepática da vesícula é fixada ao fígado por tecido conjuntivo de cápsula fibrosa do fígado. 20 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Es��ut��� Três partes compõem a vesícula biliar: - Fundo → extremidade larga e arredondada do órgão; geralmente se projeta a partir da margem hepática inferior. - Corpo → parte que toca a face visceral do fígado, o colo transverso (intestino grosso) e a parte superior do duodeno. - Colo → extremidade oposta ao fundo, estreita e afilada. (Observar nas imagens a seguir) Os ductos biliares do fígado (das tríades portais) se unem e formam ductos maiores, sendo eles: ductos hepáticos direito e esquerdo. A união dos ductos hepáticos esquerdo e direito forma o ducto hepático comum. O colo da vesícula biliar é seguido pelo ducto cístico (excretor), que se une ao ducto hepático comum (ducto principal do fígado) e formam o ducto colédoco. Ductos biliares → ductos hepáticos direito e esquerdo Ducto hepático direito + ducto hepático esquerdo → ducto hepático comum Ducto hepático comum + ducto cístico → ducto colédoco 21 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina O ducto colédoco, antes de chegar ao duodeno, se une ao ducto pancreático, formando a ampola hepatopancreática → desembocam na papila maior do duodeno (bile e as secreções pancreáticas) 22 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Os ductos biliares são naturalmente corados de verde (bilirrubina → pigmento) ──────────────────────────────────────────────────────────── Cálculos biliares podem se formar pela grande quantidade de colesterol na bile ou concentração anormal da bile pela baixa ingestão de água (resulta em espessamento e cristalização). 23 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Vas����ri��ção IRRIGAÇÃO ARTERIAL Artéria cística: a irrigação da vesícula e do ducto cístico é feita principalmente pela a. cística, frequentemente originada da a. hepática direita. O local de origem da artéria cística é o trígono cisto-hepático, traçado entre a face visceral do fígado, ducto cístico e ducto hepático comum (importante na cirurgia de remoção da vesícula biliar → colecistectomia). Drenagem venosa Veias císticas: drenam toda a vesícula biliar direto para dentro do fígado. Veias císticas anterior e posterior: drenam somente o colo da vesícula biliar para a veia porta. (Observar a imagens acima) 24 Bruna Siqueira de Arruda - Medicina Ine���ção Sensitiva: nervo frênico direito (permite a sensação de dor); inervação do peritônio que reveste a vesícula biliar. Parassimpática: nervo vago - contração/compressão da musculatura da vesícula para expulsar a bile e relaxamento de esfíncteres (ducto colédoco, ducto pancreático e da ampola hepatopancreática). Simpático: apresenta funções antagônicas da parassimpática. Não é claramente entendida; acredita-se que age na compressão do ducto colédoco e no relaxamento da parede da vesícula para que possa receber mais bile do fígado (não há liberação de bile no duodeno). 25