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TEORIA DO CRIME - FATO TÍPICO

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EDUARDO LEITE RAMIRES 
 
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TEORIA DO CRIME 
Arthur Trigueiros + Marcelo André e Alexandre Salim + 
Érico Palazzo 
1. CONCEITO DE CRIME 
▪ MATERIAL: crime é o comportamento 
humano que causa lesão ou perigo de 
lesão ao bem jurídico penalmente 
tutelado. 
▪ FORMAL: é toda conduta (ação ou 
omissão) proibida por lei sob ameaça 
de pena. 
▪ ANALÍTICO: crime é a soma de 
determinados requisitos. Pela teoria 
bipartite, é fato típico + antijurídico. 
Pela teoria tripartite, a que prevalece 
na doutrina nacional e adotada pelos 
Tribunais Superiores, o crime se 
constitui de tipicidade + 
antijuridicidade + culpabilidade. 
TEORIA BIPARTITE TEORIA TRIPARTITE 
Influenciada pela 
teoria finalista 
(embora Welzel 
tenha incluído a 
culpabilidade no 
conceito de crime). 
Influenciada pela 
teoria clássica. 
 
2. FATO TÍPICO 
Qualquer que seja a teoria adotada, é o 
primeiro requisito do conceito analítico de 
crime. Segundo a doutrina, o fato típico 
poderá apresentar os seguintes elementos: 
▪ Conduta 
▪ Resultado 
▪ Nexo causal 
▪ Tipicidade 
 
2.1. CONDUTA 
Não há crime sem conduta, este é um 
elemento invariável do fato típico. Conduta é 
todo comportamento humano, consciente e 
voluntário, dirigido a uma finalidade. 
I. HIPÓTESES DE ELIMINAÇÃO DA 
CONDUTA 
Se a conduta for eliminada, não haverá fato 
típico. Logo, o próprio crime estará eliminado. 
Vejamos as hipóteses: 
▪ Força irresistível: é a força física 
absoluta. Zaffaroni diz que essa força 
pode ser proveniente da natureza ou 
da ação de terceiros. Assim, elimina a 
vontade. 
▪ Movimentos reflexos: determinados 
impulsos orgânicos geram 
movimentos corporais involuntários, 
dos quais podem advir lesões ou 
danos. Elimina-se a vontade. 
▪ Estados de inconsciência: afetam a 
consciência do comportamento (saber 
o que está fazendo). 
Podemos visualizar estas hipóteses no 
conceito de conduta anteriormente visto: 
A conduta se traduz na 
consciência (estados de 
inconsciência) e vontade (força 
física irresistível/movimentos 
reflexos). 
II. TEORIAS DA CONDUTA 
▪ Teoria clássica (natural ou 
causalista): 
Origem no Tratado de Direito Penal de Von 
Liszt. No Brasil: 
→ Nelson Hungria 
→ Magalhães Noronha 
→ Aníbal Bruno 
→ Frederico Marques 
Perdurou até meados do séc. XX, influenciada 
pelas ciências físicas e naturais, além do 
positivismo jurídico. 
Para a teoria clássica, conduta é a mera 
exteriorização de um movimento corporal ou 
abstenção deste (teoria mecanicista), 
independentemente de qualquer finalidade. 
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Para a imputação do resultado, basta que o 
agente, com seu comportamento (movimento 
corporal), tenha dado causa a ele (teoria 
causalista). 
Teoria clássica: há conduta sem dolo/culpa 
→ Dolo/culpa não estão na conduta/fato 
típico, mas na CULPABILIDADE. 
→ Na Teoria Clássica, não se busca 
qualquer elemento volitivo na 
conduta. Basta que esta provoque o 
resultado. 
→ Tipo penal é puramente objetivo. 
→ Culpabilidade necessariamente 
integra o crime, pois nela encontram-
se dolo/culpa. 
 
▪ Teoria neoclássica ou neokantista: 
Expoentes: Mayer/Frank/Mezger 
Não houve inovação substancial à Teoria da 
Conduta. A única contribuição foi a de 
enxergar que a conduta típica não pode ser 
puramente objetiva/neutra (sem valoração). 
Para os neoclássicos, o tipo penal descreve 
uma conduta valorada negativamente. Ex.: 
art. 121, CP – matar alguém (já há uma 
valoração negativa, qual seja, “não matarás”) 
Assim, a culpabilidade passou a ser entendida 
como reprovabilidade ou censurabilidade do 
agente pelo ato, estruturada por elementos 
psicológicos e normativos (teoria psicológico-
normativa da culpabilidade). 
▪ Teoria finalista: 
Seu maior expoente foi Hans Welzel, 
considerado o “pai do finalismo”. Sua grande 
contribuição foi a de acrescentar a finalidade 
à conduta. Toda ação voluntária traz consigo 
um querer-interno. Toda conduta é dirigida a 
um fim (lícito/ilícito; coincida ou não com o 
resultado). 
Outra contribuição foi ter reorganizado os 
elementos do crime, cujo destaque foi: 
 
 
 
Conclusão: não é possível analisar a conduta 
dissociada de: 
→ Dolo/culpa: indispensável à própria 
tipificação de comportamentos 
→ Finalidade. 
A Teoria Finalista eliminou os elementos 
subjetivos da culpabilidade (dolo/culpa), 
tornando-a VALORATIVA. 
→ Culpabilidade integra o conceito de 
crime (Finalismo de Welzel). 
Espécies de finalistas: 
A) Finalismo bipartido: crime é fato 
típico e antijurídico. A culpabilidade 
não integra o crime, sendo 
pressuposto de aplicação da pena. A 
“prova” de que o Código Penal adotou 
o finalismo bipartido, segundo os 
adeptos deste entendimento: 
→ Art. 1º, CP: fato típico (não há 
crime sem lei anterior que o 
defina...ou seja, não se exige 
culpabilidade) 
→ Art. 23, CP: não há crime se o 
fato é praticado... (excludente 
de ilicitude) 
→ Art. 26, CP: é isento de pena... 
(excludente de culpabilidade) 
Alguns expoentes do finalismo 
bipartido: René Ariel Dotti, Damásio 
de Jesus, Fernado Capez, Julio F. 
Mirabete. 
B) Finalismo tripartido: crime é fato 
típico, antijurídico e culpável (logo, 
culpabilidade é requisito do crime). 
→ É inviável falar-se em crime se 
não recair de juízo de 
censurabilidade sobre conduta 
típica e antijurídica do agente; 
DOLO/CULPA –> MIGRAM DA 
CULPABILIDADE PARA A CONDUTA (FATO 
TÍPICO) 
EDUARDO LEITE RAMIRES 
 
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→ Doutrina brasileira: prevalece 
o finalismo tripartido. 
 
▪ Teoria social da ação 
Baseia-se na Teoria Finalista, porém 
agregando um elemento novo: conduta 
“SOCIALMENTE RELEVANTE”. 
→ Dominada ou dominável pela 
vontade; 
→ Só haverá conduta criminosa se 
esta atingir o senso de 
justiça/de normalidade/de 
adequação; 
→ É “perigosa” por trazer ares de 
subjetivismo. Assim, o costume 
poderia revogar lei, pois só 
haveria crime mediante 
conduta socialmente 
relevante. 
 
▪ Teoria funcionalista 
Leva em conta as funções do Direito Penal. 
Funcionalismo 
racional, 
teleológico ou 
moderado 
CLAUS ROXIN 
Proteção de bens 
jurídicos 
Funcionalismo 
radical 
GUNTHER JAKOBS 
Proteção do 
ordenamento jurídico. 
A função primária do 
D. Penal é a de 
proteger o sistema 
normativo, 
assegurando a 
vigência da norma). 
 
 
 
III. ELEMENTOS DA CONDUTA 
▪ Exteriorização (pensamento) 
▪ Consciência 
▪ Voluntariedade 
Exteriorização do pensamento: o D. Penal 
não pune o mero pensamento, por mais 
imoral, gravoso ou impuro que seja. A 
cogitação do crime é impunível enquanto não 
se exteriorizar por meio de um 
comportamento (ação/omissão). Daí poderia 
se falar até em direito à perversão (não se 
pune a cogitação). 
Consciência: só se fala em conduta se o 
comportamento (ação ou omissão) for 
praticado conscientemente (saber o que se 
está fazendo ou deixando de fazer). 
→ Estados de inconsciência (ex.: 
hipnose, sonambulismo, etc.) 
eliminam a conduta 
Voluntariedade: só há conduta se praticada 
pela vontade do agente; 
→ Coação física irresistível, 
movimentos reflexos 
 
IV. CONDUTA X ATO 
Não são expressões sinônimas. O ato é apenas 
uma parcela/fração da conduta. Um crime 
pode ser unissubsistente (um ato) ou 
plurissubsistente (mais de um ato). 
V. FORMAS DE CONDUTA 
Comportamento positivo (ação) – crimes 
comissivos 
Comportamento negativo (omissão) – crimes 
omissivos 
VI. OMISSÃO NO DIREITO PENAL 
▪ Teoria naturalística ou causal 
O resultado será imputado ao agente quando 
sua inatividade(omissão) for causa dele. 
O nexo de causalidade se estabelece pelo fato 
de o agente optar por nada fazer quando lhe 
era possível evitar o resultado. 
▪ Teoria normativa ou jurídica 
TRINÔMIO 
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Parte da premissa de que a omissão é um nada 
e do nada, nada vem. 
A omissão não gera nexo de causalidade real 
(ou físico). O agente só responderá pelo 
resultadose houver uma obrigação jurídica 
anterior à omissão no sentido de evitar o 
resultado. 
VII. ESPÉCIES DE OMISSÃO 
Omissão própria ou pura 
O tipo penal descreve uma conduta 
omissiva. Para a prática do crime, basta a 
inação do agente. 
Omissão imprópria, impura, espúria ou 
promíscua 
O tipo penal não descreve uma omissão, 
mas uma ação. Daí falar-se em omissão 
imprópria – crimes omissivos impróprios ou 
comissivos por omissão. O agente responde 
pela sua omissão por não ter impedido o 
resultado que tinha a obrigação jurídica de 
evitar. 
 
VIII. OBRIGAÇÃO JURÍDICA DE EVITAR O 
RESULTADO (art. 13, §2º, alíneas “a”, 
“b” e “c” do CP) 
▪ Dever legal: quando o agente tiver, 
por lei, a obrigação de cuidado, 
proteção ou vigilância. 
▪ Dever de garantidor (garante): 
quando o agente tiver assumido, por 
qualquer forma ou causa, a 
responsabilidade de evitar o 
resultado. 
▪ Dever de agir por ingerência na 
norma: o agente, em razão de um 
comportamento seu anterior, cria o 
risco de ocorrência de resultado lesivo, 
razão por que terá o dever de evita-lo. 
 
2.2. RESULTADO 
Seu conceito varia de acordo com a teoria 
adotada. 
→ TEORIA NATURALÍSTICA: Resultado é 
a modificação no mundo exterior 
provocada pela conduta. Fala-se aqui 
em resultado naturalístico. Dessa 
forma, nem todo crime possui 
resultado naturalístico. 
Classificação dos crimes à luz da teoria 
naturalística do resultado: 
1) Crimes materiais: São aqueles 
cuja consumação depende da 
ocorrência de resultado 
naturalístico. Alguns 
doutrinadores chamam de 
crimes de ação e resultado. 
2) Crimes formais (ou de 
consumação antecipada ou de 
resultado cortado): São 
aqueles cujos tipos penais 
preveem resultado, mas este 
não é indispensável para a 
consumação. Assim, são crimes 
de resultado possível, mas não 
obrigatório. Ex.: extorsão 
mediante sequestro (art. 159, 
CP) 
3) Crimes de mera conduta (ou 
simples atividade): são 
aqueles que se consumem com 
a mera atividade típica 
(ação/omissão prevista no 
tipo), não havendo resultado 
naturalístico. Ex.: violação de 
domicílio (art. 150, CP), porte 
de arma (art. 14, Lei 
10.826/03). 
 
→ TEORIA NORMATIVA: resultado é a 
lesão/perigo de lesão que o 
CRIMES 
MATERIAIS 
CRIMES 
FORMAIS 
CRIMES DE 
MERA 
CONDUTA 
RESULTADO 
NECESSÁRIO 
RESULTADO 
DESNECESSÁRIO 
(EMBORA 
POSSÍVEL) – 
MERO 
EXAURIMENTO 
RESULTADO – 
NÃO HÁ 
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comportamento provoca ao bem 
jurídico. 
Espécies de crimes à luz da teoria 
normativa 
1) Crimes de dano: são aqueles 
em que há efetiva lesão ao 
bem jurídico. 
2) Crimes de perigo: são aqueles 
em que há ameaça de lesão ao 
bem jurídico. 
Real ou concreto: exige-se 
prova do perigo. Ex.: art. 309, 
do CTB. 
Abstrato ou presumido: não se 
exige prova do perigo. Ex.: art. 
310, do CTB (Súmula 575 do 
STJ1) 
Do que foi visto, pode-se dizer que, a 
depender da teoria abordada, há crimes sem 
resultado (crimes de mera conduta - teoria do 
resultado naturalístico) ou pode-se dizer que 
todo crime tem resultado (lesão/perigo de 
lesão ao bem jurídico - teoria do resultado 
normativo). 
3. NEXO DE CAUSALIDADE 
É o vínculo entre a causa e o seu resultado; é 
o liame entre a causa e o efeito. Possui 
relevância somente nos crimes materiais, uma 
vez que estes exigem para sua consumação a 
produção do resultado naturalístico 
(diferentemente dos crimes formais e crimes 
de mera conduta). 
Teorias acerca do nexo de causalidade: 
→ EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES 
(CONDITIO SINE QUA NON) – regra 
Todo fator que contribuir para a produção do 
resultado, em maior ou menor grau, será 
 
1 Súmula 575 do STJ: Constitui crime a conduta de 
permitir, confiar ou entregar a direção de veículo 
automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se 
encontre em qualquer das situações previstas no art. 
considerado causa. As causas se equivalem 
(não há causa “maior” ou “menor”). 
1) Conceito de causa (art. 13, caput, do 
CP): O resultado de que depende a 
existência do crime somente é 
imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa toda ação ou 
omissão sem a qual o resultado não se 
produziria (da forma e como ocorreu). 
2) Procedimento hipotético de 
eliminação: Para saber se 
determinado fator é causa do 
resultado, basta eliminá-lo 
mentalmente. Se, eliminado, o 
resultado permanecer, aquele fator 
não será causa; porém, se eliminado 
determinado fator, o resultado 
desaparecer, será causa. 
3) Crítica à teoria da conditio sine qua 
non: Aplicada em sua literalidade 
(causa é todo fator que contribuir para 
o resultado), serão criadas soluções 
aberrantes. Haveria regresso ao 
infinito na investigação do que seja 
causa. 
4) Teoria da conditio sine qua non e 
cursos causais extraordinários: A 
aplicação desmedida da teoria geraria 
consequências excessivas, atingindo 
pessoas que não se inserem direta e 
imediatamente no curso causal. 
5) Limitação à aplicação da teoria da 
conditio sine qua non 
→ Pela análise da causalidade 
psíquica (dolo e culpa). 
→ Pela imputação objetiva 
6) Espécies de causas 
a) Causas dependentes da 
conduta do agente 
São aquelas que se originam na 
conduta do agente, incluindo-se 
310 do CTB, independentemente da ocorrência de 
lesão ou de perigo de dano concreto na condução do 
veículo. 
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numa linha de desdobramento 
normal (ou seja, esperada para o 
caso). 
O agente responde pelo resultado. 
b) Causas independentes da 
conduta do agente 
São aquelas que podem, ou não, 
ter origem na conduta do agente, 
produzindo, por si sós, ou não, o 
resultado. 
Concausas: são fatores paralelos à 
conduta do agente, que 
contribuirão para o resultado. 
ESPÉCIES DE CONCAUSAS 
INDEPENDENTES 
Absolutamente independentes 
São aquelas que não têm qualquer 
relação com a conduta do agente, 
produzindo, por si sós, o resultado. 
Logo, há rompimento do nexo causal, 
não se imputando o resultado ao 
agente. Podem ser preexistentes, 
concomitantes ou supervenientes. 
 
O resultado, portanto, ocorreria 
independente da conduta do agente. O 
agente não responde pelo resultado, 
mas, apenas por sua conduta. 
 
Relativamente independentes 
São aquelas que, por si sós, não 
produziriam o resultado, tendo a 
conduta do agente sido decisiva. 
Causa preexistente relativamente 
independente à conduta do agente: 
ex. A desfere facadas em B, portador de 
hemofilia (causa preexistente), que 
falece em virtude dos ferimentos 
aliados a seu estado de - saúde. Há 
 
2 CP, Art. 13, § 1º - A superveniência de causa 
relativamente independente exclui a imputação 
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos 
nexo causal, o agente responderá por 
homicídio consumado. 
Causa concomitante relativamente 
independente em relação à conduta o 
agente: ex. A desfere facadas em B no 
momento em que ele está sofrendo 
ataque cardíaco. Comprovando-se que 
os ferimentos causados por A 
contribuíram para a morte, há nexo 
causal e o agente responderá pelo 
homicídio consumado. 
Causa superveniente relativamente 
independente que não causa, por si só, 
o resultado: a causa seria insuficiente 
(ou seja, a conduta do agente foi 
relevante) para produzir, por si só, o 
resultado. Dessa forma, não haverá 
rompimento do nexo causal e o agente 
responderá pelo resultado. 
Causa superveniente relativamente 
independente que, por si só, produz o 
resultado (CP, art. 13, §1º): o agente 
pratica uma conduta e causa um 
determinado resultado. 
Posteriormente, surge nova causa que 
possui relação com a conduta do 
agente e essa causa, por si só, produz o 
resultado. Este resultado não será 
imputado ao agente, porquanto 
inesperado na linha de desdobramento 
normal da conduta. Responderá pelas 
suas condutas anteriores à causa 
superveniente. 
 
→ CAUSALIDADE ADEQUADA – 
EXCEÇÃO (ART. 13, §1º, DO CP2) 
Para as causas relativamente independentes 
supervenientesque por si sós produzirem o 
resultado, não se aplicará a conditio sine qua 
non, mas a teoria da causalidade adequada, 
segundo alguns doutrinadores. 
Causa é aquele fator adequado (apto) à 
produção do resultado. 
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os 
praticou. 
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Causa é o fato antecedente indispensável e 
adequado à produção do resultado. 
→ TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA 
Surge como um corretivo/limitador à relação 
de causalidade preconizada pela teoria da 
conditio sine qua non, acrescentando 
requisitos para que a imputação do resultado 
seja justa. 
A teoria da imputação objetiva não se 
confunde com responsabilidade objetiva 
(punição independente de dolo/culpa). 
Em verdade, melhor seria chamar teoria da 
não imputação objetiva do resultado, 
exatamente por deixar mais rigorosa a relação 
de causalidade, complementando a teoria da 
conditio sina qua non. 
Assim, TIPO OBJETIVO = conduta, resultado e 
nexo causal naturalístico + critérios de 
imputação objetiva. 
Para Roxin, acerca da teoria da imputação 
objetiva, o resultado causado pelo agente só 
pode ser a ele imputado se: 
1) a conduta cria ou incrementa um risco 
não permitido para o objeto da ação; 
2) o risco se realiza no resultado concreto; 
3) o resultado se encontra dentro do 
alcance do tipo. 
 
Relação de causalidade 
- Causalidade física: comportamento do 
agente é causa física/real do resultado 
- Causalidade psíquica: dolo/culpa 
- Imputação objetiva: criação do risco proibido 
Imputação do resultado: exige que o agente, 
com seu comportamento, crie um risco 
proibido (que vá além do socialmente 
tolerado) 
4. TIPICIDADE 
É mais um elemento do fato típico. 
Conceito: É a relação de 
subsunção/adequação/enquadramento entre 
o fato praticado pelo agente e o tipo penal 
incriminador. Além disso, para reconhecer a 
tipicidade, necessária a lesão/ameaça ao bem 
jurídico. 
TIPICIDADE PENAL soma de duas 
tipicidades: 
Tipicidade formal: subsunção do fato 
ao tipo penal. 
Tipicidade material: lesão/perigo ao bem 
jurídico – afastada a 
insignificância. 
 
4.1. Tipicidade conglobante 
Eugênio Raul Zaffaroni: o juízo de tipicidade 
penal exige a análise do ordenamento jurídico 
de forma global (conglobada). Assim, para 
haver tipicidade não basta que o fato seja 
formal e materialmente típico, devendo-se 
analisar se contraria ou se está de acordo com 
o ordenamento. “A tipicidade conglobante é 
um corretivo da tipicidade legal, posto que 
pode excluir do âmbito do típico aquelas 
condutas que apenas aparentemente estão 
proibidas” (ZAFFARONI, Eugênio Raul; 
PIERANGELI, José Henrique). 
Diante disso, para que haja a tipicidade penal, 
a conduta deve: 
1) Ser contrária à norma (tipicidade formal). 
2) Provocar lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico tutelado pela norma penal (tipicidade 
material). 
3) Ser antinormativa (violar todo o sistema 
normativo). Para que a conduta seja típica, ela 
não pode ser permitida pelas demais normas 
do sistema jurídico (não pode ser autorizada 
pelos demais ramos do Direito). 
4.2. Elementos do tipo penal 
a) Objetivos ou descritivos: São expressões 
contidas nos tipos penais que podem ser 
facilmente compreendidas, descrevem os 
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aspectos materiais da conduta. Exemplos: 
objetos, tempo, lugar, forma. 
b) Subjetivos: relacionam-se com a intenção 
do agente. 
c) Normativos: aqueles relacionados a 
expressões que exigem juízo de valor. 
4.3. Tipos penais 
Os tipos penais podem ser dolosos, culposos e 
preterdolosos. 
I. DOLOSOS: 
O que é dolo? O dolo irá depender da teoria 
adotada, vejamos cada uma delas: 
→ Teorias a respeito do dolo 
Teoria da vontade 
Para essa teoria o dolo é a vontade 
consciente de realizar a conduta tópica, 
alcançando-se o resultado almejado 
(desejado). Adotada pelo CP em relação ao 
dano direto. 
Teoria do assentimento ou consentimento 
Dolo é a aceitação/ 
assentimento/consentimento pelo agente 
da produção de um resultado por ele 
previsto. Adotada pelo CP no dano 
eventual. 
Teoria da representação 
Aqui, dolo é a representação ou a previsão 
ou antevisão do resultado, não se levando 
em conta a vontade do agente em produzi-
lo ou aceitação de sua produção. Não é 
adotada no CP. 
 
O Código penal adotou duas teorias (teoria da 
vontade + teoria do assentimento – art. 18, I): 
Art. 18 - Diz-se o 
crime: (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Crime doloso (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - doloso, quando o 
agente quis o resultado 
(TEORIA DA VONTADE) 
ou assumiu o risco de 
produzi-lo (TEORIA DO 
ASSENTIMENTO OU 
CONSENTIMENTO); 
 
→ Espécies de dolo 
a. Dolo direto – art. 18, I, 1ª parte, CP: 
Diz o crime doloso quando o agente 
quis o resultado. 
→ Dolo de 1º grau: quando o agente quer 
diretamente produzir o resultado. 
→ Dolo de 2º grau: também chamado de 
“dolo de consequências necessárias”. 
O agente, querendo alcançar certo 
resultado, acaba produzindo outros 
que inevitavelmente irão ocorrer 
(efeitos colaterais). 
Ex.: “A” quer matar “B”, que se 
encontra em um carro dirigido por “C”. 
Com a explosão causada por “A”, 
morrem “B” e “C”. 
→ Morte de “B”: “A” agiu com dolo 
direito de 1º grau; 
→ Morte de “C”: “A’ agiu com dolo 
direto de 2º grau. 
b. Dolo indireto: divide-se em: 
→ Dolo alternativo: o agente quer um ou 
outro resultado. Para Alexandre Salim 
e Marcelo André, essa classificação 
não possui razão de existir. 
→ Dolo eventual (art. 18, I, 2ª, CP): o 
agente prevê determinado resultado. 
Embora não o queira, aceita sua 
produção (“assume o risco...”). A sua 
conduta tem a possibilidade de atingir, 
além do resultado pretendido, outro 
resultado. Difere do dolo direto de 2º 
grau porque neste os resultados são 
inevitáveis, não há o que aceitar. 
Dolo direto 
de 2º grau 
resultado previsto 
como consequência 
necessária da conduta. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art18
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art18
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art18
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art18
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art18
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art18
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Dolo 
eventual 
resultado previsto 
como consequência 
possível da conduta. 
Não pretendido 
diretamente. 
 
II. CULPOSOS: 
Excepcionalidade do crime culposo (art. 18, 
parágrafo único): salvo nos casos expressos 
em lei, ninguém será punido por fato previsto 
como crime senão quando praticá-lo 
dolosamente. Ou seja, em regra os tipos 
penais são dolosos. 
a. Conceito de culpa 
▪ Cezar Roberto Bitencourt: “Culpa é a 
inobservância do dever objetivo de 
cuidado manifestada numa conduta 
produtora de um resultado não 
querido, porém, objetivamente 
previsível”. 
▪ Francesco Carrara: “Culpa é a 
imprevisão do previsível”. 
b. Elementos do crime culposo 
→ Conduta voluntária 
→ Resultado involuntário 
→ Inobservância do dever objetivo de 
cuidado 
→ Nexo de causalidade 
→ Tipicidade culposa 
→ Previsibilidade objetiva do resultado 
→ Ausência de previsão 
c. Modalidades de culpa 
→ Imprudência: um fazer indevido. 
→ Negligência: um não fazer devido. 
→ Imperícia: inaptidão para o exercício 
de arte ou profissão, é preciso que o 
fato seja praticado pelo sujeito no 
exercício da atividade profissional 
d. Tipos/Espécies de culpa 
→ Culpa inconsciente: o agente não 
prevê o resultado e nem tem 
consciência do perigo gerado. Todavia, 
esse resultado, apesar de não previsto 
pelo agente, deve ser previsível para o 
homem médio. 
→ Culpa consciente: o agente tem 
consciência da possibilidade de o 
resultado ocorrer, porém acredita 
sinceramente que ele não ocorrerá. 
III. PRETERDOLOSOS 
Dolo no antecedente + culpa no consequente. 
Não admite tentativa.5. ITER CRIMINIS 
O iter criminis corresponde às fases 
percorridas pelo crime. 
5.1. Fases do Iter criminis 
a) Interna (ou intelectiva): É uma fase 
impunível (por isso, inclusive, fala-se até 
em direito à perversão). 
→ Cogitação 
b) Externas 
→ Preparação: os atos preparatórios 
são impuníveis, exceto se, por si 
sós, constituírem outro crime e 
este não for absorvido pelo crime-
fim. Obs.: a Lei de Terrorismo 
prevê expressamente o delito de 
“realizar atos preparatórios de 
terrorismo com o propósito 
inequívoco de consumar tal 
delito”. 
→ Execução: a partir daqui, o fato 
passar a ser punido. 
→ Consumação 
5.2. Critérios para reconhecimento do início 
da execução do crime 
a. Critério subjetivo: não há transição 
dos atos preparatórios para os atos 
EDUARDO LEITE RAMIRES 
 
10 
executórios. Leva-se em consideração 
o plano interno do agente. 
b. Critério objetivo-formal (Beling): 
execução iniciada com o início da 
conduta típica, isto é, com o começo 
da realização do verbo descrito no 
tipo. Para a doutrina majoritário, é o 
critério adotado pelo CP. Contudo, 
não é uma teoria capaz de solucionar 
todos os casos. Há hipóteses em que 
se evidencia o início da execução sem 
que a conduta esteja no verbo típico. 
c. Critério objetivo-material: é 
complementar à teoria acima. Para 
esta, admite-se que haja início da 
execução ainda que a ação praticada 
não seja necessariamente a ação 
descrita no tipo. 
d. Critério objetivo-individual: leva em 
consideração o plano delitivo do 
agente. A execução tem início com a 
colocação em prática do plano do 
agente. 
 
6. CONSUMAÇÃO DO CRIME 
Segundo o art. 14, I, CP, “diz-se o crime 
consumado quando nele se reúnem todos os 
elementos de sua definição legal”. 
Momentos consumativos 
Crimes 
materiais, 
culposos e 
omissivos 
impróprios 
Consuma com a produção 
do resultado naturalístico 
 
Crimes 
formais 
Realização do verbo do 
tipo, independente do 
resultado previsto no tipo. 
(Exaurimento) 
 
Crimes de 
mera 
conduta: 
Realiza-se com a 
ação/omissão típica, não 
havendo a possibilidade de 
resultado naturalístico. 
Crimes 
permanentes 
São aqueles cuja 
consumação se prolonga no 
tempo. Ou seja, são aqueles 
cuja consumação se verifica 
a cada instante, enquanto 
não cessada a ação ou 
omissão criminosa. 
Crimes 
qualificados 
pelo 
resultado 
São aqueles que se 
consumam somente com a 
ocorrência de resultado 
agravador. 
Crimes 
omissivos 
próprios 
Consumam-se com a 
simples inatividade prevista 
no tipo. 
 
7. TENTATIVA (CONATUS) 
Conceito doutrinário: Tentativa é a realização 
incompleta do tipo penal (realização 
incompleta do crime). 
Francesco Carrara dizia que a tentativa é um 
“delito degradado em sua força física”. 
Conceito Legal (art. 14, II, CP): diz-se o crime 
tentado quando, iniciada sua execução, não se 
consuma por circunstâncias alheias à vontade 
do agente. 
ELEMENTOS DA TENTATIVA 
Início de execução do crime (realização 
incompleta/parcial do tipo objetivo); 
Não consumação do crime por 
circunstâncias alheias à vontade do agente; 
Dolo de consumação (realização do tipo 
subjetivo). 
Resultado possível. 
 
I. CONSEQUÊNCIA DA TENTATIVA (ART. 
14, PARÁGRAFO ÚNICO, CP) 
A pena do crime tentado será, salvo 
disposição em contrário, a mesma pena do 
crime consumado, diminuída de um a dois 
terços. Causa de diminuição da pena. 
Critério para redução da pena – percurso no 
iter criminis (proximidade da consumação). 
Teoria objetiva (teoria realística) adotada 
quanto à punibilidade da tentativa. 
II. ESPÉCIES DE TENTATIVA 
EDUARDO LEITE RAMIRES 
 
11 
a. Tentativa perfeita e tentativa 
imperfeita 
Tentativa perfeita (ou acabada, crime 
falho) 
O agente esgota todos os atos executórios 
que estavam ao seu alcance e que entende 
estariam aptos à consumação. Porém, o 
crime não se consuma por circunstâncias 
alheias à sua vontade. 
Tentativa imperfeita (ou inacabada) 
O agente não esgota os atos executórios 
que estavam ao seu alcance, não 
conseguindo consumar o crime o crime por 
circunstância alheias à sua vontade. 
 
b. Tentativa branca e tentativa 
vermelha 
Tentativa branca ou incruenta 
A vítima não é atingida, portanto, não há 
lesão efetiva ao bem jurídico. 
Tentativa vermelha ou cruenta 
A vítima é atingida, logo, há lesão ao bem 
jurídico. 
 
III. INFRAÇÕES PENAIS QUE NÃO 
ADMITEM TENTATIVA 
a. Crimes culposos: tentativa é compatível 
apenas com o dolo. Obs. A culpa imprópria 
admite tentativa; 
b. Crimes preterdolosos: resultado agravador 
decorre de culpa; 
c. Contravenções penais: Art. 4º, LCP – 
tentativa é impunível; 
d. Crimes omissivos próprios: esses crimes 
consumam-se com a mera inação. Obs. Crimes 
omissivos impróprios admitem tentativa; 
e. Crimes unissubsistentes: são aqueles 
praticados mediante 1 só ato; 
f. Crimes habituais: são aqueles cuja 
tipificação depende de uma reiteração de 
comportamentos, logo, um comportamento 
isolado é atípico; 
g. Crimes de atentado ou de 
empreendimento: são aqueles cujos tipos 
penais punem a tentativa e consumação da 
mesma forma; 
h. Crimes cuja consumação depende de um 
resultado (crimes condicionados): não 
admitem tentativa pois a própria tipificação 
dependerá da ocorrência do resultado típico. 
8. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E 
ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Também chamadas de tentativa abandonada 
(vontade do agente) ou qualificada. 
Direito Premial: por razões de política 
criminal, a lei incentiva o agente a abandonar 
a execução do crime ou a impedir sua 
consumação, dizendo que não responderá 
pelo crime que tiver iniciado a execução, mas 
apenas pelos atos praticados. 
I. Desistência voluntária 
O agente, após iniciada a execução do crime, 
desiste voluntariamente de prosseguir com 
seu intento criminoso. O agente não realiza 
todos os atos necessários para a produção do 
resultado. 
→ Início de execução do crime 
→ Não consumação 
→ Vontade do próprio agente 
 
a. Consequências da Desistência Voluntária 
O agente não responderá pelo crime cuja 
execução havia iniciado. O agente responderá 
pelos atos praticados. 
b. Voluntariedade x espontaneidade 
O artigo 15 do CP, exige, que a desistência 
deve ser voluntária, isto é, o agente não é 
forçado a abandonar a execução do crime. 
Não se pode confundir com espontaneidade, 
pois, o abandono na execução do crime 
precisa ser voluntário, mas não espontâneo 
(partir exclusivamente da ideia do agente). 
EDUARDO LEITE RAMIRES 
 
12 
Assim, pode ser espontâneo ou não 
espontâneo. Por exemplo, se a vítima suplicar 
para que o agente não a mate, há 
voluntariedade, que é o que a lei exige, mas 
não espontaneidade. 
c. Consumação do crime e desistência 
voluntária 
Se o agente abandonar a execução do crime 
por sua vontade, mas verificar-se a 
consumação, não será possível reconhecer 
desistência voluntária. 
II. Arrependimento eficaz – art. 15, 2ª 
parte, CP 
O agente, após esgotar os atos executórios 
suficientes à consumação do crime, se 
arrepende e pratica novo comportamento 
impeditivo da consumação. 
Consequência: é a mesma da desistência 
voluntária, isto é, o agente responderá pelos 
atos praticados e não pelo crime inicialmente 
executado, nem na forma tentada. 
a. Consumação e arrependimento eficaz 
Se o agente, após esgotar os atos executórios, 
pratica novo comportamento para impedir a 
consumação, mas, ainda assim, ela ocorre, o 
arrependimento terá sido INEFICAZ. 
b. Natureza jurídica da desistência 
voluntária e arrependimento eficaz 
Causas de atipicidade da tentativa do crime 
inicialmente executado. 
9. CRIME IMPOSSÍVEL (TENTATIVA 
IMPOSSÍVEL, INIDÔNEA, INADEQUADA 
OU QUASE CRIME) 
I. Conceito 
O crime será impossível quando a 
consumação for impossível em razão da 
inidoneidade do meio ou do objeto. Nelson 
Hungria: no crime impossível, o agente é o 
protagonista inconsciente de umacomédia. 
II. Exigências para o reconhecimento do 
crime impossível (art. 17, CP) 
a) Que haja a ineficácia (inidoneidade 
absoluta do meio): o meio escolhido pelo 
agente para executar o crime deverá ser 
absolutamente ineficaz. 
b) Que haja a impropriedade (absoluta 
impropriedade do objeto): a pessoa ou a coisa 
sobre a qual recair a conduta criminosa 
(objeto do crime) deve ser absolutamente 
inidônea/imprópria à consumação do crime. 
Obs. Para haver crime impossível, a 
inidoneidade do meio/objeto deverá ser 
absoluta. O CP, art. 17, adotou a teoria 
objetiva temperada. Só há crime impossível 
se a inidoneidade for absoluta. Se for relativa, 
o agente responderá pelo crime, haverá 
tentativa. 
 
III. Natureza jurídica do crime impossível 
Doutrina majoritária –> atipicidade da 
tentativa. 
Art. 17, CP: “não se pune a tentativa, se, por 
ineficácia absoluta do meio ou impropriedade 
absoluta do objeto, tornar-se impossível a 
consumação...” 
IV. Flagrante preparado 
Súmula 145 do STJ: Não há crime, quando a 
preparação do flagrante pela polícia torna 
impossível a sua consumação. 
10. ARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16, 
CP) 
É posterior à consumação do crime. O agente 
arrependido pratica comportamento para 
minorar as consequências do crime praticado. 
Ponte de prata (não se elimina o crime 
inicialmente executado, como ocorre na 
desistência voluntária e arrependimento 
eficaz –> ponte de ouro). 
EDUARDO LEITE RAMIRES 
 
13 
I. Requisitos para reconhecimento do 
arrependimento posterior 
a) Crime cometido sem violência/grave 
ameaça à pessoa (crimes dolosos); 
b) Reparação do dano (integral) ou restituição 
da coisa (íntegra, sem danos); 
c) Ato voluntário do agente; 
d) Limite temporal: até o recebimento da 
denúncia ou queixa. 
Obs. Se a reparação do dano/restituição da 
coisa ocorrer após o recebimento da denúncia 
ou queixa – SERÁ circunstância atenuante 
genérica. 
II. Consequências do arrependimento 
posterior 
Não elimina o crime, apenas ocorre a redução 
da pena (1/3 a 2/3) – causa de diminuição de 
pena. 
Critério para diminuição: brevidade da 
reparação do dano, segundo a doutrina e a 
maioria da jurisprudência. Quanto mais célere 
for a reparação, maior será a diminuição.

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