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Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Aula 10 - 26/10 - Vinicius Carraro Coccidioses Classificação Taxonômica ❖ Reino: Protozoa; ❖ Filo: Apicomplexa (dotados de um complexo apical, região anterior com estruturas fundamentais para locomoção e penetração desses protozoários no meio intracelular - são parasitos intracelulares obrigatórios); ❖ Classe: Sporozoa; ❖ Subclasse: Coccidiasina; ❖ Ordem: Eucoccidiorida; ❖ Famílias: ● Sarcocystidae: Toxoplasma gondii (Toxoplasmose); ● Cryptosporidiidae: Cryptosporidium parvum. Morfologia Geral e Biologia ❖ Filo Apicomplexa: complexo apical presente em todas as formas infectantes; ● Núcleo grande e bastante evidenciado. Isso torna possível a identificação de determinados tipos de trofozoítos desses protozoários nas células do hospedeiro ou eventualmente, como no caso do Toxoplasma gondii, nos líquidos corporais; ● O corpo celular do toxoplasma gondii lembra um arco; ● Existem vários tipos de trofozoítos; ● Possuem mitocôndrias, no geral, realizam metabolismo aeróbio; ● Realizam reprodução sexuada e assexuada; ❖ Fases do ciclo: ● Assexuada: esporogonia e merogonia (ou esquizogonia) - a partir de 1 protozoário vão dar milhares (possuem grande capacidade reprodutiva); ● Sexuada: gametogonia. Formam-se macros e microgametas (formas trofozoítas haplóides) que vão se fusionar e formar uma série de indivíduos diplóides - aumenta muito a variabilidade genética desses protozoários; ❖ Padrões de Ciclo: ❖ Monoxeno: direto. Só possui o hospedeiro definitivo. Em um único hospedeiro o protozoário é capaz de realizar os dois ciclos, sexuado e assexuado; ❖ Heteroxeno: possui hospedeiro definitivo e intermediário. Ele realiza uma parte da reprodução sexuada no hospedeiro definitivo e a outra parte no hospedeiro intermediário; ❖ Ex.: o gato age como hospedeiro definitivo do Toxoplasma gondii, pois no seu trato gastrointestinal é realizada a reprodução sexuada destes protozoários. Ele também pode realizar 1 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 o ciclo assexuado, por isso, o ciclo é completo e pode ser considerado um ciclo monoxeno para os gatos; ❖ Os seres humanos são hospedeiros relacionados apenas com o ciclo assexuado do Toxoplasma gondii. Nosso ciclo é heteroxeno, somos o hospedeiro intermediário e os gatos são os hospedeiros definitivos; ❖ O cryptosporidium parvum também realiza o ciclo monoxeno, só que ele faz os dois tipos de ciclo, sexuado e assexuado, no nosso organismo. Dessa forma, o ciclo para os humanos é monoxeno, no qual realizamos as duas etapas, sexuada e assexuada; Toxoplasma gondii ❖ É uma zoonose. Acomete humanos, cães, gatos, bovinos, equinos, suínos, caprinos, pombos, galinhas e etc; ❖ Várias espécies animais: mamíferos, aves e alguns répteis; ❖ Hospedeiro Definitivos: felinos domésticos e silvestres; ❖ Hospedeiro Intermediário: outros animais (mamíferos, aves e répteis) e homem; ❖ A distribuição é mundial e tem alta prevalência em países de clima tropical e subtropical por causa das condições de solo, que são essenciais para o desenvolvimento dos oocistos; ❖ Doença clínica: a maioria das pessoas desenvolvem a forma crônica assintomática. Isso é perigoso pois em algum momento, sobretudo por desequilíbrio imunológico, pode reagudizar o quadro; ❖ Forma mais grave: neonatos e indivíduos imunodeficientes.A doença pode levá-los a óbito. Habitat ❖ Hospedeiros intermediários: diversas células e líquidos orgânicos (saliva, leite, esperma, líquido peritoneal e etc); 2 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Hospedeiros definitivos - felinos: células do epitélio intestinal (formas do ciclo sexuado) e fezes (forma de resistência - oocistos); Morfologia: Múltipla ❖ Taquizoítas: ● Fase aguda - são responsáveis pela principal patogenicidade da doença; ● São móveis e de rápida multiplicação nas células do hospedeiro; ● Encontramos no vacúolo parasitóforo de células como: SFM, hepáticas, pulmonares, nervosas, submucosas e musculares. Além de estarem presentes nos líquidos orgânicos e nas secreções; ● Eles invadem as células, se multiplicam e lisam. ❖ Bradizoítas: ● Fase crônica; ● Possuem multiplicação lenta; ● Preferem células estáveis/duradouras: musculares esqueléticas e cardíacas, tecido nervoso (neurotoxoplasmose) e retina; ● Ficam viáveis nos tecidos por vários anos - ficam em um estado quase que latente; ● Se houver reagudização da doença, os bradizoítas se transformam em taquizoítas e se inicia novamente o processo de invasão e lise celular. ❖ Esporozoítas: encontrados no interior dos oocistos. Nas células epiteliais do intestino delgado eles se transformam em taquizoítos. ❖ Oocistos: ● Forma de resistência; ● Produzidos nas células intestinais dos felinos e eliminados com as fezes; ● Só amadurecem no solo. Dentro do intestino do gato eles não amadurecem; ● Cada oocisto contém 2 esporocistos com 4 esporozoítas cada; ❖ Cistos: estrutura que contém os bradizoítas nos tecidos. 3 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Ciclo Biológico ❖ Fase assexuada: hospedeiros intermediários. ● Através da ingestão de oocistos com esporozoítas (forma invasiva), bradizoítas (musculatura) e taquizoítas (invadindo a mucosa oral e através da corrente circulatória); ● Epitélio intestinal: absorção, penetração em vários tipos celulares e rompimento das mesmas pelos esporozoítos ou os bradizoítos; ● Fase aguda: fase proliferativa. Se não houver uma resposta imunológica eficiente, o indivíduo pode ir a óbito; ● Evolução: formas clínicas, podendo levar a morte ou aparecimento de resposta imune específica (fase crônica); ● Fase crônica: fase cística e diminuição total da sintomatologia (até mesmo seu desaparecimento) - bradizoítos; Vídeo sobre o Ciclo Biológico ❖ Milhares de oocistos de Toxoplasma gondii são formados no intestino dos gatos e eliminados no ambiente externo; ❖ Os oocistos só se tornarão infectivos após passarem pelo processo de esporulação no solo - geotropismo; ❖ A esporulação é uma divisão por meiose que reduz o número de cromossomos a metade; ❖ Ao final do processo o oocisto contém 2 esporocistos; ❖ Cada esporocisto contém em seu interior 4 esporozoítas; ❖ Este será o oocisto maduro, infectivo para qualquer animal de sangue quente que o ingerir, inclusive o homem; ❖ Quando os gatos contaminados eliminam as fezes perto de hortas ou pastagem, as hortaliças serão contaminadas pelos oocistos. Além disso, os oocistos podem ser levados pela água se espalhando pelo ambiente; ❖ Os oocistos são muito resistentes, suportando variações das condições de umidade e temperatura, permanecendo infectivos por muito meses (são estruturas muito resistentes); ❖ Animais que se alimentarem dessas pastagens se contaminarão com o Toxoplasma, da mesma forma pessoas que se alimentem das hortaliças ou bebam água contaminada pelo oocistos vão adquirir o parasito; ❖ Ao passar pelo tubo digestivo, os envoltórios dos oocistos serão digeridos pelas enzimas estomacais e do intestino, liberando os esporozoítos; ❖ Na contaminação pela ingestão de carne crua ou mal cozida, a infecção inicial é feita pelas formas bradizoítas; ❖ Tanto os esporozoítos quanto os bradizoítos penetram nas células do intestino do novo hospedeiro e vão se dividir, dando origem aos taquizoítos, que são as formas de reprodução rápida do parasito; ❖ A partir do intestino, os taquizoítos se disseminarão para outras células e tecidos, estabelecendo a forma aguda da Toxoplasmose; ❖ Os taquizoítos se deslocam por deslizamento no ambiente extracelular, projetando os conóides, em forma de cilindro, e secretando proteínas dos micronemas; ❖ Ao encontrar uma célula alvo, como exemplo o macrófago, os taquizoítas passam a secretar enzimas das róptrias. Isso modifica as propriedades da membrana da células hospedeira, que se torna receptiva a invasão do parasita; ❖ Durante a invasão, o Toxoplasma se comprime, assumindo a forma de ampulheta. No interior da células hospedeira, ele forma um vacúolo parasitóforo queo protege da destruição pelas enzimas lisossomais e do sistema imune do hospedeiro; ❖ Dentro do vacúolo tem início a secreção dos grânulos densos, que darão origem a uma rede de túbulos e contribuirão para o crescimento do vacúolo, onde o Toxoplasma vai começar a se dividir pelo processo de endodiogenia; 4 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Na endodiogenia duas células-filhas se formam dentro da célula mãe, que mantém seu complexo apical enquanto núcleo e as estruturas internas se duplicam e as membranas internas e o complexo apical das células filhas se formam; ❖ As duas células filhas emergem, mas permanecem ligadas pelo corpo residual; ❖ Após muitos ciclos de divisão se forma uma roseta de parasitas. Finalmente eles se desprendem do corpo residual, rompem a membrana do vacúolo e a da célula hospedeira indo em busca de novas células para invadir e repetir o ciclo; ❖ Transportado pelo sangue, o Toxoplasma se espalha por todos os órgãos e tecidos do hospedeiro, como o músculo e o cérebro; ❖ A medida em que o sistema imune do hospedeiro é ativado, o Toxoplasma se abriga em células como os neurônios e tem início ao processo de transformação de taquizoítos em bradizoítos; ❖ Os parasitas passam a se dividir com menos frequência; ❖ Proteínas diferentes são secretadas e o vacúolo vai se modificando. Ele adquire uma parede espessa transformando-se em um cisto tecidual, que podem permanecer despercebidos por toda a vida, sendo característicos da fase crônica da Toxoplasmose; ❖ Quando ocorre em animais como o boi e o porco, esses cistos também podem ser fonte de contaminação para novos hospedeiros através da ingestão de carne crua ou mal cozida. Ciclo Biológico ❖ Fase sexuada: gato; ● Utilizando suas presas naturais, ratos/roedores, ele ingere os cistos ou oocistos contendo os bradizoítos; ● Epitélio intestinal: originamos merozoítos que darão origem aos esquizontes maduros ou merontes. Eles darão origem aos merozoítos que vão realizar gametócitos - formam os microgametas e os macrogametas; ● Fecundação: união entre o micro e o macrogameta, formação do zigoto, que origina o oocisto; ● O Oocisto imaturo é eliminado nas fezes e no ambiente ocorre a sua maturação - oocistos esporulados, contendo esporozoítas no seu interior (forma infectante). 5 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Transmissão ❖ Ingestão de oocistos: caixas de areia, jardins, latas de lixo, disseminados por moscas, baratas, minhocas e etc; ❖ Ingestão de cistos: carnes cruas ou mal cozidas; ❖ Ingestão de taquizoítas: leite contaminado, saliva, acidente laboratorial, deposição de esperma infectado na mucosa vaginal, transfusão sanguínea; ❖ Transmissão congênita ou transplacentária: os taquizoítas rompem os cistos no endométrio chegando até o líquido amniótico ou chegando via corrente circulatória no feto; Patogenia e Sintomatologia ❖ Fatores que influenciam: cepa, resistência do hospedeiro (resposta imunológica proporcional) e a via de infecção; ❖ Toxoplasmose Pós-Natal ou Forma Adquirida da Toxoplasmose; ● Ganglionar: febre e linfoadenopatia; ● Ocular: retinocoroidite; ● Cutânea ou Exantemática: forma lesões generalizadas na pele. Raramente encontradas. Os casos conhecidos foram de evolução rápida e fatal; ● Cerebroespinhal ou Meningoencefálica: reativação de cistos em imunodeficientes. É pouco frequente em indivíduos imunocompetentes. O quadro clínico se caracteriza por cefaleia, febre, anomalias focais manifestando hemiparesia (paralisia) leve até perda da capacidade de coordenação muscular, confusão mental, convulsões, letargia, que pode progredir para esturpor, coma, até a morte do paciente. ● Período de incubação: 1 a 4 semanas; ● Fonte infecção x carga parasitária; ● Febre; ● Mialgia; ● Adenopatia; ● Cefaleia; ● Cronicidade da infecção; ● Lesão ocular (retinocoroidite); ● Marcador sorológico - IgM / IgG; ● Reativação da infecção; ❖ Forma Congênita: ● É a mais grave; ● A gestante deve estar na fase aguda da Toxoplasmose; ● Primoinfecção o marcador sorológico é IgM positivo e IgA; ● Risco de transmissão aumenta com o tempo de gravidez: ➢ 1º trimestre: 25%; ➢ 2º trimestre: 40%; 6 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ➢ 3º trimestre: 65%. ● A gravidade da doença no feto é inversamente proporcional ao tempo de gestação; ● Modificações no feto: hidrocefalia, calcificação cerebral, retardo mental, pneumonia, hepatite, retinocoroidite (10% dos casos), estrabismo e microftalmia; ❖ Forma congênita transplacentária - 1º trimestre: aborto; ❖ Forma congênita transplacentária - 2º trimestre: Síndrome de Sabin: ● Coriorretinite em 90% dos casos; ● Calcificações cerebrais em 69% dos casos; ● Perturbações neurológicas com retardo psicomotor em 60% dos casos; ● Micro ou macrocefalia em 50% dos casos. ❖ Forma congênita transplacentária - 3º trimestre: doença se manifesta dias, semanas ou meses após o parto. ● Comprometimento ganglionar generalizado; ● Hepatoesplenomegalia; ● Edema generalizado; ● Miocardite; ● Anemia; ● Trombocitopenia; ● Lesões oculares (patognomônicas): invasão de taquizoítas atinge a coróide e retina provocando degeneração variável chamada de foco em roseta ou em roda de carroça; ● Pode haver microftalmia, estrabismo e catarata. 7 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Toxoplasmose Generalizada: geralmente tem evolução mortal, inclusive os tecidos cutâneos são afetados; Diagnóstico ❖ Clínico: sugestivo; ❖ Laboratorial - Fase aguda: ● Parasitológico: demonstração do parasita; ● Isolamento em cultura de células; ● Inoculação de animais de laboratório; ● Sorológico: detecção de IgM (RIFI); ● Molecular: PCR. ❖ Laboratorial - Fase crônica: ● Sorológico: detecção de IgG (RIFI). ❖ Método de Diagnóstico para fase aguda ou crônica: teste do corante ou reação de Sabin Feldman de altíssima sensibilidade; ❖ Marcadores na toxoplasmose: ● IgM e IgG negativos: não há toxoplasmose; ● IgM + e IgG - : infecção aguda por Toxoplasma gondii; ● IgM - e IgG + : infecção antiga por Toxoplasma gondii (meses ou anos). Pode indicar forma crônica Epidemiologia ❖ Encontrada em quase todos os países. Prevalência variando de 20 a 83%; ❖ Todos os mamíferos e aves são suscetíveis; ❖ Gatos: grande importância epidemiológica; ❖ Veiculação de oocistos por moscas e baratas; ❖ Soropositividade em animais silvestres. Profilaxia ❖ Saneamento (pessoal e ambiental); ❖ Educação; ❖ Evitar o contato com as fezes de gato e com gatos; ❖ Controle de roedores; ❖ Caixas de areias devem ser sempre supervisionadas, areias trocadas e eliminadas de preferência; ❖ Controle de insetos sinantrópicos; ❖ Não ingerir carne crua ou mal cozida; ❖ Não ingerir leite cru; ❖ Higienização adequada das frutas, verduras e legumes. Tratamento ❖ Forma aguda sintomática: pirimetamina associada com sulfadiazina ou sulfadoxina e adicionar ácido folínico; ❖ Forma aguda em gestantes: ● 1º trimestre: espiramicina; ● 2º trimestre: intercalar espiramicina com sulfadiazina; ● 3º trimestre: pirimetamina associada com sulfadiazina e ácido folínico. ❖ Toxoplasmose ocular: antiparasitários + corticóides para amenizar a resposta inflamatória e reduzir a lesão do globo ocular. Ex.: cloridrato de clindamicina + sulfadiazina + prednisona; ❖ Encefalite em imunodeficientes: pirietamina + sulfadizina ou pirimetamina + clindamicina. 8
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