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Conteúdo dos módulos/Módulo 1 - Para entender a LGPD.pdf
Módulo 1 - Para entender a LGPD
1. Introdução
Você já ouviu falar sobre a Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD, e tem
alguma ideia acerca dos impactos dessa Lei no seu dia a dia?
Neste curso vamos apresentar alguns conceitos fundamentais para que você
conheça e entenda o que é, a quem e a quais situações se aplica a LGPD.
Para começar, assista ao vídeo a seguir!
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/videos/modulo01_video01.mp4
2. Conceitos básicos
A Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD regulamenta o tratamento de dados
pessoais, com o objetivo de proteger a liberdade, a privacidade, a intimidade e o
livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural, Titular desses dados,
mas também de garantir o adequado fluxo de dados, o direito à informação, à
liberdade de expressão, bem como a plenitude e a saúde da economia digital e
informacional.
A referida Lei aplica-se a qualquer operação de tratamento de dados realizada
por pessoa natural ou física, e por empresa pública ou privada, com o objetivo
de ofertar bens e serviços ou de fornecer o serviço de tratamento de dados em
si. E não é apenas o tratamento digital! O legislador deixou isso claro, quando
disse "Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos
meios digitais."
Assim, não é mais possível adiar o entendimento dos principais impactos da
LGPD na sua vida! Ela passa a vigorar a partir de agosto de 2020, embora as
sanções somente entrem em vigor em agosto de 2021.
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Vamos começar pelos conceitos e definições a seguir, que embasam qualquer
discussão sobre a LGPD:
Conceitos e Definições
Dado Pessoal
Qualquer informação que possa levar à identificação de
uma pessoa natural (titular), como: nome, endereço,
e-mail, identidade, CPF, dados de localização (o GPS no
celular), endereço de IP do computador e tantos outros.
Dado Pessoal Sensível
Qualquer informação que possa causar impacto mais
relevante na vida pessoal e/ou profissional, caso seja
exposta ou compartilhada, como: dado de origem racial
ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a
sindicato ou organização de caráter religioso, filosófico ou
político, dado referente à saúde, à vida ou orientação
sexual, dado genético ou biométrico.
Tratamento de Dados
O tratamento abrange um amplo conjunto de operações
efetuadas sobre dados pessoais, por meios manuais ou
automatizados. Inclui a coleta, o registro, a organização, a
alteração, a consulta, a utilização, a divulgação, o
bloqueio, a destruição de dados pessoais, entre outras
ações.
Atores
Titular
É a pessoa natural, o ser humano a quem se referem os
dados pessoais que são objeto de tratamento, seja
criança, adulto ou idoso.
Controlador
Pessoa natural ou jurídica responsável pelo tratamento
dos dados pessoais, que deve definir a hipótese legal, a
finalidade e o modo como esses dados serão tratados
por ele mesmo ou por quem ele designar para fazer esse
tratamento.
No Regulamento Europeu, o Controlador é chamado
"responsável".
Operador
Pessoa Jurídica (em geral), mas também pode ser uma
pessoa natural/física, que realiza o tratamento de dados
pessoais em nome do Controlador.
É possível que um controlador seja ao mesmo tempo o
operador responsável pela execução do tratamento.
Em leis dos EUA e da União Europeia, o Operador
também é chamado "processador".
Agente de Tratamento
O Controlador e o Operador são agentes de tratamento.
Encarregado
Também conhecido como DPO - Data Protection Officer, é
uma pessoa natural indicada pelo Controlador ou pelo
Operador para ser a ponte entre esses agentes de
tratamento e os titulares dos dados, e também entre os
agentes de tratamento e a ANPD. O Encarregado também
é responsável por orientar os funcionários do
Controlador sobre as práticas de tratamento de dados.
ANPD
Autoridade Nacional de Proteção de Dados, órgão da
administração pública responsável por zelar,
implementar e fiscalizar o cumprimento dos dispositivos
e a aplicação dos princípios e fundamentos da LGPD.
Também é a instância responsável pela aplicação das
sanções previstas na LGPD.
Pode-se constatar, então, que a LGPD trata dos dados pessoais que, como a
própria expressão deixa claro, referem-se a uma pessoa, um titular. No próximo
tópico, serão apresentados os direitos garantidos ao Titular dos dados.
Ouça o Episódio 1 do Podcast LGPD Serpro!
Uma conversa com Ulysses Machado, especialista em LGPD no Serpro, sobre a
importância do Encarregado / DPO.
Tema: O papel do Encarregado na LGPD
Convidado: Ulysses Machado
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3. Direitos do titular
Ouça o Episódio 2 do Podcast LGPD Serpro!
Uma conversa com Ulysses Machado, especialista em LGPD no Serpro, sobre o
protagonismo e direitos do Titular de dados pessoais.
Tema: O titular dos dados pessoais
Convidado: Ulysses Machado
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo01_podcast02.mp3
A LGPD define o regramento sobre como os agentes de tratamento podem
obter, separar, classificar ou trabalhar os dados pessoais de alguém para ofertar
ou entregar serviços e produtos que pretendam melhorar a vida dessa pessoa
ou da sociedade como um todo.
O Módulo 2 deste curso apresenta as dez situações de tratamento de dados
pessoais que a LGPD autoriza. São as chamadas hipóteses ou bases legais de
tratamento. Fora delas, o tratamento de dados pessoais é ilegal e implica
violação de dados.
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Mas é preciso observar um fato importante: se um dos princípios da LGPD é a
preservação da liberdade e da intimidade do Titular desses dados, então é certo
que este tenha direitos.
Os principais direitos do Titular, listados a seguir, devem ser atendidos pelo
Controlador. Ele precisa definir os requisitos por meio dos quais esses direitos
serão cumpridos, sempre que necessário, com simplicidade, rapidez e
qualidade.
São direitos do Titular:
Solicitar anonimização1 dos seus dados, quando eles forem
coletados de forma desnecessária, excessiva ou em
desconformidade com a LGPD, além de pedir, em determinados
casos, o bloqueio ou a eliminação desses dados tratados em
desacordo com a Lei (decorrência do direito ao esquecimento);
(Art. 18, IV)
1. Anonimizar significa usar meios técnicos razoáveis e disponíveis no momento do
tratamento, de forma que um dado pessoal não possa ser associado direta ou
indiretamente a um indivíduo, tornando-o anônimo.
Receber confirmação sobre tratamento de seus dados e ser
informado sobre seus dados; (Art. 18, I)
Ter acesso ao conjunto de informações sobre o tratamento de
seus dados, inclusive no tocante a finalidade, modo, identificação
do controlador, uso compartilhado de seus dados,
responsabilidade dos agentes; (Arts. 9º e 18, II)
Solicitar correção ou atualização dos seus dados, como atributo de
qualidade no tratamento dos dados pessoais; (Art. 18, III)
https://addiemooc38.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=11192#nota1er1
Revogar consentimento para a coleta ou tratamento de dados,
quando a base legal de tratamento for o consentimento; (Art. 18,
IX)
Obter informação das entidades públicas e privadas com as quais
o controlador realizou uso compartilhado de dados; (Art. 18, VII)
Opor-se a qualquer tratamento fundado em alguma das hipóteses
de tratamento diversas do consentimento quando haja violação do
disposto na Lei; (Art. 18, § 2º)
Ser informado sobre a possibilidade de não fornecer
consentimento para tratamento de seus dados e as consequências
dessa negativa; (Art. 18, VIII)
Requerer revisão de decisões tomadas unicamente em tratamento
automatizado de dados pessoais, quando estas afetem seus
interesses; (Art. 20)
Peticionar ao controlador para o exercício de seus direitos ou
peticionar à Autoridade
Nacional de Proteção de Dados.
(Art. 18, § 1º)
A LGPD prevê diversos tipos de penalidades para aqueles que violarem suas
disposições. No entanto, as sanções previstas somente entrarão em vigor em
agosto de 2021, por força do disposto no Projeto de Lei que alterou a LGPD.
De qualquer forma, é importante ter em mente que para a LGPD, violar dados
não é apenas invadir um repositório ou vazar dados pessoais. Qualquer
desconformidade com a Lei, inclusive a indisponibilidade de dados que
deveriam ser acessíveis, implica "violação de dados". Essas questões serão
detalhadas no Módulo 3 deste curso.
Entenda a diferença entre dados pseudonimizados e dados
anonimizados
Dados pseudonimizados são aqueles dados que, submetidos a
tratamento, não oferecem a possibilidade de associação, direta ou
indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de informação adicional
mantida separadamente pelo controlador em ambiente controlado e
seguro.
Dados anonimizados são aqueles cujos titulares não podem ser
identificados, dada a aplicação de meios técnicos razoáveis e
disponíveis na ocasião de seu tratamento. Para os efeitos da Lei,
"dado anonimizado" não é "dado pessoal".
Por não permitirem a identificação do seu respectivo Titular, os dados
anonimizados não ficam sujeitos à aplicação da LGPD, exceto quando
houver reversão do processo de anonimização ao qual tais dados
foram submetidos.
Ouça o Episódio 3 do Podcast LGPD Serpro!
Uma conversa com Ulysses Machado, especialista em LGPD no Serpro, sobre o
sentido do consentimento por parte do Titular dos dados.
Tema: O sentido do consentimento pelo Titular
Convidado: Ulysses Machado
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo01_podcast03.mp3
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo01_podcast03.mp3
4. Relações e atribuições
No início deste módulo foram apresentados os envolvidos no processo de
tratamento de dados e sujeitos à LGPD.
E como é o relacionamento entre esses atores? Quais as atribuições de cada um
deles no processo de tratamento de dados e de proteção aos dados dos
titulares?
O infográfico a seguir responde a essas questões. Entenda a relação entre cada
um dos atores desse processo, iniciando com o Titular.
Competências da ANPD
A ANPD, em seu papel norteador da privacidade e da proteção de dados, não
tem apenas a função de fiscalizar e punir. A Autoridade Nacional de Proteção
de Dados tem a responsabilidade de zelar pela proteção de dados, elaborar
diretrizes para a Política Nacional de Proteção de Dados, apreciar e processar
petições dos titulares, disseminar o conhecimento sobre privacidade para o
grande público, realizar estudos sobre as práticas de privacidade no Brasil e no
mundo, desenvolver formas simplificadas para o registro de reclamações sobre
o tratamento de dados pessoais.
Uma das competências da ANPD mais importantes dentre as destacadas pelo
legislador está a de articular-se com as autoridades reguladoras públicas para
exercer suas competências em setores específicos de atividades econômicas e
governamentais sujeitas à regulação. Essa articulação deverá se dar com os
PROCONS, com as Agências Reguladoras, com as associações de defesa dos
consumidores em seus diversos setores de atividade.
O próximo módulo coloca em foco o tratamento de dados: o que é permitido e
o que é vedado aos Agentes de Tratamento.
Conteúdo dos módulos/Módulo 2 - Tratamento de dados.pdf
Módulo 2 - Tratamento de dados
1. Processos de tratamento
Retomando o conceito apresentado no primeiro módulo, tratamento é toda
operação realizada com dados pessoais, como as que se referem a:
Acesso - possibilidade de comunicar-se com um dispositivo, meio
de armazenamento, unidade de rede, memória, registro, arquivo,
ou outros, visando receber, fornecer, ou eliminar dados;
Armazenamento - ação ou resultado de manter ou conservar em
repositório um dado;
Arquivamento - ato ou efeito de manter registrado um dado,
embora já tenha perdido a validade ou esgotada a sua vigência;
Avaliação - ato ou efeito de calcular valor sobre um ou mais dados;
Classificação - maneira de ordenar os dados conforme algum
critério estabelecido;
Coleta - recolhimento de dados com finalidade específica;
Compartilhamento - comunicação, difusão, transferência
internacional, interconexão de dados pessoais ou tratamento
compartilhado de bancos de dados pessoais por órgãos e
entidades públicas no cumprimento de suas competências legais,
ou entre esses e entes privados, reciprocamente, com autorização
específica, para uma ou mais modalidades de tratamento
permitidas por esses entes públicos, ou entre entes privados;
Comunicação - transmitir informações pertinentes às políticas de
ação sobre os dados;
Controle - ação ou poder de regular, determinar ou monitorar as
ações sobre o dado;
Difusão - ato ou efeito de divulgação, propagação, multiplicação
dos dados;
Distribuição - ato ou efeito de dispor de dados de acordo com
algum critério estabelecido;
Eliminação - ato ou efeito de excluir ou destruir dado do
repositório;
Extração - ato de copiar ou retirar dados do repositório em que se
encontrava;
Modificação - ato ou efeito de alteração do dado;
Processamento - ato ou efeito de processar dados;
Produção - criação de bens e de serviços a partir do tratamento de
dados;
Recepção - ato de receber os dados ao final da transmissão;
Reprodução - cópia de dado preexistente obtido por meio de
qualquer processo;
Transferência - mudança de dados de uma área de
armazenamento para outra, ou para terceiro;
Transmissão - movimentação de dados entre dois pontos por meio
de dispositivos elétricos, eletrônicos, telegráficos, telefônicos,
radioelétricos, pneumáticos etc.;
Utilização - ato ou efeito do aproveitamento dos dados, entre
outras.
As atividades de tratamento de dados pessoais também devem
observar os seguintes princípios (Art. 6º):
Finalidade: o tratamento deve ser realizado para propósitos legítimos,
específicos, explícitos e informados ao titular.
Adequação: o tratamento deve ser compatível com as finalidades
informadas ao titular.
Necessidade: o tratamento deve estar limitado ao mínimo necessário
para a realização das finalidades a que se destina.
Livre acesso: garantir aos titulares, a consulta facilitada e gratuita
sobre a forma e a duração do tratamento e à integralidade de seus
dados pessoais.
Qualidade dos dados: garantir aos titulares, exatidão, clareza,
relevância e atualização dos dados.
Transparência: garantir aos titulares, informações claras, precisas e
facilmente acessíveis sobre a realização do tratamento e os
respectivos agentes de tratamento.
Segurança: utilizar medidas técnicas e administrativas para proteção
dos dados pessoais de acessos não autorizados e de situações
acidentais ou ilícitas que resultem na sua destruição, perda,
alteração, comunicação ou difusão.
Prevenção: adotar medidas para prevenir a ocorrência de danos em
virtude do tratamento de dados pessoais.
Não discriminação: impossibilitar a realização do tratamento de dados
para fins discriminatórios, ilícitos ou abusivos.
Responsabilização e prestação de contas: o agente de tratamento deve
demonstrar que adotou medidas eficazes e capazes de cumprir as
normas de proteção de dados pessoais.
2. Situações previstas na lei
A LGPD estabelece que os Agentes de Tratamento só podem realizar o
tratamento dos dados pessoais em determinadas situações ou "hipóteses".
Nesse caso, são dez hipóteses permitidas pela Lei, e não há entre elas
hierarquia ou maior grau de importância.
O que a Lei garante, em qualquer dessas hipóteses, é o equilíbrio entre a
proteção de dados e a privacidade: seu objetivo é proteger a privacidade e, ao
mesmo tempo, garantir o adequado fluxo de dados e informações, em proveito
tanto do titular quanto do mercado e da economia digital.
Cada base legal de tratamento de dados pessoais será identificada pelo
Controlador de acordo com a conveniência e a conformidade entre a finalidade
do tratamento
e os princípios gerais da Lei presentes em cada uma das
hipóteses nela prescritas, apresentadas a seguir.
Entenda as hipóteses de tratamento permitidas:
Cumprimento de Obrigação Legal
Se há uma previsão legal ou regulamentar no sentido de que os
dados sejam tratados, essa base legal é bastante para que o
Controlador esteja coberto na execução do tratamento.
Exemplos
● Entrega anual da Declaração IRPF
● Recadastramento eleitoral com biometria
● Informação de doença infecto-contagiosa
Execução de Políticas Públicas
O gestor público pode tratar e fazer uso compartilhado de Dados
Pessoais para execução de Políticas Públicas. A execução dessas
políticas em prol do bem comum exige, frequentemente, o
tratamento compartilhado de dados pessoais.
Exemplos
● Tratamento de dados para execução de política de distribuição de renda
(bolsa família)
● Tratamento de dados para erradicação do analfabetismo
● Tratamento de dados para aumento da segurança alimentar
● Tratamento de dados para melhoria do ambiente de negócios
Realização de Estudos por Órgãos de Pesquisa
Esses estudos, como censo populacional, PIB, renda per capita,
nível de distribuição de renda, mapa da fome, nível de
alfabetização e comportamento do sistema educacional são
fundamentais para o crescimento do país. E deve ser garantido,
sempre que possível, que os dados pessoais permaneçam
anônimos.
Exemplos
● Censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
● Informações ao IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
● Saúde pública e doenças tropicais
Execução de Contrato
O simples ato de contratar já traz em si a vontade de materializar o
registro dos dados das partes no instrumento contratual, para o
conhecimento recíproco, pelo menos.
E se o objeto do contrato for o tratamento de dados do Titular, ou tiver esse
tratamento como consequência do objeto, a evidente manifestação de vontade
que existe se materializa neste instrumento particular válido firmado entre duas
pessoas, e é a base legal para o tratamento de dados pessoais.
Exemplos
● Contrato de aluguel
● Locação de veículo
Exercício Regular de Direitos
Essa hipótese legal confere legitimidade ao uso que os agentes de
tratamento façam dos dados tratados para atuação em defesa de
seus interesses perante autoridades em processos administrativos
ou judiciais. A finalidade original do tratamento é uma (garantir a
entrega e a contraprestação em um contrato, por exemplo). O uso
para esta outra finalidade (defesa) encontra respaldo nessa base
legal.
Exemplos
● Um Controlador utiliza os dados pessoais dos titulares para contestar
uma ação judicial por violação, em caso de não integridade dos dados
● Um Operador se utiliza dos dados para fazer prova em ação de reparação
de danos por vazamento de informação pessoal
Proteção da Vida
A base legal para o tratamento aqui é a proteção da vida do titular
ou de terceiros.
A privacidade de uma pessoa jamais será considerada um bem
maior que a vida humana, sua ou de terceiros. Por essa razão, se
alguém informa seus dados e circunstâncias (como tipo sanguíneo,
numa circunstância de acidente), não está havendo "violação de
dados".
Exemplos
● Um médico manipula dados ou informações de um paciente para
controle de quadro emergencial grave
● Alguém repassa o endereço de um suicida
● Alguém checa o histórico de vida pregressa de passageiros para
identificar um terrorista em ataque
Tutela da Saúde
Essa hipótese trata dos procedimentos para proteção da saúde
executados por profissionais do setor ou entidades sanitárias.
Exemplos
● Tratamento de dados relacionado a lista de pessoas que tiveram contato
com alguma infecção, com a finalidade de controle de pandemia
● Levantamento socioambiental de zonas afetadas por epidemia
● Perfil de habitantes de dada comunidade para fins de planejamento
sanitário
Interesse Legítimo
Esta base legal dá suporte ao tratamento executado com
legitimidade de interesse do Agente de Tratamento, do Titular ou
de terceiros. A prestação de um serviço que dependa do
tratamento de dados torna legítimo ao Agente de Tratamento
tratar os dados pessoais. Mas a legitimidade desse interesse só
prospera se ele se faz coerente com a legítima expectativa do titular ou de
terceiro em relação à finalidade e aos modos de tratamento.
Exemplos
● O endocrinologista depende dos dados pessoais (inclusive sensíveis) do
paciente para tratá-lo. O uso desses dados para promover mail marketing
de produtos de emagrecimento extrapola a legítima expectativa do Titular
● O serviço de helpdesk depende dos dados do titular para lhe prestar
atendimento e facilitar futuras demandas. O uso desses dados para
comercializar cadastros a terceiros viola a legítima expectativa do Titular
● O Cibercafé guarda os dados de seus usuários inclusive para segurança
do interesse de terceiros, pelo prazo de um ano. A transferência dos
registros de conexão a terceiros viola a legítima expectativa do Titular
Proteção ao Crédito
O tratamento de dados para proteção ao crédito é escudado por
esta base legal. As pendências obrigacionais, inadimplências e a
má-conduta de pessoas naturais e jurídicas na praça são
circunstâncias lesivas a toda a cadeia creditícia e contrárias aos
interesses da sociedade como um todo.
Exemplos
● O SERASA bloqueia usuários no uso de suas ferramentas de crédito
● Quando o Controlador se vale do cadastro positivo
● Quando alguém contrata o serviço DataValid
● Quando alguém usa o aplicativo VIO
Consentimento
O Agente (Controlador ou Operador) pode tratar a informação de
uma pessoa se tiver seu consentimento para tanto. O
Consentimento, para o Agente de Tratamento, é uma base legal
precária: pode ser revogado a qualquer momento, sendo
garantido ao usuário o direito de ver seus dados eliminados,
bloqueados, além do direito à portabilidade, que muito se ajusta a essa base
legal.
Exemplos
● Uma pessoa autoriza o uso do seu CPF numa rede de farmácias para fins
exclusivos de concessão de desconto na compra de um medicamento
● Alguém preenche um cadastro numa loja para ter acesso a promoções
Ouça o Episódio 4 do Podcast LGPD Serpro!
Uma conversa com Ulysses Machado, especialista em LGPD no Serpro, sobre a
diferença entre consenso e consentimento; a importância do consenso para a
viabilidade dos contratos e do comércio; e o interesse legítimo do controlador
ou de terceiros.
Tema: Consentimento x Consenso / Interesse Legítimo
Convidado: Ulysses Machado
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo02_podcast01.mp3
3. Dados pessoais sensíveis
Dados Pessoais Sensíveis são dados pessoais sobre origem racial ou étnica,
convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de
caráter religioso, filosófico ou político, dados referentes à saúde, à vida ou
orientação sexual, dados genéticos ou biométricos, quando vinculados a uma
pessoa natural.
Enfim, são aqueles que, se expostos ou compartilhados, podem causar impacto
na vida pessoal ou profissional de alguém. A sensibilidade reside tanto no
enorme potencial de lesividade desses dados, quanto no interesse que suscitam
para os negócios.
Por isso mesmo, não apenas merecem uma maior proteção de seu tratamento
para resguardar a privacidade do Titular, mas também precisam ser tratados
levando em conta o forte interesse do mercado no controle dessas informações.
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo02_podcast01.mp3
São oito hipóteses previstas na Lei.
1. Mediante Consentimento para finalidades específicas.
2. Cumprimento de Obrigação Legal ou regulatória pelo
Controlador.
3. Compartilhamento de dados necessários à execução de
Políticas Públicas.
4. Realização de Estudos por Órgão de Pesquisa, garantida,
sempre que possível, que os dados pessoais permaneçam
anônimos.
5. Exercício Regular de Direitos.
6. Proteção da Vida ou da integridade física do Titular ou de
terceiros.
7. Tutela da Saúde.
8. Garantia da Prevenção
à Fraude e à Segurança do Titular.
As hipóteses de tratamento de Dados Sensíveis são mais restritas que a de
Dados Pessoais, sendo excluídos "Execução de Contrato", "Interesse Legítimo" e
"Proteção ao Crédito".
A Lei também veda às operadoras de planos privados de assistência à saúde o
tratamento de dados de saúde para a prática de seleção de riscos na
contratação de qualquer modalidade, assim como na contratação e exclusão de
beneficiários.
É expressamente vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre
controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com objetivo de
obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses relativas à prestação de
serviços de saúde, de assistência farmacêutica e de assistência à saúde,
incluídos os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefício dos
interesses dos titulares dos dados, e para permitir:
1. a portabilidade de dados, quando solicitada pelo titular
2. as transações financeiras e administrativas resultantes do uso e da
prestação dos serviços de que trata este parágrafo.
Ouça o Episódio 5 do Podcast LGPD Serpro!
Uma conversa com Ulysses Machado, especialista em LGPD no Serpro, sobre
dados pessoais sensíveis e a relevância do consentimento no tratamento desses
dados.
Tema: Tratamento de dados pessoais sensíveis
Convidado: Ulysses Machado
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo02_podcast02.mp3
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo02_podcast02.mp3
4. Dados de crianças e adolescentes
O tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes deve ser realizado
no seu melhor interesse, prevendo, contudo, regimes diversos para crianças e
adolescentes.
Criança é a pessoa com idade de até doze anos incompletos, e adolescente é
aquela entre doze e dezoito anos de idade (Estatuto da Criança e Adolescente,
Art. 2º).
O tratamento de dados pessoais de crianças e
adolescentes, naqueles casos em que a base legal seja o
consentimento, deve ser realizado com o consentimento
específico e em destaque emitido por pelo menos um dos
pais ou pelo responsável legal.
No tratamento de dados de crianças e adolescentes com
fundamento em outras bases legais, as restrições gerais
do Estatuto e do Código Civil prevalecem em relação ao
menor de idade. Por exemplo:
● Na execução de contrato o menor deve ser representado por seu
responsável;
● Nos tratamentos por força de Lei devem ser respeitadas as condições
específicas no tocante a menores;
● No caso de legítimo interesse, a legítima expectativa a ser avaliada deve
levar em conta o ponto de vista do representante do menor, enquanto tal.
A Lei, entretanto, traz exceção à regra acima mencionada, de forma que os
dados pessoais de crianças poderão ser eventualmente tratados sem o
consentimento exigido pela lei quando necessário para contatar os pais ou
responsáveis legais, a fim de garantir a proteção da criança ou adolescente,
desde que sejam utilizados uma única vez e sem armazenamento, e em nenhum
caso poderão ser repassados a terceiros.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
A participação desses Titulares (crianças e adolescentes) em jogos,
aplicações de internet ou outras atividades também não deve ser
condicionada ao fornecimento de informações pessoais além das
estritamente necessárias à atividade.
Ouça o Episódio 6 do Podcast LGPD Serpro!
Uma conversa com Ulysses Machado, especialista em LGPD no Serpro, sobre
especificidades no tratamento de dados de crianças ou de idosos.
Tema: Tratamento de dados pessoais de crianças e idosos
Convidado: Ulysses Machado
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo02_podcast03.mp3
5. Compartilhamento e transferência de dados
Este é o momento de responder as dúvidas mais comuns sobre o
compartilhamento e a transferência de dados pessoais:
Com as restrições que a LGPD impõe ao tratamento dos dados pessoais,
o uso compartilhado de dados entre órgãos da Administração Pública
pode ser realizado?
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo02_podcast03.mp3
Sim...
Entretanto, o uso compartilhado de dados pessoais pelo Poder Público deve
atender às finalidades específicas de execução de políticas públicas e atribuição
legal pelos órgãos e pelas entidades públicas, como por exemplo informações
ao INSS, e-Social, fiscalizações, etc.
Por outro lado, todo e qualquer uso compartilhado não condizente com a
finalidade original deve ser informado ao Titular, sem prejuízo de obtenção do
consentimento explícito, ainda que este não tenha sido o fundamento da coleta
original.
Pode haver transferência de dados entre o Poder Público e o setor
privado?
A LGPD veda a transferência de dados entre o Poder Público e as empresas e
instituições privadas, exceto nos seguintes casos:
I. aqueles em que os dados forem acessíveis publicamente
II. na execução descentralizada de atividade pública que exija essa
transferência, exclusivamente para esse fim específico;
III. quando houver previsão legal ou a transferência for respaldada em
contratos, convênios ou acordos
IV. se o objetivo for a prevenção de fraudes e de proteção dos titulares dos
dados.
Em quais casos os dados pessoais poderão ser transferidos para fora do
Brasil?
A transferência internacional de dados pessoais somente será permitida para os
casos em que o país ou organismo internacional proporcionarem um grau de
proteção de dados adequado ao previsto na LGPD, ou quando forem oferecidas
pelo Controlador garantias de cumprimento dos princípios, dos direitos e do
regime da proteção da LGPD.
A transferência de dados também poderá ocorrer em outras hipóteses:
1. para fins de cooperação jurídica internacional entre órgãos públicos de
inteligência, de investigação e de persecução.
2. para os casos em que for necessária para proteger a vida ou a integridade
física do Titular dos dados pessoais ou de terceiros.
3. quando a Autoridade Nacional autorizar a transferência.
4. quando a transferência decorrer de acordo de cooperação internacional.
5. quando for necessária para a execução de política pública ou atribuição
legal do serviço público.
6. quando o Titular tiver fornecido seu consentimento específico e em
destaque para a transferência internacional.
7. quando servir para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo
Controlador.
8. quando necessário para a execução de contrato.
9. quando servir para o exercício regular de direitos em processo judicial,
administrativo ou arbitral.
Conteúdo dos módulos/Módulo 3 - Segurança no tratamento de dados.pdf
Módulo 3 - Segurança no tratamento
de dados
1. Privacidade dos dados
Todos os Agentes de Tratamento, ao lidar com dados pessoais, devem garantir
sempre que possível e nas situações previstas na Lei, a segurança e privacidade
dos dados.
No caso de organização de serviços e sistemas para tratamento de dados, é
importante considerar os parâmetros apresentados a seguir.
Privacy by Design
O princípio Privacy by Design representa o emprego de
mecanismos e soluções de privacidade durante todo o
ciclo de vida do desenvolvimento do sistema ou da
organização dos serviços em que os dados serão tratados.
Nessa perspectiva, a privacidade é incorporada à própria
arquitetura dos sistemas e processos desenvolvidos, de
modo a garantir, pela infraestrutura do serviço prestado,
condições para que o usuário seja capaz de preservar e
gerenciar sua privacidade e a coleta e tratamento de seus
dados pessoais.
Privacy by Default
O princípio Privacy by Default representa a obrigatoriedade
de que todas essas ferramentas estejam acionadas como
padrão e que as medidas destinadas a garantir
privacidade ao Titular não contradigam a lógica desse
padrão. Em última análise, significa dizer que o serviço
será organizado de forma tal que não haja a prevalência dos interesses dos
Agentes de Tratamento sobre os interesses do Titular dos dados tratados.
Significa estabelecer como configuração
padrão a maior privacidade possível
ao Titular dos dados, além de garantir que, na dúvida entre duas situações
ambíguas, prevaleça aquela que melhor atenda aos seus interesses.
Os Agentes de Tratamento devem, portanto, desde a concepção do
produto ou do serviço, até a sua execução, adotar medidas de segurança,
técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos
não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda,
alteração, comunicação ou qualquer forma de tratamento inadequado ou
ilícito. (Art. 46, §2º).
Ouça o Episódio 7 do Podcast LGPD Serpro!
Uma conversa com Ulysses Machado, especialista em LGPD no Serpro, sobre o
equilíbrio entre a necessidade de lidar com os dados pessoais e a privacidade e
segurança dos dados.
Tema: Equilíbrio entre tratamento e segurança dos dados
Convidado: Ulysses Machado
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo03_podcast01.mp3
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo03_podcast01.mp3
2. Segurança da informação
Um dos atributos mais importantes da privacidade e do tratamento de dados
pessoais é o alinhamento, pelos agentes de tratamento, com os domínios da (I)
Segurança da Informação, (II) das Boas Práticas e (III) da Governança de
Privacidade.
Segurança da Informação
Segurança da Informação é o conjunto de domínios e conhecimentos
relacionados à informação e à preservação dos atributos de confidencialidade,
disponibilidade, integridade e autoria (ou não repúdio).
Muita gente pensa que segurança da informação se relaciona apenas com a
confidencialidade. Mas toda organização depende de informação e da troca
dessa informação com o mundo externo em um determinado nível de
equilíbrio!
Uma informação guardada a sete chaves em um baú de aço no fundo do mar
abissal pode até parecer segura, mas não constitui “informação” em si mesma!
Informação também está relacionada com o controle adequado dos atributos já
citados, representados a seguir:
Confidencialidade
Limitar o acesso tão somente às entidades legítimas, ou seja,
àquelas autorizadas. Sendo assim, o acesso a dados pessoais
por entidades ou pessoas não autorizadas configura-se como
violação de segurança desses dados, além de incidente de
segurança.
Disponibilidade
Estar pronta para o uso na medida das necessidades.
Integridade
Certeza de que não foi adulterada, por exemplo.
Autoria
Certeza de que não foi produzida por outrem e certeza de
que foi produzida por seu verdadeiro autor.
Devido à evolução do Comércio Eletrônico e da Sociedade da Informação,
além de meios de tratamento de dados e informações, outros controles
“estendidos” de adequação surgiram, como:
● Irretratabilidade ou não repúdio - impossibilidade de se negar autoria
(provar) sobre a execução de transação;
● Privacidade - manter anônimo o usuário;
● Legalidade - esteja aderente à legislação pertinente;
● Auditoria - capacidade de auditar tudo o que foi realizado pelos usuários;
● Autenticação - processo de identificação e reconhecimento, ou seja, é de
fato quem alega ser;
● Autenticidade - garantia de que a informação é proveniente da fonte
anunciada (origem) e que não foi alvo de mutações ao longo de um
processo;
● Autorização ou consentimento - concessão livre, informada e inequívoca
pelo titular para acesso de pessoas ou entidades autorizadas e
capacitadas para o uso adequado e tratamento de seus dados pessoais,
para uma ou mais finalidades determinadas.
Os domínios de segurança da informação diferem entre os modelos e
frameworks disponíveis, mas de modo geral estão relacionados às seguintes
rubricas:
1. Governança de Segurança da Informação
2. Segurança de Ativos (incluindo “classificação”)
3. Gestão, Risco e Conformidade de SI
4. Gestão de Continuidade do Negócio
5. Segurança de Comunicação e Infraestrutura de Rede (incluindo
controle de acesso e gestão de identidade)
6. Operações de segurança (incluindo tratamento de incidentes,
recuperação de desastres, forense computacional)
7. Segurança de Dados (incluindo Criptografia) e
8. Desenvolvimento Seguro.
Boas Práticas
A adoção de “melhores práticas” não é uma rubrica subjetiva e inconsistente.
Essas melhores práticas não são resultado de uma mera avaliação subjetiva,
mas constituem formas de proceder já testadas e aprovadas internacionalmente
como resultado de erros, acertos e melhorias pelos profissionais do ramo.
Elas incluem medidas concretas como:
● Adoção de um programa consistente de segurança, privacidade e
governança de dados
● Definição de políticas específicas (Segurança da informação, Privacidade,
Continuidade de Negócio e Comunicação)
● Adoção de normas, padrões e baselines
● Definição de procedimentos (por exemplo, procedimentos de forense
computacional, procedimentos de gestão de mudança, procedimentos de
atualização de patches)
● Tratamento de reclamações de titulares
● Ações de educação, de treinamento e de conscientização
● Mecanismos de supervisão
● Procedimentos de tratamento e mitigação de riscos etc.
É muito importante, em situações de violação de segurança ou vazamento de
dados, ter um adequado plano de comunicação e de gestão da continuidade do
negócio, tanto para evitar que falhas de comunicação aumentem a dimensão do
problema quanto para garantir que a organização tenha agilidade na
recuperação, com rápido retorno à regularidade. E tudo deve ser feito
minimizando os danos aos titulares e garantindo que o histórico e a experiência
sejam utilizados na prevenção de ocorrências futuras.
Esse conjunto de melhores práticas não é monopólio da Segurança da
Informação e nem da Governança, mas se relacionam intimamente com ambas.
Governança de Privacidade
A adoção de um modelo de governança de privacidade não é, igualmente, um
“conjunto em aberto”. Ter governança significa estabelecer um modelo de
funcionamento que garanta direcionamento, comunicação, clareza de papéis,
conhecimento geral do negócio e responsabilidade proativa (accountability).
Que conjunto de ações garantem essa governança?
A adoção de melhores práticas, o alinhamento com os aspectos gerais de
segurança da informação, e o alinhamento em torno de uma política clara de
privacidade e uma forma de fazer que seja inequívoca e plenamente conhecida
por todos.
Implantar governança significa eliminar o espaço para a fala dos maus
gestores que, em passado recente (escândalos da Enron, da Arthur
https://pt.wikipedia.org/wiki/Enron
https://pt.qwe.wiki/wiki/Arthur_Andersen
Andersen e outros), quando interpelados sobre o porquê daquele
desmando identificado, respondiam “eu não sabia! Quem cuidava disso
eram os contadores, ou os departamentos financeiros”.
Onde há governança não há espaço para o “eu não sabia”. Accountability
não é moda passageira, mas constitui verdadeiro fim a ser perseguido em
qualquer modelo conduzido por adultos responsáveis.
Assim, para demonstrar e estar em conformidade aos requisitos de segurança
da informação e privacidade e proteção de dados, de acordo com o que prevê a
LGPD, deve-se fazer uso, no mínimo, de documentos tais como:
● Diretriz de Segurança Lógica (políticas de senha, sistemas de autenticação
de usuário, programa de detecção de vírus);
● Normas de Classificação, Anonimização e Criptografia da Informação;
● Política Corporativa de Governança de Dados;
● Política Corporativa de Segurança da Informação;
● Política Corporativa de Privacidade e Proteção de Dados;
● Plano de Resposta a Incidente e Remediação;
● Plano de Continuidade de Serviços e Negócios;
● Plano de Contingência;
● Plano de Comunicação, Treinamento e Conscientização sobre Segurança
da Informação, Privacidade e Proteção de Dados; e
● Programa de Governança em Privacidade e Proteção de Dados.
https://pt.qwe.wiki/wiki/Arthur_Andersen
3. LGPD e penalidades
Vazamento de Dados
Nos casos de vazamento ou violação de dados, qual o procedimento previsto na
LGPD?
O Controlador deverá comunicar tanto ao Titular quanto à ANPD sobre a
ocorrência de algum
incidente de segurança que venha a resultar em risco ou
dano relevante ao Titular. A medida dessa relevância depende da classificação
de risco e do que tenha sido definido como risco de média, alta ou de altíssima
severidade.
“A LGPD é uma legislação, também, para proteção de patrimônio e de reputação”
(Patrícia Peck).
Assim, caberá ao Encarregado designado pelo Controlador, em situações de
violação de segurança ou vazamento de dados, implementar procedimentos ou
práticas de Segurança da Informação/Segurança Cibernética, Políticas e
Programa PD&D, que implicam notificar a diretoria da organização, a área de
comunicação e inclusive solicitar forense computacional, entre outros.
Essa comunicação será devida nos casos em que dados pessoais tenham
vazado, acidental ou ilicitamente, a destinatários não autorizados, ou
quando fiquem temporária ou permanentemente indisponíveis, ou ainda
quando sejam alterados.
Responsabilidades
Caso o tratamento de dados pessoais não ocorra de acordo com a LGPD, quem será
responsabilizado?
O Controlador e o Operador poderão responder conjuntamente ou
individualmente, conforme o caso, no âmbito administrativo, sofrendo as
sanções que a Autoridade lhes imponha individualmente ou de forma articulada
com outras autoridades, como veremos adiante.
Sanções Administrativas
Nos casos em que o Controlador falte com suas responsabilidades (inclusive a
de instruir adequadamente o Operador), sofrerá as sanções da Lei. Já o
operador, quando tenha sido devidamente instruído, se faltar com seus deveres,
será o destinatário das sanções correlatas.
As sanções administrativas, previstas na nova Lei, são as seguintes:
I. advertência, com a indicação de prazo para adoção de medidas
corretivas;
II. multa simples de até 2% do faturamento da pessoa jurídica de direito
privado, grupo ou conglomerado no Brasil, no último exercício, excluídos
os tributos e limitada a R$ 50.000.000,00, por infração;
III. multa diária, observado o limite total a que se refere o inciso anterior;
IV. publicização da infração, após apuração e confirmação;
V. bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até a sua
regularização;
VI. eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração.
Sanções Cíveis e Penais
Independentemente das sanções administrativas, a conduta dos agentes de
tratamento poderá ensejar danos materiais ou cometimento de crimes e, nesses
casos, sanções judiciais poderão se sobrepor às administrativas, tanto em
relação aos agentes como em relação às pessoas de seus quadros societários ou
profissionais.
Um elemento importante de se compreender é que a responsabilidade, em
matéria de privacidade, não é “objetiva” (aquela que depende apenas de haver o
ato lesivo e de haver o efetivo dano à parte prejudicada). A responsabilidade
aqui é subjetiva e depende de se identificar a existência de culpa ou dolo por
parte do agente de tratamento.
No entanto, se a responsabilidade do agente tangenciar relações de consumo, a
regra de responsabilidade se dará em conformidade com o direito consumerista
(Direito do Consumidor) e, portanto, se passará a tratar a responsabilidade pelo
critério objetivo, típico desse tipo de relação.
As sanções serão aplicadas de forma gradativa, isolada ou
cumulativa, de acordo com as peculiaridades do caso concreto e
considerando sua gravidade e a natureza. Além das sanções
administrativas, o infrator poderá responder judicialmente por
repercussões decorrentes do descumprimento da LGPD, individual
ou coletivamente.
4. LGPD e demais leis
A proteção de dados e privacidade é um sistema complexo de comandos e
diretrizes que não se restringem à LGPD, mas estabelece um diálogo com
inúmeros outros marcos legais, como a LAI - Lei de Acesso à Informação, o Código
de Proteção e Defesa do Consumidor, as Políticas Nacionais de Segurança da
Informação e de Proteção de Infraestruturas Críticas, a Lei do Cadastro Positivo, o
Marco Civil da Internet, a Lei de Crimes Cibernéticos, a Lei das Estatais, e tantas
outras.
A imagem a seguir apresenta algumas dessas iniciativas legais e sua relação
direta com o Titular dos dados.
Clique nos links a seguir para visualizar o conteúdo da lei em nova aba
● LGPD
● Política Nacional de Infraestruturas Críticas
● Cadastro Positivo
● LAI
● Lei de Crimes Cibernéticos
● Marco Civil da Internet
● Código de Defesa do Consumidor
● Lei das Estatais
● Política Nacional de Segurança da Informação
A correlação e coordenação entre essas iniciativas legais evidenciam um sistema
jurídico harmonioso e complementar que deve ser interpretado em seu todo,
tanto pelos atores do processo quanto pelos que têm a obrigação de controlar e
de decidir sobre seu funcionamento e regularidade.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/d9573.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12414.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13303.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/d9637.htm
Conteúdo dos módulos/Módulo 4 - LGPD e Serpro.pdf
Módulo 4 - LGPD e Serpro
1. Organização da empresa e implementação da
LGPD
Ouça o Episódio 8 do Podcast LGPD Serpro!
Uma conversa com Ulysses Machado sobre as fases de implementação da LGPD
no Serpro e sua organização.
Tema: As 5 fases de implementação da LGPD
Convidado: Ulysses Machado
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo04_podcast01.mp3
Mais do que atender ao dever de adequação à LGPD, o Serpro se organiza e se
firma como referência em proteção e tratamento de dados pessoais no setor
público.
O planejamento realizado pela equipe de implementação pressupõe 5 fases,
com desdobramentos em etapas e produtos, como o Manual Jurídico de
Privacidade, o modelo de Governança de Dados, o Plano de Treinamento e o
Programa de Privacidade.
Veja o detalhamento de cada uma das 5 fases:
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo04_podcast01.mp3
1. Preparação
É uma fase de avaliação, diagnóstico e inventário da situação em vigor na
organização.
O primeiro passo foi construir um diagnóstico, por meio de questionários que
subsidiarão, na etapa seguinte, oficinas de alinhamento e complementação.
Também foi elaborado um manual jurídico integrando leis de privacidade,
inclusive estrangeiras, doutrina e decisões relacionadas com privacidade e
proteção de dados. O manual é de acesso corporativo, com perfis de usuário e
de administrador – que corresponde ao perfil responsável por atualizar e revisar
o manual. O usuário pode consultar o manual com busca relacional em cada
uma das três dimensões: lei, doutrina e decisões.
Foi realizado, ainda, levantamento de riscos com equipe multidisciplinar que
identificou, de início, 156 riscos. A análise crítica desses riscos, identificando
dentre eles os que eram causa ou consequência, reduziu os riscos de
implementação para o quantitativo de 7 (sete) riscos, com os respectivos
controles/tratamentos, que serão referência para a construção dos relatórios de
impacto e também para as análises de risco posteriores.
Criou-se, ademais, o Escritório de Governança de Dados, com a função de
identificar a localização de todas as bases de dados que contenham dados
pessoais, centralizar seus metadados, classificar esses dados – pessoais,
sensíveis, de menores etc. – e garantir adequado controle de acesso. O
Escritório também realizou o Mapeamento do Fluxo de Dados.
Foi realizada a adequação das políticas de Segurança da Informação e de
Governança de Dados aos princípios da LGPD e, além disso, está em fase de
aprovação final a Política de Privacidade e o Programa de Privacidade, tudo
construído
em cooperação com a Área de Segurança da Informação e as demais
áreas da Empresa, colaboração essencial para a conclusão do Programa Serpro
de Privacidade.
Os planos de implementação da Fase 1 serão construídos no decorrer da Fase 2
e serão executados no início da Fase 3.
2. Organização
Fase caracterizada principalmente pelo engajamento e arregimentação dos
esforços necessários à conformidade.
A manutenção do Programa de Privacidade e da Política de Segurança à
Privacidade teve início com a implementação da Rede LGPD: uma Rede Social
Corporativa que agrega os efetivamente envolvidos nas atividades, com a “mão
na massa”. A Rede LGPD não é mera forma de publicidade. É ferramenta de
trabalho e organização para que os voluntários distribuam, pelo corpo
funcional, os princípios e fundamentos da Política de Segurança à Privacidade.
A designação do Encarregado : são três pessoas naturais, responsáveis, cada
uma, pela atuação técnica, pela atuação jurídica e de conteúdo; e pelo
inter-relacionamento com entidades externas – clientes, cooperações, parcerias
e educação.
A Fase de Organização é também aquela em que é promovido o engajamento
da alta liderança, independentemente dos esforços realizados na Fase de
Preparação. Aqui foram feitos treinamentos e apresentações para a Diretoria,
para o Diretor-Presidente, para o Comitê de Auditoria e para o Conselho de
Administração.
O engajamento corporativo foi e seguirá sendo feito a partir de seminários,
eventos, palestras, cursos, comunicação e marketing, já iniciados desde a Fase 1,
em abril de 2019. Tais esforços incluem a página Serpro e a comunidade LGPD,
aberta aos empregados, a Cartilha de Privacidade e os vídeos institucionais.
O engajamento dos conselhos (Administração, Fiscal, COAUD) e dos
fornecedores e clientes também será realizado a partir de oficinas externas e
ações de marketing.
Com a conclusão desta Fase, teremos a implementação de um Sistema de
Gestão de Privacidade e da Informação - SGPI: uma sistemática clara e
mapeada do que está sendo feito, como, quando e quem são os responsáveis e
executores. "Sistema” aqui, tem o mesmo significado utilizado no modelo ISO
27001, quando se refere ao Information Security Management System – ISMS. É
uma garantia de processo de trabalho claro e rastreável e não um “sistema de
TI”.
Há, de forma independente, um esforço para que o dashboard desse Sistema
esteja integrado na plataforma Archer, adquirida pelo Serpro e em fase de
implantação.
3. Implementação
É a fase de execução dos planos de implementação desenvolvidos na Fase
anterior, envolvendo corpo funcional, gestão, clientes e fornecedores, com:
● Definição dos procedimentos de aprovação para tratamento de dados -
Encarregado + Governança de Dados.
● Registro das databases que contêm dados pessoais - Governança de
Dados.
● Alinhamento dos serviços de transferência internacional de dados com o
cliente RFB.
● Integração de todas as atividades de Proteção de Dados e Privacidade
com os diversos responsáveis e o Encarregado - DPO.
● Execução dos planos de treinamento.
● Implementação dos controles definidos pela Governança de Dados: o
Programa de Privacidade e as Regras de Governança de Dados compõem
a Governança de Privacidade e Proteção de Dados.
4. Governança
Fase caracterizada pela plena atuação da Governança de Privacidade como
um todo, conduzida pelo Encarregado - DPO e alinhada com a Rede LGPD e o
corpo funcional, ou seja, serão implementadas as práticas de Gestão de Uso de
Dados.
A implementação do canal de comunicação com o Titular dos dados pessoais
será dúplice: tanto pela plataforma de tratamento (PDC - Plataforma Digital do
Cidadão), como por canal de comunicação e tratamento interno de demandas,
a exemplo do eOuve, com execução dos processos de retificação, requisição,
reclamação/tratamento, etc., em atendimento ao titular.
Também será executada nova avaliação de Riscos de Privacidade e Tratamento
de Dados, a exemplo do que foi realizado na fase anterior, e estarão definidos, a
partir da ferramenta Archer, os documentos que serão emitidos: relatórios de
risco, relatórios de conformidade, relatórios de tratamento de incidentes de
privacidade, relatórios de impacto etc.
Em plena integração com a área de segurança, mas também com as demais
áreas que tratam incidentes com possível reflexo em privacidade (SUPCD, CCD,
SUPGP, Forense, SUPGL e outras), estarão definidas as formas de tratamento de
incidentes de violação de dados pessoais, inclusive com a realização de
simulação de cenários.
5. Avaliação
A Fase 5 corresponderá à fase perpétua de condução do Ciclo de Melhoria
Contínua (PDCA), com:
● Sistematização rotineira de auditorias internas e processos de auditoria
externa, especificamente para Proteção de Dados e Privacidade.
● Realização de benchmarking e avaliações internas periódicas.
● Geração periódica do relatório de impacto e sua disponibilidade para
informação à Autoridade Nacional de Proteção de Dados.
● Tratamento cíclico de riscos.
● Elaboração de relatório final dos riscos de implementação do projeto e de
sua continuidade.
● Atualização do Manual Jurídico, implementado na Fase 1.
2. Soluções LGPD
Com a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados, o Serpro se torna
referência para Agentes de Tratamento do setor público e privado, oferecendo
soluções que garantam o tratamento de dados em conformidade com a LGPD e
que também deem conta do fluxo de atendimento às demandas que virão dos
titulares.
A Plataforma Digital do Cidadão oferece soluções nas vertentes Identificação,
Gestão do consentimento, Tratamento dos direitos do titular, Auditoria e
conformidade, Educação e certificação.
Identificação
Com a correta identificação do Titular, o Agente de Tratamento garante o
atendimento às demandas do Titular, sem o risco de informar a terceiros,
gerando, assim, violação de dados.
Consentimento
A gestão do consentimento, nos casos em que essa seja a base legal utilizada,
garante recursos para que o Agente de Tratamento demonstre o consentimento
e gerencie revogações e alterações demandadas pelo Titular, inclusive
"portabilidade" quando for caso.
Uso de dados
Garantia do adequado tratamento de todos os direitos do Titular, de acordo
com cada uma das possíveis bases legais. Além do atendimento às hipóteses de
informação aos titulares e autoridades competentes a respeito do uso
compartilhado de dados, transferências internacionais, e possíveis incidentes de
segurança e de violação de dados.
Auditoria e Conformidade
A solução completa e adequada à legislação deve garantir auditoria e
rastreabilidade ao trabalho do Agente de Tratamento.
Capacitação
Desenvolvimento de treinamento e certificação de profissionais e de pessoas
jurídicas.
A modularização das soluções permite a contratação segmentada dessas
funcionalidades, eliminando o risco de o cliente adquirir módulos de que não
necessita ou de deixar de adquirir por causa de funcionalidades com as quais já
conta. A imagem a seguir apresenta a integração dos módulos na Plataforma
Digital do Cidadão.
Plataforma Serpro LGPD
Tanto a evolução e contratação dessas soluções quanto informações, artigos e
atualizações referentes à privacidade e tratamento de dados podem ser
acompanhados no Portal Serpro LGPD.
Portal Serpro LGPD
https://www.serpro.gov.br/lgpd/
https://www.serpro.gov.br/lgpd/
Ouça o Episódio 9 do Podcast LGPD Serpro!
Uma conversa com Ulysses Machado, especialista em LGPD no Serpro, sobre o
que microempreendedores e autônomos devem fazer para agir em
conformidade com a LGPD.
Tema: LGPD nas micro e pequenas empresas
Convidado: Ulysses Machado
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo04_podcast02.mp3
E então... O Serpro reafirma seu compromisso em ser referência no tratamento
de dados pessoais!
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/videos/modulo04_video01.mp4
Convidamos você a realizar as atividades avaliativas do curso e aguardamos sua
participação nos cursos
da Plataforma LGPD Educacional.
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/podcast/modulo04_podcast02.mp3
https://cdn.evg.gov.br/cursos/603_EVG/videos/modulo04_video01.mp4
Transcrição dos podcasts/modulo01_podcast01.pdf
Curso: LGPD Serpro 
Podcast LGPD Serpro - episódio 1 
Tema: O papel do Encarregado na LGPD 
Convidado: Ulysses Machado 
 
Márcio Lopes:​ Olá! Aqui é Márcio Lopes e nesta série de áudios vamos comentar alguns 
aspectos da LGPD. Nosso convidado é Ulysses Machado, Assessor da Diretoria Jurídica e 
de Governança e Gestão do Serpro. 
Ulysses, vamos começar pela figura do Encarregado ou DPO. Ele é um Agente de 
Tratamento? Qual a função do Encarregado? E por que ele é tão importante? 
 
Ulysses Machado:​ Agente de Tratamento é uma designação genérica. Ela indica tanto o 
Controlador quanto o Operador. O Encarregado não é um Agente de Tratamento. O 
Encarregado é indicado, designado por um desses dois Agentes de Tratamento, para 
cumprir o papel de intermediar o Agente de Tratamento e a ANPD, ser o representante do 
Agente de Tratamento perante a ANPD. O Encarregado também representa o Agente de 
Tratamento perante o Titular, recebe as demandas do Titular e processa essas demandas 
cumprindo/atendendo aos direitos desse Titular dentro da Organização. 
O representante tem também a finalidade de organizar dentro da casa, o tratamento dos 
dados pessoais. E esse papel é um dos mais importantes. Ele é responsável por exercer os 
controles, checar esses controles, analisar o impacto de determinadas ações no tratamento 
e na regularidade desse tratamento em face da Lei. 
 
Márcio Lopes:​ Muito obrigado e até o próximo podcast! 
 
Transcrição dos podcasts/modulo01_podcast02.pdf
Curso: LGPD Serpro 
Podcast LGPD Serpro - episódio 2 
Tema: O titular dos dados pessoais 
Convidado: Ulysses Machado 
 
Márcio Lopes: ​Continuando, então, nossa conversa: Ulysses, o titular dos dados é sempre 
o protagonista na LGPD? 
 
Ulysses Machado: ​Sim, o titular é o protagonista da LGPD. Falando em linguagem bem 
clara, a titularidade está ligada à ideia de domínio sobre qualquer coisa: você é titular do 
cargo que ocupa, você é titular da sua propriedade, você é titular das coisas sobre as quais 
você detém uma determinada a posse legal. Mas o titular, para deixar bem claro, é aquele 
cara que detém a titularidade da informação pessoal e do dado pessoal na LGPD. Isso pode 
causar alguma confusão e, na verdade, tem causado. As pessoas perguntam normalmente: 
“Se eu sou titular porque é que às vezes a informação ou o meu dado pessoal são tratados 
como se eu não tivesse domínio sobre ele?” 
Isso ocorre porque a lei visa garantir duas coisas e não apenas uma: a lei não quer apenas 
garantir a privacidade e a proteção dessa privacidade. A lei quer garantir também que a 
informação circule e que a economia digital não seja um conjunto vazio. É preciso que as 
coisas funcionem e tenham consequências práticas no mundo dos negócios. Por isso é 
preciso compreender que o consentimento é apenas uma das hipóteses de tratamento. Há 
nove outras hipóteses de tratamento de dados pessoais, que são tão importantes quanto o 
consentimento. Eu diria que são até mais importantes, porque o consentimento só será 
utilizado se nenhuma dessas hipóteses prevalecer na relação entre o controlador - o agente 
de tratamento, de maneira geral - e o titular. 
 
Márcio Lopes: ​Obrigado e até o próximo podcast! 
Transcrição dos podcasts/modulo01_podcast03.pdf
Curso: LGPD Serpro 
Podcast LGPD Serpro - episódio 3 
Tema: O sentido do consentimento pelo Titular 
Convidado: Ulysses Machado 
 
Márcio Lopes:​ Ulysses, como especialista em LGPD, qual é o sentido e a importância do 
consentimento expresso nesta lei? 
 
Ulysses Machado: ​O sentido do consentimento é um tema interessante, mas nós não 
gostaríamos de falar na relevância do consentimento. Pelo imaginário popular, a LGPD não 
é uma uma lei da privacidade, da proteção de dados. No imaginário popular, a narrativa da 
LGPD como a lei do consentimento ganhou foros inadequados de protagonismo. E não é 
verdade que os nossos dados somente serão tratados se dermos nosso consentimento. 
Eles podem ser tratados se a lei dispuser nesse sentido, se nós firmamos um contrato com 
alguém, ou se houver legítimo interesse entre um prestador de serviços e um tomador 
desses serviços. Se o consentimento fosse tão importante, não haveria nove outras 
possibilidades de tratamento e elas não precederiam, na verdade, na inteligência do 
tratamento de dados, ao consentimento. O que a lei traz de importante não é o 
consentimento, mas os direitos que o titular detém, independentemente de lhe ter sido 
pedido ou não um consentimento para tratar aqueles dados. Independentemente da base 
legal que seja adotada, o titular tem um conjunto de direitos que precisam ser respeitados e 
é isso que é importante na lei e na modificação que ela trouxe para o ordenamento jurídico 
atual. 
 
Márcio Lopes:​ Obrigado e até o próximo podcast! 
 
Transcrição dos podcasts/modulo02_podcast01.pdf
Curso: LGPD Serpro 
Podcast LGPD Serpro - episódio 4 
Tema: Consentimento x Consenso / Interesse Legítimo 
Convidado: Ulysses Machado 
 
Márcio Lopes:​ Ulysses, algumas dessas hipóteses de tratamento podem trazer dúvidas. 
Então fale mais sobre a diferença entre consenso e consentimento e qual a importância do 
consenso para viabilidade dos contratos e do comércio, por exemplo. 
 
Ulysses Machado: ​Um consentimento é uma atitude inequívoca em relação à determinada 
realidade, emitida unilateralmente por parte de quem detém o direito a uma determinada 
informação, quando nós estamos falando de LGPD, naturalmente. Há consentimento de 
toda ordem no mundo dos negócios, no mundo dos contatos. Já o consenso é a anuência 
em formato bilateral a respeito de um dado objeto, de ajuste entre as partes. Então, se você 
tem um contrato com alguém, você vai ter ali um conjunto de detalhamentos daquele ajuste. 
Todos devem saber que a execução de um contrato é uma das hipóteses de tratamento de 
dados pessoais em termos de LGPD. Estão no contrato, as obrigações entre as partes, os 
direitos de uma em face da outra, os detalhes sobre a execução, as penalidades 
decorrentes do descumprimento de determinadas obrigações, o tempo de duração, o modo 
como os dados vão ser tratados, todo esse conjunto de ajustes compõem o contrato. E o 
consenso é um desses elementos, porque o contrato não persiste se não houver uma 
vontade de parte a parte, formalizando aquele determinado ajuste. Essa é a diferença 
básica entre consenso e consentimento. 
 
Márcio Lopes: ​E a hipótese para atender o interesse legítimo do controlador ou de 
terceiros. Fale um pouco sobre ela. 
 
Ulysses Machado: ​Olha, o legítimo interesse é a mais fluida e controvertida das bases 
legais de tratamento. Para quem quiser compreender bem todas as nuances dessa base 
legal eu recomendo a obra dos professores Ricardo Oliveira e Márcio Cots - ainda não 
lançado, mas em breve nas livrarias - que se chama “Legítimo Interesse e a LGPD P”. 
Legítimo interesse é a base legal utilizável para aqueles casos em que ao menos um 
interesse legítimo esteja em evidência: o do agente de tratamento, o do titular ou de um 
terceiro. Legitimidade é uma palavra menos subjetiva do que parece. Muita gente entende 
que essa é a dificuldade da base legal. Não, a legitimidade não é difícil de compreender: 
sempre que um agente de tratamento pensar em sustentar a coleta dos dados que vai tratar 
- em nome do seu legítimo interesse - terá que verificar, acima de tudo, se esse legítimo 
interesse abriga, de alguma forma, a legítima expectativa do titular do outro lado. Por 
exemplo, eu presto serviço de help desk e para prestar esse serviço preciso saber, 
digamos: nome, CPF, a cidade de residência do titular. São elementos necessários à 
prestação dos serviços. Olhando pelo lado do titular, é razoável imaginar que a sua legítima 
expectativa comporte essa necessidade.
Mas se eu peço, além disso, renda, prole, padrão 
de consumo, endereço físico, não é razoável pensar que isso atenda ao 
 
 
legítimo interesse. Parece mais, nesse caso, que nós temos aí uma outra finalidade 
obscura, desvalorizando então, o princípio da adequação, que é um princípio importante na 
LGPD. 
 
Márcio Lopes:​ Esse é Ulysses Machado, especialista em LGPD no Serpro. Obrigado e até 
o próximo podcast! 
 
 
Transcrição dos podcasts/modulo02_podcast02.pdf
Curso: LGPD Serpro 
Podcast LGPD Serpro - episódio 5 
Tema: Tratamento de dados pessoais sensíveis 
Convidado: Ulysses Machado 
 
Márcio Lopes:​ Aqui, esclarecendo nossas dúvidas, Ulysses Machado. Fale sobre dados 
pessoais sensíveis. 
 
Ulysses Machado:​ Dados pessoais sensíveis são aqueles que ostentam maior carga de 
lesividade ou maior risco de dano ao direito do titular. Estão incluídos aqui as opções 
político-filosóficas, as opções políticas, sindicais, as filiações a ideais sindicais ou políticas, 
as opções sexuais, a biometria, entre outros. 
 
Márcio Lopes:​ A relevância do consentimento é maior nesses casos? 
 
Ulysses Machado:​ É verdade. No caso dos dados pessoais sensíveis, o legislador foi mais 
arrojado em relação à proteção do titular. Na verdade, em matéria de dados pessoais 
sensíveis, há apenas duas hipóteses: o consentimento - e não havendo consentimento sete 
outras possibilidades, todas excepcionais, e quase todas essas sete possibilidades estão 
contidas entre as dez possibilidades de tratamento original. Apenas a prevenção à fraude 
está presente somente aqui, nos dados sensíveis, mas as demais, as outras seis estão 
presentes entre aquelas 10 hipóteses de tratamento. Mas aqui sim, como uma exceção ao 
consentimento. Porque? Porque o dado pessoal sensível, como nós dissemos, tem uma 
carga maior de risco, uma possibilidade maior de lesividade aos direitos e aos interesses do 
titular. 
 
Márcio Lopes: ​É isso! Agradecemos e até o próximo podcast. 
 
 
Transcrição dos podcasts/modulo02_podcast03.pdf
Curso: LGPD Serpro 
Podcast LGPD Serpro - episódio 6 
Tema: Tratamento de dados pessoais de crianças e idosos 
Convidado: Ulysses Machado 
 
Márcio Lopes: ​Ulysses, a LGPD traz alguma especificidade para o caso de tratamento de 
dados de crianças ou de idosos? 
 
Ulysses Machado: ​O que existe de específico na Lei Geral de Proteção de Dados em 
relação a crianças e adolescentes é que, na hipótese de seus dados serem tratados com 
base em consentimento, esse consentimento deve ser o consentimento do pai ou do 
responsável pelo menor, basicamente isso. Há outras disposições legais, importantes 
também, mas esse é o núcleo do capítulo específico de crianças e adolescentes na LGPD. 
Uma das críticas que faz a essa disposição é que a LGPD não diferenciou muito criança de 
adolescente. Ela tratou de forma plana a necessidade de consentimento paterno ou do 
representante legal, nas hipóteses de consentimento. Claro que as outras vão ser tratadas 
na sua especificidade: a execução de contrato, a representação do menor é aquela 
ordinária estabelecida no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Outra crítica que se faz é que a verificação da veracidade desse consentimento do 
responsável não ficou bem tratada na Lei, como ficou tratado no COPPA, que é a lei Norte 
Americana correspondente a essa disposição relativa a dados de menores. Na nossa Lei 
isso ficou tratado pelo critério do “razoável esforço” por parte de quem é obrigado a 
identificar se há esse consentimento paterno. 
Já os idosos não têm um tratamento diferenciado. A lei apenas prevê - e a ANPD tem entre 
suas atribuições - garantir que o tratamento desses dados de idosos seja efetuado de 
maneira simples, clara, acessível e adequada a sua compreensão. 
 
Márcio Lopes:​ Obrigado, Ulysses! Até o próximo podcast. 
 
Transcrição dos podcasts/modulo03_podcast01.pdf
Curso: LGPD Serpro 
Podcast LGPD Serpro - episódio 7 
Tema: Equilíbrio entre tratamento e segurança dos dados 
Convidado: Ulysses Machado 
 
Márcio Lopes: ​Ulysses, uma questão que muito se debate é como a LGPD vai ajudar no 
equilíbrio entre a necessidade de lidar com os dados pessoais e a privacidade e segurança 
dos dados. 
 
Ulysses Machado:​ A LGPD já ajuda nos fundamentos. Quando os fundamentos e 
princípios estabelecem que a Lei deve garantir tanto a privacidade do cidadão como o 
direito à informação - como a livre iniciativa e outros direitos fundamentais - ela está 
dizendo que é preciso haver esse equilíbrio sobre o qual você pergunta. Esse equilíbrio, na 
verdade, não tem um nome específico, porque ele se baseia em vários valores fundantes e 
principiológicos. Mas eu diria - e eu digo sempre - que essa justaposição “privacidade e 
fluxo de dados” deveria se chamar “Princípio da Ambivalência”, porque a Lei é clara no 
sentido de que tanto é importante proteger o dado pessoal quanto é importante a economia 
digital funcionar. O tráfego, o circuito da economia digital precisa funcionar adequadamente. 
É assim também em segurança da informação: ninguém busca uma confidencialidade a 
qualquer custo. Em segurança da informação você busca confidencialidade com 
disponibilidade, integridade e autoria da informação, porque a informação precisa circular. 
Não é diferente na LGPD: é preciso que a informação tanto seja protegida, que o dado 
pessoal seja protegido, mas que a economia digital, os negócios, enfim, as relações 
interpessoais funcionem adequadamente. 
 
Márcio Lopes:​ É isso! Agradecemos e até o próximo podcast. 
 
 
Transcrição dos podcasts/modulo04_podcast01.pdf
Curso: LGPD Serpro 
Podcast LGPD Serpro - episódio 8 
Tema: As 5 fases de implementação da LGPD 
Convidado: Ulysses Machado 
 
Márcio Lopes: ​Ulysses, como especialista em LGPD, quais são as fases de implementação 
da LGPD e como elas estão organizadas? 
 
Ulysses Machado: ​As fases para implementação da LGPD não são uma regra. Não há 
uma regra específica sobre como seguir o roteiro e finalmente implementar a LGPD na 
Organização. A ANPD, quando estiver funcionando, não quer saber como o Agente de 
Tratamento implementou, ela quer saber se está implementado e pronto. Há muitas formas 
de organizar a casa e a mais popular delas, que nós identificamos no trabalho de um autor 
chamado John Kyriazoglou, é o POIGA. P.O.I.G.A. são um acrônimo para Preparação, 
Organização, Implementação, Governança e Avaliação - POIGA. Nós adotamos esse 
modelo no Serpro e descobrimos que essas etapas são apenas uma forma de organizar a 
cabeça. Não adianta se aferrar muito a cada uma delas. Por que? Porque há ações da Fase 
G, da Fase A, que nós já tratamos desde o início ou já estavam pré-preparadas e nós 
apenas pusemos para funcionar. Mas há ações das Fases P e O - que são as primeiras - e 
estão pendentes de fatores externos. Então, não adianta se aferrar muito a esse roteiro, 
apenas siga de forma organizada, use para organizar a cabeça. A metodologia se mostrou 
muito competente para organizações grandes e complexas, como é o Serpro e nós, 
portanto, recomendamos e temos recomendando externamente. 
 
Márcio Lopes:​ É isso! E no próximo podcast, mais respostas sobre LGPD. 
 
Transcrição dos podcasts/modulo04_podcast02.pdf
Curso: LGPD Serpro 
Podcast LGPD Serpro - episódio 9 
Tema: LGPD nas micro e pequenas empresas 
Convidado: Ulysses Machado 
 
Márcio Lopes:​ Aqui conosco, Ulysses Machado, esclarecendo aspectos importantes sobre 
a LGPD. E a dúvida é o que microempreendedores e autônomos devem fazer para agir em 
conformidade com a LGPD. 
 
Ulysses Machado: ​Esta é uma excelente pergunta. O Art. 4º da LGPD estabelece o 
seguinte: “O tratamento de dados pessoais, por pessoa natural, para fins não econômicos 
está fora da esfera de aplicação da Lei.” A Lei não se aplica, por exemplo a sua agenda 
telefônica, a agenda do seu celular, aquela que tem o nome e os telefones dos seus 
amigos. No entanto, se você é um microempreendedor, e utiliza essa
ferramenta para tratar 
dados pessoais dos seus clientes, por exemplo, você já está sob a incidência da Lei. 
Portanto, tenha medo! 
O que eu recomendo a esse microempreendedor é que aguarde, porque há uma previsão 
no Art. 55-J, da LGPD, Inciso 18, de que a ANPD irá editar normas e procedimentos 
simplificados e diferenciados para microempresas, empresas de pequeno porte, bem como, 
iniciativas de inovação e entidades que se auto-declarem ​startups​. Portanto, isso está na 
esfera de todo aquele conjunto, aquele acervo regulamentador que nós aguardamos que 
seja executado e colocado em prática com a criação da ANPD. 
 
Márcio Lopes:​ Este foi Ulysses Machado, Assessor Jurídico e especialista em LGPD no 
Serpro. Obrigado por ficar ligado em nosso podcast.

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