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ARTIGO PRONTO-Gestão democratica

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2
GESTÃO DEMOCRÁTICA: DESAFIOS E REFLEXÕES
Sérgio Henrique dos Santos
Marinete Assis Cazelli Tom 
Curso de Pós-Graduação Lato- Sensu em Gestão da Educação
FANAN- Faculdade de Nanuque
RESUMO
Em sua conjuntura contemporânea, a escola mostra-se caracterizada socialmente, instigando a valorização da pluralidade. Neste cenário a gestão democrática nasce como uma ferramenta administrativa que instiga o envolvimento e a participação de toda a comunidade escolar no planejamento e nas deliberações relacionadas à escola, gerando a uniformidade desta com seu ambiente macro e promovendo sua abertura para todas as pessoas que almejam colaborar para uma educação de qualidade. Partindo desse pressuposto, a presente pesquisa, através de investigação bibliográfica, discute a gestão democrática e sua importância para do contexto educacional vigente, ressaltando como ela deve ser gerida para alcançar seus objetivos. Conclui-se assim, que se trata de uma trajetória desafiadora, visto que a pluralidade sugere em pensamentos divergentes interagindo e convivendo em um mesmo ambiente, o que demanda prudência na mediação dos julgamentos e no procedimento das negociações. Entretanto, dentro de um contexto tão rico em pontos de vista, é possível deparar-se com soluções para muitos problemas encontrados no dia-a-dia e deste modo contribuir para o melhoramento pleno da educação.
Palavras-chave: Gestão Democrática. Educação. Proposta Pedagógica.
1. INTRODUÇÃO
A educação passou por profundas modificações nas últimas décadas, sobretudo, em decorrência das transformações sociais e do progresso tecnológicos, os quais passaram a exigir um novo posicionamento da escola frente o ato educativo bem como em relação à sociedade e ao contexto em que ela se encontra. A escola moderna se difere daquela do passado: enquanto esta era elitizada e praticava a educação totalmente dissociada do contexto social, na atualidade volta-se para a educação contextualizada, destinada à formação cidadã e com vistas a promover transformações sociais que promovam a inclusão e a valorização da pluralidade/diversidade. Contudo, a instituição escolar não está sozinha nesse percurso: para cumprir sua função social ela deve se tornar parceira da comunidade em que está inserida, promovendo seu envolvimento e participação no planejamento e na execução dos projetos escolares.
Muitas são as formas da escola envolver a comunidade em seus projetos e a gestão democrática configura-se como uma das mais completas ferramentas que contribuem para tal, pois, assim como nas empresas tradicionais, ela transforma em parceiras as pessoas envolvidas, dividindo tarefas e responsabilidades ao mesmo em tempo que estabelece objetivos em comum. A prática da gestão escolar democrática influencia diretamente na qualidade do ensino oferecido, uma vez que, um dos maiores desafios enfrentados pela escola na atualidade é unir competência técnica e empenho do elemento humano na busca constante do aprimoramento da educação. Ao adotar uma postura democrática a escola compartilha tal responsabilidade, interagindo com a comunidade e caminhando junto dela no enfrentamento das dificuldades que se impõem tanto para a sociedade quanto para a educação.
Como forma de compreender melhor o tema proposto, o presente estudo adota a metodologia de pesquisa bibliográfica, empenhando-se em levantar e apresentar conceitos relacionados à gestão democrática escolar, com o propósito de atingir o objetivo de analisar a importância dessa prática para a escola moderna. Como complemento ao objetivo principal, busca-se ainda elencar as principais características da gestão democrática e expor a estrutura necessária à escola para a prática desse modelo de gestão.
2. ASPECTOS GERAIS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA
Marques (2007) esclarece que, a gestão democrática não possui um modelo universal nem padronizado, devendo a escola instituir práticas que sejam coerentes e condizentes com o contexto social em que ela se encontra inserida, de modo a construir um ambiente inclusivo e acolhedor da diversidade e da pluralidade ali presentes. Deve ser ainda, um processo constante, com ações articuladas nos diversos espaços sociais, baseada em elementos presentes na cultura escolar e social, para que, desse modo, seja estabelecida uma relação de proximidade e confiança entre a escola e a comunidade escolar.
É necessário tecer aqui um paralelo entre a escola, enquanto instituição, e o ambiente empresarial: nota-se que, em virtude do acesso às informações, as pessoas se tornaram mais atentas ao que acontece no mundo, aumentando sua criticidade em relação aos fatos. Assim como nas empresas, ter as pessoas como parceiras e colaboradoras confere à escola vantagem competitiva, não em relação à concorrência e sim no que se refere à qualidade da educação oferecida naquele ambiente. É fato que os conteúdos possuem uma grade curricular a ser seguida, com conhecimentos determinados e sistematizados. Contudo, tais saberes devem ser contextualizados para que adquiram real significado na vida do aluno, se desprendendo de seu caráter conteudista e avaliativo e, somente conhecendo a comunidade escolar, suas aspirações, problemas, necessidades e demandas é que a escola poderá exercer sua função social transformadora com plenitude e isso só é possível através do envolvimento das pessoas no planejamento e execução dos projetos escolares e a gestão democrática possibilita tal participação.
Através da gestão democrática é possível debater interna e externamente o que se faz necessário à escola para intervir socialmente, atendendo às demandas da comunidade. Não se trata de ações que interfiram diretamente no cotidiano e sim que contribuam para sua melhoria, pois, a escola é responsável por promover transformações sociais através da educação, ministrada de forma significativa de modo a conscientizar alunos e familiares por meio da informação, e não de assumir para si a responsabilidade de autarquias governamentais. Para tanto, como demonstra a Figura 1, é necessário que a escola se organize com base em alguns princípios e instrumentos que favoreçam a participação da comunidade:
Figura 1: Estrutura do modelo de gestão democrática
Fonte: Chirotto, 2013, p. 49.
 Para que a gestão democrática atinja seus objetivos é fundamental que a escola adote um modelo ordenado, que permita a integração das pessoas à instituição escolar. Primeiramente, é essencial que a cultura democrática seja implementada no ambiente interno da escola, pois, toda a equipe deve ter consciência da necessidade e da importância da democracia na educação moderna. Em seguida, é preciso viabilizar formas de aproximar e envolver as pessoas com os diversos projetos e com as muitas situações escolares, o que é feito através do Projeto-político-pedagógico, dos conselhos escolares e da eleição para diretor (gestor). Em cada um desses elementos, há a intenção clara de estimular a participação da comunidade no desenvolvimento e aprimoramento do processo educativo, de modo que a cultura democrática e participativa implementada dentro da escola se espalhe para a comunidade. Ou seja, a escola muda a si mesma para depois modificar a sociedade através de um processo de auto avaliação e reflexão constantes. 
[...] A gestão escolar democrática que se desenvolve e se realiza por meio da efetiva participação comprometida de todos precisa basear-se numa definição abrangente de “nós”, num compromisso de construir uma comunidade que é tanto da escola quanto da sociedade onde ela existe. Para isso, faz-se necessário pautar-se em um conjunto de valores definidos em termos amplos, postos em prática: aumentar a participação nos movimentos sociais e na escola, fortalecer indivíduos e grupos em geral silenciados, criar novas formas de articular o mundo real e os problemas sociais reais com a escola, de tal maneira que esta seja integralmente vinculada às experiências das pessoas em suas vidas cotidianas que, hoje, é “bombardeada” pela violência disseminada na rua, no mundo e veiculada pela mídia. (FERREIRA,2009, p. 60)
A gestão democrática vai além da participação concreta da comunidade na escola, ou seja, ela não se traduz apenas por serviços realizados pelas pessoas em benefício da instituição escolar; ela se concretiza através de ações que levem a educação para as ruas através da consciência crítica dos alunos e dos moradores, num perspectiva inclusiva e transformadora. Ser democrática, exige da gestão escolar a organização dos aspectos pedagógicos, administrativos e pessoais, alinhando todas as estratégias pertinentes a cada um desses fatores com a realidade escolar e da comunidade, viabilizando a educação como direito indissociável de todos os cidadãos.
Para que a gestão democrática se efetive, é preciso adotar ações que estimulem o envolvimento das pessoas da comunidade, levando-as a assumir o compromisso de levar a educação para além dos muros da escola. Ao estabelecer essa parceria entre escola e comunidade, cria-se um forte vínculo que promove a troca de experiências constante entre o processo educativo e a sociedade, de modo que, se uma é fortalecida, a outra também o é. O mesmo acontece no processo inverso: caso a comunidade seja instável e tenham muitos problemas de ordem social, a escola também será negativamente afetada. Em outras palavras, a gestão democrática traz para a escola a compromisso de zelar pelo bem estar da comunidade e para esta impõe a responsabilidade de zelar pela escola e pela qualidade da educação oferecida.
 Nessa perspectiva, a escola deve assegurar condições de igualdade no acesso e permanência dos alunos no ambiente escolar, empenhando-se, junto com a comunidade, para minimizar ou erradicar se possível, o fracasso e a evasão. Tais medidas deverão ser elaboradas a partir da valorização da pluralidade de ideias e diversidade de comportamentos e pensamentos existente dentro e fora da escola, de modo a enriquecer a educação com as diversas experiências encontradas no âmbito da comunidade. A base da gestão democrática passa a ser a descentralização da tomada de decisões, focando-se na discussão e no diálogo para a definição dos rumos a serem tomados e, depois de decidido, escola e comunidade percorrem juntas esse caminho.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) regulamenta a gestão democrática em seus artigos 14 e 15, onde, respectivamente, menciona que:
Art. 14 Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
 I - participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto Pedagógico da escola; 
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. 
Art. 15 Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. (BRASIL, 1996)
Gestão democrática representa autonomia para a educação, visto que o sistema educacional é padronizado dentro de uma perspectiva nacional, tomando como base características gerais da população. Dentro da perspectiva democrática, a escola considera em seu planejamento a realidade local, atribuindo importância à cultura do povo, às condições sociais ali presentes, à diversidade e às demandas específicas daquela população, de modo a favorecer a personalização do ensino e oferecer aos educandos e à comunidade uma educação que intervenha de forma positiva em seu contexto social, promovendo melhorias à medida que o conhecimento é empregado pelo bem estar da comunidade.
Cumpre destacar que essa intervenção a que a gestão democrática se refere está relacionada à conscientização da população, esteja ela voltada para campanhas de prevenção de doenças relacionadas à higiene ou tenha ela o objetivo de formar no aluno e na população a consciência crítica necessária à política, ou ainda, tenha o intuito de resgatar valores perdidos com o tempo. São ações que podem parecer simples a um primeiro olhar, mas que podem render resultados positivos quando analisadas a médio e longo prazo.
Compartilhar a responsabilidade pela educação representa um novo modelo de pensar a escola, pois, pais, alunos, equipe escolar e comunidade em geral percebem-se como elementos que são afetados cotidianamente pelo processo educativo, rompendo com a visão de que a escola deve apenas ensinar e avaliar conteúdos. Embora seja notório que a educação tem diversas outras finalidades na escola contemporânea, ainda prevalece a cultura de que ela tem caráter conteudista e à gestão democrática compete romper com esse paradigma. Ao formar um conselho escolar, a escola efetiva a participação da comunidade, atribuindo-lhe a função de opinar e participar ativamente do processo decisório sobre tudo que se relaciona à escola, desde o planejamento pedagógico até o investimento de recursos. 
Libâneo et. al (2012), aponta que a gestão democrática deve ser orientada por algumas ações básicas que a caracterizam:
· Definição clara e explícita dos objetivos sociais, políticos e pedagógicos da escola;
· Articulação entre escola e comunidade;
· Gestão da participação das pessoas de forma democrática e inclusiva;
· Compromisso de cada membro em relação às ações a serem implementadas e executadas, de modo a cumprir sua parte no trabalho desenvolvido;
· Composição da equipe escolar por pessoas profissionalmente qualificadas;
· Levantamento de dados reais sobre a situação da comunidade escolar para elaboração objetiva de planos e projetos;
· Avaliação dos resultados e acompanhamento constante das ações com o intuito de realizar adequações sempre que necessário;
· A gestão deve ser orientada pela real participação de todos, tanto no que se refere à direção das tarefas quando à avaliação dos resultados;
· A democracia deve fazer parte cultura escolar e da comunidade, sendo difundida como uma filosofia a ser seguida.
A escola, dentro do processo da gestão democrática, torna-se dependente das pessoas que a cercam, desenvolvendo um processo educativo orientado para a transformação social, onde o conhecimento se torna relevante em várias esferas. Assim, todas as experiências pessoais tornam-se importantes para a elaboração de projetos, resinificando o papel de cada um em relação à educação e atribuindo valor às vivências dos membros da comunidade. 
Ao contrário do que possa parecer, o conselho escolar não é o único modo das pessoas interagirem e participarem ativamente da escola: em reuniões pedagógicas, festas e comemorações, apresentações que envolvam a família, feiras e demais eventos educativos se configuram como oportunidades da escola ouvir e interagir com a comunidade e assim trocar experiências e demonstrar a importância da escola, mostrando o trabalho que tem sido desenvolvido. 
3 A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR NUMA GESTÃO DEMOCRÁTICA
Conforme destacam Machado et. al (2007, p. 32), A participação da comunidade na escola insere-se na noção de direito essencial ao exercício da cidadania e uma das condições básicas para o desenvolvimento de uma sociedade democrática. Acredita-se que a gestão participativa, mediante a participação da comunidade local, é fator importante no processo de melhoria da qualidade da educação.
Entretanto, as formas de participação da comunidade local, representada pelas famílias dos alunos e algumas entidades do entorno da escola, são diferenciadas; na maioria das vezes decorrem de sua condição socioeconômica e cultural e suas expectativas em relação à escolaridade de seus filhos. A possibilidade para que a participação seja efetiva, depende, em grande parte, da escola “abrir-se” à comunidade local, sinalizando ouvir e aceitar sua voz no interior da escola, portanto, cabe à comunidade escolar interna promover a interação e o desenvolvimento do exercício da cidadania, através de ações pedagógicas, envolvendo diversos atores.
Ao mencionar a democracia, vislumbra-se um cenário em que todos efetivamentetêm os mesmo direitos e os mesmos deveres. Contudo, é preciso lançar um olhar mais crítico à realidade da gestão democrática participativa. A comunidade local é um ambiente misto, onde há diversidade de classes sociais, comportamentos, etnias e credos, num sistema de coexistência. Nesse contexto, na perspectiva da gestão democrática, todas as pessoas possuem espaço para participar da escola em todos os momentos, sem distinção ou discriminação. 
 Na prática, entretanto, é possível observar que as classes mais favorecidas, seja financeira ou culturalmente, são as que participam em maioria, deixando claro um traço cultural que se faz presente em todas as instituições: mesmo que involuntariamente, há mais abertura para esse público do que para a os demais. Dessa forma, a escola precisa estar atenta para ser realmente democrática e abrir seu espaço para todas as pessoas, indistintamente. Caso contrário, uma ferramenta que tem como fundamento a inclusão pode ser convertida num processo de exclusão, mesmo que a escola não tenha consciência de tal fato. 
É preciso destacar, contudo, que a participação da comunidade local na gestão democrática deve ser gerida e ordenada, com vista a alocar competências pessoais estrategicamente em tarefas que proporcionem resultados positivos. Tal qual em uma empresa que seleciona e aloca talentos com o objetivo de otimizar seu desempenho, a escola também deve identificar onde cada pessoa pode ser mais bem aproveitada e como ela pode mais contribuir para a qualidade da educação. 
Assim, pode-se inferir que, para ser realmente democrática, como aponta Freitas (2004), a escola deve ir além da participação da comunidade em seu processo decisório: é preciso democratizar o acesso à escola e à educação bem como democratizar o acesso ao conhecimento e às informações, tornando-os bens comuns a todos. 
Da forma como está organizada tradicionalmente, a escola mais exclui do que inclui, pois, quantifica e qualifica quem está apto a continuar ou não aprendendo e estudando. Ou seja, a gestão democrática vai além de repensar a prática gestora em si e compartilhá-la com a comunidade; ser democrática compreende oferecer uma educação onde todos são considerados passíveis de aprender e continuar aprendendo, de que todos são capazes de evoluir a seu tempo, reinventando a escola para superar o fracasso e a desistência escolar. Para alcançar tal objetivo, a escola precisa assumir três desafios:
1º) Eliminar mecanismos de exclusão que se fazem presentes na instituição escolar, sobretudo os relacionados à reprovação;
2º) Implementar mecanismos inclusivos, que funcionem tanto para os alunos que já se encontram matriculados quanto para os que ainda não frequentam a escola;
3º) Romper com a padronização do ensino de modo a promover uma formação coletiva e a reinvenção permanente das práticas pedagógicas. (FREITAS, 2004).
Através dessa dinâmica, a gestão democrática busca estabelecer relações de parceria com a comunidade, sobretudo com os familiares dos alunos por serem os mais próximos da realidade escolar. O papel do gestor, dentro dessa realidade, é exercer a função de líder, adotando uma postura motivadora e orientadora das ações, articulando a escola e a comunidade local na realização dos objetivos propostos. 
Ao superar os desafios assumidos, a escola rompe com a cultura que prega a ideologia da classe dominante, conferindo à educação o caráter transformador que tanto é almejado, formando cidadãos conscientes, críticos e preparados para exercer seu papel na sociedade. Em linhas gerais, ao modificar sua cultura, a escola modifica o ambiente em que está inserida.
Na concepção sociocrítica, a organização escolar é concebida como um espaço de interações sociais, por isso, político, com intencionalidade, direcionada à participação da comunidade escolar, considerando o contexto sociocultural e político. O processo de tomada de decisões e a forma de gestão ocorrem democraticamente, envolvendo práticas cooperativas na concretização de objetivos comuns da coletividade. O poder, a autoridade e as relações definidas nos cargos e funções existem, porém, acontecem nas interações e decisões na horizontalidade. (ARAÚJO, 2009, p. 17)
Do ponto de vista da gestão democrática, as relações de poder, provenientes de cargos e funções, ou até mesmo de classes sociais, é deixada de lado e todos são postos como iguais, são vistos em linha horizontal. O bem estar coletivo é colocado acima dos interesses individuais e, de forma ponderada, os diversos pontos de vista e opiniões são ouvidos e considerados como importantes. Os envolvidos com esse processo, no entanto, devem estar cientes que nem sempre é possível atender ao clamor de todos ou adotar suas propostas, competindo ao gestor junto da equipe escolar definir, em última instância, o que será implementado. 
A gestão democrática pressupõe a autonomia da escola em relação à sua posição frente às necessidades sociais de sua comunidade, pois, o processo decisório é compartilhado e descentralizado, tornando responsabilidade de todos os resultados alcançados. Diante das demandas sociais encontradas, a escola, por meio da gestão democrática, tem a oportunidade de adequar o processo educativo e seu espaço pedagógico para suprir as necessidades da comunidade, oferecendo o conhecimento como uma ferramenta e um caminho a ser tomado na luta pelas transformações sociais. 
4. O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO RECURSO PARA EFETIVAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA
O Projeto-político-pedagógico (PPP) é o plano geral da escola, o qual representa de forma sistematizada, a intenção educativa daquela instituição, sendo construído de forma participativa. Trata-se de um instrumento teórico-metodológico que contempla a intervenção e a transformação da realidade escolar, pois, organiza e integra as atividades pedagógicas com vistas à transformação de todos os envolvidos com a instituição escolar. (AMARAL, 2014).
Considerando que o papel social da escola fundamenta-se na transformação da realidade, buscando melhorias para construir uma sociedade mais democrática, o PPP representa o comprometimento coletivo para concretizar tal premissa. Através da educação, o conhecimento deve ser transmitido de forma significativa e relevante, contribuindo para o desenvolvimento integral do aluno como educando e como pessoa-cidadão, de modo que ele se torne apto a exercer sua cidadania com plenitude e autonomia. Com a gestão democrática, a responsabilidade pela formação desse aluno é de toda a comunidade e não somente da escola, competindo a todos, coletiva e individualmente, contribuir para sua edificação como ser humano.
Legalmente, a LDB 9394/96 assegura o acesso e a permanência do aluno na escola e, moralmente, compete à escola e à comunidade oferecer condições favoráveis ao aluno para garantir que esse direito se cumpra. Não se trata apenas de oferecer a educação através da grade curricular; o compromisso da escola é muito maior e vai além: é essencial oferecer ao aluno novas experiências através do conhecimento, promovendo um aprendizado dinâmico e significativo, que tenha aplicação em sua vida cotidiana, tornando-se relevante para sua cidadania e para a formação de sua personalidade.
É preciso que a escola adote uma postura reflexiva na elaboração e na execução de seu PPP, delineando uma proposta pautada na realidade da comunidade, em seus valores culturais e em suas necessidades específicas. O PPP, nesse sentido, deve ser elaborado em três eixos, como expõe a Figura 2:
Figura 2: Eixos para discussão, organização e construção do Projeto-político-pedagógico
Fonte: Amaral, 2014, p. 30
O primeiro eixo refere-se à intenção clara da escola em se tornar algo melhor, que contribua para a sociedade através da educação. Ela deve refletir sobre suas referências culturais, sociais e políticas para então delimitar a dimensão de sua finalidade, seu propósito de existir. Feita essa avaliação, é preciso questionar-se, no segundo eixo, sobre sua real identidade e função dentro daquele contexto e mensuraro quanto falta para alcançar a realidade ideal. Para tanto, é necessário fazer um diagnóstico da realidade local para que se tenha a dimensão exata de sua situação. Em seguida, no terceiro eixo, a escola deve determinar o que será feito de concreto para alcançar a realidade almejada, estabelecendo um cronograma (programação) com as ações e medidas a serem adotadas, traçando um plano de ação.
É possível inferir, portanto, que o Projeto-político-pedagógico estimula a escola e a comunidade a saírem de sua zona de conforto e confrontarem a realidade, tomando a responsabilidade de transformá-la por meio de ações compartilhadas. Ao dividir tal responsabilidade, a gestão escolar democrática assume um papel fundamental frente à realização do PPP, pois, ela estimula e orienta o envolvimento e a participação da comunidade.
A elaboração conjunta de um PPP deve traduzir a vontade emancipatória da comunidade. O trabalho em equipe deve fazer parte do dia a dia e abrir espaço para a inserção dos saberes popular; essa verticalidade das decisões cede espaço para ações críticas/reflexiva voltada ao bem da comunidade escolar. [...]
A organização do PPP é condição indispensável para uma gestão democrática, sendo considerado [...] como pilar para implementação dos mecanismos democráticos nas instituições de ensino. O processo de construção do PPP deve contemplar os anseios e as necessidades básicas da comunidade onde a escola está inserida. A legitimidade da gestão democrática participativa está na independência da manifestação de cada um dos segmentos, pois, o PPP não pode ser dissociado da realidade. (AÑAÑA, 2015, p. 44)
O Projeto-político-pedagógico, nesse sentido, representa uma ferramenta que contribui com a qualidade do ensino, haja vista que ele suscita temáticas acerca da realidade escolar e da comunidade que seriam ignoradas no modelo tradicional de escola. O PPP, assim como a gestão democrática, compreende que todas as pessoas envolvidas com a escola devem participar da definição dos rumos da educação, de modo que a instituição escolar se abre para a participação de todos no processo decisório, visando a definição e o alcance do que é proposto pelo PPP. 
Em suma, o Projeto-político-pedagógico não implica, isoladamente, na existência da gestão democrática. Contudo, a gestão democrática exige um PPP construído em conformidade com a realidade local para atingir seus propósitos sociais. 
CONCLUSÃO
Muitas foram as mudanças ocorridas no cenário educacional nas últimas décadas, sobretudo, em relação à forma como está se relaciona com a sociedade. A escola moderna possui caráter social e é voltada para a concretização de transformações que contribuam com a cidadania e com a democracia, contudo, ainda há o estigma de tempos passados, onde a educação era objeto de exclusão, ferramenta que elitizava o conhecimento como forma de punir os menos favorecidos.
	
Na contemporaneidade, contudo, tem-se buscado formas de romper com esse passado nebuloso e construir uma educação de qualidade, que tenha como fundamento o desenvolvimento integral do aluno para que este possa se tornar um cidadão consciente e crítico da própria realidade, intervindo nela sempre que necessário, empregando seu conhecimento, adquirido através da escola.
Dentro desse contexto, muitas são as ferramentas que buscam favorecer tal processo e a gestão democrática desponta como uma das mais relevantes, por proporcionar o envolvimento da comunidade com o planejamento e com o processo decisório da escola, quebrando a barreira que antes separava escola e sociedade. 
Por meio da gestão democrática, todos, indistintamente, passam a dividir a responsabilidade pela educação, assumindo o compromisso de contribuir das mais variadas formas com a execução do Projeto-político-pedagógico da escola. Esta, por sua vez, assume para si a responsabilidade de promover, através da educação, transformações sociais necessárias aquele contexto, relevantes para a comunidade em que está inserida. Trata-se de um processo desafiador, que necessita de supervisão e ajustes constantes, dada a diversidade e a pluralidade que coexistem tanto dentro quanto fora da escola, porém, é também um contexto muito rico em possibilidades e experiências, que pode resultar em ideias e propostas que contribuam significativamente para a comunidade escolar.
Para ser democrática, contudo, a escola deve conhecer em detalhes sua comunidade e levar em consideração suas particularidades, de modo que suas demandas e necessidades mais urgentes se tornem prioridade para a escola e toda sua equipe. Por fim, é preciso destacar que compete à escola, através da gestão democrática, efetivar ações que, através do conhecimento, promovam a conscientização dos alunos e da comunidade sobre a necessidade de lutar por seus direitos e cumprir com seus deveres, agindo como cidadãos autônomos e transformadores da realidade. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. AÑAÑA, Gisiane Vieira. Projeto-político-pedagógico das escolas do campo. Jaguarao: SELBACH, 2015.
2. AMARAL, Josiane Carolina Soares Ramos do (Org.). Fundamentos de apoio educacional. Porto Alegre: Penso, 2014.
3. ARAÚJO, Maria Cristina Munhoz. Gestão Escolar. Curitiba: IESDE, 2009.
4. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD 9394/96). Brasília: MEC, 1996.
5. CHIROTTO, Lauro Vinícius Lima. Gestão democrática e participativa: o estado do conhecimento de teses e dissertações nacionais (1998 a 2010). Dissertação de Mestrado. Campinas: Pontifícia Universidade Católica, 2013. Disponível em http://www.bibliotecadigital.puc campinas.edu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=806. Acesso em 29 ago. de 2015.
.
6. FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Gestão e organização escolar. Curitiba: IESDE, 2009.
7. FREITAS, Ana Lúcia Souza de. Pedagogia da conscientização: um legado de Paulo Freire à formação de professores. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.
8. LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2012.
9 . MACHADO, Lourdes Marcelino; LABERGALINI, Andréia Cristina Fregate Baraldi. A educação inclusiva na legislação do ensino. Marília: Marília Edições, 2007.
10. MARQUES, Luciana Rosa. A descentralização da gestão escolar e a formação de uma cultura democrática nas escolas públicas. Recife: UFPE, 2007.
Gestão democrática
Princípios
Participação
Autonomia
Instrumentos
PPP
Descentralização
Conselhos escolares
Eleição para diretor
 Bacharel em Teologia pela FATIN – Faculdade de Teologia integrada – Complementação Pedagógica em História pela FANAN- Faculdade de Nanuque Pós Graduado em Filosofia e Sociologia pela FANAN – Faculdade de Nanuque

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