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Material feito e disponibilizado por Samara Silva Estado de Necessidade Nos termos do artigo 24 do Código Penal, “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”. Requisitos do Estado de Necessidade a) Perigo atual O perigo atual aparece no primeiro requisito do estado de necessidade. Cuida-se do risco presente, real, gerado por fato humano, comportamento animal (não provocado pelo dono) ou fato da natureza, sem destinatário certo. Estado de necessidade putativo, quando o sujeito atua em face de perigo imaginário, não exclui a ilicitude do fato. b) Que a situação de perigo não tenha sido causada voluntariamente pelo agente Não pode invocar o estado de necessidade aquele que “provocou por sua vontade” o perigo. c) Salvar direito próprio ou alheio O estado de necessidade se configura quando o agente, diante da real situação de perigo, busca salvar direito próprio (estado de necessidade próprio) ou direito alheio (estado de necessidade de terceiro). d) Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo Conforme preceitua o §1º do artigo 24 do Código Penal: “Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo”. Quer o dispositivo se referir a pessoas que, em razão do ofício ou da função, têm o dever legal de enfrentar a situação de perigo, não lhes sendo lícito sacrificar bens alheios para a defesa do seu próprio direito. • Quais personagens possuem esse dever? Uma parte da doutrina entende por dever legal apenas aquele derivado de mandamento legal (artigo 13, §2º, “a”, do CP), contudo, a maioria discorda e toma a expressão dever legal no sentido amplo, abarcando assim, o conceito de dever jurídico (art. 13, §2º, “a”, “b” e “c”, do CP). e) Inevitabilidade do comportamento lesivo O comportamento deve ser absolutamente inevitável para salvar o direito próprio ou de terceiro diante da concreta situação de perigo. É preciso que o único meio para salvar o direito próprio ou de terceiro seja o cometimento do ato lesivo, sacrificando-se bem jurídico alheio. O caso concreto dirá se o comportamento lesivo era ou não inevitável. Quanto ao terceiro que sofre a ofensa, o estado de necessidade classifica-se em: Defensivo, quando o agente, ao agir em estado de necessidade, sacrifica bem jurídico do próprio causador do perigo; e agressivo, quando o bem sacrificado é de terceiro que não criou ou participou da situação de perigo. f) Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado No estudo do fato necessitado, impõe-se a análise da ponderação de bens, leia-se, a proporcionalidade entre o bem protegido e o bem sacrificado. Nosso ordenamento jurídico adotou a teoria unitária, como se percebe na redação do §2º, do artigo 24: “§2º. Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito quando ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços”. Teoria unitária: não reconhece o estado de necessidade exculpante, mas apenas o justificante (que exclui a ilicitude). Assim, se o comportamento do agente, diante de um perigo atual. Busca evitar mal maior, sacrificando direito de igual ou menor valor que o protegido, pode-se invocar a descriminante de estado de necessidade; se o bem jurídico sacrificado for mais valioso que o protegido, haverá redução de pena. g) Conhecimento da situação de fato justificante A doutrina acrescenta um requisito de caráter subjetivo, justamente o conhecimento da situação de fato justificante (consciência e vontade de salvar direito próprio ou alheio). • O estado de necessidade é comunicável? Considerando que o estado de necessidade exclui ilicitude, se o fato típico for cometido por mais de um agente em coautoria ou participação, todos serão beneficiados pela excludente.
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