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RESUMO - Antijuridicidade (Ilicitude)

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Ilicitude (Antijuridicidade) 
 
1 – Conceito 
- É o segundo substrato do conceito analítico de crime. 
- É a conduta típica não justificada, espelhando a 
relação de contrariedade entre o fato típico e o 
ordenamento jurídico como um todo. De tal forma que, 
a antijuridicidade surge de toda ordem jurídica, porque 
a antinormatividade pode ser neutralizada por uma 
permissão que pode provir de qualquer parte do direito. 
- Ou seja, é o choque da conduta com a ordem 
jurídica, entendida não só como ordem normativa, mas 
como ordem normativa de preceitos permissivos. 
Pode um fato, tipicamente penal, ser classificado 
com lícito num âmbito do ordenamento e ilícito no 
outro? 
Não, em detrimento do princípio sistemático da 
coerência do ordenamento jurídico, conforme o qual 
o Direito não pode conter antinomias. Tal princípio 
impede a autonomia absoluta das diversas esferas de 
regulamentação jurídica e, consequentemente, evita a 
instauração de antinomias. 
Não há ilicitude especificamente civil ou penal, mas 
somente consequências jurídicas distintas. 
Licitude Irrelevância 
Produz efeito em relação 
a todos os âmbitos no 
ordenamento jurídico. 
Pode ser restrita a um 
âmbito do ordenamento. 
 
2 – Relação entre Tipicidade e Ilicitude 
- Excluída a ilicitude, o fato continua típico? 
Teoria da Autonomia ou Absoluta 
Independência 
- Defendida por Ernst Ludwig von Beling (1906) 
- Fato típico não desperta juízo de valor no campo da 
ilicitude. Dessa forma, a tipicidade não tem qualquer 
relação com a ilicitude, sendo substratos totalmente 
independentes. 
 
Teoria da Indiciariedade ou da “Ratio 
Cognoscendi” 
- Idealizada por Mayer (1915) 
- A existência do fato típico gera uma presunção 
(relativa) de que é também ilícito. Há uma relativa 
dependência. Entretanto, o fato típico continua 
íntegro quando excluída a ilicitude. 
 
Teoria da Absoluta Dependência ou “Ratio 
Essendi” 
- Defendida por Mezger (1930) 
- Cria o conceito do tipo penal do injusto, levando 
a ilicitude para o campo da tipicidade. Há 
dependência. 
- Não havendo ilicitude, não há fato típico. 
 
Teoria dos Elementos Negativos do Tipo 
- O tipo penal é composto de elementos positivos 
(expressos) e elementos negativos (implícitos), 
quais sejam causas excludentes de ilicitude. 
- Para que o comportamento do agente seja típico, 
não basta realizar apenas os elementos positivos, 
mas também deve não realizar nenhum elemento 
negativo. Há uma absoluta relação de dependência. 
Ex.: O homicídio deve ser lido: “matar alguém 
(elemento positivo), desde que não esteja presente 
uma excludente de ilicitude (elemento negativo)” 
 
Qual teoria norteia o nosso ordenamento jurídico? 
- A teoria da indiciariedade ou da ratio cognoscendi. 
- O fato típico é, em princípio, um fato ilícito. A tipicidade 
(classificação jurídica do fato como típico), estabelece 
a antijuridicidade (como sua consequência jurídica), 
devido à violação da norma penal. 
- No nosso ordenamento jurídico existem normas 
proibitivas (que incidem de forma genérica em relação 
às hipóteses típicas) e normas permissivas (que 
incidem de forma específica, excluindo a ilicitude). 
Tendo isso em vista, quando não ocorrer uma 
hipótese específica correspondente à incidência de 
uma norma permissiva, os fatos típicos serão 
ilícitos. 
- O ônus da prova sobre a existência da causa de 
exclusão da ilicitude é da defesa (de quem alega). 
O que acontece quando há dúvida em relação a 
excludente de ilicitude? 
- Foram relativizados os efeitos da teoria da 
indiciariedade no ônus probatório. 
Ficou a dúvida se o 
fato típico está (ou 
não) justificado 
Ficou a dúvida 
razoável se o fato 
típico está (ou não) 
justificado 
O juiz condena (não se 
aplicando o in dubio pro 
reo). 
O juiz deve absolver o 
réu, com fundamento no 
art. 386, VI, parte final, 
do CPP. 
 
 
3 – Causas Excludentes da Ilicitude 
- A conduta humana formal e materialmente típica é 
somente indício de ilicitude, que pode ser excluída 
diante da prova (ou fundada dúvida) da presença de 
alguma causa excludente da antijuridicidade. 
Art. 13 – Não crime quando o agente pratica fato: I – 
em estado de necessidade; II – em legítima defesa; 
ll – em estrito cumprimento do dever legal ou no 
exercício regular de direito. 
É possível encontrá-las espalhadas no 
ordenamento jurídico? 
Sim, por ex.: art. 128, CP (aborto justificado); art. 
1470, CC (apropriação justificada). 
É possível sustentar a existência de causas de 
justificação que não se encontrem em lei? 
Sim. O consentimento do ofendido é causa 
supralegal excludente de ilicitude pacificamente 
reconhecida, apesar da divergência doutrinária. 
A decisão de arquivamento do IP com fundamento 
na exclusão da ilicitude faz coisa julgada material? 
Com a nova redação do art. 28, do CPP, o 
arquivamento por atipicidade ou por extinção da 
punibilidade deve continuar demandando respeito 
absoluto. Hipóteses em que a jurisprudência 
demandava estabilidade da decisão, leia-se coisa 
julgada material. Entretanto, como o juiz não faz mais 
parte no cronograma da promoção de arquivamento, 
não se trata mais de fundamentá-lo na coisa 
julgada, pois, se a denúncia exuma investigação 
arquivada por esses fundamentos, o que revela é a 
falta de pressuposto processual, objeto de rigorosa 
análise do juiz no momento do recebimento da inicial 
(art. 395, CPP) ou da absolvição sumária (art. 397, 
CPP). 
Os outros fundamentos de arquivamento costumavam 
configurar coisa julgada formal. 
4 – Estado de Necessidade 
- Previsto no art. 24, CP: “considera-se em estado de 
necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo 
atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de 
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo 
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se.” 
- Remete a ideia de sopesamento de bens: se há dois 
bens em perigo, permite-se que seja sacrificado um 
deles. 
O estado de necessidade é faculdade ou direito? 
Nélson 
Hungria 
Faculdade, pois, diante do perigo, abre-
se a possibilidade de ação para 
preservação do bem jurídico. 
Não se pode ter como direito o estado de 
necessidade, pois este corresponde a 
uma obrigação e nenhum dos titulares 
dos bens jurídicos envolvidos está 
obrigado a suportar a lesão. 
Aníbal 
Bruno 
Direito, mas exercido contra o Estado 
(não contra o titular do bem jurídico 
lesado), que está obrigado a reconhecer 
a inexistência do crime. 
Rogério 
Sanches 
Traduz uma faculdade entre os titulares 
e um direito perante o Estado. 
4.1 – Requisitos do Estado de Necessidade 
Perigo Atual 
Risco presente, real, gerado por fato humano, 
comportamento animal (não provocado pelo dono) 
ou fato da natureza, sem destinatário certo. 
Quanto ao estado de perigo, pode ser classificado 
em: 
Perigo Real Perigo Putativo 
A situação de perigo 
efetivamente existe 
(exclui a ilicitude). 
O sujeito atua em face de 
perigo imaginário (não 
exclui a ilicitude). 
 
 
 
 
Que a situação de perigo não tenha sido 
causada voluntariamente pelo agente 
Indica o dolo, não abrangendo a culpa em sentido 
estrito. 
 
Salvar direito próprio ou alheio 
Estado de 
Necessidade Próprio 
Estado de 
Necessidade de 
Terceiro 
Busca salvar direito 
próprio. 
Busca salvar direito 
alheio. 
Inspira-se no princípio 
da solidariedade 
humana. 
Na salvaguarda do 
direito interesse alheio é 
dispensável a 
autorização ou 
posterior ratificação do 
titular do direito 
ameaçado, pois a 
vontade do terceiro em 
perigo não é levada em 
consideração. É 
substituída pela vontade 
do agente. 
 
Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo 
De acordo com o art. 24, §1, CP: “Não pode alegar 
estado de necessidade quem tinha o dever legal de 
enfrentar o perigo.” 
E o perigo iminente? 
Diante do silêncio da lei, a maioria da 
doutrina indica que que o perigo iminente 
não autoriza a descriminante. 
Quem possui esse dever?O dever legal é o resultante da lei. Tomando a 
expressão (dever legal) em seu sentido amplo, 
abarca-se o conceito de dever jurídico, para que 
alcance o dever que advém de outras relações 
previstas no ordenamento jurídico, como o 
contrato de trabalho ou mesmo uma promessa 
feita por um garantidor de uma situação 
qualquer. Assim, evita-se que pessoas obrigadas 
a vivenciar situações de perigo, ao menor sinal 
de risco, se furtem ao seu compromisso. 
Ademais, 
Inevitabilidade do Comportamento Lesivo 
É preciso que o único meio para salvar o direito 
próprio ou de terceiro seja o cometimento do fato 
lesivo, sacrificando-se bem jurídico alheio. 
Quanto ao terceiro que sofre a ofensa, o estado de 
necessidade classifica-se em: 
Defensivo Agressivo 
Quando o agente 
sacrifica bem jurídico 
do próprio causador do 
perigo. 
Quando o bem 
sacrificado é de 
terceiro que não criou 
ou participou da situação 
de perigo. 
 
Inexigibilidade de Sacrifício do Interesse 
Ameaçado 
Impõe-se a análise de ponderação de bens: o 
protegido e o sacrificado. 
Duas teorias discutem a matéria: 
Teoria Diferenciadora Teoria Unitária 
O bem jurídico 
sacrificado tem valor 
menor ou igual ao 
salvaguardado, haverá 
estado de necessidade 
justificante (excludente 
de ilicitude); 
O bem sacrificado tiver 
valor maior que o bem 
protegido, haverá 
estado de necessidade 
exculpante (excludente 
da culpabilidade). 
O bem jurídico 
sacrificado tem valor 
menor ou igual ao 
salvaguardado, haverá 
estado de necessidade 
justificante (excludente 
de ilicitude); 
Não reconhece estado 
de necessidade 
exculpante. Portanto, se 
o bem sacrificado tiver 
valor maior que o bem 
protegido, haverá 
redução de pena. 
 
Qual a adotada pelo CP? 
A teoria unitária. 
Art. 24, §° 2, CP: “Embora seja razoável exigir-se o 
sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser 
reduzida de um a dois terços.” 
O que deve ser considerado no julgamento do 
grau de importância do bem jurídico protegido em 
confronto com o sacrificado? 
Deve ser considerado um sistema objetivo, de 
hierarquia de bens jurídicos em abstrato de acordo com 
princípios, regras e valores constitucionais, sem ignorar 
as circunstâncias do caso concreto, em especial, o 
estado de ânimo do agente. 
O que fazer em caso de conflito entre deveres de 
igual valor? 
Predomina a situação preexistente. 
Conhecimento da Situação de Fato Justificante 
De todos, é o único de caráter subjetivo. 
É a consciência e vontade de salvar direito próprio 
ou alheio. 
 
Cabe estado de necessidade em crime habitual e 
permanente? 
Não, pois a lei exige como requisitos o perigo atual, a 
inevitabilidade do comportamento lesivo e a não 
razoabilidade de exigência do sacrifício do direito 
ameaçado. 
Ex.: não pode alegar estado de necessidade quem 
submete o filho a cárcere privado (crime permanente) 
para impedi-lo de continuar usando drogas. 
Embora típicos e ilícitos, alguns casos podem 
configurar inexigibilidade de conduta diversa, 
excluindo a culpabilidade do seu autor. 
O furto famélico é crime? 
Entendido como o furto para saciar a fome, tem sido 
reconhecido pela jurisprudência como exemplo típico 
de conduta praticada em estado de necessidade, desde 
que presentes os seguintes requisitos 
 
 
 
É possível estado de necessidade contra estado 
de necessidade? (Estado de Necessidade 
Recíproco) 
Sim. Quando duas pessoas enfrentam o mesmo perigo, 
não se exige do titular do bem em risco o dever de 
permitir o sacrifício ao seu direito quando diante da 
mesma situação de perigo do outro. 
Ex.: dois náufragos que disputam um único salva-vidas. 
O estado de necessidade é comunicável? 
Se o fato típico for cometido por mais de um agente em 
coautoria ou participação, todos serão beneficiados 
pela excludente. 
O que acontece quando há o estado de 
necessidade e o erro na execução? 
É possível que o agente, no momento em pratica o fato 
para salvar de perigo direito próprio ou alheio, acabe 
atingindo, por erro na execução, bem jurídico de 
terceiro. 
Considerando que, em relação ao que visava, o agente 
estava acobertado pela justificante, não há crime. 
Que o fato seja 
praticado para 
mitigar a fome. 
Que seja o único e 
derradeiro recurso 
do agente 
(inevitabilidade do 
comportamento 
lesivo). 
Que haja a subtração 
de coisa capaz de 
diretamente 
contornar a 
emergência. 
A insuficiência de 
recursos adquiridos 
pelo agente com o 
trabalho ou a 
impossibilidade de 
trabalhar. 
Essa situação não se confunde com o estado de 
necessidade agressivo. Nesse último caso, não há 
erro. Diante da impossibilidade de salvaguardar o 
direito por outro meio, o agente dirige sua conduta 
contra bem jurídico alheio. 
5 – Legítima Defesa 
- Está disposto no art. 25, CP: “Entende-se em legítima 
defesa quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, 
a direito seu ou de outrem.” 
- Os fundamentos da descriminante (Nucci): 
Prisma Jurídico-
Individual 
Prisma Jurídico- 
Social 
É o direito que todo 
homem tem de proteger 
seus bens juridicamente 
tutelados. 
Deve ser exercida no 
contexto individual, 
não sendo cabível 
invocá-la para a defesa 
de interesses coletivos, 
como a ordem pública ou 
o ordenamento jurídico. 
O ordenamento jurídico 
não deve ceder ao 
injusto, de tal forma 
que a legítima defesa 
só se manifesta 
quando necessária. 
Deve cessar quando 
desaparece o interesse 
de afirmação do direito 
ou, ainda, em caso de 
manifesta desproporção 
entre os bens em 
conflito. 
É daqui que se extrai o 
princípio de que a 
legítima defesa deve 
ser exercida da forma 
menos lesiva possível. 
 
5.1 – Requisitos da Legítima Defesa 
Agressão Injusta 
Agressão: a conduta (ação ou omissão) humana 
que ataca ou coloca em perigo bens jurídicos de 
alguém. 
Essa conduta é dolosa ou culposa? 
Luiz Flávio Gomez – ambas 
Sanches – dolosa, pois deve ser dirigida, com 
destinatário certo. Caso contrário, caracteriza perigo 
atual (sem destinatário certo) e agirá em estado de 
necessidade. 
Injusta: é a agressão contrária ao direito, não 
necessariamente típica. Independe de consciência 
do agressor. 
Quanto a existência de injusta agressão, classifica-
se em: 
Real Putativa 
Quando o ataque 
efetivamente existe 
(exclui a ilicitude). 
Quando o sujeito atua 
em face de agressão 
imaginária (não exclui a 
ilicitude). 
 
 
 
 
Há duas hipóteses em o provocador não pode invocar 
a legítima defesa: 
1) Quando a provocação constitui verdadeira 
agressão. 
2) Quando a provocação constitui pretexto de 
legítima defesa, ou seja, tem o escopo de criar 
uma situação de legítima defesa para justificar a 
morte do provocado. 
Atual ou Iminente 
Não se admite legítima defesa contra agressão 
passada ou futura. 
Exige que se determine o momento no qual dita 
agressão começa e termina, para fins de 
legítima defesa. 
Qual seria o momento do começo? 
Uma parte da doutrina exige a realização do delito 
em grau de tentativa, mas essa posição exclui 
determinadas condutas, como alguns atos 
preparatórios que evidenciam uma tentativa 
iminente (Roxin). Assim, deve-se incorporar a 
fase final dos atos preparatórios, mas não os 
momentos anteriores, nem a tentativa idônea. 
 
Legítima Defesa Postergada 
É a extensão da percepção do que constitui a 
agressão atual. Se a agressão cometida pelo 
agente enseja a reação imediata da vítima, ainda 
que, na esfera do tempo do crime, tenha havido 
consumação, é justo que se viabilize a excludente 
da ilicitude. 
Já que se aplicado a literalidade do art. 25, faltaria 
um dos requisitos da legítima defesa, porém tratar-
se-ia de clara falta de equidade. 
Ex.: alguém, que despojado de seus bens pelo 
roubador, o ataca logo em seguida para recuperar 
objetos subtraídos. Conclui-se, de acordo com a 
corrente dominante, que o roubo estava 
consumado, e, portanto, a agressão havia cessado. 
Legítima Defesano Crime de Rixa 
Há duas situações: 
1) Em regra: 
Não há a possibilidade de legítima defesa 
porque as agressões cometidas uns contra os 
outros, são todas injustas. 
2) Exceção: 
Sim, quando um extrapola os limites e passa a 
atuar de modo que destoe do ânimo conflitivo 
dos demais, o que altera a perspectiva de injusta 
agressão, que se antes era generalizada, agora 
se concentra na conduta que extrapolou. 
Ex.: um dos rixosos se apossa de uma arma de 
fogo. 
 
Claus Roxin: Não se deve conceder a 
ninguém um direito ilimitado de legítima 
defesa à agressão de um inimputável. Ex.: 
agressão praticada por criança de 05 anos 
contra adulto, é melhor evitar o embate. 
Uso Moderado dos Meios Necessários 
Assegurar a proporcionalidade entre o ataque e a 
defesa. 
Meio necessário: o meio menos lesivo à disposição 
do agredido no momento da agressão, porém capaz 
de repelir o ataque com eficiência. 
A apreciação pelo magistrado deve ser feita 
objetivamente, sem desconsiderar as condições 
de fato do caso concreto, segundo um critério de 
relatividade ou um cálculo aproximativo. 
Entretanto, também não se pode ignorar as 
peculiaridades subjetivas do agente. 
Ou seja, devem ser ponderadas as circunstâncias 
concretas do fato e as características pessoais 
do sujeito. 
 
O ato de repelir injusta agressão pode ocorrer por 
omissão? 
Há na doutrina quem saliente que sim (Fernando de 
Almeida Pedroso). Ex.: suas pessoas estão em um iate 
em alto-mar. O agente, fraco e magro, é agredido pelo 
seu companheiro de viagem, forte e musculosos. Eles 
começam a lutar e o agressor, que não sabia nadar, cai 
na água, O agente não o salva, omitindo-se e o deixa 
afogar-se. 
Proteção do Direito Próprio ou de Outrem 
Admite-se legítima defesa no resguardo de qualquer 
bem jurídico próprio (legítima defesa própria ou in 
persona) ou alheio (legítima defesa de terceiro ou 
ex persona). 
Não há proporcionalidade entre os bens, mas entre 
a forma que se deu o ataque e a forma como ocorre 
a defesa. 
 
Legítima defesa de terceiro depende de 
autorização? 
1) Não, quando o bem jurídico que se pretende 
defender seja indisponível. Ex.: a vida. 
2) Sim, quando o bem jurídico for disponível. O 
agente que atue contra a vontade do titular, o fará 
ilicitamente, embora, nesse caso, o mais provável 
seja que proceda em legítima defesa putativa. 
Conhecimento da Situação de Fato Justificante 
Deve o agente conhecer as circunstâncias do fato 
justificante, demonstrando ter ciência que está 
agindo diante de ataque atual ou iminente. 
O pacote anticrime inseriu, no art. 25, um parágrafo 
único que dispõe sobre o instituto da legítima defesa 
no dia a dia dos agentes policiais e de segurança 
pública: “Observados os requisitos previstos no 
caput deste artigo, considera-se também em legítima 
defesa o agente de segurança pública que repele 
agressão ou risco de agressão a vítima mantida 
refém durante a prática de crimes.” 
 
 
Legítima Defesa e Erro Na Execução 
É possível, já que a infeliz reação deve ser 
considerada como se praticada contra o real agressor, 
não descaracterizando legítima defesa. 
Ex.: atirador de elite que atinge a vítima ao invés do 
agressor. Sofre consequências na esfera civil, mas na 
criminal está acobertado pela descriminante da legítima 
defesa. 
É possível legítima defesa recíproca? 
Não, pois considerando injusta a agressão, não é 
possível duas pessoas, simultaneamente, agirem uma 
contra a outra. 
E a legítima defesa sucessiva? 
Sim, caso em que o agressor se vê obrigado a se 
defender do excesso dos meios defensivos utilizados 
pelo agredido. 
É admitida a legítima defesa da legítima defesa 
putativa? 
Sim, pois por ser injusta, a legítima defesa putativa 
pode ser contida por quem se vê atacado por alguém 
que fantasiou situação que de fato não existe. 
E a legítima defesa putativa recíproca? 
Não se descarta a possibilidade, seguindo a mesma 
linha de raciocínio. 
Admite-se legítima defesa contra quem age em 
estado de necessidade? 
Não, pois no caso do estado de necessidade não há 
uma situação injusta, mas um perigo atual. 
Da mesma forma, a legítima defesa não é compatível 
com o estrito cumprimento de um dever legal nem com 
o exercício regular de um direito. Já que, em ambos os 
casos, se a ação é lícita, não pode ser considerada 
injusta de forma a admitir que o agente a repila. 
6 – Estrito Cumprimento de um Dever Legal 
- O agente público, no desempenho de suas atividades, 
não raras vezes é obrigado, por lei (em sentido amplo), 
a violar um bem jurídico. Dessa forma, o estrito 
cumprimento do dever legal é essa intervenção lesiva, 
dentro de limites aceitáveis. 
- Ao contrário do que ocorrer no exercício regular de 
direito, aqui a lei obriga o agente a atuar. 
- As condutas, apesar de típicas, estão justificadas pelo 
estrito cumprimento do dever legal. 
Da onde decorre o dever legal que fundamenta a 
descriminante? 
Da lei em sentido lato, ou seja, de qualquer diploma 
normativo emitido pela autoridade competente para 
deliberar a respeito. Assim, pode ser justificada pela lei 
em sentido estrito, pelo decreto ou pelo 
regulamento. 
Também pode ser justificada por ato administrativo, 
quando dotado de efeitos gerais. 
O particular pode invocar a descriminante do 
estrito cumprimento do dever legal? 
Mirabete Maioria da doutrina 
Não, sendo exclusiva 
dos agentes. 
Sim. Ex.: o advogado 
processado por delito de 
falso testemunho, 
porque se recusou a 
depor sobre fatos 
envolvendo segredo 
profissional, pode 
invocar o estrito 
cumprimento de dever 
legal. 
 
7 – Exercício Regular de um Direito 
- Condutas do cidadão comum autorizadas pela 
existência de direito definido em lei. 
- “Onde existe o direito não há crime” 
Ex.: a execução de prisão em flagrante, permitida a 
qualquer um do povo. 
- São requisitos desta justificante: a proporcionalidade, 
a indispensabilidade e o conhecimento do agente de 
que atua concretizando seu direito previsto em lei, 
Como são tratados os ofendículos? 
Representam o aparato preordenado para defesa do 
patrimônio. 
Se enquadra em ambas as excludentes, em momentos 
distintos: 
Exercício Regular de 
Direito 
Legítima Defesa 
 
Enquanto aparato não é 
acionado. 
É a proteção da posse, 
incluído no direito de 
tapagem, disciplinado 
no art. 1.297, CC. 
Ao funcionar repelindo a 
injusta agressão 
 
8 – Consentimento do Ofendido 
Elementar do Crime Não Elementar do 
Crime 
O consentimento exclui 
a tipicidade. 
O consentimento pode 
servir como causa 
extralegal de 
justificação. 
 
8.1 – Requisitos para que o Consentimento do Ofendido 
atue como Causa Supralegal de Exclusão da Ilicitude 
 
1) O dissentimento 
(não 
consentimento) 
não pode integrar o 
tipo penal 
Se o dissentimento 
integrar a norma penal, 
desaparece o próprio fato 
típico. Ex.: art. 150, CP. 
2) O ofendido tem 
que ser capaz 
Se o ofendido for 
incapaz, será invalido. 
3) O consentimento 
deve ser válido 
A validade reside na 
liberdade e consciência 
no momento da sua 
emissão. 
4) O bem deve ser 
disponível 
Não se admite quando 
versa sobre bem jurídico 
indisponível. 
5) O bem deve ser 
próprio 
Não se pode consentir 
lesão a bem alheio. 
6) O consentimento 
deve ser prévio ou 
simultâneo à lesão 
ao bem jurídico 
O consentimento 
posterior não exclui a 
ilicitude, podendo, 
entretanto, gerar efeitos 
no campo da 
punibilidade. Pode valer 
como renúncia ou perdão 
nos casos de APPrivada. 
7) O consentimento 
deve ser expresso 
A doutrina clássica não 
admite o consentimento 
tácito ou presumido. A 
moderna sim. 
8) Ciência da 
situação de fato 
que autoriza a 
justificante 
Exige-se que o agente 
aja sabendo estar 
autorizado pela vítima 
 
A integridade física é um bem jurídico disponível? 
Sim, portanto que trate de lesão corporal de natureza 
leve e que o consentimento não contrarie a moral e os 
bons costumes. 
É possível oconsentimento do ofendido nos crimes 
culposos? 
Nada impede a incidência da causa supralegal 
justificante nos delitos culposos. 
8 – Ticking Bomb Scenario Theory: o emprego da 
tortura na iminência de um ato terrorista 
- A Teoria do Cenário da Bomba-Relógio é definida 
como a atuação extrema e emergencial na qual um 
agente estatal, com o propósito de obter informações 
específicas e essenciais, tortura suspeitos de conhecer 
ou integrar planos de ataques terroristas iminente, que 
expõem a perigo a vida de um grande número de 
pessoas, a fim de que se possa prevenir a ocorrência 
de tais ataques 
- Há duas situações: 
1) Quem sustente ser admissível o uso da tortura: 
diante de situações nas quais dezenas de vidas são 
expostas a perigo iminente, justifica-se a flexibilização 
da tutela dos direitos humanos, para a preservação de 
um bem maior. 
2) Quem sustente ser inadmissível o uso da tortura: 
ainda que se trate de prevenir um ataque terrorista 
iminente, sustenta-se que o sistema de proteção aos 
direitos humanos não admite nenhuma exceção para a 
imposição de métodos cruéis de investigação. O 
emprego da tortura, para além de simplesmente atingir 
a integridade física e psíquica do torturado, transforma-
o num objeto, razão pela qual a dignidade humana lhe 
impõe um obstáculo intransponível. 
Qual a natureza jurídica da medida? 
Tendo em vista que o ataque terrorista preste a 
acontecer é normalmente provocado por uma agressão 
injusta, seria legítima defesa. 
9 – Excesso nas Justificantes 
- Art 23, § único, CP: “o agente, em qualquer das 
+hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso 
doloso ou culposo.” 
Doloso O agente se propõe a ultrapassar os 
limites da causa justificante. 
Culposo Inobservância do dever de cuidado do 
agente quanto atua respaldado por 
alguma das causas excludentes da 
ilicitude. 
Acidental Irrelevante penalmente, pois decorre 
de caso fortuito ou força maior. 
Exculpante Relacionado a profunda revolta de 
ânimo que acomete o agente. Pode 
ter a culpabilidade afastada por 
inexigibilidade de conduta diversa. 
 
10 – Descriminante Putativa 
- São as causas excludentes de ilicitude fantasiadas 
pelo agente. 
- Estamos diante de um erro. Há duas espécies: tipo 
(art. 20) e proibição (art. 21) 
As descriminantes putativas retratam qual espécie de 
erro? 
1) O agente supõe agir sob o manto de uma 
justificante em razão de erro quanto à sua 
existência ou seus limites. Apesar de 
conhecer a situação de fato, ignora a ilicitude 
de seu comportamento. 
Erro de proibição 
 
2) O agente engana-se quanto aos 
pressupostos fáticos do evento. Supõe estar 
diante uma situação de fato que, na verdade, 
não existe. 
Erro de Tipo ou Erro de Proibição? 
Teoria 
Extremada ou 
Estrita da 
Culpabilidade 
Deve ser tratado como erro de 
proibição. É erro escusável e 
elimina a culpabilidade do sujeito 
que sabe exatamente o que faz. 
Teoria 
Limitada da 
Culpabilidade 
Tem a mesma natureza de erro de 
tipo. 
Inevitável – além do dolo, exclui a 
culpa (isentando o agente de 
pena). 
Evitável – exclui o dolo, mas pune 
a título de culpa (imprópria). 
É a adotada pelo CP, se encontra 
no §1°, do art. 20 (erro de tipo) 
Teoria 
Extremada 
Sui Generis 
Quando inevitável, segue a teoria 
extremada isentando o agente de 
pena, não excluindo o dolo ou a 
culpa. 
Quando evitável, obedece a teoria 
limitada, punindo a título de culpa, 
não atenuando a culpa.