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Tema: RENASCIMENTO Humanismo: A singularidade do indivíduo. A evolução de um pensamento coletivo para um individual foi um processo que possuiu diferentes interpretações, no entanto, só uma delas foi, de fato, concretizada na Idade Moderna. Discorra sobre as diferentes interpretações dessa evolução. Alexsandra Gomes Isabela Pereira Resumo: Este trabalho tem por finalidade apresentar diferentes interpretações sobre a evolução do pensamento individual durante o período denominado "renascimento", além de mostrar as principais diferenças entre as interpretações. São apresentadas 4 concepções de pensadores diferentes, são eles: Erasmo de Roterdã, Martinho Lutero, Francisco Petrarca e Giovanni Pico della Mirandola. Com a apresentação dessas fontes, que para nós são as mais interessantes, esperamos abrir a mente do leitor em relação ao movimento humanista e o que ele acreditava. Pois mesmo havendo diferentes interpretações, visões, há apenas um objetivo, estudar o ser humano e ter ele como o centro do mundo, o centro das pesquisas intelectuais. Palavras chave: singularidade; humanismo; dignidade. Introdução: Analisando as interpretações de Lutero, Erasmo, Francesco Petrarca e Giovanni Pico della Mirandola, pode-se perceber que o âmbito de interesse de cada um prevalece em suas interpretações. Lutero, consegue pôr Deus como o centro de tudo, além de atribuir-lhe a responsabilidade sobre a parte "liberta" do pensamento subjetivo; Já Erasmo, põe a educação humanitária como o pilar do desenvolvimento racional e do desenvolvimento do indivíduo como ser humano. Petrarca é quem começa a apresentar a Igreja e as fontes de literatura antiga como representantes da dignidade humana. Pico avalia a dignidade humana a partir das leituras feitas por ele sobre os textos antigos de origem arabe. Desenvolvimento: 1 Erasmo, considerado "o príncipe do humanismo" acreditava em uma formação do indivíduo baseada no studia humanitatus1. O desenvolvimento do "eu" interno, para o humanismo, necessitava da retórica como parte da educação do ser, pois assim o pensamento racional e subjetivo seria desencadeado. Para Erasmo, sem a educação o ser humano é ignorante e inútil, acreditava que era preciso ter conhecimento sobre línguas diferentes, sobre filosofia, em resumo, aprender a raciocinar. É por meio do raciocínio que o humanismo distingue o ser humano do animal, um de seus objetivos é justamente tornar seres ignorantes em seres pensantes (e de forma bruta, torná-los civilizados). Em sua interpretação eram utilizadas as obras de Quintiliano e Petrarca, a utilização das obras de Petrarca servia para consolidar a tese de Erasmo sobre a importância da educação, porém, ele destacava a educação para os adultos, pois os mesmos seriam capazes de adotar novos hábitos a fim de se remodelar. Por fim, Erasmo deixava claro acreditar que ao nascer o indivíduo é inacabado, e é essa formação que irá moldá-lo, acreditavam ainda que liberdade e autodeterminação fazem parte da natureza do ser humano, logo, este pensamento "livre" não pode ser negado. Enquanto Lutero entendia o homem em duas partes: a parte interior (que pode ser entendida como a espiritual) e a parte exterior (entendida como carnal), a interior se deve a deus e a exterior a vontade do homem. Só a parte exterior pode sofrer alterações e por isso deve ser "domada" por outro homem, exemplo: um pai/adulto devem cuidar para não deixar que as crianças sejam desobedientes e priorizem sua parte carnal, caso não ocorra o controle da parte exterior, a interior pode sofrer deformações, ser atingida pelo mal. Ele dizia que o homem deve apoiar a obra divina em sua exterioridade, ser por completo devoto a deus. Só o homem exterior é livre e ele deveria ser castigado. "Nesse sentido, a formação não serve somente para o desenvolvimento do indivíduo enquanto indivíduo, mas especialmente para revelar o seu amor a Deus." (Wolfgang Neuser, 2011, p. 27) Petrarca, foi um poeta, orador e escritor humanista italiano conhecido também como o "pai do humanismo", pois escreveu documentos muito importantes para a época e para o movimento, além de manter um estilo de vida fiel a literatura antiga e suas atitudes de vertente filosófica muito influentes. Após muitas viagens feitas por ele, ele começou a enxergar o mundo não mais como Deus no centro, mas com o Homem no centro, mas mesmo 1 Os studia humanitatis consistia num grupo bem definido de disciplinas que incluía a gramática, a retórica, a história, a poesia e a filosofia moral e excluía outras disciplinas mais técnicas e ligadas à escolástica medieval. 2 assim ele não ignorava a influência da bíblia e dizia que a por a bíblia nos mostrar que somos a imagem e a semelhança de Deus, devemos crescer e dominar o planeta Terra e não sermos dominados por elas. E além disso, a literatura antiga como Metamorphosis de Ovídio e De natura deorum de Cícero também influenciava no nosso pensamento humanista a partir do momento que começamos a nos considerar imagem de Deus que constrói o seu reino na Terra. Ele criou uma noção de divinização do homem, comparada ou semelhante a de Deus. Petrarca tinha uma grande preocupação humanista, que seria em volta da restauração da dignidade humana, para isso era necessário, na visão dele, conhecermos melhor a natureza, logo ele chegou a conclusão de que a nossa dignidade pertencia a natureza. Ele faz uma dura crítica à dialética da época, ao raciocínio abstrato e à especulação filosófica, coisa que na visão do Petrarca fugiam da verdadeira preocupação humana, que seria encontrada apenas no estudo da ética e no estudo religioso em si. Giovanni Pico della Mirandola foi um pensador humanista muito influente da época. Ele não se conformava com as razões, que eram usadas para justificar a grandeza humana. Embora ele considerasse muito importante, não achava válido, pois não davam o direito ao homem de ter uma admiração de modo ilimitado, pois com essas razões apenas anjos eram dignos dessa admiração. “ser o homem vínculo das criaturas, familiar com as superiores, soberano das inferiores; pela agudeza dos sentidos, pelo poder indagador da razão e pela luz do intelecto, ser intérprete da natureza, intermédio entre tempo e a eternidade” (Giovanni Pico 1989, p.49) Para ele, havia diversos motivos para que o homem ganhasse esse direito, e para que ele conseguisse achar uma condição que nos elevasse ao mais alto nível, era necessário achar um traço que fosse além do racional, e pelo motivo de sermos a imagem e semelhança de Deus. Ele possui uma grande admiração ao ser humano, com o motivo de nós sermos na natureza, um magnum miraculum2, invejados por todos os seres, celestiais ou não. No livro “Discurso sobre a dignidade do homem”, por exemplo, Pico relata o ato da criação do homem, o nosso criador não nos deu nada de diferente, mas, moderadamente, daria tudo o que há nos outros, sem nenhum propósito específico. E com isso, Pico defende a tese de que o ser humano está no mundo para se impor, se moldar de acordo com a sua vontade, determinar seu desenvolvimento, seus gostos, seu futuro , seu gênero e por isso somos, para ele, seres autônomos. Em síntese, sua tese defende a nossa liberdade e que somos seres grandiosos e merecemos uma maior exaltação, um maior aumento na nossa dignidade. 2 3 Conclusão: Logo, para Lutero, o desenvolvimento não deveria ser racional e sim espiritual, ele defendia que as coisas só aconteciam por vontade de deus, então, a educação, para ele, não era um caminho para o desenvolvimento individual. O pensamento subjetivo, ao que parece, nem deveria ocorrer, pois o indivíduo tinha que pensar em deus e em suas obras e não tentar se destacar. Em contrapartida, Erasmo era defensor da educação para a formação do indivíduo e talvez até uma remodelação. Para ele, um ser humano sábio, que possui uma noção de mundo mais focada no dialeto e retórica será capaz de se imaginar separadamente de um coletivo, capaz de desenvolver um "egoísmo",passar a pensar em si e se tornar um ser humano melhor; acreditava e defendia a possibilidade de chegar a perfeição por meio do conhecimento. Já para Petrarca ele acreditava que a consciência humana estava na natureza, falava que mesmo o foco central das pesquisas terem mudado não podemos ignorar o que a Bíblia diz sobre nós. E era fortemente fiel ao pensamento de que por que a Bíblia diz que somos a imagem de Deus, devemos dominar e não sermos dominados. Por último, Pico procurou outras razões para que o ser humano fosse elevado, dizia que éramos um magnum miraculum. Falava que devíamos nos impor mais, nos moldar da maneira que quiséssemos, pois segundo ele não nos foi dada uma missão específica por Deus. Referências: NEUSER, Wolfgang. A formação e o conceito de indivíduo na renascença. Educação, Porto Alegre, v. 34, n.1, p. 25-32, janeiro/abril, 2011. BURCKHARDT, Jacob. A cultura do renascimento na Itália: O desenvolvimento do indivíduo. Brasília: Editora da UnB, 1991. MARQUES, Jordino. Humanismo renascentista e subjetividade. UFG, 1999 4 WEYNE, Bruno. A contribuição do humanismo renascentista para a construção da ideia de dignidade humana. PLURA, Revista de Estudos de Religião, vol. 4, nº 1, 2013, PATTIO, Júlio. Considerações sobre o humanismo de Petrarca. Revista Unisinos, 2013. 5
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