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CURSO DE PSICOLOGIA ROSELI DE ARAÚJO CAMPOS A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO DO PSICÓLOGO HOSPITALAR NA PEDIATRIA VILHENA 2018 ROSELI DE ARAÚJO CAMPOS A RELEVÂNCIA DO ATENDIMENTO DO PSICÓLOGO HOSPITALAR NA PEDIATRIA Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Psicologia da Faculdade da Amazônia (FAMA), como requisito final para obtenção do Título de Bacharel em Psicologia. Orientador: Prof. Me Celestino Galvão Neto . VILHENA 2018 Dedico este trabalho a minha querida mãe que me ensinou a ser forte e nunca desistir dos meus sonhos... A minha filha amada Ana Lívia e ao meu esposo Bruno que são meus alicerces para seguir em frente. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado força e segurança para chegar até aqui. A minha querida família, pela compreensão nos momentos de ausência, pelo incentivo e amor incondicional. Aos colegas de sala, pelo companheirismo durante oscinco anos de graduação. A Faculdade da Amazônia (FAMA) e todos seus colaboradores, em especial a Professora M.ª Patrícia Clara Cipriano e a Dra. Rosangela Cipriano, que contribuíram para a realização de um grande sonho. A todos os professores, que compartilharam comigo suas experiências e saberes, contribuindo para a minha formação intelectual, profissional e pessoal. E de forma muito especial ao meu orientador, Celestino Galvão Neto pela dedicação, paciência e competência durante o período de orientação. Não posso me esquecer da Bibliotecária Cristiane Garcia Buresque me auxiliou carinhosamente com dicas fundamentais na elaboração das normas deste trabalho. Sem sonhos, a vida não têm brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Augusto Cury RESUMO O objetivo deste trabalho foi abordar a relevância do atendimento do psicólogo na pediatria, enfatizando sobre a importância de um ambiente mais humanizado, citando também a equipe multiprofissional. Através do brincar, as crianças experimentam sensações prazerosas, adquirem conhecimento que contribui para seu desenvolvimento físico e emocional.Dentre asatribuições do psicólogo hospitalar, uma delas é fornecer ao paciente e seus familiares suporte psicológico, amparo, orientações e manejo de como lidar com a difícil realidade do ser adoentado. O profissional de psicologia, pode trabalhar novas perspectivas e alternativas de conviver com a doença. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de revisão bibliográfica, utilizando os repositórios scielo e pepsic. Diante disso verificou- se que a atuação do psicólogo na pediatria minimiza o sofrimento da criança hospitalizada, melhora o quadro emocional e colabora com estratégia de enfrentamento de diferentes formas.Contudo, espera-se enriquecer a compreensão da prática do psicólogo especialmente na hospitalização infantil, afim de prevenir os problemas psicológicos relacionados ao processo de hospitalização. Palavras-chave: Crianças hospitalizadas. Psicólogo na pediatria.Ambiente humanizado. ABSTRACT The objective of this work was to approach the relevance of the psychologist's attention in pediatrics, emphasizing the importance of a more humanized environment, also citing the multiprofessional team. Through play, children experience pleasurable sensations, acquire knowledge that contributes to their physical and emotional development. Among the attributions of the hospital psychologist, one of them is to provide the patient and his family with psychological support, guidance and handling of how to deal with the difficult reality of being sick. The psychology professional can work out new perspectives and alternatives to live with the disease. For this, a bibliographic review research was carried out, using the Scielo and Pepsic repositories. It was verified that the psychologist's performance in pediatrics minimizes the suffering of the hospitalized child, improves the emotional picture and contributes to coping strategies in different ways. However, it is hoped to enrich understanding of the psychologist's practice, especially in child hospitalization, in order to prevent the psychological problems related to the hospitalization process. Keywords: Children hospitalized. Psychologist in pediatrics. Humanized environment. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8 2 MATERIAS E MÉTODOS ................................................................................. 10 3 PSICÓLOGO HOSPITALAR: UM BREVE HISTÓRICO .................................. 11 3.1 PSICÓLOGO NA PEDIATRIA: TÉCNICAS E INTERVENÇÕES ................ 13 3.2 LUDOTERAPIA NO PROCESSO DE HOSPITALIZAÇÃO.......................15 4 AMBIENTE HUMANIZADO: BENEFÍCIOS DURANTE A INTERNAÇÃO ....... 17 4.1 EQUIPE MULTIPROFISSIONAL ................................................................ 18 4.2 IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA DURANTE A INTERNAÇÃO ........................ 20 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 22 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 24 8 1 INTRODUÇÃO “Psicologia Hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento” (SIMONETTI, 2004, p. 15). O autor ressalta que diante da doença, o ser humano manifesta sentimentos, tais como: desejos, pensamentos, comportamentos, fantasias, lembranças, crenças, sonhos, conflitos e o estilo de adoecer. A psicologia hospitalar surge não para curar a doença do indivíduo hospitalizado, pois disso já cuida a medicina, mas ouvir e acolher a pessoa que está inserida no meio dessa doença, escutar a sua subjetividade, porque no final a cura em si não elimina a subjetividade do sujeito, ou melhor, a subjetividade não tem cura (SIMONETTI, 2004). Angerami-Camon(2013) discorre, que a psicologia hospitalar tem como objetivo principal a minimização do sofrimento provocado pela hospitalização e que o internamento é uma experiência na vida do indivíduo que muitas vezes pode tornar dolorosa. A hospitalização infantil pode afetar a criança tanto fisicamente quantoemocionalmente. Ao ser internada, a criança tem sua rotina completamente alterada podendo apresentar como consequência, tristeza, irritabilidade, ansiedade, desespero, apresentando uma grande aversão e insegurança em relação ao ambiente hospitalar. Dessa forma, entendendo que existem repercussões do internamento na subjetividade de crianças e sabendo da existência de um profissional da psicologia inserido no ambiente hospitalar nos surge a seguinte pergunta de pesquisa; “quais as implicações da atuação do psicólogo no ambiente hospitalar no processo de hospitalização de crianças?” Portanto, à partir dessas ideias, estabelecem-se os objetivos deste estudo. Pretende-se abordar sobre a importância de um ambiente mais humanizado, citando também a equipe multiprofissional. Contudo, destaca-se a importância da família durante o período de hospitalização. Uma das motivações da escolha deste tema é devido a realização do estágio obrigatório no Hospital Regional Adamastor Teixeira de Oliveira, situado na cidade de Vilhena/RO.Aonde pode ser elaborado o projeto “Brinquedoteca Itinerante”, juntamente com outra acadêmica do curso de psicologia, na qual foi possível conhecer e aprofundar a pesquisa sobre a temática. 9 O referido projeto tinha como objetivo principal, acolher e levar interação e descontração, utilizando brinquedos e ferramentas lúdicas até ala pediátrica. O acolhimento estendia-se também para seus acompanhantes, que na maioria das vezes eram as mãe. Além disso, será importante discorrer sobre uma temática que envolve, não somente a hospitalização do ser adoentado, mas também suas subjetividades, crenças, sonhos, um olhar mais humanizado realizado por toda a equipe. Espera-se que com a produção deste texto, possamos contribuir para a construção de um referencial teórico, que possa de alguma forma auxiliar no entendimento de profissionais psicólogos a respeito das implicações da sua atuação na subjetividade de crianças que vivenciam o impactos da internação. Para tanto, adotou-se método de revisão bibliográfica, realizou-se levantamento de dados, em sites da scielo, pepsic, para assim, pesquisar sobre a atuação do psicólogo na pediatria. Os materiais que foram pesquisados foram de artigos, teses, revistas, livros e dissertações. Para a estruturação e desenvolvimento, o trabalho dividiu-se em três capítulos. No segundo capítulo aborda a atuação do psicólogo hospitalar seu suporte, técnicas e intervenções com paciente, equipe, e familiar. Noterceiro capítulo, fala sobre a importância de um ambiente mais humanizadoe faz-se um discurso sobre as ferramentas utilizadas para facilitar o atendimento da criança internada, no intuito de conhecer os recursos utilizados para facilitar a estadia dela no hospital, minimizando assim os efeitos causados pela hospitalização. 10 2 MATERIAS E MÉTODOS Para o desenvolvimento deste trabalho, utilizou-se método de revisão bibliográfica, realizou-se busca nos repositórios: scielo epepsic, utilizando as palavras-chave:crianças hospitalizadas, psicólogo na pediatria e ambiente humanizado. Para tanto,adotou-se osseguintes critérios de inclusão: a) Artigos do período 2004 à 2018; b) Artigos, teses, revistas e dissertações; c) Artigos em língua vernácula. Para critérios de exclusão,não foram considerados artigos que não estavam relacionados a psicologia. A seleção dos artigos foram divididos em três etapas, sendo a primeira etapa a leitura dos títulos, segunda etapa a leitura dos resumos e terceira foi a leitura integral do artigo. Pesquisa realizada no repositório da scielo resultou no total 96 artigos, após aplicada a primeira etapa (leitura de títulos) restaram 10 artigos, aplicando a segunda etapa (leitura de resumos) restaram 06 artigos, a terceira e última etapa (leitura na íntegra) foram eliminados mais dois artigos permaneceram 05 artigos para a leitura na íntegra que embasou esta pesquisa. Já no repositório pepsicforam encontrados 111 artigos, realizada a primeira etapa foram excluídos 91 artigos, restando 20 artigos para a segunda etapa, desses 20 artigos 11 foram selecionados para a terceira etapa, restando no total 08 artigos para a leitura na íntegra. 11 3 PSICÓLOGO HOSPITALAR: UM BREVE HISTÓRICO A inserção do psicólogo em hospitais gerais começa à partir da década de 50, Matilde Neder é a uma das precursoras instalando um Serviço de Psicologia Hospitalar no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), acompanhando crianças psicologicamente submetidas a cirurgias de coluna e seus familiares. O evento marcou o início da psicologia hospitalar no Brasil (ANGERAMI-CAMON, 2010). Em 1957, Matilde passou a atuar no Instituto Nacional de Reabilitação na USP (atual Divisão de Medicina de Reabilitação). Pioneira no desenvolvimento da psicoterapia breve no Brasil aprofundou, nesse período, suas atividades na psicologia hospitalar (ANGERAMI-CAMON, 2010). [...] não há como falar de pesquisa sem mencionar a história da psicologia no Brasil e sua entrada no hospital, pois os primeiros psicólogos que adentraram esse espaço, por volta da década de 50, tinham o modelo clínico como forma de atuação e um compromisso primordial, do qual não se afastam, de preservar a singularidade do sujeito. Todavia, as singularidades e a complexidade da demanda com a qual esses profissionais se depararam exigiu novos fazeres, buscando uma atuação mais efetiva e especializada [...]. (MADER, 2016, p. 47). Contudo, compreende-se por psicologia hospitalar uma sequência da psicologia clínica na instituição hospitalar. O psicólogo hospitalar está inserido na área da saúde como um especialista, como facilitador da comunicação e da expressão humana através da linguagem, visando a representação e a elaboração das vivências dos pacientes, do seu relacionamento com as pessoas, e de sua capacidade de resiliência (LAZZARETTI, 2007). Somente no ano de 2001, que a psicologia hospitalar foi reconhecida enquanto especialidade e atualmente regulamentada pela Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 13/2007. De acordo com a definição do órgão que rege o exercício profissional do psicólogo no Brasil, o Conselho Federal de Psicologia,CFP (2010), o psicólogo hospitalar auxilia e desenvolve atividades em diferentes níveis do tratamento, tendo por objetivo principal a avaliação e acompanhamento de intercorrências psíquicas dos pacientes que estão ou serão submetidos a atendimentos médicos, buscando basicamente a promoção e a recuperação da saúde física e mental (BRASIL, 2007). 12 O foco da psicologia hospitalar é o aspecto psicológico em torno do adoecimento, isso inclui o paciente e suas subjetividades, os familiares que muitas vezes não conseguem lidar com a enfermidade do ser adoentado, a equipe que precisa estar em sintonia com o psicólogo para que ocorra o trabalho de extremo comprometimento (SIMONETTI, 2004). Simonetti (2004) ressalta, que a psicologia hospitalar não trata somente dos aspectos psicológicos do indivíduo, mas sim dos aspectos reais em relação a doença. Todos os seus sentimentos, culpas, crenças, sonhos, conflitos, aspectos físicos e emocionais que o paciente poderá apresentar no decorrer de sua enfermidade, o psicólogo pode intervir através de suas ferramentas e técnicas de trabalho. É fundamental que o trabalho do psicólogo hospitalar, frente a pessoa internada, seja com foco no sofrimento que está vivenciando no momento. O autor indaga que o grau de instrução que o paciente tem sobre sua enfermidade é de total importância, pois possibilita uma melhor aceitação, como também uma melhor compreensão sobre a doença (ANGERAMI-CAMON, 2013). O psicólogo ao inserir-se no âmbito hospitalar, não ocupa-se somente com o sofrimento do paciente, mas também com seus familiares, e toda a equipe que está envolvida para promover a melhora e o enfrentamento da doença.O trabalho do psicólogo hospitalar na hora da avaliação psicológica difere de um psicodiagnóstico tradicional realizado na clínica. A avaliação do paciente internado é momentânea, é realizado de acordo com o sofrimento psíquico que o paciente evidencia no momento do atendimento (ANGERAMI-CAMON, 2013). Faz-se necessário que o profissional de psicologia, fique em alerta, nas intervenções tanto com o paciente, quanto com o familiar. Ressaltando que as implicações emocionais podem ocorrer durante o período de hospitalização, causando uma busca de alívio e bem estar emocional. Contudo, o psicólogo pode oferecer suporte psicológico não somente ao sujeito adoentado, mas também para os membros de sua família, uma vez que frente ao adoecimento e internação a família tende ficar insegura e pode ser preciso a intervenção e auxilio do profissional de psicologia (MADER, 2016; MOREIRA, 2014). [...] a instalação da doença e o internamento, é um evento estressante para o grupo familiar, em um contexto hospitalar, espera-se que a família seja afetada, uma vez que, quando um de seus membros passa por mudanças, 13 é necessário uma reorganização de todos que compõe. Assim o psicólogo pode oferecer suporte psicológico familiar, já que frente, ao adoecimento e hospitalização de um integrante desse grupo, a família pode manifestar as mais variadas reações, desde se opor ao tratamento até uma importante rede de apoio e auxiliar nas estratégias de enfrentamento desenvolvidas pelo paciente [...] (MADER, 2016, p.19). Quando o sujeito fica adoentado compromete-se todos seus mecanismos de defesa. O paciente fica fragilizado, inseguro devido a doença e a partir daí sua autonomia fica totalmente rompida.O trabalho do psicólogo hospitalar é oferecer a escuta diferenciada ao sujeito a ser atendido, durante o processo de hospitalização. A solicitação, para o atendimento pode partir da equipe de saúde, família ou paciente, o psicólogo só irá conseguir fazer uma diferenciação da solicitação da real demanda, ao ouvi-lo (SIMONETTI, 2004; MADER, 2016). É importante conhecer a demanda da instituição, para realizar um trabalho com eficácia, é preciso também ter um olhar mais atento frente ao sujeito adoentado. A população a ser atendida é bem diversificada, exigindo ainda mais uma conduta de empenho e disposição dos profissionais de psicologia, (MADER, 2016). Mader (2016) destaca ainda, que um dos grandes desafios que o psicólogo hospitalar enfrenta é o manejo das solicitações, pois é necessário a formação teórica e técnica, como também a formação para ouvir e ser ouvido, sendo necessário habilidade para realizar as duas técnicas. Contudo a avaliação do psicólogo no ambiente hospitalar pode ser considerada uma ferramenta adequada para o manejo do profissional, a constatação precoce de algum comportamento ou distúrbio psicológico pode significar um grande diferencial na diminuição ou melhora do sofrimento causado pelo adoecimento (BAPTISTA; DIAS, 2010). 3.1 PSICÓLOGO NA PEDIATRIA: TÉCNICAS E INTERVENÇÕES A hospitalização representa uma ruptura na rotina e vida de qualquer indivíduo, em especial a criança e familiar. Para assisti-los, faz-se necessário uma atuação que busque diminuir os impactos da doença e do seu tratamento, pois, na maioria das vezes, a hospitalização é vista como algo dramático e doloroso(CALVETTI; SILVA; GAUER, 2008). 14 No entanto, a internação de crianças habitualmente está atrelada ao surgimento de patologias e não incomum acarretando, limitações das atividades diárias, e por vezes até privado da individualidade, ocasionando repercussões psicológicas. O hospital é um ambiente hostil para a criança, gerando vários sentimentos que podem aflorar durante este período. As ocorrências das internações são variáveis que podem contribuir para uma mudança no repertório comportamental durante o processo de hospitalização (SAMPAIO; OSÓRIO, 2008; BAPTISTA; DIAS, 2010). A criança quando hospitalizada encontra-se frágil, porém não se pode esquecer que é seu todo que é atingido. Dessa forma, faz-se necessário uma postura de cuidado especial, pois a mesma possui desejos, sentimentos a serem ouvidos ante ao processo de hospitalização. Diante do exposto, uma das ferramentas principais do psicólogo hospitalaré o acolhimento em suas diversas complexidades(CALVETTI; SILVA; GAUER, 2008). A atividade lúdica também contribui, no atendimento de crianças hospitalizadas, pois assim, proporcionam situações de tomadas de decisão e autonomia, transformam o ambiente hospitalar em um lugar mais agradável para a criança. Além de favorecer o enfrentamento das dificuldades como também aproxima-se o ambiente da realidade cotidiana (DUARTE, et al. 2009). Winnicott (2013)destaca, que criança adquire conhecimento brincando, é através do brincar que a criança expõe suas frustrações, medos e fantasias. O brincar é de suma importância no processo de desenvolvimento, seja ele físico, cognitivo ou emocional.Para Ferreira (2014), a atividade lúdica possibilita aliviar o estado emocional da criança hospitalizada, demonstrando a importância da mesma, no ambiente que ela se encontra, favorecendo também uma possível mudança no comportamento. Cada criança desenvolve estratégia de enfrentamento de diferentes formas, cada qual lida com situações adversas no período de hospitalização. Sendo necessário o profissional qualificado para intervir e auxiliar em situações de forma a controlar os níveis de ansiedade e de estresse que podem surgir durante a internação (MORAES, 2008). [...] as estratégias e as técnicas não podem ser entendidas como ferramentas, como instrumentos aplicados de fora sobre um objeto. Elas brotam no interior da relação entre operador, que é o psicólogo, e o objeto, 15 que é o paciente. Devem ser entendidas como recomendações técnicas, e não como receitas rígidas, e devem ser adequadas a casa situação clínica [...] (SIMONETTI, 2004, p. 115). A área da pediatria atrelada a psicologia são tão importantesquanto a área médica que lida com os efeitos das doenças físicas sobre o corpo. Na prática, a criança é atingida pelas manifestações orgânicas que podem evoluir para um quadro psicossomático, que se não for detectadas podem evoluir para um quadro mais agravado durante a internação (WINNICOTT, 2013 p. 141-145). O papel do psicólogo na pediatria, depende especialmente das possibilidades e estrutura da instituição. Contudo seu objetivo principal, é de promover a saúde numa perspectiva mais comportamental e contribuir na implementação de planejamentos que visem à promoção da saúde. Todavia, compreende-se que o psicólogo hospitalar disponha de formação e olhar clínico voltados para o doente. Isto implica que não é somente sua linha teórica que o diferenciará, mais quem dela se beneficia (SAMPAIO; OSÓRIO, 2008). 3.2 LUDOTERAPIA NO PROCESSO DE HOSPITALIZAÇÃO A ludoterapia consiste em uma ferramenta terapêutica que utiliza-se recursos lúdicos como mediadores do processo de atendimento de crianças. A técnica pode ser compreendida como um momento privilegiado, que através dos brinquedos e brincadeiras, a criança consegue transmitir ao psicólogo como vivencia situações que a amedrontam e a fazem sofrer. A escuta e a fala mediadas pelo brincar possibilita a criança lidar com o sofrimento (MORAIS, 2011). O processo de hospitalização para a criança, em muitos casos representa a perda de sua vida social, de seus brinquedos e de suas fantasias. A utilização da técnica daludoterapia dentro do contexto hospitalar, tem por objetivo resgatar a sociabilidade e a fantasia perdida durante este processo (BARROS; LUSTOSA, 2009). O brincar no hospital pode contribuir no processo de internação. Entretanto, não somente a criança que beneficia-se, mas também quem a acompanha. Podendo auxiliar positivamente no percurso da recuperação, para assimreceber alta hospitalar(BARROS; LUSTOSA, 2009). 16 A ludicidade possibilita também, uma leveza maior ao tratamento de crianças acometidas por várias enfermidades. É possível desmistificar a imagem do hospital como um ambiente solitário para um espaço mais humanizado e de integração. Portanto, a ludoterapiana situação hospitalar é uma ferramenta de intervenção utilizada para a criança estabelecer estratégias de enfrentamento em relação à doença. É possível perceber que a técnicadesempenha influência positiva, por dar suporte na aderência ao tratamento e aceitação da sua hospitalização, tendo o papel fundamental para facilitar a comunicação da criança com a equipe médica(CONCEIÇÃO, 2015). 17 18 4 AMBIENTE HUMANIZADO: BENEFÍCIOS DURANTE A INTERNAÇÃO A psicologia hospitalar não pode adentrar o hospital como trabalho individualizado, sem contar com outros determinantes para atingir seus objetivos básicos. A humanização do hospital constantemente passa por transformações durante o processo de institucionalização. Contudo o psicólogo, não pode ser um profissional isolado que despreze tais variáveis, precisa trabalhar em equipe para assim promover um trabalho humanizado de acordo com a necessidade do indivíduo (ANGERAMI-CAMON, 2010). A equipe de saúde, então em busca de humanizar as condições do indivíduo no seu período de hospitalização. O vínculo entre paciente e a equipe multidisciplinar precisa ser explorado pelo profissional de psicologia. Uma vez que é indispensável que o psicólogo conheça minuciosamente as atividades oferecidas pelos demais profissionais, bem como os limites de cada um, possibilitando também uma atuação integrada (FOSSI; GUARESCHI, 2004). O usuário, ao entrar no hospital, coloca em risco sua autonomia, e consequentemente suas referências. O ser humano frente ao adoecimento deixa de ocupar sua posição no meio aonde vive, para dar lugar a doença, impedindo-o muitas vezes de realizar suas funções básicas do dia a dia (BAPTISTA; DIAS, 2010). As unidades de internação ou enfermarias são parte fundamentais de um hospital, pois é nesse ambiente que o paciente ficará internado. Durante a hospitalização, o indivíduo perde sua individualidade, vivencia uma brusca ruptura no seu cotidiano, sente-se agredido pela rotina hospitalar e seu horário inflexível, o que acaba gerando um processo de despersonalização, caracterizado pela sensação de perda de identidade e autonomia (ALMEIDA, 2011). A assistência do psicólogo na equipe de saúde, que atenderá a recuperação do paciente é de grande relevância, pois todas as fantasias, elaborações, frustrações, angústias, podem ser detectadas e trabalhadas de forma a não se tornarem obstáculospara sua reintegração à vida(SEBASTIANI; MAIA, 2005). O psicólogo, então, por meio de uma escuta contextualizada, consegue intervir na mediaçãodas relações interpessoais que envolvem o processo de acolhimento. E esse investimento acontece à partir da construção de um 19 planejamento terapêutico, baseado na escuta, na fala estabelecida nos vínculos e afetos, realizados no discurso do paciente com profissional (MOREIRA, 2014). Para tanto, à partir dos aspectos de internação infantil, a humanização hospitalar melhora a qualidade do atendimento dos usuários. Contudo, é primordial que os profissionais tenham contato com a criança, saibam que não se deve ocupar- se somente com a doença, mas também compreender eauxilia-las nas suas necessidades específicas (FOSSI; GUARESCHI, 2004). 4.1 EQUIPE MULTIPROFISSIONAL Na instituição hospitalar, os membros das equipes como: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, residentes, dentre outros profissionais, também vivenciam no seu dia a dia sentimentos ambivalentes de onipotência e impotência, a cobrança excessiva de todos os envolvidos, pode gerar conflitos, insegurança, medo, vários outros sentimentos que podem vir à tona durante o período de atuação. O psicólogo deve atuar como facilitador da corrente dessas emoções e reflexões, detectar os focos de exaustãoe sinalizar as defesas exacerbadas (ANGERAMI-CAMON, 2010; CAMPOS 1995). A falta de compreensão junto às atribuições dos diferentes profissionais, particularmente em profissões emergentes, é um dos motivos que atrapalha o trabalho em equipe. O processo de hospitalização precisa ser compreendido não apenas como um vago processo de institucionalização, para tanto é necessário que o psicólogo conheça a realidade do local a ser atendido como também seus limites de atuação (ANGERAMI-CAMON, 2010; TONETTO; GOMES, 2007). [...] a equipe multiprofissional, de modo especial o médico, tem o dever com o paciente de informá-lo sobre sua situação, e ao psicólogo cabe a tarefa de trabalhar os conteúdos emocionais que emergem, as fantasias, os medos, as dúvidas, assim como dar assistência aos familiares do paciente [...] (CAMPOS, 1995, p.40). Na equipe multiprofissional o compromisso do médico é inquestionável, sendo que seu papel de liderança, afirma a existência dos serviços de saúde. Entretanto a representação de autoridade torna-se fácil e natural quando se estabelece um convívio através dos contatos profissionais dentro da equipe (ROMANO 1999). 20 Contudo, a assistência de outros profissionais na equipe médica, especialmente o psicólogo, acrescenta importante colaboração a assistência ao paciente, pois a identificação das incertezas e expectativas do paciente, assim como o cumprimento de uma comunicação mais eficiente entre equipe de saúde, paciente e familiar fazem parte da formação técnica deste profissional de psicologia(SEBASTIANI; MAIA, 2005). Os procedimentos dos profissionais de saúde, podem gerar medo na criança hospitalizada. A necessidade da vinculação da equipe multiprofissional, juntamente associado ao local para expor seus sentimentos, é importante para expressar suas vivências, por meio das atividades lúdicas que permite ao profissional auxiliar a promoção da saúde como um todo (AZEVÊDO, 2011). É importante enfatizar, que o indivíduo, na sua condição de paciente, fica a domínio de uma organização hospitalar e ao poder de profissionais que atuam, muitas vezes, afligindo a autonomia e a tomada de decisões do próprio paciente. Isto acontece devido aos profissionais estarem seguindo regras e preocupando-se em resolver questões exclusivas da doença (CAMPOS, 1995). O paciente necessita de atenção e cuidados da equipe multiprofissional. E para que isso aconteça é necessário discutir sobre a doença, dar suporte técnico e emocional para que o indivíduo sinta-se acolhido por toda a equipe (ANGERAMI- CAMON, 2010). O cumprimento a necessidade de expressão e comunicação para o atendimento a criança hospitaliza, precisam ser respeitadas principalmente quando internada, pois estão vivenciando um período de dificuldades, afastada do seu lar, do seu meio social, do convívio da família.Pode destacar-se que muitos profissionais de psicologia trabalham na intervenção e assistência com pais, familiares e equipe de saúde, auxiliando os mesmos na vinculação com a criança no período de hospitalização (BAPTISTA; DIAS, 2010;FERREIRA, 2014). A atuação do psicólogo no contexto hospitalar como motivador da interdisciplinaridade, constitui à atenção integral à saúde do paciente e dos familiares. Somente à partir de uma atuação abrangente é possível estabelecer visão mais ampla do paciente internado. Entretanto, é dentro desse enquadre da integralidade que a atuação do psicólogo se volta à saúde da equipe. Paciente, familiar e equipe passam a ser vistos como um conjunto, no qual o bem estar de um depende de todos (VIEIRA; WAISCHUNNG, 2018). 21 Romano (1999) ressalta, que o trabalho em equipe não significa que todos precisam ter conhecimento de tudo, ou que todos elaborem tudo, porém a ideia de equipe remete a um campo de acolhimento, de subjetividades, em que cada profissional tem suas ferramentas para explorar seu campo de trabalho. Portanto, é de grande relevância o trabalho realizado em equipe, levando em consideração os diversos profissionais que podem auxiliar para um atendimento humanizado e abranger ainda mais as dimensões biológica, psicológica e social de cada indivíduo (MUTARELLI, 2015). 4.2 IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA DURANTE A INTERNAÇÃO A doença que leva a internação, conta com aspectos agravantes, sobretudo com elementos característicos do ambiente hospitalar. Quando a hospitalização ocorre, acontece no mesmo período, uma desestruturação do contexto familiar, além da desorganização e angústia que costumam aparecer nestes momentos (CAMPOS, 1995). Desta forma, o paciente e a família, se deparam com dificuldades no enfrentamento da situação do adoecimento. Entretanto, a doença no geral é acompanhada de manifestações na esfera psíquica, resultando alterações na relação social. A enfermidade provoca desajustes psicológicos, tanto no paciente, quanto na família (LUSTOSA, 2007). A assistência do psicólogo hospitalar, se torna fundamental e pode contribuir como diferencial deste momento de desestruturação familiar. Este profissional traz, com seu entendimento teórico, habilidade técnica e a oportunidade de auxílio na reorganização da estrutura familiar. Facilitando também a elaboração de sentimento oriundos deste momento (LUSTOSA, 2007). Ahospitalização significa um momento de rompimentoque podeser agravado pelo distanciamento do ambiente social, em especial com o convívio familiar. Muitos são os meios que podem ser utilizados na estimulação para o seguimento saudável da criança no processo de hospitalização (VIEIRA; WAISCHUNNG, 2018). Acomunicação com a criança ocorre de diferentes maneiras, seja por meio da linguagem verbal ou não-verbal. Por isso é essencial o manejo do profissional de psicologia em relação à leitura da linguagem corporal da criança, para assim 22 estimular o fortalecimento do vínculo entre equipe, paciente e familiar(CALVETTI; SILVA; GAUER, 2008). A participação efetiva dos pais no cuidado com a criança hospitalizada, é fato determinante no processo de recuperação. Pois os mesmos,acompanham de perto e contribuem no tratamento, para promover a atenção, e o enfrentamento das dificuldades que podem surgir no período de internação(SAMPAIO; OSÓRIO, 2008). O psicólogo hospitalar é o profissional capacitado para promover e criar um ambienteonde a criança possa manifestar seus sentimentos, medos, aflições, ajudando-a no enfrentamento dessas dificuldades. Contudo, a família é parte importante nesse processo, pois sofre diretamente com a decorrência da enfermidade, e necessita de auxílio paralidar com a situação causada pela hospitalização(SAMPAIO; OSÓRIO, 2008). Os profissionais precisam estar atentos para a participação efetiva dos pais ou responsáveis quanto ao processo de hospitalização. A equipe de saúde, necessita da participação da família nos cuidados com a criança, o que atribui para uma melhor qualidade na atenção de cuidado e no processo de recuperação da mesma (CALVETTI; SILVA; GAUER, 2008). No entanto, compreende-se que a família é o primeiro grupo ao qual a criança pertence e onde estabelecem as primeiras relações vinculares. A família participa para o desenvolvimento saudável, sendo necessário após a internação que continue presente na sua rotina e atividades diárias. A saúde mental da criança está atrelada na maneira como ela vive, do contexto em que está inserida (LUSTOSA, 2007). 23 5CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao inserir-se no contexto hospitalar, o psicólogo tem um papel determinante no atendimento de crianças hospitalizadas,as implicações psicológicas relacionadas à internação podem ser decorrentes por diversos motivos. As técnicas e intervenções que o psicólogo pode utilizar-se são variadas, de acordo com a demanda que o paciente apresenta. O psicólogo na pediatria pode contribuir na assistência multiprofissional, junto à equipe de saúde, facilitando a comunicação da equipe com o paciente e familiar, fortalecendoo entendimento de que cada indivíduo tem sua própria referência e identidade. Considerando que a ludicidade contribui para o acolhimento da criança no hospital, com o objetivo de diminuir os impactos causados pela doença e internação. A atividade lúdica auxilia, para as mudanças significativas formadas pela criança em relação a hospitalização, ficando menos estressada, menos angustiada e mais compreensiva, sendo também uma forma de aproximação entre criança e profissional. Ficou evidente no percurso dessa pesquisa, a relevância da assistência do psicólogo na pediatria. Através das intervenções e técnicas adequadas, o psicólogo proporciona a criança a minimização do sofrimento causado pela hospitalização. Além disso, as intervenções psicológicas auxiliam a criança a superar o período tão delicado e particularmente traumático que podem estar vivenciando durante o processo de hospitalização. Portanto, seja qual for a situação que a criança esteja enfrentando, e as condições físicas e psíquicas que a mesma esteja vivenciando, o psicólogo só tende a colaborar durante este processo. Contudo,o desenvolvimento infantil não pode ser interrompido, devido a hospitalização, precisa acontecer naturalmente em diferentes contextos e situações, para assim ocorrer o equilíbrio necessário e natural do ser humano. Para a realização deste trabalho foi utilizado método de revisão bibliográfica, realizando busca nos repositórios: scielo e pepsic. A vantagem de utilizar as bases de dados torna a pesquisa mais eficiente. Possuindo a desvantagem a escassez de materiais atualizados,abordando esta temática. A priori, a pesquisa era para ser 24 utilizado materiais dos últimos dez anos, porém foi necessário expandir, pela dificuldade em encontrar trabalhos recentes. Diante disso, recomenda-se mais pesquisas com esta temática, considerando que este trabalho não esgotou o estudo a respeito. 25 REFERÊNCIAS ANGERAMI, CAMON, Valdemar. (org). Psicologia Hospitalar – Teoria e Prática. 2.ed. revista e ampliada São Paulo: Cengage Learning, 2010. ANGERAMI, CAMON, Valdemar. (org). O Doente, a Psicologia e o Hospital. 3. ed. atualizada São Paulo: Cengage Learning, 2010. ANGERAMI, CAMON, Valdemar. (org). E a Psicologia Entrou no Hospital. 3. ed. São Paulo: Paulo: Cengage Learning, 2013. AZEVÊDO, Adriano Valério dos Santos. O brincar da Criança com Câncer no Hospital: Análise da Produção Científica. Estudos de Psicologia I Campinas, 2011. Disponível no site <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v28n4/15.pdf>. acesso 09 jul. 2018. ALMEIDA, Raquel Ayres de; MALAGRIS, Lucia Emmanoel Novaes. A Prática da Psicologia da Saúde. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. 14, n. 2, p. 183-202, dez. 2011 . 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