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3. CENÁRIOS DE RESPOSTA
3. CENÁRIOS DE RESPOSTA
1. MATRIZES DE CONTEÚDOS
1. MATRIZES DE CONTEÚDOS
Matrizes de Conteúdos 	 3
Testes de Avaliação* 	 11
Testes de Avaliação 1 	 12
Testes de Avaliação 2 	 16
Testes de Avaliação 3 	 20
Testes de Avaliação 4 	 24
Testes de Avaliação 5 	 28
Testes de Avaliação 6 	 32
Testes de Avaliação 7 	 36
Testes de Avaliação 8 	 40
Testes de Avaliação 9 	 45
Testes de Avaliação 10 	 49
Testes de Avaliação 11 	 53
Testes de Avaliação 12 	 58
Testes de Avaliação 13 	 63
Testes de Avaliação 14 	 68
Cenários de Resposta 	 73
*Grelhas de correção disponíveis, em formato editável, ®Excel, em
80
 SENTIDOS 12 • Livro de Testes • ASA
79
 SENTIDOS 12 • Livro de Testes • ASA
	TESTES DE AVALIAÇÃO N.OS 1 e 2 (pp. 12 e 16), Fernando Pessoa, poesia do ortónimo
	Domínios e
Conteúdos
Tipologia
de itens
	GRUPOS
	Cotação /
pontos
	
	I
	II
	III
	
	
	EDUCAÇÃO
LITERÁRIA
Teste nº 1
Item A
Fernando Pessoa,
poesia do ortónimo
	+
Item B
Luís de Camões,
Rimas
Teste nº 2
Item A
Fernando Pessoa,
poesia do ortónimo
	+
Item B
Eça de Queirós,
Os Maias
	LEITURA
E GRAMÁTICA
Teste nº 1
Valor aspetual
Funções sintáticas
Classes/subclasses 
de palavras
Mecanismos de coesão
Orações subordinadas
Formação de palavras
Teste nº 2
Processos fonológicos
Classes/subclasses 
de palavras
Mecanismos 
de coesão
Reprodução do
	discurso no discurso
Orações subordinadas
Funções sintáticas
	EXPRESSÃO
ESCRITA
Teste nº 1
Texto de opinião
Teste nº 2
Texto de opinião
	
	Escolha múltipla
	
	II
1. a 7.
(7 itens x 5 pontos)
	
	35
	Resposta curta
	
	II
8., 9. e 10.
(15 pontos)
	
	15
	Resposta restrita
	I – A
1. a 3.
(3 itens x 20 pontos)
I – B
4. e 5.
(2 itens x 20 pontos)
	
	
	60
40
	Resposta extensa
	
	
	(30 + 20)
	50
	COTAÇÃO
	100
	50
	50
	200
	TESTES DE AVALIAÇÃO N.OS 3 e 4 (pp. 20 e 24), Fernando Pessoa, heterónimos e Bernardo Soares
	Domínios e
Conteúdos
Tipologia
de itens
	GRUPOS
	Cotação /
pontos
	
	I
	II
	III
	
	
	EDUCAÇÃO
LITERÁRIA
Teste nº 3
Item A
Álvaro de Campos
Item B
Padre António Vieira
Teste nº 4
Item A
Bernardo Soares
	+
Item B
Alberto Caeiro
	LEITURA
E GRAMÁTICA
Teste nº 3
Valor lógico dos
	conectores
Orações subordinadas
Funções sintáticas
Valor modal
Formação de palavras
Teste nº 4
Formação de palavras
Funções sintáticas
Classes de palavras
Mecanismos 
de coesão
Orações subordinadas
	ESCRITA
Teste nº 3
Texto expositivo
Teste nº 4
Apreciação crítica
	
	Escolha múltipla
	
	II
1. a 7.
(7 itens x 5 pontos)
	
	35
	Resposta curta
	
	II
8., 9. e 10.
(15 pontos)
	
	15
	Resposta restrita
	I – A
1. a 3.
(3 itens x 20 pontos)
I – B
4. e 5.
(2 itens x 20 pontos)
	
	
	60
40
	Resposta extensa
	
	
	(30 + 20)
	50
	COTAÇÃO
	100
	50
	50
	200
	TESTES DE AVALIAÇÃO N.OS 5 e 6 (pp. 28 e 32), Fernando Pessoa, Mensagem
	Domínios e
Conteúdos
Tipologia
de itens
	GRUPOS
	Cotação /
pontos
	
	I
	II
	III
	
	
	EDUCAÇÃO
LITERÁRIA
Teste nº 5
Item A
Fernando Pessoa,
Mensagem
Item B
Luís de Camões,
Os Lusíadas
Teste nº 6
Item A
Fernando Pessoa,
Mensagem
Item B
Luís de Camões,
Os Lusíadas
	LEITURA
E GRAMÁTICA
Teste nº 5
Sinais gráficos de
	pontuação
Funções sintáticas
Orações subordinadas
Mecanismos de
	Coesão
Valor aspetual
Valor modal
Teste nº 6
Classes/subclasses 
de palavras
Funções sintáticas
Orações subordinadas
Formação de palavras
Sinais gráficos de
	pontuação
Valor modal
	ESCRITA
Teste nº 5
Texto de opinião
Teste nº 6
Texto expositivo
	
	Escolha múltipla
	
	II
1. a 7.
(7 itens x 5 pontos)
	
	35
	Resposta curta
	
	II
8., 9. e 10.
(15 pontos)
	
	15
	Resposta restrita
	I – A
1. a 3.
(3 itens x 20 pontos)
I – B
4. e 5.
(2 itens x 20 pontos)
	
	
	60
40
	Resposta extensa
	
	
	(30 + 20)
	50
	COTAÇÃO
	100
	50
	50
	200
	TESTES DE AVALIAÇÃO N.OS 7 e 8 (pp. 36 e 40), Contos
	Domínios e
Conteúdos
Tipologia
de itens
	GRUPOS
	Cotação /
pontos
	
	I
	II
	III
	
	
	EDUCAÇÃO
LITERÁRIA
Teste nº 7
Item A
“Sempre é uma
companhia”, de
Manuel da Fonseca
Item B
Cesário Verde
Teste nº 8
Item A
“George”, de Maria
Judite de Carvalho
Item B
Antero de Quental
	LEITURA
E GRAMÁTICA
Teste nº 7
Orações subordinadas
Funções sintáticas
Sequências textuais
Valor aspetual
Valor lógico dos
	articuladores
Formação de palavras
Relações lexicais/
	semânticas entre
	palavras
Teste nº 8
Orações subordinadas
Funções sintáticas
Valor modal
Formação de palavras
Mecanismos de
	coesão/referentes
Sequências textuais
Classes de palavras
	ESCRITA
Teste nº 7
Texto de opinião
Teste nº 8
Texto de opinião
	
	Escolha múltipla
	
	II
1. a 7.
(7 itens x 5 pontos)
	
	35
	Resposta curta
	
	II
8., 9. e 10.
(15 pontos)
	
	15
	Resposta restrita
	I – A
1. a 3.
(3 itens x 20 pontos)
I – B
4. e 5.
(2 itens x 20 pontos)
	
	
	60
40
	Resposta extensa
	
	
	(30 + 20)
	50
	COTAÇÃO
	100
	50
	50
	200
	TESTE DE AVALIAÇÃO N.os 9 e 10 (p. 45 e 49), Poetas contemporâneos
	Domínios e
Conteúdos
Tipologia
de itens
	GRUPOS
	Cotação /
pontos
	
	I
	II
	III
	
	
	EDUCAÇÃO
LITERÁRIA
Teste nº 9
Item A
Eugénio de Andrade
Item B
Antero de Quental
Teste nº 10
Item A
Miguel Torga
Item B
Poesia trovadoresca
	LEITURA
E GRAMÁTICA
Teste nº 9
Relações lexicais/
	semânticas entre
	palavras
Funções sintáticas
Orações subordinadas
Mecanismos de coesão
Valor modal
Valor temporal
Teste nº 10
Mecanismos de coesão
Funções sintáticas
Valor dos conectores
Formação de palavras
Orações subordinadas
Valor modal
	ESCRITA
Teste nº 9
Texto de opinião
Teste nº 10
Apreciação crítica
	
	Escolha múltipla
	
	II
1. a 7.
(7 itens x 5 pontos)
	
	35
	Resposta curta
	
	II
8., 9. e 10.
(15 pontos)
	
	15
	Resposta restrita
	I – A
1. a 3.
(3 itens x 20 pontos)
I – B
4. e 5.
(2 itens x 20 pontos)
	
	
	60
40
	Resposta extensa
	
	
	(30 + 20)
	50
	COTAÇÃO
	100
	50
	50
	200
	TESTE DE AVALIAÇÃO N.OS 11 e 12 (pp. 53 e 58), Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis
	Domínios e
Conteúdos
Tipologia
de itens
	GRUPOS
	Cotação /
pontos
	
	I
	II
	III
	
	
	EDUCAÇÃO
LITERÁRIA
Teste nº 11
Item A
José Saramago,
O ano da morte
de Ricardo Reis
Item B
Cesário Verde
Teste nº 12
Item A
O ano da morte
de Ricardo Reis
Item B
Poetas do século XX,
Manuel Alegre
	LEITURA
E GRAMÁTICA
Teste nº 11
Valor modal
Valor aspetual
Mecanismos de coesão
Funções sintáticas
Etimologia
Relações lexicais/
	semânticas entre
	palavras
Teste nº 12
Sinais gráficos de
	pontuação
Funções sintáticas
Orações subordinadas
Mecanismos de coesão
Processos fonológicos
Valor modal
Dêixis
Valor temporal
	ESCRITA
Teste nº 11
Texto de opinião
Teste nº 12
Apreciação crítica
	
	Escolha múltipla
	
	II
1. a 7.
(7 itens x 5 pontos)
	
	35
	Resposta curta
	
	II
8., 9. e 10.
(15 pontos)
	
	15
	Resposta restrita
	I – A
1. a 3.
(3 itens x 20 pontos)
I – B
4. e 5.
(2 itens x 20 pontos)
	
	
	60
40
	Resposta extensa
	
	
	(30 + 20)
	50
	COTAÇÃO
	100
	50
	50
	200
	TESTE DE AVALIAÇÃO N.OS 13 e 14 (p. 63 e 68), Saramago, Memorial do convento
	Domínios e
Conteúdos
Tipologia
de itens
	GRUPOS
	Cotação /
pontos
	
	I
	II
	III
	
	
	EDUCAÇÃO
LITERÁRIA
Teste nº 13
Item A
José Saramago,
Memorial do convento
Item B
Padre António Vieira
Teste nº 14
Item A
José Saramago,
Memorial do convento
Item B
Fernão Lopes,
Crónica de D. João I
	LEITURA
E GRAMÁTICA
Teste nº 13
Processos fonológicos
Orações subordinadas
Valor aspetual
Modos de relato do
	discurso
Mecanismos de coesão
Funções sintáticas
Etimologia
Teste nº 14
Dêixis
Orações subordinadas
Intertextualidade
Sequências textuais
Etimologia
Valor temporal
	ESCRITA
Teste nº 14
Síntese
Teste nº 14
Apreciação crítica
	
	Escolha múltipla
	
	II
1. a 7.
(7 itens x 5 pontos)
	
	35
	Resposta curta
	
	II
8., 9. e 10.
(15 pontos)
	
	15
	Resposta restrita
	I – A
1. a 3.
(3 itens x 20 pontos)
I – B
4. e 5.
(2 itens x 20 pontos)
	
	
	60
40
	Resposta extensa
	
	
	(30 + 20)
	50
	COTAÇÃO
	100
	50
	50
	200
2. TESTES DE AVALIAÇÃOGRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o texto.
	
5
10
	Um piano na minha rua...
	Crianças a brincar...
O sol de domingo e a sua
	Alegria a doirar...
A mágoa que me convida
	A amar todo o indefinido...
Eu tive pouco na vida
	Mas dói-me tê-lo perdido.
Mas já a vida vai alta
	Em muitas mudanças!
Um piano que me falta
	E eu não ser as crianças!
	25-2-1917
Fernando Pessoa, Poesia do Eu (edição de Richard Zenith),
Porto, Assírio & Alvim, 2014, pp. 102-103.
1. Indique o local, o tempo e a situação registados pelo sujeito poético na primeira estrofe.
2. Descreva o estado de espírito do sujeito poético, confrontando-o com o experienciado no passado.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
3. Refira, justificando à luz das aprendizagens realizadas, o tema predominante no poema.
B
Leia o soneto.
	
5
10
		Ditoso seja aquele que somente
se queixa de amoras esquivanças;
pois por elas não perde as esperanças
de poder n’algum tempo ser contente.
	Ditoso seja quem, estando ausente,
não sente mais que a pena das lembranças;
porqu’, inda que se tema de mudanças,
menos se teme a dor quando se sente.
	Ditoso seja, enfim, qualquer estado
onde enganos, desprezos e isenção
trazem o coração atormentado.
	Mas triste quem se sente magoado
d’ erros em que não pode haver perdão,
sem ficar n’alma a mágoa de secado.
Luís de Camões, Rimas (texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão),
Coimbra, Almedina, 2005, p. 138.
4. Divida o soneto em duas partes lógicas, justificando essa segmentação.
5. Explore o valor expressivo da anáfora presente nos versos 1, 5 e 9.
GRUPO II
Responda às questões. Na resposta aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Leia o texto.
A quarta revolução
	
5
10
15
20
25
30
	A quarta revolução industrial está aqui, mesmo quando não percebida porque encoberta no velho lodo de um Mundo desigual, onde a pobreza extrema se agrava e as alterações climatéricas bradam a desordem de um modelo de desenvolvimento insustentável, do qual as migrações massivas e desesperadas são um sinal, entre outros. Mas a “revolução” está aqui e agora, na sua mutabilidade permanente, na vertiginosa capacidade de adaptação e integração, unindo polos longínquos do Planeta, comunicando na mesma língua, à velocidade da Internet, uma fabriqueta do Burundi com um escritório de Manhattan.
Na base da quarta revolução industrial está a transação acelerada e cada vez mais direta do conhecimento e da inovação tecnológica para a economia, serviços, administração e governo das sociedades (países, instituições, aldeias,..) inserindo alterações radicais no modo de organização dos mercados e do trabalho, a uma escala mundial, sistémica e total.
O Fórum Económico Mundial, reunido este ano em Davos, prevê que sejam extintos cinco milhões de postos de trabalho nos próximos anos. Há funções e trabalhos que rapidamente se tornarão irrelevantes e obsoletos face a novos processos mais avançados de produção, novas necessidades e estilos de vida. Mas, de igual modo, há novas profissões a nascer de forma surpreendentemente rápida.
Como nos situamos neste processo? De que modo podem um país, uma instituição, uma pessoa, serem nele atores reivindicando para si o estatuto de sujeito − que interfere na decisão, no seu sentido e rumo − e não mero elo anónimo da cadeia produtiva? Ou seja, que tipo de revolução desejamos, nos seus fins e meios?
O conhecimento e a inovação, em si, não conhecem cores políticas ou preconceitos ideológicos. Pelo contrário: são filhos do pensamento criativo, da liberdade. Mas o mesmo poderemos dizer da sua aplicação? Da forma fluída e irresponsável como fluem, transformados em mercadorias sem barreiras éticas ou compromissos contratualizados?
A verdade é que precisamos de pensar no futuro que queremos, para fazermos no presente as ações que o constroem.
Uma das ideias utópicas mais recorrentes na filosofia política ou na literatura é o sonho de um futuro, onde liberto pelo saber das tarefas mais duras, o homem poderia gozar o lazer, usufruindo num Éden feliz uma relação de paz com a Natureza.
Não há Éden no Mundo dos homens. Temos de nos governar e a crítica é a arma indispensável de toda a construção.
Rosário Gambôa, in JN, edição online de 07 de outubro de 2016 (consultado em novembro de 2016).
1. A quarta revolução industrial relaciona-se com
(A) a transação rápida e direta do conhecimento e da inovação tecnológica.
(B) a capacidade imutável e vertiginosa de adaptação e de integração.
(C) a transformação social e a desordem ao nível do desenvolvimento.
(D) o aumento da riqueza e a diminuição da pobreza num mundo global.
2. Na atualidade, assiste-se a profundas transformações ao nível
(A) da estratificação das sociedades.
(B) dos mercados e do trabalho.
(C) das transações à escala mundial.
(D) da visão economicista dos governos.
3. A simbiose homem-natureza é
(A) uma ideia concretizável no futuro.
(B) possível no jardim do Éden.
(C) uma utopia veiculada pela literatura e pela filosofia.
(D) uma tarefa dura, mas concretizável pelo saber.
4. A forma verbal presente em “onde a pobreza extrema se agrava” (l. 2) tem um valor aspetual
(A) perfeito.
(B) iterativo.
(C) habitual.
(D) genérico.
5. O segmento “Na base da quarta revolução industrial” (l. 8) desempenha a função sintática de
(A) sujeito.
(B) predicativo do sujeito.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) modificador apositivo do nome.
6. A forma verbal “se tornarão” (ll. 13-14) pertence à subclasse dos verbos
(A) copulativos.
(B) transitivos predicativos.
(C) transitivos indiretos.
(D) intransitivos.
7. A conjunção “Mas” (l. 15) assegura a coesão
(A) lexical.
(B) referencial.
(C) interfrásica.
(D) frásica.
8. Classifique a oração “que sejam extintos cinco milhões de postos de trabalho nos próximo anos”
(ll. 12-13).
9. Indique o referente do pronome “que” (l. 26).
10. Identifique o processo de formação da palavra “saber” (l. 28).
GRUPO III
O desenvolvimento do conhecimento e das tecnologias, responsável por aquilo que se designa por “quarta revolução industrial”, parece não estar a ser canalizado para o bem da Humanidade.
Escreva um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, no qual defenda um ponto de vista sobre o modo
como o ser humano usa os conhecimentos e os avanços tecnológicos na sociedade.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o texto.
	
5
10
	Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo.
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trémulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
4-8-1930
Fernando Pessoa, Poesia do Eu (edição de Richard Zenith),
Porto, Assírio & Alvim, 2014, pp. 204-205
1. Comprove que o “lago” é o ponto de partida para uma análise introspetiva, levada a cabo pelo sujeito poético.
2. Explicite de que modo se podem articular as temáticas “sonho e realidade” e “a dor de pensar”.
3. Evidencie o recurso à personificação e explique a sua expressividade.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
B
Leia o excerto.
	
5
10
15
	Carlos pensara em arranjar um vasto laboratório ali perto no bairro, com fornos para trabalhos químicos, uma sala disposta para estudos anatómicos e fisiológicos, a sua biblioteca, os seus aparelhos, uma concentração metódica de todos os instrumentos de estudo...
Os olhos do avô iluminavam-se ouvindo este plano grandioso.
– E que não te prendam questões de dinheiro, Carlos! Nós fizemos nestes últimos anos de Santa Olávia algumas economias...
– Boas e grandes palavras, avô! Repita-as ao Vilaça.
As semanas foram passando nestes planos de instalação. Carlos trazia realmente resoluções sinceras de trabalho: a ciência como mera ornamentaçãointerior do espírito, mais inútil para os outros que as próprias tapeçarias do seu quarto, parecia-lhe apenas um luxo de solitário: desejava ser útil. Mas as suas ambições flutuavam, intensas e vagas; ora pensava numa larga clínica; ora na composição maciça de um livro iniciador; algumas vezes em experiências fisiológicas, pacientes e reveladoras... Sentia em si, ou supunha sentir, o tumulto de uma força, sem lhe discernir a linha de aplicação. “Alguma coisa de brilhante”, como ele dizia: e isto para ele, homem de luxo e homem de estudo, significava um conjunto de representação social e de atividade científica; o remexer profundo de ideias entre as influências delicadas da riqueza; os elevados vagares da filosofia entremeados com requintes de sport e de gosto; um Claude Bernard que fosse também um Morny... No fundo era um diletante.
Eça de Queirós, Os Maias: episódios da vida romântica (fixação de texto Helena Cidade Moura) Lisboa,
Livros do Brasil, 28.a ed., capítulo IV.
4. Mostre que, tal como Fernando Pessoa, Carlos também sonhou e os seus sonhos não se concreti-zaram.
5. Justifique a afirmação “Os olhos do avô iluminavam-se ouvindo este plano grandioso.” (l. 4).
GRUPO II
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
Leia o texto.
Ainda o apanhamos!
	
5
10
	O suplemento Atual do último Expresso traz um artigo extremamente interessante de Carlos Reis, intitulado “Os Maias depois de Eça”. Carlos Reis é, sem dúvida, um dos maiores especialistas contemporâneos da obra de Eça de Queirós e coordena a edição crítica das suas obras, em curso na Imprensa Nacional – Casa da Moeda, sendo autor de vários textos definitivos sobre o romancista. 
O propósito evidente do artigo é o de “legitimar” (o que talvez não fosse tão necessário quanto isso...) a iniciativa que o Expresso tomou ao convidar seis notáveis autores a escreverem uma “continuação” do romance queirosiano até 1973, ano da fundação do semanário.
A questão fulcral parece ser a de saber se Os Maias são um romance “definitivamente ‘fechado’” e o que é que explica a sua fulgurante permanência no cânone, para além de leituras mais ou menos superficiais a que a obra foi dando lugar durante mais de cem anos. E Carlos Reis afirma que “Os Maias parecem ter sido escritos para serem continuados”, apontando passagens que poderiam indiciá-lo e vendo em Carlos Fradique Mendes, na esteira de António José Saraiva, a consubstanciação de um prolongamento de Carlos da Maia. 
	
15
20
25
30
	Sem estar inteiramente de acordo com Carlos Reis, acho que a ideia de propor a continuação da obra de Eça constitui um desafio interessantíssimo quer para os autores quer para os leitores. Não estou inteiramente de acordo com o professor de Coimbra porque, na última página do romance, a célebre exclamação de Carlos da Maia e de João da Ega, “– Ainda o apanhamos!”, enquanto se esfalfam a correr para o americano, de modo a não faltarem ao jantar combinado no Bragança, não envolve apenas o desmentido da conversa que eles acabam de ter sobre a falta de sentido de qualquer esforço: reduz também a tragédia amorosa e familiar por que Carlos passou a uma mera trivialidade e está nisso uma poderosa manifestação, tanto da ironia de Eça, como do cinismo comportamental que ele confere a essas duas personagens.
Ora, partindo desta leitura, parece-me que seria difícil conceber uma continuação, não obstante a obra parecer suficientemente “aberta”... Todavia, nada há que a impeça: a ideia em si é aliciante e há precedentes ficcionais com Os Maias e outras obras de Eça, sem falar em adaptações ao teatro e ao cinema: por exemplo, em Madame, Maria Velho da Costa põe em cena Maria Eduarda, personagem de Eça, e Capitu, personagem de Machado de Assis, ocorrendo-me também, embora neste caso sem relação direta com Os Maias, o romance Nação Crioula, de José Eduardo Agualusa, que em 1997 “prolonga” a correspondência de Fradique Mendes, fazendo-o reviver e escrever em exóticas paragens.
Vasco Graça Moura, in DN, edição online de 31 de julho de 2013
(consultado em janeiro de 2017, com supressões).
1. O texto tem marcas de
(A) exposição sobre um tema.
(B) discurso político.
(C) memórias.
(D) artigo de opinião.
2. A ideia de dar continuação a Os Maias
(A) merece algumas reservas a Vasco Graça Moura.
(B) foi do professor Carlos Reis e de mais seis autores.
(C) entusiasmou o autor do texto e os envolvidos na iniciativa.
(D) nasceu da natureza do romance, já que a obra é aberta.
3. Para o autor do texto parece difícil dar continuidade a Os Maias
(A) recordando adaptações falhadas do romance.
(B) embora acabe por aceitar essa possibilidade.
(C) porque a forma como termina é conclusiva.
(D) dada a inexistência de outros finais ficcionais.
4. Os processos fonológicos que se verificam na evolução de opera para “obra” (l. 3) são
(A) prótese e epêntese.
(B) síncope e sonorização.
(C) crase e apócope.
(D) dissimilação e sinérese.
5. O termo sublinhado em “saber se os Maias” classifica-se como
(A) conjunção subordinativa condicional.
(B) conjunção subordinativa completiva.
(C) pronome possessivo.
(D) pronome pessoal.
6. Ao utilizar o nome “Carlos Reis” (l. 14) e “o professor de Coimbra” (l. 16), o autor assegura a coesão
(A) interfrásica.
(B) temporal.
(C) lexical.
(D) frásica.
7. A utilização das aspas em “Ainda o apanhamos” (l. 17), justifica-se por se tratar de uma
(A) citação.
(B) opinião de uma autor do texto.
(C) frase em discurso indireto livre.
(D) frase em discurso direto.
8. Classifique, delimitando, as orações presentes em “que a ideia de propor a continuação da obra de Eça constitui um desafio interessantíssimo” (ll. 14-15).
9. Indique o referente do pronome pessoal presente em “Todavia, nada há que a impeça” (l. 24).
10. Identifique a função sintática do constituinte sublinhado em “põe em cena Maria Eduarda” (l. 26).
GRUPO III
Tal como Vasco Graça Moura reconhece, são muitas as adaptações cinematográficas ou teatrais de obras literárias.
Num texto de opinião, de 170 a 250 palavras, refira-se à importância ou à transgressão decorrentes dessas adaptações, utilizando, no mínimo, dois argumentos e, pelo menos, um exemplo significativo, para cada um deles, de modo a defender convenientemente o seu ponto de vista.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o texto.
	
5
10
15
	Não estou pensando em nada
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o verão quente do dia.
Não estou pensando em nada, e que bom!
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida...
Não estou pensando em nada.
Só, como se me tivesse encostado mal
Uma dor nas costas, ou num lado das costas,
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada.
6-7-1935
Álvaro de Campos, in Fernando Pessoa, Poesia dos Outros Eus,
(edição de Richard Zenith), Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, p. 425.
1. Caracterize o sujeito poético, considerando o estado emocional em que se encontra.
2. Explique o sentido dos versos 6 e 7.
3. Refira a expressividade decorrente do emprego da anáfora presente em “Não estou pensando em nada” (v. 5).
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
B
Leia o excerto. Se necessário, consulte a nota.
	
5
10
	Ah Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade! Quanto melhor me fora não tomar a Deus nas mãos, que tomá-Lo tão indignamente! Em tudo o que vos excedo, peixes, vos reconheço muitas vantagens. A vossa bruteza é melhor que a minha razão, e o vosso instinto melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com as palavras; eu lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória; eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento; eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com a vontade. Vós fostes criados por Deus, para servir ao homem, e conseguis o fimpara que fostes criados: a mim criou-me para O servir a Ele, e eu não consigo o fim para que me criou. Vós não haveis de ver a Deus, e podereis aparecer diante Dele muito confiadamente, porque O não ofendestes; eu espero que O hei de ver; mas com que rosto hei de aparecer diante do Seu divino acatamento, se não cesso de O ofender? Ah quase que estou por dizer que me fora melhor ser como vós, pois de um homem que tinha as mesmas obrigações, disse a Suma Verdade1 que melhor lhe fora não nascer homem: Si natus non fuisset homo ille. E pois os que nascemos homens, respondemos tão mal às obrigações de nosso nascimento, contentai-vos, Peixes, e dai muitas graças a Deus pelo vosso.
Padre António Vieira, Obra completa (dir. José Eduardo Franco e Pedro Calafate), 
tomo II, vol. X, Lisboa, Círculo de Leitores, 2014, pp. 164-165.
_____________
1 Deus.
4. Indique duas razões justificativas da inveja que o orador diz ter dos peixes.
5. Apresente duas estratégias argumentativas utilizadas neste momento textual.
GRUPO II
Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Leia o texto.
Ser mais com menos
Se aquilo que possui traz danos à sua vida, a solução é simplificar e adotar princípios minimalistas.
	
5
10
15
	Por trás de cada grande decisão há sempre uma história. Imagine alguém que, aos 28 anos, atinge o topo do sucesso no mundo empresarial e, nessa mesma altura, fica sem o casamento e perde a mãe, questionando-se então acerca do que realmente conta na sua vida. Ou coloque-se na pele de um jovem executivo exemplar, confrontado com o seu despedimento.
Dois cenários que podiam fazer parte da sinopse de um filme. Mas não são. Aconteceram mesmo a dois amigos de infância. Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus tinham a mesma idade quando passaram pelo avesso do sonho americano. Foi então que decidiram simplificar: reduziram ao mínimo os hábitos de consumo, venderam ou doaram tudo o que não acrescentasse valor ao seu quotidiano e as vidas deles mudaram. Tornaram-se mais ricas. O lema de Os Minimalistas, que vivem em Missoula, no Estado de Montana, pode resumir-se a três ideias-chave:
− “Viver com menos é mais”
− “Desapegue-se e siga em frente”
− “Ame as pessoas e use as coisas porque o contrário não funciona”.
	
15
20
	Parece fácil mas não é. Eles explicam tudo numa conferência TED e no documentário lançado este ano e intitulado Minimalism: A Documentary About the Important Things. Porque é que não é fácil? Por ser preciso passar à prática e confiar que vai valer a pena. Por ser preciso reprogramar a ideia que se tem de abundância.
O emprego milionário, a casa à altura com carro a condizer e outros sinais exteriores de riqueza podem parecer uma meta cativante que todos querem alcançar (e que eles alcançaram). Só que, pouco tempo antes de a vida ter surpreendido Joshua e Ryan, já eles tinham percebido que manter esse estilo de vida não lhes dava a satisfação sonhada. E, para infelicidade de ambos, o consumo compulsivo só ampliava a sensação de vazio e os níveis de stresse, medo, desgaste e depressão. Em síntese, não era Vida. Não os tornava mais livres nem lhes fazia sentido. Seis anos passados, a dupla tem um site, um blog, um podcast, alguns livros e mais de quatro milhões de seguidores.
Clara Soares, in Visão, edição online de 23 de novembro de 2016 (consultado em dezembro de 2016).
1. Nos dois parágrafos iniciais, referem-se
(A) duas situações hipotéticas.
(B) dois casos verídicos.
(C) hipóteses de vida distintas.
(D) soluções para minimizar danos.
2. Com a expressão “avesso do sonho americano” (l. 9), pretende-se salientar
(A) as dificuldades surgidas na vida dos dois amigos.
(B) a nacionalidade dos dois amigos de infância.
(C) a pobreza que se abateu sobre os americanos.
(D) a realidade de muitos jovens americanos.
3. De acordo com o sentido do texto, ser “minimalista” é
(A) mais fácil do que parece.
(B) a filosofia de vida dos pobres.
(C) mais complicado do que parece.
(D) alhear-se de tudo e de todos.
4. O termo “Se” que inicia o texto tem valor
(A) reflexo.
(B) recíproco.
(C) apassivante.
(D) condicional.
5. A oração subordinada presente na frase “Imagine alguém que, aos 28 anos, atinge o topo do sucesso no mundo empresarial” (ll. 3-4) é
(A) adverbial consecutiva.
(B) adjetiva relativa restritiva.
(C) adjetiva relativa explicativa.
(D) substantiva completiva.
6. O segmento frásico sublinhado “coloque-se na pele de um jovem executivo exemplar, confrontado com o seu despedimento” (ll. 5-6) desempenha a função sintática de
(A) complemento oblíquo.
(B) complemento direto.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) modificador restritivo do nome.
7. A afirmação “Dois cenários que podiam fazer parte da sinopse de um filme” (l. 7) exemplifica a modalidade
(A) epistémica com valor de certeza.
(B) epistémica com valor de probabilidade.
(C) deôntica com valor de obrigação.
(D) deôntica com valor de permissão.
8. Indique o valor lógico do articulador que introduz o último período do primeiro parágrafo.
9. Classifique a oração “que vivem em Missoula” (ll. 11-12).
10. Identifique o processo de formação da palavra “ideias-chave” (l. 12).
GRUPO III
Viver a vida de forma minimalista foi a opção dos dois jovens cuja desgraça os fez apreciar a vida de forma diferente.
Num texto de 170 a 200 palavras, produza um texto expositivo sobre o modo como podemos ou devemos viver, considerando as consequências decorrentes da nossa opção de vida.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o texto. Se necessário, consulte a nota.
	
5
10
15
	Paira-me à superfície do cansaço qualquer coisa de áureo que há sobre as águas quando o sol findo as abandona. Vejo-me como ao lago que imaginei, e o que vejo nesse lago sou eu. Não sei como explique esta imagem, ou este símbolo, ou este eu em que me figuro. Mas o que tenho por certo é que vejo, como se de facto visse, um sol por trás de montes, dando raios perdidos sobre o lago que os recebe a ouro escuro.
Um dos malefícios de pensar é ver quando se está pensando. Os que pensam com o raciocínio estão distraídos. Os que pensam com a emoção estão dormindo. Os que pensam com a vontade estão mortos. Eu, porém, penso com imaginação, e tudo quanto deveria ser em mim ou razão, ou mágoa, ou impulso, se me reduz a qualquer coisa indiferente e distante, como este lago morto entre rochedos onde o último do sol paira desalongadamente.
Porque parei, estremecem as águas. Porque refleti, o sol recolheu-se. Cerro os olhos lentos e cheios de sono, e não há dentro de mim senão uma região lacustre1 onde a noite começa a deixar de ser dia num reflexo castanho escuro de águas de onde as algas surgem.
Porque escrevi, nada disse. Minha impressão é que o que existe é sempre em outra região, além de montes, e que há grandes viagens por fazer se tivermos alma com que ter passos.
Cessei, como o sol na minha paisagem. Não fica, do que foi dito ou visto, senão uma noite já fechada, cheia de brilho morto de lagos, numa planície sem patos bravos, morta, fluida, húmida e sinistra.
Bernardo Soares, Livro do desassossego, Edição de Jerónimo Pizarro, Lisboa, Tinta da China, 2014, pp. 461-462.
_______________
1 relativo a “lago”.
1. Comprove a presença de um registo descritivo e reflexivo como uma das marcas deste texto.
2. Interprete a metáfora do lago, tendo em conta a referência aos raios de sol.
3. Identifique um recurso expressivo presente no segmento “Os que pensam com o raciocínio estão distraídos. Os que pensam com a emoção estão dormindo. Os que pensam com a vontade estão mortos.” (ll. 6-8), explicitando o seu valor.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
B
Leia o poema.
	
 5
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15
20
25
	II
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinhavisto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que teria uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a grande novidade do mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E toda a inocência é não pensar...
Alberto Caeiro, “O guardador de rebanhos”, Fernando Pessoa,
Poesia dos Outros Eus (ed. de Richard Zenith), Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, pp. 35-36.
4. Explicite a importância do olhar, relacionando-o com o modo como Caeiro encara a Natureza.
5. Comprove a defesa da filosofia do “não pensar”, característica deste heterónimo.
GRUPO II
Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Leia o texto.
Ver o filme? Já li o livro…
A ligação entre cinema e literatura é bem antiga, e nem sempre corre bem. Na próxima semana, estreia em Portugal o filme Uma história americana, de Ewan McGregor, realizado a partir do romance Pastoral americana, de Philip Roth. O que se perde pelo caminho?
	
5
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	No prefácio do seu romance O negro do narciso, publicado em 1897, Joseph Conrad escrevia algo como isto: “o objetivo que eu tento atingir é, pelo poder da palavra escrita, fazer o leitor ouvir, sentir e, acima de tudo, ver”. É uma frase que não só sublinha o poder da literatura como tem inspirado um batalhão de realizadores, ao longo da história do cinema, a transformar grandes romances em filmes. Fazendo, literalmente, ver e ouvir o que outros, antes deles, escreveram. É, muitas vezes, um trabalho armadilhado… E ao longo do tempo foi nascendo a convicção de que a grande literatura resulta, demasiadas vezes, em filmes falhados. A frase “Ah, mas o livro é muito melhor…” tornou-se um lugar-comum.
A discussão, muito prática e académica, é velha, e não faltam exemplos para sustentar diversas teorias. O tema vem agora a propósito da adaptação para cinema de um dos mais celebrados romances do escritor norte-americano Philip Roth, Pastoral americana.
McGregor guiou-se por várias regras clássicas, by the book, da adaptação de um romance ao cinema. No seu site, o guionista português João Nunes explicita algumas, a partir da sua experiência pessoal, começando por uma constatação mais ou menos óbvia: “é preciso cortar, eliminar muita coisa, porque afinal a literatura é uma forma muito mais ‘livre’ do que o cinema”. McGregor passou no teste da “dissecação e simplificação”, mas falhou ao manter o espírito das páginas assinadas por Philip Roth.
Muitos dos mais celebrados filmes de Alfred Hitchcock baseiam-se em romances, quase sempre livros menos conhecidos e celebrados do que os filmes a que deram origem. Na longa entrevista 
que o cineasta britânico deu ao realizador francês François Truffaut, aproveitou para explicar um pouco do seu método: “O que eu faço é ler a história só uma vez e se gostar da ideia básica esqueço tudo sobre o livro e começo a criar cinema. Hoje, seria incapaz de contar a história que Daphne du Maurier escreveu no seu conto Os pássaros. Só o li uma vez, e muito rapidamente.”
Talvez esta fleuma britânica, de mestre, seja o segredo certo para manter o “espírito” das obras, fazendo cinema sem tentar filmar literatura.
Pedro Dias de Almeida, in Visão, nº 1236, de 10 a 16 de outubro de 2016 (com supressões).
1. Com a afirmação “É, muitas vezes, um trabalho armadilhado…” (ll. 9-10), o autor deixa claro que fazer a adaptação de obras literárias ao cinema é
(A) uma tarefa inglória para o realizador.
(B) uma tarefa por vezes votada ao fracasso.
(C) um trabalho fascinante, mas desgastante.
(D) uma forma de afirmar o poder da literatura.
2. A afirmação “a literatura é uma forma muito mais ‘livre’ do que o cinema” (l. 19) demonstra que a literatura
(A) confere ao leitor uma maior liberdade na medida em que a leitura não implica o confinamento a um determinado lugar.
(B) é uma forma de expressão mais acessível do que o cinema.
(C) permite ao leitor maior criatividade, tendo por base a leitura que realiza.
(D) possibilita o tratamento de temas mais variados do que o cinema.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
3. A frase “McGregor passou no teste da ‘dissecação e simplificação’, mas falhou ao manter o espírito das páginas assinadas por Philip Roth.” (ll. 19-21)
(A) significa que McGregor sintetizou o conteúdo da obra de Philip Roth, mas realizou um bom filme.
(B) destaca a qualidade cinematográfica e literária de ambas as obras.
(C) comprova a importância da ligação da literatura e do cinema.
(D) produz um juízo de valor negativo relativamente à obra cinematográfica em causa.
4. O método usado por Alfred Hitchcock, que garantiu o êxito de tantos dos seus filmes
(A) consistia em adaptar fielmente a obra literária que lhe servia de base.
(B) constava da leitura rápida da obra literária, que esquecia logo, assim que concebia o filme.
(C) baseava-se na filmagem de cenas que retirava de obras literárias.
(D) era partilhado pelo realizador francês François Truffaut.
5. O processo de formação da palavra “site” (l. 17) é
	(A) empréstimo. 	(C) amálgama.
	(B) truncação 	(D) acrónimo.
6. O sujeito da forma verbal “baseiam-se” (l. 22) é
	(A) “filmes de Alfred Hitchcock”
	(B) “Muitos dos mais celebrados filmes de Alfred Hitchcock”
	(C) “Muitos filmes”.
	(D) sujeito subentendido.
7. O termo sublinhado em “para explicar um pouco o seu método” (ll. 24-25) classifica-se como
	(A) conjunção subordinativa completiva. 	(C) conjunção subordinativa final.
	(B) preposição. 	(D) locução prepositiva.
8. Classifique a oração “que o cineasta britânico deu ao realizador francês François Truffaut”. (l. 24)
9. Identifique a função sintática desempenhada pelo constituinte sublinhado em “O que eu faço é ler a história só uma vez”. (l. 25)
10. Indique o antecedente do pronome pessoal presente em “Só o li uma vez”. (l. 27)
GRUPO III
Redija uma apreciação crítica de uma obra literária que tenha lido e da sua adaptação para o cinema. Como sugestão, poderá apresentar o seu ponto de vista relativamente ao excerto do Filme do desassossego proposto na página 103 do manual, adaptação da obra de Bernardo Soares, cujos fragmentos conhece.
O seu texto deverá conter entre 130 a 170 palavras.
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o texto.
	
5
10
	Ocidente
Com duas mãos – o Ato e o Destino –
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o facho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.
Fosse a hora que haver ou a que havia
A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi a alma a Ciência e corpo a ousadia
Da mão que desvendou.
Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal
A mão que ergueu o facho que luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu.
Fernando Pessoa, Mensagem
(ed. Fernando Cabral Martins),
Porto, Assírio & Alvim, 2012, p. 56.
1. Demonstre a interdependência e a importância do Ato e do destino na realização das descobertas.
2. Interprete o simbolismo das mãos na consecução do objetivo de afastar o véu.
3. Integre, justificadamente, o poema na estrutura da obra a que pertence.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
B
Leia as estâncias 99 e 100 do canto V de Os Lusíadas.
	
	[99] Às Musas agardeça o nosso Gama
	O muito amor da pátria, que as obriga
	A dar aos seus1, na lira, nome e fama
	De toda a ilustre e bélica fadiga;
	Que ele, nem quem na estirpe seu se chama,
	Calíope não tem por tão amiga
	Nem as filhas do Tejo2, que deixassem
	As telas d’ ouro fino e que o cantassem.
[100] Porque o amor fraterno3 e puro gosto
	De dar a todo o Lusitano feito
	Seu4 louvor, é somente o pros[s]uposto
	Das Tágides gentis, e seu respeito.Porém não deixe, enfim, de ter disposto
	Ninguém a grandes obras sempre o peito5:
	Que, por esta ou por outra qualquer via,
	Não perderá seu preço e sua valia.
Luís de Camões, Os Lusíadas
(leitura, prefácio e notas de A. Costa Pinhão),
Lisboa, Instituto de Camões, MNE, 2000, pp. 237-238.
_____________
1 À família de Vasco da Gama ou aos portugueses, consoante as interpretações.
2 Tágides.
3 De irmão (as Tágides são aqui consideradas irmãs dos Portugueses).
4 Devido.
5 Vontade.
4. Confirme que os portugueses são o povo eleito e protegido.
5. Explicite o apelo expresso pelo poeta nos últimos quatro versos da estância 100.
GRUPO II
Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Leia o texto.
	
5
10
15
20
25
30
	“O que em mim sente está pensando” é uma afirmação de Fernando Pessoa que implica uma complementaridade ou acordo entre o pensamento e a emoção. Ela exprime, dentro do contexto do nosso Modernismo, uma reação ao subjetivismo não raro levado ao extremo quando, nas primeiras décadas do século passado, muitos poetas não se furtavam a um derramamento emocional que se diria vindo do Ultrarromantismo. Sem dúvida que, conforme nos aproximamos dos nossos dias, a situação vai-se tornando diferente. Mas a “intelectualização das emoções” e a “emocionalização das ideias”, a que Pessoa também se referia, não deixa de estar presente quando é sobre a poesia que se reflete.
Jorge de Sena esteve sempre atento a esta questão. Ele pertence a uma geração, geração essa onde sobressaem Ruy Cinatti, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade ou Carlos de Oliveira, cuja obra começa a ser publicada nos anos 40, mas que ganha toda a sua força nas décadas seguintes. Depois de Poesia 1, que inclui todos livros de Sena publicados em vida do autor, sai agora Poesia 2 que colige a sua obra poética póstuma. Ficam, assim, recolhidos finalmente todos os poemas de Jorge de Sena, numa edição preparada por Jorge Fazenda Lourenço.
Considerada na sua totalidade, a poesia de Sena manifesta uma força expressiva que vai ao encontro de um lirismo especulativo onde logo vêm à superfície tensões dramáticas muito marcadas, como ele disse, por “um comprometimento humano da poesia pura”. Há na sua escrita um sentido extremamente lúcido – porque a poesia de Sena é também pensada – que se torna vigilante, muitas vezes voltada para uma realidade angustiante e adversa.
Talvez seja a partir deste tónus que se terá desenvolvido uma certa direção que ganha corpo neste segundo volume agora publicado. Poesia 2 estende-se por 900 páginas e obedece a uma ordenação cronológica que principia numa juvenília, seguida de um alargado conjunto de outros poemas cuja escrita corresponde ao tempo de publicação dos seus livros, desde Peregrinação até Exorcismos e Conheço o Sal, mas que não foram incluídos neles. Há ainda outros conjuntos de poesias, nomeadamente as que correspondem ao livro póstumo Dedicácias e vários novos inéditos.
Diga-se desde já que esta Poesia 2 assume um caráter que se diria mais documental, por vezes quase memorialístico, na medida em que muitos dos poemas são uma direta ou espontânea reação a momentos de natureza circunstancial ou uma transposição desabusadamente temperamental que se tornam extremamente cortantes, cruzando-se com um confessionalismo por vezes amargo e desencantado.
Fernando Guimarães, in Visão, edição online de 17 de setembro de 2015
(consultado em outubro de 2016).
1. O verso pessoano citado, no contexto modernista, pode ser interpretado como
(A) expressão da complementaridade entre razão e emoção.
(B) reação ao subjetivismo romântico que urgia extinguir.
(C) uma crítica aos poetas ultrarromânticos do século XIX.
(D) subjacente à produção poética de Jorge de Sena.
2. No texto dá-se especial ênfase
(A) à poesia modernista, e em particular à de Fernando Pessoa.
(B) ao retrocesso percecionado na nova publicação de Jorge de Sena.
(C) ao livro que colige a poesia póstuma de Jorge de Sena, Poesia 2.
(D) à obra da geração a que pertenceram Jorge de Sena e Ruy Cinatti.
3. De acordo com o que se afirma nas linhas 15 a 17, a poesia de Jorge de Sena mantém
(A) alguma proximidade com a de Fernando Pessoa.
(B) um caráter totalmente inovador em relação à da sua geração.
(C) uma grande proximidade com a lírica romântica, de caráter subjetivo.
(D) muitos pontos de contacto com a produção lírica dos românticos.
4. O recurso ao travessão duplo (l. 18) justifica-se dado que aí se introduz
(A) um facto distinto do que é dito anteriormente.
(B) um comentário de Jorge de Sena.
(C) uma ideia contrária à expressa antes.
(D) uma justificação para a expressão anterior.
5. O constituinte “tensões dramáticas muito marcadas” (ll. 16-17) desempenha a função sintática de
(A) complemento direto.
(B) sujeito.
(C) predicativo do sujeito.
(D) complemento oblíquo.
6. A oração “que ganha corpo neste segundo volume agora publicado” (ll. 20-21) é subordinada
(A) substantiva relativa.
(B) adverbial consecutiva.
(C) adjetiva relativa restritiva.
(D) substantiva completiva.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
7. O nome “livros” (l. 23), relativamente aos títulos enumerados, é um elemento que garante a coesão
(A) lexical.
(B) interfrásica.
(C) referencial.
(D) temporal.
8. Indique o valor aspetual configurado no segmento “Ficam, assim, recolhidos […] Jorge Fazenda Lourenço” (ll. 13-14).
9. Identifique a modalidade expressa na afirmação “Talvez seja a partir deste tónus que se terá desenvolvido uma certa direção” (l. 20).
10. Indique o referente do elemento sublinhado em “nomeadamente as que correspondem ao livro póstumo” (l. 25).
GRUPO III
O uso do pensamento ou da razão é uma faculdade inerente ao ser humano que o pode impedir de viver
a vida ou, pelo menos, de não saber passar por ela sem pensar. Essa atitude pode trazer-lhe benefícios mas também prejuízos.
Escreva um texto de opinião, de 200 a 300 palavras, no qual apresente o seu ponto de vista sobre os comportamentos humanos resultantes do uso excessivo da razão ou da emoção, referindo os aspetos positivos e/ou negativos daí decorrentes.
Fundamente a sua opinião recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
2. Testes de Avaliação
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o texto.
	
5
10
	Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer −
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Valete, Fratres.
Fernando Pessoa, Mensagem (ed. Fernando Cabral Martins),
Porto, Assírio & Alvim, 2012, p. 91.
1. Caracterize Portugal de acordo com o conteúdo do poema, fundamentando com citações textuais pertinentes.
2. Descodifique a simbologia do título, relacionando-o com o conteúdo do poema.
3. Explicite a funcionalidade do último verso.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
B
Leia as estâncias 145 e 146 do canto X de Os Lusíadas.
	
	[145] Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho
	Destemperada e a voz enrouquecida,
	E não do canto, mas de ver que venho
	Cantar a gente surda e endurecida.
	O favor com que mais se acende o engenho
	Não no dá a pátria, não, que está metida
	No gosto da cobiça e na rudeza
	Dũa austera, apagada e vil tristeza.
[146] E não sei por que influxo de Destino
	Não tem um ledo orgulho e geral gosto,
	Que os ânimos levanta de contino
	A ter pera trabalhos ledo o rosto.
	Por isso vós, ó Rei, que por divino
	Conselho estais no régio sólio posto,
	Olhai que sois (e vede as outras gentes)
	Senhor só de vassalos excelentes.
Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas de A. Costa Pimpão)
Lisboa, Instituto Camõe , MNE, 2000, p. 476.
4. Identifique,justificadamente, um eixo temático comum aos dois textos (grupo I A e B).
5. Sintetize o lamento do sujeito poético.
GRUPO I
Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Leia o texto.
A importância estratégica do mar para Portugal
	
5
10
15
	Portugal confronta-se hoje com uma conjuntura internacional marcada por dois fatores principais: a globalização e o aprofundamento da integração europeia, inevitável com o alargamento da União aos países do Leste da Europa.
A globalização, um fenómeno evolutivo, vem exigindo uma abertura cada vez maior da nossa economia, e significa mais concorrência externa e mais homogeneidade cultural dos países e regiões do mundo. O aprofundamento da União Europeia e o seu crescimento para as áreas interiores do continente europeu acaba por traduzir-se numa versão à escala regional (europeia) e muito mais acelerada da globalização, pelo menos, na medida em que também significa mais concorrência externa e que, até certo ponto, implicará maior uniformidade cultural na Europa.
Geograficamente o nosso país torna-se ainda mais periférico face a um epicentro europeu mais longínquo e desviado para Leste.
Esta posição periférica, física mas também psicológica, é incontornável e acarreta custos políticos e económicos. Por isso, o presente acentuar do “síndroma” deveria despertar-nos e levar-
-nos a repensar o posicionamento de Portugal no sentido, não de perspetivarmos uma via de sentido único que desagua sempre no centro do continente europeu, muitas montanhas e rios depois, mas no sentido de analisar o posicionamento geoestratégico nacional no seu todo – e logo incluindo o oceano que nos rodeia – para dele procurar beneficiar. 
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
	
20
25
	Na lógica de procurarmos beneficiar da localização geográfica nacional, torna-se necessário redescobrir um país que é uma parcela da costa ocidental atlântica da Europa, que é um país quase arquipelágico, projetado sobre o oceano, e que é um país de fronteira entre três continentes: Europa, África e América.
Para além desse “reposicionamento”, é também expectável que o desenvolvimento do país passe por investir em áreas de especialização que deem resposta à competitividade acrescida no quadro global em geral e no quadro europeu em particular.
Finalmente, face à referida envolvente internacional atual, é ainda apropriado encontrar mecanismos de reforço de uma imagem nacional, aqui entendida simultaneamente como “marca” distintiva do país no exterior, mas também como perceção que os portugueses têm de si próprios enquanto país e nação. Se o país não interiorizar e não conseguir projetar uma marca distintiva, tornar-se-á inevitavelmente cada vez menos relevante no panorama internacional.
Tiago de Pitta e Cunha, A importância estratégica do mar para Portugal, in Nação e Devesa – Portugal e o Mar,
revista do Instituto Nacional de Defesa, nº 108, verão de 2004, p. 43 (com supressões). 
1. Atualmente colocam-se ao nosso país desafios que implicam
(A) a consciência da necessidade de interagir quer a nível mundial quer a nível europeu.
(B) o reconhecimento das vias marítimas como elo entre a Europa e o resto do mundo.
(C) o desenvolvimento da sua intervenção junto dos países de Leste.
(D) a promoção da autossuficiência em termos económicos.
2. O autor do texto aponta como caminho possível
(A) a seleção da Europa como único parceiro de desenvolvimento.
(B) a redescoberta do mar como ligação ao velho continente.
(C) a consciência da localização geográfica do país como fronteira com três continentes.
(D) os contactos urgentes com os países de Leste.
3. O desenvolvimento do país pode ainda centrar-se
(A) na construção de uma imagem de marca.
(B) na redefinição da nossa situação na Europa.
(C) na comercialização de produtos genuinamente portugueses.
(D) na consolidação de meios que promovam a competitividade e a imagem nacional.
4. A forma verbal “torna-se” (l. 10) pertence a um verbo
(A) copulativo.
(B) transitivo indireto.
(C) transitivo predicativo.
(D) intransitivo.
5. A função sintática do pronome em “despertar-nos” (l. 13) é
(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) complemento indireto.
(D) complemento oblíquo.
6. O processo de formação do termo “geoestratégico” (l. 16) decorre da
(A) derivação não afixal.
(B) conversão.
(C) composição morfológica.
(D) composição morfossintática.
7. O segmento “que nos rodeia” (l. 17) integra uma oração subordinada
(A) adverbial concessiva.
(B) adjetiva relativa restritiva.
(C) adjetiva relativa explicativa.
(D) adverbial consecutiva.
8. Justifique o emprego dos dois pontos na linha 2.
9. Indique o valor modal expresso na frase “o presente acentuar do ‘síndroma’ deveria despertar-nos e levar-nos a repensar o posicionamento de Portugal” (ll. 13-14).
10. Indique a classe/subclasse do constituinte sublinhado em “é também expectável que o desenvolvi-mento do país passe por investir em áreas de especialização” (ll. 22-23).
GRUPO III
Os três textos lidos apresentam diversas perspetivas sobre Portugal.
Escreva um texto expositivo, entre 170 e 200 palavras, no qual apresente as características geográficas,
culturais e turísticas da nação portuguesa.
Planifique previamente o seu texto, considerando as seguintes orientações:
– estrutura tripartida (introdução, desenvolvimento e conclusão);
– discurso objetivo e elucidativo;
– uso da 3ª pessoa;
– seleção vocabular criteriosa, articulação coerente, correção linguística, sintática e ortográfica.
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o texto.
	
5
10
15
20
25
	Depois, o sol desanda para trás da casa. Começa a acercar-se a tardinha. Batola, que acaba de dormir a sesta, já pode vir sentar-se, cá fora, no banco que corre ao longo da parede. A seus pés, passa o velho caminho que vem de Ourique e continua para o sul. Por cima, cruzam os fios da eletricidade que vão para Valmurado, uma tomada de corrente cai dos fios e entra, junto das telhas, para dentro da venda.
E o Batola por mais que não queira, tem de olhar todos os dias o mesmo: aí umas quinze casinhas desgarradas e nuas; algumas só mostram o telhado escuro, de sumidas que estão no fundo dos córregos. Depois disso, para qualquer parte que volte os olhos, estende-se a solidão dos campos. E o silêncio. Um silêncio que caiu, estiraçado por vales e cabeços, e que dorme profundamente. Oh, que despropósito de plainos sem fim, todos de roda da aldeia, e desertos!
Carregado de tristeza, o entardecer demora anos. A noite vem de longe, cansada, tomba tão vagarosamente que o mundo parece que vai ficar para sempre naquela magoada penumbra. Lá vêm figurinhas dobradas pelos atalhos, direito às casas tresmalhadas da aldeia. Nenhuma virá até à venda falar um bocado, desviar a atenção daquele poente dolorido. São ceifeiros, exaustos da faina, que recolhem. Breve, a aldeia ficará adormecida, afundada nas trevas. E António Barrasquinho, o Batola, não tem ninguém para conversar, não tem nada que fazer. Está preso e apagado no silêncio que o cerca.
Ergue-se pesadamente do banco. Olha uma última vez para a noite derramada. Leva as mãos à cara, esfrega-a, amachucando o nariz, os olhos. Fecha os punhos, começa a esticar os braços. E abre a boca num bocejo tão fundo, o corpo torcido numa tal ansiedade, que parece que todo ele se vai despegar aos bocados. Um suspiro estrangulado sai-lhe das entranhas e engrossa até se alongar, como um uivo de animal solitário.
Quando consegue dominar-se, entra na venda, arrastando os pés. E, sem pressentir que aquela noite é a véspera de um extraordinário acontecimento, lá se vai deitar o Batola, derrotado por mais um dia.
“Sempre é uma companhia”, in Manuel da Fonseca, O fogo e as cinzas, Lisboa, Editorial Caminho, 2011, pp. 150-151.
1. Descreva o espaço físico e social em que se desenrola a ação, tal como é perspetivado por Batola.
2. Enuncie três traços caracterizadores dos habitantes de Alcaria, fundamentandoa resposta com citações textuais pertinentes.
3. Identifique o recurso expressivo presente na expressão “Carregado de tristeza, o entardecer demora anos” ”(l. 11), comentando o seu valor simbólico.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
B
Leia as seguintes estrofes de um poema de Cesário Verde
	
5
10
10
10
	Homens de carga! Assim as bestas vão curvadas!
Que vida tão custosa! Que diabo!
E os cavadores descansam as enxadas,
E cospem nas calosas mãos gretadas,
Para que não lhes escorregue o cabo.
Povo! No pano cru rasgado das camisas
Uma bandeira penso que transluz!
Com ela sofres, bebes, agonizas:
Listrões de vinho lançam-lhe divisas,
E os suspensórios traçam-lhe uma cruz!
D’escuro, bruscamente, ao cimo da barroca,
Surge um perfil direito que se aguça;
E ar matinal de quem saiu da toca,
Uma figura fina, desemboca,
Toda abafada num casaco à russa.
D’onde ela vem! A atriz que eu tanto cumprimento;
E a quem, à noite, na plateia, atraio
Os olhos lisos como polimento!
Com seu rostinho estreito, friorento,
Caminha agora para o seu ensaio.
“Cristalizações”, in Cesário Verde, Cânticos do Realismo. O livro de Cesário Verde
(coord. Carlos Reis, introdução e nota biobibliográfica de Helena Carvalhão Buescu),
Lisboa, INCM, 2015.
4. Identifique e caracterize os tipos sociais referenciados.
5. Explicite os sentimentos do sujeito poético expressos nas frases exclamativas dos versos 1 e 2.
GRUPO II
Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Leia o texto.
O lápis já não é o que era
	
5
	Volto ao excelente filme Eu, Daniel Blake. A propósito de um pormenor (será?) na cena final da despedida do carpinteiro. Lá estavam os fiéis amigos, os jovens vizinhos que representavam a nova geração com novos sonhos e novos pesadelos, a funcionária da Segurança Social que, ali, simbolizava a coragem e o afeto de ter coração e de se ser solidário, desafiando as normas e os regulamentos (e, por isso, é repreendida pela chefe). E a mãe solteira que acompanhara Daniel na sua última tentativa para ver o seu processo de invalidez deferido. É ela que abre um papel amarrotado escrito por Blake e no qual exprimiu a sua paradoxalmente serena e inconformada revolta diante do júri de reavaliação. O essencial está no que lá escreveu, o pormenor no modo como o manuscreveu. Com um singelo lápis. 
	
10
15
20
25
	O lápis, o velho companheiro de vida de tantas pessoas, é o lado antigo e oposto da face superlativamente nova de vidas subordinadas à miríade de instrumentos tecnológicos. Não se trata aqui de uma visão reacionária ou conservadora face ao progresso material e comunicacional. Haverá, por certo, alguma nostalgia no detalhe do lápis. Mas o que representa, essencialmente, é um dualismo funcional e geracional que pode conduzir a uma insuportável exclusão de uns e a uma pretensa superioridade de outros, que, não raro, não sabem o que é um lápis ou essa “união de facto” do lápis encimado por uma borracha, nunca escreveram com uma caneta de tinta permanente, ignoram o que seja um compasso e quase erradicaram a prática (física e intelectual) de manuscrever.
Evidentemente que o progresso técnico é uma importante condição necessária para o desenvolvimento, mas nunca será, só por si, uma condição suficiente se às tecnologias não estiverem associados o bem comum, a justiça social e geracional, o respeito pelo outro.
Na era da “cidadania eletrónica”, os “netizens” são, hoje, uma expressão eloquente do saber mais democratizado (embora, neste contexto, sempre me lembre do que escreveu Jean Guitton: “se o livro tivesse sido inventado depois do computador teria sido uma grande invenção”). Mas quantas vezes, 
ao lado desse progresso, vamos deparando com uma acrescida aridez relacional, em alguns casos mesmo com uma diferente expressão da solidão, senão mesmo de isolamento e abandono. Nas situações mais extremadas, de um lado um novo cárcere, do outro uma velha exclusão.
António Bagão Félix, in público, edição online de 13 de dezembro de 2016
(consultado em novembro de 2016, com supressões).
1. A referência ao filme Eu, Daniel Blake justifica-se
(A) por ser um filme sobre as novas tecnologias.
(B) já que se trata de um filme sobre a solidariedade.
(C) uma vez que o texto é uma reflexão sobre a importância da evolução tecnológica.
(D) porque um pormenor de uma cena é o mote para o desenvolvimento do texto.
2. No texto apresenta-se uma perspetiva pessoal de discordância relativamente à
(A) multiplicidade de instrumentos tecnológicos à disposição das novas gerações.
(B) inutilidade de antigos objetos de escrita nos tempos modernos.
(C) discrepância de saberes entre as gerações mais novas e as mais antigas, o que pode criar falsos juízos sobre competências.
(D) atitude dos mais novos face aos saberes rudimentares dos mais antigos.
3. O autor é da opinião que
(A) paralelamente ao desenvolvimento tecnológico, definham as relações interpessoais.
(B) as novas tecnologias funcionam como uma prisão para os mais velhos.
(C) a maior aptidão tecnológica das novas gerações é proporcional ao incremento nas relações pessoais.
(D) a utilização crescente do computador leva os mais jovens a abandonar os mais idosos.
4. No contexto em que surge, o termo “miríade” (l. 10) pode ser substituído por
(A) idealização.
(B) virtualidade.
(C) imensidade.
(D) centena.
5. A oração subordinada presente no segmento “que representavam a nova geração com novos sonhos e novos pesadelos” (ll. 2-3) designa-se subordinada
(A) adjetiva relativa restritiva.
(B) adjetiva relativa explicativa.
(C) substantiva relativa.
(D) adverbial consecutiva.
6. O segmento “por Blake” (l. 6) desempenha a função sintática de
(A) predicativo do sujeito.
(B) complemento agente da passiva.
(C) modificador da frase.
(D) modificador do grupo verbal.
7. O último parágrafo do texto constitui uma sequência dominantemente
(A) descritiva.
(B) dialogal.
(C) explicativa.
(D) argumentativa.
8. Refira o valor aspetual configurado no complexo verbal do segmento “ao lado desse progresso, vamos deparando com uma acrescida aridez relacional” (l. 23).
9. Indique o valor lógico do articulador “se” (l. 18)
10. Indique o processo de formação do termo “netizens” (l. 20)
GRUPO III
Ao contrário do que seria de supor, por se tratar de redes sociais, a utilização deste meio de comunicação e interação tem vindo a acentuar a timidez, o isolamento e a solidão entre as pessoas, sobretudo as mais jovens.
Num texto de opinião, bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras, apresente o seu ponto de vista sobre o tema atrás enunciado.
Fundamente a sua opinião recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o texto.
	
5
10
15
20
25
30
35
	Queria estar sempre pronta para partir sem que os objetos a envolvessem, a segurassem, a obrigassem a demorar-se mais um dia que fosse. Disponível, pensava. Senhora de si. Para partir, para chegar. Mesmo para estar onde estava.
Os pais não sabiam compreender esse desejo de liberdade, por isso se foi um dia com uma velha mala de cabedal riscado, não havia outra lá em casa. Mas prefere não pensar nos primeiros tempos. E as suas malas agora são caras, leves, malas de voar, e com rodinhas.
A outra está perto. Se houve um momento de nitidez no seu rosto, ele já passou, George não deu por isso. Está novamente esfumado. A proximidade destrói ultimamente as imagens de George, por isso a vai vendo pior à medida que ela se aproxima. É certo que podia pôr os óculos, mas sabe que não vale a pena tal trabalho. Param ao mesmo tempo, espantam-se em uníssono, embora o espanto seja relativo, um pequeno espanto inverdadeiro, preparado com tempo.
− Tu?
− Tu, Gi?
Tão jovem, Gi. A rapariguinha frágil, um vime, que ela tem levado a vida inteira a pintar, primeiroà maneira de Modigliani, depois à sua própria maneira, à de George, pintora já com nome nos marchands das grandes cidades da Europa. Gi com um pregador de oiro que um dia ficou, por tuta e meia, num penhorista qualquer de Lisboa. Em tempos tão difíceis.
− Vim vender a casa.
− Ah, a casa.
É esquisito não lhe causar estranheza que Gi continue tão jovem que podia ser sua filha. Quieta, de olhar esquecido, vazio, e que não se espante com a venda assim anunciada, tão subitamente, sem preparação, da casa onde talvez ainda more.
− Que pensas fazer, Gi?
− Partir, não é? Em que se pode pensar aqui, neste cu de Judas, senão em partir? Ainda não me fui em-bora por causa do Carlos, mas... O Carlos pertence a isto, nunca se irá embora. Só a ideia o apavora, não é?
− Sim. Só a ideia.
− Ri-se de partir, como nós nos rimos de uma coisa impossível, de uma ideia louca. Quer comprar uma terra, construir uma casa a seu modo. Recebeu uma herança e só sonha com isso. Creio que é a altura de eu...
− Creio que sim.
− Pois não é verdade?
− Ainda desenhas?
− Se não desenhasse dava em maluca. E eles acham que eu tenho muito jeitinho, que hei de um dia ser uma boa senhora da vila, uma esposa exemplar, uma mãe perfeita, tudo isso com muito jeito para o desenho. Até posso fazer retratos das crianças quando tiver tempo, não é verdade?
− É o que eles acham, não é?
− A mãe está a acabar o meu enxoval.
− Eu sei.
Maria Judite de Carvalho, “George” in Conto português. Séculos XIX-XXI – Antologia crítica, vol. 3
(coord. Maria Isabel Rocheta, Serafina Martins), Porto, Edições Caixotim, 2011, pp. 115-120.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
1. Explicite duas perspetivas de vida presentes no texto.
2. Demonstre que Gi é uma recordação de George e não uma figura fisicamente real.
3. Aponte as razões que levaram Gi a terminar o relacionamento com o namorado, fundamentando a resposta com citações textuais pertinentes.
B
Leia o seguinte poema.
	
5
10
	O palácio da ventura
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura…
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado
Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d’ouro, com fragor…
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão – e nada mais!
Antero de Quental, Poesia completa (org. e pref. de Fernando Pinto do Amaral),
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2001, p. 248.
4. Demonstre que o tom eufórico da composição alterna com o tom disfórico.
5. Identifique o recurso expressivo do verso 2 da primeira estrofe, explicitando o seu valor simbólico.
GRUPO II
Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Leia o texto.
A solidão é o que resta da impossibilidade da partida
	
5
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20
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30
	O islandês Jón Kalman Stefánsson (n. 1963) escreveu uma trilogia – Paraíso e Inferno (2013), 
A Tristeza dos Anjos (2014), e agora O Coração do Homem, todos publicados pela Cavalo de Ferro – e cuja ação decorre em vários lugares da costa islandesa, em finais do século XIX, em pequenas comunidades piscatórias na orla de uma baía que, dizem, é “tão larga que a vida não a consegue atravessar”. O frio, o gelo, a escuridão, as tempestades sombrias, o vento e o mar ártico, parecem acompanhar todos os pensamentos das personagens. Como se ao lado dos peixes e dos companheiros afogados que lhes habitam os sonhos, e lhes acenam na madrugada com barbatanas em vez de mãos, houvesse sempre lugar para um contrapeso que os prendesse à cruel realidade.
Vivem em aldeias submersas na miséria, na fome, nas doenças, nas duríssimas condições climáticas – lugares onde tudo parece ter sido negado aos habitantes, menos o amargo sofrimento. Como se Stefánsson quisesse aventurar-se em descobrir quanto sofrimento é que afinal o coração humano consegue suportar, e fá-lo amparado pelas vozes fantasmagóricas dos mortos. Escrever sobre quão difícil é estar vivo.
Mais do que histórias em que os gritos dos mortos se misturam com os dos vivos, compondo um coro trágico que não cessa de evocar a inevitável desolação da existência, a irremediável solidão dos homens, esta trilogia é sobretudo um hino ao poder redentor das palavras e também da amizade. Toda a trilogia parece querer sublinhar esse poder salvífico da palavra.
Os romances da trilogia ambientam-se naquela singular atmosfera de elementos naturais ferozes e opressivos, de uma Natureza não subjugada pelo Homem (de fogo e de vento, de gelo e de rios indomáveis), tão característica da Islândia, e que ao mesmo tempo nos remete sempre para a memória lírica do mito, para um tempo dominado por uma sombria e avassaladora solidão onde ecoam as sagas e os seus heróis trágicos. Essa solidão é um elemento essencial em O Coração do Homem (bem como nos outros dois volumes da trilogia).
O volume agora publicado, O Coração do Homem, poderia ser lido como uma espécie de manifesto (em forma de romance) sobre a fragilidade da vida, e também sobre como por vezes permitimos que a vida estagne, que se torne mais difícil.
O leitor segue a tristeza e privação, a vida e a morte, acompanhando as descobertas do rapaz, e os três livros podem ser entendidos como uma espécie de trilogia de “romances de formação”, mas que ao mesmo tempo se misturam com “livros de viagem” através de uma natureza hostil, de enormes paisagens desoladas, austeras e terrivelmente frias, que os homens enfrentam rudemente de maneira quase obstinada até à exaustão.
Com o autor islandês atravessamos o desespero silencioso da condição humana, numa despu-dorada cartografia afetiva das nossas angústias. E também de muitos dos nossos demónios.
José Rico Direitinho, in Público, edição online de 07 de outubro de 2016
(consultado em novembro de 2016, com supressões).
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
1. O texto lido pertence ao género “apreciação crítica” porque
(A) se expõe, argumentando, características da obra de um escritor.
(B) se trata de um texto narrativo sobre um tema, escrito em linguagem objetiva e na terceira pessoa do singular.
(C) se faz um comentário crítico sobre um escritor e a sua obra, o seu interesse e a sua consistência, usando uma linguagem valorativa.
(D) se argumenta em favor da obra de um autor islandês.
2. A obra em apreço
(A) versa diversos temas dos aldeãos islandeses do século XIX.
(B) tem como cenário as costas islandesas e as suas inóspitas características geográficas.
(C) elogia os homens atormentados por seres ferozes e opressivos.
(D) conta uma história de pescadores islandeses atormentados por fantasmas de mortos.
3. O Coração do homem é o terceiro livro de uma trilogia
(A) sobre a desesperança e a fragilidade da condição humana.
(B) que conta a vida miserável de um rapaz pescador.
(C) de obras sobre relatos de viagens na Islândia.
(D) sobre o modo como devemos lidar com os demónios.
4. O segmento sublinhado em “tão larga que a vida não a consegue atravessar (ll. 4-5) integra uma oração subordinada
(A) substantiva relativa.
(B) adverbial concessiva.
(C) adjetiva relativa restritiva.
(D) adverbial consecutiva.
5. O segmento “que lhes habitam os sonhos” (l. 7) desempenha a função sintática de
(A) sujeito.
(B) modificador do nome restritivo.
(C) vocativo.
(D) modificador do nome apositivo.
6. A frase “Toda a trilogia parece querer sublinhar esse poder salvífico da palavra.” (l. 17) configura a modalidade
(A) epistémica com valor de probabilidade.
(B) deôntica com valor de obrigação.
(C) apreciativa.
(D) deôntica com valor de permissão.
7. O processo de formação de palavras do termo “cartografia” (l. 33) é
(A) parassíntese.
(B) derivação por sufixação.
(C) composição morfológica.
(D) composição morfossintática.
	
8. Transcreva o referente do pronome presente no segmento “que a vida não a consegue atravessar” (ll. 4-5).9. Indique o tipo de sequência dominante nas linhas 9-10.
10. Refira a classe de palavras a que pertence o termo “que” (l. 30).
GRUPO III
A busca da felicidade e a necessidade de realização pessoal têm sido, desde sempre, dois dos projetos nos quais o ser humano coloca mais premência.
Num texto de opinião, bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras, apresente o seu ponto de vista sobre esta temática.
Fundamente a sua opinião recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o poema.
	
5
10
15
20
	Apenas um corpo
Respira. Um corpo horizontal,
tangível, respira.
Um corpo nu, divino,
respira, ondula, infatigável.
Amorosamente toco o que resta dos deuses.
As mãos seguem a inclinação
do peito e tremem,
pesadas de desejo.
Um rio interior aguarda.
Aguarda um relâmpago,
um raio de sol,
outro corpo.
Se encosto o ouvido à sua nudez,
uma música sobe,
ergue-se do sangue,
prolonga outra música.
Um novo corpo nasce,
nasce dessa música que não cessa,
desse bosque rumoroso de luz,
debaixo do meu corpo desvelado.
Eugénio de Andrade, in Poesia de Eugénio de Andrade,
s/l, Fundação Eugénio de Andrade, 2000, p. 75.
1. Esclareça o significado das mãos referidas na segunda estrofe.
2. Explique o valor simbólico dos termos “rio” e “sol”, relacionando-o com o conteúdo da estrofe.
3. Interprete a referência à música nas últimas estrofes do poema.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
B
Leia o poema. Se necessário, consulte a nota.
	
5
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	Poema VII
Oh! o noivado bárbaro! o noivado
Sublime! aonde os céus, os céus ingentes1,
Serão leito de amor, tendo pendentes
Os astros por dossel e cortinado!
As bodas do Desejo, embriagado
De ventura, afinal! Visões ferventes
De quem nos braços vai de ideias ardentes
Por espaços sem termo arrebatado!
Lá, por onde se perde a fantasia
No sonho da beleza; lá, aonde
A noite tem mais luz que o nosso dia;
Lá, no seio da eterna claridade,
Aonde Deus à humana voz responde,
É que te havemos de abraçar, Verdade!
Antero de Quental, Poesia completa
(org. e pref. de Fernando Pinto do Amaral),
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2001, p. 263.
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1 Enormes; desmedidos.
4. Esclareça o sentido da forma deítica “Lá” (v. 9), em paralelismo anafórico nos tercetos, caracteri-zando o espaço que poderá retratar.
5. Identifique o recurso expressivo que inicia e finaliza o soneto, explicitando o seu valor semântico.
GRUPO II
Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Leia o texto de Manuel S. Fonseca, editor da obra de Jorge de Sena.
Amor pela literatura
	
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	Este livro, reunindo o carteio de Jorge de Sena e Eugénio de Andrade, publicado embora pela Guerra e Paz Editores, não é da Guerra e Paz por ser inteiramente de um grande editor, José da Cruz Santos, figura maior do meio editorial português há mais de meio século. Foi ele quem dinamizou a organização deste livro, trabalhando sucessivamente com Jorge Fazenda Lourenço, que anotou todas as cartas, e com Isabel de Sena, que agora passou a ser responsável pela conservação, divulgação e publicação de Jorge de Sena.
Mas José da Cruz Santos não é apenas um editor externo desta obra. Nas cartas de Eugénio e de Sena multiplicam-se as referências – tão elogiosas – à sua ação de editor e à sua sensibilidade poética. Dele diz Sena, numa carta a Eugénio, enviando-lhe um volume de traduções: “Passá-lo-ás depois ao Cruz Santos, a quem Deus e Mercúrio deem vida, saúde e dinheiro.”
	
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	Foi Cruz Santos, num gesto de confiança que muito me toca, que decidiu entregar-me, e à Guerra e Paz, a missão desta publicação, que agora chega às livrarias. Reúne uma correspondência de cerca de trinta anos, de 1949 a 1978. Por estas cartas e postais passa Portugal. As grandes batalhas literárias, os conflitos estéticos, o rumor pesado da Academia contra o qual Eugénio e Sena se batem, mas também a vida política, a falta de liberdade, a explosão dela no 25 de abril, as esperanças e as frustrações que se lhe seguiram, que Eugénio, primeiro denuncia: “… a esquerda revolucionária já está a ser aproximada pelos bem pensantes do país, incluindo os comunistas, da mais sinistra reação” e a que logo Sena responde “… revolução, que cada vez me parece mais um conluio de continuistas e de arranjistas, com alguns revolucionários parvos pelo meio, e muitos demagogos a agarrar os tachos com muita pressa…” de tudo isto há testemunho, vibrante, nestas cartas.
Esta é também, e sobretudo, a Correspondência de uma profunda e íntima amizade. São cartas de amor pelo tão emocionado amor que Sena e Eugénio têm pela literatura, pelo labor poético, pela forma como cantam e procuram a luz que cega da Beleza que pode haver num verso.
Manuel S. Santos, Jornal de letras, artes e ideias, Ano XXXVI, nº 1203, de 9 a 22 de novembro de 2016.
1. A frase “Mas José da Cruz Santos não é apenas um editor externo desta obra.” (l. 7) significa que
(A) Cruz Santos ajudou a Guerra e Paz na presente publicação.
(B) foi ele o impulsionador desta publicação, organizando-a.
(C) Cruz Santos foi incumbido de o fazer por Jorge de Sena.
(D) parte da correspondência lhe é dirigida.
2. Com a expressão “Por estas cartas e postais passa Portugal”(l. 13), o autor pretende destacar
(A) a importância da obra como documento literário e sociopolítico da época.
(B) a relevância desta obra para a compreensão dos movimentos estéticos portugueses.
(C) os géneros textuais que a obra abarca.
(D) a importância de que, na época, se revestia a correspondência escrita.
3. O título do texto justifica-se pelo facto de se tratar de uma obra que
(A) revela o amor dos dois escritores pela literatura em geral.
(B) revela o amor dos dois escritores pela literatura em geral e pela poesia em particular.
(C) demonstra a amizade que uniu estas duas figuras, fruto do amor que ambos tinham pela poesia.
(D) demonstra o amor de Jorge de Sena e do editor Cruz Santos pela literatura.
4. A expressão “agarrar os tachos” (l. 19) é sinónima de
(A) poupar dinheiro para fazer frente às adversidades.
(B) tentar cativar alguém para a causa revolucionária.
(C) defender a igualdade de oportunidades para todos.
(D) procurar cargos bem pagos e atrativos.
5. O constituinte “José da Cruz Santos” (ll. 2-3) desempenha a função sintática de
(A) sujeito.
(B) predicativo do sujeito.
(C) modificador apositivo do nome.
(D) vocativo.
6. A oração “que anotou todas as cartas” (ll. 4-5) é subordinada
(A) adjetiva relativa explicativa.
(B) adjetiva relativa restritiva.
(C) substantiva completiva.
(D) subordinada adverbial causal.
7. O referente do pronome pessoal integrado na forma verbal “Passá-lo-ás” (l. 9) é
(A) “um editor externo”.
(B) “um volume de traduções”.
(C) “editor”.
(D) “um editor externo desta obra”.
2. TESTES DE AVALIAÇÃO
8. Indique a modalidade expressa na afirmação “Foi Cruz Santos, num gesto de confiança, que muito me toca […] que agora chega às livrarias.” (ll. 11-12)
9. Refira o processo de coesão assegurado pelo pronome pessoal “lhe”, em “enviando-lhe” (l. 9).
10. Identifique a relação temporal que se estabelece entre as ações referidas no segmento frásico pre-sente na questão anterior.
GRUPO III
Redija um texto de opinião, de 200 a 300 palavras, sobre a importância da amizade e do amor enquanto sentimentos estruturantes da felicidade individual.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
A
Leia o poema.
	
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	S. Leonardo da Galafura
À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado

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