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RESUMO ERA DOS EXTREMOS CAP GUERRA FRIA No capítulo, o autor explicita causas da guerra fria, além da conjuntura global da época. Ele divide o período de 1946 a 1991 em duas fases e coloca a década de 70 como o limite entre esses dois momentos. De acordo com o texto, a Guerra Fria foi um conflito bélico, ideológico, político e tecnológico que permeou pela época já citada e dividiu o mundo em 2 lados: a União Soviética e os apoiadores do comunismo, cujo território se estendia basicamente às zonas de domínio do Exército Vermelho e os Estados Unidos juntamente do resto do mundo, que se posicionaram contra a ideologia soviética. Foi nesse momento também que ocorreu a divisão da Alemanha em Ocidental e Oriental com o Muro de Berlim. Com relação a Guerra Fria, em primeiro lugar, é salientado o que deixava cada lado inseguro acerca da política internacional: a URSS era, por mais que não transparecesse, uma potência enfraquecida depois da Segunda Guerra e se via em oposição a um poder global (EUA). Por outro lado, Washington não tinha nenhuma suspeita do que viria a acontecer em várias regiões do mundo visto que na Ásia tinham controle do Japão porém, o resto dos países haviam acabado de sair da era imperial e não se sabia qual posicionamento seria tomado por eles. Além disso, temiam que qualquer mudança drástica os afetassem diretamente além de balançar o sistema capitalista e por conta da situação econômica julgavam ser possível que políticos moderados pendessem para o lado sovietico se fosse necessário. Por conta do alto poderio nuclear de ambas as potências, nesse período de conflitos é afirmado que houve uma relação de equilíbrio de poder e uma política de defesa, não de expansão por ambos os lados. Apesar do desespero global para com uma nova ameaça de guerra, os dois polos resolveram as divergências sem iminência de conflito direto até a década de 70 e confiavam na moderação mútua. Em vista dessa política de não conflito por ambas as partes, o autor explicita de onde surgiu a concepção de uma ameaça de guerra que assolaria o planeta. Hobsbawm esclarece que a ideia de Guerra Fria é ocidentalizada e surgiu principalmente por conta do contexto histórico: período pós Segunda Guerra onde todos os países acreditavam que a época de conflitos diretos ainda não havia terminado. Ademais, a principal potência capitalista analisou o cenário que sucedeu a Segunda Grande Guerra diante de uma conjuntura que enxergava todos os demais países como fragilizados e propensos a aceitar discursos revolucionários e de cunho social (que era o caso da retórica socialista) além de visualizar uma URSS fortalecida mesmo fora de seu território. Também de acordo com o autor, esse panorama explica porque as alianças entre Moscou e países capitalistas se romperam após 1945 mas não torna compreensível a alegoria do socialismo monstruoso que começou a se formar durante a polarização do globo. O primeiro fator utilizado para explicar esse fenômeno é o sistema político americano: uma democracia que além de analisar e lidar com as situações globais tinha que realizar campanhas políticas dentro de seu próprio país e viu no anticomunismo uma oportunidade de propaganda ideológica e até mesmo de arrecadação de impostos dos ricos mais amedrontados para sustentar sua administração. O comunismo como vilão foi facilmente aceito dentro da potência capitalista já que o país possuía uma ideologia própria americanista e era sustentado por grandes conglomerados empresariais. Apesar de parecerem receosos e ameaçados, o medo de que o comunismo dominaria o mundo não era grandioso nas políticas internas dos países, mesmo dentro dos EUA o principal objetivo não era esse e sim a manutenção da nação como potência global, isso fica claro com a Doutrina Truman criada dentro do país após a dominação da China pelo comunismo, que deixou os EUA ainda mais ameaçados de serem desbancados pelos soviéticos. Tal doutrina recebeu o nome de política de contenção, confirmando as intenções da nação de conter o avanço de Moscou e do Exército Vermelho. Apesar dessas medidas, já na época da publicação de "Era dos Extremos” era evidente que a União Soviética não tinha intenções de expandir seu território e inclusive não visava a montagem de estados com regimes gêmeos ao seu próprio, ou seja, ditatoriais, com o próprio autor explicita. Stalin possuía uma postura totalmente defensiva chegando até mesmo a enfraquecer consideravelmente as tropas do Exército Vermelho e não representava ameaça fora de suas próprias zonas pois o país se encontrava instável em várias áreas e com problemas econômicos o suficiente para fazer com que o ditador não considerasse se indispor com a única potência que poderia vir a prestar o auxílio necessário (EUA). Sendo assim, é dito por Eric que a URSS assumiu uma postura de intransigência total já que não haviam recursos para realizar negociações. Ademais, era constante a sinalização de dominância pelo outro lado considerando que os EUA encabeçavam uma ideologia que vigorava ao redor de todo o globo. Com as posições tomadas, ambos os lados se encontravam dentro de um conflito armamentista e eram constantemente lembrados por seus dependentes financeiros da necessidade de recursos para se recuperarem do pós Segunda Guerra. Desse modo, as indústrias das potências eram obrigadas a produzir para atrair clientes e ao mesmo tempo tinham de manter os armamentos mais inovadores dentro do território nacional. Diversos foram os impactos políticos desse conflito: no Ocidente comunistas eram marginalizados do exercício político e o mesmo ocorria com não comunistas na Europa Ocidental. Da união da URSS com os países da Europa Oriental o saldo foi de políticas indissociáveis e frágeis. Já do outro lado, como a diversidade de governos era grande na politica externa nao fazia diferença quem estava no poder porém, no texto é mostrado que os Estados Unidos fizeram questão de garantir a frente e fomentaram a criação de partidos favoráveis aos seus ideais na Itália e no Japão resultando na transformação dos comunistas na maior oposição dentro dessas nações. Na Europa como um geral os impactos da Guerra Fria mostrados pelo historiador foram maiores do que dentro de cada nação. O argumento para provar essa premissa é que foi criada a comunidade europeia (que mais tarde viria a se tornar a união europeia) como um arranjo para integrar economias ademais, para os EUA, o fortalecimento do continente e do Japão eram prioridade, por isso foi desenvolvido, dentro da Doutrina Truman, o chamado Plano Marshall para auxiliar economicamente a reestruturação dos países. Apesar de os Estados Unidos não terem conseguido impor seus interesses nos territórios europeus capitalistas, foi um sucesso o plano de acabar com a neutralidade dos mesmos. Devido ao plano americano em vigor nas economias europeias, o poder módico global passou da nação credora para a Europa e Japão desse modo, a estabilidade do dólar passou a se basear na boa vontade dos europeus de não realizar cambios extravagantes com a moeda e essas consequências refletiram concretamente após o fim da Guerra Fria de acordo com o autor, quando, na guerra do Golfo, os gastos militares americanos precisaram ser custeados por aliados. No livro é contado que, após a morte de Stalin ocorreram tensões entre os governos das potências, além do avanço tecnológico da URSS e o triunfo do comunismo em Cuba. Os últimos eram motivos de preocupação para os americanos e do lado soviético, as atenções se voltavam para o rompimento da China com a potência. Eses impasses levaram a um sistema internacional desestabilizado e, após o assassinato de Kennedy e a destituição de Kruschev, medidas para reduzir o armento nuclear foram criadas. A partir daí, surgiu a sensação de um possível período de relaxamento que durou pouco de acordo com Eric H. visto que, na década de 70 iniciou-se o que foi chamado de Segunda Guerra Fria e o primeiro sinal da crise da década de 80 surgiu: o aumento nos preços da energia por conta da OPEP. Essa nova fase foimarcada por revoluções que tendiam para o lado soviético no chamado Terceiro Mundo, pelo descrédito dos EUA diante da comunidade internacional por participar da Guerra do Vietnã e Yom Kippur sem apoio de nenhum aliado, além do otimismo da URSS e da aceleração da corrida armamentista. As revoluções nos países de terceiro mundo devolveram à URSS a iniciativa e isso levou ao desenvolvimento da marinha e ao desespero americano, parafraseando Hobsbawm: “A injustificada auto-satisfação dos soviéticos estimulou esse clima sombrio”. Porém, a desenfreada exploração dos recursos do mercado pelos soviéticos e o esquecimento de seus próprios problemas econômicos os levou à falência e, consequentemente, ao colapso da União alguns anos à frente. Nesse momento, o medo americano permeado pela desordem na política interna e pelas revoluções comunistas em seus territórios além da segunda crise do petróleo fez necessária uma representação de força e a solução foi invadir algumas pequenas ilhas durante o governo de Ronald Reagan. É explicado no fim do capítulo que a Guerra Fria como um todo só chegou ao fim quando as potências acreditaram no desejo e na chance de acabar com a ameaça nuclear. “Para fins práticos, a Guerra Fria terminou nas duas conferências de cúpula de Reykjavik (1986) e Washington (1987)” de acordo com o autor. Apesar disso, o fim do sistema soviético não foi tido junto desse conflito e o socialismo ficou para trás apenas depois da reforma capitalista e da grande crise. Como os aliados da URSS dependeram por muito tempo da potência, as dívidas não foram bem sanadas. de acordo com o panorama histórico, fica claro que o fim da URSS se deu por conta do relaxamento na década de 70. Com o fim desse período histórico, mudanças como o abrandamento de rivalidades existentes antes da Segunda Guerra, uma situação internacional congelada por conta do medo de os pequenos conflitos levarem ao embate nuclear e o crescimento incontável de armamentos dentro do mercado (aspecto esse que fez com que fosse muito difícil para os dois ex-polos encerrarem os embates em países antes dominados por eles, já que todos possuíam armas) foram apontados pelo historiador e autor como as principais alterações causadas pela Guerra Fria. Em suma, o fim da mesma balançou as estruturas mundiais de tal maneira que nada voltou a ser como era antes dela e os esforços para entender o caminho do mundo após isso foram imensuráveis como Hobsbawm pretende demonstrar nos capítulos seguintes de “Era dos Extremos”.
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