Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO - AUTISMO ● Já foram identificadas variantes genéticas que impactam no desenvolvimento das variantes do espectro autista, também chamadas de ASDs, o que nos permite analisar as condições biológicas deste grupo. ● As variantes associadas ao grupo do espectro autista foram encontradas em mais de 100 genes diferentes. Essas variantes são raras e cobrem o grande espectro de alterações, desde alterações em pares de bases (SNVs, do inglês single-nucleotide variants, são variações ou variantes de nucleotídeos “sozinhos” ou individuais) até no ganho ou na perda de milhões de pares de bases nitrogenadas (CNVs, do inglês copy number variants, que quer dizer variantes de números copiados, que é um fenômeno em que seções do genoma começam a se repetir e esse número de repetições varia de acordo com cada indivíduo). ● Em relação às variantes herdadas, muitos estudos mostram que em indivíduos que pertencem ao espectro autista, a taxa de variantes genéticas de novo (de novo genetic variants) - que são variantes que foram identificadas pela primeira vez no probando (indivíduo em particular que está sendo estudado ou analisado) e que não estão presentes nos genomas parentais - aumentou. ● Nos probandos, de novo CNV (copy number variants) acontecem quatro vezes mais frequentemente do que em seus irmãos que não são afetados e as mutações de perda de função de novo são duas vezes mais frequentes. ● É estimado que variantes genéticas raras, tanto de novo quanto herdadas, são ocasionais em 10% a 30% das pessoas com ASD (ADS se refere ao espectro autista). Isso é um grande passo quando comparamos com 15 anos atrás, quando uma contribuição genética específica era apenas encontrada em 2 a 3% dos indivíduos com ASD. Para algumas dessas variações genéticas raras, muitos efeitos causais no risco de ASD já são conhecidos, como mutações nos genes TSC1 e TSC2. Mutações nesses genes levam à esclerose tuberosa e também a uma síndrome chamada Fragile X Mental Retardation (FMR1), que é uma síndrome em decorrência de uma condição genética que causa uma gama de problemas de desenvolvimento, incluindo problemas de aprendizagem e impasses cognitivos. ● Todos os exemplos supracitados ilustram outro ponto: Algumas pessoas consideram ASD (ou TEA, em português, que é Transtorno do Espectro Austista) como um transtorno com possíveis consequências que vão muito além dos fenótipos comportamentais definidos. Achados genéticos da última década indicam que ASDs podem realmente existir em um contexto de uma lista de transtornos genéticos raramente individuais mas coletivamente comuns, com manifestações clínicas fora do sistema nervoso central. ● Variações genéticas comuns também contribuem para o risco de ASDs. O risco aumenta por causa de apenas uma variante comum é muito modesto (o risco relativo é apenas aproximadamente 1.1, 1.2). Entretanto, quando consideramos cumulativamente, a contribuição de variantes comuns herdadas em direção a etiologia de ASD chegam a uma estimativa entre 15 a 50%. Mesmo assim, diferentemente dos achados na esquizofrenia, não foram encontrados locus de risco comum para ASDs. ● A identificação de variantes comuns e de pequeno efeito requer um estudo com grupos ainda maiores do que aqueles que foram incluídos no genome-wide association studies (GWAS) até agora. ● De fato, apesar de evidências consideráveis que apoiam a influência de variações genéticas nos ASDs, são as variantes raras e as variantes de novo que podem conferir um risco muito mais alto em um indivíduo do que uma variante comum. Isso levou à descoberta de vários genes de risco para ASDs. Essas causas genéticas raras para o autismo começam a destacar possibilidades para o desenvolvimento de terapias com alvos específicos que visam modular resultados clínicos e melhorar a qualidade de vida. ● Neste estudo, mostramos uma breve visão geral da atual genética relacionada ao transtorno do espectro autista que está em desenvolvimento, discutimos também a importância clínica dos achados genéticos e destacamos o que é necessário para uma translação do conhecimento da pesquisa para dentro da prática médica. Também focamos nas variantes com grandes efeitos, pois elas têm um maior potencial de informar o desenvolvimento de tratamentos clínicos. Também argumentamos que, pelo contrário do que é geralmente falado, a existência de alguns achados genéticos já são capazes de informar a atual prática clínica para algumas famílias. Além disso, também mostramos como essas novas descobertas são capazes de influenciar uma nova onda de estudos translacionais.
Compartilhar