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Criminologia: Conceito, Características e Objetos

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APOSTILA DE CRIMINOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
PROF. ROBERTO BITTENCOURT OLINGER 
1. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETOS, MÉTODO, FUNÇÕES, 
MISSÕES E CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA. 
 
A palavra Criminologia foi empregada pela primeira vez em 1883, por Paul 
Topinard, e aplicada internacionalmente por Raffaele Garófalo, em sua obra 
"Criminologia", de 1885. 
Etimologicamente, Criminologia tem origem do latim crimino (crime) e do 
grego logos (estudo, tratado), vindo a significar o ―estudo do crime‖. 
No magistério de Penteado Filho, Criminologia pode ser conceituada como 
―a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar 
que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do 
comportamento delitivo, da vítima e o controle social das condutas criminosas‖. 
―Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa 
do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do 
comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, 
contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplado este 
como problema individual e como problema social.‖ (Garcia-Pablos de Molina). 
Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes (2008, p. 32) apontam 
como características da criminologia moderna: 
 O crime deve ser analisado como um problema com sua face humana e 
dolorosa. 
 Aumenta o espectro de ação da criminologia, para alcançar também a 
vítima e as instâncias de controle social; 
 Acentua a necessidade de prevenção, em contraposição à idéia de 
repressão dos modelos tradicionais. 
 Substitui o conceito de ―tratamento‖ (conotação clínica e individual) por 
―intervenção‖ (noção mais dinâmica, complexa, pluridimensional e 
próxima da realidade social). 
 Empresta destaque aos modelos de reação social ao delito como um dos 
objetos da criminologia. 
 Não afasta a análise etiológica do delito (desvio primário). 
 
Distinções entre Criminologia Tradicional e Criminologia Moderna: 
 CRIMINOLOGIA 
TRADICIONAL 
CRIMINOLOGIA 
MODERNA 
OBJETO Estudo do crime e do 
delinqüente. 
Incorpora o estudo da 
vítima e do controle social 
ORIENTAÇÃO Orientação repressiva Orientação prevencionista 
 
 
 
INTERVENÇÃO 
 
 
 
Tratamento do criminoso 
Intervenção no cenário do 
crime (causas complexas e 
múltiplas: individuais e 
comunitárias) 
O delito nasce na 
comunidade e deve ser 
enfrentado no âmbito da 
comunidade 
 
 
PARADIGMA 
 
Análise etiológica – estuda 
as causas/raízes da 
criminalidade 
Análise dos modelos de 
reação ao delito (processos 
de criminalização), sem 
renunciar a análise 
etiológica do delito (causas) 
 
A criminologia é uma ciência do ―ser‖, ou seja, visa entender e explicar a 
realidade, utilizando-se para tanto de um método empírico (indutivo) e 
interdisciplinar. Empírico, pois analisa a realidade através do uso dos sentidos, 
onde os dados coletados são concretos, materialmente verificáveis (uso da 
estatística) e é indutivo, pois em decorrência da observação de premissas 
específicas é possível se construir uma teoria genérica capaz de explicar 
determinado fenômeno. Interdisciplinar, pois faz uso do conhecimento 
decorrente de diversas ciências, como a Biologia, a Psicologia e a Sociologia, 
para estudar o crime, o criminosos, a vítima e o controle social. 
Diferentemente do direito, caracterizado como uma ciência do ―dever 
ser‖ e que se utiliza de um método lógico e dedutivo que parte de uma 
premissa geral (a lei) para chegar a uma conclusão particular. Enquanto o 
direito valora o fato, definindo-o ou não como algo lesivo para a coletividade, a 
criminologia o analisa e explica, como um fenômeno real. 
Atualmente o objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes: 
 
 Delito – analisa a conduta antissocial, suas causas geradoras, o efetivo 
tratamento dado ao delinqüente visando sua não reincidência, bem como 
as falhas da profilaxia preventiva. Para a criminologia, crime é um 
fenômeno social, comunitário e que se mostra como um ―problema‖ 
maior, necessitando entender suas múltiplas facetas. 
 
 Delinqüente – Para a Escola Clássica o criminoso era um ser que pecou, 
que optou pelo mal. Para a Escola Positiva o criminoso era um ser 
atávico, preso a sua deformação patológica (nascia criminoso). Para a 
Escola Correcionalista o criminoso era um ser inferior e incapaz de se 
governar. Por fim, para o Marxismo, o criminoso era uma vítima 
inocente das estruturas econômicas. Para a Criminologia Moderna o 
delinqüente não possui mais a mesma importância, ficando em segundo 
plano. 
 
 Vítima – O estudo da vítima passou por três grandes momentos 
históricos: (A) ―Idade do Ouro‖ compreende desde os primórdios a 
civilização até o fim da Alta Idade Média (época da justiça privada), (B) 
Período de Neutralização surgiu quando o estado reivindica o 
monopólio da jurisdição, (C) Redescobrimento surge após a 2ª guerra 
mundial, com a revisão do papel da vítima no fenômeno criminoso 
(vitimologia). 
 
 Controle social – constitui-se em um conjunto de mecanismos e sanções 
sociais que buscam submeter os indivíduos às normas de convivência 
social. Há dois sistemas de controle: controle social informal (família, 
escola, religião, profissão, etc) com visão preventiva e educacional e o 
controle social formal (polícia, Ministério público, justiça, Administração 
Penitenciária, etc) o qual é mais rigoroso que o anterior e possui 
conotação político-criminal. 
 
São missões (finalidade) da Criminologia: 
 Compreender cientificamente o crime, incluindo todos os seus 
personagens (criminoso, vítima e sociedade); 
 Preveni-lo; 
 Intervir com eficácia e de modo positivo no criminoso. 
 
A função primordial da Criminologia é a junção de múltiplos conhecimentos 
mais seguros e estáveis relacionados ao crime, ao criminoso, à vítima e ao 
controle social, com o objetivo de prevenir e interferir no homem delinqüente. 
Ressalte-se, que isto não significa que estamos diante de um amontoado de 
números e dados acumulados, mas sim diante de conhecimento científico 
decorrente de análises empíricas. Pode-se dizer com acerto que é função da 
Criminologia desenhar um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o delito. 
Frise-se: não estamos diante de uma ciência exata, capaz de traçar regras 
precisas e indiscutíveis sobre as causas e efeitos do ilícito penal. 
A doutrina dominante entende que a Criminologia, bem como a divisão 
adotada pela Unesco, se subdivide em dois ramos: (A) Criminologia Geral – 
consistente na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos 
no âmbito das ciências criminais acerca do crime, criminoso, vítima, controle 
social e criminalidade, (B) Criminologia Clínica – consistente na aplicação dos 
conhecimentos teóricos daquela para o tratamento dos criminosos. 
 
2. A CRIMINOLOGIA NA HISTÓRIA - A EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
DA CRIMINOLOGIA. 
 
Não existe certeza científica quanto ao surgimento da Criminologia. Para a 
maioria dos doutrinadores, o fundador da Criminologia moderna foi Cesare 
Lombroso, em 1876, quando do seu livro ―O Homem Delinqüente‖. Para 
outros, foi o antropólogo francês Paul Topinard, que em 1883 utilizou pela 
primeira vez a expressão, Criminologia. Existem ainda os que defendem que a 
Escola Clássica, através de Francesco Carrara (Programa de direito criminal, 
1859), traçou os primeiros pensamentos criminológicos. 
Como bem explica García-Pablos de Molina, a incerteza existe, uma vez que 
o crime é um fato tão antigo comoo homem e sempre preocupou e fascinou a 
humanidade. Assim, o marco inicial, se com foi com a Escola Clássica, com a 
Escola Positiva, ou através de Topinard, fica em segundo plano, pois 
atualmente define-se duas etapas sobre o estudo do crime: a etapa ―pré-
científica‖ e a ―científica‖, cuja linha divisória foi dada pela escola Positiva. 
 
 
 
QUADRO SINÓTICO 
 
INSTITUTO CONTÉUDO 
 
 
 
 
 
Fases 
 
Pré-cientifica 
Grupo de teorias que 
explicam o crime e o 
criminoso por meio de 
pseudociências. 
 
 
 
 
Científica 
Possui um método 
científico claro e as 
teorias desenvolvidas 
são consideradas como a 
gênese da moderna 
criminologia. Marco 
científico da 
Criminologia se dá com 
a publicação da obra 
―L’uomo Delinquente‖, 
de Lombroso, em 1876. 
PRECURSORES (FASE PRÉ-CIENTÍFICA) 
 
Conceito 
Fase entendida como pré-científica da Criminologia (antecede o 
Positivismo Criminológico), em que diversas investigações 
criminológicas foram feitas com base no empirismo, muitas 
delas atreladas às crenças e convicções populares. 
Espécies Demonologia Entendida como a mãe da Criminologia, 
tenta explicar o crime por meio de estudo 
dos demônios, atribuindo a cada criminoso 
um tipo de diabo. 
Fisionomia Segundo ela, a partir da análise das 
características físicas do indivíduo, poderia 
se chegar às suas qualidades e defeitos. O 
feio seria proporcional à maldade. 
Frenologia Ciência segundo a qual cada faculdade 
mental está diretamente vinculada a uma 
parte do cérebro e o tamanho de cada parte é 
proporcional ao desenvolvimento da 
faculdade. 
Psiquiatria Tem como expoente Philippe Pinel, que após 
desencarcerar mais de 50 enfermos mentais, 
passou o louco a ser tratado como não um 
endemoniado, e sim como um doente que 
precisa tratamento. Separou enfermidade 
mental da deliquência. 
 
3. AS ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS. 
 
O apogeu do Iluminismo ocorreu durante a revolução francesa, sendo seus 
expoentes Voltaire, Montesquieu e Rousseau, os quais teceram severas críticas à 
legislação criminal do século XVIII. Devida a importância de tal movimento, 
necessário conhecer as principais escolas criminológicas. 
 
3.1. Escola Clássica. 
 
Os Clássicos partiram de duas teorias distintas: o Jusnaturalismo (direito 
natural), que decorria da natureza eterna e imutável do ser humano, e o 
Contratualismo (contrato social, de Rousseau), em que o estado surge a partir 
de um grande pacto entre os homens, no qual estes cedem parcela de sua 
liberdade e direitos em prol da segurança coletiva. 
Princípios Fundamentais: 
 O crime é um ente jurídico, não é uma ação, mas sim uma infração; 
 A punibilidade deve ser baseada no livre-arbítro; 
 A pena deve ter nítido caráter de retribuição, para defesa da sociedade; 
 O método é dedutivo: trabalha-se com normas/dogmas e daí então se 
deduz. 
 
Principais expoentes: 
 Cesare Bonesana, Marquês de Beccaria - Nasceu em Milão, em 1738 e 
faleceu em 1794. Revolta-se contra as arbitrariedades da justiça da época. 
Em 1764, aos 27 anos, apresenta a obra "Dos delitos e das penas". 
 
Destacam-se entre os postulados fundamentais de Beccaria: 
i) somente as leis podem fixar as penas para os crimes; 
ii) somente os magistrados poderão julgar os delinqüentes; 
iii) a atrocidade se opõe ao bem público; 
iv) os juízes não podem interpretar as leis penais; 
v) deverá existir proporção entre os delitos e as penas; 
vi) a finalidade das penas não é atormentar o culpado, mas impedir que 
agrida de novo a sociedade e, por conseqüência, destruir a todos; 
vii) as acusações não devem ser secretas; 
viii) a tortura do acusado durante o processo é uma ignomínia; 
ix) o réu não deve ser considerado culpado antes da sentença 
condenatória; 
x) não se deve exigir do réu o juramento; 
xi) a prisão preventiva não é sanção, mas apenas o meio de assegurar à 
pessoa do presumível culpado e, portanto, deve ser a mais leve 
possível; 
xii) as penas devem ser iguais para todas as pessoas; 
xiii) o roubo é filho da miséria e do desespero; 
xiv) as penas devem ser moderadas; 
xv) a sociedade não tem direito de aplicar a pena de morte; 
xvi) as penas não serão justas se a sociedade não houver empregado 
meios de prevenir os delitos; 
xvii) a prevenção dos delitos é muito mais útil que a repressão penal. 
 
 Francesco Carrara - Foi, sem dúvida alguma, o artífice da escola clássica, 
afirmava: Publicou‖Programma de derecho criminal‖, surgindo dois 
princípios: 
i) que o principal objetivo do direito criminal é prevenir os abusos por 
parte da autoridade; 
ii) que o crime não é uma entidade de fato, mas de direito. 
 
3.2. Escola Positiva 
 
Tem origem na 2ª metade do século XIX. Pode-se afirmar que a Escola 
Positiva teve três fases: antropológica (Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica 
(Garófalo). Principais expoentes: 
 
 Cesare Lombroso - Nasceu em Verona, em 6 de novembro de 1835. 
Publicou em 1876 o livro ―O Homem Delinquente‖. É considerado o pai 
da antropologia criminal. Lombroso traçou um perfil dos criminosos, 
através de suas características fisionômicas. Dados como estrutura 
toráxica, estatura, peso, tipo de cabelo, comprimento de dedos e pernas 
foram analisados. 
Utilizou-se também de exames de crânios, buscando apontar o 
―criminoso nato‖. Suas pesquisas foram feitas na maioria em 
manicômios e prisões, concluindo que o criminoso é um ser atávico, que 
nasce criminoso. Examinou o crânio de um criminoso multirreincidente – 
Vilella – e encontrou uma série de anomalias, especialmente na fosseta 
occipital media. Esta fosseta occipital não foi encontrada em nenhum 
outro criminoso. Lombroso assim descrevia, por exemplo, o estuprador: 
―o olho é cintilante, a fisionomia é delicada, os lábios e as pálpebras 
volumosos; em maioria são frágeis, às vezes disformes‖. Os matadores e 
os ladrões arrombadores têm cabelos crespos, crânios deformados, fortes 
mandíbulas, enormes zigomas e freqüentes tatuagens; são cobertos de 
cicatrizes na cabeça e no tronco‖. ―Os homicidas habituais tem olhar 
vítreo, frio, imóvel, algumas vezes sanguíneo, e injetado; o nariz 
freqüentemente aquilino ou mesmo adunco como o das aves de rapina, 
sempre volumosos, mandíbulas grandes, orelhas longas, largos zigomas, 
os cabelos crespos, abundantes e escuros. Freqüentemente a barba é 
escassa, os dentes caninos muitos desenvolvidos, os lábios finos; muitas 
vezes há nistágmo e a contração unilateral do rosto que mostra os dentes 
caninos como uma ameaça‖. 
 
Inúmeras críticas foram feitas a Lombroso, justamente pelo fato da 
generalização, do local dos seus estudos (buscar um perfil de criminoso 
em uma penitenciária, não seria confiável, pois evidente que todos que lá 
estão cometeram crimes, sendo portanto, tal perfil, equivocado), etc. Em 
socorro do mestre, surgiu o pensamento de Ferri. 
Lombroso também desenvolveu teses referentes as mulheres, 
através da obra ―La Donna delinqüente, La prostituta e La Donna 
normale‖ (1895). ―Na maneira de matar, possuem terrível superioridade 
sobre o criminoso nato. Cometem o crime com crueldade requintada e 
diabólica. É preciso que a vítima sofra e que ela saboreie a sua morte[...] 
É a necessidade tagarelar, de tornar-se interessante que faz de toda 
mulher criminosa uma imprudente nata‖. 
 Neomolbrosianos? Ao contrário do que se pode imaginar, a concepção 
de determinação biológica não é uma absurda hipótese fruto de uma 
mente maligna. No ano de 2012, a Sociedade Americana deCriminologia, publicou mais de uma dezena de investigações 
relacionadas à biologia criminal. Em 2013, o New York Times publica 
matéria intitulada ―Assassinos por natureza‖, de Adrian Raine. 
Retomando a formulação lombrosiana e utilizando-se da 
neurocriminologia, a Autora acredita ser possível encontrar marcos 
biológicos para a etiologia do crime. 
 
 Enrico Ferri – (1856-1929) Genro e discípulo de Lombroso, foi o criador 
da chamada ―sociologia criminal‖. Para Ferri a criminalidade derivava 
de fenômenos antropológicos, físicos e culturais. Enumerou quatro 
espécies de meios de combate à criminalidade: 1) meios preventivos; 2) 
meios reparatórios; 3) meios represssivos; 4) meios excluidores. Para ele 
o mais eficiente meio de combate à criminalidade é través dos meios 
preventivos, o qual designou de ―substitutivos penais‖. 
 Rafael Garófalo – (1851-1934) Afirmou que o crime estava no homem e se 
manifestava como degeneração. Criou o conceito de periculosidade. 
Criou outra forma de intervenção penal – a medida de segurança. 
 
3.3. Escola Eclética ou Crítica 
 
Os seguidores dessa escola definem o conceito de crime conforme a escola 
positiva ou fazem uma reprodução da escola clássica. 
O delito é sempre um ato humano, portanto, uma atuação voluntária 
transcendente ao mundo exterior. 
O delito é também um ato contrário ao direito, um ato formal, que ataca um 
mandato de proibição de ordem jurídica, implicando materialmente numa lesão 
ou perigo. 
O delito é, finalmente, um ato culpável; melhor afirmando: um ato doloso 
ou culposo de um indivíduo responsável. 
Segundo Turati, o crime teria como elemento principal as más condições 
econômicas da sociedade, e a miséria o fator primordial da existência da 
criminalidade. Tarde explica como causa do crime, as causas sociais complexas. 
Alexander Lacassagne afirmou: 
"O meio social é o caldo de cultura da criminalidade; o micróbio 
é o criminoso, um elemento que não tem importância, senão no 
dia em que acha o caldo que o faça fermentar. As sociedades têm 
os criminosos que merecem."1 
 
 
 
 
1 De Aragão, António Moniz Sodré. As Três Escolas Penais, 3ª ed. Saraiva: São Paulo, 1928. 
3.4. A Terceira Escola 
 
Surgida no início do séc. XX, a Terceira Escola tentou conciliar preceitos 
clássicos e positivistas. São fundamentos da terceira escola: 
 
i) O direito penal deveria permanecer como ciência independente, 
separando-se do pensamento de Lombroso, que pretendia incluí-lo na 
criminologia. 
ii) O grande número de causas do delito não é exclusivo da constituição 
criminal do indivíduo, adotando-se a teoria da escola francesa, que 
invoca o sujeito predisposto, o que irá tornar-se em delinqüente no 
momento em que o meio se tornar favorável. 
iii) É necessário o trabalho conjunto de penalistas e sociólogos para atingir 
as reformas sociais que melhorem as condições de vida do povo, 
dessa forma aceitando-se os princípios da escola francesa (exógenos). 
iv) A pena é como uma coação psicológica sobre os indivíduos, 
examinando-a no plano de imputáveis ou inimputáveis. 
 
Entre aqueles que organizaram a terceira escola temos Carnevale e 
Bernardino Alimena. 
 
3.5. Escola dogmática sociológica, biossociológica de Von Liszt 
 
Pela teoria de Von Liszt, o homem é o centro de seus estudos. Esta Escola 
propôs a independência do Direito Penal, entretanto, por aceitar os princípios 
da Escola Positiva (delito como fato natural e social, admitindo as causas 
endógenas e exógenas) e os da Escola Clássica (delito como ente jurídico e o 
livre arbítrio), veio a se tornar eclética. 
Define o delito com um fato biossocial e ambiental, mas examinado 
axiologicamente como ente jurídico. A pena, apesar de ser uma grande 
preocupação para essa escola, não é um fim em si mesma, mas um meio. Aceita 
a multa, a prisão condicional, a pena correcional e também a absolutória. 
 
4. TEORIAS CRIMINOLÓGICAS 
 
Criminologia Tradicional - procurou identificar as causas do crime e como é 
possível preveni-lo. Dentro dessa corrente, entre as teorias as que mais se 
destacam são: 
 
I - Teorias Ecológicas ou da Desorganização Social (Escola de Chicago) – 
(1920/1940): É o berço da moderna Sociologia americana. Surge com o 
crescimento desordenado da cidade de Chicago, que se expandiu do centro 
para a periferia, dando origem a graves problemas sociais, econômicos e 
culturais. Segundo esta teoria, a ordem social, estabilidade e integração 
contribuem para o controle social e a conformidade com as leis, enquanto a 
desordem e a má integração conduzem ao crime e à delinqüência. Tal teoria 
propõe ainda que quanto menor a coesão e o sentimento de solidariedade entre 
o grupo, a comunidade ou a sociedade, maiores serão os índices de 
criminalidade. 
 
II - Teorias da Subcultura Delinqüente - Desenvolvida pelo sociólogo Albert 
Cohen (1955), esta teoria defende a existência de uma subcultura da violência, 
que faz com que alguns grupos passem a aceitar a violência como um modo 
normal de resolver os conflitos sociais. Mais que isso, sustenta que algumas 
subculturas, na verdade, valorizam a violência, e, assim como a sociedade 
dominante impõe sanções àqueles que deixam de cumprir as leis, a subcultura 
violenta pune com o ostracismo, o desdém ou a indiferença os indivíduos que 
não se adaptam aos padrões do grupo. Exemplo desta teoria são as gangues de 
jovens delinqüentes, que passam a aceitar os valores daquele grupo, mais do 
que os valores sociais dominantes. 
 
III - Teoria da Anomia - Uma das mais tradicionais explicações de cunho 
sociológico acerca da criminalidade é a teoria da Anomia, de Merton (1938). 
Segundo essa abordagem, a motivação para a delinqüência decorreria da 
impossibilidade de o indivíduo atingir metas desejadas por ele, como sucesso 
econômico ou status social. Esse fracasso no atingimento de suas aspirações, 
leva à Anomia, ou seja, a manifestação comportamental em que as normas 
sociais são ignoradas ou contornadas. 
 
Criminologia Crítica - Ao indagar as causas do crime, a Criminologia 
Crítica pesquisa a reação social, ampliando, assim, o campo de investigação 
para abranger as instâncias formais de controle como fator criminógeno (as leis, 
a Polícia, o Ministério Público e os Tribunais). Buscando a resposta sob o ângulo 
de uma problemática maior, defende que não há outra solução para o problema 
criminal senão a construção de uma nova sociedade, mais justa, igualitária e 
fraterna; menos consumista e menos sujeita às vicissitudes dos poderosos. 
Estuda também o papel da vítima. Principais teorias da Criminologia Crítica:
 
 
I - Teoria da Rotulação, do etiquetamento ou Labeling Approach (surge na década 
de 1960) - Seus principais expoentes foram Erving Goffman e Horward Becker. 
Esta teoria considera que as questões centrais da teoria e da prática 
criminológicas não se relacionam ao crime e ao delinqüente, mas, 
particularmente, ao sistema de controle adotado pelo Estado no campo 
preventivo, no campo normativo e na seleção dos meios de reação à 
criminalidade. No lugar de se indagar os motivos pelos quais as pessoas se 
tornam criminosas, deve-se buscar explicações sobre os motivos pelos quais 
determinadas pessoas são estigmatizadas como delinqüentes, qual a fonte da 
legitimidade e as conseqüências da punição imposta a essas pessoas. São os 
critérios ou mecanismos de seleção das instâncias de controle que importam, e 
não dar primazia aos motivos da delinqüência. Em suma, de acordo com 
Penteado Filho, para o Labeling Approach a ―criminalidade não é uma qualidadeda 
conduta humana, mas a conseqüência de um processo em que se atribui tal “qualidade” 
(estigmatização)‖. 
 Segundo o citado doutrinador, a sociedade define o que entende por 
―conduta desviante‖, isto é, todo comportamento considerado constrangedor, 
perigoso, impondo sanções àqueles que se comportarem desta forma. Ou seja, 
condutas desviantes são aqueles que as pessoas de uma sociedade rotulam às 
outras que as praticam. 
 Há duas correntes dentro da Teoria do Labeling Approach. A primeira e 
mais radical sustenta que a criminalidade é apenas o etiquetamento aplicado 
por delegados, promotores, juízes, ou seja, pelas instâncias formais de controle 
social. A outra, menos radical, entende que o etiquetamento não se localiza 
apenas no controle formal, mas também no informal, ou seja, família, escola 
(―irmão ovelha negra‖, ―estudante rebelde‖, etc). 
 Por fim, importante destacar que a distinção existente entre a 
Criminologia Positivista e o Labelling Approach, no que diz respeito aos 
paradigmas de controle social do delito. Enquanto na Positivista se utiliza o 
paradigma etiológico (investiga as causas da criminalidade), no Labelling 
Approach, utiliza-se o paradigma de controle (investiga-se os processos de 
criminalização). 
 
II - Criminologia Radical ou Criminologia Marxista (surge na década de 70) - 
Baseia-se na análise marxista da ordem social. Considera o problema criminal 
insolúvel em uma sociedade capitalista, sendo necessária a transformação da 
própria sociedade, uma vez que sustenta ser o capitalismo a base da 
criminalidade, na medida em que promove o egoísmo, o qual leva o homem a 
delinqüir. 
 
III - Criminologia Abolicionista (Anos 90) - apresenta a proposta de acabar com 
as prisões e abolir o próprio Direito Penal, substituindo ambos por uma 
profilaxia de remédios para as situações—problemas com base no diálogo, na 
concórdia e na solidariedade dos grupos sociais, para que sejam decididas as 
questões das diferenças, choques e desigualdades, mediante o uso de 
instrumentos que podem conduzir à privatização dos conflitos, transformando 
o juiz penal em um juiz civil. 
 
IV - Criminologia Minimalista (Anos 90) – sustenta que é preciso limitar o 
Direito Penal, que está a serviço de grupos minoritários, tornando-o mínimo, 
porque a pena, representada em sua manifestação mais drástica pelo Sistema 
Penitenciário, é uma violência institucional que limita direitos e reprime 
necessidades fundamentais das pessoas, mediante a ação legal ou ilegal de 
servidores do poder, legítima ou ilegitimamente investidos na função. 
 
V - Criminologia Neo-realista (Anos 90) - Esta teoria admite que as frágeis 
condições econômicas dos pobres na sociedade capitalista fazem com que a 
pobreza tenha seus reflexos na criminalidade, reconhecendo, contudo, que essa 
não é a única causa da atitude criminosa, também gerada por fatores como: 
expectativa super-dimensionada, individualismo exagerado, competitividade, 
agressividade, ganância, anomalias sexuais, machismo etc. Defende, pois, que 
só uma política social ampla pode promover o justo e eficaz controle das zonas 
de delinqüência, desde que os Governos, com determinação e vontade, 
compreendam que carência e inconformidade, somadas à falta de solução 
política, geram o cometimento de crimes. 
 
5. ESTATÍSTICA CRIMINAL, CIGRA NEGRA E PROGNÓSTICO 
CRIMINAL. 
5.1. Estatística Criminal. 
 
Segundo Nestor Sampaio Penteado Filho, depois do século XIX, as ciências 
criminais alcançaram projeção, e por tal razão começaram a se preocupar com o 
estudo do fenômeno da criminalidade, levando em considerações suas causas. 
Os criminólogos sustentam que, por intermédio das estatísticas criminais, pode-
se conhecer o liame causal entre os fatores da criminalidade e os ilícitos 
criminais praticados. 
Assim, as estatísticas criminais servem para fundamentar a política criminal 
e a doutrina de segurança pública no tocante a prevenção e à repressão da 
criminalidade. Todavia, necessário tomar cuidado quando da análise das 
estatísticas oficias, uma vez que uma fatia significativa de delitos não são 
comunicados ao Poder Público2, seja por inércia ou desinteresse das vítimas, 
quer por outras causas, dentre as quais os erros de coleta e a manipulação de 
dados pelo Estado3. 
Por tais razões, importante diferenciar a criminalidade real da criminalidade 
revelada e da cifra negra. Criminalidade real é a quantidade efetiva de crimes 
perpetrados pelos delinqüentes. Criminalidade revelada é o percentual que 
 
2 O núcleo de estudos de violência da USP calcula de apenas ⅓ dos crimes é noticiado ao 
Estado. 
3 A Folha de São Paulo, na edição de 17/01/2005, noticia que casos de homicídio eram 
registrados como ―encontro e cadáver‖ ou ―morte a esclarecer‖ aduzindo o mascaramento de 
dados criminais. 
chega ao conhecimento do Estado. Cifra Negra é a porcentagem não 
comunicada ou elucidada. 
 
5.2. Cifra Negra. 
 
Como já explicitado acima, são os dados da criminalidade que norteiam a 
correta elaboração das normas jurídicos-penais. Mas como esses dados são 
obtidos? E mais, são confiáveis? 
Tais dados apenas se oficializam, em termos criminais, segundo três atos: 
detecção do crime + notificação + registro em boletim de ocorrência. 
Todavia, por diversas vezes esses dados não se mostram plenamente 
confiáveis por uma série de fatores. Um desses fatores é a manipulação estatal, 
pela qual, governantes inescrupulosos, visando benefícios eleitorais, maquiam a 
realidade das estatísticas. Outro fator são as falhas que ocorrem quando do 
registro da ocorrência, por falha da polícia. Por fim, inúmeros delitos não são 
comunicados pelas vítimas. Inúmeras razões levam a tal causa: 
 
i) A vítima omite o ato criminoso por vergonha ou medo (crimes sexuais); 
ii) A vítima entende que é inútil procurar a polícia, pois o bem violado é 
mínimo (pequenos furtos); 
iii) A vítima é coagida pelo criminoso (vizinho ou conhecido); 
iv) A vítima é parente do criminoso; 
v) A vítima não acredita no aparato policial nem no sistema judicial, etc. 
 
Neste contexto, surge o que denominamos cifra negra, isto é, o número de 
delitos que por alguma razão não são levados ao conhecimento das 
autoridades, contribuindo para uma estatística divorciada da realidade. 
Existe ainda, uma denominada cifra dourada, que segundo Eduardo Luiz 
Santos Cabette ―representa a criminalidade de “colarinho branco”, definida como 
práticas antissociais impunes ao poder político e econômico (a nível nacional e 
internacional), em prejuízo da coletividade e dos cidadãos e em proveito das oligarquias 
econômicas-financeiras‖.4 
 Desta feita, duas são as falhas nos dados estatísticos oficiais: a cifra negra, 
que significa a ausência de dados de crimes de rua, como furtos, roubos, 
homicídio, estupros, etc, e a cifra dourada, que significa a ausência de registro 
dos crimes políticos, ambientais, de corrupção, etc. 
 As cifras negras, ou campo obscuro da criminalidade, são uma 
preocupação histórica da criminologia. 
 
5.3. Prognóstico Criminológico. 
 
É a probabilidade do criminoso reincidir, em razão de certos dados 
estatísticos coletados. Nunca haverá certeza, porque não se conhece por 
completo o consciente do autor. 
Os prognósticos podem ser clínicos ou estatísticos. Clínicos são aqueles 
em que se faz um detalhamento dos criminosos, por meio da 
interdisciplinaridade: médicos, psicólogos, assistentes sociais, etc. 
Estatísticos são aqueles baseados em tabelas de predição, que não levam em 
conta certos fatores internos e só servem para orientaro estudo de um tipo 
específico de crime e de seus autores (condenados). 
 
 
 
4 In: http://jus.com.br/revista/texto/9497/as-estatisticas-criminais-sob-um-enfoque-
criminologico-critico. Acesso em: 20/05/2013. 
6. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS 
 
As principais classificações dos criminosos foram produzidas pela Escola 
Clássica. Para Lombroso, os criminosos dividem-se em: 
 
i) Criminoso nato: influência biológica, estigmas, instintos 
criminosos, um selvangem da sociedade, o degenerado (cabeça 
pequena, deformada, fronte fugidia, sobrancelhas salientes, maças 
afastadas, orelhas malformadas, braços cumpridos, face enorme, 
tatuado, impulsivo, mentiroso, falador de gírias, etc); 
ii) Criminosos loucos: perversos, loucos morais, alienados mentais 
que devem permanecer no hospício; 
iii) Criminosos de ocasião: predispostos hereditariamente, são 
pseudocriminosos; ―a ocasião faz o ladrão‖, assumem hábitos 
criminosos influenciados por circunstâncias; 
iv) Criminosos por paixão: sanguíneos, nervosos, irrefletidos, usam 
da violência para resolver questões passionais, exaltados. 
 
Por seu turno, Enrico Ferri classificou os criminosos em: 
i) Criminoso nato; 
ii) Criminoso louco: inclui os semiloucos e fronteiriços; 
iii) Criminoso ocasional; 
iv) Criminoso habitual: reincidente na ação criminosa, faz do crime 
sua profissão; 
v) Criminoso passional. 
 
Por fim, eis a classificação adotada por Garófalo, o qual propôs a pena de 
morte sem piedade aos criminosos natos ou sua expulsão do país: 
 
i) Criminosos assassinos: são delinqüentes típicos, egoístas, seguem 
o apetite instantâneo; 
ii) Criminosos enérgicos ou violentos: falta-lhes a compaixão; 
iii) Ladrões ou neurastênicos: falta-lhes probidade, atávicos as vezes. 
 
7. VITIMOLOGIA 
 
Vitimologia é a ciência que estuda amplamente a relação 
vítima/criminoso no fenômeno da criminalidade. Para Benjamim Mendelsohn 
―vitimologia é a ciência que se ocupa da vítima e da vitimização, cujo objeto é a 
existência de menos vítima na sociedade, quando esta tiver real interesse nisso‖. 
Por sua vez, seguindo conceito formulado pelas Organizações das 
Nações Unidas, vítima são ―pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido 
danos, incluindo lesões físicas ou mentais, sofrimento emocional, prejuízo financeiro, ou 
tenham sido substancialmente afetadas em seus direitos fundamentais, por atos ou 
omissões que representem violações às leis penais, incluídas as leis referentes ao abuso 
criminoso do poder.‖ 
Os primeiros trabalhos sobre vítimas datam de 1901, todavia, somente a 
partir da década de 40, através dos estudos de Von Henting e Benjamim 
Mendelsohn, é que se começou a fazer um estudo sistemático da vítima. 
Existem várias classificações com respeito às vítimas. Uma primeira, é 
atribuída a Benjamim Mendelsohn, que leva em conta a participação ou 
provocação da vítima. Segundo tal conjectura, elas podem ser: 
i) Vítimas idéias (completamente inocentes); 
ii) Vítima menos culpadas que os criminosos; 
iii) Vítimas tão culpadas quanto os criminosos (ex. aborto consentido); 
iv) Vítimas mais culpadas que os criminosos (vítimas que provocam e dão 
causa ao delito); 
v) Vítimas como únicas culpadas (vítimas agressoras, simuladas...) 
 
Por seu turno, Hons von Henting, classifica as vítimas em: 
i) 1º grupo: criminoso – vítima – criminoso (sucessivamente), na qual o 
reincidente que é hostilizado no cárcere, vindo a delinqüir novamente 
pela repulsa social que encontra fora da cadeia; 
ii) 2º grupo: criminoso – vítima – criminoso (simultaneamente), caso das 
vítimas de drogas que de usuário passa a ser traficante; 
iii) 3º grupo: criminoso – vítima (imprevisível), por exemplo, linchamentos, 
saques, epilepsia, alcoolismo, etc. 
 
Fora estas classificações doutrinárias, existem ainda tipos de vítimas: 
i) Vítimas natas: indivíduos que apresentam, desde o nascimento, 
predisposição para serem vítimas, tudo fazendo, consciente ou 
inconscientemente, para figurarem como vítimas de crimes. 
ii) Vítimas potenciais: são aquelas que apresentam comportamento, 
temperamento ou estilo de vida que atraem o criminoso, uma vez que 
facilitam ou preparam o desfecho do crime. 
iii) Vítimas eventuais ou reais: aquelas que são verdadeiramente vítimas, 
não tendo em nada contribuído para a ocorrência do crime. 
iv) Vítimas provocadoras: são aquelas que induzem o criminoso à prática do 
crime, originando ou provocando o fato delituoso. 
v) Vítimas falsas: simuladora, é aquela que está consciente de que não foi 
vítima de nenhum delito, mas, agindo por vingança ou interesse 
pessoal, imputa a alguém a prática de um crime contra si. Vítima 
imaginária: em decorrência de anomalia psíquica ou mental, 
acredita-se vítima da ação criminosa. 
vi) Vítimas voluntárias: são aquelas que consentem com o crime. 
vii) Vítimas acidentais: são as vítimas de si mesmas, que dão causa ao 
fato geralmente por negligência ou imprudência. 
 
A Criminologia, ao analisar a questão criminológica, classifica a 
vitimização em três grandes grupos: 
Vitimização Primária Vitimização Secundária Vitimização Terciária 
Processo pelo qual 
uma pessoa sofre, de 
modo direito ou 
indireto, os efeitos 
nocivos derivados do 
crime ou fato 
traumático, sejam 
materiais ou 
psíquicos. 
Abrange os custos 
pessoais derivados da 
intervenção do sistema 
legal que incrementam o 
padecimento da vítima. 
Ex: dor de reviver a cena 
do crime perante o juiz, 
perguntas de advogado 
acusando-a de ser a 
causadora do crime, etc 
O conjunto de custos 
da penalização sobre 
quem a suporta 
pessoalmente ou sobre 
terceiros. Ex: preso que 
sofre tortura ou erro 
judicial. 
 
Importante ainda destacar, que a análise da relação entre vítima e 
criminoso possui repercussão no campo do Direito Penal, ao passo que na 
aplicação da pena (artigo 59 do Código Penal), a participação da vítima influi na 
aplicação da pena base. 
 
8. PREVENÇÃO CRIMINAL 
Entende-se por prevenção delitiva o conjunto de ações que visam evitar a 
ocorrência do delito. Para alcançar o objetivo, que é a não ocorrência dos atos 
criminosos e a manutenção da paz social, necessário a utilização de duas 
medidas: uma indireta e outra direta. 
As ações indiretas (controle informal) devem atuar em dois entes: o 
indivíduo e o meio em que ele vive. Com relação ao indivíduo, as ações devem 
observar sua personalidade, caráter e temperamento, com vistas a motivar sua 
conduta. Já com relação ao meio em que vive, deve ser analisado de maneira 
múltipla: medidas sociais, políticas, econômicas, etc, as quais visem melhorar a 
vida do indivíduo e afastar-lhe da criminalidade. 
As ações diretas (controle formal) direcionam-se para a infração penal 
em formação (iter criminis). Ex: atuação da polícia ostensiva, aparelhar e treinar 
as polícias judiciárias para a repressão delitiva, punição efetiva de crimes 
graves, medidas de cunho administrativo contra o jogo, prostituição, 
pornografia, etc. 
CONTROLE SOCIAL (por Alice Bianchini, Danilo Cymrot e Luiz Flávio Gomes) 
 CONTROLE SOCIAL 
INFORMAL 
CONTROLE SOCIAL 
FORMAL 
AGENTES Família, escola, religião, clube 
recreativo, opinião pública, 
etc. 
Polícia, Justiça, Ministério 
Público, administração 
penitenciária, etc. 
MOMENTO Disciplina o indivíduo por 
meio de um largo e sutil 
processo de socialização, 
interiorizando 
ininterruptamente no 
indivíduo as pautas de 
conduta. 
Entra em funcionamento 
quando as instâncias 
informais do controle socialfracassam. 
ESTRATÉGIAS Distintas estratégicas 
(prevenção, repressão, 
socialização, etc) e diferentes 
modalidades de sanções 
(positivas, como recompensas, 
Atua de modo coercitivo 
(violento) e impõe sanções 
mais estigmatizantes, que 
atribuem ao infrator da 
norma um singular status (de 
desviado, perigoso ou 
e negativas, como punições) delinqüentes). 
EFETIVIDADE  Costuma ser mais 
efetivo, porque é 
ininterrupto e 
onipresente, o que 
ajuda a explicar os 
níveis mais baixos de 
criminalidade, nas 
pequenas cidades do 
interior, onde é mais 
forte. 
 O atual 
enfraquecimento dos 
laços familiares e 
comunitários explica 
em boa medida a 
escassa confiança 
depositada na sua 
efetividade. 
 A eficaz prevenção do 
crime não depende 
tanto da maior 
efetividade do 
controle social formal, 
senão da melhor 
integração do controle 
social formal e 
informal. 
 O controle razoável e 
eficaz da 
criminalidade não 
pode depender 
exclusivamente da 
efetividade das 
instâncias de controle 
social, pois a 
intervenção do 
sistema legal não 
incide nas raízes do 
delito. 
 ―mais leis, mais penas, 
mais policiais, mais 
juízes, mais prisões 
significam mais presos, 
porém não 
necessariamente menos 
delitos‖ (Jeffery) 
 
A prevenção pode ocorrer de três maneiras distintas: 
PREVENÇÃO CRIMINAL 
Primária Secundária Terciária 
Ataca a raiz do conflito 
(educação, emprego, 
moradia, segurança, etc). 
Liga-se à garantia de 
educação, saúde, 
emprego, segurança e 
qualidade de vida. 
Destina-se a setores da 
sociedade que podem 
vir padecer do problema 
criminal. (polícias, 
assistência social, etc). 
Voltada ao preso, 
visando sua recuperação 
e evitando a reincidência. 
(laborterapia, liberdade 
assistida, prestação de 
serviços à comunidade, 
etc). 
 
8.1. Teoria da reação social. 
A ocorrência de um crime gera uma reação social (por parte de Estado), 
de forma proporcional, as quais hodiernamente ocorrem de três maneiras: 
i) Modelo dissuasório: repressão por meio da punição ao agente criminoso, 
mostrando a todos que o crime não compensa e gera castigo; 
ii) Modelo ressocializador: intervém na vida e na pessoa do infrator, não 
apenas lhe aplicando pena, mas buscando sua reinserção social; 
iii) Modelo restaurador: também chamado de ―justiça restaurativa‖, procura 
restabelecer o status quo ante, visando a reeducação do infrator, a 
assistência à vítima e controle social afetado pelo crime. Ligada a 
idéia de reparação do dano causado. 
 
8.2. Teoria da Pena – Penologia. 
 
É a disciplina que cuida do conhecimento geral das penas e castigos 
impostos pelo Estado aos violadores das leis. 
O estudo da pena conta com três grandes correntes: 
TEORIA ABSOLUTA TEORIA RELATIVA TEORIA MISTA 
Entende que a pena é 
um imperativo de 
justiça, negando fins 
utilitários, pune-se 
apenas porque cometeu 
o delito. 
Apresenta um fim 
utilitário para a pena, 
sustentando que o crime 
não é causa da pena, 
mas a ocasião para que 
ela seja aplicada. Possui 
dois fins: prevenção 
geral (intimidação de 
todos) e prevenção 
particular ou especial 
(impedir o réu de novas 
praticas criminosas, 
intimidá-lo e corrigi-lo). 
Misturam as duas 
primeiras, sustentando o 
caráter retributivo da 
pena, acrescentando os 
fins da reeducação e 
intimidação. 
 
9. FATORES SOCIAS DA CRIMINALIDADE. 
 
Analisar a criminalidade do ponto de vista sociológico, como feito 
atualmente pela Criminologia moderna, percebe-se elevados níveis de 
influência na gênese delitiva. Sobre tal enfoque, correto afirmar que inúmeros 
fatores externos desencadeiam um fator criminógeno. Entre estes fatores, de 
acordo com as lições de Penteado Filho, podemos destacar: 
 
9.1. Pobreza. Emprego, desemprego e subemprego. 
As estatísticas criminais indicam que existe uma relação entre pobreza e 
criminalidade. Evidente que tal premissa não condiciona a pobreza com a 
criminalidade, tanto é, que citamos como exemplo os ―crimes de colarinho 
branco‖, geralmente praticados pelas camadas mais altas da sociedade. 
Todavia, nos crime contra o patrimônio, a grande maioria dos autores de 
tais infrações são semialfabetizadas, pobres, com formação moral deficitária. 
Assim, as causas da pobreza – má distribuição de renda, desordem social – 
latifúndios improdutivos, etc. – funcionam como fermento dos sentimentos de 
exclusão e revolta social, os quais levam a criminalidade. Por fim, a repressão 
policial ataca as conseqüências da criminalidade, e não suas causas. 
O desemprego atual no Brasil gira na faixa de 6% da população, o que em 
abril de 2013, segundo pesquisas5 realizadas, remetem a aproximadamente 
1.414.000 sem ocupação. Some-se a tal índice, todos os que atuam nos chamados 
subemprego ou desemprego disfarçado (―homem-placa‖, ―vendedores de balas 
nos semáforos‖, etc.) os quais não possuem qualquer estabilidade, além da 
baixíssima remuneração. Essa imensidão de desocupados, não deixa de ser fator 
coadjuvante na escala ascendente da criminalidade. 
Como contraponto a tais dados e assertivas, Luiz Flávio Gomes, aponta no 
sentido que a criminalidade nada tem a ver com a pobreza, mas sim com 
desigualdade. Segue artigo6 neste sentido: 
 
Não existe relação direta entre a miséria e a violência (há países 
miseráveis com baixo índice de violência não institucional e países 
ricos com alto índice de violência – caso dos EUA). A mesma coisa 
não se pode afirmar sobre a desigualdade, que gera sensação de 
injustiça, privilégios para as classes de cima, desgraça para as 
classes de baixo, funcionamento injusto da Justiça, má distribuição 
da riqueza, sensação de desequilíbrio etc. 
Fizemos no Instituto Avante Brasil a relação e a comparação 
entre a violência (homicídios) e o índice IDH dos 20 países mais 
violentos com os 20 países menos violentos do planeta. Notará o 
 
5 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/taxa-de-desemprego-no-brasil-sobe-a-5-8 
6 Brasil será um dos 10 países mais violentos do planeta. In: 
http://atualidadesdodireito.com.br/iab/artigos-do-prof-lfg/brasil-sera-um-dos-10-paises-
mais-violentos-do-planeta/ 
leitor que, em regra, país menos violento tem alto índice de IDH (e 
vice-versa). Claro que a regra tem exceções (mas as exceções existem 
para confirmar as regras). São 187 os países examinados. 
Vejamos: 
De acordo com os dados divulgados pela UNODC (Escritório 
para assuntos de Drogas e Crimes da ONU) os países com os 
maiores índices de violência estão localizados principalmente na 
África e América Central: Honduras (120º no IDH), El Salvador 
(107º no IDH), Costa do Marfim (168º no IDH), Venezuela (71º no 
IDH), Belize (96º no IDH), Jamaica (85º no IDH), Guatemala (133º no 
IDH), São Cristóvão e Nevis (72º no IDH), Zâmbia (163º no IDH) e 
Uganda (161º no IDH), Malauí (170º no IDH), Lesoto (158º no IDH), 
Trinidad e Tobago (67º no IDH), África do Sul (121º no IDH), 
Colômbia (91º no IDH), Congo (142º no IDH), República Centro 
Africana (180º no IDH), Brasil (85º no IDH), Etiópia (173º no IDH) e 
Santa Lúcia (88º no IDH). O melhor IDH é o 67º (Trinidad e 
Tobago). Somente 8 estão abaixo da colocação de número 100. 
Países mais violentos, em regra contam com baixo índice de IDH. 
Os vinte países com as menores taxas de homicídio estão em sua 
maioria na Europa e na Ásia: Palau (52º no IDH), Hong Kong (13º 
no IDH), Cingapura (18º no IDH), Islândia (13º no IDH), Japão (10ºno IDH), Brunei Darrusalam (30º no IDH), Noruega (1º no IDH), 
Áustria (18º no IDH), Eslovênia (21º no IDH), Omã (84º no IDH), 
Suíça (9º no IDH), Emirados Árabes (41º no IDH), Espanha (23º no 
IDH), Alemanha (5º no IDH), Estados Federados da Micronésia 
(117º no IDH), Vanuatu (124º), Qatar (36º no IDH), Nova Zelândia 
(6º no IDH), Dinamarca (15º no IDH), respectivamente. 
Países com alto índice de IDH contam com menos violência. 
Dois países apenas com IDH acima de 100. 
A relação entre baixo índice de IDH, mais violência, e alto índice 
de IDH, menos violência, está constatada. Essa pode ser uma 
excelente pista para as políticas públicas de prevenção da 
criminalidade. E um excelente antídoto para a trampa de que só 
com repressão se resolve esse problema. O Brasil, que ocupava até 
pouco tempo a 20ª posição no ranking dos países mais violentos, 
agora passou para o 18º lugar. Em breve (se as mortes continuarem 
no ritmo atual) chegaremos ao rol dos 10 países mais violentos do 
planeta. 
 
 Ambas as teses analisadas, seja da pobreza, seja da desigualdade, servem 
para demonstrar a incidência de tais fatores – como coadjuvantes – nos índices 
de criminalidade. 
 
9.2. Meios de comunicação. Habitação. 
Penteado Filho aponta outros dois fatores que podem influenciar na 
criminalidade. Atualmente os meios de comunicação, com ênfase para 
televisão, possuem grande alcance junto a população. A televisão, geralmente 
com discursos fáceis, banalizando o sexo e a violência em todos os horários, 
presta verdadeiro desfavor à população, ao passo que sua missão deveria ser o 
de repassar valores éticos da pessoa humana e da família, conforme preconiza a 
Constituição Federal, em seu artigo 221, IV. 
Outro fator de grande importância é a questão da habitação. A proliferação 
de favelas, cortiços, casas de tapera, de pau a pique, etc., propiciam a 
promiscuidade, o desaparecimento de valores, desrespeito ao próximo, fazendo 
com que os que lá residem, por muitas vezes, se aproximem da prostituição, do 
tráfico de drogas, dos crimes contra o patrimônio e contra a vida. 
 
9.3. Crescimento Populacional. 
O crescimento populacional desordenado ou não planejado figura como 
fator delitógeno. O aumento das taxas criminais por áreas geográficas é 
proporcional ao crescimento da respectiva densidade demográfica 
populacional, conforme estudos da Escola de Chicago. 
 
9.4. Preconceito. 
Penteado Filho sustenta que preconceito é a idéia negativa pré-concebida. 
Discriminação é o preconceito em ação. A doutrina da superioridade racial é 
cientificamente falsa, moralmente condenável, socialmente injusta e perigosa. 
Não existem desculpas para a discriminação racial. A discriminação entre as 
pessoas por motivos de raça, cor ou origem étnica é um obstáculo às relações 
amistosas e pacíficas entre as nações, sendo capaz de perturbar a paz entre os 
povos e a harmonia de pessoas vivendo lado a lado. 
A abolição da escravatura deixou marcas indeléveis nos descendentes da 
diáspora africana, os quais até hoje encontram dificuldades de acesso a 
pirâmide social e econômica. Com a abolição, verificaram-se três conseqüências: 
a migração, a favelização e a instalação da criminalidade. 
 
9.5. Educação. 
A educação e o ensino são fatores inibitórios da criminalidade. A educação 
informal (família e sociedade) e a formal (escola) assumem relevância 
indisfarçável na modelagem da personalidade humana. 
 
10. CRIMINOLOGIA CLÍNICA. 
Criminologia clínica é a ciência que, valendo-se dos conceitos, princípios e 
métodos de investigação médico-psicológicos (e sociofamiliares), ocupa-se do 
indivíduo condenado, para nele investigar a dinâmica de sua conduta 
criminosa, sua personalidade, seu ―estado-perigoso‖ (diagnóstico) e suas 
perspectivas de desdobramentos futuros (prognóstico) para, assim, propor 
estratégias de intervenção, com vistas à superação ou contenção de uma 
possível tendência criminal e a evitar a reincidência (tratamento). Importante 
registrar que seu objeto primordial é o exame criminológico. 
 
11. AS MODERNAS TEORIAS ANTROPOLÓGICAS 
Inegável que a Criminologia possui raízes históricas nos estudos 
antropológicos, ligados à antropometria (estudo das características corporais e 
sua relação com a criminalidade). Embora recusada a teoria dos criminosos nato 
formulada por Lombroso, os estudos antropológicos modernos herdaram um 
pouco daquela análise positivista. As divisões que seguem derivam de 
Penteado Filho. 
 
A) Endocrinologia 
Desde o século XX foram realizados estudos visando associar o 
comportamento humano criminógeno com os processos hormonais ou 
endócrinos patológicos ou ainda com certas disfunções glandulares internas. 
Tal idéia surgiu com a noção de que homem, que essencialmente é um ser 
químico, poderia com qualquer alteração hormonal, modificar seu 
comportamento e personalidade. 
Di Tullio aponta as conclusões dos estudos endocrinológicos: 
 
 Notas de hipertireoidismo e de hipersuprarrenalismo em delinqüentes e 
homicidas e sanguinários constitucionais; 
 Distireoidismo nos criminosos ocasionais impulsivos; 
 Distireoidismo e dispituitarismo (diminuição da combustão orgânica) 
nos criminosos contra a moral e os bons costumes; 
 Hipertireoidismo nos delinqüentes violentos; 
 Dispituitarismo nos ladrões, falsificadores e estelionatários. 
 
B) Genética e hereditariedade 
Os avanços na engenharia genética causaram inúmeras questões atinentes à 
hereditariedade criminal, renovando, de certo modo, a corrente do atavismo 
(produto da regressão, não da evolução das espécies). 
Pablo de Molinas e Luiz Flávio Gomes revelam que dois dados estatísticos 
foram comprovados: 
1º) Percentual de indivíduos unidos por consangüinidade entre doentes 
mentais, e; 
2º) Presença de um fator hereditário degenerativo ou doentio muito superior 
em delinqüentes do que em não criminosos (hereditariedade pejorativa). 
 
Importante ressaltar que nem todos os dados biológicos podem ser 
atribuídos a hereditariedade, pois existem fenômenos como ―mutações 
genéticas‖ e ―rebeliões contra a identidade‖. 
Nas pesquisas sobre carga hereditária há preferência sobre os estudos de: 
 Famílias criminais (famílias com descendentes criminosos) as 
investigações não demonstraram que a degeneração transmitida por 
via hereditária, era causa de criminalidade; 
 Gêmeos – os primeiros estudos relevaram maior incidência de casos 
criminais em gêmeos idênticos e menor incidência nos bivitelinos; 
 Adotados – analisou-se a interação dos filhos adotados com os pais, e 
conclui-se que os filhos biológicos de criminosos cometem mais 
crimes que os adotados. Conclui-se ainda que o comportamento 
criminal se apresenta de forma mais evidente nos filhos adotados 
que possuem pais biológicos com antecedentes criminais do que em 
razão do convívio com pais adotivos criminosos. 
 Malformações cromossômicas – demonstram que as disfunções eram 
diagnosticadas em virtude do excesso de cromossomos ou de um 
defeito na composição dos gonossomos ou cromossomos sexuais. 
 
12. Psicopatologia Criminal. 
Em medicina legal, sob a rubrica da psicopatologia criminal ou 
psicopatologia forense, dois grandes ramos da ciência médica se envolvem: 
1ª) A Psicologia Criminal – que tem por objeto de estudo a personalidade 
―normal‖ e os fatores que podem influenciá-la, quer sejam de ordem biológica, 
do meio ambiente ou social, e; 
2ª) A Psiquiatria Criminal – que tem por objeto de estudo os transtornos 
anormais da personalidade, isto é, doenças mentais, retardos mentais, 
demênciais, esquizofrenias e outros transtornos, de índolepsicótica ou não. 
 
12.1. Distúrbios Mentais e crime 
O CID-10 descreve dez tipos de transtornos específicos de personalidade, 
são eles7: 
 
 
 
Transtorno da Personalidade 
Paranóide 
Padrão de desconfiança suspeitas, de modo 
que os motivos dos outros são interpretados 
como malévolos; Nesse tipo de transtorno, o 
paciente desenvolve uma supervalorização de 
si mesmo, apresentando grande dificuldade de 
consideração e respeito ao outro; 
 
 
É um padrão de distanciamento dos 
relacionamentos sociais, com uma faixa restrita 
 
7 Fonte: http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_1403/artigo_sobre_criminologia 
 
Transtorno da Personalidade 
Esquizóide 
de expressão emocional; é caracterizado pela 
dificuldade ou incapacidade de experimentar 
prazer, frieza emocional, afetividade 
distanciada, capacidade limitada para 
expressar os sentimentos, preferência por 
atividades solitárias. Geralmente são vistos 
como indivíduos excêntricos, esquisitos; 
 
Transtorno da Personalidade 
Esquizotípica 
É um padrão de desconforto agudo em 
relacionamentos íntimos, distorções cognitivas 
ou da percepção de comportamento 
excêntrico; 
 
Transtorno da Personalidade 
anti-social 
É um padrão de desconsideração e violação 
dos direitos dos outros; O indivíduo é 
considerado mentiroso, enganador e 
impulsivo, sempre procurando obter 
vantagens sobre os outros; 
 
 
 
Transtorno da Personalidade 
Bordeline 
É um padrão de instabilidade nos 
relacionamentos interpessoais, auto-imagem e 
afetos, bem como de acentuada impulsividade; 
Há a indiferença e insensibilidade diante dos 
sentimentos alheios, atitude persistente de 
irresponsabilidade e desprezo por normas, 
regras e obrigações sociais estabelecidas; São 
capazes de cometer crimes cruéis, embora 
jamais vistas pelos portadores desta forma, 
razão pela qual é um dos transtornos mais 
estudados pela psiquiatria; 
 É um padrão de excessiva emotividade e busca 
de atenção; é caracterizado pela dramatização, 
Transtorno da Personalidade 
Histriônica 
teatralidade e expressão exagerada de 
emoções. Apreciação por outros e por 
atividades em que seja o centro das atenções; 
Transtorno da Personalidade 
Narcisista 
É um padrão de excessiva emotividade e busca 
de atenção; 
 
 
Transtorno da Personalidade 
Esquiva 
É um padrão de inibição social, sentimentos de 
inadequação e hipersensibilidade a avaliações 
negativas; O indivíduo é exageradamente 
tímido, muito sensíveis a críticas, evitando 
atividades sociais ou relacionamentos com 
outros; 
 
 
Transtorno da Personalidade 
Dependente 
É um padrão de comportamento submisso e 
aderente, relacionado a uma necessidade 
excessiva de proteção e cuidados; O indivíduo 
possui dificuldades para tomar decisões, 
necessitam que os outros assumam a 
responsabilidade de seus atos; 
Transtorno da Personalidade 
Obsessivo-Compulsiva 
É um padrão de preocupação com 
organização, perfeccionismo e controle. 
 
Dignos de notas, outros transtornos, como os psicóticos (esquizofrenia), de 
humor e de ansiedade: 
Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos (DSM – IV)8 
Transtorno Sintomas 
 É uma perturbação que dura pelo menos 6 
meses e inclui pelo menos um mês de 
 
8 Fonte: http://www.psicnet.psc.br/v2/site/dicionario/registro_default.asp?ID=409 
 
 
Esquizofrenia 
sintomas da fase ativa (isto é, dois, ou mais, 
dos seguintes: delírios, alucinações, discurso 
desorganizado, comportamento amplamente 
desorganizado ou catatônico, sintomas 
negativos). Esta seção também inclui 
definições para os subtipos de Esquizofrenia 
(Paranóide, Desorganizado, Catatônico, 
Indiferenciado e Residual). 
 
Transtorno 
Esquizofreniforme 
Caracteriza-se por um quadro sintomático 
equivalente à Esquizofrenia, exceto por sua 
duração (isto é, a perturbação dura de 1 a 6 
meses) e ausência da exigência de um declínio 
no funcionamento. 
 
 
 
Transtorno Esquizoafetivo 
É uma perturbação na qual um episódio de 
humor e sintomas da fase ativa da 
Esquizofrenia ocorrem juntos e foram 
precedidos ou seguidos por pelo menos 2 
semanas de delírios ou alucinações sem 
sintomas proeminentes de humor. 
 
 
Transtorno Delirante 
Caracteriza-se por pelo menos um mês de 
delírios não-bizarros sem outros sintomas da 
fase ativa da Esquizofrenia. 
 
 
Transtorno Psicótico Breve 
É uma perturbação psicótica com duração 
maior que 1 dia e remissão em 1 mês. 
 
 
Transtorno Psicótico 
Compartilhado 
É uma perturbação que se desenvolve em um 
indivíduo influenciado por outra pessoa com 
um delírio estabelecido de conteúdo similar. 
 
 
Transtorno Psicótico 
Devido à uma condição 
médica Geral 
Os sintomas psicóticos são considerados uma 
conseqüência fisiológica direta de uma 
condição médica geral. 
 
Transtorno Psicótico 
Induzido por Substância 
Os sintomas psicóticos são considerados uma 
conseqüência fisiológica direta de uma droga 
de abuso, um medicamento ou exposição a 
toxina. 
 
Transtorno Psicótico Sem 
Outra Especificação 
É incluído para a classificação de quadros 
psicóticos que não satisfazem os critérios para 
qualquer dos Transtornos Psicóticos 
específicos definidos nesta seção ou de uma 
sintomatologia psicótica acerca da qual 
existem informações inadequadas ou 
contraditórias. 
 
Transtorno de Humor9 
Transtornos Sintomas 
 
 
Transtorno Depressivo 
Maior 
Caracteriza-se por um ou mais Episódios 
Depressivos Maiores (isto é, pelo menos 2 
semanas de humor deprimido ou perda de 
interesse, acompanhados por pelo menos 
quatro sintomas adicionais de depressão). 
 
 
Transtorno Distímico 
Caracteriza-se por pelo menos 2 anos de 
humor deprimido na maior parte do tempo, 
acompanhado por sintomas depressivos 
adicionais que não satisfazem os critérios para 
 
9 Fonte: http://www.psicologiamsn.com/2011/01/transtornos-de-humor.html 
um Episódio Depressivo Maior. 
 
 
 
Transtorno Depressivo 
Sem Outra Especificação 
É incluído para a codificação de transtornos 
com características depressivas que não 
satisfazem os critérios para Transtorno 
Depressivo Maior, Transtorno Distímico, 
Transtorno de Ajustamento com Humor 
Deprimido ou Transtorno de Ajustamento 
Misto de Ansiedade e Depressão (ou sintomas 
depressivos acerca dos quais existem 
informações inadequadas ou contraditórias). 
 
Transtorno Bipolar I 
É caracterizado por um ou mais Episódios 
Maníacos ou Mistos, geralmente 
acompanhados por Episódios Depressivos 
Maiores. 
Transtorno Bipolar II Caracteriza-se por um ou mais Episódios 
Depressivos Maiores, acompanhado por pelo 
menos um Episódio Hipomaníaco. 
 
 
Transtorno Ciclotímico 
É caracterizado por pelo menos 2 anos com 
numerosos períodos de sintomas 
hipomaníacos que não satisfazem os critérios 
para um Episódio Maníaco e numerosos 
períodos de sintomas depressivos que não 
satisfazem os critérios para um Episódio 
Depressivo Maior. 
 
 
Transtorno Bipolar Sem 
É incluído para a codificação de transtornos 
com aspectos bipolares que não satisfazem os 
critérios para qualquer dos Transtornos 
Bipolares específicos definidos nesta seção (ou 
Outra Especificação sintomas bipolares acerca dos quais há 
informações inadequadas ou contraditórias).Transtorno do Humor 
Devido a uma Condição 
Médica Geral 
É caracterizado por uma perturbação 
proeminente e persistente do humor, 
considerada uma conseqüência fisiológica 
direta de uma condição médica geral. 
 
 
Transtorno do Humor 
Induzido por Substância 
Caracteriza-se por uma perturbação 
proeminente e persistente do humor, 
considerada uma conseqüência fisiológica 
direta de uma droga de abuso, um 
medicamento, outro tratamento somático para 
a depressão ou exposição a uma toxina. 
 
 
Transtorno do Humor 
Sem Outra Especificação 
É incluído para a codificação de transtornos 
com sintomas de humor que não satisfazem os 
critérios para qualquer Transtorno do Humor 
específico, e nos quais é difícil escolher entre 
Transtorno Depressivo Sem Outra 
Especificação e Transtorno Bipolar Sem Outra 
Especificação (por ex., agitação aguda). 
 
A ansiedade é um estado emocional de apreensão, uma expectativa que algo 
ruim aconteça, acompanhada de várias reações físicas e mentais desfavoráveis. 
Podem ser assim classificados: 
Transtornos de Ansiedade10 
Transtornos Sintomas 
 
10 Fonte: http://www.psicosite.com.br/cla/d_ansiedade.htm 
 
 
 
 
Transtorno de Pânico Sem 
Agorafobia 
Ataques de Pânico recorrentes e inesperados. 
Pelo menos um dos ataques foi seguido pelo 
período mínimo de 1 mês com uma (ou mais) 
das seguintes características: 
(a) preocupação persistente acerca de ter 
ataques adicionais 
(b) preocupação acerca das implicações do 
ataque ou suas conseqüências (p. ex., perder o 
controle, ter um ataque cardíaco, enlouquecer) 
(c) uma alteração comportamental significativa 
relacionada aos ataques. 
 
 
 
Transtorno de Pânico Com 
Agorafobia 
Ataques de Pânico recorrentes e inesperados. 
Pelo menos um dos ataques foi seguido pelo 
período mínimo de 1 mês com uma (ou mais) 
das seguintes características: 
(a) preocupação persistente acerca de ter 
ataques adicionais 
(b) preocupação acerca das implicações do 
ataque ou suas conseqüências (p. ex., perder o 
controle, ter um ataque cardíaco, enlouquecer) 
(c) uma alteração comportamental significativa 
relacionada aos ataques. 
Agorafobia Sem Histórico de 
Transtorno de Pânico 
Presença de Agorafobia relacionada ao medo de 
desenvolver sintomas tipo pânico (p. ex., 
tontura ou diarréia) 
 
 
Medo acentuado e persistente, excessivo ou 
irracional, revelado pela presença ou 
antecipação de um objeto ou situação fóbica (p. 
 
Fobia Específica 
ex., voar, alturas, animais, tomar uma injeção, 
ver sangue). 
A exposição ao estímulo fóbico provoca, quase 
que invariavelmente, uma resposta imediata de 
ansiedade, que pode assumir a forma de um 
Ataque de Pânico ligado à situação ou 
predisposto pela situação. Nota: Em crianças, a 
ansiedade pode ser expressada por choro, 
ataques de raiva, imobilidade ou 
comportamento aderente. 
O indivíduo reconhece que o modo é excessivo 
ou irracional. Nota: Em crianças, esta 
característica pode estar ausente. 
A situação fóbica (ou situações) é evitada ou 
suportada com intensa ansiedade ou 
sofrimento. 
A esquiva, antecipação ansiosa ou sofrimento 
na situação temida (ou situações) interfere 
significativamente na rotina normal do 
indivíduo, em seu funcionamento ocupacional 
(ou acadêmico) ou em atividades ou 
relacionamentos sociais, ou existe acentuado 
sofrimento acerca de ter a fobia. 
Em indivíduos com menos de 18 anos, a 
duração mínima é de 6 meses. 
 
 
Medo acentuado e persistente de uma ou mais 
situações sociais ou de desempenho, nas quais o 
indivíduo é exposto a pessoas estranhas ou ao 
possível escrutínio por terceiros. O indivíduo 
 
 
 
 
 
 
Fobia Social 
teme agir de um modo (ou mostrar sintomas de 
ansiedade) que lhe seja humilhante e 
vergonhoso. Nota: Em crianças, deve haver 
evidências de capacidade para relacionamentos 
sociais adequados à idade com pessoas que lhes 
são familiares e a ansiedade deve ocorrer em 
contextos que envolvem seus pares, não apenas 
em interações com adultos. 
A exposição à situação social temida quase que 
invariavelmente provoca ansiedade, que pode 
assumir a forma de um Ataque de Pânico ligado 
a situação ou predisposto por situação. Nota: 
Em crianças, a ansiedade pode ser expressa por 
choro, ataques de raiva, imobilidade ou 
afastamento de situações sociais com pessoas 
estranhas. 
A pessoa reconhece que o medo é excessivo ou 
irracional. Nota: Em crianças, esta característica 
pode estar ausente. 
As situações sociais e de desempenho temidas 
são evitadas ou suportadas com intensa 
ansiedade ou sofrimento. 
A esquiva, a antecipação ansiosa u o sofrimento 
na situação social ou de desempenho temida 
interferem significativamente na rotina, no 
funcionamento ocupacional (acadêmico), em 
atividades sociais ou relacionamentos do 
indivíduo, ou existe sofrimento acentuado por 
ter a fobia. 
Em indivíduos com menos de 18 anos, a 
duração é de no mínimo 6 meses. 
 
 
 
 
 
 
Transtorno Obsessivo-
Compulsivo 
Pensamentos impulsos ou imagens recorrentes 
e persistentes que, em algum momento durante 
a perturbação, são experimentados como 
intrusivos e inadequados e causam acentuada 
ansiedade ou sofrimento. 
Os pensamentos, impulsos ou imagens não são 
meras preocupações excessivas com problemas 
da vida real. 
A pessoa tenta ignorar ou suprimir tais 
pensamentos, impulsos ou imagens, ou 
neutralizá-los com algum outro pensamento ou 
ação. 
A pessoa reconhece que os pensamentos, 
impulsos ou imagens obsessivas são produto de 
sua própria mente (não impostos a partir de 
fora, como na inserção de pensamentos) 
 
 
 
 
 
 
 
Transtorno de Estresse Pós-
Exposição a um evento traumático no qual os 
seguintes quesitos estiveram presentes: 
a pessoa vivenciou, testemunhou ou foi 
confrontada com um ou mais eventos que 
envolveram morte ou grave ferimento, reais ou 
ameaçados, ou uma ameaça à integridade física, 
própria ou de outros; 
a resposta da pessoa envolveu intenso medo, 
impotência ou horror, Nota: Em crianças, isto 
pode ser expressado por um comportamento 
Traumático desorganizado ou agitado. 
O evento traumático é persistentemente 
revivido em uma (ou mais) das seguintes 
maneiras: 
(1) recordações aflitivas, recorrentes e intrusivas 
do evento, incluindo imagens, pensamentos ou 
percepções. Nota: Em crianças pequenas, 
podem ocorrer jogos repetitivos, com expressão 
de temas ou aspectos do trauma. 
(2) Sonhos aflitivos e recorrentes com o evento. 
Nota: Em crianças podem ocorrer sonhos 
amedrontadores sem um conteúdo 
identificável. 
(3) Agir ou sentir como se o evento traumático 
estivesse ocorrendo novamente (inclui um 
sentimento de revivência da experiência, 
ilusões, alucinações e episódios de flashbacks 
dissociativos inclusive aqueles que ocorrem ao 
despertar ou quando intoxicado). Nota: Em 
crianças pequenas pode ocorrer reencenação 
específica do trauma. 
(4) Sofrimento psicológico intenso quando da 
exposição a indícios internos ou externos que 
simbolizam ou lembram algum aspecto do 
evento traumático. 
(5) Reatividade fisiológica na exposição a 
indícios internos ou externos que simbolizam 
ou lembram algum aspecto do evento 
traumático. 
Esquiva persistente de estímulos associados 
com o trauma e entorpecimento da reatividade 
geral (não presente antes do trauma), indicados 
por três (ou mais) dos seguintesquesitos. 
(1) esforços no sentido de evitar pensamentos, 
sentimentos ou conversas associadas com o 
trauma; 
(2) esforços no sentido de evitar atividades, 
locais ou pessoas que ativem recordações do 
trauma; 
(3) incapacidade de recordar algum aspecto 
importante do trauma; 
(4) redução acentuada do interesse ou da 
participação em atividades significativas; 
(5) sensação de distanciamento ou afastamento 
em relação a outras pessoas; 
(6) faixa de afeto restrita (p. ex., incapacidade de 
ter sentimentos de carinho); 
(7) sentimento de um futuro abreviado (p. ex., 
não espera ter uma carreira profissional, 
casamento, filhos ou um período normal de 
vida). 
Sintomas persistentes de excitabilidade 
aumentada (não presentes antes do trauma), 
indicados por dois (ou mais) dos seguintes 
quesitos: 
(1) dificuldade em conciliar ou manter o sono; 
(2) irritabilidade ou surtos de raiva; 
(3) dificuldade em concentrar-se; 
(4) hipervigilância; 
(5) resposta de sobressalto exagerada 
A duração da perturbação (sintomas dos 
Critérios B, C e D) é superior a 1 mês. 
A perturbação causa sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento 
social ou ocupacional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo. 
 
 
 
 
Transtorno de Estresse 
Agudo 
Exposição a um evento traumático no qual 
ambos os seguintes quesitos estiveram 
presentes: 
(1) a pessoa vivenciou, testemunhou ou foi 
confrontada com um ou mais eventos que 
envolveram morte ou sérios ferimentos, reais ou 
ameaçados, ou uma ameaça à integridade física, 
própria ou de terceiros. 
(2) a resposta da pessoa envolveu intenso medo, 
impotência ou horror. 
Enquanto vivenciava ou após vivenciar o 
evento aflitivo, o indivíduo tem três (ou mais) 
dos seguintes sintomas dissociativos: 
(1) um sentimento subjetivo de anestesia, 
distanciamento ou ausência de resposta 
emocional; 
(2) uma redução da consciência quanto às coisas 
que o rodeiam (p. ex., ¨estar como em um 
sonho¨); 
(3) desrealização; 
(4) despersonalização; 
(5) amnésia dissociativa (i. é, incapacidade de 
recordar um aspecto importante do trauma). 
O evento traumático é persistentemente 
revivido no mínimo de uma das seguintes 
maneiras: imagens, pensamentos, sonhos, 
ilusões e episódios de flashbacks recorrentes, 
uma sensação de reviver a experiência, ou 
sofrimento quando da exposição a lembranças 
do evento traumático. 
Acentuada esquiva de estímulos que provocam 
recordações do trauma (p. ex., pensamaentos, 
sentimentos, conversas, atividades, locais e 
pessoas). 
Sintomas acentuados de ansiedade ou maior 
excitabilidade (p. ex., dificuldade para dormir, 
irritabilidade, fraca concentração, 
hipervigilância, resposta de sobressalto 
exagerada, inquietação motora). 
A perturbação causa sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento 
social ou ocupacional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo e prejudica 
sua capacidade de realizar alguma tarefa 
necessária, tal como obter o auxílio necessário 
ou mobilizar recursos pessoais, contando aos 
membros da família acerca da experiência 
traumática. 
A perturbação tem duração mínima de 2 dias e 
máxima de 4 semanas, e ocorre dentro de 4 
semanas após o evento traumático. 
A perturbação não se deve aos efeitos 
fisiológicos diretos de uma substância (p. ex., 
droga de abuso, medicamento) ou de uma 
condição médica geral, não é mais bem 
explicada por um Transtorno Psicótico Breve, 
nem representa uma mera exacerbação de um 
transtorno preexistente do Eixo I ou Eixo II. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ansiedade e preocupação excessivas 
(expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria 
dos dias pelo período mínimo de 6 meses, com 
diversos eventos ou atividades (tais como 
desempenho escolar ou profissional). 
O indivíduo considera difícil controlar a 
preocupação. 
A ansiedade e a preocupação estão associadas 
com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas 
(com pelo menos alguns deles presentes na 
maioria dos dias nos últimos 6 meses). Nota: 
Apenas um item é exigido para crianças. 
(1) inquietação ou sensação de estar com os 
Transtorno de Ansiedade 
Generalizada 
nervos à flor da pele; 
(2) fatigabilidade; 
(3) dificuldade em concentrar-se ou sensações 
de ¨branco¨ na mente; 
(4) irritabilidade; 
(5) tensão muscular; 
(6) perturbação do sono (dificuldades em 
conciliar ou manter o sono, ou sono 
insatisfatório e inquieto). 
O foco da ansiedade ou preocupação não está 
confinado a aspectos de um transtorno do Eixo 
I; por exemplo, a ansiedade ou preocupação não 
se refere a ter um Ataque de Pânico (como no 
Transtorno de Pânico), ser envergonhado em 
público (como na Fobia Social), ser 
contaminado (como no Transtorno Obsessivo-
Compulsivo), ficar afastado de casa ou de 
parentes próximos (como no Transtorno de 
Ansiedade de Separação), ganhar peso (como 
na Anorexia Nervosa), ter múltiplas queixas 
físicas (como no Transtorno de Somatização) ou 
ter uma doença grave (como na Hipocondria), e 
a ansiedade ou preocupação não ocorre 
exclusivamente durante o Transtorno de 
Estresse Pós-Traumático. 
A ansiedade, a preocupação ou os sintomas 
físicos causam sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento 
social ou ocupacional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo. 
A perturbação não se deve aos efeitos 
fisiológicos diretos de uma substância (droga de 
abuso, medicamento) ou de uma condição 
médica geral (p. ex., hipertireoidismo) nem 
ocorre exclusivamente durante um Transtorno 
do Humor, Transtorno Psicótico ou Transtorno 
Global do Desenvolvimento. 
 
12.2. Psicopatia e Psicopatologia 
A psicopatia é caracterizada pela extremada insensibilidade aos sentimentos 
alheios, que o leva a uma acentuada indiferença afetiva, podendo como via de 
conseqüência assumir um comportamento delitivo. É bem verdade que o 
portador da psicopatia não é um doente, na acepção da palavra, no entanto ele 
vive à margem da normalidade emocional e comportamental. Suas principais 
características são: charme superficial, superestima, tendência ao tédio, 
mentiroso contumaz, manipulador, ausência de culpa ou remorso, 
insensibilidade afetiva, indiferença, descontrole comportamental, 
impulsividade, ausência de objetivos reais a longo prazo, irresponsabilidade e 
incapacidade de aceitar os próprios erros, promiscuidade sexual, transtornos de 
conduta na infância, etc. 
Já a psicopatologia possui maior incidência nas vítimas e criminosos. Dentre 
os possíveis transtornos, destaque para os de ansiedade: Transtorno obsessivo-
compulsivo (TOC), estresse pós-traumático, estresse dissociativo, etc. 
 
13. Exame Criminológico 
De acordo com as lições de Penteado Filho, denomina-se exame 
criminológico o conjunto de pesquisas científicas de cunho biopsicossocial do 
criminoso para levantar um diagnóstico de sua personalidade e, assim, obter 
um prognóstico criminal. 
Tem por objetivo detalhar a personalidade do delinqüente, sua 
imputabilidade, periculosidade, sensibilidade à pena e a probabilidade de sua 
correção. Segundo Renato Marcão, ―o exame criminológico é realizado para o 
resguardo da defesa social, e busca aferir o estado de temibilidade do delinqüente”. 
O exame criminológico deve ser pautado pela atuação multidisciplinar: 
médicos, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, advogados, etc. 
Subdivisões do exame criminológico11: 
Exame Morfológico Análise somática, medidas e proporções 
do corpo humano,

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