Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Genética Médica – LM Área da genética que estuda: • A identificação dos genes que são expressos durante o desenvolvimento e o influenciam • O padrão local e temporal de expressão dos genes durante o desenvolvimento • A regulação dos genes durante o desenvolvimento EMBRIOGÊNESE Células totipotentes → zigoto em processo de transcrição e especificação celular → embrião ― Implantação: 7º a 12º dia ― Gastrulação ― Organogênese e desenvolvimento fetal → neurulação CLASSIFICAÇÃO DAS CÉLULAS EMBRIONÁRIAS 1. Células tronco: não-diferenciadas, que possuem a capacidade de se diferenciar/especializar Totipotentes – célula tronco embrionárias, podem se diferenciar em qualquer tipo celular Pluripotentes – não geram tecidos extraembrionários, mas qualquer outro tipo celular Multipotentes – podem ser diferenciadas em poucos tipos celulares Onipotentes – se diferenciam em apenas um tipo celular 2. Células diferenciadas: perdem a capacidade de divisão celular → neurônios, células de revestimento do intestino, macrófagos PROCESSOS CELULARES DA EMBRIOGÊNESE A embriogênese pode ser vista como um conjunto de processos moleculares coordenados e finalmente regulados, que incluem: Diferenciação celular: aquisição de novas estruturas e funções Especificação = estado de diferenciação mais ou menos reversível, a célula possui um destino Determinação = a célula se diferencia de forma autônoma. Estado de diferenciação irreversível Proliferação: multiplicação celular Indução: as células sofrem influência de outras células ou de elementos da matriz celular Migração das células no embrião Segmentação: conjuntos celulares são segmentados e formam estruturas especializadas diferentes Apoptose: as células sofrem morte celular programada GENES HOMEÓTICOS OU GENES HOX São genes codificantes de fatores de transcrição que possuem uma sequência de 180pb específica chamada de homeodomínio, que interage com região regulatória no DNA Estabelecem o padrão embrionário ao longo do eixo anteroposterior (segmentar) e regulam genes para divisão, adesão, migração e morte celular Diferentemente dos demais genes que codificam fatores de transcrição, os genes Hox são transcritos durante o desenvolvimento embrionário Combinações específicas da expressão dos genes HOX em pequenos grupos de células ajudam a determinar o destino dessas regiões no desenvolvimento HOX + HOXB = crânio-caudal (anterior-posterior) HOXA + HOXD = determinação regional e localização dos membros Mutações em HOXA13 = únicas relatadas até agora 2 Genética Médica – LM Síndrome mão-pé-genital (nossence) → encurtamento do primeiro e quinto dedo, hiposp´sdia nos homens e útero bicorno nas mulheres Simpolidactilia (ganho de gunção) → dedo adicional entre o terceiro e quarto dedo; homozigoto, mas mais graves – malformações ósseas das mãos, pulsos, pés e tornozelos GENES DE BOXES PAREADOS (PAX) Fatores de transcrição com domínio de 130 aminoácidos que interagem como DNA 9 genes em humanos Desempenham papel importante no desenvolvimento do sistema nervoso e da coluna vertebral SÍNDROME DE WAARDENBURG TIPO 1 E ANIRIDIA Mutação em PAX3 2q36.1: Perda neurossensorial da audição, despigmentação do cabelo e pelo, ângulos internos dos olhos amplamente afastados e heterocronia, ponto nasal larga Heterogênea SÍNDROME PAPILORENAL OU RENALCOLOBOMA Mutação em PAX2 10q24: Malformações renal e defeitos oculares de retina e nervo óptico Importância da família de genes PAX na formação ocular: Mutações em PAX6 podem resultar em córnea e lentes opaca, ausência de íris, degeneração da retina, aumento da pressão no globo ocular GENES RELACIONADOS À SRY COM BOX-HMG (SOX) Fatores de transcrição com domínio de 79 aminoácidos de ligação ao DNA, conhecido como box HMG Possuem homologia com o gene SRY, localizado no cromossomo Y que desempenha um importante papel na determinação do sexo masculino São expressados em tecidos específicos durante a embriogênese. Ex.: SOX1, SOX2 e SOX3 são expressados no desenvolvimento do sistema nervoso em camundongos DISPLASIA CAMPOMÉLICA E 46XX Mutação de perda de função em SOX9 17q24.3: Arqueamento dos ossos longos, reversão sexual nos indivíduos cromossomicamente masculinos e baixa taxa de sobrevivência SOX9 está envolvido na rota de diferenciação e indução de células tronco pluripotentes Mutações em SOX10 causam uma forma rara de síndrome de Waardenburg, cujos afetados têm também alta incidência da doença de Hirschsprung Mutações em SOX2 causam a microftalmia sindrômica 3, abrangendo também casos de anoftalmia, com atresia esofágica e hipoplasia genital em homens GENES T-BOX (TBX) Fatores de transcrição que podem ativar ou reprimir a expressão de outros genes Envolvido com a formação do mesoderma e diferenciação da notocorda e organogênese, como coração e arcos faríngeos SÍNDROME DE HOLT-ORAM Mutações em TBX5 12q14.21: Malformação cardíacas congênitas, defeito do septo atrial e encurtamento dos membros superiores que pode ser hipoplasia leve nos polegares a ausência quase completa dos antebraços SÍNDROME ULNAR-MAMÁRIA Mutação em TBX3 12q23.24: 3 Genética Médica – LM Defeitos lunares associado a hipoplasia das glândulas mamárias e anomalias genitais Retardo da puberdade, anomalias dentárias, estatura baixa e obesidade SÍNDROME DELEÇÃO 22Q11.2 Deleção incluindo TBX1 Síndrome Di George 1: 4000; dominante, expressão variável Envolvido no desenvolvimento de músculos e ossos da face e pescoço, grandes artérias e septo conotruncal do coração, ouvido e glândulas como timo e paratireóide MOLÉCULAS SINALIZADORAS – GENES HEDGEHOG Moléculas produzidas pelos genes Hedgehog induzem os tipos celulares e os limites dos tecidos durante a diferenciação neural e o desenvolvimento dos membros Desert hedgehog (DHH) Indian hedgehog (IHH) Sonic hedgehog (SHH) Ação com efeito de gradiente: molécula se difunde para formar um gradiente de concentração com diferentes efeitos nas células do embrião em desenvolvimento de acordo com sua concentração. MUTAÇÕES DE PERDA DE FUNÇÃO OU DELEÇÃO DE SSH: Holoprosencefalia: Falha no desenvolvimento da face média e prosencéfalo, causando fenda labial e palatina, hipotelorismo e clivagem incompleta de prosencéfalo nos hemisférios e ventrículos Frequentemente letal SUBSTITUIÇÃO DE SENTIDO TROCADO EM SSH: Expressividade variável da holoprosencefalia Por exemplo, a mãe pode apresentar uma única manifestação (incisivo superior central único) e a filha pode ser gravemente afetada, apresentando holoprosencefalia, com microcefalia, desenvolvimento anormal do cérebro, hipotelorismo ocular SÍNDROME DE GORLIN Alterações da rota de sinalização hedgehog- patched-gli carcinoma basocelular nevoide Anomalias craniofaciais; cistos dentários; carcinoma basocelular, polidactilia GENE PKD1 E PKD2 Mutações em genes de proteínas reguladoras de proliferação celular (EGFR) causam uma falha na polarização basal–apical das células renais, fazendo com que as células continuem se dividindo e formem cistos (espaços preenchidos com líquido revestidos de células tubulares renais) Genes PKD1 e PKD2 produzem policistina (1e 2), uma proteína transmembrana que atua como reguladora dos canais de cátions permeáveis ao cálcio e da homeostase do cálcio intracelular DOENÇA DO RIM POLICÍSTICO Mutações em policistina 1 ou policistina 2 Falha na polarização basal–apical das células renais, fazendo com que as células se dividam em diferentes orientações GENE PAFAH1B1 (OU LIS1) Gene PAFAH1B1 (ou LIS1) produz proteína de transdução de sinal, ativando uma cascata de sinalização intracelular 4 Genética Médica – LM LISENCEFALIA Mutaçãoem PAFAH1B1 Proteína ativa Rho GTPase e polimerização de actina na locomoção cerebelar e pós-migração hipocampal. Córtex cerebral fica espesso, com camadas celulares indefinidas e voltas pouco desenvolvidas. Causa comprometimento intelectual profundo GENES ENVOLVIDOS NA APOPTOSE Remoção da causa em humanos Aumento da dosagem de WNt reduz apoptose e há a manutenção da cauda Eliminação do excesso de neurônios com conexões anormais durante o desenvolvimento cerebral EPIGENÉTICA E DESENVOLVIMENTO Os genes de desenvolvimento são silenciados por epigenética Potencialidade para a reversão da condição diferenciada das células As modificações epigenéticas são apagadas nos meiócitos embrionários, e então um novo padrão de modificações epigenéticas sexoespecíficas é aplicado ETIOLOGIA DAS ANOMALIAS CONGÊNITAS Malformações congênitas resultam de desvios do bom funcionamento dos fatores intrínsecos do programa genético de desenvolvimento Compreendem ~50% dos óbitos pré e pós-natal O período do desenvolvimento embrionário é mais o suscetível a alterações ambientais TIPOS DE ANOMALIAS CONGÊNITAS + prognóstico e recorrência 1. Padrão esperado: 2. Alterações estrutural de um órgãos ou parte do corpo causado por alterações do programa genético Prognóstico e recorrência: geralmente multifatorial com efeito de limiar diferente entre os sexos. Possibilita um bom prognóstico e cálculo de recorrência 3. Rompimento do desenvolvimento ou de um órgãos por interferência extrínseca ou intrínsecas; pode afetar vários tecidos mesmo que os tecidos não tenham relação genética Prognóstico e recorrência: pode ter causa vascular, infecção, teratogênico ou mecânico. Tem baixa recorrência e baixo prognóstico. Obs.: A banda amniótica não tem causa genética do filho, mas pode ter causa genética materna, como problemas de colágeno 4. Alteração da forma ou posição de um órgão por interferência mecânica extrínseca ou intrínseca; geralmente ocorre após a organogênese, e não tem um padrão regular entre os pacientes Ex.: pé torto equinovaro por pressão intrauterina Prognóstico e recorrência: recorrência baixa. Dependendo do caso, pode ter tratamento. Obs.: Pé torto equinovarus. Pode ter alta recorrência se associado a alteração do útero materno. Ou, se for causado por problema neurológico com base genética 5 Genética Médica – LM 5. Organização anormal das células por alteração do programa genético; não estão confinadas a um órgão e pode ser pré-natal ou pós-natal; geralmente monogênica Ex: Osteogênese imperfeita, Síndrome de Marfan, Displasia ectodérmica. Prognóstico e recorrência: padrão simples com bom prognóstico e taxa de recorrência. Obs.: Teratógeno: dietilestilbestrol, estrogênio sintético, prescrito até anos 60 para prevenir o aborto espontâneo causava câncer de útero e vagina MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS Defeitos de fechamento do tubo neural – 4ª semana Anencefalia com ou sem espinha bífida 2F:1M Maioria dos casos tem etiologia multifatorial (genes+ambiente) • Gene da enzima 5,10-metileno tetra hidrofolato redutase (MTHFR) • Consumo inferior a 230 μg/dia de ácido fólico pela mãe Idade materno (mais de 40 anos) • Condição socioeconômica • Teratógenos Manifestações menos graves, como a espinha bífida oculta, envolvem apenas o arco ósseo da coluna vertebra Manifestações intermediárias incluem meningocele (protrusão das meninges) e meningomielocele (protrusão das meninges e de elementos neurais). Em manifestações mais graves, resulta em anencefalia.
Compartilhar