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A infecção do trato urinário caracteriza-se pela invasão e multiplicação de microrganismos patogênicos em qualquer segmento do trato urinário. Pelo tratado de urologia da Sociedade Brasileira de Urologia, as infecções urinárias podem ser divididas entre simples e complicadas. As simples são episódios de cistite e pielonefrite agudas em indivíduos saudáveis, imunocompetentes, sem comorbidades, sem anomalias urológicas conhecidas, não gestantes e pré-menopausa; já as complicadas fazem parte de uma condição clínica associada a uma anormalidade do trato urinário ou presença de alguma doença imunossupressora de base. Também podem se diferenciar quanto à localização, sendo a cistite o acometimento do trato urinário baixo e pielonefrite o acometimento do trato urinário alto. Outra classificação diz respeito à origem do patógeno (ITU comunitária e ITU hospitalar). As infecções do trato urinário têm incidência variada de acordo com a idade e presença ou não de fatores de risco. As crianças do sexo masculino têm maior suscetibilidade nos primeiros dois a três meses de vida, e depois as do sexo feminino passam a ser as mais acometidas. Na vida adulta, mulheres têm risco maior de apresentar ITU do que os homens, e em mulheres jovens, o início da vida sexual é um marco para o aumento da incidência do quadro. A prevalência de ITU em mulheres permanece até depois da menopausa, quando as alterações hormonais influenciam para a manutenção da alta taxa de infecções. Isso muda, todavia, em indivíduos acima de 60 anos, quando o fator obstrutivo da hiperplasia prostática leva a inversão da proporcionalidade da incidência. Os principais agentes etiológicos são a Escherichia coli, Klebsiella sp e Proteus mirabilis. Em mulheres com vida sexual ativa, o Staphylococcus saprophyticus também tem grande incidência. Os fatores de risco para ITU são alterações anatômicas e funcionais do trato urinário (como bexiga neurogênica, refluxo vesico-ureteral, estenose, cistos), obstrução urinária (HPB, litíase renal), antecedente de infecção prévia, insuficiência renal, patógenos multirresistentes, imunossupressão, diabetes e catéteres urinários. Resíduos miccionais acima de 180mL estão relacionados a maior ocorrência de bacteriúria, porque o próprio fluxo urinário e o esvaziamento adequado da bexiga tem papel importante na proteção. Falhas no mecanismo antirrefluxo na junção vesicoureteral também conferem maior propensão às infecções, porque possibilita a ascensão de bactérias para o trato urinário superior e o desenvolvimento de pielonefrites. Há quatro possíveis vias de entrada das bactérias no trato urinário, sendo a via ascendente pela uretra a mais comum, principalmente em casos de infecções causadas por bactérias de origem entérica, como a E. coli. Outras vias seriam a via hematogênica, a via linfática e a por extensão direta de fístulas vesicovaginais e vesicointestinais, e abscessos perivesicais.
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