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A árvore da evolução humana 0 1 M ilh õe s de a no s at rá s 2 3 4 A. afarensis A. africanus A. anamensis H. sapiens H. neanderthalensis H. heidelbergensis H. ergaster Espécies Homo Espécies Australopithecus Suposta relação entre as espécies de hominídeos Relação dos principais grupos de hominídeos H. erectus H. habilis 28 Capítulo Neste capítulo 1 Teorias sobre a � origem dos seres humanos. A expansão do � Homo sapiens. A primeira � Revolução Agrícola. O domínio � dos metais. A origem da humanidade Ligando os pontos A Terra tem aproximadamente 4,6 bi- lhões de anos, e os primeiros seres vivos surgiram nas águas dos oceanos. A partir de mutações genéticas e de seleção natu- ral, originaram-se os peixes, os anfíbios, os répteis, os insetos e os mamíferos. Es- tes apareceram há cerca de 225 milhões de anos. Os grandes primatas, que são os gorilas, os chimpanzés, os orangotangos e os hominídeos, surgiram por volta de 60 milhões de anos atrás. A vida dos hominídeos é estudada por arqueólogos, paleoantropólogos, biólogos, geneticistas e outros especialistas. Eles pesquisam os vestígios deixados por esses grupos, como restos fósseis, instrumentos, armas, pinturas rupestres (em cavernas e grutas), esculturas e monumentos megalí- ticos, feitos com pedras enormes. Apesar de muito numerosos e profun- dos, os estudos realizados até hoje não permitiram conhecer todos os passos do desenvolvimento das espécies do gênero Australopithecus e das do gênero Homo, como o Homo habilis, o Homo erectus e o homem moderno, o Homo sapiens — a úni- ca espécie ainda existente dos hominídeos. Nesses estudos, os cientistas analisam material genético, avaliam as caracterís- ticas de ossos, comparam crânios, pes- quisam a arte pré-histórica, procuram calcular a idade das amostras. Com base nessas pesquisas, criam hipóteses e ela- boram teorias sobre a origem e o desen- volvimento da espécie humana. Neste capítulo, estudaremos algumas dessas teorias e vamos acompanhar o desenvolvimento cultural do homem pri- mitivo. Ou seja, estudaremos como os primeiros homens e mulheres criaram ins- trumentos, técnicas e modos de vida para enfrentar os desafios da sobrevivência. Relacione a imagem acima com o texto e faça as atividades a seguir. 1. Aponte as diferenças mais evidentes entre os crânios apresentados. 2. Que novas técnicas possibilitam aprimorar os conhecimentos sobre o desenvolvimento do ser humano? Fonte dos dados: Zimmer, Carl. Smithsonian intimate guide to human origins. Washington: Smithsonian Books, 2007. A evolução dos seres humanos foi estudada através da análise das diferenças entre os diversos fósseis encontrados. > 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 28 16.02.10 20:30:01 29 Os primeiros hominídeos viviam em re- giões de florestas, na África. Durante o pe- ríodo de glaciação da Terra, por volta de 5 milhões de anos atrás, as temperaturas caíram, as florestas diminuíram e deram lugar às savanas. Também o número de árvores foi reduzido e as que restaram fica- ram mais finas. Com isso, os ancestrais dos orangotangos, chimpanzés e outros prima- tas, que se deslocavam pela copa das árvo- res, encontraram dificuldades para passar de uma a outra. Já os hominídeos se adapta- ram às savanas, pois conseguiam andar so- bre os pés (bipedalismo) sem a necessidade do auxílio das mãos. Tudo indica que eles trocaram a copa das árvores pelo solo, em- bora continuassem a se alimentar de frutos. Isso facilitou sua sobrevivência em ambien- tes mais áridos. O gênero Australopithecus Os fósseis dos primeiros hominídeos foram encontrados na África, em países como os atuais Quênia, Etiópia e Chade. Os do gênero Australopithecus são compro- vadamente os mais antigos já descober- tos e têm idade aproximada de 4 milhões de anos. A origem dos seres humanos Glossário Glaciação: fenômeno climático associado à alteração do eixo terrestre e a outros fenômenos naturais que levam à diminuição da temperatura do planeta e provocam mudanças no relevo e no nível do mar. Navegue <http://www.assis. unesp.br/egalhard/ humanev2a.htm> Site com lista de hominídeos e suas características principais. Conheça melhor Há cerca de 3,6 milhões de anos, um vul- cão na atual região da Tanzânia entrou em erupção e cobriu a área com cinza vulcânica. Logo depois choveu e a mistura da cinza com a água virou uma espécie de gesso que fixou as pegadas de vários animais. Dois pares de pegadas paralelas provam que o Australopi- thecus afarensis andava sobre os pés (bipe- dalismo) e tinha os dedos alinhados como os do homem moderno (diferentemente dos chimpanzés ou dos gorilas, que possuem o polegar do pé separado dos outros dedos). Essa descoberta da equipe da antropó- loga e arqueóloga Mary Leakey, no sítio ar- queológico de Laetoli, na Tanzânia, em 1978, foi um marco nas pesquisas sobre os ances- trais dos seres humanos. Quatro anos an- tes, haviam sido encontrados na Etiópia os restos fósseis de um Australopithecus afa- rensis do sexo feminino. O exame dos ossos do fóssil, que ficou mundialmente conheci- do pelo apelido de “Lucy”, já apontava para a hipótese de bipedalismo. O bipedalismo do Australopithecus afarensis As escavações revelaram fósseis de várias espécies de Australopithecus, como o Austra- lopithecus afarensis e o Australopithecus africa- nus. Eles eram bípedes, viviam em socieda- de e talvez usassem elementos do ambiente (pedras, galhos) como instrumentos. O gênero Homo O modo como surgiu o gênero Homo ainda é incerto, mas sabe-se que seu sucesso está relacionado à sua capacida- de de adaptação às mais diversas condi- ções naturais e à sua habilidade em fazer instrumentos. Os mais antigos fósseis pertencem à es- pécie Homo habilis e têm cerca de 2 milhões de anos. Eles sabiam fazer instrumentos de pedra e viviam em sociedade. Seu sucessor, o Homo erectus, além de sa- ber fazer armas de pedra eficazes, vivia em comunidades onde havia divisão de tra- balho (cada indivíduo era responsável por uma atividade). O Homo erectus descobriu como fazer o fogo, técnica que o auxiliou a povoar outros continentes, adaptando-se a novos ambien- tes. Seus fósseis foram encontrados na Áfri- ca, na Europa e na Ásia. Paleoantropóloga examina pegadas do Australopithecus afarensis em Laetoli, na Tanzânia. Fotografia de 1995. 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 29 16.02.10 20:30:02 30 A origem da humanidade1 as mesmas regiões. Até pouco tempo atrás, muitos estudiosos acreditavam na ocorrên- cia de cruzamentos entre indivíduos das duas espécies. Atualmente, porém, por cau- sa principalmente das pesquisas genéticas, a maioria dos pesquisadores considera que não houve contato sexual entre H. sapiens e H. neanderthalensis. O homem de Neandertal não é ancestral dos seres humanos atuais. É uma linhagem que se extinguiu. O desaparecimento do homem de Nean- dertal ocorreu há cerca de 30 mil anos e provavelmente se deveu à competição com o Homo sapiens. Ambas as espécies compe- tiam por território e recursos naturais. O Homo sapiens saiu vencedor. O homem de Neandertal Há cerca de 200 mil anos, o Homo nean- derthalensis, o homem de Neandertal, ocu- pou a Europa, a Ásia central e o nordeste da África. Trata-se do hominídeo mais estuda- do. Os arqueólogos já encontraram cente- nas de esqueletos de neandertalenses. A análise desses vestígios mostra que eles possuíam uma grande caixa craniana, maior que a do Homo sapiens, além de músculos for- tes e resistentes. Eram caçadores, fabricavam instrumentos de pedra e foram os primeiros hominídeos a enterrar os seus mortos. O Homo sapiens, o homem moderno, foi contemporâneo dos homens de Neandertal. Os dois grupos ocuparam, em alguns casos, Conheça melhor Várias são as hipóteses acerca do desapare- cimento dos neandertalenses. Eles ocuparam a Europa e o Oriente Médio durante 120 000 anos e resistiram a grandes períodos de frio inten- so, as glaciações.No entanto, entre 35 000 e 25 000 anos atrás, o homem de Neandertal foi rareando até extinguir-se. O que há de novo nesse período, além da es- tabilidade climática, é o aparecimento do Homo sapiens. Por muitos anos, acreditou-se que os neandertalenses eram muito inferiores inte- lectual e culturalmente ao H. sapiens, de modo que simplesmente não teriam sobrevivido à presença desses. Contra essa visão, pesquisas recentes reve- lam que eles não eram tão grosseiros, pois fa- bricavam utensílios e ferramentas, e enterravam seus mortos com rituais de origem mágica ou re- ligiosa. Então, como e por que desapareceram? Várias hipóteses, que passaram pelo geno- cídio, por epidemias e até pela fusão entre as espécies, foram derrubadas uma a uma por téc- nicas avançadas de pesquisa. Atualmente, os cientistas concordam que não há uma causa única para a extinção dos nean- dertalenses, mas sim uma conjunção de fatores. Um desses fatores seria a concorrência com os H. sapiens por recursos naturais limitados: caça, sementes e frutos, que nem sempre per- mitiam o sustento de muitos grupos humanos. Outra possibilidade é a questão demográfica — os neandertalenses apresentavam baixos ín- dices de natalidade e alta mortalidade, sobretu- do por se arriscarem em caçadas a animais de grande porte, como os mamutes. No entanto, a resposta continua sendo buscada até hoje. O desaparecimento do homem de Neandertal Assista A guerra do fogo. Direção de Jean- -Jacques Annaud, Canadá/França, 1981. O filme focaliza o domínio e o uso do fogo e a evolução da linguagem entre os hominídeos. Os sons foram planejados pelo estudioso de fonética e escritor Anthony Burgess, que também assinou o roteiro. Você viu Os primeiros � hominídeos: gênero Australopithecus e gênero Homo: H. habilis, H. erectus e H. neanderthalensis. 0° 10°L 20°L 30°L 40°L 50°N 40°N 20°O 10°O 01_c_0216_EMH1_028_LA 40 mil anos atrás km 0 745 Homo nearderthalensis Homo sapiens 0° 10°L 20°L 30°L 40°L 50°N 40°N 20°O 10°O 01_c_0217_EMH1_028_LA 35 mil anos atrás km 0 745 0° 10°L 20°L 30°L 40°L 50°N 40°N 20°O 10°O 01_c_0218_EMH1_028_LA 30 mil anos atrás km 0 745 Fonte de pesquisa: Hominidés. Disponível em: <http://www.hominides.com/html/ dossiers/disparition _neanderthal.html>. Acesso em: 5 maio 2009. DistribuiçãO GeOGráfiCA De Homo neAndertHAlensis e Homo sApiens NA eurOpA 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 30 16.02.10 20:30:05 Equador Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Círculo Polar Ártico OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO EUROPA ÁSIA ÁFRICA AUSTRÁLIA OCEANO ÍNDICO Australopithecus Homo habilis Homo erectus e Homo ergaster Homo heidelbergensis Homo neanderthalensis Homo sapiens 01_c_0187_EMH1_029_LA km 0 2920 LOCAis em que fOrAm eNCONtrADOs VestíGiOs De hOmiNíDeOs 31 O Homo sapiens O Homo sapiens moderno surgiu na África há cerca de 120 mil anos. Da África, o Homo sapiens migrou para o Oriente Médio e para a Ásia, sempre em busca de animais para caçar e frutos para coletar. Após apren- derem a navegar, nossos antepassados chegaram à Oceania, às ilhas do Pacífico e, navegando ou caminhando, ocuparam toda a América. Caçadores e coletores Quando os antepassados do homem mo- derno ainda não caçavam, fazia parte de seus hábitos alimentares comer os restos de carne de animais abatidos por outros predadores. Com o tempo, aprenderam a pescar e a ca- çar, atividades que exigiam o trabalho coor- denado do grupo. Durante o Paleolítico, os grupos humanos eram nômades. Quando o inverno chega- va ou os animais e plantas escasseavam, ho- mens e mulheres migravam em busca de cli- mas mais amenos e de maior possibilidade de caça e coleta. Para obter alimento, desenvolveram ins- trumentos de pedra. Batendo determinados tipos de pedra no solo ou umas contra as outras, conseguiram lâminas afiadas com as quais partiam sementes e cortavam frutos silvestres e raí- zes. Amarradas a cabos de madeira, essas pedras trabalhadas deram ori- gem aos machados, às lanças e às flechas. O aperfeiçoamento das técnicas de fabricar instrumentos fez os ho- minídeos desenvolverem lâminas cada vez mais finas, que possibilita- ram a confecção de pontas de flechas e lanças. Estas atingiam a caça a distâncias maiores, e o caçador não arriscava tanto a sua vida. Além da carne, os caçadores aproveitavam as peles dos animais abati- dos para fazer roupas. Os utensílios de pedra também eram usados para a feitura das vestimentas. A megafauna Há cerca de 30 mil anos, os grandes animais da Austrália desapare- ceram. Cangurus gigantes, répteis e imensas aves – animais que pesam acima de 40 kg – foram extintos. Esse fenômeno se repetiu entre 15 e 10 mil anos atrás na Europa, na Ásia e na América. As espécies mais conhecidas da megafauna no hemisfério norte são os mamutes, os tigres-dentes-de-sa- bre e os alces gigantes. Na América do Sul, foram encontrados fósseis de preguiças-gigantes, de gliptodon- tes (tatus enormes) e de mastodontes (os antepassados dos elefantes). A hipótese que explica o fim da megafauna associa um novo período de glaciação da Terra e a consequen- te diminuição das florestas com o au- mento da eficiência dos hominídeos modernos na caça. Dessa maneira, os grandes animais desapareceram, mas seus fósseis são encontrados no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Fonte de pesquisa: Black, Jeremy (Ed.). Atlas da História do mundo. Londres: Dorling Kindersley, 2005. Você viu O � Homo sapiens moderno. A megafauna. � > Comparação entre o tamanho da preguiça- -gigante, espécie da megafauna da América, e o do homem atual. Fósseis da megafauna sul-americana, como a preguiça- -gigante, são encontrados em vários estados do Brasil. Réplica de preguiça-gigante do Museu de Ciências Naturais da PUC-MG. > Comparação entre o tamanho da preguiça- 4,0 m 1,8 m 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 31 16.02.10 20:30:09 32 A origem da humanidade1 A Revolução Agrícola O aumento da temperatura da Terra no fim da última glaciação, há cerca de 10 mil anos, originou uma profunda transformação na vida dos caçadores e coletores pré-históricos. Do Paleolítico ao Neolítico Graças à elevação da temperatura, houve o aumento das espécies vegetais. Havia mais fru- tas e sementes para coletar. Enquanto os homens caçavam, as mulheres perceberam que nasciam plantas nos locais em que deixavam cair semen- tes. Daí surgiu, há quase 10 mil anos, uma ati- vidade que revolucionou a vida humana: a agri- cultura. Animais começaram a invadir os campos cultivados em busca de alimento. As pessoas eram obrigadas a vigiar os campos e, ao mes- mo tempo, começaram a domesticar os ani- mais mais dóceis. Cavalos, carneiros, cabras, bois, porcos, patos, gansos, galinhas, ga- los e cachorros foram domesticados. Os animais eram muito úteis, pois forneciam carne, leite, lã, ovos, esterco e auxiliavam no transporte. Os cães ajudavam a evitar que os herbívoros comessem as plantações. Para estocar os grãos e armazenar água, foram criados recipientes de cerâmica, feitos do barro fresco das margens dos rios. Os recipien- tes secavam ao sol e depois eram submetidos a altas temperaturas. A queima era necessária para tornar potes e tigelas mais resistentes e impermeáveis. Em função desses acontecimentos, a vida do ser humano havia- -se transformado. Em vez de praticar a caça e a coleta, ele passou a cultivar a terra e a pastorear. Plantar era uma atividade trabalhosa. Era necessário revolver a terra para semear, irrigar, proteger a plantação dos ataques de aves e animais, colher e construir silos – depósitos secos e seguros para armazenar a colheita, principalmente os grãos, como trigo, cevada e aveia, até a próxima safra. O processo de domesticação de vegetais e animais originou espé- cies mais adaptadas e produtivas. Através da seleção de sementes e de cruzamentos surgiram grãos, tubérculos e gramíneas mais suculentos, nutritivos e aogosto dos seres humanos. Como era? As armas de pedra Machados de mão e lâminas com dois gumes eram elabora- dos com lascas de pedra por gru- pos de Homo erectus e homens de Neandertal. Tanto os macha- dos quanto as lâminas eram ma- nipulados sem cabo. As pontas de lanças e flechas eram amar- radas em cabos de madeira. Conheça melhor Atualmente, o conceito de “Pré- -História” é considerado incorreto, como vimos anteriormente. A maioria dos historiadores defende que a ação dos seres humanos é sempre históri- ca, seja qual for o tipo de sociedade em que viveram — nômade ou seden- tária, organizada em comunidades ou estados, dotada ou não de escrita. Porém, o termo “Pré-História” — de fácil entendimento — continua sendo usado em livros didáticos para designar os primeiros milênios da História humana. Esse extenso período foi dividido em três fases. Paleolítico Teve início com o surgimento dos hominídeos e durou até cerca de 8000 a.C. Nessa fase, os seres huma- nos eram caçadores e coletores nôma- des. Fabricavam artefatos de pedra. Neolítico Teve início aproximadamente em 8000 a.C. e durou até cerca de 5000 a.C. Alguns grupos humanos apren- deram a cultivar várias espécies de plantas e a criar animais, tornando-se sedentários. Idade dos Metais Período entre c. 6000 a.C. e c. 1200 a.C., aproximadamente, quando alguns grupos humanos aprenderam a utilizar metais como cobre, ouro, prata, estanho e ferro. Os períodos da pré-história Ferramentas de pedra feitas pelo Homo erectus, coletadas no norte da África. Pintura rupestre do sítio arqueológico de Tassili n’Ajjer, Argélia, mostrando os vaqueiros e seu gado, c. 1000 a.C.> 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 32 16.02.10 20:30:11 33 As primeiras aldeias neolíticas O desenvolvimento da agricultura resul- tou no aproveitamento mais intensivo dos recursos naturais. Havia mais comida, fibras vegetais e animais, plantas medicinais, ani- mais para alimentação, tração e produção de leite e laticínios. A população aumentou por causa da maior oferta de alimentos. Por volta de 6000 a.C., as aldeias agrícolas neolíticas fi- caram maiores e mais populosas. As casas tornaram-se mais duráveis e eram feitas de argila socada, madeira, tijolos e até mesmo de pedra, dependendo da ma- téria-prima disponível em cada região. Novos instrumentos, como pilões, almo- farizes e moinhos, surgiram para amassar os grãos e transformá-los em farinha. Os homens e as mulheres do Neolítico também começaram a desenvolver a tece- lagem. As peles usadas nas roupas foram substituídas por fibras animais – a lã de ove- lhas e cabras – ou vegetais – como o linho e o algodão. Os fios eram entrelaçados for- mando o tecido, mais flexível e confortável que o couro utilizado nas vestimentas antes do desenvolvimento dessa técnica. As cidades As primeiras cidades concentravam ca- sas cujos habitantes faziam cerâmica, te- cidos, armas, ferramentas e vários artigos que eles trocavam entre si ou por produtos agrícolas dos camponeses. Não se sabe ao certo como as aldeias agrí- colas passaram a repartir o espaço com as cidades. Provavelmente, um grupo organi- zava em qual época semear, colher e estocar grãos. Esse mesmo grupo se apropriou das áreas agrícolas e começou a cobrar impostos em forma de produtos para permitir que os camponeses cultivassem a terra, cuja posse até então era coletiva. Talvez pessoas respei- tadas pela sua capacidade de liderar tenham começado a dirigir as demais e formado as camadas privilegiadas das cidades. A estruturação das cidades teve como desdobramento a formação do Estado. Cada núcleo urbano passou a controlar a produção dos campos das aldeias próxi- mas. Desse modo, surgiram pequenas uni- dades territoriais compostas de cidades e numerosas aldeias agrícolas submetidas à mesma autoridade política. > As pesquisas arqueológicas revelaram os restos de vila do período Neolítico em Mainland, ilhas Orkney, Escócia. Fotografia de 2007. Você viu A Revolução � Agrícola. As primeiras � aldeias neolíticas. As cidades. � A escrita. � pONtO De VistA surgimento da escrita Da tecnologia alcançada, a fiação e a tecelagem, a cerâmica, as olarias, os na- vios, os veículos com rodas, os calendá- rios, os sistemas de pesos e medidas e os primórdios da matemática são apenas alguns exemplos. Surgiu a escrita, mar- cando para muitos historiadores a pas- sagem da Pré-História para a História. Ao meu ver, no entanto, ela foi apenas uma entre tantas outras transformações que ocorreram em curtíssimo espaço de tempo, permitindo o registro de eventos sociais e características culturais desses povos para as gerações futuras. GuGlielmo, Antonio Roberto. A Pré-História, uma abordagem ecológica. São Paulo: Brasiliense, 1999. p. 43 A escrita A prática da agricultura e da criação de animais trouxe a necessidade de obter ma- neiras de registrar e contar os animais e ve- getais pertencentes a uma comunidade. Uma das formas encontradas foi a escrita. A adoção da escrita, além de proporcionar um eficiente modo de registrar os estoques de alimentos, permitiu o aparecimento da litera- tura, isto é, do registro de ideias, lendas, etc. Os estudiosos do século XIX considera- ram a invenção da escrita um acontecimen- to fundamental, a ponto de determinar a di- visão do passado humano em Pré-História, período anterior ao desenvolvimento da es- crita e História, que inicia a partir da utili- zação da escrita. Dessa maneira, a escrita apenas registra ideias e pensamentos que os seres humanos produzem e que podem ser transmitidos e registrados por outros meios, seja em de- senhos nas paredes das cavernas, seja pela oralidade. 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 33 16.02.10 20:30:14 34 A origem da humanidade1 A Idade dos Metais Existem duas hipóteses a respeito do início do uso dos metais. Há cerca de 10 mil anos, quando artesãos de lâminas e outros instrumentos de pedra manipularam um pedaço de rocha que continha um minério como o cobre, perceberam que esta não lascava como as outras, pois ela possuía certa flexibilidade e podia ser moldada com marteladas. Depois passaram a aquecer o cobre e a moldá-lo em diversas formas. Outra hipótese é que os homens verificaram que algumas pedras usa- das para circundar fogueiras e evitar que o fogo se espalhasse derretiam com o calor. Eles passaram a derreter essas pedras que continham me- tais e a fabricar armas e outros objetos. Idade do Bronze Os primeiros metais utilizados foram o cobre, o ouro, a prata e o estanho. Aquecidos, derretiam até ficar no estado líquido e podiam ser misturados, resultando em ligas metálicas mais resistentes que o mineral isolado. Alguns dos mais antigos objetos de cobre foram encontrados em tú- mulos do Antigo Egito, colocados ali para uso dos mortos na outra vida. Foram confeccionados há cerca de 6 500 anos. Misturando cobre e estanho, obteve-se o bronze, liga metálica utiliza- da em armas durante séculos. O mais antigo objeto de bronze, encon- trado numa pirâmide do Egito, tem idade estimada em 5 700 anos. Nem todos os objetos de metal eram destinados à guerra. Os joalheiros e ourives elaboraram belos e sofisticados ornamentos. E foram produzidos também instrumentos destinados à agricultura e algumas ferramentas. Idade do Ferro Os primeiros instrumentos de ferro surgiram por volta de 1500 a.C. Foram posteriores aos elaborados com os demais metais, princi- palmente por causa da dificuldade em trabalhar o tipo de mineral de onde era extraído. O ferro é um metal que derrete somente a temperaturas superiores a 1 500 °C. Em função disso, os instrumentos eram confeccionados aquecendo-se o minério até amolecer e depois martelando-o para ob- ter as formas desejadas. Armas de ferro eram muito mais resistentes que as de bronze; aos poucos, conforme o acesso à matéria-prima e o domínio da tecnologia se difundiam, o bronze foi deixando de ser usado e deu lugar ao ferro. Povos comoos hicsos invadiram e dominaram por algum tempo o Egi- to graças às suas armas de ferro, muito mais resistentes. Os olmecas Por volta de 1500 a.C., quando se difundiam na Ásia e no Egito os ins- trumentos de ferro, no atual México formavam-se aldeias agrícolas dedica- das ao cultivo de milho, pimentas, etc. Três séculos depois, esses produtos possibilitaram o florescimento da cul- tura olmeca. Considerada a mais anti- ga das civilizações pré-colombianas, a civilização olmeca decaiu por volta de 400 a.C., mas influenciou povos como os toltecas, os maias e os astecas. Outras histórias > Grandes torçais de Ipswich e de Snettisham, século I a.C., encontrados na Inglaterra. Destinados a ser usados como colar, foram feitos, por ourives celtas, de uma liga de quase 1 quilo de ouro e um pouco de prata. Os celtas ocuparam quase toda a Europa no final da Idade do Bronze e destacaram-se pela qualidade de suas armas e joias. Conheça melhor A sequência do desenvolvimento metalúrgico terá início com o cobre, extraído da malaquita em maior es- cala, na região que hoje correspon- de ao Irã, por volta de 4200 a.C. A partir daí, teremos um longo desen- volvimento na obtenção de metais e ligas metálicas, como foi o caso do bronze, que fez a glória dos exércitos egípcios. [...] Por fim, chegaremos ao ferro, cujas condições de fundição a altíssima temperatura, e necessidade de um complicado processo de trata- mento posterior, só serão totalmen- te dominadas por volta de 1400 a.C., pelos hititas; uma vez dominada a técnica, porém, este metal torna-se largamente difundido. A facilidade em se encontrar a hematita, minério do qual o ferro é extraído, torna-o um substituto superior, em resistên- cia e quantidade, ao bronze. GoldfarB, Ana Maria. Da Alquimia à Química. São Paulo: Nova Stella, 1987. p. 47. O desenvolvimento da metalurgia Glossário Hicsos: povo asiático que dominou o egípcio entre 1630 a.C. e 1520 a.C. Eles introduziram cavalos e carros de guerra no Egito, além de armas aperfeiçoadas. Foices de bronze, c. 1200-1100 a.C., coletadas no sítio arqueológico de Champrosay, França. 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 34 16.02.10 20:30:16 35 Os monumentos megalíticos Entre 5000 e 3000 a.C., os povos neolíti- cos da Europa Ocidental, do litoral do mar Mediterrâneo e do norte da África ergueram monumentos megalíticos. Eram constituí- dos de imensos blocos únicos de pedra, os menires, ou de dois ou mais blocos encima- dos por um terceiro bloco, os dolmens. Menires e dolmens foram encontrados em diversas posições: alinhados como os de Carnac, na França, com seus 2 935 meni- res, ou dispostos em círculo, como o famoso monumento de Stonehenge, na Inglaterra. No local em que foram assentados os mo- numentos megalíticos encontraram-se cor- pos das pessoas que viveram nas comuni- dades agricultoras e pastoris locais. Tais construções funcionavam, portanto, como uma espécie de cemitério. Segundo alguns arqueólogos e historiadores, esses locais eram considerados sagrados, pois eram o ponto de encontro entre vivos e mortos, es- paço do sobrenatural. Além disso, alguns monumentos me- galíticos, como o de Stonehenge, tam- bém eram verdadeiros calendários de pe- dra. Os círculos de pedra indicam eventos astronômicos importantes, como as fases da Lua e os solstícios de verão e inver- no. Provavelmente, Stonehenge era utili- zado como um local de rituais religiosos pelos povos agricultores da região. E não está descartada a hipótese de ter sido ain- da um centro de curas. A diversificação das profissões O desenvolvimento da agricultura e da pecuária levou o ser humano ao sedenta- rismo. Não era mais necessário migrar em busca de alimento, já que ele estava dispo- nível em forma de campos cultivados e ani- mais domesticados. Além disso, com a crescente produção de excedentes de alimentos, nem todos precisavam se dedicar à agricultura e ao pastoreio. Nas aldeias, surgiram profissio- nais especializados em fabricar instrumen- tos, tecer fibras, moldar tijolos e vasilha- mes de cerâmica. Dessa maneira, aos poucos, os grupos sociais começaram a se diferenciar. A pos- se da terra deixou de ser coletiva e algu- mas famílias se apropriaram dos lotes mais produtivos. O processo se intensificou com a formação das cidades. Os campo- neses passaram a pagar tributos aos gover- nantes. Surgiram personagens tipicamente urbanas: reis, sacerdotes que controlavam as práticas religiosas, funcionários, solda- dos que garantiam a cobrança dos impos- tos, mercadores que intermediavam a tro- ca dos excedentes rurais pelos artigos do artesanato, etc. O resultado foi que a maior parte da po- pulação dos campos perdeu a posse das ter- ras cultivadas. Também ficou distante do poder político, centralizado na cidade e exercido pelo rei, com o apoio de funcioná- rios civis e militares. história e física Arqueólogos dataram em torno de 2300 a.C. a constru- ção de Stonehenge, o grande conjunto de círculos de pe- dras erguido na planície de Salisbury, no sul da Inglaterra. O cálculo baseou-se nos teores de radiocarbono existentes em amostras obtidas no local. O método de datação conhecido como radiocarbono ou carbono 14 foi desenvolvido na década de 1940. Ele forneceu aos historiadores um “relógio” para calcular a idade de restos fósseis, ossos e outros documentos ar- queológicos de até 60 mil anos. O processo baseia-se na constatação de que a relação entre o carbono 12 e o carbono 14 (radioativo) é constante nos seres vivos, mas após a morte o carbono 14 existente no organismo não é mais reposto. Os físicos e químicos verificaram que esse isótopo radioativo tem meia-vida de aproximadamente 5 700 anos, ou seja, decorrido esse prazo a massa de carbono 14 cai para a metade. Ao medir a relação entre carbono 12 e carbono 14 na amostra e compará-la com a existente em um ser vivo, é possível calcular a idade da amostra. Por exemplo, se esta contiver metade do carbono 14 encontrado em tecidos vi- vos, o ser que forneceu a amostra estava vivo há cerca de 5 700 anos. Você viu A Idade dos � Metais. A diversificação � das profissões. Os monumentos � megalíticos. Ruínas de Stonehenge, na Inglaterra. Supõe-se que era um centro de rituais e também de observação astronômica. 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 35 16.02.10 20:30:17 Ontem e hoje 36 um dia vamos virar pinguins Na próxima vez que você tiver vontade de reclamar do frio, pare para pensar na sua sorte. Temperaturas médias amenas como as dos últimos 10 mil anos, com direito a banho de sol na praia e até a um mergulho no mar morninho de vez em quando, foram raríssimas na história do planeta. Os dados disponíveis, abrangendo os últimos 5 milhões de anos, mostram que, durante 90% do tempo, a Terra esteve sob uma frigidez mortal – assolada pelas glaciações. Glaciações produzem mudanças drásticas no clima. Elas vêm e vão em grandes ciclos, duram 100 mil anos e transformam o planeta num freezer. Nesse período, um quarto do hemisfério norte fica sob uma capa de gelo de milhares de metros de espessura. Boa parte dos oceanos vira um vasto rinque de patinação. Segue-se um curto instante de alívio, de alguns milhares de anos de calor, chamado período interglacial, e depois o longo inverno retorna. É dose para pinguim. Até este ano [1999], era consenso que estaríamos en- trando na etapa final de um desses breves intervalos en- solarados. Os cientistas sustentavam a afirmação pelo fato de que a Terra gira meio tombada no espaço [...]. Entenda o raciocínio: a inclinação faz com que os polos fiquem voltados para o Sol, durante o verão, e percam a neve que cai no inverno. Só que a inclinação da Ter- ra varia com o tempo: há dez milênios, ela era maior do que hoje e os verões, mais fortes. Foi isso que fez o frio recuar, naquela época, imaginavam os cientistas. Então, como agora a inclinação está menor, eles deduziram que o gelo deveria estar de volta. [...] mais inclinação,menos gelo Na inclinação máxima da Terra, de 24,5 graus, chega mais luz ao polo e o gelo não se amontoa. Hoje, o ângu- lo é de 23,5 graus e está diminuindo. [...] De pé, risco de glaciação Alguns cientistas acham que a glaciação não virá tão cedo. Eles alegam que só haveria risco imediato se a in- clinação estivesse no seu valor mínimo, de 22,5 graus. Nessa posição, o polo recebe pouca energia e a tendên- cia a armazenar neve é grande. [...] [...] Para o climatologista James Kasting, da Univer- sidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, o homem também está interferindo nas glaciações. Ele se refere ao aquecimento da atmosfera causado pelo gás carbônico que sai dos carros, das fábricas e da queima das flores- tas. O gás armazena a energia solar e faz o termômetro subir. É mais um motivo para adiar o congelamento por um bom tempo. Talvez até para sempre. [...] [...] O estudo da glaciação mais recente, que só ter- minou 10 mil anos atrás, mostra que a temperatura média da Terra ficou uns 9 pontos abaixo dos 15 °C atuais. O efeito foi a formação de um iceberg mons- truoso, com 4 quilômetros de espessura, que ocupou, primeiro, todo o Oceano Ártico. Depois avançou sobre terra firme, engolindo metade da Europa e da América do Norte e um décimo da Ásia. Plantas e bichos, entre eles o Homo sapiens, fugiram para regiões mais ao sul, para o que sobrou de cada continente. O resto do mundo não congelou, mas sofreu com a estiagem. Com o frio, até o vapor do ar condensou e virou neve. [...] [...] Mesmo assim, não há por que se queixar dos ci- clos congelantes. Considere que eles alteram o ambiente e obrigam as espécies a evoluir. Nossos ancestrais maca- coides podem ter sido obrigados a descer dos galhos de- pois que uma glaciação, há 4 milhões de anos, dizimou as matas que habitavam. Com isso, aprenderam a andar com duas pernas no chão. Para nós, que descendemos desses bípedes, foi como tirar a sorte grande. BurGierman, Denis R. Um dia vamos virar pinguins. In: Superinteressante. São Paulo: Abril, n. 141, jun. 1999. reflita 1. Interprete a opinião do autor do texto quando considera que nós temos muita sorte em viver no atual período da História da Terra. 2. Deduza como o homem está conseguindo interferir nas glaciações. Vista do glaciar Sjogren, na península Antártica, que apresenta grande perda de gelo. Devido ao aquecimento global, a velocidade de deslocamento das geleiras antárticas aumentou 12% entre 1993 e 2003. Outras estão derretendo. Com isso, mais gelo é lançado no mar. 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 36 16.02.10 20:30:18 37 Dossiê Os meios de comunicação de massa costumam apontar o efeito estufa como o vilão do aquecimen- to global. No entanto, sem ele a Terra seria 34 °C mais fria do que é hoje e viveríamos em temperaturas muito abaixo de zero. Durante o dia, a radiação do Sol atravessa a atmosfe- ra. Parte da energia da radiação é absorvida pela Terra e a aquece, outra parte é refletida e volta ao espaço. Uma terceira parcela da radiação refletida permanece na at- mosfera, aquecendo a superfície do planeta e a camada de ar. É isso que dá origem ao efeito estufa, como você pode observar no boxe abaixo. Os gases que ajudam a atmosfera a reter a radiação solar sempre estiveram presentes. Todavia, desde o iní- cio da Revolução Industrial, por volta de 1750, a quan- tidade deles está aumentando, por causa da ação do homem. Além disso, surgiram novos gases que intensi- ficam o aquecimento. Os principais gases responsáveis pelo efeito estufa são os relacionados a seguir. CO 2 – Dióxido de carbono, também conhecido como gás carbônico, resultado da queima de combustíveis fós- seis como petróleo, carvão e florestas. É o principal res- ponsável pelo efeito estufa. CH 4 – Metano, produzido por plantações de arroz, di- gestão de herbívoros, emanações de vulcões e pântanos. HNO 3 – Ácido nítrico, resultado da queima de ma- deira. CFC – Clorofluorcarbono, muito usado em sprays e isolantes de equipamentos de refrigeração. É o respon- sável pela destruição da camada de ozônio, que protege os seres vivos dos perigosos raios ultravioleta do Sol. O resultado final do efeito estufa e de outros pro- cessos resultantes da ação humana é o aquecimento global. As calotas polares e as neves das montanhas estão derretendo e contribuindo para elevar o nível do mar. Populações inteiras que vivem nos litorais estão ameaçadas com inundações. Além disso, ocor- rem outros males: desmatamento, desaparecimen- to de espécies, secas violentas, erosão, aumento de doenças como a dengue e a malária e de doenças res- piratórias causadas pela poluição atmosférica. Essas graves consequências já estão acontecendo e vão pio- rar se governos e cidadãos não agirem rapidamente. Efeito estufa e aquecimento global Discussão sobre o texto 1. Descreva os efeitos benéficos do efeito estufa natural e indique as causas que levaram ao descontrole desse fenômeno. 2. Você conhece alguma iniciativa para acabar com o efeito estufa e o aquecimento global? Descreva-a. 3. É possível conscientizar sua família, seus amigos e vizinhos a respeito do aquecimento global. Tome essa iniciativa e explique os efeitos do aquecimento global para todos. O efeito estufa A B C A. Os raios do Sol atravessam a atmosfera; parte da energia dos raios é absorvida pela Terra e a aquece. B. Parte dos raios solares é refletida pela Terra e volta ao espaço. C. Parte dos raios refletidos pela Terra permanece na atmosfera e aquece a superfície do planeta e a atmosfera: é o efeito estufa. Fonte dos dados: <http://www.rudzerhost.com/ambiente/estufa.htm>. Acesso em: 14 nov. 2008. EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 37 02.04.10 10:14:10 38 Atividades A origem da humanidade1 AteNçãO: não escreva no livro. Responda a todas as questões em seu caderno. retratam rituais e festas, constituindo uma fonte de informação inigualável. funari, Pedro P.; noelli, Francisco S. Pré-História do Brasil. São Paulo: Contexto, 2005. p. 15-19. a) Como podemos conhecer a vida dos grupos hu- manos pré-históricos? b) O que os ossos de nossos antepassados podem informar? c) Que informações podemos obter da cerâmica dos homens pré-históricos? d) O que revelam as pinturas rupestres? Observe as pinturas encontradas no sítio arqueoló-12. gico de Tassili n’Ajjer, na Argélia. Com base no que você estudou, que informações podem ser deduzi- das a respeito de cada uma? Verifique o que aprendeu Identifique como é possível saber a história de nos-1. sos antepassados mesmo sem registros escritos. Relacione as causas do sucesso do gênero 2. Homo até hoje. Descreva alguns dos vários níveis de relaciona-3. mento entre o Homo neanderthalensis e o Homo sapiens. Descreva as hipóteses que explicam o desapareci-4. mento da megafauna. Diferencie o principal aspecto do Paleolítico em re-5. lação ao Neolítico. Apresente uma das hipóteses a respeito da desco-6. berta dos metais. Construa uma linha do tempo referente ao uso dos 7. metais na Pré-História e no início dos tempos his- tóricos. Caracterize o surgimento das primeiras aldeias 8. neolíticas e das profissões. Explique o surgimento dos primeiros Estados e em 9. que período histórico isso ocorreu. Deduza a função dos monumentos megalíticos que 10. surgiram em várias áreas da Europa e no norte da África no final da Pré-História. Leia e interprete Com base no que você estudou até aqui e na leitura 11. do texto abaixo, responda às questões propostas. Como se pode conhecer a Pré-História? Podemos saber como viviam e o que pensavam os homens que existiram há milhares de anos? Se- ria possível determinar como se aconchegavam, como plantavam ou caçavam ou em que acredita- vam? A resposta não é tão simples. Vamos, então, por partes. [...] A principal maneira de ter acesso ao passado pré-histórico é o estudo dos vestígios materiais que chegaram até nós. [...] [...] A cerâmica pode nos informar sobre como as pessoas armazenavamprodutos ou como comiam, mas, em alguns casos, a forma e a decoração tam- bém podem nos dar indicações a respeito da simbo- logia e dos valores sociais adotados. As pinturas e gravuras, feitas nas paredes de ca- vernas ou em outras pedras, conhecidas como ru- pestres, são também evidências materiais que muito podem nos dizer sobre o passado pré-histórico. Al- gumas delas [...] representam humanos e animais e nos mostram como se pescava e caçava, assim como a) O que representa a primeira figura? b) O que representa a segunda figura? c) Se as duas imagens representarem caçadores, descreva o possível modo de vida desse grupo. d) Se a segunda imagem representar pastores, ex- plicite as diferenças desse grupo em relação ao da primeira imagem. Pinturas localizadas no sítio arqueológico de Tassili n’Ajjer, Argélia. Somente nesse sítio já foram descobertas cerca de 15 mil pinturas em pedra. Esses desenhos foram produzidos de 7 mil a 3 mil anos atrás. 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 38 16.02.10 20:30:23 39 a) Por que o nível de vida dos kung pode servir de parâmetro para o dos grupos humanos pré- -históricos? b) Segundo o texto, o padrão de vida — oferta de alimentos, condições físicas e longevidade — dos grupos humanos do Paleolítico era inferior ao atual padrão dos trabalhadores assalariados de países não desenvolvidos como o Brasil? c) Justifique a afirmação do autor do texto: “A ima- gem de caçadores pré-históricos subnutridos, lu- tando contra as intempéries e doenças, não tem base real de sustentação”. O texto a seguir discute o grave problema da obesi-15. dade que acomete a população dos Estados Unidos atualmente. A fartura do país: os EUA enfrentam o problema de obesidade [...] Os norte-americanos desfrutam de uma fartura e de uma variedade de alimentos sem prece- dentes. Cercados por comidas apetitosas, práticas e acessíveis, em geral ricas em calorias, muitos acabam se excedendo. Um estilo de vida no qual se come muito e se pratica pouco exercício tem levado a um aumento acentuado da obesidade. As consequências à saúde são graves e o ônus social significativo. Um número crescente de pessoas reconhece que a abun- dância de alimentos exige escolhas inteligentes. Durante a maioria dos seus seis milhões de anos os seres humanos foram caçadores-coletores que caçavam, pescavam e colhiam frutos e vegetais para se alimentar. Como a fonte da próxima refeição era incerta, o Homo sapiens evoluiu para conseguir sobreviver com escassez de alimentos. Nosso orga- nismo armazena as calorias excedentes em forma de gordura e, assim, quando há falta de alimento, transforma essa gordura em energia. Esse sistema metabólico extremamente ajustado atende bem às nossas necessidades, mas não foi desenvolvido para processar excessos contínuos de alimentos. Em re- sumo, o organismo continuará armazenando o exce- dente de energia em forma de gordura, ainda que o excesso de peso resulte em prejuízos à saúde. [...] friedman, Michael J. Revista eletrônica do Departamento de Estado dos EUA, jul. 2004. Disponível em: <http://usinfo.state.gov/journals/itsv/0704/ijsp/ friedman.htm>. Acesso em: 13 out. 2008. a) Justifique como o nosso organismo acumula ca- lorias excedentes sob a forma de gordura. b) Identifique o problema atual que transformou esse recurso de sobrevivência em uma epidemia de obesidade. c) Sugira meios para enfrentar o problema con- temporâneo da obesidade. d) A obesidade é um problema exclusivo dos Es- tados Unidos? A partir do conteúdo aprendido no capítulo e da 13. imagem a seguir, responda às questões. a) Descreva de forma clara e detalhada os obje- tos reproduzidos. b) Quais são os possíveis usos dessas peças? c) O que pode indica a decoração das peças? Leia o texto do historiador Antonio Roberto Gu-14. glielmo e responda às questões propostas. Numa população moderna de caçadores-co- letores – os kung san do deserto do Kalahari, na Namíbia – foram identificados grupos nômades, construtores de acampamentos temporários, com 31 indivíduos em média (vinte adultos e onze crianças). Não carregavam muitos pertences; no entanto, a população era saudável, com expectativa de vida longa (mais de 10% tinha mais de 60 anos, enquanto no Brasil este índice não chegava a 5% até bem recentemente), embora explorassem uma região semidesértica, com reduzida variedade de espécies animais e vegetais. Cerca de 70% das ca- lorias consumidas provinham da atividade coletora feminina, enquanto a caça supria o restante. Jul- gando-se pela quantidade de alimento disponível, suas condições físicas e seu tempo de lazer elevado, os kung apresentavam um alto padrão de vida. [...] [...] A que conclusões levam esses fatos? Pri- meiro: não se pode dizer que a melhoria da efici- ência energética nos sistemas de produção de ali- mentos tenha revertido em geral em grande mu- dança nos padrões de bem-estar das populações. A imagem de caçadores pré-históricos subnutridos, lutando contra as intempéries e doenças, não tem base real de sustentação, uma vez que esse mo- delo ainda sobrevive e nada indica que um kung da Namíbia seja mais infeliz que um metalúrgico desempregado do ABC. GuGlielmo, Antonio R. A Pré-História, uma abordagem ecológica. São Paulo: Brasiliense, 1999. p. 60-62. Peças de cerâmica pintada encontradas em Hacilar, Turquia, datadas de c. 5 000 a.C. 9P_EMH1_LA_U01_C01_026A039.indd 39 16.02.10 20:30:24