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– ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Introdução: A cárie é: • Doença bacteriana, infecciosa e de caráter crônico; • Possui etiologia multifatorial; • Trata-se de um desequilíbrio no processo DES-RE (desmineralização-remineralização); • Fatores que desequilibram o processo DES-RE: ✓ Quantidade de biofilme; ✓ Cariogenicidade dos alimentos; ✓ Quantidade e qualidade da saliva; ✓ Susceptibilidade dentária; ✓ Concentração de flúor no ambiente; ✓ Padrões de ingestão alimentar. • Forma a base para decisão do tratamento; • Permite ao profissional aconselhar e informar o paciente sobre os riscos à doença; • Em nível populacional, fornece dados importantes para o planejamento dos serviços de saúde. • Estabelecer a presença de lesões cariosas nas superfícies dos dentes com suspeita de cárie; • Determinar a extensão dessas lesões em superfícies específicas no dente; • Selecionar o tratamento com melhor prognóstico a longo prazo; • Monitorar o comportamento das lesões de cárie com o decorrer do tempo. • Não ser invasivo; • Detectar lesões de cárie no estágio inicial; • Diferenciar lesões reversíveis das irreversíveis; • Fornecer informações confiáveis; • Aplicabilidade a todos os sítios dos dentes com a mesma eficiência; • Medir precisamente o tamanho e a atividade da lesão cariosa; • Ser bem aceito pelo dentista e pelo paciente; • Disponibilidade no mercado; • Custo acessível. Métodos de diagnóstico: • Permite estimar as condições periodontais e as condições de higiene oral do indivíduo; • Permite avaliar possíveis alterações na estrutura dental; • Pré-requisitos: ✓ Profilaxia dos dentes antes da avaliação; ✓ Passar fio dental para verificar os pontos de contato; ✓ Iluminação adequada; ✓ Campo seco; ✓ Olho aguçado; ✓ Ampliação do campo de visão (com uma lupa); ✓ Experiência. Podem ser classificadas de acordo com a: 1. Localização anatômica; Presente em: ✓ Fóssulas e fissuras; ✓ Superfícies lisas (livres); ✓ Superfícies proximais; ✓ Restaurações em excesso; ✓ Bráquetes e bandas. Presente em: ✓ Recessão gengival; ✓ Acúmulo de biofilme. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Cárie oclusal: ✓ As superfícies oclusais representam locais de alta incidência de lesões cariosas; ✓ Características clínicas: a) A desnutrição progressiva inicia-se na região de entrada das fissuras; b) A formação de microcavidades favorece o alojamento e crescimento de bactérias. • Cárie rampante: ✓ Conhecida por cárie de mamadeira; ✓ Caracterizada por múltiplas lesões ativas; ✓ É uma cárie precoce da infância ou cárie por radiação; ✓ Crianças com esse tipo de lesão, frequentemente dormem na mesma cama que a mãe e são amamentadas quando querem; ✓ Pode se propagar por meio de beijo, compartilhamento de talheres, assoprar alimentos (são formas de transmitir bactérias às crianças). • Cárie oculta: ✓ Lesões em dentina, não diagnosticadas pelo exame clínico; ✓ Superfície oclusal e/ou proximal são julgadas sadias, com esmalte hígido ou minimamente desmineralizado clinicamente; ✓ São detectadas radiograficamente (a lesão em dentina sem o acesso no esmalte do dente); ✓ Diagnóstico difícil e suscetível à decisões/prognósticos inadequados. Dr. Luís Morato Dr. Luís Morato Exame Histológico: cárie dentária: • A dissolução segue a direção dos prismas; • A lesão em esmalte assume forma de cone, na direção da JAD (junção amelo-dentinária). Características histológicas – cárie coronária: 1. Zona superficial (mais porosa do que o esmalte hígido); 2. Corpo da lesão (+ perda mineral, poros grandes); 3. Zona escura (início da mancha branca, poros grandes e pequenos); 4. Zona translúcida (área de remineralização). – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto 2. Atividade do processo; ✓ Lesão branca; ✓ Opaca; ✓ Rugosa; ✓ Não reflete a luz. ✓ Lesão branca ou pigmentada; ✓ Brilhante e lisa; ✓ Reflete a luz. OBS: É sempre importante observar a localização da lesão, pois isso ajudará a realizar um diagnóstico diferencial com outras lesões que não são cariosas. As lesões de cárie se localizam mais no terço cervical. ✓ Opacidade da cavidade; ✓ Aspecto úmido; ✓ Coloração amarelo- claro; ✓ Solta-se em placas. ✓ Presença de margens definidas e brilhantes; ✓ Aspecto resistente /duro; ✓ Coloração castanho escuro ou preto. Zona somente amolecida e desmineralizada pela ação dos ácidos Zona altamente desorganizada e infectada, rica em micro- organismos Passível de remineralização Dentina amolecida Dentina em consistência de “lascas” Odontoup.com.br Blog Dental Cremer OBS: A dentina infectada deve ser completamente retirada e a dentina afetada deve ficar um pouco na parede de fundo (remover completamente nas paredes laterais). Características histológicas: cárie radicular: • Desmineralização subsuperficial (abaixo da superfície) com superfície bem mineralizada; • Lesões iniciais: superfície mais amolecida; • Nos estágios mais avançados de destruição, a desmineralização difunde-se para a dentina subjacente; • Resposta da dentina: aumento da zona mineral (esclerótica) e formação de dentina terciária (reacional). NEM TODA MANCHA ESCURECIDA É CÁRIE: • Selamento biológico: área de pigmentação e calcificação nos sulcos oclusais; • Pigmentação por bactérias cromogênicas (geralmente está em todas as faces do dente e são removidas com a profilaxia); • Pigmentação pelo uso de cigarro. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Bactérias cromogênicas Sulco pigmentado • O selamento pode ser feito no sulco, quando houver uma lesão restrita em esmalte (procedimento conservador e que irá estabilizar o processo carioso). Aspectos importantes que devem ser observados: • Presença da lesão; • Presença de cavidade; • Atividade da lesão; • Utilizando instrumentais (sonda); • Observa-se variação da morfologia da fissura; • Tomar cuidado com a pressão aplicada pelo dentista durante a sondagem (pois há risco de provocar uma cavitação); • Verificar se a sonda está “agarrando” na lesão do dente (ela “agarra” quando há rugosidade, indicando uma lesão de cárie); • Também é necessário tomar cuidado para não transmitir micro-organismos através da sonda; • O desenho ideal da sonda é com a ponta romba. Afastamento dental: • Método que pode auxiliar no diagnóstico; • Permite identificar se a lesão interproximal é cavitada ou não; • Esse elástico deve ser colocado um dia antes da avaliação (não deve passar muito tempo). Observações clínicas no exame visual/tátil: ✓ Observar alterações de cor nos tecidos abaixo da crista marginal; ✓ Observar se há rompimento do fio dental (teste dos contatos). Pode facilitar também na inserção do lençol para isolamento absoluto. • É um exame auxiliar, que irá complementar o diagnóstico; • A radiografia Bite-Wings (interproximal), é a indicada para avaliar a cárie; • Detecta lesões interproximais e oclusais em dentina; • Tomar cuidado com alguns efeitos que podem atrapalhar o diagnóstico: 1. região de alto contraste de sobreposição de esmalte; 2. feixe de Rx atravessa entre osso alveolar e cervical do dente. McComb & Tam, 2001; Mialhe & Pereira, 2003. Espelid & Tveit, 2001. • Luz branca transmitida por fibra óptica; • Indicações: ✓ Auxiliar do exame radiográfico; ✓ Inspeções de triagem; ✓ Levantamentos epidemiológicos. • Método simples, não invasivo e indolor. • Vantagens:✓ Detecta lesões cariosas em dentina; ✓ Possui baixo custo; ✓ Supera o exame radiográfico no ponto de vista prático e biológico. Davis et al, 2001. • Desvantagens: ✓ Não deve ser utilizado para detecção de lesões em esmalte; ✓ Necessidade de treinamento para esse diagnóstico; – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto ✓ Dificuldade de detecção de cárie secundária. Obry-Musset et al., 1988. • Utilizado no diagnóstico de lesões de cárie; • Detecta lesões por meio da fluorescência do laser de diodo 655 nm. Vantagem: • Detecta perda mineral mais precocemente. Desvantagens: • Alto custo operacional; • Necessidade de treinamento e calibração do aparelho; • Pode dar leitura falso-positivo. Cortes et al., 2003. Diagnóstico diferencial: Localização: Terço cervical, face proximal e superfície oclusal Localização: Qualquer área da superfície dental Localização: Terço incisal, médio e pontas de cúspide Apresenta uma distribuição simétrica bilateral das manchas Apresenta manchas difusas e demarcadas Geralmente também está presente no dente análogo. • OBS: A hipoplasia também pode estar em apenas um dente em alguns casos. Desmineralização (lesão branca cariosa) Fluorose Hipoplasia de esmalte Exemplos de casos: Figura 1 - Lesão de cárie cavitada em dentina, gengiva com sinais de inflamação (provável acúmulo de biofilme). Figura 2 - Lesão de cárie ativa radicular. Consistência da dentina amolecida. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Lesão cervical não cariosa - LCNC • São lesões caracterizadas pela perda de estrutura dentária sadia que não se deve à ação dos produtos cariogênicos bacterianos nem macro-fratura por trauma”. Diagnóstico de uma lesão cervical não cariosa: ✓ A partir da análise da localização e forma das lesões; ✓ Anamnese; ✓ Envolve etiologia multifatorial. Figura 3- No 11 – lesão branca de cárie ativa, acúmulo de biofilme, gengiva com sinais de inflamação; No 21 – lesão ativa de cárie cavitada em dentina, presença de lesão branca ativa de cárie e acúmulo de biofilme. Também apresenta lesão na distal do 21. Figura 4 - Hipoplasia de esmalte – localização 1/3 incisal, lesões brancas difusas e demarcadas Figura 5 - Lesão de cárie inativa em dentina, sem acúmulo de biofilme e gengiva sem sinais de inflamação. Figura 6 - Pré molar – Lesão de cárie ativa face distal, gengiva com sinais de inflamação. Molar – Lesão de cárie ativa face mesial, gengiva com sinais de inflamação. Como não há acesso em esmalte e percebe-se mancha escura, desconfia-se de cárie oculta. Requer avaliação radiográfica. Figura 7 - Fluorose – lesões brancas simétricas em toda superfície do dente e envolvendo todos os dentes. Figura 8 - Lesão branca de cárie inativa e gengiva sem sinais de inflamação. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • É o desgaste da estrutura do dente por forças mecânicas, proveniente da fricção de objetos sobre os dentes. • Outras causas de abrasão: ✓ Alfinetes; ✓ Palito de dente; ✓ Instrumentos; ✓ Grampo de PPR. • Características clínicas: ✓ Superfície lisa; ✓ Ausência de biofilme; ✓ Geralmente na região cervical (proximal também). • Consequências: ✓ Sensibilidade; ✓ Enfraquecimento. • “ab” (significa distância) e “fractione” (significa quebra); • Define a perda patológica de tecido duro em decorrência de forças biomecânicas que causam uma flexão dentária e consequente fadiga de esmalte e dentina em um local distante do ponto da carga oclusal. Características clínicas: • Lesões em forma de cunha; • Margens em ângulos bem nítidos; • Limitadas à região cervical; • Podem acontecer isoladamente ou em vários dentes; • Associadas à recessão gengival; • Geralmente na face vestibular e em dentes posteriores. Abrasão X Abfração: • Abfração: segue a teoria da flexão da cúspide: ✓ É uma lesão que ocorre em dentes sujeitos a forças laterais; ✓ Lesões raramente acontecem na face lingual (geralmente na vestibular); ✓ Podem ocorrer subgengivalmente (o que não acontece na erosão, nem abrasão). O normal é que haja um das forças, em que essas forças atingem verticalmente o longo eixo do dente. Assim, são distribuídas para o osso alveolar e se dissipam. Porém, quando ocorre um (fora do normal), induzindo forças laterais para o dente, as forças não correm ao longo eixo do dente. Dessa forma, ocorre: • Carregamento oclusal lateral, simulando interferência oclusal; • Tensões concentradas abaixo de restaurações de amálgama (preparo MOD); • Tensões concentradas na base da LCM, evidenciando processo de evolução. Pereira et al., 2012. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto ✓ Mais frequentes na superfície vestibular; ✓ Lesões arredondadas; ✓ Superfície dura e polida; ✓ Superfícies com arranhões; ✓ Envolve vários dentes. ✓ Interferências oclusais; ✓ Facetas de desgaste; ✓ Forma em cunha afiada; ✓ Localização subgengival; ✓ Localização ocasional em coroas totais; ✓ Presença em um único dente da arcada (mas também pode acometer outros dentes). • É o desgaste resultante do contato dente-a-dente por meio de movimentos funcionais (mastigação) ou parafuncionais (bruxismo); • É um processo contínuo e cumulativo; • Pode ser acelerado – com dieta áspera e abrasiva; • Aumento do desgaste: pode expor a dentina, levar à ausência de dentes posteriores e hábitos parafuncionais. Características clínicas: • Superfície polida; • Região incisal/oclusal; • Pontas de cúspides e bordas incisais. Consequências: • Alteração da dimensão vertical de oclusão. Padrões de desgaste: • Desgaste isolado – interferência oclusal; • Desgaste progressivo em caninos (bruxismo); • Desgaste generalizado: hábito parafuncional, redução do número de dentes. • É a perda de superfície dental causada por ação química ou eletroquímica, que pode ser de origem endógena e exógena. • Características que podem ser observadas na anamnese: ✓ Hábitos alimentares; ✓ Distúrbios gástricos; ✓ Uso de drogas e/ou radioterapia; ✓ Disfunção de glândulas salivares; ✓ Hábitos de higiene oral; ✓ Exposição profissional a ambientes ácidos. Causa intrínseca: ✓ Ácidos endógenos; ✓ Refluxo gastroesofágico; ✓ Bulimia; ✓ Abuso de álcool. Causa extrínseca: ✓ Ácidos exógenos; ✓ Alimentos (frutas cítricas, vinagre, refrigerantes, vinhos); ✓ Medicamentos; ✓ Meio ambiente (exposição ocupacional à agentes corrosivos – indústrias químicas). Características clínicas: ✓ Defeitos côncavos; ✓ Lisos e arredondados; ✓ Em casos com restaurações (em metal) ficam progetadas para fora do ângulo cavo-superficial. Pois, a restauração não sofrerá o processo de erosão. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Vestibular ou lingual Vestibular Vestibular “U” ou pires; Rasa “V” ou cunha “V” ou cunha Término imperceptível Término nítido Término nítido Lisa Lisa, polida Irregular, rugosa Essas lesões causam muita sensibilidade (quadro de hipersensibilidade): Dor aguda, curta e passageira, causada pela dentina exposta, em resposta aos estímulos mecânicos/químicos/térmicos Terapia obliteradora: ✓ Com fluoretos; ✓ Com nitrato de prata. Terapia anestésica: ✓ Com nitrato de potássio . Outra opção de tratamento é a restauração das lesões cervicais não cariosas mais extensas. Mas é necessário sempre avaliar a oclusão antesde realizar a restauração, para tentar deixar da melhor forma possível. ✓ Análise oclusal prévia; ✓ Afastamento gengival (no casos de lesões bem na cervical): ✓ Material restaurador: CIV ou nanoparticuladas (podem ser utilizadas em dentes anteriores e posteriores); ✓ Sistemas adesivos: preferência para autocondicionante (casos com dentina exposta) + ataque ácido seletivo em esmalte. Referências: Aula teórica de Clínica Integrada Restauradora. Faculdade Maurício de Nassau, Professora Isabela Dantas, Odontologia, 2021. A sensibilidade é justificada por várias teorias. Uma delas é a teoria hidrodinâmica, a mais aceita com relação a sensibilidade. Essa teoria diz que a sensibilidade ocorre por conta da movimentação dos fluidos dentinários. Nos casos em que a dentina está exposta, durante uma alimentação ácida ou ao secar a dentina no consultório, parte desses líquidos são removidos de dentro dos túbulos dentinários, sobrando assim um espaço entre os túbulos e o líquido. Quando esse líquido se movimenta dentro do túbulo, irá causar uma sensação dolorosa.
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