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1 BIOLOGIA MARINHA 1 Sumário 1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 3 2. A CIÊNCIA DA BIOLOGIA MARINHA ............................................ 5 3. A HISTÓRIA DA BIOLOGIA MARINHA .......................................... 6 4. BIOLOGIA MARINHA HOJE ........................................................ 14 5. CLASSIFICAÇÃO DOS ORGANISMOS MARINHOS .................. 17 5.1. PLÂNCTON ............................................................................... 17 5.2. BENTOS .................................................................................... 18 5.3. NÉCTON ................................................................................... 19 6. MICRORGANISMOS .................................................................... 20 6.1. FITOPLÂNCTON ........................................................................... 21 6.1.1 DIATOMÁCEAS ............................................................................ 21 6.1.2. CIANOFÍCEAS............................................................................. 22 6.1.3. FITOBENTOS .............................................................................. 23 6.1.4. MACROALGAS............................................................................ 23 6.1.5. ERVAS MARINHAS ..................................................................... 24 6.1.6. MICROFITOBENTOS .................................................................. 25 Protozoários e animais marinhos. ...................................................... 25 6.2. ZOOPLÂNCTON............................................................................. 25 7. INVERTEBRADOS MARINHOS ................................................... 26 7.1. INVERTEBRADOS BENTÔNICOS ........................................... 27 7.2. INVERTEBRADOS NECTÔNICOS ........................................... 27 8. PEIXES ......................................................................................... 27 8.1. MAMÍFEROS MARINHOS ........................................................ 28 9. FATORES DE DISTRIBUIÇÃO DE ORGANISMOS MARINHOS . 28 2 10. PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS MARINHOS ................................ 29 Zona costeira ......................................................................... 29 Plataforma continental ........................................................... 32 Recifes ................................................................................... 32 Talude continental .................................................................. 32 Zona profunda ou abissal ....................................................... 32 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 33 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 34 3 FACULESTE A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação.Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 1. INTRODUÇÃO 4 A biologia marinha é o estudo científico dos organismos que vivem no oceano. O oceano é uma vasta área que serve de lar para incontáveis estranhas e maravilhosas criaturas. São frequentemente a beleza, os mistérios e a variedade de vida no mar que atraem estudantes para um curso de biologia marinha. Até mesmo profissionais da área têm um sentimento de aventura e admiração em seus estudos. Existem também muitas razões práticas para estudar biologia marinha. A vida na Terra se originou provavelmente no mar, assim, o estudo dos organismos marinhos nos ensina muito sobre a vida na Terra, e não somente sobre a vida marinha. Muitos avanços da medicina, por exemplo, são fundamentados em descobertas relativas a estudos de células primitivas do sistema imunológico de anêmonas-do-mar e de larvas de estrelas-do-mar, de fertilização de ovos de pepinos-do-mar, de células nervosas de lulas, de músculos de mexilhões e de outras características de organismos marinhos. A vida marinha também representa uma vasta fonte de saúde para os seres humanos. Ela fornece alimento, medicamentos e materiais naturais; oferece recreação; e suporta o turismo ao redor do mundo. Organismos marinhos também podem causar problemas. Por exemplo, alguns organismos prejudicam os seres humanos por meio de doenças ou ataques a pessoas. Outros nos causam danos indiretamente quando ferem ou matam outros organismos marinhos de valor para alimentação e outros usos. Alguns organismos marinhos corroem píeres, muros e outras estruturas que construímos nos oceanos, incrustam no fundo dos navios e entopem tubos. Em um âmbito bem mais fundamental, a vida marinha ajuda a determinar a verdadeira natureza do planeta. Organismos marinhos produzem cerca de metade do oxigênio que respiramos e ajudam a regular o clima na Terra. Nossas zonas costeiras são formadas e protegidas pela vida marinha, pelo menos em parte, e alguns organismos marinhos ainda ajudam a criar novos terrenos. Em termos econômicos, foi estimado que os sistemas vivos dos oceanos valem mais de US$ 20 trilhões por ano. Para fazer uso total e consciente dos recursos vivos marinhos, para resolver os problemas criados pelos organismos marinhos e para prever os efeitos das atividades humanas na vida dos oceanos, precisamos aprender tudo que podemos sobre a vida marinha. Além disso, os organismos marinhos 5 fornecem pistas sobre o passado da Terra, sobre a história da vida e até mesmo sobre nossos corpos, as quais precisamos aprender para entender. Este é o desafio, a aventura, da biologia marinha. 2. A CIÊNCIA DA BIOLOGIA MARINHA A biologia marinha não é exatamente uma ciência independente, mais do que isso, é a biologia mais geral aplicada aos oceanos. Praticamente todas as disciplinas da biologia estão representadas na biologia marinha. Há biólogos marinhos que estudam a química básica de organismos vivos, por exemplo. Alguns são interessados em organismos inteiros: seu comportamento, onde vivem e por que e demais aspectos. Outros adotam uma perspectiva global e observam o funcionamento dos oceanos como um sistema. A biologia marinha, portanto, faz parte de uma ciência mais ampla e é por si só composta de diferentes disciplinas, considerações e pontos de vista. A biologia marinha é fortemente relacionada à oceanografia, o estudo científico dos oceanos. Assim como a biologia marinha, a oceanografia tem muitas partes. Oceanógrafos-geólogos, ou geólogos marinhos, estudam o fundo dos oceanos. Oceanógrafos químicos estudam a química dos oceanos, e oceanógrafos físicos estudam ondas, marés, correntes e outros aspectos físicos dos oceanos. A biologia marinha é mais relacionada à oceanografia biológica, tão fortemente relacionada,na verdade, que é difícil separar as duas. Às vezes elas são distinguidas por serem biólogos marinhos os que tendem a estudar organismos que vivem relativamente próximo à costa, ao passo que os oceanógrafos-biólogos focam na vida em oceano aberto, longe do continente. Outra distinção comum é que os biólogos marinhos tendem a estudar a vida marinha pela perspectiva dos organismos (p. ex., estudando como os organismos produzem matéria orgânica), e os oceanógrafos-biólogos tendem a ter a perspectiva do oceano (p. ex., estudando a ciclagem da energia ou matéria orgânica no sistema). Na prática, existem tão poucas exceções a essas distinções que muitos cientistas do mar consideram a biologia marinha e a oceanografia biológica como a mesma ciência. Os interesses dos biólogos marinhos podem se sobrepor largamente aos dos biólogos que estudam organismos terrestres. Muitas das maneiras básicas pelas quais seres vivos 6 fazem uso da energia, por exemplo, são similares para organismos que vivem na terra ou no mar. Entretanto, a biologia marinha tem a sua própria identidade, parcialmente em razão de sua história. 3. A HISTÓRIA DA BIOLOGIA MARINHA As pessoas têm vivido ao redor do mar desde o início da humanidade, e os frutos do mar têm sido desde o início considerados essenciais para a sobrevivência humana e a migração. As primeiras lâminas de pedra conhecidas, de 165.000 anos atrás, foram recentemente descobertas em uma caverna adjacente ao mar, na África do Sul, juntamente com pilhas de conchas de moluscos da Idade da Pedra e com os primeiros traços de pigmentos de ocre que seriam usados em pinturas e decorações simbólicas no corpo. Ossos antigos ou arpões de conchas e anzóis de peixes também foram encontrados, assim como as primeiras jóias conhecidas na forma de pingentes de conchas, de mais de 110.000 anos atrás. Ao utilizar esses recursos, as pessoas gradualmente adquiriam muitos conhecimentos práticos sobre o mar. O conhecimento do oceano e de seus organismos se expandiu quando as pessoas conquistaram habilidades náuticas e de navegação. Antigos moradores de ilhas do Pacífico tinham conhecimentos detalhados sobre a vida marinha, os quais seus descendentes ainda possuem (Fig. 1). Eles eram habilidosos marinheiros, utilizando pistas como vento, ondas e correntes para navegar por longas distâncias. Os fenícios foram os primeiros a realizar navegações no ocidente. Por volta de 2000 a.C., eles estavam navegando ao redor do Mar Mediterrâneo, Mar Vermelho, leste do Oceano Atlântico, Mar Negro e Oceano Índico. Os gregos antigos tinham considerável conhecimento sobre os organismos que vivem perto da costa na região do Mar Mediterrâneo (Fig. 2). O filósofo grego Aristóteles é considerado por muitos o primeiro biólogo marinho. Ele descreveu muitas formas de vida marinha e descobriu, entre outras coisas, que as brânquias são o aparato respiratório dos peixes. Durante o período de séculos conhecido como Idade das Trevas, as investigações científicas, incluindo estudos sobre a vida marinha, cessaram por completo na maior parte da Europa. 7 Muito do conhecimento dos gregos antigos foi perdido ou distorcido. Entretanto, nem todas as explorações dos oceanos foram interrompidas. Durante os séculos nono e décimo, os Vikings continuaram a explorar o Atlântico Norte. Em 995 d.C., um grupo viking liderado por Leif Eriksson descobriu Vinland, que hoje chamamos de América do Norte. Viajantes árabes também eram ativos durante a Idade Média, viajando para o leste da África, sudeste da Ásia e Índia. No leste da Ásia e no Pacífico, as pessoas continuavam a explorar e aprender sobre o mar. Figura 1: Micronésios como estes moradores da Ilha de Satawal do Atol de Yap, nos Estados Federados da Micronésia, navegaram o Pacífico por milênios em canoas como esta. Fonte: https://biologo.com.br/bio/biologia-marinha/ Figura 2: Este prato grego de aproximadamente 330 a.C. reflete o considerável conhecimento da vida marinha. O peixe da direita é uma raia elétrica (Torpedo), que os gregos antigos utilizaram para fazer pela primeira vez a terapia por estímulos elétricos. 8 Fonte: https://biologo.com.br/bio/biologia-marinha/ Durante a Renascença, parcialmente encorajados pelo redescobrimento de conhecimentos antigos preservados pelos árabes, os europeus novamente começaram a investigar o mundo ao seu redor, e muitos fizeram viagens de exploração. Cristóvão Colombo redescobriu o “Novo Mundo” em 1492 – a notícia das descobertas dos vikings nunca alcançou o restante da Europa. Em 1519, Fernão de Magalhães embarcou na primeira expedição para navegar ao redor do globo. Muitas outras viagens épicas contribuíram para nosso conhecimento sobre os oceanos. Mapas razoavelmente detalhados, em especial de lugares fora da Europa, começaram a surgir nessa época. Logo depois, os exploradores tornaram-se curiosos sobre o que vivia nos oceanos nos quais eles navegavam. Um capitão inglês, James Cook, foi um dos primeiros a fazer observações científicas ao longo do caminho e a incluir permanentemente um naturalista em sua tripulação. Em uma série de três grandes viagens, iniciando em 1768, ele explorou todos os oceanos. Ele foi o primeiro europeu a ver os campos de gelo na Antártica e a aportar no Havaí, na Nova Zelândia, no Taiti e em muitas outras ilhas no Pacífico. Cook foi pioneiro ao usar um cronômetro marítimo, um preciso relógio que possibilitava a determinação de sua longitude com precisão e, portanto, a preparação de mapas confiáveis. Do Ártico à Antártica, do Alasca à Austrália, Cook aumentou e remodelou a concepção europeia do mundo. Ele trouxe espécimes de plantas e animais e histórias de estranhas novas terras. Embora Cook geralmente fosse atencioso e se interessasse pelas culturas indígenas, ele foi morto em 1779, em uma luta com havaianos nativos na Baía de Kealakekua, no Havaí. Por volta do século XIX, tornou-se comum os navios terem um naturalista a bordo para estudar os organismos encontrados. Talvez o mais famoso destes naturalistas embarcados seja Charles Darwin, outro britânico. Iniciando em 1831, Darwin navegou ao redor do mundo a bordo do HMS Beagle por cinco anos, extremamente enjoado na maior parte do tempo. A principal missão do Beagle era mapear as linhas da costa, mas Darwin fez observações detalhadas de todos os aspectos do mundo natural. Isso desencadeou uma sequência de pensamentos que, anos mais tarde, o levariam a propor a teoria da evolução pela seleção natural. Embora mais conhecido pela teoria da evolução, Darwin 9 fez muitas outras contribuições à biologia marinha. Ele explicou, por exemplo, a formação dos anéis característicos de um recife de coral, chamados de. Ele utilizou redes para capturar os minúsculos organismos flutuantes conhecidos como plâncton, o que os biólogos marinhos continuam a fazer até hoje (Fig. 3). Um dos muitos interesses de Darwin também incluía as cracas. Especialistas ainda referem-se a sua tese sobre elas. Nos Estados Unidos, a primeira importante viagem de exploração foi provavelmente a United States Exploring Expedition, de 1838-1842, frequentemente chamada de “Expedição de Wilkes” devido a seu líder, o tenente Charles Wilkes, da Marinha Norte-americana. A expedição incluiu apenas onze naturalistas e artistas, carinhosamente chamados de “catadores de conchas” pelo restante da tripulação, e alguns historiadores concluíram que a expedição tinha mais o objetivo de projetar a autoridade da América do que de realizar descobertas científicas. Wilkes era, como todos diziam, um homem vazio e cruel que se auto promoveu a Capitão assim que atracou no porto, e em seu retorno foi julgado por açoitar em excesso sua tripulação. Apenas dois dos seis navios da expedição voltaram para casa. Mesmo assim, os arquivos da Expedição de Wilkes sãoimpressionantes. A expedição mapeou 2.400 km da costa da Antártica, confirmando ser ela um continente, além da costa noroeste do Pacífico na América do Norte. Ela explorou aproximadamente 280 ilhas no Pacífico Sul, coletando informações sobre pessoas e culturas, bem como sobre a flora e a fauna. Os 10.000 espécimes biológicos incluíam aproximadamente 2.000 espécies que até então eram desconhecidas (Fig. 1.4). A expedição, a primeira pesquisa internacional financiada pelo governo dos Estados Unidos, também proporcionou a instituição de um fundo governamental de investimentos para pesquisas científicas. A expedição Challenger Por volta da metade do século XIX, alguns sortudos cientistas foram capazes de empreender uma viagem especificamente para estudar os oceanos, em vez de embarcar em navios fazendo outros trabalhos. Um deles foi Edward Forbes, que nas décadas de 1840 e 1850 realizou extensivas dragagens do fundo marinho, principalmente ao redor da sua terra natal, a Grã-Bretanha, mas também no Mar Egeu e em outros lugares. 10 Forbes morreu prematuramente em 1854, aos 39 anos, mas foi o mais influente biólogo marinho de seu tempo. Ele descobriu muitos organismos até então desconhecidos e reconheceu que a vida no fundo do mar varia nas diferentes profundidades. Talvez sua mais importante contribuição, entretanto, tenha sido inspirar um novo interesse sobre a vida marinha. Os contemporâneos e os sucessores de Forbes, principalmente da Grã- Bretanha, Alemanha, Escandinávia e França, continuaram seus estudos sobre a vida no fundo do mar. Seus navios eram precariamente equipados e as viagens eram curtas, mas seus estudos produziram muitos resultados interessantes. Eles foram tão bem-sucedidos, na verdade, que cientistas britânicos convenceram seu governo a financiar a primeira grande expedição oceanográfica, sob a liderança científica de Charles Wyville Thompson. A marinha britânica forneceu um pequeno navio de guerra a ser adequado para a proposta. O navio foi chamado de HMS Challenger. O Challenger submeteu-se a extensas renovações durante a preparação para a viagem. Laboratórios e alojamentos para a tripulação de cientistas foram construídos, e equipamentos para dragagem e coleta de amostras de água em águas profundas foram instalados. Dos antigos aos modernos modelos, os equipamentos científicos a bordo eram os melhores da época. Finalmente, em dezembro de 1872, o Challenger iniciou sua jornada. Durante os seguintes três anos e meio, o Challenger e sua tripulação navegaram ao redor do mundo, reunindo informações e coletando amostras (Fig. 4). O volume completo dos dados era enorme – foram 19 anos para que os resultados fossem publicados, os quais preencheram 50 grossos volumes. O Challenger retornou com mais informações sobre os oceanos do que toda informação que já tinha sido registrada em toda história da humanidade. Não foi somente a duração da viagem ou a quantidade de informações coletadas que fizeram a expedição Challenger diferenciar--se de esforços anteriores. A expedição estabeleceu novos modelos para se estudar os oceanos. Medidas foram tomadas sistemática e cuidadosamente, registros foram guardados meticulosamente. A tripulação trabalhou com grande eficiência e dedicação na tarefa. Pela primeira vez, os cientistas começaram a traçar uma imagem coerente dos oceanos. Eles também aprenderam mais sobre a enorme variedade de vida marinha, já que o Challenger retornou com milhares de 11 espécies até então desconhecidas. Assim, a expedição Challenger representou a base das ciências marinhas modernas. Outras expedições logo continuaram o trabalho iniciado pelo Challenger, e muitos importantes cruzeiros oceanográficos são realizados até os dias de hoje. De qualquer modo, a viagem do Challenger permanece como uma das mais importantes na história da oceanografia. Figura 4: Estes cientistas marinhos estão carregando uma rede conhecida como “rede bongo”, utilizada para capturar o minúsculo plâncton marinho. Um deles está sinalizando as instruções para o operador do guincho. Fonte: https://biologo.com.br/bio/biologia-marinha/ - O crescimento dos laboratórios marinhos Mesmo antes de o Challenger terminar sua jornada, os biólogos estavam animados com os organismos trazidos do oceano pela expedição. Infelizmente, os navios tinham alojamentos para apenas poucos cientistas. Muitos biólogos somente iriam ver os espécimes preservados mortos que os navios traziam para os portos. Esses espécimes revelaram muito sobre a vida marinha ao redor do 12 mundo, mas os biólogos queriam saber como os organismos realmente viviam: como funcionavam e o que faziam. Espécies vivos eram essenciais para isso, mas os navios geralmente permaneciam em um local por pouco tempo, impossibilitando observações experimentais a longo prazo. Como uma alternativa aos navios, biólogos começaram a trabalhar no litoral. Entre os primeiros estavam dois franceses, Henri Milne Edwards e Victor Andouin, que por volta de 1826 começaram a visitar regularmente o litoral para estudar a vida marinha. Outros biólogos logo seguiriam seu exemplo. Estas excursões ofereciam a possibilidade de se estudar organismos vivos, mas não havia instalações permanentes, e apenas um pequeno número de equipamentos podia ser transportado. Finalmente, os biólogos montaram laboratórios permanentes onde podiam cultivar organismos vivos e trabalhar por períodos maiores. O primeiro destes laboratórios foi o Stazione Zoologica, fundado em Nápoles, Itália, em 1872 – o mesmo ano do início da expedição Challenger. O laboratório da Sociedade de Biologia Marinha do Reino Unido foi fundado em Plymouth, Inglaterra, em 1879. O primeiro importante laboratório marinho da América do Norte foi o Laboratório de Biologia Marinha, em Woods Hole, Massachusetts. É difícil definir a data exata na qual este laboratório foi fundado. O primeiro laboratório marinho em Woods Hole foi iniciado pela United States Fish Community, em 1871, mas não prosperou. Vários outros laboratórios apareceram por curtos períodos de tempo na área ao redor de Woods Hole. O biólogo de Harvard, Louis Agassiz, que também estudou muitas espécies da Expedição de Wilkes, montou um laboratório perto de Cape Ann, em 1873. Em 1888, este laboratório mudou-se para Woods Hole e abriu suas portas oficialmente como Laboratório de Biologia Marinha (Fig. 5). Ele ainda é um dos mais prestigiados laboratórios de biologia marinha do mundo. Figura 5: Cientistas e a tripulação no Laboratório de Biologia Marinha do Woods Hole, Massachusetts por volta de 1888. 13 Fonte: https://biologo.com.br/bio/biologia-marinha/ Depois desse início, outros laboratórios marinhos começaram a se estabelecer. Entre os primeiros nos Estados Unidos estão o Hopkins Marine Station, em Pacific Grove, Califórnia; o Instituto de Oceanografia Scripps, em La Jolla, Califórnia; e o Friday Harbor Marine Laboratory, em Friday Harbor, Washington. Nos anos seguintes, mais laboratórios apareceram ao redor do mundo, e outros continuam sendo estabelecidos até hoje. O início da II Guerra Mundial teve importantes consequências no desenvolvimento da biologia marinha. Uma nova tecnologia, o sonar, ou sound navigation ranging, em inglês, foi desenvolvida em resposta ao crescimento da importância dos submarinos nos conflitos de guerra. O sonar é baseado na detecção de ecos submersos – uma forma de se escutar o mar (Fig. 6). O oceano, que por muito tempo foi considerado uma área silenciosa, foi de repente descoberto cheio de sons, muitos feitos pelos animais. Durante os tempos de guerra, aprender sobre esses animais não era apenas uma atividade casual de poucos biólogos marinhos interessados, mas uma questão de segurança nacional. Como resultado desta necessidade, muitos laboratóriosmarinhos, como o Scripps e o Instituto de Oceanografia de Woods Hole (estabelecido em 1929), tiveram um rápido crescimento. Quando a guerra acabou, estes laboratórios não só permaneceram como centros vitais de pesquisa, como continuaram a crescer. Os anos seguintes à II Guerra Mundial viram o refinamento dos primeiros e práticos scuba, de self-contained underwater breathing apparatus. A tecnologia 14 básica foi desenvolvida na França, pelo engenheiro Émile Gagnan, a fim de permitir que automóveis rodassem com gás natural comprimido. Depois da guerra, Gagnan e seu colega francês Jacques Cousteau modificaram o equipamento, usando-o para respirar ar comprimido embaixo d’água. Cousteau dedicaria sua vida ao mergulho autônomo e aos oceanos. Usando scuba, biólogos marinhos poderiam, pela primeira vez, descer abaixo da superfície para observar os organismos marinhos em seu ambiente natural (Fig. 6). Eles agora podiam trabalhar confortavelmente dentro do oceano, coletando espécimes e desenvolvendo experimentos, embora ainda estivessem limitados a águas rasas, geralmente com profundidade inferior a 50 metros. Figura 6: O mergulho autônomo é uma importante ferramenta no trabalho de muitos biólogos marinhos. Este cientista está usando um equipamento chamado de respirômetro para medir a produção e o consumo de oxigênio por organismos em um recife de coral. Fonte: https://biologo.com.br/bio/biologia-marinha/ 4. BIOLOGIA MARINHA HOJE Navios oceanográficos e laboratórios no continente são atualmente tão importantes para a biologia marinha como nunca antes. Hoje, muitas universidades e outros institutos operam navios de pesquisa (Fig. 7). Figura 7: O Navio de Pesquisa Thomas G. Thompson, operado pela Universidade de Washington, é o primeiro de uma nova geração de navios de pesquisa. Estes navios oferecem mais espaço de trabalho e podem viajar para os locais de pesquisa mais rapidamente, permanecendo lá por mais tempo que os navios de pesquisa anteriores. 15 Fonte: https://biologo.com.br/bio/biologia-marinha/ Navios modernos são equipados com os últimos equipamentos para navegação, amostragem e estudos das criaturas que são coletadas. Muitos, como o Challenger, foram originalmente construídos para outros fins, mas um crescente número de navios começa a ser construído especificamente para pesquisas científicas no mar. Além dos navios que sempre imaginamos, algumas extraordinárias embarcações são usadas para se estudar o mundo marinho. Submarinos de alta tecnologia podem descer às partes mais profundas dos oceanos, relatando um mundo outrora inacessível (Fig. 8). Uma variedade de navios estranhos ocupa os oceanos, fornecendo instalações específicas para os cientistas marinhos. Figura 8: Alvin, um submarino de oceano profundo, operado pelo Instituto de Oceanografia Woods Hole, é uma das mais famosas embarcações na história das ciências marinhas. 16 Fonte: https://biologo.com.br/bio/biologia-marinha/ Os laboratórios marinhos também percorreram um longo caminho desde seu início. Hoje, estes laboratórios pontilham o litoral ao redor do mundo e são utilizados pela comunidade científica internacional. Muitos são equipados com as mais modernas instalações disponíveis. Outras são simples bases de pesquisa que fornecem apoio aos cientistas em áreas remotas. Existem ainda hábitats submersos onde os cientistas podem viver por semanas, literalmente imersos em seu trabalho. Os laboratórios marinhos são importantes centros não somente para pesquisa, mas também para educação. Muitos oferecem cursos práticos de graduação nos quais os estudantes podem estudar biologia marinha em primeira mão, e muitos oferecem instalações onde os estudantes podem iniciar suas carreiras nas ciências do mar. Novas tecnologias oferecem excelentes oportunidades para se estudar os oceanos. Não é preciso dizer que os computadores e aparelhos eletrônicos tiveram um profundo impacto. Os satélites desceram até junto dos oceanos e, devido a estarem tão longe, podem visualizar enormes áreas dos oceanos de uma só vez capturando grandes imagens. Muito do nosso conhecimento sobre feições em larga escala como as correntes oceânicas foi fornecido pela tecnologia do sensoriamento remoto. Entretanto, os satélites vêem apenas a superfície dos oceanos, e muitas das atividades acontecem em grandes profundidades. Os submarinos são uma opção para se penetrar nas 17 profundidades, mas os cientistas estão fazendo uso gradativamente maior de robôs subaquáticos, incluindo veículos operados remotamente (ROVs), que são controlados da superfície, e veículos subaquáticos autônomos, que operam independentemente de um controle humano direto. Cientistas do mar também estão desenvolvendo uma gama de equipamentos que se fixam ao fundo, flutuam em um local, derivam com as correntes, ou são acoplados aos animais. Tecnologias espaciais também têm um papel importante; muitos equipamentos oceanográficos retransmitem seus dados por satélites. Atualmente, os biólogos marinhos usam todas as ferramentas possíveis em seus estudos do mar, até mesmo algumas decididamente de baixa tecnologia. Informações sobre os oceanos surgem em ritmo crescente. Entretanto, há muito ainda para ser aprendido, e os oceanos permanecem como uma área de grandes mistérios e emoções. 5. CLASSIFICAÇÃO DOS ORGANISMOS MARINHOS Geralmente se agrupam os organismos marinhos em função do seu tamanho e hábito de vida: 5.1. PLÂNCTON Fazem parte do plâncton organismos que ficam à deriva dos movimentos oceânicos. São classificados em: Bacterioplâncton (bactérias) Fitoplâncton (microalgas e sargaços) Zooplâncton (protozoários e animais - com predomínio para os microscópicos, mas incluindo algumas espécies de grandes dimensões, como as salpas, urocordados que podem formar cadeias com mais de um metro de comprimento) Classificação do plâncton segundo o tamanho dos orifícios da malha das redes utilizadas para capturá-los : 18 Fentoplâncton (0,02 a 0,2 µm) Picoplâncton (0,2 a 2 µm) Nanoplâncton (2 a 20 µm) Microplâncton (20 a 200 µm) Mesoplâncton(mariana 1) Macroplâncton (2 a 20 cm) Megaloplâncton (>20 cm) Figura 9: Plancton dos oceanos. Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/03/plancton-dos-mares-pode-absorver- o-dobro-do-co2-previsto-diz-estudo.html 5.2. BENTOS Fazem parte dos bentos organismos que vivem no substrato, fixos ou não. Fitobentos (incluindo as macroalgas, algumas microalgas e as ervas marinhas); Zoobentos: 19 - Macro fauna (animais visíveis a olho nu, como a maior parte dos caranguejos, os equinodermes, algumas espécies de peixes, etc.) - Meio fauna (animais que vivem permanentemente enterrados no sedimento, quer livres, quer dentro de estruturas por eles construídas); - Micro fauna (animais microscópicos que se desenvolvem sobre o substrato); Figura 9: Bentos Fonte: https://noticias.r7.com/hora-7/conhecimento-cientifico/bentos-o-que-e- definicao-e-principais-caracteristicas-02072020 5.3. NÉCTON Fazem parte do nécton organismos com boa capacidade natatória, como a maior parte dos peixes e dos mamíferos marinhos. Um conceito relacionado, embora não formado por organismos vivos é o séston que é o conjunto das partículas, orgânicas ou não, que se encontram dispersas na coluna de água e que, para além de poderem 20 constituir alimento para alguns organismos, têm um papel importante na difusão da luz na água e, portanto, na produção primária. Figura 10: Exemplo de Necton. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/necton.htm 6. MICRORGANISMOS A microbiota marinha é importantíssima para a decomposição de matéria orgânica e para a produção primária em ecossistemas sem luz. A maiorparte dos são bactérias e algas azuis (cianobactérias ou cianofíceas, normalmente incluídas no fitoplâncton). As bactérias estão dispersas por todos os oceanos, suportando condições extremas. Há bactérias quimiossintéticas e decompositoras. 21 6.1. FITOPLÂNCTON O fitoplâncton é formado por microalgas ou bactérias (cianobactérias ou "algas azuis) que se encontram na coluna de água. Os organismos do fitoplâncton são a base da teia alimentar aquática, servindo de alimento ao zooplâncton, ictioplâncton e outros organismos. São produtores primários (seres autotróficos), que usam a clorofila para converter a energia solar, sais minerais e dióxido de carbono em compostos orgânicos. Por necessitar da energia solar para o seu desenvolvimento, o fitoplâncton vive na zona mais superficial da coluna de água, na zona eufótica. O fitoplâncton engloba vários grupos distintos de organismos. Figura 11: Fitoplâncton. Fonte: https://biologo.com.br/bio/fitoplancton/ 6.1.1 DIATOMÁCEAS As diatomáceas são um grande grupo de microalgas (existem mais de 20 000 espécies conhecidas). A característica principal deste grupo é a frústula siliciosa (semelhante a uma caixa de Petri). Ocorrem em todos os ambientes, marinho, salobro, dulcícula e hipersalino e são encontradas em águas tropicais, temperadas e polares, são planctônicas ou bentônicas. São unicelulares ou formam colônias, com dimensões que vão desde 2 micrômetros a 2 mm. Se reproduzem por fissão binária, com uma valva desenvolvendo uma célula filha e servindo como valva maior. Após sucessivas gerações de divisão celular, o tamanho da célula tende a diminuir; para que a mesma volte ao tamanho normal, inicia-se a formação do auxósporo, na qual a célula desprende sua valva siliciosa, formando, consequentemente, uma larga esfera que está 22 envolta por uma membrana. No interior desta esfera, aparece uma nova frústula com tamanho máximo, recomeçando um novo ciclo. A reprodução sexuada, quando ocorre nas diatomáceas cêntricas, é oogâmica, ou seja, com gametas masculinos flagelados. Já nas penadas, a reprodução é isogâmica, com os gametas masculinos e femininos aflagelados. Figura 12: Diatomáceas Fonte: https://docs.ufpr.br/~veiga/ficologia/diatomaceas.html 6.1.2. CIANOFÍCEAS As cianobactérias, algas azuis-verdes ou cianofíceas são bactérias, apesar da sua função fotossintética. Como bactérias, são seres procariontes. Figura 13: Cianofíceas Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/cianoficeas.htm 23 6.1.3. FITOBENTOS Um grupo de organismos tradicionalmente referidos como plantas associadas com o fundo de um corpo de água ou um rio e uma zona inferior. Parte do bentose. Às vezes, esse intervalo é limitado pelo tamanho dos organismos, ou seja, plantas maiores não são referidas como fitobenthos, mas como macrófitas. De acordo com outras classificações, os macrófagos relacionados ao fundo também pertencem ao benthos. As algas pequenas ligadas ao substrato são referidas como microfibras, com alguns autores delineando as montagens de benthos e periphíton na primeira categoria, incluindo apenas organismos que se instalam no fundo e organismos instalados acima do fundo, pois as condições nessas duas zonas variam. Os fitobenthos são organismos classificados de acordo com a taxonomia moderna para diferentes reinos biológicos - além das algas atualmente incluídas em plantas, como pequenas verduras e algas, algas como protistas, diatomadas, bactérias ou cianobactérias. Figura 14: Fitobentos Fonte: https://educalingo.com/pt/dic-pl/fitobentos 6.1.4. MACROALGAS As macroalgas são algas multicelulares, com órgãos diferenciados, como as algas vermelhas e as algas pardas e algumas clorofíceas, como as Ulvas. Elas constitutem a maior parte do que as pessoas chamam algas marinhas (muitas vezes, as pessoas chamam algas às ervas marinhas). 24 As macroalgas são uma parte importante da cadeia trófica do bentos, fornecendo ainda refúgio a muitos animais. No entanto, há algumas espécies que podem ocorrer ao plâncton, como os sargaços encontrados no mar dos Sargassos. Algumas espécies de algas marinhas são utilizadas na alimentação, principalmente no extremo oriente e também nas indústrias alimentar e farmacêutica. Figura 15: Macroalgas Fonte: http://ecobiogeo.com/blog/2020/01/01/as-macroalgas/ 6.1.5. ERVAS MARINHAS As ervas marinhas são plantas que produzem flor adaptadas à vida na água do mar. Estas plantas encontram-se em muitas praias e pertencem às famílias Posidoniaceae, Zosteraceae, Hydrocharitaceae e Cymodoceaceae. Têm um importante papel nos ecossistemas costeiros, não só pela sua produtividade, mas também por servirem de refúgio a muitos animais bentónicos. O nome vulgar provém do fato das suas folhas se assemelharem, embora superficialmente, com as ervas terrestres da família Poaceae. Por vezes são confundidas com algas. 25 Figura 16: Ervas marinhas Fonte: https://resiliensea.org/2018/05/14/colocando-ervas-marinhas-no-mapa-da- africa-ocidental/?lang=pt-pt 6.1.6. MICROFITOBENTOS Protozoários e animais marinhos. 6.2. ZOOPLÂNCTON São organismos planctônicos não clorofilados, sendo desconhecidos sob o ponto de vista de produtividade terrestre como heterótrofos. Compreendem uma infinidade de formas, tamanhos e cores. Vários grupos estão representados no zooplâncton, desde formas unicelulares (protozoários), até animais, tais como medusas, moluscos, crustáceos e peixes (ovos e larvas, também denominados ictioplâncton). O zooplâncton é importante por desempenhar um papel crucial na transferência da energia sintetizada pelo fitoplâncton, para animais superiores na teia trófica (ou teia alimentar) – tais como peixes (por exemplo, atuns e sardinhas) e algumas baleias, denominadas pelos biólogos planctófagas (comedores de plâncton). Além disso, o zooplâncton pode ser utilizado como indicadores da qualidade da água, já que esses pequenos organismos respondem rapidamente 26 às modificações do ambiente, tais como ocorrem quando existe emissão de poluentes químicos e despejo de esgoto. Resumindo, quando um ambiente recebe uma descarga de óleo ou matéria orgânica, algumas espécies do zooplâncton perdem boa parte dos indivíduos, reduzindo, desta forma, suas populações. Em contrapartida, outras espécies são mais resistentes, ocorrendo nestes casos um aumento de suas populações. Assim, os organismos do zooplâncton podem ser considerado como excelentes bioindicadores da condição ambiental de um dado ecossistema. Porém, vale ressaltar cada espécie do zooplâncton responde diferentemente às alterações do meio, cabendo aos biólogos e demais pesquisadores correlacionados identificarem quais espécies são as melhores indicadoras para dado parâmetro (por exemplo: poluição orgânica, produtos químicos, elevada salinidade, aumento ou redução da acidez da água e outros). Figura 17: Zooplâncton Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Zoopl%C3%A2ncton 7. INVERTEBRADOS MARINHOS Os animais que não possuem notocorda nem coluna vertebral são conhecidos como invertebrados. Esse grupo é muito grande e inclui animais que apresentam formas e comportamentos bem diferentes. Eles podem ser encontrados nos mais diversos ambientes (aquáticos ou terrestres) e podem ser parasitas de plantas ou de outros animais. 27 Os principais filos de invertebrados são: poríferos, celenterados, platelmintes, nematódeos, anelídeos, artrópodes, moluscos e equinodermes e todos estes filos possuem representantes no mar. 7.1. INVERTEBRADOS BENTÔNICOS Os invertebrados bentônicos são grupos de organismos que habitam diferentes tipos de substratos de habitats aquáticos. Estes podem ser compostos de fragmentos de vegetais, sedimentos diversos, macrófitas, algas filamentosas, entre outros. Dentreos diversos grupos existentes, podemos destacar os moluscos, insetos, nematódeos e os oligoquetos. Os organismos bentônicos têm sido utilizados como bio indicadores na avaliação de impactos ambientais provocados pelo mau uso dos recursos naturais do ambiente. Os animais, plantas, microrganismos e suas complexas interações com o meio ambiente respondem de maneira diferenciada às modificações da paisagem, produzindo informações, que não só indicam a presença de poluentes, mas proporcionam também uma melhor indicação de seu impacto na qualidade dos ecossistemas (Souza, 2001). 7.2. INVERTEBRADOS NECTÔNICOS Animais caracterizados por possuir simetria pentarradial e um esqueleto calcário que lhes protege grande parte do corpo. Além de alguns ossículos esqueléticos isolados de estrelas-do-mar, muito pequenos e difíceis de encontrar, os fósseis de equinodermos mais freqüentes em Almada correspondem a carapaças de ouriços-do-mar, das quais é mais habitual encontrar apenas fragmentos dispersos. Conhecem-se várias espécies no Miocénico do conselho, incluindo algumas formas que viviam permanentemente enterradas nos sedimentos, bem como outras, por vezes de grandes dimensões, que habitavam sobre os fundos marinhos. 8. PEIXES 28 8.1. MAMÍFEROS MARINHOS Os Mamíferos marinhos habitam primariamente o oceano ou dependem do oceano para alimentar-se e estão divididos em cinco grupos. Ordem Sirenia: peixe-boi, dugongo Ordem Carnivora: - Família Ursidae: urso-polar; - Superfamília Pinnipedia: leão-marinho, morsa; - Família Mustelidae: lontra-marinha; Ordem Cetacea: baleia, golfinho, marsuíno. Figura 18: Mamíferos marinhos Fonte: http://bio16marinha.blogspot.com/2016/04/mamiferos-marinhos.html 9. FATORES DE DISTRIBUIÇÃO DE ORGANISMOS MARINHOS Um dos temas de pesquisa mais ativos na biologia marinha é a descoberta e o mapeamento dos ciclos de vida das várias espécies, as zonas onde os seus membros passam a vida, o modo como as correntes oceânicas os afetam e os efeitos da miríade de outros fatores oceânicos no seu crescimento e bem-estar. 29 Só recentemente foi possível desenvolver este tipo de trabalho com a ajuda de tecnologia de GPS e de câmaras subaquáticas. A maior parte dos organismos marinhos reproduz-se em locais específicos, põe os ovos noutros locais, passa o seu tempo de juvenil ainda em outros locais e a maturidade noutros locais ainda. Durante bastante tempo, os cientistas não fizeram qualquer idéia sobre a localização de muitas espécies durante certos períodos dos seus ciclos de vida. De fato, as zonas por onde as tartarugas-marinhas viajam ainda são bastante desconhecidas. Instrumentos de seguimento não funcionam para algumas formas de vida e os rigores do oceano não são amigos da tecnologia. Mas em muitos casos, estes fatores limitativos estão a ser ultrapassados. 10. PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS MARINHOS Zona costeira Normalmente considera-se zona costeira, também chamada zona nerítica a que se encontra sob influência das marés e onde a luz pode penetrar até ao fundo, promovendo a fotossíntese. Existem organismos aquáticos, não só na zona que está permanentemente coberta de água - também conhecida por zona infratidal, ou seja, a que é mais profunda que a maior maré baixa - mas também na zona intertidal, que pode ficar a descoberto durante as marés baixas, e na supratidal que nunca é inundada pelas marés, mas que recebe humidade (ou umidade) da água do mar, através das ondas e por penetração da água através da areia. Os organismos que habitam nesta região estão adaptados a estas variações, tanto do nível de água, como da sua falta durante determinados períodos. Por exemplo, muitos crustáceos e moluscos que vivem nesta zona são capazes de armazenar água junto das brânquias, fechando a sua abertura. Nesta zona, encontram-se vários ecossistemas diferentes, que são descritos abaixo. 30 Praias Uma praia é uma formação geológica consistindo de partículas soltas de rocha tais como areia, lascas de pedra e conchas de crustáceos e moluscos, ao longo da margem de um corpo de água. Como são total ou parcialmente cobertas periodicamente pela água, consequência das marés ou das flutuações dos caudais dos rios, são habitadas por seres vivos adaptados a esse tipo de vida. As plantas e algas que aí se desenvolvem são tipicamente aquáticas, ou próprias de um solo com pouca matéria orgânica. Entre os animais, são mais comuns os moluscos e crustáceos que escavam suas moradas na areia, para terem sempre acesso à água. Planícies de ervas marinhas As ervas marinhas são plantas que produzem flor adaptadas à vida na água do mar. Estas plantas encontram-se em muitas praias, principalmente na zona infratidal, onde estão constantemente submersas, mas acessíveis à luz solar. Têm um importante papel nos ecossistemas costeiros, não só pela sua produtividade, mas também por servirem de refúgio a muitos animais bentónicos. Manguezais ou mangues e marinhas Os manguezais (também chamados mangues ou mangais) são um ecossistema costeiro caracterizado por árvores adaptadas à água do mar, com grandes raízes aéreas, os pneumatóforos. Essas raízes formam uma malha apertada que retém grande quantidade de sedimentos, tanto orgânicos, como inorgânicos. Por essa razão, o solo é povoado por uma grande quantidade de microalgas e bactérias, para além de organismos saprófitos, que alimentam uma abundante meiofauna. Estuários Um estuário é a parte de um rio que se encontra em contato com o mar. Por esta razão, um estuário sofre a influência das marés e possui tipicamente água salobra, albergando uma abundante fauna de organismos adaptados, tanto a grandes flutuações da salinidade, como a uma 31 grande dinâmica das águas, tanto pela influência das marés, como das alterações do caudal do rio ou rios que o alimentam. Entre esses animais contam-se muitas variedades de peixes, crustáceos e moluscos. Costões rochosos Costão rochoso é o nome dado ao ambiente costeiro formado por rochas, situado na transição entre os meios terrestre e marinho. É considerado muito mais uma extensão do ambiente marinho que do terrestre, uma vez que a maioria dos organismos que o habitam, estão relacionados ao mar. No Brasil, suas rochas possuem origem vulcânica e são estruturadas de diversas maneiras. É um ambiente extremamente heterogêneo: pode ser formado por paredões verticais bastante uniformes, que estendem-se muitos metros acima e abaixo da superfície da água ou por matacões de rocha fragmentada de pequena inclinação (ex. a costa de Ubatuba/SP). No Brasil, pode-se encontrar costões rochosos por quase toda a costa.Sendo que a maior concentração deste ambiente está na região Sudeste, onde a costa é bastante recortada. A partir da observação da fisiografia da costa do Brasil, pode-se estabelecer uma relação entre a ocorrência de costões rochosos e a proximidade das serras em relação ao Oceano Atlântico. Tomando como exemplo o Estado de São Paulo, observa-se que em locais onde a Serra do Mar se elevou próxima ao oceano, ocorre um predomínio de costões rochosos na interface da terra com o mar (ex. Ubatuba), já em locais onde a Serra do Mar está muito distante da costa, ocorre o predomínio de manguezal e restinga (ex. Cananeia). Os costões são, portanto, na maioria das vezes, extensões das serras rochosas que atingem o fundo do mar. O costão rochoso pode ser modelado por aspectos físicos, químicos e biológicos. Em relação aos aspectos físicos, a erosão por batimento de ondas, ventos e chuvas, é o principal, mas a temperatura também possui papel importante na decomposição das rochas, a longo prazo, através da expansão e contração dos minerais. Os fatores químicos envolvidos dependem do tipo de rocha que forma o costão, uma vez que minerais reagem quimicamente coma água do mar (ex. ferro), sendo que estas relações são 32 reguladas principalmente pelos fatores climáticos. Além destes, temos o desgaste das rochas que pode ser causado por organismos habitantes ou visitantes do costão, como ouriços, esponjas e moluscos. O ecossistema costão rochoso pode ser muito complexo e, normalmente, quanto maior a complexidade, maior a diversidade de organismos em um determinado ambiente. Para entendermos tal relação, podemos tomar como modelos dois tipos de costão, um costão exposto e um costão protegido. Plataforma continental Em oceanografia, chama-se plataforma continental à porção dos fundos marinhos que começa na linha de costa e desce com um declive suave até ao talude continental (onde o declive é muito mais pronunciado). Em média, a plataforma continental desce até uma profundidade de 200 metros. Recifes recife Coral Talude continental Em oceanografia, chama-se talude continental à porção dos fundos marinhos com declive muito pronunciado que fica entre a plataforma continental e a margem continental, onde começam as planícies abissais. Zona profunda ou abissal Em geral, consideram-se "águas profundas" aquelas onde já não penetra a luz, mas a Zona Abissal para os oceanógrafos começa no fundo do talude continental, no que é considerado como o limite dos continentes. Esta zona é formada por planícies abissais, fossas abissais e canhões, mas nela se encontram montes submarinos que podem atingir a profundidade da zona eufótica. O oceano tem uma profundidade média de cerca de 5 km, o que significa que esta zona abissal é muito extensa, apesar de ter sido pouco estudada. A pressão hidrostática aumenta em uma atmosfera a cada 10 metros de profundidade, o que torna o estudo desta zona muito difícil, sendo necessário o 33 uso de batiscafos, que são submarinos protegidos especialmente para pressões elevadas. Com estes submarinos e também com a ajuda de instrumentos acústicos, as ecossondas foram feitas algumas pesquisas que levaram ao conhecimento de alguns detalhes do fundo dos mares. O ponto mais profundo dos oceanos foi encontrado na Fossa das Marianas, a leste do arquipélago das Filipinas, no Oceano Pacífico, com 10.924 m. Outros pontos especialmente profundos são o Canhão de Monterrey, ao largo da Califórnia, com cerca de 10.000 m, a Fossa de Porto Rico, com 8.605 m, a Fossa de Java, com 7.450 m e a de South Sandwich, com 7.235 m. A estas profundidades, para além da pressão elevada, não penetra a luz e, por isso, não pode haver fotossíntese. No entanto, existem muitos animais adaptados a estes fundos, entre peixes, crustáceos e vermes, muitos deles com órgãos luminosos. Regiões especiais, que parecem ser "oásis" no meio dum deserto, são as fontes termais submarinas e o seu oposto, as geleiras submarinas, onde uma série de compostos químicos são libertados do interior da terra, possibilitando a vida de numerosos organismos, num ecossistema que se acredita basear-se em bactérias capazes de metabolizar essas substâncias. 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ultimamente, biólogos marinhos estão tentando completar o mapeamento das criaturas aquáticas com ajuda de modernas técnicas, que ajudam a exploração do fundo do oceano, mais precisamente nas depressões aquáticas, onde acreditam encontrar novas espécies, eventualmente um potencial de grande interesse para as teorias da evolução. 34 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Chave, A., 2004. Seeding the seafloor with observatories. Oceanus, vol. 42, no. 2, pp. 28-31. Redes de instrumentos de alta tecnologia instaladas no fundo oceânico nos permitirão monitorar continuamente as condições e a dinâmica no interior do planeta. Clarke, T., 2003. Oceanography: Robots in the deep. Nature, vol. 421, no. 6922, 30 January, pp. 468-470. Veículos submarinos autônomos – AUVs – estão se tornando realidade. Curry, A., 2008. Raiders or traders? Smithsonian, vol. 39, no. 4, July, pp. 24- 30. Durante a baixa Idade Média, escandinavos saquearam e fizeram comercio ao longo de milhares de quilômetros de rotas marinhas para o Leste e para o Sul de suas terras de origem. Zarpar em uma réplica de um navio Viking dá aos pesquisadores ideia de como era a vida desses aventureiros intrépidos. Earth monitoring. Nature, vol. 450, no. 7171, 6 December 2007, pp. 778- 790. Uma coleção especial de artigos sobre o monitoramento dos sistemas naturais da Terra. Linden, E., 2004. The Vikings: A memorable visit to America. Smithsonian, vol. 35, no. 9, December, pp. 92-99. A história da descoberta da América do Norte pelos Vikings – onde eles foram e quando regressaram. 35 Mayr, E., 2000. Darwin’s influence on modern thought. Scientif ic American, vol. 283, no. 1, July, pp. 78-83. As descobertas e publicações de Charles Darwin tiveram um profundo impacto não apenas na ciência, mas também na sociedade como um todo. Ocean observatories. Oceanus, vol. 42, no. 1, 2000. Conjuntos de instrumentos de alta tecnologia permanecem por meses, ou até anos, no fundo oceânico enviando informações importantes para os cientistas na superfície. Pringle, H., 2007. Follow that kelp. New Scientist, vol. 191, no. 2616, August 11-17, pp. 40-43. Os primeiros habitantes da América podem ter vindo da Sibéria em pequenos botes seguindo o cinturão de florestas de kelps da costa do pacífico Norte. Quammen, D., 2004. Was Darwin wrong? National Geographic, vol. 206, no. 5, November, pp. 2-35. Sim, evolução é uma teoria – isso significa dizer que ela é a melhor explicação disponível para um vasto conjunto de evidências. Smith, R., 2008. Beyond the blue horizon. National Geographic, vol. 213, no. 3, March, pp. 106-123. Achados arqueológicos recentes ajudam a montar o quebra-cabeça de como os antigos polinésios navegaram pelo Oceano Pacífico. Stone, G. S., 2003. Deep science. National Geographic, vol. 204, no. 3, September, pp. 78-93. Aquarius, o único laboratório sub-aquático habitado do mundo no fundo do mar das Florida Keys. Sulloway, F. J., 2006. The evolution of Charles Darwin. Smithsonian, vol. 36, no. 9, December, pp. 58-69. Charles Darwin seguiu rigorosamente o método cientifico, mesmo quando suas conclusões desafiaram seus preceitos religiosos profundamente estabelecidos. 36 Tindall, B., 2004. Tidal attraction. Sierra, vol. 89, no. 3, May/June, pp. 48- 55, 64. Um olhar sobre as mesmas poças de maré estudadas por Ed Ricketts e John Steinbeck – mas muitas já não são o que eram antes. Wheelwright, J., 2003. Sea searchers. Smithsonian, vol. 33, no. 10, January, pp. 56-62. Cientistas iniciam um esforço sem precedentes para seguir os movimentos de animais marinhos usando a última tecnologia de satélites. E. Huber, Michael (1991). Marine Biology. [S.l.: s.n.] Definição de Biologia Marinha no site da Escola Básica e Secundária da Madalena do Pico, Açores, Portugal acessado a 2 de junho de 2009 Bonecker, A C T, Bonecker, A L C e Bassani, C. Plâncton Marinho. Em: Pereira, R. C. & Soares-Gomes, A (editores). Biologia Marinha. Rio de Janeiro: Interciência, 2002. 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