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NOTA DE AULA PENAL 2 - Extorsao mediante sequestro e apropriacao indebita

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NOTA DE AULA PENAL 2 – PROF. MÁRCIO VITOR ALBUQUERQUE
1. Extorsão mediante seqüestro
        Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:                 Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90                  (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
        Pena - reclusão, de oito a quinze anos..                 (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
        § 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.                Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90                  (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
        Pena - reclusão, de doze a vinte anos.              (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
        § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:               Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
        Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.                (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
        § 3º - Se resulta a morte:                Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
        Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.                  (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
        § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.                   (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
Classificação do crime
Sujeitos – ativo e passivo – qualquer pessoa – crime comum – verificar qualificadoras
Bem jurídico – Segundo Fernando Capez : “Por se tratar de crime complexo, formado pela fusão de dois crimes – sequestro ou cárcere privado e extorsão –, tutela-se a inviolabilidade patrimonial e a liberdade de locomoção, além da integridade física, diante da previsão das formas qualificadas pelo resultado lesão corporal grave ou morte. Em que pese haver ofensa à liberdade pessoal, cuida--se de crime patrimonial, pois o sequestro é crime-meio para obtenção de vantagem patrimonial.
Ação Penal pública incondicionada – art.100 do CP
Núcleo – Sequestrar – “que significa privar a vítima de sua liberdade de locomoção, ainda que por breve espaço de tempo. O objeto material deve ser, necessariamente, pessoa, pois o sequestro de um animal de estimação para extorquir seu dono, por exemplo, configura o delito previsto no art. 158 do Código Penal. A lei não se refere ao cárcere privado, ao contrário do art. 148 do Código Penal; entretanto, segundo a doutrina, o termo “sequestro” tem acepção ampla, compreendendo também o cárcere privado, ou seja, a segregação da vítima em recinto fechado”. FERNANDO CAPEZ
Formas - livre
Crime permanente
Crime comissivo
Crime – comum
Crime formal
Unissubjetivo, plurissubsitente
Competência juiz singular
Crime Hediondo em todas as suas formas – Ver Lei 8072/90 – art.1§
Diferenciar do art.148 do CP
Segundo Guilherme de Souza Nucci: “Sequestrar significa tirar a liberdade, isolar, reter a pessoa. Tal fato constitui crime autônomo (art. 148, CP), quando a finalidade do agente é, realmente, insular a vítima. Entretanto, havendo finalidade específica, consistente na obtenção de vantagem patrimonial, torna-se uma modalidade de extorsão. É o previsto no art. 159 do CP.
A condição é uma obrigação que se impõe à(s) vítima(s) para que possa haver a libertação. O preço é a recompensa ou o prêmio que proporcionará a libertação.
Quanto à vantagem, há duas posições:
a)tendo em vista que o tipo penal menciona qualquer vantagem, não importa seja ela econômica ou não, devida ou indevida;
b)levando-se em conta que o tipo penal é uma extorsão cometida através de um sequestro, estando no contexto dos crimes patrimoniais, ela deve ser econômica.
CRIME FORMAL – BASTA HAVER AQUI O SEQUESTRO DA VÍTIMA, INDEPENDENTEMENTE DO PAGAMENTO DO RESGATE. Vejamos o que diz Guilherme de Souza Nucci:
 “Tratando-se de crime formal, pune-se a mera atividade de sequestrar pessoa, tendo a finalidade de obter resgate. Assim, embora o agente não consiga a vantagem almejada, o delito está consumado quando a liberdade da vítima é cerceada. Por outro lado, convém destacar que o crime de extorsão mediante sequestro está consumado, do mesmo modo, ainda que o agente, privando a liberdade da vítima, com a intenção de pleitear resgate, não tenha tempo para fazê-lo”.
Elemento subjetivo – Dolo
Qualificadoras – Verificar incidência
Guilherme de Souza Nucci afirma:
“Duração superior a 24 horas
Quando a privação da liberdade da vítima tiver prazo superior a 24 horas, o delito torna-se qualificado, tendo em vista o maior perigo gerado para o ofendido, inclusive à sua saúde, diante do estresse enfrentado.
Sequestro de menor de 18 anos
A proteção é maior às vítimas menores de 18 anos, mais frágeis e ainda em formação da personalidade, que podem sofrer abalos psicológicos gravíssimos pela privação arbitrária da sua liberdade.
Sequestro de idoso
Trata-se de introdução proporcionada pelo Estatuto do Idoso. Não há dúvida de que a pessoa maior de 60 anos, pela fragilidade natural de sua situação física e mental, pode sofrer um trauma inigualável se for vítima de um sequestro. Se o menor de 18 anos, que ainda está formando sua personalidade, pode sofrer abalo psicológico de monta (vide nota anterior), o maior de 60 anos encontra-se na plena maturidade de sua existência, merecendo respeito e tratamento digno...
 Bando ou quadrilha
Valeu-se o tipo penal da figura específica prevista no art. 288 do Código Penal, atualmente modificado pela Lei 12.850/2013, intitulando-se associação criminosa. Desse modo, é necessária a prova de que três ou mais pessoas se associaram com a finalidade específica de cometer crimes. Não se trata, nesse caso, de uma mera associação eventual, pois, se assim fosse, deveria o legislador ter feito constar apenas o “concurso de mais de ... pessoas”... O ART.288 FICA ABSORVIDO AQUI
ART.288 DO CP – ART.8º LEI 8072/90 – 
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
Verificar demais qualificadoras incidência
Delação eficaz ou premiada – art.159§4º - Efeitos – Requisitos: para a aplicação da delação eficaz são necessários os seguintes pressupostos: (i) prática de um crime de extorsão mediante sequestro; (ii) cometido em concurso; (iii) delação feita por um dos coautores ou partícipes à autoridade; (iv) eficácia da delação.
2.       Extorsão indireta
        Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
        Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Classificação
3.  Apropriação indébita
        Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
        Aumento de pena
        § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
        I - em depósito necessário;
        II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
        III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
CLASSIFICAÇÃO
SUJEITOS
Ação penal
Formas
Núcleo – apropriar-se 
Elementos normativos – posse ou detenção – Segundo Fernando Capez: “posse (v. CC, art. 1.197): cuida-se aqui da posse direta exercida pelo locatário, usufrutuário, mandatário, ou seja, é a posse exercida pelo indivíduo em nome de outrem. O exercício da posse nesse caso é desvigiado. Por exemplo: indivíduo que aluga um automóvel com o fim de fazer turismo pela cidade, mas, posteriormente, resolve apoderar-se dele, não mais o devolvendo. O indivíduo não cometeu crime de furto, umavez que a posse direta do bem lhe foi entregue licitamente. Ele não subtraiu o bem, a sua retirada não foi clandestina, contudo, após a sua obtenção lícita, passou a dispor daquele como se dono fosse. – detenção (v. CC, arts. 1.198 e 1.208): A detenção sobre o bem pode ser vigiada ou desvigiada. Segundo Hungria, “somente na última hipótese é que pode haver apropriação indébita, pois, na primeira, inexistindo o livre poder de fato sobre a coisa (não passando o detentor de um instrumento do dominus a atuar sob as vistas deste), o que pode haver é furto” de objetos do mostruário recebido do patrão, comete apropriação indé-bita qualificada, mas o caixeiro sedentário que se apropria de objetos tirados à prateleira ou do dinheiro recebido no balcão, iludindo a custódia do patrão, é réu de furto”. Conclusão: somente na detenção desvigiada, em que há livre disponibilidade sobre a coisa, pode-se falar em crime de apropriação indébita. Não exerce detenção desvigiada o vendedor de uma loja. Nélson Hungria, Comentários.
Ainda segundo CAPEZ: “A apropriação da coisa alheia pode-se dar de diversas maneiras: (i) consumindo a coisa – “A” entrega a “B” prato de alimento para levar a “C”, e “B” ingere-o no caminho; (ii) alterando a coisa – o ourives que funde um tipo de ouro de menor valia do que aquele que lhe foi entregue para confecção de uma joia; (iii) retendo a coisa – o agente não devolve o objeto ou não lhe dá o destino conveniente, para o qual o recebeu; (iv) ocultando o objeto – o agente afirma que não recebeu a coisa”. Outra forma seria não devolvendo o bem.
Sujeitos – Crime comum ou próprio – Entendimento de Rogério Greco
Se for funcionário público ver art.312 do CP – Peculato
ELEMENTO SUBJETIVO – DOLO
Crime material – Segundo Fernando Capez “Trata-se de crime material. Consuma-se no momento em que o agente transforma a posse ou detenção sobre o objeto em domínio, ou seja, quando passa a agir como se fosse dono da coisa. A inversão de ânimo é demonstrada pela própria conduta do agente, que passa a adotar comportamentos incompatíveis com a mera posse ou detenção da coisa.
Segundo NUCCI : “Reparação do dano O Código Penal não elegeu a reparação do dano, nos delitos patrimoniais, como causa que pudesse afastar a punibilidade do agente, devendo-se aplicar o art. 16 (arrependimento posterior), que é somente causa de redução da pena, dentro das condições ali especificadas. Entretanto, é lógico que, havendo reparação integral do dano, logo após a negativa de restituição da coisa dada ao agente, é possível excluir o dolo, ou seja, a vontade de se apropriar de coisa alheia. Conforme o caso concreto, portanto, cremos ser curial a análise da tipicidade, verificando-se se, de fato, o sujeito queria se apossar da coisa alheia. Entretanto, a mera devolução da coisa, antes do recebimento da denúncia, não afasta o crime.
Formas simples
Majorantes – Tipos
Aplica-se na terceira fase da dosimetria da pena – ver art.68 do CP
Segundo Nucci: “ a) se o agente recebeu a coisa em depósito necessário, pois está a demonstrar que o sujeito passivo não tinha outra opção a não ser confiar a coisa ao autor. Por isso, se sua confiança é atraiçoada, deve o sujeito ativo responder mais gravemente pelo que fez. Entende, majoritariamente, a doutrina ser depósito necessário, para configurar esta causa de aumento, o depósito miserável, previsto no art. 647, II, do Código Civil, ou seja, o depósito que se efetua por ocasião de calamidade (incêndio, inundação, naufrágio ou saque). Nas outras hipóteses de depósito necessário (arts. 647, I, e 649 do Código Civil), que tratam dos casos de desempenho de obrigação legal ou depósito de bagagens dos viajantes, hóspedes ou fregueses em casas de hospedagem, resolve-se com outras figuras típicas: peculato (quando for funcionário público o sujeito ativo), apropriação qualificada pela qualidade de depositário judicial ou apropriação qualificada em razão de ofício, emprego ou profissão; 
b)se o autor recebeu a coisa na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro e depositário judicial; afinal, são pessoas que, como regra, recebem coisas de outrem para guardar consigo, necessariamente, até que seja o momento de devolver. Por isso, devem responder mais gravemente pela apropriação. O rol não pode ser ampliado; 
c)se recebeu a coisa em razão de ofício, emprego ou profissão. A apropriação, quando cometida por pessoas que, por conta das suas atividades profissionais de um modo geral, terminam recebendo coisas, através de posse ou detenção, para devolução futura, é mais grave. Por isso, merece o autor pena mais severa.
Competência – Justiça Comum
Ação penal pública incondicionada
Diferenças delito de estelionato – Art.171 do CP – VER NÚCLEOS DE CADA CRIME!!!! 
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