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Aula 03 e aula 04 - Prof Nidal

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1 
 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
DIREITO PENAL..............................................................................................................................3 
ALGUNS CRIMES EM ESPÉCIE ............................................................................................................. 3 
01 CALÚNIA ....................................................................................................................................... 3 
02 DIFAMAÇÃO .................................................................................................................................. 3 
03 INJÚRIA ........................................................................................................................................ 4 
04 ASPECTOS PONTUAIS DOS CRIMES CONTRA A HONRA....................................................................5 
05 FURTO .......................................................................................................................................... 7 
06 ROUBO ....................................................................................................................................... 12 
07 EXTORSÃO .................................................................................................................................. 18 
08 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ............................................................................................. 20 
09 DANO ......................................................................................................................................... 22 
10 APROPRIAÇÃO INDÉBITA ............................................................................................................. 24 
11 ESTELIONATO ............................................................................................................................. 26 
12 RECEPTAÇÃO .............................................................................................................................. 29 
13 ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS ............................................................................................................ 30 
14 ESTUPRO....................................................................................................................................33 
15 VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE ........................................................................................35 
16 IMPORTUNAÇÃO SEXUAL.............................................................................................................36 
17 REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE SEXUAL.................................................................37 
18 ESTUPRO DE VULNERÁVEL...........................................................................................................38 
19 DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO E DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, E DE SEXO OU 
PORNOGRAFIA................................................................................................................................40 
 
PADRÃO DE RESPOSTAS...............................................................................................................43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 ALGUNS CRIMES EM ESPÉCIE 
 
01) CALÚNIA – Art. 138 
 
I) CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Calúnia é o fato de atribuir a outrem, falsamente, a prática de fato definido como 
crime. O CP tutela a honra objetiva (reputação). 
A lei exige expressamente que o fato atribuído seja definido como crime. O fato 
criminoso deve ser determinado, ou seja, um caso concreto, não sendo necessário, contudo, descrevê-lo de 
forma pormenorizada, detalhada, como, por exemplo, apontar dia, hora, local. 
É fundamental, para a existência de calúnia, que a imputação de fato definido como 
crime seja falsa. Se o fato for verdadeiro, não há que se falar em crime de calúnia. 
O momento consumativo da calúnia ocorre no instante em que a imputação chega 
ao CONHECIMENTO DE UM TERCEIRO que não a vítima. 
A calúnia verbal não admite a figura da tentativa. Ou o sujeito diz a imputação, e o 
fato está consumado, ou não diz, e não há conduta relevante para o Direito Penal. 
Já a calúnia escrita admite a tentativa. Ex. o sujeito remete uma carta caluniosa e 
ela se extravia. O crime não atinge a consumação, por intermédio do conhecimento do destinatário, por 
circunstâncias alheias à vontade do sujeito. 
 
02) DIFAMAÇÃO – Art. 139 
Difamar significa desacreditar publicamente uma pessoa, maculando-lhe a 
reputação. 
O legislador protege a honra objetiva (reputação). A exemplo do crime de calúnia, 
o bem jurídico protegido é a honra, isto é, a reputação do indivíduo, a sua boa fama, o conceito que a 
sociedade lhe atribui. 
Dizer que uma pessoa é caloteira configura uma injúria, ao passo que espalhar o 
fato de que ela não pagou aos credores “A”, “B” e “C”, quando as dívidas X, Y e Z venceram configura a 
difamação. 
A difamação atinge o momento consumativo quando UM TERCEIRO, que não o 
ofendido, toma conhecimento da imputação ofensiva à reputação. 
Quanto à tentativa, é inadmissível, quando se trata de fato cometido por intermédio 
da palavra oral. Tratando-se, entretanto, de difamação praticada por meio escrito, é admissível. 
01
 
 
 
 
4 
03) INJÚRIA – Art. 140 
Injúria é a ofensa à dignidade ou ao decoro de outrem. 
Ao contrário dos delitos de calúnia e difamação, que tutelam a honra objetiva, o 
bem protegido por essa norma penal é a honra subjetiva, que é constituída pelo sentimento próprio de cada 
pessoa acerca de seus atributos morais (chamados de honra-dignidade), intelectuais e físicos (chamados de 
honra-decoro). 
Trata-se de crime formal. O crime se consuma quando o sujeito passivo toma ciência 
da imputação ofensiva, independentemente de o ofendido sentir-se ou não atingido em sua honra subjetiva, 
sendo suficiente, tão-só, que o ato seja revestido de idoneidade ofensiva. 
A injúria, quando cometida por escrito, admite a tentativa; quando por meio verbal, 
não. 
I) INJÚRIA RACIAL – Art. 140, § 3º 
Aquele que se dirige a uma pessoa de determinada raça, insultando-a com 
argumentos ou palavras de conteúdo pejorativo, responderá por injúria racial, não podendo alegar que houve 
uma injúria simples, nem tampouco uma mera exposição do pensamento (como dizer que todo “judeu é 
corrupto” ou que “negros são desonestos”), uma vez que não há limite para tal liberdade. 
Assim, quem simplesmente dirigir a terceiro palavras referentes a “raça”, “cor”, 
“etnia”, “religião” ou “origem”, com o intuito de ofender, responderá por injúria racial. 
QUESTÃO 4 – XX EXAME 
 
Joana trabalha em uma padaria na cidade de Curitiba. Em um domingo pela manhã, Patrícia, freguesa da 
padaria, acreditando não estar sendo bem atendida por Joana, após com ela discutir, a chama de “macaca” 
em razão da cor de sua pele. Inconformados com o ocorrido, outros fregueses acionam policiais que efetuam 
a prisão em flagrante de Patrícia por crime de racismo (Lei nº 7.716/89 – Lei do Preconceito Racial), apesar 
de Joana dizer que não quer ia que fosse tomada qualquer providência em desfavor da pessoa detida. A 
autoridade policial lavra o flagrante respectivo, independente da vontade da ofendida, asseverando que os 
crimes da Lei nº 7.716/89 são de ação penal pública incondicionada. O Ministério Público opina pela liberdade 
de Patrícia porque ainda existiam diligências a serem cumpridas em sede policial. Patrícia, sete meses após o 
ocorrido, procura seu advogado para obter esclarecimentos, informando que a vítima foi ouvida em sede 
policial e confirmou o ocorrido, bem como o desinteresse em ver a autora dos fatos responsabilizada 
criminalmente. Na condição de advogado de Patrícia, esclareça: 
A) Agiu corretamente a autoridade policial ao indiciar Patrícia pela prática do crime de racismo? Justifique. 
(Valor: 0,65) 
B) Existe algum argumento defensivopara garantir, de imediato, o arquivamento do inquérito policial? 
Justifique. (Valor: 0,60) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
 
 
 
 
 
5 
04) ASPECTOS PONTUAIS DOS CRIMES CONTRA A HONRA 
I) CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE – Art. 142 
a) IMUNIDADE JUDICIÁRIA 
Exige-se que haja uma relação processual instaurada, pois é esse o significado da 
expressão “irrogada em juízo”, além do que o autor da ofensa precisa situar-se em local próprio para o debate 
processual. 
b) IMUNIDADE LITERÁRIA, ARTÍSTICA E CIENTÍFICA 
Esta causa de exclusão diz respeito à liberdade de expressão nos campos literário, 
artístico e científico, permitindo que haja crítica acerca de livros, obras de arte ou produções científicas de 
toda ordem, ainda que sejam pareceres ou conceitos negativos. 
c) IMUNIDADE FUNCIONAL 
O funcionário público, cumprindo dever inerente ao seu ofício, pode emitir um 
parecer desfavorável, expondo opinião negativa a respeito de alguém, passível de macular a reputação da 
vítima ou ferir a sua dignidade ou seu decoro, embora não se possa falar em ato ilícito, pois o interesse da 
Administração Pública deve ficar acima dos interesses individuais. 
II) AÇÃO PENAL – Art. 145 
a) Regra 
Nos crimes contra a honra, a regra é a de que ação penal privada da vítima ou do 
seu representante legal. 
b) Exceções 
b.1) Resultando na vítima lesão física (injúria real com lesão corporal), apura-se o crime mediante ação penal 
pública incondicionada. No entanto, com o advento da Lei 9.099/95, alguns autores entendem que se trata de 
ação penal pública condicionada a representação, já que é a prevista para os crimes de lesão corporal leve. 
b.2) Será penal pública condicionada à representação no caso de o delito ser cometido contra funcionário 
público, no exercício das funções (art. 141, II) e condicionada à requisição do Ministro da Justiça no caso do 
nº I do art. 141 (contra o Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro). 
Convém ressaltar a Súmula 714 do STF: 
“É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, 
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em 
razão do exercício de suas funções”. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 3 - XVI EXAME 
 
Em uma discussão de futebol, Rubens e Enrico, em comunhão de ações e desígnios, chamaram Eduardo de 
“ladrão” e “estelionatário”, razão pela qual Eduardo formulou uma queixa-crime em face de ambos. No curso 
da ação penal, porém, Rubens procurou Eduardo para pedir desculpas pelos seus atos, razão pela qual 
Eduardo expressamente concedeu perdão do ofendido em seu favor, sendo esse prontamente aceito e, 
consequentemente, extinta a punibilidade de Rubens. Eduardo, contudo, se recusou a conceder o perdão para 
Enrico, pois disse que não era a primeira vez que o querelado tinha esse tipo de atitude. 
Considerando apenas as informações narradas, responda aos itens a seguir. 
A) Qual o crime praticado, em tese, por Rubens e Enrico? (Valor: 0,60) 
 
B) Que argumento poderá ser formulado pelo advogado de Enrico para evitar sua punição? (Valor: 0,65) 
 
Responda justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso. 
 
 
 
INJÚRIA 
Art. 140 CP 
DIGNIDADE 
DECORO 
 
EXPRESSÃO NEGATIVA 
CALÚNIA 
Art. 138 CP 
IMPUTAR 
FALSAMENTE 
FATO 
CRIME 
DIFAMAÇÃO 
Art. 139 CP 
DIFAMAR 
FATO 
 
OFENSIVO REPUTAÇÃO 
EXCEÇÃO VERDADE 
MORAIS 
INTELECTUAIS 
E FÍSICOS 
 
 
 
7 
05) FURTO – Art. 155 
 
I) CONCEITO 
O crime de furto consubstancia-se no verbo subtrair, que significa tirar, retirar de 
outrem bem móvel, sem a sua permissão, com o fim de assenhoramento definitivo. A subtração implica sempre 
a retirada do bem sem o consentimento do possuidor ou proprietário. 
Exige-se o dolo, consistente na vontade do agente de subtrair coisa alheia móvel. 
É indispensável que o agente tenha a intenção de possuir a coisa alheia móvel, 
submetendo-a ao seu poder, isto é, de não devolver o bem, de forma alguma. Assim, se ele o subtrai apenas 
para uso transitório e depois o devolve no mesmo estado, não haverá a configuração do tipo penal. Cuida-se 
na hipótese de mero furto de uso, que não constitui crime, pela ausência do ânimo de assenhoramento 
definitivo do bem. 
Se o sujeito restituir o objeto subtraído até o recebimento da denúncia, pode incidir 
o instituto do arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal, que constitui causa de 
diminuição da pena. Em outras palavras, o agente será processado pelo delito, mas, se condenado, poderá 
ter a pena reduzida de 1/3 a 2/3. 
Não existe na modalidade culposa. 
II) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Para Damásio e Capez, o furto atinge a consumação no momento em que o objeto 
material é retirado da esfera de posse e disponibilidade do sujeito passivo, ingressando na livre disponibilidade 
do autor, ainda que este não obtenha a posse tranquila. A subtração se opera no exato instante em que o 
possuidor perde o poder e o controle sobre a coisa, tendo de retomá-la porque já não está mais consigo. 
A tentativa é admissível. Ocorre sempre que o sujeito ativo não consegue, por 
circunstâncias alheias à sua vontade, retirar o objeto material da esfera de proteção e vigilância da vítima, 
submetendo-a à sua própria disponibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSUMAÇÃO 
INVERSÃO DA POSSE 
RETIRA DA DISPONIBILIDADE VÍTIMA 
 
 
 
 
8 
QUESTÃO 2 - XIII EXAME 
Antônio, auxiliar de serviços gerais de uma multinacional, nos dias de limpeza, passa a observar uma escultura 
colocada na mesa de seu chefe. Com o tempo, o desejo de ter aquele objeto fica incontrolável, razão pela 
qual ele decide subtraí-lo. Como Antônio não tem acesso livre à sala onde a escultura fica exposta, utiliza-se 
de uma chave adaptável a qualquer fechadura, adquirida por meio de um amigo chaveiro, que nada sabia 
sobre suas intenções. Com ela, Antônio ingressa na sala do chefe, após o expediente de trabalho, e subtrai a 
escultura pretendida, colocando-a em sua bolsa. 
Após subtrair o objeto e sair do edifício onde fica localizada a empresa, Antônio caminha tranquilamente cerca 
de 400 metros. Apenas nesse momento é que os seguranças da portaria suspeitam do ocorrido. Eles acham 
estranha a saída de Antônio do local após o expediente (já que não era comum a realização de horas extras), 
razão pela qual acionam policiais militares que estavam próximos do local, apontando Antônio como suspeito. 
Os policiais conseguem alcançá-lo e decidem revistá-lo, encontrando a escultura da sala do chefe na sua bolsa. 
Preso em flagrante, Antônio é conduzido até a Delegacia de Polícia. 
Antônio, então, é denunciado e regularmente processado. Ocorre que, durante a instrução processual, verifica-
se que a escultura subtraída, apesar de bela, foi construída com material barato, avaliada em R$ 250,00 
(duzentos e cinquenta reais), sendo, portanto, de pequeno valor. A FAC (folha de antecedentes criminais) 
aponta que Antônio é réu primário. 
Ao final da instrução, em que foram respeitadas todas as exigências legais, o juiz, em decisão fundamentada, 
condena Antônio a 2 (dois) anos de reclusão pela prática do crime de furto qualificado pela utilização de chave 
falsa, consumado, com base no artigo 155, § 4º, III, do CP. 
Nesse sentido, levando em conta apenas os dados contidos no enunciado, responda aos itens a seguir. 
A) É correto afirmar que o crime de furto praticado por Antônio atingiu a consumação? Justifique. (Valor: 
0,40) 
B) Considerando que Antônio não preenche os requisitos elencados pelo STF e STJ para aplicação do princípio 
da insignificância, qual seria a principal tese defensiva a ser utilizada em sede de apelação? Justifique. (Valor: 
0,85)O examinando deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do dispositivo 
legal não pontua. 
 
III) FURTO PRIVILEGIADO – Art. 155, § 2º 
A corrente majoritária sustenta ser de pequeno valor a coisa que não ultrapassa 
quantia equivalente a um salário mínimo vigente à época do fato. 
IV) FURTO QUALIFICADO – Art. 155, § 4º 
a) COM DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO À SUBTRAÇÃO DA COISA; 
É necessário que o sujeito pratique violência contra “obstáculo” à subtração do 
objeto material. A violência contra a coisa subtraída não qualifica o furto. 
 
 
 
b) com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza 
* abuso de confiança 
Objeto entre agente e objeto que pretende subtrair 
 
Não é o que integra próprio objeto 
ROMPIMENTO 
Pequeno Valor 
 
 
 
 
9 
É a confiança que decorre de certas relações (que pode ser a empregatícia, a 
decorrente de amizade ou parentesco) estabelecidas entre o agente e o proprietário do objeto. O agente, 
dessa forma, aproveita-se da confiança nele depositada para praticar o furto, pois há menor vigilância do 
proprietário sobre os seus bens. 
* Mediante fraude 
É o ardil, artifício, meio enganoso empregado pelo agente para diminuir, iludir a 
vigilância da vítima e realizar a subtração. São exemplos de fraude: agente que se disfarça de empregado de 
empresa telefônica e logra entrar em residência alheia para furtar, ou agente que, a pretexto de realizar 
compras em uma loja, distrai a vendedora, de modo a lograr apoderar-se dos objetos. 
 
 
* Mediante escalada 
 
Escalada, que em direito penal tem sentido próprio, é a penetração no local do furto 
por meio anormal, artificial ou impróprio, que demanda esforço incomum. Escalada não implica, 
necessariamente, subida, pois tanto é escalada galgar alturas quanto saltar fossos, rampas ou mesmo 
subterrâneos, desde que o faça para vencer obstáculos. 
 
 
* Mediante destreza 
Consiste na habilidade física ou manual do agente que lhe permite o apossamento 
do bem sem que a vítima perceba. É a chamada punga. Tal ocorre com a subtração de objetos que se 
encontrem junto à vítima, por exemplo, carteira, dinheiro no bolso ou na bolsa, colar, etc., que são retirados 
sem que ela note. 
Importa dizer que se a vítima perceber a subtração no momento em que ela se 
realiza, considera-se o furto tentado na forma simples, pois não há que se falar no caso em destreza do agente 
(ex: a vítima sente a mão do agente em seu bolso). 
 
 
 
 
 
Empregar esforço acima do normal 
 
ESCALADA 
Subtrair sem que a vítima perceba 
 
DESTREZA 
Desviar vigilância 
 
FRAUDE 
 
 
 
10 
c) com emprego de chave falsa 
Chave falsa é qualquer instrumento de que se sirva o agente para abrir fechaduras, 
tendo ou não formato de chave. 
Ex: grampo, alfinete, prego, fenda, gazua, etc. 
d) mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
e) FURTO DE VEÍCULO AUTOMOTOR – Art. 155, 5º 
Esta qualificadora diz respeito, especificamente, à subtração de veículo automotor. 
Consideram-se com tal os automóveis, ônibus, caminhões, motocicletas, aeronaves, lanchas, Jet-skies. 
 
 
f) EMPREGO DE EXPLOSIVO QUE CAUSE PERIGO COMUM 
A Lei nº 13.654/2018 acrescentou o § 4º-A ao art. 155 do Código Penal prevendo 
outra QUALIFICADORA para o crime de furto: 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver 
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
 
g) UTILIZAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS EXPLOSIVAS 
A Lei nº 13.654/2018 acrescentou também o § 7º ao art. 155 do Código Penal 
prevendo outra QUALIFICADORA para o crime de furto: 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for 
de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, 
montagem ou emprego. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
QUESTÃO 2 – VIII EXAME OAB 
Abel e Felipe observavam diariamente um restaurante com a finalidade de cometer um crime. Sabendo que 
poderiam obter alguma vantagem sobre os clientes que o frequentavam, Abel e Felipe, sem qualquer 
combinação prévia, conseguiram, cada um, uniformes semelhantes aos utilizados pelos manobristas de tal 
restaurante. 
No início da tarde, aproveitando a oportunidade em que não havia nenhum funcionário no local, a dupla, 
vestindo os uniformes de manobristas, permaneceu à espera de suas vítimas, mas, agindo de modo separado. 
Tércio, o primeiro cliente, ao chegar ao restaurante, iludido por Abel, entrega de forma voluntária a chave de 
seu carro. Abel, ao invés de conduzir o veículo para o estacionamento, evade-se do local. Narcísio, o segundo 
cliente, chega ao restaurante e não entrega a chave de seu carro, mas Felipe a subtrai sem que ele o 
percebesse. Felipe também se evade do local. 
Empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, responda às 
questões a seguir. 
A) Qual a responsabilidade jurídico-penal de Abel ao praticar tal conduta? (responda motivando sua 
imputação) (Valor: 0,65) 
B) Qual a responsabilidade jurídico-penal de Felipe ao praticar tal conduta? (responda motivando sua 
imputação) (Valor: 0,60) 
 
QUESTÃO 1 - XVII EXAME 
Rodrigo, primário e de bons antecedentes, quando passava em frente a um estabelecimento comercial que 
estava fechado por ser domingo, resolveu nele ingressar. Após romper o cadeado da porta principal, subtraiu 
do seu interior algumas caixas de cigarro. A ação não foi notada por qualquer pessoa. Todavia, quando 
caminhava pela rua com o material subtraído, veio a ser abordado por policiais militares, ocasião em que 
admitiu a subtração e a forma como ingressou no comércio lesado. O material furtado foi avaliado em R$ 
1.300,00 (um mil e trezentos reais), sendo integralmente recuperado. A perícia não compareceu ao local para 
confirmar o rompimento de obstáculo. O autor do fato foi denunciado como incurso nas sanções penais do 
Art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal. As únicas testemunhas de acusação foram os policiais militares, que 
confirmaram que apenas foram responsáveis pela abordagem do réu, que confessou a subtração. Disseram 
não ter comparecido, porém, ao estabelecimento lesado. Em seu interrogatório, Rodrigo confirmou apenas 
que subtraiu os cigarros do estabelecimento, recusando-se a responder qualquer outra pergunta. A defesa 
técnica de Rodrigo é intimada para apresentar alegações finais por memoriais. 
Com base na hipótese apresentada, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. 
A) Diante da confissão da prática do crime de furto por Rodrigo, qual a principal tese defensiva em relação à 
tipificação da conduta a ser formulada pela defesa técnica? (Valor: 0,65) 
B) Em caso de acolhimento da tese defensiva, poderá Rodrigo ser, de imediato, condenado nos termos da 
manifestação da defesa técnica? (Valor: 0,60) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
06) ROUBO (Art. 157) 
 
 
 
 
 
 
 
6.1) AÇÃO NUCLEAR 
A ação nuclear do tipo, identicamente ao furto, consubstancia-se no verbo subtrair, 
que significa tirar, retirar, de outrem, no caso bem móvel. Agora, contudo, estamos diante de um crime mais 
grave que o furto, na medida em que a subtração é realizada mediante o emprego de grave ameaça ou 
violência contra a pessoa, ou por qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima. 
São os seguintes os meios executórios do crime de roubo: 
a) Violência física (vis corporalis) 
Violência física à pessoa consiste no emprego de força contra o corpo da vítima. 
Para caracterizar essa violência do tipo básico de roubo é suficiente que ocorra lesão corporal leve ou simples 
vias de fato, na medida em que a lesão grave ou morte qualifica o crime. 
 
b) Grave ameaça 
Ameaça grave (violência moral) é aquela capaz de atemorizar a vítima, viciando sua 
vontade e impossibilitando sua capacidade de resistência. A grave ameaça objetiva criar na vítimao fundado 
receio de iminente e grave mal, físico ou moral, tanto a si quanto as pessoas que lhes são caras. É irrelevante 
a justiça ou injustiça do mal ameaçado, na medida em que, utilizada para a prática de crime, torna-se 
antijurídica. 
 
c) Qualquer outro meio que reduza à impossibilidade de resistência; 
Cuida-se da violência imprópria, consistente em outro meio que não constitua 
violência física ou grave ameaça, como, por exemplo, fazer a vítima ingerir bebida alcoólica, narcóticos, 
soníferos ou hipnotizá-la. 
 
 
 
 
Violência 
Grave ameaça 
Redução capacidade resistência 
 
 
 
 
13 
6.2) ESPÉCIES DE ROUBO: PRÓPRIO E IMPRÓPRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Roubo próprio 
No roubo próprio a violência ou grave ameaça (ou a redução da impossibilidade de 
defesa) são praticados contra a pessoa para a subtração da coisa. Os meios violentos são empregados antes 
ou durante a execução da subtração. 
b) Roubo impróprio 
 
ROUBO IMPRÓPRIO ocorre quando o sujeito, logo depois de subtraída a coisa, 
emprega violência contra a pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção 
da coisa para ele ou para terceiro (§ 1º). 
São exemplos típicos de roubo impróprio aquele em que o sujeito ativo, já se 
retirando do portão com a res furtiva, alcançando pela vítima, abate-a (assegurando a detenção), ou, então, 
já na rua, constata que deixou um documento no local, que o identificará, e, retornando para apanhá-lo, 
agride o morador que o estava apanhando (garantindo a impunidade). 
Em outros termos, “logo depois” de subtraída a coisa não admite decurso de tempo 
entre a subtração e o emprego da violência, ou seja, o modus violento somente é caracterizador do roubo se 
for utilizado até a consumação do furto que o agente pretendia praticar (posse tranquila da res, sem a 
vigilância). Superado esse momento, o crime está consumado e, consequentemente, não pode sofrer qualquer 
alteração; portanto, eventual violência empregada constituirá crime autônomo (lesão corporal, por exemplo), 
em concurso com furto consumado. 
 
DURANTE ANTES PRÓPRIO 
DEPOIS 
SUBTRAÇÃO 
AGRESSÃO 
OU 
IMPRÓPRIO 
 
 
 
14 
6.3) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
 Nos termos da Súmula 582 do STJ, ““Consuma-se o crime de roubo com a 
inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve 
tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo 
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada." 
6.4) CAUSAS ESPECIAIS DE AUMENTO DE PENA - ROUBO MAJORADO (CIRCUNSTANCIADO) (Art. 
157, § 2º) 
A) SE HÁ O CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS; 
Pode haver concurso material entre roubo majorado e quadrilha armada, pois os 
bens jurídicos são diversos. Enquanto o tipo penal de roubo protege o patrimônio, o tipo da quadrilha ou 
bando guarnece a paz pública. 
B) SE A VÍTIMA ESTÁ EM SERVIÇO DE TRANSPORTE DE VALORES E O AGENTE CONHECE TAL 
CIRCUNSTÂNCIA. 
A pena é agravada se a vítima, regra geral por dever de ofício (caixeiro viajante, 
empresa de segurança especialmente contratada para o transporte de valores), realiza serviço de transporte 
de valores (dinheiro, joia, etc). 
C) SE A SUBTRAÇÃO FOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR QUE VENHA A SER TRANSPORTADO PARA 
OUTRO ESTADO OU PARA O EXTERIOR 
Assim como no furto, esta majorante diz respeito, especificamente, à subtração de 
veículo automotor. Consideram-se com tal os automóveis, ônibus, caminhões, motocicletas, aeronaves, 
lanchas, Jet-skies. 
D) SE O AGENTE MANTÉM A VÍTIMA EM SEU PODER, RESTRINGINDO SUA LIBERDADE. 
Ocorre quando o agente segura a vítima por tempo superior ao necessário ou 
valendo-se de forma anormal para garantir a subtração planejada. 
Ex. subjugando a vítima, o agente, pretendendo levar-lhe o veículo, manda que 
entre no porta-malas, rodando algum tempo pela cidade, até permitir que seja libertada ou o carro seja 
abandonado. 
E) se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
 
 
 
 
 
15 
6.5) SE A VIOLÊNCIA OU AMEAÇA É EXERCIDA COM EMPREGO DE ARMA (art. 157, § 2-A, do CP) 
ATENÇÃO! Importante alteração trazida pela Lei nº 13.654/2018, na qual o roubo 
“com emprego de arma” deixou de ser uma hipótese de roubo circunstanciado no art. 157, § 2º. Já o roubo 
com emprego de arma de fogo continua sendo punido como roubo circunstanciado no art. 157, § 2º-A, inciso 
I do CP. 
Ou seja, a alteração legislativa tornou o roubo com emprego de arma “branca” um 
roubo simples, deixando de punir com mais rigor o agente que o pratica. Pode-se dizer que, especificadamente 
neste ponto, a mencionada lei é mais benéfica (novatio legis in mellius). 
Em suma: antes da lei nº 13.654/18, tanto a arma de fogo quanto a arma branca 
eram causas de aumento de pena, agora, após a entrada em vigor da referida lei, apenas o emprego da arma 
de FOGO é causa de aumento de pena. 
A arma de brinquedo não serve para majorar a pena, uma vez que não causa à 
vítima maior potencialidade lesiva. Pode, no entanto, gerar grave ameaça e, justamente por isso, servir para 
configurar o tipo penal do roubo, na figura simples. 
6.6) ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO (Art. 157, § 3º) 
Comparando o texto legal com outras previsões semelhantes do CP – “se da violência 
resulta lesão corporal grave” ou “se resulta morte” -, constata-se que, pela técnica legislativa empregada, 
pretendeu o legislador criar duas figuras de crimes qualificados pelo resultado, para alguns, crimes 
preterdolosos. 
Contudo, na hipótese em apreço, a extrema gravidade das sanções cominadas uniu 
o entendimento doutrinário, que passou a admitir a possibilidade, indistintamente, de o resultado agravador 
poder decorrer tanto de culpa quanto de dolo, direto ou eventual. 
A) CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO LESÕES GRAVES 
É uma das hipóteses de delito qualificado pelo resultado, que se configura pela 
presença de dolo na conduta antecedente (roubo) e dolo ou culpa na conduta subsequente (lesões corporais 
graves). 
O roubo qualificado pelas lesões corporais de natureza grave não se inclui no rol dos 
crimes hediondos, ao contrário do crime de latrocínio. 
HIPÓTESES QUANTO AO RESULTADO MAIS GRAVE: 
Lesão grave consumada + roubo consumado = roubo qualificado pelo resultado 
lesão grave. 
Lesão grave consumada + tentativa de roubo = roubo qualificado pelo resultado 
lesão grave, dando-se a mesma solução para o latrocínio. 
 
 
 
 
16 
B) CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO MORTE: LATROCÍNIO 
O crime de latrocínio ocorre quando, do emprego da violência física contra a pessoa 
com o fim de subtrair o bem, ou para assegurar a sua posse ou a impunidade do crime, decorre a morte da 
vítima. 
Tratando-se de crime qualificado pelo resultado, a morte da vítima ou de terceiro 
tanto pode resultar de dolo (o assaltante atira na cabeça da vítima e a mata) quanto de culpa (o agente 
desfere um golpe contra o rosto do ofendido para feri-lo, vindo, no entanto, a matá-lo). 
É considerado crime hediondo. 
Súmula 610 do STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, 
ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima”. 
 
Súmula 603 do STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é 
do juiz singular e não do Tribunal do Júri.” 
 
 
QUESTÃO 04 – XXVIII EXAME 
Na manhã do dia 09 de outubro de 2018, Talles, na cidade de Bom Jesus de Itabapoana, praticou 03 crimes 
de furto simples em continuidade delitiva, subtraindo, do primeiro estabelecimento, dinheiro e uma arma de 
brinquedo; do segundo estabelecimento, uma touca ninja e um celular; e, do terceiro estabelecimento, uma 
motocicleta. De posse dos bens subtraídos, Talles foi até a cidade de Cardoso Moreira, abordou Joana, que 
passava pela rua segurando seu celular, e, utilizando-se do simulacro da arma para emprego de grave ameaçae da touca, segurou-a pelos braços e subtraiu o celular de suas mãos. De imediato, Talles empreendeu fuga, 
mas Joana compareceu em sede policial, narrou o ocorrido e Talles foi localizado e preso em flagrante na 
cidade de São Fidélis, ainda na posse dos bens da vítima e da motocicleta utilizada. Assegurado o direito ao 
silêncio e o acompanhamento da defesa técnica, Talles prestou declarações na delegacia e confessou 
integralmente os fatos, sendo ele indiciado pela prática dos crimes previstos no Art. 155, caput, por três vezes, 
n/f do Art. 71 do CP e do Art. 157, § 2º, inciso V, também do CP. 
Considerando as informações expostas, responda, na condição de advogado(a) de Talles, aos itens a seguir. 
A) Considerando que os delitos são conexos, de qual cidade será o juízo criminal competente para o julgamento 
de Talles? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Qual o argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva realizada pela autoridade 
policial? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do 
dispositivo legal não confere pontuação. 
 
 
 
 
17 
Questão 02 – XXVI EXAME 
Arthur, Adriano e Junior, insatisfeitos com a derrota do seu time de futebol, saíram à rua, após a partida, 
fazendo algazarra na companhia de Roberto, que não gostava de futebol. Durante o ato, depararam com 
Pedro, que vestia a camisa do time rival; simplesmente por isso, Arthur, Adriano e Junior passaram a agredi-
lo, tendo ficado Roberto à distância por não concordar com o ato e não ter intenção de conferir cobertura 
aos colegas. Em razão dos atos de agressão, o celular de Pedro veio a cair no chão, momento em que 
Roberto, aproveitando-se da situação, subtraiu o bem e empreendeu fuga. Com a chegada de policiais, 
Arthur, Adriano e Junior empreenderam fuga, mas Roberto veio a ser localizado pouco tempo depois na 
posse do bem subtraído e de seu próprio celular. Diante das lesões causadas na vítima, Roberto foi 
denunciado pela prática do crime de roubo majorado pelo concurso de agentes e teve sua prisão em flagrante 
convertida em preventiva. Na instrução, as testemunhas confirmaram integralmente os fatos, assim como 
Roberto reiterou o acima narrado. A família de Roberto, então, procura você para, na condição de 
advogado(a), adotar as medidas cabíveis, antes da sentença, apresentando nota fiscal da compra do celular 
de Roberto. Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) de 
Roberto, aos itens a seguir. 
A) Existe requerimento a ser formulado pela defesa para reaver, de imediato, o celular de Roberto? Justifique. 
(Valor: 0,60) 
B) Confessados por Roberto os fatos acima narrados, existe argumento de direito material a ser apresentado 
em busca da não condenação pelo crime imputado? Justifique. (Valor: 0,65) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
QUESTÃO 03 – XVII EXAME 
Ruth voltava para sua casa falando ao celular, na cidade de Santos, quando foi abordada por Antônio, que 
afirmou: “Isso é um assalto! Passa o celular ou verá as consequências!”. Diante da grave ameaça, Ruth 
entregou o telefone e o agente fugiu em sua motocicleta em direção à cidade de Mogi das Cruzes, consumando 
o crime. Nervosa, Ruth narrou o ocorrido para o genro Thiago, que saiu em seu carro, junto com um policial 
militar, à procura de Antônio. Com base na placa da motocicleta anotada por Ruth, Thiago localizou Antônio, 
já em Mogi das Cruzes, ainda na posse do celular da vítima e também com uma faca em sua cintura, tendo o 
policial efetuado a prisão em flagrante. Em razão dos fatos, Antônio foi denunciado pela prática do crime 
previsto no Art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, perante uma Vara Criminal da comarca de Mogi das 
Cruzes, ficando os familiares do réu preocupados, porque todos da região sabem que o magistrado, em 
atuação naquela Vara, é extremamente severo. A defesa foi intimada a apresentar resposta à acusação. 
Considerando que o flagrante foi regular e que os fatos são verdadeiros, responda, na qualidade de 
advogado(a) de Antônio, aos itens a seguir. 
A) Que medida processual poderia ser adotada para evitar o julgamento perante a Vara Criminal de Mogi das 
Cruzes? Justifique. (Valor: 0,65) 
 
 
 
18 
B) No mérito, caso Antônio confesse os fatos durante a instrução, qual argumento de direito material poderia 
ser formulado para garantir uma punição mais branda do que a pleiteada na denúncia? Justifique. (Valor: 
0,60) 
 
07) EXTORSÃO – Art. 158 
 
 
 
 
 
A) AÇÃO NUCLEAR 
Extorsão é o fato de o sujeito constranger alguém, mediante violência ou grave 
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que 
se faça ou deixar de fazer alguma coisa. 
A diferença em relação ao roubo concentra-se no fato de a extorsão exigir a 
participação ativa da vítima fazendo alguma coisa, tolerando que se faça ou deixando de fazer algo em virtude 
da ameaça ou da violência sofrida. 
A ação nuclear do tipo consubstancia-se no verbo constranger, que significa coagir, 
compelir, forçar, obrigar alguém a fazer (p. ex: quitar uma dívida não paga), tolerar que se faça (ex: permitir 
que o rasgue um contrato) ou deixar de fazer alguma coisa (ex: obrigar a vítima a não propor ação judicial 
contra o agente). 
O constrangimento pode ser exercido mediante o emprego de violência ou grave 
ameaça, os quais podem atingir tanto o titular do patrimônio quanto pessoa ligada a ele (filhos, pai, mãe, 
etc.). 
B) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
A extorsão atinge a consumação com a conduta típica imediatamente anterior à 
produção do resultado visado pelo sujeito. 
Para a consumação, portanto, o agente deve atingir o segundo estágio, isto é, a 
consumação ocorre quando a vítima cede ao constrangimento imposto e faz ou deixa de fazer algo. Esse é o 
entendimento que prevalece na doutrina. Nesse sentido a Súmula 96 do STJ: “O crime de extorsão consuma-
se independentemente da obtenção da vantagem indevida”. 
EXTORSÃO 
Constranger alguém, mediante violência ou 
grave ameaça, e com o intuito de obter para si 
ou para outrem indevida vantagem econômica, 
a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer 
alguma coisa: 
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e 
multa. 
 
 
 
19 
A tentativa é admissível. Ocorre quando o sujeito passivo, não obstante constrangido 
pelo autor por intermédio da violência física ou moral, não realiza a conduta positiva ou negativa pretendida, 
por circunstâncias alheias à sua vontade. 
 
C) EXTORSÃO QUALIFICADA – Art. 158, §§ 2º e 3º 
As duas hipóteses (lesão corporal grave ou morte) elencadas, como no roubo, 
caracterizam condições de exasperação da punibilidade em razão da maior gravidade do resultado. 
A extorsão qualificada pela morte da vítima também é crime hediondo e, assim, 
como o latrocínio, é da competência do juiz singular, e não do Tribunal do Júri. 
 
D) EXTORSÃO QUALIFICADA PELA PRIVAÇÃO DA LIBERDADE – ART. 158, § 3º 
Conforme leciona Damásio, na hipótese em que o ladrão constrange a vítima a 
entregar-lhe o cartão magnético e a fornecer-lhe a senha, acompanhando-a até caixas eletrônicos de bancos 
para sacar dinheiro, ocorre o crime de extorsão qualificada, uma vez que é imprescindível a atuação do sujeito 
passivo do ataque patrimonial para a obtenção da vantagem indevida por parte do autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIME 
FORMAL 
SÚMULA 
96 STJ 
EXTORSÃO 
QUALIFICADA 
O crime de extorsão consuma-se 
independentemente da obtenção 
da vantagem indevida. 
EXTORSÃO 
ART. 158, §2º: se resultar lesão 
corporal grave ou morte 
Independe do resultado, isto é, 
da obtenção da vantagem 
indevida 
ART. 158, §3º: Quando a 
restrição à liberdade da vítima 
for imprescindível para obtenção 
da vantagem indevida 
 
 
 
20 
PEÇAPROFISSIONAL - VIII EXAME OAB 
Leia com atenção o caso concreto a seguir: 
Visando abrir um restaurante, José pede vinte mil reais emprestados a Caio, assinando, como garantia, uma 
nota promissória no aludido valor, com vencimento para o dia 15 de maio de 2010. Na data mencionada, não 
tendo havido pagamento, Caio telefona para José e, educadamente, cobra a dívida, obtendo do devedor a 
promessa de que o valor seria pago em uma semana. 
Findo o prazo, Caio novamente contata José, que, desta vez, afirma estar sem dinheiro, pois o restaurante 
não apresentara o lucro esperado. Indignado, Caio comparece no dia 24 de maio de 2010 ao restaurante e, 
mostrando para José uma pistola que trazia consigo, afirma que a dívida deveria ser saldada imediatamente, 
pois, do contrário, José pagaria com a própria vida. Aterrorizado, José entra no restaurante e telefona para a 
polícia, que, entretanto, não encontra Caio quando chega ao local. 
Os fatos acima referidos foram levados ao conhecimento do delegado de polícia da localidade, que instaurou 
inquérito policial para apurar as circunstâncias do ocorrido. Ao final da investigação, tendo Caio confirmado a 
ocorrência dos eventos em sua integralidade, o Ministério Público o denuncia pela prática do crime de extorsão 
qualificada pelo emprego de arma de fogo. Recebida a inicial pelo juízo da 5ª Vara Criminal, o réu é citado no 
dia 18 de janeiro de 2011. 
Procurado apenas por Caio para representá-lo na ação penal instaurada, sabendo-se que Joaquim e Manoel 
presenciaram os telefonemas de Caio cobrando a dívida vencida, e com base somente nas informações de 
que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija, no último dia do prazo, a peça 
cabível, invocando todos os argumentos em favor de seu constituinte. 
 
08) EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – Art. 159 
 
 
 
 
 
I) CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA 
O fato é definido como “sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para 
outrem, qualquer vantagem como condição ou preço de resgate”. 
É crime hediondo. 
Consubstancia-se no verbo sequestrar, que significa privar a vítima de sua liberdade 
de locomoção, ainda que por breve espaço de tempo. 
 
 
 
 
EXTORSÃO 
MEDIANTE 
SEQUESTRO 
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de 
obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do 
resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
 
 
 
 
21 
II) CONSUMAÇÃO 
A consumação ocorre com a privação de liberdade de locomoção da vítima, exigindo-
se tempo juridicamente relevante. 
Trata-se de crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo. Assim, 
enquanto a vítima estiver submetida à privação de sua liberdade de locomoção o crime estará em fase de 
consumação. 
Tratando-se de crime formal, pune-se a mera atividade de sequestrar pessoa, tendo 
a finalidade de obter vantagem. Assim, embora o agente não consiga a vantagem almejada, o delito está 
consumado quando a liberdade da vítima é cerceada. 
 
III) FORMAS QUALIFICADAS – Art. 159, § 1º 
a) Sequestro por mais de 24 horas 
b) Sequestro de menor de 18 ou maior de 60 anos 
c) Sequestro praticado por bando ou quadrilha 
É possível responsabilizar-se o agente pelo crime autônomo de associação criminosa 
(art. 288) em concurso material com a forma qualificada em estudo. Não há falar em bis in idem, uma vez 
que os momentos consumativos e a objetividade jurídica entre tais crimes são totalmente diversos, além do 
que a figura prevista no art. 288 do CP existe independentemente de algum crime vir a ser praticado pela 
quadrilha ou bando. 
 
IV) EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA PELO RESULTADO: LESÃO GRAVE OU 
MORTE – Art. 159, §§ 2º e 3º 
A regra, repetindo, é que, nesses crimes, o resultado agravador seja sempre produto 
de culpa. Contudo, na hipótese em apreço, a extrema gravidade das sanções cominadas uniu o entendimento 
doutrinário que passou a admitir a possibilidade, indistintamente, de o resultado agravador poder decorrer 
tanto de culpa quanto de dolo, direto ou eventual. 
a) Se resulta lesão corporal grave 
b) se resulta morte 
V) DELAÇÃO PREMIADA – Art. 159, § 4º 
A Lei 8.072/90, que instituiu os crimes hediondos, houve por bem criar, no Brasil, a 
delação premiada, que significa a possibilidade de se reduzir a pena do criminoso que entregar o(s) 
comparsa(s) a qualquer autoridade capaz de levar o caso à solução almejada, causando a liberação da vítima 
(delegado, juiz, promotor, entre outros). 
 
 
 
22 
Questão 02 XXV Exame aplicado em Porto Alegre/RS 
No dia 06 de abril de 2017, João retirou Clara, criança de 11 anos de idade, do interior da residência em que 
esta morava, sem autorização de qualquer pessoa, vindo a restringir sua liberdade e mantê-la dentro de um 
quarto trancado e sem janelas. Logo em seguida, João entrou em contato com o pai de Clara, famoso 
empresário da cidade, exigindo R$200.000,00 para liberar Clara e devolvê-la à sua residência. Após o pai de 
Clara pagar o valor exigido, Clara é liberada e, de imediato, a família comparece à Delegacia para registrar o 
fato. Depois das investigações, João é identificado e os autos são encaminhados ao Ministério Público com 
relatório final de investigação, indiciando João. Após 90 (noventa) dias do recebimento do inquérito, os autos 
permanecem no gabinete do Promotor de Justiça, sem que qualquer medida tenha sido adotada. Considerando 
as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) da família de Clara, aos itens a seguir. 
A) Considerando que o crime é de ação penal pública incondicionada, qual a medida a ser adotada diretamente 
pela família de Clara e seu advogado em busca da responsabilização criminal de João? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Em caso de inicial acusatória, qual infração penal deve ser imputada a João? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: 
o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
 
 
09) DANO – Art. 163 
 
 
 
 
I) AÇÃO NUCLEAR 
Destruir quer dizer arruinar, extinguir ou eliminar. Inutilizar significa tornar inútil ou 
imprestável alguma coisa aos fins para os quais se destina. Deteriorar é a conduta de quem estraga ou 
corrompe alguma coisa parcialmente. 
É o dolo. Não há a forma culposa, nem se exige qualquer elemento subjetivo do tipo 
específico (dolo específico). 
Basta a vontade de destruir, não sendo exigível o fim especial de causar prejuízo ao 
ofendido, pois a figura penal não faz referência expressa a nenhum elemento subjetivo do tipo. 
 
II) DANO QUALIFICADO – Art. 163, parágrafo único 
I) VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA A PESSOA 
II) COM EMPREGO DE SUBSTÂNCIA INFLAMÁVEL OU EXPLOSIVA, SE O FATO NÃO CONSTITUI CRIME MAIS 
GRAVE 
DANO 
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou 
deteriorar coisa alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, 
ou multa. 
 
 
 
 
23 
III) CONTRA O PATRIMÔNIO DA UNIÃO, DE ESTADO, DO DISTRITO FEDERAL, DE MUNICÍPIO OU DE 
AUTARQUIA, FUNDAÇÃO PÚBLICA, EMPRESA PÚBLICA, SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA OU EMPRESA 
CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇOS PÚBLICOS; 
IV) MOTIVO EGOÍSTICO E PREJUÍZO CONSIDERÁVEL 
III) AÇÃO PENAL – Art. 167 
De acordo com o art. 167, a ação penal privada é cabível no crime de dano simples 
(caput) e qualificado (somente na hipótese do inciso IV do parágrafo único). 
A ação penal pública incondicionada é cabível nas demais hipóteses. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Danificar 
Deteriorar 
Destruir FINALIDADE ECONÔMICA 
AÇÃO PENAL
REGRA: AÇÃO 
PENAL PRIVADA
ART. 163, CAPUT
ART. 163, P.Ú., 
INCISO IV
EXCEÇÃO: AÇÃO 
PENAL PÚBLICA 
INCONDICIONADA
ART. 163, P.Ú., 
INCISOS I, II, III
DANO 
 
 
 
24 
QUESTÃO 4 - V EXAME OAB 
João e Maria iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de janeiro de 2011. No dia 19 de janeiro do corrente ano, o 
casal teve uma séria discussão, e Maria, nitidamente enciumada, investiu contra o carro de João,que já não se encontrava 
em bom estado de conservação, com três exercícios de IPVA inadimplentes, a saber: 2008, 2009 e 2010. Além disso, Maria 
proferiu diversos insultos contra João no dia de sua festa de formatura, perante seu amigo Paulo, afirmando ser ele 
“covarde”, “corno” e “frouxo”. A requerimento de João, os fatos foram registrados perante a Delegacia Policial, onde a 
testemunha foi ouvida. João comparece ao seu escritório e contrata seus serviços profissionais, a fim de serem tomadas 
as medidas legais cabíveis. Você, como profissional diligente, após verificar não ter passado o prazo decadencial, interpõe 
Queixa-Crime ao juízo competente no dia 18/7/11. 
O magistrado ao qual foi distribuída a peça processual profere decisão rejeitando-a, afirmando tratar-se de clara 
decadência, confundindo-se com relação à contagem do prazo legal. A decisão foi publicada dia 25 de julho de 2011. 
Com base somente nas informações acima, responda: 
a) Qual é o recurso cabível contra essa decisão? (0,30) 
b) Qual é o prazo para a interposição do recurso? (0,30) 
c) A quem deve ser endereçado o recurso? (0,30) 
d) Qual é a tese defendida? (0,35) 
 
10) APROPRIAÇÃO INDÉBITA – Art. 168 
 
 
 
 
 
I) CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA 
O pressuposto do crime de apropriação indébita é a anterior posse lícita da coisa 
alheia, da qual o agente se apropria indevidamente. A posse, que deve preexistir ao crime, deve ser exercida 
pelo agente em nome alheio, isto é, em nome de outrem. 
O núcleo do tipo é o verbo “apropriar-se”, que significa fazer sua a coisa alheia. 
Tendo o sujeito a posse ou a detenção do objeto material, em dado momento faz mudar o título da posse ou 
da detenção, comportando-se como se dono fosse. 
A apropriação pode ser classificada em: 
1º) APROPRIAÇÃO INDÉBITA PROPRIAMENTE DITA: Ocorre quando o sujeito realiza 
ato demonstrativo de que inverteu o título da posse, como a venda, doação, consumo, penhor, ocultação, etc. 
2º) NEGATIVA DE RESTITUIÇÃO: Neste caso, o sujeito afirma claramente ao 
ofendido que não irá devolver o objeto material. 
I) CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – Art. 168, § 1º 
APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA 
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia 
móvel, de que tem a posse ou a detenção: 
 Pena - reclusão, de um a quatro 
anos, e multa. 
 
 
 
25 
a) EM DEPÓSITO NECESSÁRIO; 
O depósito necessário, disciplinado no inciso I do § 1º do art. 168, é apenas aquele 
conhecido como miserável, ou seja, levado pela necessidade de salvar a coisa da iminência de uma calamidade, 
ou, como define o próprio CC, “o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a 
inundação, o naufrágio ou o saque” (art. 647). Está excluído, por conseguinte, o depósito legal. 
 
b) NA QUALIDADE DE TUTOR, CURADOR, SÍNDICO, LIQUIDATÁRIO, INVENTARIANTE, 
TESTAMENTEIRO OU DEPOSITÁRIO JUDICIAL; 
c) EM RAZÃO DE OFÍCIO, EMPREGO OU PROFISSÃO. 
Para que se configure a agravante especial em exame é necessário que o sujeito 
tenha recebido a posse ou detenção do objeto material em razão do emprego, ou seja, deve existir um nexo 
de causalidade entre a relação de trabalho e o recebimento. 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 1 - IV EXAME OAB 
Maria, jovem extremamente possessiva, comparece ao local em que Jorge, seu namorado, exerce o cargo 
de auxiliar administrativo e abre uma carta lacrada que havia sobre a mesa do rapaz. Ao ler o conteúdo, 
descobre que Jorge se apropriara de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), que recebera da empresa em que 
trabalhava para efetuar um pagamento, mas utilizara tal quantia para comprar uma joia para uma moça 
chamada Júlia. Absolutamente transtornada, Maria entrega a correspondência aos patrões de Jorge. 
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados 
e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Jorge praticou crime? Em caso positivo, qual(is)? (Valor: 0,35) 
b) Se o Ministério Público oferecesse denúncia com base exclusivamente na correspondência aberta por Maria, 
o que você, na qualidade de advogado de Jorge, alegaria? (Valor: 0,9) 
APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA 
POSSE DO 
OBJETO É 
DESVIGIADA 
APROPRIAR-SE 
DE OBJETO INICIALMENTE 
LÍCITA 
POSSE 
DETENÇÃO 
 
 
 
26 
11) ESTELIONATO – Art. 171 
I) AÇÃO NUCLEAR 
Consiste em induzir ou manter alguém em erro, mediante o emprego de artifício, 
ardil, ou qualquer meio fraudulento, a fim de obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita em prejuízo 
alheio. 
A característica primordial do estelionato é a fraude: engodo empregado pelo sujeito 
para induzir ou manter a vítima em erro, com o fim de obter um indevido proveito patrimonial. 
O meio de execução deve ser apto a enganar a vítima. Tratando-se de meio 
grotesco, que facilmente demonstra a intenção fraudulenta, não há nem tentativa, por atipicidade do fato. 
II) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Trata-se de crime material. Consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita 
indevida, em prejuízo alheio, ou seja, quando o agente aufere o proveito econômico, causando dano à vítima. 
Via de regra, esses resultados ocorrem simultaneamente. Há, assim, ao mesmo tempo, a obtenção de proveito 
pelo estelionatário e o prejuízo da vítima. 
III) FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE – Art. 171, § 2º, VI 
Se o indivíduo emite um cheque na certeza de que tem fundos disponíveis para o 
devido pagamento pelo banco, quando na realidade não há qualquer numerário depositado na agência 
bancária, não se pode falar em ilícito criminal, ante a ausência de má-fé. 
O que a lei penal pune é o pagamento fraudulento. Nesse sentido é o teor da 
Súmula 246 do STF: “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque 
sem fundos”. 
Emitir cheque significa pôr em circulação o título de crédito; frustrar o pagamento 
quer dizer iludir ou enganar o credor, evitando a sua remuneração. 
a) Emitir cheque sem provisão de fundos 
O agente preenche, assina e coloca o cheque em circulação sem ter numerário 
suficiente na instituição bancária (banco sacado) para cobrir o valor quando da apresentação do título pelo 
tomador. No momento da emissão do cheque – que não significa simplesmente o seu preenchimento, mas a 
entrega a terceiro – é preciso que o estabelecimento bancário, encarregado da compensação, já não possua 
fundo suficiente para cobrir o pagamento. 
b) Frustrar o pagamento de cheque 
Neste caso, o agente possui fundos suficientes na instituição bancária quando da 
emissão do cheque, contudo, antes de o beneficiário apresentar o título ao banco, aquele retira todo o 
numerário depositado ou apresenta uma contraordem de pagamento. 
 
 
 
27 
C) Consumação 
Segundo o art. 4º, § 1º, da Lei 7.357/85, a existência de fundos disponíveis é 
verificada no momento da apresentação do cheque para pagamento. Destarte, o crime se consuma no 
momento e no local em que o banco sacado recusa o pagamento, pois só nesse momento ocorre o prejuízo 
(trata-se de crime material). 
Esse é o teor da Súmula 521 do STF: “O foro competente para o processo e 
julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, 
é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”. 
Arrependendo-se o agente antes da apresentação do título pelo beneficiário no 
banco sacado, e depositando o numerário necessário para cobrir a quantia constante do cheque, haverá 
arrependimento eficaz, não respondendo ele por crime algum. 
Se, por outro lado, o agente arrepender-se somente após a consumação do crime, 
ou seja, após a recusa do pagamento pelo banco sacado, incidirá a Súmula 554 do STF: “ O pagamento de 
cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da 
ação penal”. 
Assim, o pagamento do cheque antes do recebimento da denúncia extingue a 
punibilidade do agente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 171, CP 
Art. 171, §2º,VI, CP 
ESTELIONATO OBTER 
POR MEIO CHEQUE 
VANTAGEM INDEVIDA 
PREJUÍZO VÍTIMA 
FRAUDE 
INDUZIR 
MANTER 
ERRO 
EMITIR 
CHEQUE 
Sem provisão fundos 
Frustrar Pagamento 
Súmula 554 STF 
 
 
 
28 
QUESTÃO 2 – XXI EXAME OAB 
No dia 03 de março de 2016, Vinícius, reincidente e específico, foi preso em flagrante em razão da apreensão 
de uma arma de fogo, calibre .38, de uso permitido, número de série identificado, devidamente municiada, 
que estava em uma gaveta dentro de seu local de trabalho, qual seja, o estabelecimento comercial “Vinícius 
House”, do qual era sócio-gerente e proprietário. Denunciado pela prática do crime do Artigo 14 da Lei nº 
10.826/03, confessou os fatos, afirmando que mantinha a arma e m seu estabelecimento para se proteger de 
possíveis assaltos. Diante da prova testemunhal e da confissão do acusado, o Ministério Público pleiteou a 
condenação nos termos da denúncia em alegações finais, enquanto a defesa afirmou que o delito do Art. 14 
do Estatuto do Desarmamento não foi praticado, também destacando a falta de prova da materialidade. Após 
manifestação das partes, houve juntada do laudo de exame da arma de fogo e das munições apreendidas, 
constatando-se o potencial lesivo do material, tendo o magistrado, de imediato, proferido sentença 
condenatória pela imputação contida na denúncia, aplicando a pena mínima de 02 anos de reclusão e 10 dias-
multa. O advogado de Vinícius é intimado da sentença e apresentou recurso de apelação. Considerando apenas 
as informações narradas, responda na condição de advogado(a) de Vinicius: 
A) Qual requerimento deveria ser formulado em sede de apelação e qual tese de direito processual poder ia 
ser alegada para afastar a sentença condenatória proferida em primeira instância? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Confirmados os fatos, qual tese de direito material poderia ser alegada para buscar uma condenação penal 
mais branda em relação ao quantum de pena para Vinicius? Justifique. (Valor: 0,60) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação 
 
QUESTÃO 2 – VIII EXAME OAB 
Abel e Felipe observavam diariamente um restaurante com a finalidade de cometer um crime. Sabendo que 
poderiam obter alguma vantagem sobre os clientes que o frequentavam, Abel e Felipe, sem qualquer 
combinação prévia, conseguiram, cada um, uniformes semelhantes aos utilizados pelos manobristas de tal 
restaurante. 
No início da tarde, aproveitando a oportunidade em que não havia nenhum funcionário no local, a dupla, 
vestindo os uniformes de manobristas, permaneceu à espera de suas vítimas, mas, agindo de modo separado. 
Tércio, o primeiro cliente, ao chegar ao restaurante, iludido por Abel, entrega de forma voluntária a chave de 
seu carro. Abel, ao invés de conduzir o veículo para o estacionamento, evade-se do local. Narcísio, o segundo 
cliente, chega ao restaurante e não entrega a chave de seu carro, mas Felipe a subtrai sem que ele o 
percebesse. Felipe também se evade do local. 
Empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, responda às 
questões a seguir. 
A) Qual a responsabilidade jurídico-penal de Abel ao praticar tal conduta? (responda motivando sua imputação) 
(Valor: 0,65) 
B) Qual a responsabilidade jurídico-penal de Felipe ao praticar tal conduta? (responda motivando sua 
imputação) (Valor: 0,60) 
 
QUESTÃO 01 - XII EXAME DA OAB 
Carolina foi denunciada pela prática do delito de estelionato, mediante emissão de cheque sem suficiente 
provisão de fundos. Narra a inicial acusatória que Carolina emitiu o cheque número 000, contra o Banco ABC 
S/A, quando efetuou compra no estabelecimento “X”, que fica na cidade de “Y”. Como a conta corrente de 
Carolina pertencia à agência bancária que ficava na cidade vizinha “Z”, a gerência da loja, objetivando maior 
rapidez no recebimento, resolveu lá apresentar o cheque, ocasião em que o título foi 
devolvido. Levando em conta que a compra originária da emissão do cheque sem fundos ocorreu na cidade 
“Y”, o ministério público local fez o referido oferecimento da denúncia, a qual foi recebida pelo juízo da 1ª 
 
 
 
29 
Vara Criminal da comarca. Tal magistrado, após o recebimento da inicial acusatória, ordenou a citação da ré, 
bem como a intimação para apresentar resposta à acusação. 
Nesse sentido, atento(a) apenas às informações contidas no enunciado, responda de maneira fundamentada, 
e levando em conta o entendimento dos Tribunais Superiores, o que pode ser arguido em favor de Carolina. 
(Valor: 1,25) 
 
12) RECEPTAÇÃO – Art. 180 
I) CONCEITO 
Nos termos do artigo 180, “caput”, do CP, a receptação é o fato de adquirir, receber, 
transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio coisa que sabe ser produto de crime, ou influir 
para que terceiro, de boa fé, a adquira, receba ou oculte. 
É pressuposto do crime de receptação a existência de crime anterior. Trata-se de 
delito acessório, em que o objeto material deve ser produto de crime antecedente, chamado de delito 
pressuposto. 
A receptação dolosa pode ser: 
A) PRÓPRIA : Constitui receptação dolosa própria o fato de o sujeito adquirir, 
receber, ocultar etc, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime (art. 180, “caput”, 1ª 
parte). 
B) IMPRÓPRIA : A receptação dolosa imprópria se encontra descrita no art. 180, 
“caput”, 2ª parte. Constitui o fato de o sujeito influir para que terceiro, de boa fé, adquira, receba ou oculte 
coisa produto de crime. 
A receptação culposa constitui o fato de o sujeito adquirir ou receber coisa que, por 
sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve 
presumir-se obtida por meio criminoso (art. 180, § 3º). 
II) RECEPTAÇÃO QUALIFICADA – Art. 180, § 1º 
Forma qualificada - § 1º: Tem como elemento subjetivo o dolo, seja direto ou 
eventual. 
III) RECEPTAÇÃO CULPOSA – Art. 180, §3º 
Forma culposa - § 3º: O código refere coisa que, “pela sua natureza, deve presumir-
se obtida por meio criminoso”. A expressão “deve presumir-se” é indicativo de culpa na modalidade 
imprudência. 
 
 
 
 
 
30 
IV) RECEPTAÇÃO PUNÍVEL AUTONOMAMENTE – Art. 180, § 4º 
Receptação punível autonomamente - § 4º: Para a concretização do crime de 
receptação não importa se houve a anterior condenação do autor do crime anterior. Porém, é necessário 
evidenciar-se a existência do crime anterior. 
V) PERDÃO JUDICIAL – Art. 180, § 5º 
Nos termos do artigo 180, § 5º, 1ª parte, do CP, na hipótese da receptação culposa, 
se o criminoso é primário, deve o juiz, tendo em consideração determinadas circunstâncias, deixar de aplicar 
a pena. No caso, fixaram a doutrina e a jurisprudência, que, além da primariedade, deve-se exigir o seguinte: 
a) diminuto valor da coisa objeto da receptação; b) bons antecedentes; c) ter o agente atuado com culpa 
levíssima. 
VI) TIPO QUALIFICADO – Art. 180, § 6º 
Outra forma qualificada: Quando o produto de crime pertencer à União, Estado, 
Município, empresa de serviços públicos ou sociedade de economia mista. Exige-se que o agente tenha 
conhecimento disso. 
 
Questão 02 – XX Exame 
Lúcio, com residência fixa e proprietário de uma oficina de carros, adquiriu de seu vizinho, pela quantia de 
R$1.000,00 (mil reais) um aparelho celular, que sabia ser produto de crime pretérito, passando a usá-lo 
como próprio. Tomando conhecimento dos fatos, um inimigo de Lúcio comunicou o ocorrido ao Ministério 
Público, que requisitou a instauração de inquérito policial. A autoridade policial instaurou o procedimento, 
indiciou Lúcio pela prática do crime de receptação qualificada (Art. 180, § 1º, do Código Penal), já que 
desenvolvia atividade comercial, e, de imediato, representou pela prisão temporária de Lúcio, existindo 
parecer favorável do Ministério Público. A família de Lúcio o procura para esclarecimentos. Na condição de 
advogado de Lúcio,esclareça os itens a seguir. 
A) No caso concreto, a autoridade policial poderia ter representado pela prisão temporária de Lúcio? (Valor: 
0,60) 
B) Confirmados os fatos acima narrados, o crime praticado por Lúcio efetivamente foi de receptação 
qualificada (Art. 180, § 1º, do CP)? Em caso positivo, justifique. Em caso negativo, indique qual seria o delito 
praticado e justifique. (Valor: 0,65) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
13) ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS 
 
I) IMUNIDADE ABSOLUTA – Art. 181 
Trata-se da chamada imunidade penal absoluta, também conhecida como escusa 
absolutória, incidente sobre os crimes contra o patrimônio, nas seguintes hipóteses: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
 
 
 
31 
E
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C
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A
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 A
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T
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R
IA
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IMUNIDADES
ABSOLUTAS (ART. 181 CP)
Causas de ISENÇÃO de penas
I- do cônjuge, na constância da 
sociedade conjugal
II- de ascendente ou 
descendente, seja o parentesco 
legítimo ou ilegítimo, seja civil 
ou natural.
RELATIVAS (ART. 182 CP)
Somente mediante 
representação do ofendido
I- do cônjuge desquitado ou 
judicialmente separado;
II- de irmão, legítimo ou 
ilegítimo;
III- de tio ou sobrinho, com 
quem o agente coabita.
EXCLUSÃO DAS 
IMUNIDADES 
(ART. 183 CP)
I- se o crime é de roubo ou de 
extorsão, ou, em geral, quando 
haja emprego de grave ameaça 
ou violência à pessoa;
II- ao estranho que participa 
do crime;
III – se o crime é praticado 
contra pessoa com idade igual 
ou superior a 60 (sessenta) 
anos.
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil 
ou natural. 
II) IMUNIDADE RELATIVA – Art. 182 
Consubstancia-se em imunidade penal relativa ou processual, a qual não extingue a 
punibilidade, mas tão-somente impõe uma condição objetiva de procedibilidade. 
Neste caso, ao contrário da imunidade absoluta, o autor do crime não é isento de 
pena, mas os crimes de ação penal pública incondicionada passam a ser condicionados à representação do 
ofendido. 
III) EXCLUSÃO DE IMUNIDADE OU PRIVILÉGIO – Art. 183 
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de 
grave ameaça ou violência à pessoa; 
II - ao estranho que participa do crime. 
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 
(sessenta) anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
Questão 04 – XXV Exame 
Vitor, 23 anos, decide emprestar sua motocicleta, que é seu instrumento de trabalho, para seu pai, 
Francisco, 45 anos, por um mês, já que este se encontrava em dificuldade financeira. Após o prazo do 
empréstimo, Vitor, que não residia com Francisco, solicitou a devolução da motocicleta, mas este se recusou 
a devolver e passou a atuar como se proprietário do bem fosse, inclusive anunciando sua venda. Diante do 
registro dos fatos em sede policial, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Francisco, imputando-
lhe a prática do crime previsto no Art. 168, § 1º, inciso II, do Código Penal. Após a confirmação dos fatos 
em juízo e a juntada da Folha de Antecedentes Criminais sem qualquer outra anotação, o magistrado julgou 
parcialmente procedente a pretensão punitiva, afastando a causa de aumento, mas condenando Francisco, 
pela prática do crime de apropriação indébita simples, à pena mínima prevista para o delito em questão (01 
ano), substituindo a pena privativa de liberdade por restritiva de direito. Considerando apenas as 
informações narradas no enunciado, na condição de advogado(a) de Francisco, responda aos itens a seguir. 
A) Para combater a decisão do magistrado, que, após afastar a causa de aumento, imediatamente decidiu 
por condenar o réu pela prática do crime de apropriação indébita simples, qual argumento de direito 
processual poderia ser apresentado? Justifique. (Valor: 0,60) 
B) Qual argumento de direito material, em sede de apelação, poderia ser apresentado em busca de evitar a 
punição de Francisco? Justifique. (Valor: 0,65) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
Questão 4 – VII EXAME 
Maurício, jovem de classe alta, rebelde e sem escrúpulos, começa a namorar Joana, menina de boa família, 
de classe menos favorecida e moradora de área de risco em uma das maiores comunidades do Brasil. No dia 
do aniversário de 18 anos de Joana, Maurício resolve convidá-la para jantar num dos restaurantes mais caros 
da cidade e, posteriormente, leva-a para conhecer a suíte presidencial de um hotel considerado um dos mais 
luxuosos do mundo, onde passa a noite com ela. Na manhã seguinte, Maurício e Joana resolvem permanecer 
por mais dois dias. Ao final da estada, Mauricio contabiliza os gastos daqueles dias de prodigalidade, apurando 
o total de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais). Todos os pagamentos foram realizados em espécie, haja vista que, 
na noite anterior, Maurício havia trocado com sua mãe um cheque de R$20.000,00 (vinte mil reais) por dinheiro 
em espécie, cheque que Maurício sabia, de antemão, não possuir fundos. Considerando apenas os fatos 
descritos, responda, de forma justificada, os questionamentos a seguir. 
A) Maurício e Joana cometeram algum crime? Justifique sua resposta e, caso seja positiva, tipifique as 
condutas atribuídas a cada um dos personagens, desenvolvendo a tese de defesa. (valor: 0,70) 
B) Caso Maurício tivesse invadido a casa de sua mãe com uma pistola de brinquedo e a ameaçado, a fim de 
conseguir a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sua situação jurídica seria diferente? Justifique. (valor: 
0,55) 
 
QUESTÃO 2 - 2010/03 
Caio, residente no município de São Paulo, é convidado por seu pai, morador da cidade de Belo Horizonte, 
para visitá-lo. Ao dirigir-se até Minas Gerais em seu carro, Caio dá carona a Maria, jovem belíssima que 
conhecera na estrada e que, ao saber do destino de Caio, o convence a subtrair pertences da casa do genitor 
do rapaz, chegando a sugerir que ele aguardasse o repouso noturno de seu pai para efetuar a subtração. Ao 
chegar ao local, Caio janta com o pai e o espera adormecer, quando então subtrai da residência uma televisão 
de plasma, um aparelho de som e dois mil reais. Após encontrar-se com Maria no veículo, ambos se evadem 
do local e são presos quando chegavam ao município de São Paulo. 
Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados 
e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Caio pode ser punido pela conduta praticada e provada? (Valor: 0,4) 
 
 
 
33 
b) Maria pode ser punida pela referida conduta? (Valor: 0,4) 
c) Em caso de oferecimento de denúncia, qual será o juízo competente para processamento da ação penal? 
(Valor: 0,2) 
 
14) ESTUPRO – art. 213 
 
 
 
 
 
 
 
I) CONCEITO E ELEMENTOS DO TIPO 
A Lei n. 12.015, de 07 de agosto de 2009 proporcionou uma unificação das figuras 
anteriormente caracterizadoras do estupro e do atentado violento ao pudor. Aliás, está revogado o artigo 214 
do Código Penal que, anteriormente, previa o atentado violento ao pudor. 
Constranger significa tolher a liberdade, forçar ou coagir. Nesse caso, o cerceamento 
destina-se a obter a conjunção carnal. Ato libidinoso é aquele destinado a satisfazer a lascívia, o apetite sexual 
do agente. Considerando que a conjunção carnal é a cópula vagínica, todos os demais atos que servem à 
satisfação do prazer sexual são considerados libidinosos, tais como o sexo oral ou anal, o toque em partes 
íntimas, a masturbação, o beijo lascivo, a introdução dos dedos na vagina. 
II) SUJEITO ATIVO E PASSIVO 
Com a lei nova, outra inovação substancial diz respeito ao sujeito passivo. 
Anteriormente à reforma, o sujeito passivo do crime de estupro era apenas a mulher. Atualmente, o estupro 
poderá ter como sujeito passivo homens ou mulheres, quandoconstrangidos à prática de atos libidinosos de 
qualquer natureza. 
Atinente ao sujeito ativo, por sua vez, pode ser homem ou mulher, 
indistintamente. 
 
III) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
O delito consuma-se com a prática do ato de libidinagem (gênero que abrange 
conjunção carnal e vasta enumeração de atos libidinosos ofensivos à dignidade sexual da vítima), sendo 
ESTUPRO 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência 
ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a 
praticar ou permitir que com ele se pratique 
outro ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
 
 
 
34 
perfeitamente possível a tentativa, quando, iniciada a execução, o ato sexual visado não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Antes da Lei nova, se ocorresse conjunção carnal e atos libidinosos substanciais 
contra a mesma mulher, tínhamos estupro e atentado violento ao pudor. Discutia-se, apenas, se deveria incidir 
a continuidade delitiva ou se se tratava de concurso material de crimes. 
Agora, tendo o legislador unificado os tipos penais do estupro e do atentado violento 
ao pudor, passando a existir apenas o estupro e o estupro contra vulnerável, haverá crime único, se praticado 
no mesmo contexto fático. 
 
 
 
IV) FORMAS QUALIFICADAS – art. 213, §§1º e 2º 
Duas são as hipóteses: 1ª) ocorrência de lesões graves (que abrangem as lesões 
gravíssimas) decorrentes da conduta do agente. 2ª) vítima maior de 14 anos e menor de 18 anos na data do 
fato. 
Quanto às lesões graves (ou gravíssimas), devem ocorrer da conduta. Com isso, 
deixou claro o legislador que tais resultados devem decorrer da conduta, portanto da violência ou grave 
ameaça empregadas contra a vítima. 
O parágrafo 2º do artigo 213, por sua vez, prevê o resultado qualificador morte, 
também decorrente da conduta. Neste particular, houve redução da pena máxima, que anteriormente era de 
25 anos, passando para 20 anos de reclusão. 
Em ambos os casos, consoante já se tinha definido por ocasião do revogado artigo 
223 do Código Penal, os resultados lesões graves (ou gravíssimas) e morte devem ocorrer a título de culpa do 
agente. 
 
 
CONJUNÇÃO 
CARNAL/ 
OUTRO ATO 
LIBIDINOSO
MESMO 
CONTEXTO 
FÁTICO
CRIME ÚNICO
CONTEXTOS 
FÁTICOS 
DISTINTOS
CRIME 
CONTINUADO
 
 
 
35 
 
 
 
 
 
 
 
15) VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE – Art. 215 
 
I) AÇÃO NUCLEAR 
A nova redação do artigo 215, nominada de violação sexual mediante fraude, unificou as 
antigas figuras da posse sexual mediante fraude e atentado ao pudor mediante fraude, a exemplo do que 
ocorreu com o estupro e o atentado violento ao pudor. 
Passou-se a ter exclusivamente a figura do artigo 215, que abarca a prática de conjunção 
carnal ou a prática de ato libidinoso diverso contra homens ou mulheres, mediante fraude ou outro meio que 
impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. 
 
II) TIPO OBJETIVO 
Quanto à fraude, não há inovações, tratando-se de conduta que ludibrie, iluda, submeta a 
vítima ou a mantenha em erro, possibilitando a obtenção de conjunção carnal ou outro ato libidinoso. Exemplo 
que se tem visto é a prática de simulações por médico no sentido de sugestionar estar examinando o(a) 
paciente para obter aludidos atos libidinosos. Ou mesmo rituais de cura fraudulentamente praticados com o 
mesmo fim. 
Atentar para que não se configure a hipótese prevista no novel parágrafo 1º do artigo 217, 
que prevê o tipo penal de estupro contra vulnerável, isto é, quando a vítima, além das demais hipóteses lá 
elencadas (vítima menor de 14 anos, pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiver o 
necessário discernimento para a prática do ato), por qualquer outra causa, não possa oferecer resistência. Se 
a vítima, por exemplo, estiver absolutamente embriagada, absolutamente narcotizada, dormindo, em estados 
de inconsciência, elevada senilidade, deficiência física que a incapacite de resistir, etc., teremos estupro contra 
vulnerável. 
 
FORMAS 
QUALIFICADAS
SE RESULTA LESÃO 
CORPORAL GRAVE OU 
GRAVÍSSIMA (ART. 
213, §1º)
SE A VÍTIMA É MENOR 
DE 18 OU MAIOR DE 14 
ANOS (ART. 213, §1º)
SE RESULTA MORTE 
(ART. 213, §2º)
PRETERDOLOSOS 
 
 
 
36 
III) SUJEITOS DO CRIME 
Inicialmente, destaca-se que o sujeito ativo e passivo da aludida infração penal pode ser 
homem e mulher, indistintamente. Trata-se, pois, de crime comum. 
Tratando-se, no entanto, de menor de 14 anos o crime será o do art. 217-A do CP (estupro 
de vulnerável) 
 
IV) TIPO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade consciente de praticar ato de libidinagem com alguém 
mediante o emprego de meio fraudulento ou outro que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade 
da vítima. 
 
V) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Tal como ocorre no estupro, consuma-se o delito com a prática do ato de libidinagem, 
sendo perfeitamente possível a tentativa quando, iniciada a execução, o ato sexual visado não se consuma 
por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
16) IMPORTUNAÇÃO SEXUAL – ART. 215 -A – INCLUÍDO PELA LEI Nº 
13.718/2018 
 
I) TIPO OBJETIVO 
A conduta do agente consiste em praticar ato libidinoso, com o propósito de satisfazer sua 
lascívia ou de terceiro. 
A partir da introdução do artigo 215-A do CP, o artigo 61 do Decreto-lei 3.688/41 está 
revogado. 
Deve o ato libidinoso ser praticado contra alguém, ou seja, contra pessoa determinada. 
Assim, pratica o crime de importunação sexual o agente que se masturba diante de uma 
pessoa para satisfazer a sua lascívia. 
Agora, se o agente se masturbar em praça pública, sem visar a uma pessoa determinada, 
estará praticando o crime de ato obsceno (art. 233 do CP). 
Trata-se de crime que contém subsidiariedade expressa, ou seja, aplicam-se as penas da 
importunação sexual se a conduta não caracteriza crime mais grave. 
Assim, se, por exemplo, o agente empregar violência na prática do ato libidinoso, incidirá 
o crime de estupro (art. 213 do CP). 
 
 
 
 
37 
II) SUJEITOS DO CRIME 
Trata-se de crime comum, não se exigindo, portanto, qualidade especial da vítima. 
Pode, assim, ser praticado por qualquer pessoa. 
Da mesma forma, qualquer pessoa pode figurar como vítima. 
 
III) TIPO SUBJETIVO 
O agente desenvolve conduta com a consciência de praticar o ato libidinoso contra alguém. 
Eis o dolo. 
Além disso, o tipo prevê um elemento subjetivo específico, consistente no agente atuar 
com a finalidade de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro. 
 
IV) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
A consumação ocorre com a prática do ato libidinoso. 
Embora seja de difícil incidência, já que, se o agente inicia o ato libidinoso, estará 
consumado o crime, é possível a tentativa. 
 
17) REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE SEXUAL - Art. 216-B 
INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.772, DE 2018) 
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo 
com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem 
autorização dos participantes: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, 
vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de 
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. (Incluído pela Lei nº 13.772, 
de 2018) 
I) TIPO OBJETIVO 
A conduta do agente consiste em produzir, fotografar, filmar ou registrar cena de nudez 
ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes. 
Nos termos do artigo 216-B, parágrafo único, do CP, na mesma pena incorre quem realiza 
montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de 
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. 
Assim, pratica o crime do artigo 216-B do CP o agente que, mediante uso de câmara 
escondida, registrar cena de nudez, sem autorização da vítima.

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