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343 F IL O SO F IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 1 FRENTE U | CAPÍTULO 01 FILOSOFIA 1. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E 2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS 1. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA A palavra filosofia é oriunda da Grécia antiga. Ela é composta de outras duas palavras, philo (amizade) e sophía (sabedoria). Portanto, filosofia significa “amizade pela sabedoria”. Assim, filosofia indica a disposição de quem estima o saber. Mas, como a filosofia surgiu? “A filosofia surgiu quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos naturais e as coisas da natureza, os acontecimentos humanos e as ações dos seres humanos podem ser conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma”. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2013, p. 32. O PENSAMENTO MÍTICO Um olhar atento à história da filosofia no Ocidente, mostra- nos que o pensamentos filosófico surge, entre os gregos, em uma região e século bem definidos: a região da Jônia, no século VI a.C. Entretanto, a pergunta que se faz é: como os gregos faziam para entender o mundo a sua volta antes do nascimento da filosofia? A resposta é simples, antes da filosofia, os gregos recorriam aos mitos para explicar a origem de todas as coisas. Sendo assim, o mito constituiu um modelo de referência que lhe permitiu situar, compreender e julgar os acontecimentos ao seu redor. Em suma, um homem da civilização grega, no período anterior ao século VI a.C., geralmente recorria às histórias explicativas, como por exemplo, o mito da criação do Universo apresentado pelo poeta Hesíodo: “[...] primeiro nasceu Caos, depois também Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre dos imortais que têm a cabeça no Olimpo nevado, e Tártaro nevoento no fundo do chão de amplas vias, e Eros: o mais belo entre os Deuses imortais. [...]. Do Caos Érebos e Noite negra nasceram. As Noite aliás Éter e Dia nasceram [...] Terra primeiro pariu igual a si mesma Céu constelado [...].” HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. São Paulo: Iluminuras, 2011. p. 109 Os gregos acreditavam que a Terra fosse chata e redonda, e que seu país ocupava o centro da Terra, sendo seu ponto central, por sua vez, o Monte Olimpo, residência dos deuses. Por falar em Olimpo, os gregos cultuavam vários deuses (Zeus, Hera, Dionísio, Apolo, Ares, Atenas, dentre outros), além de semideuses (Teseu, Hercules, Perseu, dentre outros). Relatando a vida desses deuses e semideuses, eles criaram uma rica mitologia, isto é, um conjunto de lendas e crenças que, de modo simbólico, forneciam explicações para a realidade Universal. A mitologia grega é formada por um grande número de relatos e lendas fantásticas que ao longo do tempo serviram de inspiração para diversos artistas. O pensamento mítico consiste em uma forma pela qual um povo explica aspectos essenciais da realidade em que vive: a origem do mundo, o funcionamento da natureza e dos processos naturais e as origens deste povo, bem como seus valores básicos. [...] O próprio termo mythos significa um tipo bastante especial de discurso, o discurso ficcional ou imaginário, sendo por vezes até mesmo sinônimo de “mentira”. [...] o pensamento mítico pressupõe a adesão, a aceitação dos indivíduos, na medida em que constitui as formas de sua experiência do real. O mito não se justifica, não se fundamenta, portanto, nem se presta ao questionamento, à crítica ou à correção. MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p. 20. 344 FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 1.1 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E 2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS F IL O SO F IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 1 A PASSAGEM DO PENSAMENTO MÍTICO PARA O PENSAMENTO FILOSÓFICO Os diferentes povos da antiguidade desenvolveram concepções próprias acerca da natureza e, portanto, produziram maneiras diferentes para explicar os fenômenos e processos naturais. Entretanto, os gregos foram os responsáveis pelo surgimento da filosofia. Podemos considerar que o pensamento filosófico grego nasceu da insatisfação com as explicações do real fundamentadas no pensamento mítico. Em consonância com esta constatação, o pensador alemão Werner Jaeger defendeu que “devemos considerar a história da filosofia grega como um processo de progressiva racionalização do mundo presente no mito”. Então, a filosofia é fruto do que se convencionou chamar de “milagre grego”? Não, pois segundo o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, “Nada é mais tolo do que atribuir aos gregos uma cultura autóctone: pelo contrário, eles sorveram toda a cultura viva de outros povos e, se foram tão longe, é precisamente porque sabiam retomar a lança onde um outro povo a abandonou, para arremessá-la mais longe”. Mas, sabendo que não aconteceu o “milagre grego”, como eles desenvolveram a filosofia? Quais as condições materiais, isto é, econômicas, sociais, políticas e históricas que permitiram o surgimento da filosofia? A expressão “milagre grego” significa que a filosofia surgiu de modo original e espontâneo na Grécia graças à genialidade do povo helênico. Para responder os questionamentos, apontaremos as principais condições históricas para o surgimento da filosofia na Grécia antiga. PRIMEIRO, VAMOS COMPREENDER O QUE ERA O MUNDO GREGO: Conforme percebemos no mapa acima, na Grécia antiga, entre os séculos VIII e VI a.C., o crescimento demográfico e a escassez de terras contribuíram para que os gregos se deslocassem para outras regiões do Mar Mediterrâneo e fundassem colônias. Essas colônias acabaram se tornando importantes entrepostos comerciais, ou seja, ponto de encontro de caravanas provenientes de diferentes regiões do Oriente. Além disso, assumindo um caráter cosmopolita, acredita-se que nessas colônias conviviam harmoniosamente diferentes culturas. Esta peculiaridade corroborou para o enfraquecimento dos mitos, uma vez que cada povo apresentava de acordo com sua tradição uma explicação mítica diferente para explicar os mesmos fenômenos naturais. SEGUNDO, VAMOS VER AS CONDIÇÕES HISTÓRICAS DA GRÉCIA QUE PROPICIARAM O SURGIMENTO DA FILOSOFIA: • Viagens marítimas: o relevo e o solo em boa parte do território grego não eram favoráveis ao cultivo agrícola, porém estas cidades contavam com excelentes portos naturais, o que possibilitou o desenvolvimento das viagens marítimas. Essas viagens propiciaram o desencantamento do mundo e para a desmistificação da natureza (os navegantes perceberam que os mitos não procediam). • Escrita alfabética: o mito era transmitido por meio da oralidade, este fato justificou a existência de inúmeras versões acerca do mesmo mito. A invenção da escrita possibilitou a constatação de inconsistências e contradições nas explicações míticas. • Invenção do calendário: o calendário possibilitou o entendimento e delineamento das estações do ano, ou seja, o domínio do tempo. Desta feita, os gregos deixaram de recorrer às explicações mitológicas e/ou aos deuses para explicar eventos da natureza, como por exemplo, identificar períodos mais chuvosos. • Surgimento da vida urbana: o surgimento de novas classes sociais decorrentes do comércio marítimo propiciou o desenvolvimento das artes, novas formas políticas, bem como novas visões de mundo. • A política: a política grega foi marcada pelo discurso racional, ou seja, os gregos estavam habituados a fomentar de maneira racional nos espaços públicos a fim de encontrar as melhores alternativas para suas cidades. Sendo assim, esses discursos corroboraram de maneira salutar para que os gregos passassem a questionar explicações míticas e/ou rasas. Como percebemos através dos pontos anteriores, não houve um “milagre grego”, mas os gregos aproveitaram situações históricaspara romper com as explicações mitológicas e buscaram na physis (natureza) explicações para os eventos naturais. O melhor meio de se aproximar da filosofia é fazer perguntas filosóficas: Como o mundo foi criado? Será que existe uma vontade ou um sentido por detrás do que ocorre? Há vida depois da morte? Como podemos responder a estas perguntas? E, principalmente: como devemos viver? Essas perguntas têm sido feitas pelas pessoas de todas as épocas. Não conhecemos nenhuma cultura que não se tenha perguntado quem é o ser humano e de onde veio o mundo. Basicamente, não há muitas perguntas filosóficas para se fazer. Já fizemos algumas das mais importantes. Mas a história nos mostra diferentes respostas para cada uma dessas perguntas que estamos fazendo. GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da Filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 24-25 345 FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 1.1 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E 2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS F IL O SO F IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 1 AULAS 09 1. ANTIGA APOSTILAS 3 resumos + 15 questões EXERCÍCIOS ONLINE 30 questões CAIU NO ENEM 31 questões REVISÃO NA PLATAFORMA 2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS As principais escolas pré-socráticas foram: 1. Escola Jônica: caracterizada pelo interesse pela physis. Escola representada por Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto e Heráclito de Éfeso. 2. Escola Italiana: caracterizada pelo interesse pelo abstrato. Escola representada por Pitágoras de Samos. 3. Escola Eleática: assim como a italiana, essa escola é caracterizada pelo pensamento abstrato. Representada por Parmênides de Eleia. 4. Escola Pluralista: caracterizada pela combinação de elementos de diferentes escolas e defesa do mundo como algo múltiplo e dinâmico. Representada por Demócrito de Abdera. ESCOLA JÔNICA Tales de Mileto: água Tales foi considerado o primeiro filósofo da história, pois foi o primeiro a formular uma explicação da realidade natural a partir dela mesma, ou seja, sem nenhuma referência mítica. A teoria de Tales aponta a água como matéria primordial, pois, segundo ele, a água apresenta-se sob as mais variadas formas e em todos os estados em que vemos os corpos da natureza: líquido, sólido e gasoso, ela passa de um estado a outro, mas mantém sua identidade consigo mesma. Para Tales, a água é “a alma motora do cosmos”, ou seja, do Universo. Anaximandro de Mileto: ápeiron Anaximandro foi discípulo de Tales de Mileto, entretanto, divergindo do seu mestre, ele propõe que a physis seria ápeiron, ou seja, a physis é o ilimitado, indefinido e indeterminado, o que não sendo nenhuma das coisas (úmido, seco, quente, frio) dá origem a todas elas. Aventurando-se no campo da astronomia, ele propôs que a Terra permanece imóvel, ocupando o centro do Universo e por equilíbrio interno de suas partes seria impossibilitada de mover-se. Anaxímenes de Mileto: ar Anaxímenes identificou o ar como sendo a matéria primordial, ou seja, a arché da physis. Entretanto, vale ressaltar que o “ar”, enquanto physis, não é o ar que vemos, mas o princípio do qual o ar de nossa vida e de nossa experiência provêm. Para ele, respirar seria o primeiro ato de um ser vivo e também o último antes de morrer, por isso o ar é o princípio vital. Outrossim, ele defendia que o mundo era um ser vivo que respirava e, portanto, que recebia do sopro originário a unidade que o manteria. Heráclito de Éfeso: fogo Heráclito ficou conhecido como “o obscuro” devido à dificuldade de interpretar seus pensamentos. Ele foi um importante “mobilista”, isto é, acreditava que a realidade natural se caracteriza pelo movimento. Segundo ele, “não podemos entrar duas vezes no mesmo rio: suas águas não são nunca as mesmas e nós não somos nunca os mesmos”. Heráclito defendia o fogo como matéria primordial, pelo menos enquanto chama, energia que queima e ao queimar transforma todas as coisas. Essa analogia reforça o caráter dinâmico da realidade presente no pensamento deste filósofo. Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma- se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma- se em pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 ESCOLA ITALIANA Pitágoras de Samos: número 346 FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 1.1 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E 2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS F IL O SO F IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 1 Pitágoras fundou uma escola filosófica de caráter semirreligioso. Para este pensador, o número seria a matéria primordial, ou seja, a arché da physis. Pitágoras chegou a essa conclusão ao comparar o Universo harmonizado com uma música e sua proporcionalidade. Dessa forma, para ele, a natureza numérica do cosmos (Universo Ordenado) está presente em todas as coisas. Pitágoras também defendia a metempsicose, isto é, a imortalidade da alma, sendo a matemática fundamental para o aperfeiçoamento e elevação espiritual do indivíduo. “[...] é muito provável que Pitágoras tivesse percebido que os sons produzidos pela lira obedeciam a princípios e regras para formar os acordes e para criar a concordância entre os sons discordantes, isto é, os sons da lira seguem regras de harmonia que se traduzem em expressões numéricas (as proporções). Ora, se o som é, na verdade, número, por que toda a realidade – enquanto harmonia ou concordância dos discordantes como o seco e úmido, o quente e o frio, o bom e o mau, o justo e o injusto, o masculino e o feminino – não seria um sistema ordenado de proporções e, portanto, número?” CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 68-69. ESCOLA ELIÁTICA Parmênides de Eleia: ser Parmênides acreditava que a realidade não tinha nada a ver com o mundo vivenciado por alguém e que somente pela razão, não pelos sentidos, era possível chegar à verdade. Para ele, o movimento não passa de algo aparente, uma ilusão. Por isso, ele defendia a necessidade de buscarmos por meio do pensamento, examinar aquilo que permanece, ou seja, compreender que “o ser é e o não ser não é”, pois aquilo que é não pode não ser. ESCOLA PLURALISTA Demócrito de Abdera: átomo Demócrito propôs que o átomo seria a matéria primordial da physis. Para ele, todo objeto físico é feito de átomos e no vazio, que se organizavam em diferentes formas a partir de processos de atração e repulsão. Por serem pensadores materialistas, não invocavam nenhuma força externa aos átomos (matéria) para explicar a origem do movimento e do devir. AULAS 09 1. ANTIGA APOSTILAS 3 resumos + 15 questões EXERCÍCIOS ONLINE 30 questões CAIU NO ENEM 31 questões REVISÃO NA PLATAFORMA SEÇÃO VESTIBULARES QUESTÃO 01 (UEMA) Leia a letra da canção a seguir. Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa Tudo sempre passará A vida vem em ondas Como um mar Num indo e vindo infinito Tudo que se vê não é Igual ao que a gente Viu há um segundo Tudo muda o tempo todo No mundo [...] SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Como uma onda. In: Álbum MTV ao vivo. Rio de Janeiro: Sony-BMG, 2004. Da mesma forma como canta o poeta contemporâneo, que vê a realidade passando como uma onda, assim também pensaram os primeiros filósofos conhecidos como Pré-socráticos que denominavam a realidade de physis. A característica dessa realidade representada, também, na música de Lulu Santos é o(a): A. fluxo. B. estática. C. infinitude. D. desordem. E. multiplicidade. QUESTÃO 02 (UEAP) O VÉU E A ASA O VOO O ALVO de TALES: ÁGUA ALMA Herbert Emanuel, do Livro Nada ou Quase Uma Arte 347 EXERCÍCIOSFILOSOFIA- FRENTE U - CAPÍTULO 01 O poema faz referências explícitas a um filósofo pré-socrático. Na história da filosofia, entende-se por pré-socráticos aqueles filósofos que antecederam Sócrates. Entre as alternativas abaixo, assinale a que contém somente filósofos pré-socráticos: A. Tales de Mileto / Santo Agostinho / Heráclito. B. Parmênides / Anaximandro / Empédocles. C. Parmênides / Pitágoras / Aristóteles. D. Anaxágoras / Platão / Demócrito. E. Anaxímenes / Xenófanes / Boécio. QUESTÃO 03 (UNESP) Aedo e Adivinho têm em comum um mesmo dom de “vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço dos seus olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus que os inspira mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as realidades que escapam ao olhar humano. Sua visão particular age sobre as partes do tempo inacessíveis às criaturas mortais: o que aconteceu outrora, o que ainda não é. Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos, 1990. Adaptado. O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, entre outros aspectos: A. o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela transmissão oral das tradições, dos mitos e da memória. B. a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos períodos de seca ou de infertilidade da terra. C. o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a difusão dos cultos aos deuses da tradição clássica. D. a forma como a história era escrita e lida entre os povos da península balcânica. E. o esforço de diferenciar as cidades-estados e reforçar o isolamento e a autonomia em que viviam. QUESTÃO 04 (UEL) No livro Através do espelho e o que Alice encontrou por lá, a Rainha Vermelha diz uma frase enigmática: “Pois aqui, como vê, você tem de correr o mais que pode para continuar no mesmo lugar.” CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p.186. Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia enunciara uma tese também enigmática, segundo a qual o movimento é ilusório, pois “numa corrida, o corredor mais rápido jamais consegue ultrapassar o mais lento, visto o perseguidor ter de primeiro atingir o ponto de onde partiu o perseguido, de tal forma que o mais lento deve manter sempre a dianteira.” ARISTÓTELES. Física. Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os Pré-socráticos. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p.284 . Com base no problema filosófico da ilusão do movimento em Zenão de Eleia, é correto afirmar que seu argumento: A. baseia-se na observação da natureza e de suas transformações, resultando, por essa razão, numa explicação naturalista pautada pelos sentidos. B. confunde a ordem das coisas materiais (sensível) e a ordem do ser (inteligível), pois avalia o sensível por condições que lhe são estranhas. C. ilustra a problematização da crença numa verdadeira existência do mundo sensível, à qual se chegaria pelos sentidos. D. mostra que o corredor mais rápido ultrapassará inevitavelmente o corredor mais lento, pois isso nos apontam as evidências dos sentidos. E. pressupõe a noção de continuidade entre os instantes, contida no pressuposto da aceleração do movimento entre os corredores. QUESTÃO 05 (UFU) Considere o seguinte texto do filósofo Heráclito (século VI a.C.). “Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, forma-se a água e da água, a alma”. Heráclito. Fragmentos, extraído de: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução do autor. Em relação ao excerto acima, podemos afirmar que ele ilustra: A. a concepção heraclitiana que valoriza a importância do movimento na descrição da realidade. B. a concepção dialética do pensamento heraclitiano, segundo a qual o movimento é uma ilusão dos sentidos. C. a concepção heraclitiana da realidade, segundo a qual a multiplicidade dos fenômenos subjaz uma realidade única. D. o pensamento religioso de Heráclito, segundo o qual a morte é a libertação da alma. QUESTÃO 06 (UFU) O filósofo pré-socrático, Parmênides de Eléia, afirmava que “o ser é e o não-ser não é”. Por essa afirmação, ele foi considerado pelos filósofos posteriores como: A. o pai do ceticismo. B. o fundador da Metafísica. C. o fundador da sofística. D. o iniciador do método dialético. E. o filósofo do absurdo. QUESTÃO 07 (UNCISAL) O período pré-socrático é o ponto inicial das reflexões filosóficas. Suas discussões se prendem a Cosmologia, sendo a determinação da physis (princípio eterno e imutável que se encontra na origem da natureza e de suas transformações) ponto crucial de toda formulação filosófica. Em tal contexto, Leucipo e Demócrito afirmam ser a realidade percebida pelos sentidos ilusória. Eles defendem que os sentidos apenas capturam uma realidade superficial, mutável e transitória que acreditamos ser verdadeira. Mesmo que os sentidos apreendam “as mutações das coisas, no fundo, os elementos primordiais que constituem essa realidade jamais se alteram.” Assim, a realidade é uma coisa e o real outra. Para Leucipo e Demócrito a physis é composta: A. pelas quatro raízes: o úmido, o seco, o quente e o frio. B. pela água. C. pelo fogo. D. pelo ilimitado. E. pelos átomos. QUESTÃO 08 (UEAP) ...que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda da Persuasão (porque acompanha a Verdade); o outro diz que não é e que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma vereda 348 EXERCÍCIOSFILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 em que nada se pode aprender. De fato, não poderias conhecer o que não é, porque tal não é fatível./ nem poderia expressá-lo. Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. Editora Globo, 2005. O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo? A. Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o mundo sensível e o inteligível. B. Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre pensamento e realidade. C. Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio de todas as coisas. D. Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser e conhecimento. E. Protágoras, que afirmava que o homem é a medida de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é. QUESTÃO 09 (UENP) Mario Quintana, no poema “As coisas”, traduziu o sentimento comum dos primeiros filósofos da seguinte maneira: “O encanto sobrenatural que há nas coisas da Natureza! [...] se nelas algo te dá encanto ou medo, não me digas que seja feia ou má, é, acaso, singular”. Os primeiros filósofos da antiguidade clássica grega se preocupavam com: A. Cosmologia, estudando a origem do Cosmos, contrapondo a tradição mitológica das narrativas cosmogônicas e teogônicas. B. Política, discutindo as formas de organização da polis e estabelecendo as regras da democracia. C. Ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores e da vida virtuosa. D. Epistemologia, procurando estabelecer as origens e limites do conhecimento verdadeiro. E. Ontologia, construindo uma teoria do ser e do substrato da realidade. QUESTÃO 10 (UNIMONTES) O primeiro filósofo de que temos notícias é Tales, da colônia grega de Mileto, na Ásia Menor. Tales foi um homem que viajou muito. Entre outras coisas, dizem que, certa vez, no Egito, ele calculou a altura de uma pirâmide medindo a sombra da mesma no exato momento em que sua própria sombra tinha a mesma medida de sua altura. Dizem ainda que, em 585 a.C., ele previu um eclipse solar. GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Aos primeiros filósofos que se debruçaram sobre os problemas do cosmo, podemos chamá-los, além de pré-socráticos, de: A. naturalistas ou fisicistas. B. existencialistas. C. empiristas. D. espiritualistas. QUESTÃO 11 (UEG) Tales foi o iniciador da reflexão sobre a physis, poisfoi o primeiro filósofo a afirmar a existência de um princípio originário e único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio de tudo é a água. Tudo se origina a partir dela. Essa proposta é importantíssima [...] podendo com boa dose de razão ser qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar de começo da formação do universo. REALE, Giovanni. História da filosofia. São Paulo: Loyola, 1990. A passagem do mito à filosofia iniciou-se com os pré-socráticos. O primeiro deles foi Tales de Mileto, que iniciou o estudo da cosmologia. A cosmologia é definida como: A. A investigação racional do agir humano B. A investigação acerca da origem e da ordem do mundo C. O estudo do belo na arte D. O estudo do estado civil e natural e seu ordenamento jurídico QUESTÃO 12 (UFU) “…Princípio dos seres…ele [Anaximandro] disse (que era) o ilimitado…Pois donde a geração é para os seres, é para onde também a corrupção se gera segundo o necessário ; pois concedem eles mesmos justiça e deferência uns aos outros pela injustiça, segundo a ordenação do tempo.” Pré-Socráticos. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1978. A partir da análise do texto de Anaximandro, é correto afirmar que a filosofia, em contraposição ao mito, se caracteriza por: A. conceber o tempo como um passado imemorial sem relação com o presente. B. os seres divinos concedem, por alianças ou rompimentos, justiça e deferência uns aos outros. C. o mundo ser explicado por um processo constante e eterno de geração e corrupção, cujo princípio é o ilimitado. D. narrar a origem do mundo por meio de alianças e forças geradoras divinas. QUESTÃO 13 (UFU) “Só resta o mito de uma via, a do ser; e sobre esta existem indícios de que sendo não gerado é também imperecível, pois é todo inteiro, inabalável e sem fim; nem jamais era nem será, pois é agora todo junto, uno, contínuo (…)” Sobre a Natureza, 8, 2-5 A partir deste trecho do poema de Parmênides, é possível afirmar que A. a continuidade, a geração e o imobilismo estão presentes na via do ser. B. o ser, por não poder não ser, não é gerado nem deixa de ser, não tendo princípio nem fim. C. a via do ser é aquela percebida pelos nossos sentidos. D. o ser, para o autor, de certo modo não é, pois nunca foi no passado nem será no futuro. SEÇÃO ENEM QUESTÃO 01 (ENEM) Texto I Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma- se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais
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