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EM_V01_FILOSOFIA PROFESSOR

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Livro do Professor
Filosofia
Volume 1
©Editora Positivo Ltda., 2015
Presidente: Ruben Formighieri
Diretor-Geral: Emerson Walter dos Santos
Diretor Editorial: Joseph Razouk Junior
Gerente Editorial: Júlio Röcker Neto
Gerente de Arte e Iconografia: Cláudio Espósito Godoy
Autoria: Lidiane Grützmann; reformulação dos originais de: Michele Czaikoski Silva e Sandro Fernandes 
Supervisão Editorial: Jeferson Freitas
Edição de Conteúdo: Camila Castro Souza (Coord.), Daniela dos Santos Souza e Michele Czaikoski Silva
Edição de Texto: Tania Tatiane Cheremeta
Revisão: Priscila Rando Bolcato
Supervisão de Arte: Elvira Fogaça Cilka 
Edição de Arte: Cassiano Darela
Projeto Gráfico: YAN Comunicação
Ícones: ©Shutterstock/Ericlefrancais, ©Shutterstock/Sashkin, ©Shutterstock/Goritza, 
©Shutterstock/Lightspring, ©Shutterstock/Nelson Marques e ©Shutterstock/Chalermpol
Imagens de abertura: ©Shutterstock/Anastasios71 e ©Shutterstock/Jeka 
Editoração: Cassiano Darela
Ilustração: DKO Estúdio
Pesquisa Iconográfica: Janine Perucci (Supervisão) e Júnior Guilherme Madalosso 
Engenharia de Produto: Solange Szabelski Druszcz
Produção
Editora Positivo Ltda.
Rua Major Heitor Guimarães, 174 – Seminário
80440-120 – Curitiba – PR
Tel.: (0xx41) 3312-3500
Site: www.editorapositivo.com.br
Impressão e acabamento
Gráfica e Editora Posigraf Ltda.
Rua Senador Accioly Filho, 431/500 – CIC
81310-000 – Curitiba – PR
Tel.: (0xx41) 3212-5451
E-mail: posigraf@positivo.com.br
2018
Contato 
editora.spe@positivo.com.br
Todos os direitos reservados à Editora Positivo Ltda.
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)
(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)
G893 Grützmann, Lidiane.
 Filosofia : ensino médio / Lidiane Grützmann ; reformulação dos originais de Michele 
Czaikoski Silva, Sandro Fernandes ; ilustrações DKO Estúdio. – Curitiba : Positivo, 2015.
 v. 1. : il.
 Sistema Positivo de Ensino
 ISBN 978-85-385-9357-7 (Livro do aluno)
 ISBN 978-85-385-9358-4 (Livro do professor)
 1. Filosofia. 2. Ensino médio – Currículos. I. Silva, Michele Czaikoski. II. Fernandes, Sandro. 
III. DKO Estúdio. IV. Título.
CDD 373.33
Introdução à Filosofia ................................. 4
Mito e Filosofia ............................................................................................... 6
Cosmologia: a questão da arché...................................................................... 13
Ser e devir ...................................................................................................... 16
Retórica e dialética ........................................................................................ 17
Filosofia na pólis grega .................................................................................. 23
Períodos e áreas da Filosofia .......................................................................... 24
01
Sumário
Acesse o livro digital e 
conheça os objetos digitais 
e slides deste volume.
Introdução à Filoso
fia
01
 KREUTZBERG, Siegfried. A árvore da vida indígena. Téc. Mista – 70 x 50, 1999.
Ponto de partida 
1. Você acha que se conhece?
2. O que significa conhecer a si mesmo?
3. Por meio do espelho, você conhece sua aparência física. De que modo é possível conhecer outros aspectos 
de si mesmo, como sua personalidade?
4. Você considera importante desenvolver o autoconhecimento? Por quê?
Getty Images/Cargo
4
Esta unidade apresenta uma introdução ao pensamento filosófico. Por meio dela, você 
descobrirá a importância do mito e verá como se deu a passagem do pensamento mítico 
para o filosófico. Também saberá como eram as investigações realizadas pelos primeiros 
filósofos na Grécia Antiga e as condições que eles tinham para desenvolvê-las, além de 
conhecer os diferentes períodos e as áreas em que se organiza a Filosofia. 
POR QUE ÀS VEZES ME SINTO 
INADEQUADA, INACABADA?
 ALGUM DIA ME SENTIREI 
SATISFEITA? 
PRECISO REPETIR OS MODELOS 
SOCIAIS TRADICIONAIS? 
COMO FAÇO PARA “CONSTRUIR” UMA 
IDENTIDADE PRÓPRIA DIANTE DE 
TANTOS MODELOS PRONTOS?
É POSSÍVEL SER 
LIVRE? 
POSSO MUDAR O 
MUNDO?
O ato de perguntar está muito presente no processo de desenvolvimento humano. Crescemos, mudamos e as 
perguntas mudam conosco. Afinal, a curiosidade contribui para que nos conheçamos melhor e nos ajuda a investigar 
o sentido do mundo à nossa volta. Provavelmente, algumas das perguntas a seguir lhe sejam familiares.
As perguntas que você faz sobre sua existência tam-
bém são feitas por outros jovens, em diferentes partes do 
mundo. Podemos até arriscar dizer que também foram 
feitas por jovens medievais, ou ainda por jovens que vi-
veram na Antiguidade, mesmo em recantos remotos da 
Terra. São perguntas consideradas filosóficas, pois estão 
arraigadas na existência humana e não têm uma respos-
ta acabada e definitiva. Exatamente por isso elas aproxi-
mam o ser humano da Filosofia, a qual pode revelar nossa 
condição de ser no mundo e nos ajudar a compreender 
nossas possibilidades e limitações. 
A palavra grega filosofia significa amizade ou amor à 
sabedoria. Trata-se de uma forma de conhecimento cuja 
base são os atos de questionar, refletir e investigar. A Fi-
losofia pode nos encorajar a percorrer a sinuosa senda de 
nossa existência, sem nos perder nos meandros da ilusão. 
Ao trilhar esse caminho, você experimentará o conheci-
mento filosófico e a sua construção, aprenderá a fazer 
perguntas e analisá-las, refletirá sobre questionamentos 
filosóficos e sobre as respostas desenvolvidas por diver-
sos pensadores. Você verá o quanto as perguntas dos 
filósofos podem ser parecidas com algumas das que fa-
zemos cotidianamente e que acabam sendo ignoradas 
por pressa ou por conveniência.
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QUAIS AS 
POSSIBILIDADES DE 
CRIAÇÃO DE MINHA 
PRÓPRIA EXISTÊNCIA 
DIANTE DE UM MUNDO 
PROGRAMADO E 
PREVISÍVEL?
sinuoso: tortuoso, que apresenta curvas irregulares. senda: caminho estreito, vereda. meandro: sinuosidade, volteios de um caminho. 
1 Encaminhamento metodológico.
ção ao pensamento filosófico. Por meio dela, você 
á como se deu a passagem do pensamento mítico
5
Troca de ideias 
O mito corresponde a um modo específico de compreensão da realidade. É composto de uma narrativa simbólica 
que representa a necessidade humana de compreender a origem, o destino, a organização e o sentido da existência. 
Ao se investigar a palavra mito, chega-se à raiz grega mythos, que se relaciona com o verbo narrar, ou seja, transmitir 
oralmente algo a alguém. Em uma comunidade, os mitos são vistos como verdades, uma vez que são ensinados aos 
mais novos por membros cuja autoridade é tida como confiável e indiscutível.
Conceito
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O objetivo desse estudo é ajudá-lo a entender parte da construção do raciocínio humano no decorrer da história: 
compreender a elaboração, as divergências e as transformações do raciocínio desde o surgimento dos primeiros mitos 
ocidentais. Nesse percurso, você descobrirá que o raciocínio filosófico nasce de um conjunto de atitudes filosóficas: 
interesse, curiosidade e reflexão. Aprenderá também que a reflexão filosófica é a análise do pensamento, buscando a 
totalidade, a radicalidade e a profundidade, considerando todos os elementos possíveis, tentando ultrapassar limites e 
indo além da superficialidade.
Mito e Filosofia
 Você já percebeu que a palavra mito é frequentemente relacionada à ideia de algo falso, a um engano ou 
mesmo a uma explicação mentirosa sobre determinado assunto? Conhece programas nos meios de comu-
nicação dispostos a desvendar fenômenos fazendo a seguinte chamada: “verdade ou mito”? E você, o que 
entende por mito? Em quais contextos essa palavra pode ser usada? Converse com os colegas e registre o que 
você já conhece sobre esse assunto. 
Você já ouviu o termo narcisista, utilizado em referência às pessoas que ex-
pressam comportamentoegoísta ou vaidoso? Conhece a expressão calca-
nhar de aquiles, utilizada para designar algum ponto fraco? Essas 
expressões decorrem de mitos antigos. Atualmente, várias comu-
nidades organizam sua estrutura social com base em mitolo-
gias específicas. Em nosso estudo, você conhecerá uma dessas 
comunidades e verá que uma compreensão aprofundada dos 
significados dos mitos pode ampliar seu entendimento sobre si e 
sobre o mundo.
É importante ter em mente que a maneira mítica de ver, enten-
der, explicar ou sentir o mundo não deve ser prejulgada como algo 
negativo, nem vista em absoluta oposição ao que é considerado atual-
mente como verdadeiro e confiável. O mito não é oposto à Filosofia ou à 
Ciência, tampouco pode ser relegado a comunidades rotuladas como primi-
tivas ou pré-científicas. Afinal, tanto o pensamento mítico quanto os pensa-
mentos filosófico e científico são modos ou possibilidades diferentes de 
apreensão da realidade e do conhecimento. 
2 Encaminhamento metodológico.
6 Volume 1
genealogia: palavra formada pela junção dos termos gregos genos, que significa descendência, casta, família, e logia, derivada de logos, que 
quer dizer palavra, discurso, conhecimento. Assim, genealogia é o nome que se dá às pesquisas e aos estudos realizados em busca das origens de 
uma estirpe, ou seja, de uma linhagem familiar. 
teogonia: palavra formada pela junção dos termos gregos theós, que significa deus, e goné, que quer dizer geração, nascimento. Teogonia, 
portanto, significa genealogia dos deuses. 
Tipos de mitos
Uma narrativa sobre grandes feitos de um antepassado 
pode se tornar um mito. Quando, por exemplo, um ancião 
narra passagens da vida de um fundador ou de um guerreiro, 
a bravura e a nobreza desses personagens transformam-se 
em modelos de comportamento para o grupo e em ideais 
a serem buscados por todos. Do mesmo modo, há mitos 
que representam comportamentos a serem evitados, uma 
vez que, pelas narrativas, sabe-se que eles geraram trágicas 
consequências individuais e coletivas no passado.
Os mitos revelam a forma e os contornos da cultura em 
que estão inseridos. Isso pode ser percebido tanto nos seres 
mitológicos, que geralmente assumem características mui-
to próximas da cultura local, quanto nos elementos naturais 
citados, tais como montanhas, vales e rios próximos da co-
munidade, que se transformam em locais sagrados. Esse é o 
caso do Monte Olimpo, considerado pelos gregos a morada 
de seus principais deuses, os quais, por essa razão, são cha-
mados de deuses olímpicos.
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Sugestão de atividades para aprofundar o conhecimento: questões 1 e 2 da seção Hora de estudo.
3 Texto complementar.
 Na Grécia Antiga, o Monte Olimpo era considerado o local 
de morada do Dodecatheon, nome dado ao conjunto dos 
12 principais deuses do panteão grego: Zeus, Posseidon, 
Apolo, Ares, Artemis, Afrodite, Deméter, Hera, Atena, Hefesto, 
Dioniso (ou Dionísio) e Hermes.
4 Informações complementares.
Os mitos podem se diferenciar conforme sua intencionalidade. Conheça três tipos: 
 Mitos cosmogônicos (do grego khosmos, universo, conjunto de tudo o que existe, e goné: geração, nasci-
mento): tratam das origens daquilo que existe. Na Grécia Antiga, os mitos cosmogônicos eram muito valo-
rizados. O primeiro a sistematizar os mitos gregos e a organizá-los em uma sequência lógica, que permitiu 
vislumbrá-los em sua genealogia, foi Hesíodo. Na obra Teogonia, ele narra poeticamente o princípio de tudo 
e apresenta as divindades primordiais: Caos, Terra, Tártaro, Eros e Céu, que deram origem a outras divindades. 
Conta ainda que a origem do mundo e de seus elementos aconteceu pela união do Céu (Urano) com a Terra 
(Gaia, a grande mãe), o que sugere que a criação se deu a partir do choque entre elementos contrapostos e 
complementares.
 Mitos escatológicos: explicam o que acontece após a morte física na Terra ou versam sobre a finalidade e o 
destino da vida humana. Funcionam, para alguns povos, como profecias sobre o fim do mundo, o destino do 
planeta e o juízo final. Na Antiguidade, entre os egípcios, os mitos escatológicos tinham grande importância, 
pois descreviam o destino das almas, conforme a conduta dos indivíduos na Terra. 
 Mitos épicos: narrativas que descrevem grandes proezas realizadas por heróis e guerreiros que venceram al-
gum obstáculo com inteligência, força e nobreza. Na Grécia Antiga, por exemplo, os heróis épicos eram des-
critos como semideuses, devido aos seus feitos e à sua coragem. Nesse contexto, os poemas épicos tinham 
função pedagógica, ou seja, ensinavam aos cidadãos gregos como deveriam se portar, servindo de inspiração e 
incentivo para que cada indivíduo cultivasse as mesmas características dos heróis míticos ao lidar com questões 
cotidianas. 
7Filosofia
Para ler e refletir
Leia um trecho da obra Teogonia, de Hesíodo, o qual mostra um exemplo de mito cosmogônico, explicando a ori-
gem divina e o nascimento (gonia) do mundo (cosmos). 
Os deuses primordiais 
Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também
Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre,
dos imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado,
e Tártaro nevoento no fundo do chão de amplas vias, 
e Eros: o mais belo entre Deuses imortais,
solta-membros, dos Deuses todos e dos homens todos
ele doma no peito o espírito e a prudente vontade.
Do Caos Érebos e Noite negra nasceram.
Da Noite aliás Éter e Dia nasceram,
gerou-os fecundada unida a Érebos em amor.
[...]
Terra primeiro pariu igual a si mesma
Céu constelado, para cercá-la toda ao redor
e ser aos Deuses venturosos sede irresvalável sempre.
Pariu altas Montanhas, belos abrigos das Deusas
ninfas que moram nas montanhas frondosas.
E pariu a infecunda planície impetuosa de ondas
o Mar, sem o desejoso amor. Depois pariu
do coito com Céu: Oceano de fundos remoinhos
e Coios e Crios e Hipérion e Jápeto
e Teia e Reia e Têmis e Memória
e Febe de áurea coroa e Tétis amorosa.
E após com ótimas armas Crono de curvo pensar,
filho o mais terrível: detestou o florescente pai.
[...]
HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. 3. ed. São Paulo: Iluminuras, 1995. p. 111 e 113.
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Encaminhamento metodológico.
irresvalável: qualidade do que é firme, fixo ou inalterável. 
venturoso: qualidade de quem é afortunado, de quem tem muita 
sorte e vive em felicidade. 
infecundo: que não pode ser fecundado, improdutivo, estéril, infértil.
impetuoso: dotada de grande ímpeto, força e impulsividade.
coito: cópula ou ato sexual. 
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8 Volume 1
Origem dos mitos
Ao pensar em mito, é inevitável fazer uma as-
sociação com o povo grego. Porém, é importante 
pensar: Quais motivos conduzem a essa associa-
ção? É possível pensar em uma mitologia que 
transponha os limites da Grécia Antiga? 
Diante das características já apontadas sobre 
o mito, é possível deduzir que ele não é uma 
exclusividade grega. Ainda assim, é comum 
lembrar primeiro dos mitos gregos, pois eles 
ocupam o lugar de maior destaque entre as mi-
tologias presentes no mundo ocidental. O Brasil 
contemporâneo, por exemplo, como herdeiro da 
cultura ocidental, sofreu influências da mitologia 
greco-romana.
A Grécia é vista como berço da Filosofia 
ocidental, então o mito grego encontra-se tam-
bém diretamente ligado às suas raízes, uma vez 
que o pensamento mítico antecede o pensamento filosófico. Sendo 
assim, é importante refletir se algo diferencia a mitologia grega das 
demais.
O autor Mircea Eliade ajuda a compreender a peculiaridade do mito 
grego. Ele garante que, na Grécia, como em nenhum outro lugar, o mito 
serviu de inspiração para a arte, em especial para a poesia e para as ar-
tes plásticas. Outro ponto importante é que os gregos foram os únicos 
a submeter sua mitologia a uma rigorosa análise. Assim, os primeiros 
filósofos gregos utilizaramo mito como ponto de partida para promover 
uma reinterpretação da realidade, cada um a seu modo. Logo, é possível 
afirmar que a mitologia grega destaca-se por constituir um alicerce para 
a formação do pensamento ocidental. 
KLEOPHRADES (atribuído). Hércules e o touro de Creta. Cerca de 490 a.C. (período 
arcaico tardio). 1 figura vermelha ática, 34,4 cm × 31,2 cm. Museu Universitário da 
Universidade da Pensilvânia, Filadélfia.
 A imagem representa uma façanha de Hércules, um dos maiores heróis da 
mitologia épica grega.
mundo ocidental: essa expressão não rem
ete 
a uma divisão de mundo meramente geo
grá-
fica. No contexto dos estudos propostos n
esta 
unidade, o mundo ocidental correspond
e à 
manifestação e aos desdobramentos da he
ran-
ça cultural greco-romana do Período Clás
sico, 
verificados em determinados países e reg
iões. 
Essa herança é observada na perpetuação
 dos 
costumes; na vivência e incorporação de v
alo-
res, normas e tradições; na inspiração dos 
mo-
dos de organização social e política; nas ar
tes e 
assim por diante.
 Relembre alguns seres da mitologia de diferentes povos conhecidos por você e registre seus nomes. 
Depois, converse com os colegas e o professor sobre as origens deles. 
Provavelmente, os alunos mencionarão os seres mais conhecidos da mitologia grega. É importante instigá-los a relembrar, 
preferencialmente, mitologias de outros povos que não os gregos, sobre os quais já tenham ouvido falar. Como exemplo, podem
ser citados Thor e Odin, deuses da mitologia nórdica.
 
 
Sugestão de atividades para aprofundar o conhecimento: questões 3 e 5 da seção Hora de estudo.
6 Orientação didática.
9Filosofia
Atualmente, a estrutura social de algumas comuni-
dades permanece vinculada às suas crenças sobre o sur-
gimento do mundo, de acordo com seus mitos. É assim 
entre os baniwa, de modo que sua mitologia é constan-
temente reproduzida nos rituais e nas cerimônias para 
que seja lembrada por todos e utilizada como uma re-
ferência para se distinguir o que é certo do que é errado. 
Logo, entre os membros da tribo, a generosidade é um 
valor importante, fundamentado em seu mito de origem.
Baniwa: povo que vive na fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela. Organiza-se em aldeias localizadas às margens do Rio Içana e seus afluentes, no norte do Amazonas. 
1. Com a orientação do professor e em grupo, pesquise as mitologias de diferentes povos. Apresente algumas divinda-
des dessas mitologias e suas principais características, indicando algumas semelhanças e diferenças entre elas.
2. Com base no que você pesquisou, discuta as questões a seguir com seus colegas. Depois, registre as suas conclu-
sões, em forma de texto dissertativo, com argumentos para sustentar suas opiniões. 
a) O mito ainda pode ocupar um lugar na sociedade tecnológica?
b) Haverá ainda lugar em nossos dias para os contadores de histórias, os poetas, os guardadores das memórias 
comunitárias?
Segundo esse mito, o criador Yampirikuri distribuiu 
ferramentas de trabalho entre os diferentes grupos sociais, 
todas elas ligadas à produção de elementos necessários à 
sobrevivência. Isso fez com que cada grupo desenvolvesse 
uma habilidade distinta da dos demais. Um grupo apren-
deu a cestaria, outro, a pesca, e assim por diante. Por essa 
razão, os baniwa acreditam que a pessoa mais detestável é 
aquela que se recusa a repartir com os demais os frutos do 
seu trabalho, pois estaria se recusando a repartir os dons 
recebidos de Yampirikuri. Para os baniwa, as habilidades 
não são méritos particulares, mas algo a ser desenvolvido 
pelos indivíduos em benefício de toda a tribo.
RICARDO, Beto. Produção de cestaria Baniwa, Tucumã. Rio Içana, 
Amazonas. 2000. 1 fotografia, color. 
 Entre os baniwa, a prática da cestaria é ligada à mitologia e aos 
rituais de iniciação. Os meninos aprendem a fazer os waláya 
(balaios grandes) para ofertá-los aos amigos ao final de um 
período de reclusão.
ConexõesConexões
7 Encaminhamento metodológico.
Reflexão em ação
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10 Volume 1
Já imaginou utilizar a mitologia em seu cotidiano 
profissional? É o que fazem alguns psicólogos e psicana-
listas. Eles são profissionais que buscam ajudar os indiví-
duos a compreender a relação entre o funcionamento de 
suas mentes e seus padrões de comportamento.
Nesse contexto, os mitos são considerados um tipo de 
linguagem que pode explicar, por meio de símbolos, os 
processos que atravessamos ao longo da vida. Por exem-
plo, Freud, considerado o pai da psicanálise, foi quem pri-
meiro relacionou o mito grego de Narciso a um aspecto 
específico do comportamento humano. Ele afirmava 
que o narcisismo pode se transformar em um transtorno 
psíquico, ou uma patologia, quando dificulta a ação do 
indivíduo em seu cotidiano. No Brasil, a formação em Psi-
canálise ocorre por meio de um curso de pós-graduação.
Mundo do trabalho
Origem e desenvolvimento do raciocínio filosófico
De um modo geral, afirma-se que a Filosofia surgiu com a busca de explicações racionais para a realidade que 
cercava o homem grego. Essas explicações deveriam fundamentar-se em raciocínios rigorosos, além de considerar a 
complexidade das relações sociais e a necessidade de se estabelecerem formas de organização benéficas para o ser 
humano, recorrendo menos à interferência de deuses, tradições e revelações míticas. Mas como o pensamento mítico 
deu lugar ao pensamento filosófico? O que a Filosofia modificou no pensamento mítico? 
O pensamento filosófico tem origens muito remotas no tempo e no espaço. Alguns estudiosos buscam as suas 
raízes em antigas civilizações orientais, ao passo que outros defendem a sua origem unicamente grega. Mesmo sem 
alcançar uma solução definitiva para esse impasse, é preciso reconhecer a Antiguidade grega como o marco histórico 
da sistematização do que hoje o Ocidente denomina Filosofia. 
Alguns historiadores da Filosofia consideram a existência de uma forma sistematizada de reflexão, inclusive com 
indícios do que hoje chamamos ciência, entre civilizações que não sofreram a influência da cultura grega, tais como: 
maia, egípcia e chinesa. No entanto, esse pensamento sistematizado tem características específicas e não leva, oficial-
mente, o nome de Filosofia. Sendo assim, o pensamento grego, tal como se desenvolveu a partir do século VI a.C., é 
geralmente considerado a origem da Filosofia.
Do mito à Filosofia: ruptura ou continuidade?
Muitos pesquisadores divergem sobre como deve ter ocorrido a passagem do mito à Filosofia. Essa passagem 
aconteceu de modo abrupto ou gradual? 
O autor Werner Jaeger, por exemplo, afirma que não é nada fácil traçar uma linha temporal para delimitar a fronteira 
entre o mito e a Filosofia, mas que, se houvesse tal linha, ela estaria sobre a epopeia homérica. Esse pesquisador garan-
te que nos poemas épicos de Homero, como Ilíada e Odisseia, há tanto de pensamento mítico quanto de pensamento 
racional. Do mesmo modo, mostra que, no pensamento dos primeiros grandes filósofos, havia ainda muito de mito e, 
para exemplificar essa afirmativa, cita a concepção do filósofo grego Platão a respeito da alma.
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8 Texto complementar.
11Filosofia
Contexto
Jaeger garante que a história da Filosofia grega deve ser encarada como o “processo de racionalização pro-
gressiva da concepção religiosa do mundo implícita nos mitos”. Além disso, ele acredita que os gregos receberam 
influência do mundo oriental, embora tenham conseguido tecer algo completamente diferente.
Há também quem defenda a ideia do “milagre grego”, acreditando que a Filosofia teria sido inventada sem a 
influência do pensamento oriental, de modo espontâneo e inesperado, como um milagre. Em especial, os defen-
sores dessa teoria entendem que há uma forte oposição entre o pensamento mítico e o pensamento filosófico 
ou racional.
técnicas: sendo coletiva e progressi
va, 
a técnica representao conjunto de tod
os 
os procedimentos sistematizados e q
ue 
podem ser ensinados para melhora
r a 
qualidade de vida das pessoas. Pode 
ser 
produtiva (como na indústria) ou artíst
ica 
(como na pintura). A tecnologia, por s
ua 
vez, corresponde à aplicação da técni
ca, 
associada a princípios científicos, em p
ro-
dutos e processos dos diversos ramos
 de 
atividade que interferem na organizaç
ão 
do cotidiano de quem os utiliza.
No período que precedeu o surgimento da Filosofia, mudanças socioculturais tornavam a sociedade grega cada 
vez mais complexa. Guerras e invasões haviam ocasionado a migração de populações gregas para outras regiões 
e um maior contato com alguns povos aconteceu. Ampliava-se o número de especializações profissionais, modifi-
cando-se as relações e a mentalidade das pessoas. A geração de riquezas 
contribuía para estabelecer novas formas de hierarquia, não mais baseadas 
em uma aristocracia de sangue. Além disso, o domínio de novas técnicas 
proporcionava aos homens mais independência em relação às divindades 
míticas e às forças da natureza.
Pode-se dizer que vários fatores contribuíram para a formação desse 
novo cenário, como: vida urbana; escrita alfabética; relações com outras 
culturas; uso de moeda; desenvolvimento comercial, econômico, financeiro 
e político; expansão das técnicas de trabalho e ensino; entre outros. Juntos, 
esses fatores colaboraram para facilitar a vida cotidiana de algumas parcelas 
da população e, consequentemente, favoreceram o desenvolvimento de 
novas formas de raciocínio e investigação da realidade. 
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No diálogo Fedro, Platão apresenta sua concepção de 
alma por meio da “alegoria do cocheiro”, um trecho da 
obra que segue a estrutura simbólica dos mitos. 
Nessa alegoria, Platão diz que a alma é composta 
de três partes distintas: a primeira é represen-
tada por um cocheiro que conduz as outras 
duas, representadas por dois cavalos. Um 
dos cavalos é bom e procura seguir o ca-
minho da verdade, já o outro é teimoso e 
arrogante, deixando-se levar facilmente 
por enganos. Utilizando-se dessa sim-
bologia, Platão apresenta suas ideias 
sobre a estrutura da alma dos homens 
mortais. Para ele, os deuses, também 
possuidores de alma, diferenciam-se dos 
humanos porque seus dois cavalos são bons e 
nenhum deles é teimoso. 
12 Volume 1
Cosmologia: a questão da arché
Você se lembra dos mitos cosmogônicos? Eles narram o surgimento do universo por meio das genealogias divinas. 
É sobre esse conteúdo que Hesíodo escreveu sua grande obra, Teogonia. 
Houve um determinado momento em que as teorias míticas não satisfaziam mais os gregos. Eles precisavam de 
uma explicação mais consistente, pautada pelos princípios da racionalidade. Agora pense sobre esta questão:
 Que motivações e condições teriam os habitantes da Grécia Antiga para estudar cientificamente as origens do 
universo e do homem? Aborde essa questão oralmente.
Tales e a busca pela origem
Tales de Mileto inaugurou, por meio de seus estudos no século VI a.C., 
uma maneira diferente de pensar sobre o mundo que o cercava, sendo 
ele o primeiro a buscar, para além dos mitos, uma nova maneira, mais 
sistematizada e organizada, de explicar a origem das coisas à sua volta. 
Uma das grandes preocupações de Tales foi a busca da arché, ou 
seja, de um princípio material único, formador de todas as coisas. 
Assim, ele inaugurou um problema que viria a ser abordado também 
por outros filósofos em suas investigações sobre a physis. Era o início 
da mudança do pensamento mítico-cosmogônico para o pensamento 
filosófico-cosmológico.
1. Mudanças no tratamento dado à técnica interferiram na organização social dos gregos na Antiguidade, o que modifi-
cou também as formas humanas de se compreender diante do mundo, privilegiando atitudes como perguntar, criticar, 
questionar as aparências, valorizar a razão humana e construir o raciocínio filosófico. Pensando nisso, considere o 
tratamento dado à técnica em nossa sociedade e cite um exemplo de sua interferência na organização do cotidiano.
As maiores mudanças no modo de organização das sociedades contemporâneas são decorrentes do desenvolvimento das tecnologias digitais 
e da internet. Essas mudanças passam pelo consumo cada vez maior de aparelhos eletrônicos e seu rápido descarte, produzindo resíduos que 
causam sérios problemas ambientais. Mas também podem ser identificadas interferências positivas das novas tecnologias no cotidiano, como 
o acesso rápido à informação global. Além disso, é importante ressaltar que o desenvolvimento tecnológico não alcança todos os lugares de 
modo igual. Enquanto algumas regiões são muito industrializadas, em outros lugares não há sequer acesso à energia elétrica. 
2. Esse tipo de intervenção altera nossa maneira de entender e explicar o mundo? Justifique sua resposta. 
Sim. No contexto do amplo desenvolvimento tecnológico, é comum as sociedades descreverem seu entorno com base nos princípios da 
racionalidade científica e se distanciarem das explicações míticas ou poéticas do mundo. 
Reflexão em ação
No século IV a.C., o pensador grego 
Aristóteles elegeu esse comerciante e 
engenheiro da cidade de Mileto como 
o primeiro filósofo. O termo filósofo só 
foi criado por Pitágoras algumas déca-
das após o início da atividade intelec-
tual de Tales, portanto, ao refletir sobre 
diversas questões, ele não imaginava 
que essa sua atitude inaugurava um 
tipo de pensamento que viria a se cha-
mar, posteriormente, Filosofia.
10
9 Sugestão de atividade.
Orientação didática.
13Filosofia
Para ler e refletir
Qual elemento disponível no planeta poderia ter sido o gerador dos demais? O fogo? A água? O ar? Algum outro 
elemento? Nenhum deles? Justifique sua resposta. 
Pessoal.
O termo grego physis refere-se à ampla compreensão que os gregos tinham sobre a natureza. Deriva de um verbo 
cujo significado é fazer nascer, fazer brotar e crescer. A physis é considerada o elemento primordial de toda a natureza. 
Ao mesmo tempo em que é eterna, permanece em contínua transformação. Essa é uma concepção que liga todas as 
dimensões da existência humana. Pensando a physis, o ser humano adquire a compreensão da totalidade dos elemen-
tos que compõem o real: o cosmos, os deuses e as coisas particulares, o ser humano e a verdade, o movimento e a 
mudança, o animado e o inanimado, o comportamento humano e a sabedoria, a política e a justiça.
Conceito
doxografia: nome dado ao conjunto de escritos e interpretações de outros autores sobre o pensamento de um filósofo. Muitas das informações que 
chegaram aos nossos dias em relação às ideias dos primeiros filósofos têm essa origem. No caso de Tales, restou-nos somente essa fonte.
Na mitologia grega, divulgada pelos po
e-
tas, Oceano, Tétis e Estige eram div
in-
dades ligadas ao elemento água. Quan
do 
o povo grego entendia a Terra como u
ma 
esfera achatada, rodeada pelas águas de 
um 
imenso rio, designava por Oceano a div
in-
dade que personificava esse rio. Tétis, 
sua 
esposa, personificava a fecundidade do m
ar. 
Era mãe de três mil rios e quarenta e u
ma 
Oceânidas, as quais personificavam riach
os, 
fontes e nascentes. Uma delas era Esti
ge, 
divindade que nomeava uma fonte nasc
ida 
no alto de um rochedo, na região da Ar
cá-
dia. Contam os mitos que ela e seus filh
os 
ajudaram Zeus na luta contra os titãs. Co
mo 
recompensa, ela foi consagrada como a 
ga-
rantia dos juramentos dos deuses. Quan
do 
um deles fazia um juramento solene, rece
bia 
uma porção da água de Estige. A partir
 de 
então, a quebra desse juramento acarreta
ria 
punições terríveis. 
Fonte: BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia grega
. v. I. 
Petrópolis: Vozes, 2004. 
A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos prin-
cípios de todas as coisas os que são da natureza da matéria. Aquilo de 
que todos os seres são constituídos, e de que primeiro são geradose em 
que por fim se dissolvem, enquanto a substância subsiste, mudando-se 
apenas as afecções, tal é, para eles, o elemento (stokheion), tal é o princípio 
dos seres; e por isso julgam que nada se gera nem se destrói, como se tal 
natureza subsistisse sempre... Pois deve haver uma natureza qualquer, ou 
mais do que uma, donde as outras coisas se engendram, mas continuando 
ela a mesma. Quanto ao número e à natureza destes princípios, nem todos 
dizem o mesmo. Tales, o fundador de tal filosofia, diz ser a água [o prin-
cípio] (é por esse motivo também que ele declarou que a terra está sobre 
água), levado sem dúvida a esta concepção por ver que o alimento de todas 
as coisas é úmido, e que o próprio quente dele procede e dele vive (ora 
aquilo de que as coisas vêm é para todos o seu princípio). Por tal observar 
adotou esta concepção, e pelo fato de as sementes de todas as coisas terem 
a natureza úmida; e a água é o princípio da natureza para as coisas úmidas. 
Alguns há que pensam que também os mais antigos, bem anteriores à nos-
sa geração, e os primeiros a tratar dos deuses, teriam a respeito da natureza 
formado a mesma concepção. Pois consideram Oceano e Tétis os pais da 
geração e o juramento dos deuses a água, chamada pelos poetas de Estige; 
pois o mais venerável é o mais antigo; ora, o juramento é o mais venerável.
(ARISTÓTELES. Metafísica.) SOUZA, José Cavalcante de (Seleção de textos). Os pré- 
-socráticos: fragmentos, doxografia e comentários. São Paulo: Nova Cultural, 2005. p. 40. 
O texto a seguir foi escrito por Aristóteles sobre o pensamento de Tales e faz parte da doxografia conhecida desse filósofo. 
11 Encaminhamento metodológico.
14 Volume 1
A arché segundo diferentes filósofos 
Os primeiros pensadores gregos, anteriores a Sócrates, são conhecidos como filósofos pré-socráticos. Recebem essa 
designação comum não por uma determinação meramente cronológica, mas porque compartilharam um mesmo 
objeto de investigação: buscaram a origem, o princípio unificador de tudo o que existe, o qual chamavam de arché. 
Observe, na tabela a seguir, como os filósofos pré-socráticos pensaram a questão da arché.
Reflexão em ação
Filósofo Cidade Período (aproximado) Arché
Tales Mileto 624 a.C. a 546 a.C. água
Anaximandro Mileto 611 a.C. a 546 a.C. ápeiron
Anaxímenes Mileto 586 a.C. a 525 a.C. ar
Pitágoras Samos 580 a.C. a 500 a.C. números
Heráclito Éfeso 535 a.C. a 470 a.C. fogo, opostos, movimento
Empédocles Agrigento 492 a.C. a 432 a.C. água, terra, fogo e ar
Anaxágoras Clazômenas 499 a.C. a 428 a.C. homeomerias 
Demócrito Abdera 460 a.C. a 370 a.C. átomos
1. Diferencie os caminhos pelos quais Tales e os poetas chegaram ao elemento água em suas indagações sobre a ori-
gem da natureza. Pessoal. Espera-se que os alunos considerem a abordagem filosófica de Tales e a abordagem mítica dos poetas.
2. Leia o texto a seguir com atenção. Depois, comente os pontos apresentados por Aristóteles sobre o início do filosofar.
Foi, com efeito, pela admiração que os homens, assim hoje como no começo, foram levados a filosofar, 
sendo primeiramente abalados pelas dificuldades mais óbvias, e progredindo em seguida pouco a pouco 
até resolverem problemas maiores: por exemplo, as mudanças da Lua, as do Sol e dos astros e a gênese do 
Universo. Ora, quem duvida e se admira julga ignorar, por isso também quem ama os mitos é, de certa 
maneira, filósofo, porque o mito resulta do maravilhoso. Pelo que, se foi para fugir à ignorância que filoso-
faram, claro está que procuraram a ciência pelo desejo de conhecer, e não em vista de qualquer utilidade.
ARISTÓTELES. Metafísica. Livro I. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 214. 
Pessoal. Espera-se que os alunos considerem a veracidade dos mitos, sua funcionalidade como explicação da realidade em determinadas 
circunstâncias e demonstrem que o processo de construção do conhecimento é anterior à Filosofia.
3. Relacione o pensamento de Tales de Mileto a teorias biológicas sobre o surgimento da vida em nosso planeta. 
Lembre-se de que esse filósofo construiu o raciocínio com base em observações e sem o auxílio de instrumentos 
científicos sofisticados.
4. Identifique o elemento cientificamente aceito hoje como responsável pelas diferentes formas de matéria viva e com-
pare essa teoria com a de Tales, que apontava o elemento água.
12 Encaminhamento metodológico.
15Filosofia
Troca de ideias 
Ser e devir
1. Uma crisálida é uma lagarta ou uma borboleta? 
2. É possível que a mudança seja apenas uma aparência, uma impressão dos nossos sentidos? 
3. É possível que algo se transforme e continue sendo, ao mesmo tempo, igual ao que era?
4. É possível mergulhar duas vezes no mesmo rio? 
5. É possível ser e não ser ao mesmo tempo? 
antinomia: contradição entre dois princípios ou duas afirmações opostas e conflitantes.
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 Observe a imagem e converse com os colegas sobre as questões a seguir.
A questão sobre a mudança e a permanência – sobre o ser e o vir a ser (devir) – está na base da Filosofia grega 
e ainda é tema de estudo e discussão na atualidade. Os pensadores que primeiro propuseram essa antinomia foram 
Heráclito de Éfeso e seu contemporâneo, Parmênides de Eleia, no século VI a.C.
Heráclito afirmava que a multiplicidade, o movimento e a contradição estavam presentes em todas as coisas. Para 
ele, não havia o ser (uma realidade fixa e imutável), mas o devir (o constante vir a ser das coisas, o seu eterno processo 
de oposição, mudança e fluidez). Seria inútil buscar algo uno e fixo nesse constante fluir ou devir de coisas múltiplas e 
contrárias entre si. Por isso, jamais se poderia entrar duas vezes no mesmo rio, por exemplo, porque, na segunda tenta-
tiva, a pessoa e o rio já teriam se modificado. Logo, a unidade não poderia ser tomada como base para o conhecimento. 
Afinal, desse ponto de vista, nada era (definitivamente), tudo estava (provisoriamente), mesmo quando aparentava 
permanecer igual. Ainda assim, Heráclito valorizou o aspecto racional do conhecimento, mostrando que caberia à 
razão revelar a verdadeira natureza das coisas, corrigindo a falsa percepção de imobilidade e estabilidade daquilo que 
era essencialmente móvel e instável.
Parmênides, por sua vez, negava todo o devir e a multiplicidade pensados por Heráclito. Ele entendia o ser como uno, 
imóvel e não criado. Nessa perspectiva, o ser é o que permanece sempre idêntico a si mesmo e nunca pode ser o oposto. 
É o princípio da não contradição: elementos contraditórios jamais poderão coexistir. A oposição implicaria a anulação do 
ser anterior, o que é impossível, uma vez que o ser não pode deixar de ser. Assim, o rio jamais deixa de ser rio, pois é na sua 
essência que reside sua mobilidade. Toda mudança é mera opinião (doxa), impressão ou ilusão dos sentidos.
Encaminhamento metodológico.
Referência teórica.
16 Volume 1V l 1
1. Após a leitura sobre os pensamentos de Heráclito e 
Parmênides, retome a questão apresentada anterior-
mente: uma crisálida é uma lagarta ou uma borboleta? 
Como Parmênides e Heráclito responderiam a essa 
questão? 
Parmênides afirmaria que a crisálida é tão somente uma crisálida.
Não é borboleta nem lagarta. É o que é (A = A). Já Heráclito
defenderia a ideia de que a crisálida é ao mesmo tempo 
lagarta e borboleta, pois tudo o que existe está ligado ao 
seu contrário. Não há como existir borboleta sem lagarta. 
2. Escolha a resposta hipotética de um dos filósofos, que 
você registrou na questão anterior, e elabore uma ar-
gumentação favorável ou contrária à opinião dele. 
Pessoal. 
3. Os pensamentos de Heráclito e Parmênides são opostos ou complementares entre si? Por quê?
Entre Parmênides e Heráclito há mais elementos concordantes do que discordantes. Cada um apresenta, ao seu modo e desenvolvendo 
seus próprios argumentos, uma compreensão sobre a physis.
Reflexão em ação
Retórica e dialética
Sócrates é considerado o grande marco da transiçãoentre dois tipos de investigação filosófica. Após o desen-
volvimento do seu pensamento, as investigações cosmológicas deram lugar a investigações antropológicas, isto é, a 
pergunta passou a recair sobre o ser humano, sua identidade e origem, suas angústias, seus desejos e deveres. Essa 
mudança foi muito significativa para os estudos filosóficos da época e exerceu grande influência em toda a história do 
pensamento ocidental.
SANZIO, Raphael. A escola de Atenas. 1509. 1 afresco, color, 500 cm × 
770 cm. Palácio Pontífice, Museu do Vaticano, Roma. (Detalhe). 
 Esse detalhe da obra A escola de Atenas retrata os filósofos 
pré-socráticos Parmênides (à esquerda) e Heráclito (à direita). 
Parmênides, da cidade de Eleia, defendeu a polêmica tese 
do imobilismo, ou seja, de que o movimento e as mudanças 
não passavam de aparências. Já Heráclito, da cidade de Éfeso, 
defendeu a tese do mobilismo: tudo está em permanente devir 
(transformação, vir a ser).
17Filosofia
Um questionador incômodo
Sócrates filosofava de um modo curioso: ele dialo-
gava, pelas ruas de Atenas, com diversos interlocutores. 
Não deixou obras escritas, e o que conhecemos de seu 
pensamento foi anotado por seus discípulos, principal-
mente Platão e Xenofonte.
Sabe-se que Sócrates abordava as pessoas utilizan-
do uma máxima que se achava inscrita no templo de 
Apolo, em Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. Por meio de 
questionamentos, ele levava seus interlocutores a refle-
tir sobre a razão humana e sobre seus próprios conhe-
cimentos, interesses, necessidades e senso de justiça. 
Desconcertante para a época, e talvez ainda o fosse 
para os dias atuais, ele era considerado o mais sábio dos 
homens e, no entanto, repetia categoricamente: “Só sei 
que nada sei”.
 Imagem atual de Atenas, importante cidade-estado grega 
na Antiguidade Clássica, onde Sócrates viveu, divulgou seu 
pensamento filosófico e foi condenado à morte por questões 
políticas. No alto e ao fundo, encontra-se a Acrópole, a área mais 
importante de Atenas na época em que viveu o filósofo.
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71
Em relação ao pensamento de Sócrates, a palavra razão tem um sentido muito específico. O pensamento socrático, 
revelado pelas obras de Platão, descrevia o ser humano como essencialmente racional e identificava a razão com a 
virtude. O bem era apontado como a ideia mais sublime, identificando-se com a beleza e com a verdade. Sendo assim, 
o ideal de conduta virtuosa era representado pelo filósofo, aquele que se dedicava à investigação racional da realidade, 
em busca do conhecimento verdadeiro. Afinal, para Sócrates, conhecer a verdade e agir de acordo com o bem eram 
aspectos inseparáveis.
Conceito
Antes de ler o texto a seguir, pense nas perguntas que você traz internamente. Todos carregam uma carga considerável 
de questionamentos de toda natureza, desde os que se referem ao funcionamento das coisas até os mais profundos 
e complexos, de cunho filosófico, como os que dizem respeito ao sentido de nossa existência. É importante tomarmos 
consciência de nossa capacidade questionadora, ouvir nossas perguntas, reformulá-las e frequentemente formular novas 
indagações. Sendo assim, pense e registre duas perguntas de cunho filosófico que você carrega consigo. 
Pessoal.
Para ler e refletir
15 Encaminhamento metodológico.
18 Volume 1
Reflexão em ação
[...] Mal avista alguém na rua, já se aproxima e 
começa a se entreter com ele. É indiferente a ele se 
seu interlocutor é um estadista ou um sapateiro, um 
general ou um arrieiro. Evidentemente, pensa que 
o que tem a dizer interessa a todos. [...] Sócrates é 
da convicção de que ao homem cabe conhecer real-
mente a si mesmo. [...] Pergunta a cada um se sabe 
realmente do que fala: àquele que fala de devoção; 
a um outro que tem sempre a palavra coragem na 
boca; a um terceiro que se acha conhecedor de po-
lítica ou da arte do discurso persuasivo. Tão logo 
essas pessoas se deixam envolver na conversação, 
estão perdidas. Pois Sócrates lhes mostra, com ironia 
e diversos artifícios dialéticos, que elas não enten-
dem nada daquilo de que falam com tanta certeza e 
que, menos ainda, conhecem a si mesmas. [...]
O que pretende então Sócrates com sua importu-
na mania das perguntas? Nada mais que levar o ho-
mem a entender como teria de se comportar a fim de 
ser verdadeiramente homem. [...] Sócrates dá tanta 
importância a que se comece a perguntar seriamen-
te, pois perguntar significa não se deixar acalentar 
na sonolência das ilusões. Perguntar significa ter a 
coragem de suportar também o amargor da verdade. 
Essa radicalidade do perguntar, essa compreensão da 
miséria da época, esse saber acerca das verdadeiras 
exigências do ser humano: isso é o que proporciona 
a Sócrates o pendor apaixonado de seus discípulos. 
arrieiro: guia de bestas de carga; tocador.
artifício dialético: boa argumentação (na Filosofia do período socrático, dialética é a arte de discutir, é uma argumentação dialogada que 
confronta opiniões opostas, a fim de identificar as verdadeiras).
1. Analise e interprete as mais conhecidas máximas socráticas: “Só sei que nada sei” e “Conhece-te a ti mesmo”. Que 
significados elas poderiam ter para a sociedade grega do século V a.C.? E para o mundo contemporâneo? 
Pessoal.
2. Sócrates foi comparado, por alguns atenienses, a uma mosca que irritava e tirava as pessoas do sossego. E você, 
gostaria de desacomodar a sociedade? Experimente! Formule uma questão difícil sobre as incoerências do mundo 
atual que desacomodaria (ou incomodaria) muitas pessoas. 
Pessoal. Oriente os alunos a elaborar perguntas abrangentes e polêmicas, as quais podem envolver assuntos como guerra, miséria, 
desigualdade, violência, corrupção e ecologia.
WEISCHEDEL, Wilhelm. A escada dos fundos da Filosofia: a vida cotidiana e o pensamento de 34 grandes filósofos. 2. ed. São Paulo: Angra, 2000. 
p. 38-40. 
16
Agora, observe no texto o sentido e a importância que Sócrates atribuía ao exercício da pergunta. 
Orientação didática e sugestão de atividade.
19Filosofia
Dialética socrática 
Sócrates fazia do diálogo um instrumento de investigação e busca da verdade. O estilo de diálogo utilizado por 
Sócrates ficou conhecido como dialética, uma vez que tinha um método específico e uma intencionalidade bem defi-
nida: conduzia os indivíduos à obtenção de ideias legítimas e claras sobre o objeto do discurso, rompendo os limites da 
ignorância e da superficialidade cotidiana a que estavam habituados. 
Sobre o método, Sócrates utilizava ini-
cialmente a ironia, isto é, conduzia seu in-
terlocutor a descrever o que ele acreditava 
saber sobre determinado assunto. Então, 
mostrava que esses supostos conhecimen-
tos não passavam de afirmações vazias, con-
traditórias e sem fundamento. Ou seja, fazia 
com que seus interlocutores reconhecessem 
a própria ignorância, a fim de separar o que 
de fato eles sabiam daquilo que apenas jul-
gavam saber. 
A clareza sobre a real natureza do co-
nhecimento que um indivíduo detinha 
sobre um objeto oferecia condições para o 
trabalho com o próximo passo do método. 
Sócrates continuava a utilizar o recurso da 
pergunta, mas agora com o intento de fazer nascer do interlocutor ideias próprias, pensamentos verdadeiros, reflexões 
válidas sobre um objeto de conhecimento. Inspirado no ofício de sua mãe, que era parteira, Sócrates nada desejava 
ensinar aos seus discípulos, não lhes dava nada, pelo contrário, ajudava-os a “dar à luz” os próprios conhecimentos. Esse 
exercício ficou conhecido como maiêutica.
Sócrates acreditava que o conhecimento simplesmente transmitido não tem grande valor. Ele garantia que, por 
meio da dialética, era possível fazer nascer o conhecimento de dentro do próprio indivíduo. Seu método dialético 
tornou-se bastante respeitado, mas não era o único a ser utilizado em relação ao diálogo. Na mesma época, havia um 
grupo de pessoas consideradas pela população comoprofessores de sabedoria. Eram os sofistas, nome que deriva da 
palavra sophia, cujo significado é sabedoria. Eles exerciam uma prática de ensino itinerante e remunerada. Porém, o 
fato de vincularem a atividade de ensino a uma troca financeira escandalizava Sócrates, que também os acusava de 
falta de compromisso com a verdade, uma vez que, em muitos casos, sua retórica era constituída por sofismas. 
Para ler e refletir
No trecho do diálogo Sofista, de Platão, os interlocutores, Estrangeiro e Teeteto, apresentam a atividade dialética do 
filósofo em contraposição à atividade retórica do sofista.
retórica: arte de falar e se comunicar bem, com clareza, convicção e de forma convincente. É uma técnica que garante ao orador expressar suas 
ideias com beleza, eloquência, eficácia, e exercer a persuasão sobre os ouvintes. 
sofisma: elaboração de raciocínio que induz a conclusões errôneas. Aparentemente é uma construção válida e correta, o que pode tornar difícil sua 
identificação, porém corresponde a um discurso retórico, geralmente utilizado com a intenção de levar o ouvinte ao engano. 
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Texto complementar.
18 Encaminhamento metodológico.
20 Volume 1
Estrangeiro – Ora, esse dom, o dom dialético, não atribuirás a nenhum outro, acredito, senão 
àquele que filosofa em toda pureza e justiça. 
Teeteto – Como atribuí-lo a outrem? 
Estrangeiro – Eis, pois, em que lugar, agora ou mais tarde, poderemos encontrar o filósofo se 
chegarmos a procurá-lo. Ele próprio é difícil de ser visto com bastante clareza. Mas essa dificuldade 
não é a mesma para ele e para o sofista. 
Teeteto – Como assim? 
Estrangeiro – Este [o sofista] se refugia na obscuridade do não-ser, aí 
se adapta à força de aí viver; e é à obscuridade do lugar que se deve 
o fato de ser difícil alcançá-lo plenamente, não é verdade? 
Teeteto – Ao que parece.
Estrangeiro – Quanto ao filósofo, é à forma do ser que se di-
rigem perpetuamente seus raciocínios, e é graças ao resplendor 
dessa região que ele não é, também, de todo fácil de se ver. 
Pois os olhos da alma vulgar não suportam, com persistên-
cia, a contemplação das coisas divinas. 
Teeteto – É uma explicação tão verossimilhante quanto 
a primeira. 
Estrangeiro – Dentro em pouco procuraremos uma 
ideia clara do filósofo, se assim quisermos. Mas quanto 
ao sofista, parece-me que não devemos abandoná-lo an-
tes de o havermos examinado muito bem. 
Teeteto – Tens razão. 
A dialética e o filósofo
No final do texto apresentado, o estrangeiro insiste na importância de pensar sobre a figura do sofista. Os capítu-
los do diálogo completo, do qual o texto foi retirado, se organizam justamente no sentido de buscar uma definição 
para esse tipo de pensador. Primeiramente, ele é definido como “caçador interesseiro de jovens ricos”, depois como 
“comerciante em ciências” (uma espécie de mercenário do saber) e, por fim, como “perito nas artes ilusionistas”. Nesse 
contexto, uma grande crítica dirigida aos sofistas é o fato de serem mestres da retórica e da eloquência, mas utilizarem 
esses recursos para manipular o público, de acordo com um interesse específico. 
Uma diferença básica entre o pensamento de Sócrates e o dos sofistas é que o primeiro não considerava as impres-
sões dos sentidos sobre o mundo como fontes válidas de conhecimento, ao passo que os sofistas não só aceitavam a 
legitimidade das opiniões e dos sentidos, como elaboravam seus pensamentos com base nessas opiniões e impressões, o 
que, para Sócrates, não passava de mentira e falsidade. Ainda assim, alguns autores defendem a importância da atividade 
sofística na Antiguidade Clássica, especialmente no que diz respeito à sistematização dos saberes e de sua disseminação.
Como se pode imaginar, a dialética socrática causava desconforto em muitos interlocutores. Imagine como seria sen-
tir-se destituído dos pensamentos e das opiniões que você acreditava serem verdadeiros. Portanto, assim como atraiu 
muitos admiradores, Sócrates teve também muitos inimigos e alguns deles muito influentes. Há relatos afirmando que, 
frequentemente, ele sofria golpes com os punhos ou tinha seus cabelos arrancados por interlocutores inconformados. 
Esses relatos também afirmam que ele não revidava e era bastante paciente, mesmo diante das reações mais violentas. 
As afirmações desse parágrafo têm como fonte o artigo intitulado O cidadão Sócrates e o filosofar numa democracia, de Roberto Goto.
PLATÃO. Diálogos. Seleção de textos de José Américo Motta Pessanha; traduções e notas de José Cavalcante de Souza, Jorge Paleikat e João Cruz 
Costa. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural. p. 176-177. (Os pensadores).
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21Filosofia
ético: relativo à conduta humana, pautada pelas noções de bem e mal, de certo e errado, do ponto de vista moral.
Reflexão em ação
Sócrates defendia o potencial da 
palavra falada e vivida como modo 
ético de ser na pólis. Considerava 
sua missão conduzir todas as pes-
soas à vivência do bem e da justiça. 
Condenava com muita força a retó-
rica sofística, ou seja, o discurso belo 
e tecnicamente eficaz que não se 
fundamentava na verdade e no co-
nhecimento, sendo utilizado para im-
pressionar, bajular ou manipular um 
público. Por isso, em 399 a.C., Sócrates 
foi condenado à morte, pela ingestão 
de um veneno chamado sicuta. As 
acusações eram a de negar os deuses 
da cidade e a de corromper a juven-
tude com seus pensamentos. Mesmo 
tendo oportunidade de se desculpar 
ou de fugir, Sócrates preferiu manter 
e defender seu posicionamento. Mor-
reu ao lado de seus amigos, enquan-
to ainda dialogava com eles.
SAINT-QUENTIN, Jacques-Philip-Joseph de. A morte de Sócrates. 1762. 1 óleo sobre tela, 
color., 140 cm × 115 cm. Escola Nacional Superior de Belas-Artes, Paris, França.
 Representação da morte de Sócrates, consequência da condenação que sofreu em 
um julgamento ocorrido em 399 a.C. Os motivos das acusações que resultaram na 
condenação de Sócrates à morte revelam os inúmeros desconfortos sentidos pelos 
homens de poder, que, por sua vez, tinham na retórica um instrumento de dominação. 
1. Estabeleça uma relação entre o discurso retórico combatido por Sócrates e o discurso político da atualidade. 
É possível relacionar a retórica sofística com o discurso político da atualidade. Ao compararmos, por exemplo, os crimes cometidos por 
um político corrupto e o discurso utilizado por esse mesmo político em período eleitoral, é possível perceber o quanto uma retórica bem 
construída pode estar a serviço das piores intenções.
2. Quem seriam os “sofistas” do nosso tempo? Justifique sua resposta.
No sentido que Sócrates atribuía ao termo, os “sofistas” da atualidade são aqueles que utilizam o discurso com a intenção de beneficiar 
a si ou a um pequeno grupo. Podem ser políticos, líderes religiosos ou qualquer outro indivíduo que utilize a retórica como artifício de
convencimento, sem compromisso com a verdade.
22 Volume 1l
Na Grécia clássica, a compreensão de pólis estava associada a duas ideias principais: a primeira, de cunho geográ-
fico, remetia a um grande território de uso comum, semelhante ao que hoje entendemos como cidade. A segunda, 
de cunho político, remetia à população que estava submetida a um governo comum. As póleis surgiram da união de 
grandes famílias com interesses comuns, como o cultivo da terra e a defesa do território. Em Atenas, por exemplo, a for-
ma de governo era a democracia direta, em que os próprios cidadãos (politai) determinavam as regras para organizar 
a convivência na pólis, possibilitando o bem comum. 
Filosofia na pólis grega
Nas cidades gregas havia locais de uso coletivo, conhecidos como ágoras (ou praças de mercado). Nesses locais, 
as pessoas se encontravam, comercializavam seus produtos, ouviam discursos públicos sobre assuntos de interesse 
coletivo como a justiça ou a cultura, realizavamrituais religiosos e assembleias de discussão dos assuntos relativos ao 
bem comum. Muitos dos discursos públicos nas ágoras eram realizados por sofistas, mestres na arte retórica, que ti-
nham o papel de convencer a população sobre um determinado assunto. A influência que exerciam sobre os cidadãos 
determinava muitas vezes o rumo de uma votação e, até mesmo, o destino da pólis. 
Além de se preocuparem com as questões filosóficas, os primeiros filósofos gregos também tinham uma grande 
preocupação com a organização da pólis e suas leis. Tales de Mileto, por exemplo, pretendia convencer os gregos da 
Jônia a unirem-se em uma grande federação para tentar combater a ameaça representada pelo povo persa. Platão, por 
sua vez, criticava a democracia ateniense e defendia um modelo de governo com base no mérito do(s) governante(s). 
Conceito
Mulheres gregas e a Filosofia
A participação das mulheres na pólis ateniense dependia do lu-
gar social que ocupavam. Eram reconhecidas como cidadãs quando 
nasciam em famílias cidadãs tradicionais, mas não tinham direitos 
políticos, sendo educadas para se tornar esposas e mães. Seus filhos 
homens, por sua vez, eram reconhecidos como cidadãos. Entretanto, 
os cidadãos com maior poder aquisitivo podiam ter outras mulheres, 
as concubinas. Estas eram consideradas membros das famílias de seus 
companheiros, mas não eram reconhecidas como cidadãs, tampouco 
seus filhos homens. Enquanto as cidadãs não podiam opinar em de-
cisões políticas, certas concubinas, de origem estrangeira, exerceram 
alguma influência intelectual e política. Entre elas destaca-se Aspásia 
de Mileto, companheira de Péricles, que governou Atenas no século V 
a.C. Alguns textos dessa época revelam que Sócrates admirava o co-
nhecimento político e a capacidade filosófica de Aspásia, afirmando 
ter aprendido com ela a arte da eloquência, que o levou à dialética. 
Outra mulher relacionada ao pensamento de Sócrates é a sacer-
dotisa Diotima de Mantinea. No diálogo platônico O banquete, ele 
afirma que as ideias de Diotima fundamentam a sua filosofia sobre 
o amor. Para alguns estudiosos, ela existiu de fato, ao passo que ou-
tros afirmam tratar-se apenas de uma personagem, provavelmente 
inspirada em Aspásia.
Sugestão de atividades para aprofundar o conhecimento: questões 4 e 6 da seção Hora de estudo.
DAUMIER, Honoré. Sócrates visita Aspásia. 1842. 1 
litogravura, color. Museu de la Ville, Museu Carnavalet, 
Paris, França.
 O caricaturista Daumier ilustrou Sócrates dançando 
e descreveu a cena com versos cômicos, sugerindo 
que, após os banquetes filosóficos, ele se entregava 
a uma pequena dança com Aspásia. 
19 Sugestão de atividade.
23Filosofia
 TARDIEU, Ambrose. Retrato de Tales de 
Mileto. [ca. 1808-1841]
Períodos e áreas da Filosofia
Para facilitar o estudo da Filosofia grega, é possível classificá-la em diferentes 
períodos, situando no tempo, de forma didática, as ideias de antigos filósofos que 
influenciaram o pensamento ocidental. É importante destacar a existência de posi-
cionamentos filosóficos semelhantes em diferentes períodos, bem como de diver-
gências, contradições e discussões sobre teorias em um mesmo período.
Período Pré-socrático ou Cosmológico – 
do século VII a.C. ao século V a.C. 
Sócrates é considerado um divisor de águas no pensamento grego antigo. O 
termo pré-socrático, portanto, indica que os filósofos e as questões discutidas 
nesse período eram anteriores a ele. Já o termo cosmológico indica a investigação 
do que estava ao redor das pessoas. Tales, da cidade de Mileto, é o primeiro filóso-
fo citado nesse período em que se questionava a origem das coisas e o princípio 
do qual seriam formadas (arché), ou seja, em que se investigavam o cosmos (a 
ordem geral do Universo) e a physis (a natureza, a substância física do mundo).
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21 Orientação didática.
 Com base nas questões a seguir, reflita sobre a organização social e política da cidade em que você vive. Discuta as 
questões com seus colegas e registre as suas conclusões.
1. Você está satisfeito com o modo como sua cidade é organizada? Por quê? Nela, há espaços de convivência que 
contemplam a diversidade dos grupos locais? 
Pessoal.
2. Em sua cidade, há espaço para todos expressarem suas opiniões e sugestões de melhoria? Quem são os que têm 
maior voz? Há excluídos? 
Pessoal.
3. Você acredita que a Filosofia possa contribuir para se pensar em questões sociais e políticas? Por quê? 
Pessoal.
 
 
ConexõesConexões 20 Encaminhamento metodológico.
24 Volume 1
Período Socrático ou Antropológico – 
final do século V a.C. e século IV a.C. 
Esse é o período mais famoso da Antiguidade grega, no qual as reflexões pas-
saram a enfatizar a psyché (a alma, consciência, ou razão humana). Ele recebe o 
nome de socrático em virtude da importância do pensamento de Sócrates e de 
seu maior discípulo, Platão. Já o termo antropológico indica o principal tema da 
reflexão filosófica: o ser humano e suas relações, pois o termo grego para designar 
o ser humano é ánthropos.
O que é, de onde vem, para onde vai, o que quer e como deve viver o ser humano 
eram algumas das questões discutidas nesse período. As investigações voltavam-se, 
principalmente, para a verdade e a virtude. Os filósofos indagavam sobre quais cami-
nhos o ser humano deveria seguir para se realizar como um ser dotado de razão e para 
construir uma sociedade ideal. Nesse contexto, o raciocínio e o diálogo filosóficos, a vivên-
cia política, a busca do bem e da justiça eram considerados fundamentais.
Período Sistemático – 
final do século IV a.C. e século III a.C. 
O maior representante desse período foi Aristóteles, filósofo que realizou uma rigoro-
sa classificação dos seres, objetos e conhecimentos de sua época. O termo sistemático 
indica a maior preocupação do período, evidente no pensamento aristotélico: garantir 
a cientificidade do conhecimento filosófico, reunindo e sistematizando o pensamento 
já produzido. Uma das mais relevantes contribuições desse pensador foi a criação da 
Lógica como instrumento para avaliar os raciocínios, por meio da observação da forma 
como eles encadeavam afirmações e conclusões. 
Período Helenístico ou Greco-romano – 
final do século III a.C. ao século VI d.C. 
A ética, voltada à maneira correta de se viver, e o ser humano foram as 
maiores preocupações dos filósofos do Período Helenístico. As guerras e a 
dominação de outros povos (macedônios e roma-
nos) atingiram brutalmente a pólis e o pensa-
mento gregos nesse período. Como reação 
ao novo modelo social, a Filosofia passou a 
ser exercida em pequenas comunidades, 
nas quais se partilhavam ideias e formas de 
conduta. Entre esses grupos, destacam-se os 
epicuristas (seguidores do pensamento de 
Epicuro), os estoicos e os neoplatônicos (es-
pecialmente Plotino).
ética: palavra com origem em dois termos gregos – éthos (hábito, uso, costume) e êthos (índole, caráter). 
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 Busto de Sócrates. 
Museu do Louvre, Paris
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 Busto de Aristóteles. 
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 Busto de Epicuro de Samos. 
Museu do Louvre, Paris
 
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Helenístico: o que atualmente cham
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mos de Grécia, a Antiguidade conhe
cia 
como Hélade. Os gregos, portan
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denominavam-se helenos e a palavra 
helênico era empregada para se refe
rir 
ao que pertencia à Grécia. Após a d
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minação dos macedônios, Alexand
re, 
o Grande, difundiu a língua e a cult
ura 
gregas em outras regiões do seu Impé
rio. 
Esse “movimento” ficou conhecido co
mo 
helenismo.Durante a dominação rom
a-
na, ainda era verificada a influência 
do 
helenismo, fato que explica a nomenc
la-
tura dada ao período em questão.
25Filosofia
Linha do tempo e áreas da Filosofia
Você já estudou um pouco o início da Filosofia e seu desenvolvimento na Antiguidade grega. Esse desenvolvimen-
to, entretanto, perpassa toda a história da humanidade. Por isso, é importante que conheça os períodos em que se 
divide a Filosofia, das suas origens até a atualidade. 
Além de situar o desenvolvimento da Filosofia em uma linha do tempo, é necessário considerar a sua divisão em 
áreas distintas. Essas áreas interagem entre si, mas se ocupam de objetos de estudo específicos. Logo, é importante 
que você tenha informações sobre elas, a fim de compreender os estudos que virão a seguir. Neles, cada área da 
Filosofia será abordada com base em uma linha do tempo que inicia na Antiguidade e se estende até o pensamento 
contemporâneo. 
 Algumas áreas em que 
se divide o conhecimento 
filosófico e que serão 
estudadas a seguir
Filosofia da linguagem
Séc. VII a.C. ao séc. III
Filosofia 
antiga
Séc. III ao séc. XVI
Filosofia 
medieval
Séc. XVII ao séc. XIX
Filosofia 
moderna
Séc. XIX aos dias atuais
Filosofia 
contemporânea
Áreas da 
Filosofia
História da Filosofia
Epistemologia –
Teoria do Conhecimento
Estética
Ética
Filosofia política
Metafísica/Ontologia
Epistemologia –
Filosofia da Ciência
Lógica
26 Volume 1
Hora de estudo
1. Compare os mitos gregos a seguir com situações co-
nhecidas ou vividas por você. Depois, registre como 
eles podem explicar simbolicamente questões cotidia-
nas da atualidade. 
 O texto [anterior] é parte de uma narrativa mítica. Con-
siderando que o mito pode ser uma forma de conheci-
mento, assinale a alternativa correta.
a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e 
científicos de comprovação.
b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedi-
mento lógico-analítico para estabelecer suas verdades.
c) As explicações míticas constroem-se de maneira 
argumentativa e autocrítica.
X d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem 
e do mundo, e sua verdade independe de provas. 
e) A verdade do mito obedece a regras universais do pen-
samento racional, tais como a lei de não contradição.
3. Analise o texto a seguir e posicione-se criticamente 
em relação ao papel dos mitos em nossa vida. Em 
que medida você concorda com o ponto de vista da 
autora ou discorda dele? A que tipo de mitos ela se 
refere?
Narciso
Narciso, em grego, significa “entorpecido”. Na mitologia, 
era um semideus de rara beleza, que despertava grandes 
amores, mas desprezava qualquer pretendente. Em virtude 
de seu orgulho, foi castigado pela deusa Nêmesis. Ao depa-
rar-se com a própria imagem refletida nas águas de uma 
límpida fonte, apaixonou-se irremediavelmente por si mes-
mo, paixão que o levou à morte. Algumas versões do mito 
dizem que ele definhou pouco a pouco, admirando-se até 
morrer. Outras afirmam que ele se atirou às águas, afogan-
do-se na tentativa de unir-se à imagem refletida na fonte.
Sísifo
Sísifo era um homem muito ardiloso. Tudo o que con-
seguia era sempre à custa de tramas, chantagens e ma-
quinações. Seu último grande truque foi enganar a morte: 
ele combinou com sua esposa que ela não enterrasse seu 
corpo após sua morte, o que os gregos consideravam uma 
tragédia maior que morrer. No mundo dos mortos, Sísifo 
pediu aos guardiões o direito de retornar e organizar seu 
próprio funeral, o que foi concedido, mas apenas por três 
dias. De volta ao mundo dos vivos, ele passou a viver sua 
vida normalmente, como se nada tivesse ocorrido.
Zeus considerou a atitude de Sísifo um grande absurdo 
e o condenou a um castigo: após retornar ao mundo dos 
mortos, ele deveria rolar uma pedra muito grande até o 
alto de um morro. Chegando ao topo, Sísifo se sentiria tão 
cansado que a pedra rolaria morro abaixo. Ele deveria fazer 
isso todos os dias por toda a eternidade, para entender que 
não se pode enganar os deuses nem a morte. 
Boa parte de nossa infelicidade ou aflição 
nasce do fato de vivermos rodeados (por vezes 
esmagados ou algemados) por mitos. Nem falo 
dos belos, grandiosos ou enigmáticos mitos da 
Antiguidade grega. Falo, sim, dos mitinhos 
bobos que inventou nosso inconsciente me-
droso, sempre beirando precipícios com olhos 
míopes e passo temeroso. Inventam-se os mi-
tos, ou deixamos que aflorem, e construímos 
em cima deles a nossa desgraça. 
Zeus ocupa o trono do universo. Agora o 
mundo está ordenado. Os deuses disputaram 
entre si, alguns triunfaram. Tudo o que havia 
de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a 
prisão do Tártaro ou para a Terra, entre os mor-
tais. E os homens, o que acontece com eles? 
Quem são eles?
2. (UEL – PR) 
VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de 
Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.
LUFT, Lya. Faxina nos mitos. Veja, São Paulo, n. 1901, 20 abr. 
2005. 
4. Em relação ao conteúdo das primeiras questões fi-
losóficas discutidas na Antiguidade grega, assinale a 
alternativa correta. 
a) Entre os primeiros conteúdos propriamente filosófi-
cos, temos a ética e a linguagem.
X b) Além de buscarem a origem de tudo, ou seja, a arché, 
os primeiros filósofos gregos preocupavam-se com a 
organização da pólis e de suas leis. 
c) O pensamento filosófico deu origem ao mito e a 
seus diversos modos de manifestação.
Pessoal. Considere estereótipos da sociedade atual, em relação, por 
exemplo, à beleza, à maternidade, à força e ao sucesso profissional.
22 Gabaritos e sugestão de atividade.
A resolução das questões discursivas desta seção deve ser feita 
no caderno.
27Filosofia
d) Era somente o papel político do filósofo que impri-
mia os contornos da Filosofia desde seu princípio no 
Ocidente.
e) Os primeiros filósofos gregos ocupavam-se exclusi-
vamente da investigação sobre a arché. 
5. No poema a seguir, Fernando Pessoa faz referência 
ao fundador mítico de Lisboa, Ulisses, grande herói da 
Guerra de Troia e do poema épico Odisseia, de Home-
ro. Ele sofre várias desventuras ao retornar para sua 
terra natal, a ilha de Ítaca. De acordo com o poema, 
Ulisses teria aportado em uma das suas navegações e 
fundado Lisboa. 
e) No poema, Fernando Pessoa questiona a constru-
ção da imagem mítica de Ulisses, considerando-o 
e elogiando-o apenas como personagem histórico 
fundador de Lisboa, não como mito.
6. (UEM – PR) 
ULISSES
O mytho é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mytho brilhante e mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
A filosofia surgiu quando alguns gregos, 
admirados e espantados com a realidade, insa-
tisfeitos com as explicações que a tradição lhes 
dera, começaram a fazer perguntas e buscar res-
postas para elas, demonstrando que o mundo e 
os seres humanos, os acontecimentos materiais 
e as ações dos seres humanos podem ser conhe-
cidos pela razão humana.
Oriente os alunos a fazer a adição dos números 
correspondentes às alternativas corretas e re-
gistrar a soma como resposta da questão.
MARTINS, Fernando Cabral (Org.). Mensagem. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1998.
 Analise as afirmações a seguir com base no tipo de 
mito que o poema expõe.
a) Ao evocar os feitos de Ulisses e sua participação 
na fundação de Lisboa, Fernando Pessoa apresenta 
um mito cosmogônico.
b) Por evidenciar os grandes feitos de um herói, o mito 
de Ulisses é escatológico.
X c) O poema apresenta uma exaltação heroica dos fei-
tos de Ulisses, o que o classifica como mito épico. 
d) O mito exposto por Fernando Pessoa é cosmogôni-
co, pois narra a origem do universo e de tudo o que 
existe.
CHAUÍ, Marilena.Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011. p 32.
 Considerando o exposto, assinale o que for correto.
(01) A filosofia surgiu na Grécia durante o séc. VI a.C. 
Apesar de seu nascimento ser considerado o “mi-
lagre grego”, é conhecida a frequentação de Ate-
nas por outros sábios que viveram no século VI a.C., 
como Confúcio e Lao Tse (provenientes da China), 
Buda (proveniente da Índia) e Zaratustra (provenien-
te da Pérsia), fazendo da filosofia grega uma espécie 
de comunhão dos saberes da Antiguidade. 
X (02) O surgimento da filosofia é coetâneo ao advento 
da pólis (cidade). Novas estruturas sociais e polí-
ticas permitiram o desenvolvimento de formas de 
racionalidade, modificadoras da prática do mito. 
(04) Por serem os únicos filósofos a praticar a retóri-
ca, os sofistas representam, indiscutivelmente, o 
ponto mais alto da filosofia clássica grega (sécu-
los V e IV a.C.), ultrapassando Sócrates, Platão e 
Aristóteles.
X (08) Filósofo é aquele que busca certezas sem garan-
tias de possuí-las efetivamente. Por essa razão, o 
filósofo deseja o conhecimento do mundo e das 
práticas humanas por meio de critérios aproxi-
mativos e compartilhados (de aceitação comum), 
através do debate.
X (16) A atividade filosófica pode ser definida, entre ou-
tras habilidades, pela capacidade de generaliza-
ção e produção de conceitos, encontrando, sob a 
multiplicidade de objetos do mundo, relações de 
semelhança e de identidade.
coetâneo: do mesmo período, contemporâneo.
28 Volume 1

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