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1 Caro aluno O Hexag Medicina é, desde 2010, referência na preparação pré-vestibular de candidatos às melhores universidades do Brasil. Ao elaborar o seu Sistema de Ensino, o Hexag Medicina considerou como principal diferen- cial em relação aos concorrentes sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. Você está recebendo o livro Estudo Orientado. Com o objetivo de verificar se você aprendeu os conteúdos estudados, este material apresenta nove categorias de exercícios: • Aprendizagem: exercícios introdutórios de múltipla escolha para iniciar o processo de fixa- ção da matéria dada em aula. • Fixação: exercícios de múltipla escolha que apresentam um grau de dificuldade médio, buscando a consolidação do aprendizado. • Complementar: exercícios de múltipla escolha com alto grau de dificuldade. • Dissertativo: exercícios dissertativos seguindo a forma da segunda fase dos principais ves- tibulares do Brasil. • Enem: exercícios que abordam a aplicação de conhecimentos em situações do cotidiano, preparando o aluno para esse tipo de exame. • Objetivas (Unesp, Fuvest, Unicamp e Unifesp): exercícios de múltipla escolha das universi- dades públicas de São Paulo. • Dissertativas (Unesp, Fuvest, Unicamp e Unifesp): exercícios dissertativos da segunda fase das universidades públicas de São Paulo • Uerj (exame de qualificação): exercícios de múltipla escolha que possibilitam a consolida- ção do aprendizado para o vestibular da Uerj. • Uerj (exame discursivo): exercícios dissertativos que possibilitam a consolidação do apren- dizado para o vestibular da Uerj. Visando a um melhor planejamento dos seus estudos, os livros de Estudo Orientado rece- berão o encarte Guia de Códigos Hierárquicos, que mostra, com prático e rápido manuseio, a que conteúdo do livro teórico corresponde cada questão. Esse formato vai auxiliá-lo a diagnosticar em quais assuntos você encontra mais dificuldade. Essa é uma inovação do material didático 2020. Sempre moderno e completo, trata-se de um grande aliado para seu sucesso nos vestibulares. Bons estudos! Herlan Fellini 2 SUMÁRIO ENTRE LETRAS GRAMÁTICA LITERATURA Aulas 35 e 36: Concordância verbal I 4 Aulas 37 e 38: Concordância verbal II 24 Aulas 39 e 40: Concordância nominal 42 Aulas 41 e 42: Regências nominal e verbal 54 Aulas 43 e 44: Crase 68 Aulas 35 e 36: Pré-modernismo 86 Aulas 37 e 38: Vanguardas europeias do século XX 93 Aulas 39 e 40: Modernismo em Portugal 106 Aulas 41 e 42: Heterônimos de Fernando Pessoa 118 Aulas 43 e 44: Modernismo no Brasil: 1.ª fase 128 3 GRAMÁTICA 4 ConCordânCia verbal iAULAS 35 e 36 CompetênCias: 1 e 8 Habilidades: 25, 26 e 27 E.O. AprEndizAgEm TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Conversar pressupõe um diálogo produtivo entre as pessoas. Significa dizer que conversar é um processo cooperativo entre interlocutores. Leia o texto abaixo, que representa uma conversa. 1. (IFSP) No trecho “a gente pode ter conversas literá- rias”, substituindo-se o sujeito por outro de primeira pessoa do plural, no tempo pretérito perfeito, o resul- tado é o seguinte: a) podemos ter conversas literárias. b) podíamos ter conversas literárias. c) poderíamos ter conversas literárias. d) pudemos ter conversas literárias. e) pudéssemos ter conversas literárias. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Por volta de 1928, Henry Ford debatia-se com uma ideia fixa: queria encontrar uma fórmula salvadora para o pro- blema do suprimento da borracha para sua indústria. Estava cansado de aturar os 4preços que os ingleses de Ceilão 10lhe impunham. Como? 15Plantando borracha na Amazônia. Não havia o súdito 5inglês Henry 6Wickham transportado às escondidas para a Inglaterra as mudas da seringueira da Amazônia? Tudo estava em organizar seringais homogêneos em terras 18apropriadas. 16Por conseguinte, rumo ao Brasil, rumo à Amazônia. O Brasil exultou. E 25logo o 26governo brasileiro recebe os 19emissários de 7Ford como costuma receber os ame- ricanos em geral: de braços abertos. Começa o trabalho. A mata resiste, mas 1......... 23Ao passo que os tratores 28vão fazendo a 8derrubada para a clareira, 27já as casas começam a surgir, o hospital, os postos de higiene, as quadras de tênis, as mansões dos diretores. Dentro da floresta amazônica, 12o ianque fizera surgir uma nova cidade. E tudo 2........ como 11convinha. Três mil caboclos trabalhavam; um milhão de pés de seringueira eram plantados. A floresta 36arquejava, mas cedia. E 30quan- do, decorridos 29apenas dois anos, as seringueiras co- meçam a despontar em pelotões, em 37batalhões, em regimentos, ninguém 31mais tem 32dúvida sobre o 20des- fecho da luta. Entretanto, Ford ia recebendo e lendo relatórios. E es- tes contavam histórias diferentes das que figuravam nos frontispícios dos jornais: definhavam as seringuei- ras pelo excesso de sol e pela falta de umidade e de humo. Estavam murchando ao sol da região. À falta de proteção das sombras da floresta tropical, o 35exército de seringueiras de Mr. Ford 3........ ao sol. 38Triunfava o desordenado da selva contra a 39disciplina do seringal. Devemos concluir daí que 9na Amazônia seja 24de todo impossível 21estabelecer florestas homogêneas ou que o 33grande vale seja de todo impróprio para o florescimen- to de uma grande 34civilização? 17Ainda não. Por enquan- to, a conclusão a tirar é outra. Na verdade, o que se fez nas margens do Tapajós foi transplantar para o trópico a técnica, os métodos e os processos 13de resultados 14comprovados apenas em climas temperados ou frios – a ciência e a técnica do cultivo da terra próprias para os trópicos estão ainda em fase empírica e 22elementar. AdAptAdo de: MooG, ViAnnA. BAndeirAntes e pioneiros; pArAlelo entre duAs culturAs. 9. ed. rio de JAneiro: ciVilizAção BrAsileirA, 1969. p. 27. 2. (UFRGS) A derrubada da mata amazônica e o plantio de seringais são tratados, ao longo do texto, por meio de imagens militares, como em exército de seringueiras (ref. 35). Assinale com M as imagens que se referem à mata e com S aquelas que se aplicam aos seringais. ( ) arquejava (ref. 36) ( ) batalhões (ref. 37) ( ) Triunfava (ref. 38) ( ) disciplina (ref. 39) A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) S – M – S – S. b) M – S – M – S. c) M – M – S – M. d) M – S – S – M. e) S – M – M – S. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto a seguir. 5 1Recebi consulta de um amigo que tenta 2deslindar se- gredos da língua para estrangeiros que querem aprender português. 3Seu problema: “se digo em uma sala de aula: ‘Pessoal, leiam o livro X’, como explicar a concordância? 4Certamente, não se diz 5‘Pessoal, leia o livro X’". Pela pergunta, vê-se que não se trata de fornecer regras para corrigir eventuais problemas de padrão. Trata-se de entender um dado que ocorre regularmente, mas que parece oferecer alguma dificuldade de análise. Em primeiro lugar, é óbvio que se trata de um pedido (ou de uma ordem) mais ou 6menos informal. Caso con- trário, não se usaria a expressão “pessoal”, mas talvez “Senhores” ou “Senhores alunos”. Em segundo lugar, não se trata da tal concordância ideo- lógica, nem de silepse (hipóteses previstas pela gramáti- ca para explicar concordâncias mais ou menos excepcio- nais, que se devem menos a fatores sintáticos e mais aos semânticos; 7exemplos correntes do tipo “A gente fomos” e “o pessoal gostaram” se explicam por esse critério). Como se pode saber que não se trata de concordância ideológica ou de silepse? A resposta é que, 8nesses casos, o verbo se liga ao sujeito em estrutura sem vocativo, dife- rentemente do que acontece 9aqui. E em casos como “Pe- dro, venha cá”, “venha” não se liga a “Pedro”, 10mesmo que pareça que sim, porque Pedro não é o sujeito. 11Para tentar formular uma hipótese 12mais clara para o problema apresentado,13talvez 14se deva admitir que o sujeito de um verbo pode estar apagado e, mesmo assim, produzir concordância. O ideal é que se mostre que o fenômeno não ocorre só com ordens ou pedi- dos, e nem só quando há vocativo. Vamos por partes: a) 15é normal, em português, haver orações sem sujeito expresso e, mesmo assim, haver flexão verbal. 16Exem- plos 17correntes são frases como “chegaram e saíram em seguida”, que todos conhecemos das gramáticas; b) sempre que há um vocativo, em princípio, o sujeito pode não aparecer na frase. É o que ocorre em “me- ninos, saiam daqui”; mas o sujeito pode aparecer, pois 18não seria estranha a sequência “meninos, vocês se comportem”; c) 19se 20forem aceitas as hipóteses a) e b) (diria que são fatos), não 21seria estranho que a frase “Pessoal, leiam o livro X” pudesse ser tratada como se sua estrutura fosse “Pessoal, vocês leiam o livro x”. Se a palavra “vocês” não estivesse apagada, a concordância se explicaria normalmente; d) assim, o problema 22real não é a concordância entre “pessoal” e “leiam”, mas a passagem de “pessoal” a “vocês”, que não aparece na superfície da frase. Este caso é apenas um, dentre tantos outros, que nos obrigariam a considerar na análise elementos que pa- recem não estar 23na frase, mas que atuam como se 24lá estivessem. AdAptAdo de: possenti, sírio. MAlcoMportAdAs línGuAs. são pAulo: pAráBolA editoriAl, 2009. p. 85-86. 3. (UFRGS 2019) De acordo com o autor do texto, a explicação para a concordância verbal da frase ‘Pessoal, leia o livro X’ (ref. 5) está relacionada ao fato de a con- cordância verbal se fazer com um sujeito não expresso nem fonética nem ortograficamente. Assinale a alternativa em que se encontra outro exem- plo desse mesmo fenômeno gramatical de que trata o autor do texto. a) Meninos, vocês se comportem. b) Chegaram e saíram em seguida esses meninos. c) Gente, chegaram as pizzas! d) Gurizada, já terminaram a prova? e) Guria, tu já leu o livro que o professor indicou? TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia atentamente o texto a seguir que servirá de base para a(s) questão(ões) a seguir. As pessoas se ofendem com quem é autêntico MArcel cAMArGo “Ser autêntico virou ofensa pessoal. Ou a criatura faz parte do rebanho, ou é um metido a besta.” (Martha Medeiros) Uma de nossas características enquanto seres humanos gregários vem a ser a necessidade de interação com o próximo e, para tanto, precisamos ser aceitos. É na comu- nicação com o mundo que nos rodeia que amadurecemos nossas ideias e nos tornamos capazes de agir frente ao que nos desagrada. Em determinadas situações, é em gru- po que nos fortaleceremos e nos motivaremos a continuar. Essa necessidade de aceitação é mais forte entre os adolescentes, que querem se autoafirmar junto àque- les com os quais se identifica, ou mesmo junto aos que julgam descolados. A maturidade vem nos tranquilizar nesse sentido, facilitando nossa conformidade com o que somos e temos, tornando-nos mais aptos a nos aceitar, a sermos o que pulula aqui dentro. Infelizmente, muitos não conseguem encontrar a pró- pria individualidade, incapazes que são de se tornarem seres autônomos, com vontades e desejos próprios, permanecendo dependentes do julgamento alheio en- quanto viverem. Passam a vida seguindo o rebanho ho- mogêneo do que é comum, socialmente disseminado como o certo, do que é da maioria, menos de si próprio. Lutam contra si mesmos, deixando adormecidos seus sonhos e aspirações, por medo da censura alheia. Isso porque não é fácil viver as próprias verdades, cor- rer atrás do que faz o nosso coração vibrar, dizer o que sentimos, exprimir o que pensamos, haja vista o policia- mento ostensivo de gente que critica agressivamente qualquer um que não siga o rebanho dos ditames e con- venções sociais já cristalizadas. Hoje, ser alguém único, autêntico, verdadeiro consigo mesmo, é ofensivo e pas- sível de ataques condenatórios por parte da sociedade. Até entendemos a homogeneidade nas vestimentas e lin- guajares de adolescentes, porém, a vida adulta nos impõe nada menos do que viver o que se é, lutar pelo que se acre- dita, fazer o que se gosta, sem ferir ninguém, mas agin- do de acordo com o que pulsa dentro de cada um de nós. Agradar a maioria, enquanto se vive em desagrado íntimo, equivale a uma tortura diária e injusta. Nascemos livres para sermos nós mesmos, porque não há nada mais belo e prazeroso do que uma vida sem mentiras e frustrações. Fonte: http://www.contioutrA.coM/pessoAs-se-oFendeM- coM-queM-e-Autentico/. 27 ABr. 2017. 6 4. (UTFPR 2018) Assinale a alternativa que reescreve adequadamente o trecho a seguir, retirado do texto, eliminando a inadequação nele presente e preservando o sentido: “Essa necessidade de aceitação é mais forte entre os adolescentes, que querem se autoafirmar junto àqueles com os quais se identifica...” a) Nos adolecentes, que querem se autoafirmar junto aqueles com os quais se identifica, a necessidade de aceitação é mais forte. b) Esta necessidade de aceitação são mais fortes en- tre os adolescentes, que querem se alto afirmarem junto aqueles quando se identificam. c) Essa necessidade de aceitação é mais forte no ado- lescente, que quer se autoafirmar junto àqueles com os quais se identifica. d) No adolescente, onde querem se autoafirmar jun- to àqueles com que se identificam, a necessidade de aceitação é mais forte. e) Esta necessidade de aceitação é mais forte quando adolescentes, porque querem se autoafirmar junto com aqueles em que se identifica. 5. (IFSP) Leia o trecho abaixo para responder à questão. “Tu não percebes o drama dos meninos carvoeiros nas ruas do Recife, teu pensamento voa em outra direção, por isso não vou escrever-te.” De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa e com a gramática normativa e tradicional, se o pronome tu do trecho acima fosse substituído por Vossa Senho- ria, ter-se-ia o disposto em uma das alternativas abaixo. Assinale-a. a) Vossa Senhoria não percebe o drama dos meninos carvoeiros nas ruas do Recife, seu pensamento voa em outra direção, por isso não vou escrever-lhe. b) Vossa Senhoria não percebe o drama dos meninos carvoeiros nas ruas do Recife, vosso pensamento voa em outra direção, por isso não vou escrever-vos. c) Vossa Senhoria não percebeis o drama dos meni- nos carvoeiros nas ruas do Recife, seu pensamento voa em outra direção, por isso não vou escrever-lhe. d) Vossa Senhoria não percebeis o drama dos meni- nos carvoeiros nas ruas do Recife, vosso pensamento voa em outra direção, por isso não vou escrever-vos. e) Vossa Senhoria não percebe o drama dos meninos carvoeiros nas ruas do Recife, seu pensamento voa em outra direção, por isso não vou escrever-te. 6. (Espcex (Aman) 2016) Assinale a alternativa que apresenta uma oração correta quanto à concor- dância. a) Sobre os palestrantes tem chovido elogios. b) Só um ou outro menino usavam sapatos. c) Mais de um ator criticaram o espetáculo. d) Vossa Excelência agistes com moderação. e) Mais de um deles se entreolharam com espanto. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia este texto e responda à(s) questão(ões) a seguir. Cientistas americanos apresentaram ontem resultados preliminares de uma vacina contra o fumo. O medica- mento impede que a nicotina – componente do tabaco que causa dependência – chegue ao cérebro. Em ratos vacinados, até da nicotina injetada deixou de atingir o sistema nervoso central. o GloBo,18/12/99 7. (Ifal) Com relação à concordância verbal no último período do texto, é correto afirmar que a) o verbo teria de ficar no plural concordando com o número percentual, que é núcleo do sujeito e está no plural; b) é admissível a concordância no singular, porque o substantivo que especifica o número está no singular; c) a concordância só é admitida no singular, haja vista “nicotina” ser o núcleo do sujeito; d) a concordância no singular está errada, uma vez que o sujeito é“Em ratos vacinados”; e) o verbo fica necessariamente no plural, indepen- dente da flexão do substantivo que o especifique, se o sujeito é um número percentual acima de 1% TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O texto abaixo apresenta inadequações, de acordo com a norma padrão. A(s) questão(ões) a seguir analisa(m) alguns desses problemas. No caminho de Montevideo, dirigindo pela rota beira- -mar obrigatóriamente voce vai passar pelo porto de Montevideo, lá existe um mercado muito sofisticado com ótimos restaurantes. Vale [à pena] uma parada para almoçar no El Palenque, um dos melhores res- taurantes do Uruguai para comer carnes, é incrivel lá dentro! Paramos para conhecer, mas não almoçamos no El Palenque dessa vez, pois estavamos com o almoço marcado na Bodega Bousa e depois a visita a vinico- la. Seguimos viagem pela rota 5 em direção a Bodega Bousa (fique atento as placas, pois voce pode passar despercebido por elas). (http://cozinhAchic.coM/diArio-de-ViAGeMMonteVideo- VinicolAs-e-restAurAntes). 8. (UTFPR) A expressão: ... pois você pode passar desper- cebido por elas, está reescrita, corretamente em: a) pois você pode passar desapercebido por elas. b) pois elas podem passar por você desapercebido. c) pois elas podem passar desapercebido por você. d) pois elas podem passar despercebidas por você. e) pois você pode passar por elas despercebido. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o artigo de opinião a seguir e responda à(s) ques- tão(ões) a seguir. 7 A Lei Bernardo e o assédio moral na família O caso do menino Bernardo Uglione Boldrini chocou o Brasil. Ainda sem julgamento, a história do homicídio do menino de apenas 11 anos de idade, que tem como prin- cipais suspeitos o pai, a madrasta e a assistente social amiga da família, trouxe à tona diversos assuntos, em especial, a convivência familiar. As versões dos acusados são diversas e contraditórias, mas a principal questão reside em torno do tratamento interpessoal dentro da entidade familiar. Nesse tocante, surge preocupação com a situação que muitas famílias vivenciam de tratamento cruel ou degradante, que a Lei Bernardo repudia. A Lei Bernardo, antiga Lei Palmada, eterniza o nome de Bernardo Boldrini. Em vida, o menino chegou a recla- mar judicialmente dos maus-tratos sofridos no ambien- te familiar, demonstrando que, antes de sua morte físi- ca noticiada, Bernardo já estava sofrendo o chamado homicídio da alma, também conhecido como assédio moral. O assédio moral é conduta agressiva que gera a degradação da identidade da vítima assediada, en- quanto o agressor sente prazer de hostilizar, humilhar, perseguir e tratar de forma cruel o outro. Justamente essa conduta que o Art. 18-A do ECA, trazido pela Lei Bernardo, disciplina na tentativa de proteger a criança e o adolescente de tais práticas. O assédio moral possui várias denominações pelo mundo, como bullying, mobbing, ijime, harassment, e é caracterizado por condutas violentas, sorrateiras, cons- tantes, que algumas vezes são entendidas como ino- fensivas, mas se propagam insidiosamente. A figura do assédio moral na família surge exatamente quando o afeto deixa de existir dando espaço à desconsideração da dignidade do outro no dia a dia. Demonstrando, as- sim, que, embora haja necessidade de afetividade para que surja uma entidade familiar, com o desaparecimen- to do sentimento de afeto surgem situações de violên- cia, inclusive a psíquica. A gravidade é majorada no âmbito da família, eis que ela é principal responsável pelo desenvolvimen- to da personalidade de seus membros e do afeto, elemento agregador. A morte da alma do menino Bernardo ainda em vida, re- sultado de tratamento degradante, diário e sorrateiro, que culminou na morte física, faz refletir sobre a impor- tância da família no desenvolvimento da personalidade de seus membros, de modo a valorizar a existência do afeto para que não haja na entidade familiar a figura do assédio moral. O assédio moral na família, ou psicoterror familiar, deve ser amplamente combatido, principalmente pelo papel exercido pela família de atuar no desenvolvimento da criança e do adolescente, de modo que a integridade psí- quica deve ser sempre resguardada, no afeto e no respei- to à dignidade da pessoa humana, desde seu nascimento. AdAptAdo de: senGiK, K. B. JornAl de londrinA. 14 set. 2014. ponto de VistA. Ano 26. n. 7.855. p. 2. 9. (Uel) Sobre os recursos linguísticos utilizados no tex- to, assinale a alternativa correta. a) Em “surge preocupação”, no primeiro parágrafo, mesmo que o substantivo fosse flexionado no plural, o verbo se manteria no singular. b) Em “surge preocupação”, no primeiro parágrafo, o substantivo exerce a função de complemento do verbo. c) Em “sente prazer de hostilizar, humilhar”, no se- gundo parágrafo, o verbo “humilhar” complementa o sentido de “prazer”. d) Em “tratar de forma cruel o outro”, no segundo parágrafo, o adjetivo se refere tanto à “forma” quan- to a “o outro”. e) No terceiro parágrafo, o termo “disciplina” é um substantivo concreto. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A(s) questão(ões) a seguir estão relacionada(s) ao texto abaixo. 4À porta do Grande Hotel, pelas duas da tarde, 14Chagas e Silva 6postava-se de palito à boca, como 19se tivesse descido do restaurante lá de cima. Poderia parecer, pela estampa, que somente ali se comesse bem em Porto Alegre. 8Longe 21disso! A Rua da Praia que 23o diga, ou 22melhor, que o dissesse. 24O faz de conta do 7inefável personagem 5ligava-se mais à 25importância, à moldura que aquele portal lhe conferia. 15Ele, que tanto marcou a rua, tinha 27franco acesso às poltronas do saguão em que se refestelavam os importantes. Andava 28dentro de um velho fraque, usava gravata, chapéu, bengala sob o braço, barba curta, polainas e 10uns olhinhos apertados na 1_________ bronzeada. O charuto apagado na boca, para durar bastante, 29era o 9toque final dessa composi- ção de pardavasco vindo das Alagoas. Chagas e Silva chegou a Porto Alegre em 1928. 16Fi- xou-20se na Rua da Praia, que percorria com passos lentos, carregando um ar de 12indecifrável importân- cia, tão ao jeito dos grandes de então. 17Os estudantes tomaram conta dele. Improvisaram comícios na praça, carregando-o nos braços e 11fazendo-o discursar. Dava discretas mordidas 33e consentia em que lhe pagassem o cafezinho. Mandava imprimir sonetos, que "trocava" por dinheiro. Não era de meu propósito 31ocupar-me do "doutor" Chagas 34e, sim, de como se comia bem na Rua da Praia de antigamente. Mas ele como que me puxou pela man- ga e levou-me a visitar casas por onde sua imaginação de longe esvoaçava. Porto Alegre, sortida por tradicionais armazéns de es- pecialidades, 30dispunha da melhor matéria-prima para as casas de pasto. 18Essas casas punham ao alcance dos gourmets virtuosíssimos "secos e molhados" vindos de Portugal, da Itália, da França e da Alemanha. Daí um longo e 2________ período de boa comida, para regalo dos homens de espírito e dos que eram mais estômago que outra coisa. 8 Na arte de comer bem, talvez a 26dificuldade fosse a da escolha. Para qualquer lado que o passante se virasse, encontraria salões ornamentados 3_________ maiores ou menores, tabernas 35ou simples tascas. A Cidade 32di- vertia-se também 13pela barriga. AdAptAdo de: ruschel, nilo. ruA dA prAiA. porto AleGre: editorA dA cidAde, 2009. p. 110-111. 10. (UFRGS) Se a expressão Os estudantes (ref. 17) fosse substituída por Um estudante, quantas outras altera- ções seriam necessárias, para fins de concordância, na passagem dessa frase? a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 5. E.O. FixAçãO 1. (UFPR) Assinale a alternativa que reescreve o texto a seguir de acordo com a norma culta, mantendo-lhe o sentido. Os presídios não é uma forma de mudar o ponto de vis- ta de qualquer pessoa que esteja lá presa, um marginal que já fez de tudo na vida não é que vai preso que ele vai mudar totalmente. a) Os presídiosnão é uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa que esteje lá preso. Um marginal que já fez de tudo na vida não é porque vai preso que ele vai mudar totalmente. b) Os presídios não são uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa que esteja lá presa, um marginal que já fez de tudo na vida não é que vão preso que vão mudar totalmente. c) Os presídios não são uma forma de mudar o ponto de vis- ta de quem esteja lá preso. Não é porque foi preso que um marginal que já fez de tudo na vida vai mudar totalmente. d) Presídio não é uma forma de mudar o ponto de vista das pessoas presas, um marginal não vai mudar total- mente por tudo que já fez na vida e então vai preso. e) Os presídios não são uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa presa. Um marginal que já fez de tudo na vida vai preso e vai mudar totalmente. 2. (ESPM) Dada uma frase, assinale a continuação cuja CONCORDÂNCIA VERBAL transgrida o que preceitua a norma culta: "Pesquisa Datafolha mostra que perfil conservador do brasileiro continua forte: a) 47% do eleitorado diz ter posição política de direita." b) 47% dos eleitores dizem ter posição política de direita." c) 47% diz ter posição política de direita." d) 47% dizem ter posição política de direita." e) 1% dos eleitores não souberam responder à pesquisa." TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo. Muita gente que ouve a expressão “políticas linguísti- cas” pela primeira vez pensa em algo 1solene, formal, oficial, em leis e portarias, em autoridades oficiais, e pode ficar se perguntando o que seriam leis sobre lín- guas. De fato, há leis sobre línguas, mas as 2políticas linguísticas também podem ser menos 3formais – e nem passar por leis propriamente ditas. Em quase todos os casos, figuram no cotidiano, 4pois envolvem não só a gestão da linguagem, mas também as práticas de lin- guagem, e as crenças e valores que circulam a respeito 5delas. Tome, por exemplo, a situação do 6cidadão das classes confortáveis brasileiras, que quer que a escola ensine a norma culta da língua portuguesa. 7Ele folga em saber que se vai exigir isso dos candidatos às va- gas para o ensino superior, mas nem sempre observa ou exige o mesmo padrão culto, por exemplo, na ata de condomínio, que ele aprova como está, 8desapegada da ortografia e das regras de concordância verbais e nominais 9preconizadas pela gramática normativa. Ele acha ótimo que a escola dos filhos faça 10baterias de exercícios para fixar as normas ortográficas, mas pouco se incomoda com os problemas de redação nos enun- ciados das tarefas dirigidas às crianças ou nos textos de comunicação da escola dirigidos à comunidade escolar. Essas são políticas linguísticas. 11Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que falam línguas. Em cada um desses grupos, há decisões, 12tácitas ou explícitas, sobre como proceder, sobre o que é aceitável ou não, e por aí afora. Vamos chamar essas escolhas – 13assim como 14as discussões que levam até 15elas e as ações que delas re- sultam – de políticas. Esses grupos, pequenos ou gran- des, de pessoas tratam com outros grupos, que por sua vez usam línguas e têm as suas políticas internas. Viven- do imersos em linguagem e tendo constantemente que lidar com outros indivíduos e outros grupos mediante o uso da linguagem, não surpreende que os recursos de linguagem lá pelas tantas se tornem, eles próprios, tema de política e objetos de políticas explícitas. Como 16esses recursos podem ou devem se apresentar? Que funções eles podem ou devem ter? Quem pode ou deve ter acesso a 17eles? Muito do que fazemos, 18portanto, diz respeito às políticas linguísticas. AdAptAdo de: GArcez, p. M.; schulz, l. do que trAtAM As políticAs linGuísticAs. reVel, V. 14, n. 26, 2016. 3. (UFRGS) Se a expressão políticas linguísticas (ref. 2) fosse para o singular, quantas outras alterações se- riam necessárias no período para manter-se a concor- dância? a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 5. 9 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões). O acesso 1à Educação é o ponto de partida MozArt neVes A Educação tem resultados profundos e abrangentes no desenvolvimento de uma sociedade: contribui para o crescimento econômico do país, para a promoção da igualdade e bem-estar social, e também tem impactos decisivos na vida de cada um. Um deles, por exemplo, é na própria renda do trabalhador. Uma análise feita __________ alguns anos pelo economista Marcelo Neri mostrou que, a cada ano a mais de estudo, o brasilei- ro ganha 15% a mais de salário. Além disso, o estudo também mostrou que quem completou o Ensino Fun- damental tem 35% a mais de chances de ocupação que um analfabeto. Esse número sobe para 122% na com- paração com alguém que tenha o Ensino Médio e 387% com Ensino Superior. Diante disso, o direito do acesso 2à Educação é o ponto de partida na formação de uma pessoa e, consequen- temente, no desenvolvimento e prosperidade de uma nação. 3Não obstante os avanços alcançados pelo Brasil nas duas últimas décadas4, 5ainda 6há 7importantes de- safios a superarmos no que tange esse direito. Se 8por um lado conseguimos universalizar o atendimento es- colar no Ensino Fundamental, temos 9ainda, por outro lado, 2,8 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da escola. Isso corresponde ______ um país do ta- manho do Uruguai. O desafio, em termos de acesso, é a universalização da Pré-Escola (crianças de 4 e 5 anos) e do Ensino Médio (jovens de 15 a 17 anos). Há outro desafio em jogo10: o de como motivar 5,3 milhões de jovens de 18 a 25 anos que nem estudam e nem trabalham, a chamada 11“geração nem-nem”, para trazê-12los de volta __________ escola e, poste- riormente, 13incluí-los no mundo do trabalho. Isso é essencial para um país que passa por um bônus demo- gráfico que se completará, 14segundo os especialistas, em 2025. O país, para seu crescimento econômico e sua sustentabilidade, não poderá abrir mão de ne- nhum de seus jovens. No Ensino Superior, o 15desafio não é menor. O Brasil tem apenas 17% de jovens de 18 a 24 anos matricu- lados nesse nível de ensino. Em conformidade com o Plano Nacional de Educação (PNE), o país precisará do- brar esse percentual nos próximos dez anos, ou seja, chegar __________ 33%. Para se ter uma ideia da com- plexidade dessa meta, esse era o percentual previsto no PNE que se concluiu em 2010. Isso exige – sem que haja perda de qualidade com essa expansão – que a educação básica melhore significativamente, tanto em acesso como em qualidade, tomando como referência os atuais índices de aprendizagem escolar. O acesso 16à Educação é, 17portanto, ainda um desafio e, caso seja efetivado com qualidade, poderá contribuir de- cisivamente para que o país 18reduza o enorme hiato que separa o seu desenvolvimento econômico, medido pelo seu Produto Interno Bruto – PIB (o Brasil é o 7º PIB mun- dial) e o seu desenvolvimento social, medido pelo seu Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (o Brasil ocu- pa a 75ª posição no ranking mundial). Somente quando o país alinhar 19esses índices nas melhores posições do ranking mundial, teremos de fato um Brasil com menos desigualdade e menos pobreza. Para que isso aconteça, não se conhece nada melhor do que a Educação. disponíVel eM: <http://istoe.coM.Br/o-Acesso- educAcAo-e-o-ponto-de-pArtidA/>. Acesso eM: 20 MAr. 2017) 4. (IFSUL) Se a palavra desafio (referência 15) fosse flexionada no plural, quantas mais alterações seriam necessárias na frase para manter a correção sintática? a) Uma. b) Duas. c) Três. d) Quatro. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Havia naquele cemitério uma sepultura em torno ....... 4a imaginação popular tecera lendas. Ficava ao lado da capela, perto dos grandes jazigos, e 8consistia numa lápide cinzenta, com a inscrição já ........ apagada por baixo duma cruz em alto-relevo. Seusdevotos acredi- tavam que a alma cujo corpo ali jazia tinha o dom de obrar 5milagres como os de Santo Antônio. Floriano leu a inscrição: Antônia Weber – Toni – 1895-1915. Talvez ali estivesse o ponto de partida de seu próximo romance... Um jovem novelista visita o cemitério de sua terra e fica particularmente interessado numa sepultura singela a que a superstição popular 9atribui poderes milagrosos. Vem-lhe então o desejo de, 6através da magia da fic- ção, trazer de volta à vida aquela morta obscura. 11Sai à procura de habitantes mais antigos e a eles pergunta: “Quem foi Antônia Weber?” Alguns nada sabem. Ou- tros contam o pouco de que 10se lembram. Um teuto- -brasileiro sessentão (Floriano já começava a visualizar as personagens, a inventar a intriga), ao ouvir o nome da defunta, fica perturbado e fecha-se num mutismo ressentido. 12“Aqui há drama”, diz o escritor para si próprio. 13E conclui: “Este homem talvez tenha amado Antônia Weber...”. Ao cabo de várias tentativas, conse- gue arrancar dele 7uma história fragmentada, cheia de reticências que, entretanto, o novelista vai preenchen- do com trechos de depoimentos de terceiros. Por fim, de posse de várias peças do quebra- cabeça, põe-se a armá-lo e o resultado é o romance duma tal Antônia Weber, natural de Hannover e que emigrou com os pais para o Brasil e estabeleceu-se em Santa Fé, onde... Mas qual! – exclamou Floriano, parando à sombra dum plátano e passando o lenço pela testa úmida. Ia cair de novo nos alçapões que seu temperamento lhe armava. 14Os críticos não negavam mérito a seus romances, mas afirmavam que em suas histórias ........ o cheiro do suor humano e da terra: achavam que, quanto à forma, eram 10 tecnicamente bem escritas; quanto ao conteúdo, porém, tendiam mais para o artifício que para a arte, fugindo sempre ao drama essencial. Pouco lhe importaria o que outros pensassem se ele próprio não estivesse de acordo com essas restrições. Chegara à conclusão de que, em- bora a perícia não devesse ser menosprezada, para fazer bom vinho era necessário antes de mais nada ter uvas, e uvas de boa qualidade. No caso do romance a uva era o tema – o tema legítimo, isto é, algo que o autor pelo menos tivesse sentido, se não propriamente vivido. AdAptAdo de: VerissiMo, erico. o teMpo e o Vento: o retrAto. V. 2. são pAulo: coMpAnhiA dAs letrAs, 2010. p. 331-333. 5. (UFRGS) Se substituíssemos Os críticos (ref. 14) por A crítica, quantas outras alterações seriam necessárias, no texto, para fins de concordância? a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 5. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram; e bem pode ser verdade, ele regula pelos dezessete anos, justamente o tempo em que estive sol- to no mundo, sem contato 5nem notícia. A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe 1__________ minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, 11mas de maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe 6perguntasse com todas as letras 18: que direito tem você de estar aqui na intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a? 12Mas depois vou notando que ele não é totalmente estranho. De re- pente fere-me 2__________ ideia de que o intruso tal- vez 7seja eu, que ele 8tenha mais direito de hostilizar-me do que eu a ele 19, que vive nesta casa há dezessete anos. O intruso sou eu, não ele. Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de enten- dê-lo e de ficar amigo. Faço-lhe 21perguntas e noto a sua avidez em respondê-las, 13mas logo vejo a inuti- lidade de prosseguir nesse caminho, 22as perguntas parecem-me formais e 23as respostas forçadas e com- placentes. Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha 20, e vejo que está me examinando, procurando de- cidir se devo ser tratado como irmão ou como estranho, e imagino que as suas dificuldades não devem ser meno- res do que as minhas. 24Ele me pergunta se eu moro em uma casa grande, com muitos quartos, e antes de respon- der procuro descobrir o motivo da pergunta. 25Por que falar em casa? 14E qual a importância de 9muitos quar- tos? Causarei inveja nele se responder que sim? 26Não, não tenho casa, há 10muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha, parece que fascinado, diz que deve ser bom viver em hotel, 15e conta que, toda vez que faz reparos 3__________ comida, mamãe diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, 16e ele observa que se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha compa- nhia, o jornal disse uma vez que um homem foi proces- sado por ter um cão em um quarto de hotel. Confirmo 4__________ proibição. Ele suspira 17e diz que então não viveria em um hotel nem de graça. AdAptAdo de: VeiGA, José J. entre irMãos. in: Moriconi, ítAlo M. os ceM Melhores contos BrAsileiros do século. rio de JAneiro: oBJetiVA, 2001. p. 186-189. 6. (UFRGS) Se as expressões perguntas (ref. 21), as per- guntas (ref. 22) e as respostas (ref. 23) fossem substituí- das, respectivamente, por uma pergunta, a pergunta e a resposta, quantas outras alterações seriam necessárias no texto, para fins de concordância? a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 5. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O texto a seguir foi extraído de uma crônica de Affonso Romano de Sant’Anna, cronista e poeta mineiro. Profes- sor universitário e jornalista, escreveu para os maiores jornais do País. “Com uma produção diversificada e con- sistente, pensa o Brasil e a cultura do seu tempo, e se des- taca como teórico, como poeta, como cronista, como pro- fessor, como administrador cultural e como jornalista.” Porta de colégio Passando pela porta de um colégio, me veio a sensação nítida de que aquilo era a porta da própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era tocante. Por isso, parei, como se precisasse ver melhor o que via e previa. Primeiro há uma diferença de 1clima entre 6aquele ban- do de adolescentes espalhados pela calçada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e refri- gerantes, e aqueles que transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só a idade. É toda uma 2atmosfera, como se estivessem ainda dentro de uma 8redoma ou aquário, numa bolha, resguardados do mundo. Talvez não estejam. Vários já sofreram a pancada da separação dos pais. 7Aprenderam que a vida é também um exer- cício de separação. 9Um ou outro já transou droga, e com isso deve ter se sentido (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma sensação de pureza angelical mis- turada com palpitação sexual, que se exibe nos gestos sedutores dos adolescentes. Onde estarão 4esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte anos? 5Aquele ali, moreno, de cabelos longos corridos, que pa- rece gostar de esporte, vai se interessar pela informática 11 ou economia; 5aquela de cabelos louros e crespos vai ser dona de boutique; 5aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a gorduchinha vai acabar casando com um gerente de multinacional; 5aquela esguia, meio bailari- na, achará um diplomata. Algumas estudarão Letras, se casarão, largarão tudo e passarão parte do dia levando filhos à praia e à praça e pegando-os de novo à tardinha no colégio. [...] Estou olhando aquele bando de adolescentes com eviden- te ternura. Pudesse passava a mão nos seus cabelos e con- tava-lhes as últimas histórias da carochinha antes que o 3lobo feroz as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria da- qui: aproveitem enquanto estão no aquário e na redoma, enquanto estão na porta da vida e do colégio. O destino também passa por aí. E a gente pode às vezes modificá-lo. sAnt’AnnA, AFFonso roMAno de. AFFonso roMAno de sAnt’AnnA: seleção e preFácio de letíciA MAlArd. coleção MelhorescrônicAs. p. 64-66. 7. (Uece) No trecho, “Primeiro há uma diferença de cli- ma entre aquele bando de adolescentes espalhados pela calçada, sentados sobre carros, em torno de car- rocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que tran- sitam pela rua” existe um caso de concordância verbal curioso. No trecho “aquele bando de adolescentes es- palhados pela calçada, sentados sobre carros”, há um sintagma nominal cujo núcleo é bando, um substantivo coletivo que vem seguido de uma expressão no plural que o especifica: de adolescentes. Observe o que é dito a seguir. I. Em casos como esse, a regra geral da gramática norma- tiva é a seguinte: com o substantivo coletivo, a concordân- cia se faz no singular. Por essa ótica, no texto, deveríamos ter a seguinte estrutura: aquele bando de adolescentes espalhado pela calçada e sentado sobre carros. II. A gramática faculta a seguinte possibilidade: se o co- letivo vier seguido de uma expressão no plural que o especifique, o adjetivo ou o particípio que forma essa expressão pode ir para o plural ou ficar no singular: aquele bando de adolescentes espalhados pela calçada, sentados sobre carros. III. Empregar o singular ou o plural nesses casos fica a critério do usuário da língua. Esses dois tipos de con- cordância variam livremente, independente de possí- veis motivações. Está correto o que se afirma em a) I e II apenas. b) I, II e III. c) I e III apenas. d) II e III apenas. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: OS HUMANOS SÃO UMA PARTE IMPORTANTE DA BIOSFERA As maravilhas do mundo natural atraem a nossa curiosi- dade sobre a vida e tudo que nos cerca. Para muitos de nós, nossa curiosidade sobre a Natureza e os desafios de seu estudo são razões suficientes. 1Além disso, con- tudo, nossa necessidade de compreender a Natureza está se tornando mais e mais urgente, 2à medida que o crescimento da população humana estressa a capaci- dade dos sistemas naturais em manter sua estrutura e funcionamento. Os ambientes que as atividades humanas dominam ou criaram – incluindo nossas áreas de vida urbanas e suburbanas, nossas terras cultivadas, nossas áreas de recreação, plantações de árvore e pesqueiros – são também ecossistemas. O bem-estar da humanidade depende de manter o funcionamento desses sistemas, sejam eles naturais ou artificiais. Virtualmente toda a superfície da Terra é, ou em breve será, fortemente influenciada por pessoas, se não completamente sob seu controle. 3Os humanos já usurpam quase metade da produtividade biológica da biosfera. Não podemos assumir essa responsabilidade de forma negligente. 4A população humana se aproxima da marca de 7 bi- lhões, e consome energia e recursos, e produz rejeitos muito além do necessário ditado pelo metabolismo bio- lógico. Essas atividades causaram dois problemas rela- cionados de dimensões globais. O primeiro é o seu im- pacto nos sistemas naturais, incluindo a interrupção de processos ecológicos e a exterminação de espécies. O segundo é a firme e constante deterioração do próprio ambiente da espécie humana à medida que pressiona- mos os limites dentro dos quais os ecossistemas podem se sustentar. 5Compreender os princípios ecológicos é um passo necessário para lidar com esses problemas. ricKleFs, roBert e. A econoMiA dA nAturezA. 6. ed. rio de JAneiro: GuAnABArA KooGAn, 2010. p. 15. (AdAptAdo). 8. (Ueg) No trecho “Os humanos já usurpam quase metade da produtividade biológica da biosfera. Não podemos assumir essa responsabilidade de forma ne- gligente” (ref. 3), os períodos apresentam pessoas ver- bais diferentes. O uso da primeira pessoal do plural, no segundo período, constitui um recurso linguístico por meio do qual o autor a) assume ser parte da comunidade humana e, con- sequentemente, responsável pelo modo como ela tem explorado os recursos naturais; b) evidencia sua concordância sobre o modo como os humanos usam, de forma desequilibrada e devasta- dora, os recursos da terra; c) retira de si a responsabilidade sobre o modo como os recursos da biosfera têm sido consumidos pelas sociedades urbanas e suburbanas; d) conclama a humanidade à invenção de tecnologias que possibilitem a descoberta de novos organismos e a criação de novos bens de consumo; 9. (IFSUL) Assinale a alternativa correta quanto à con- cordância verbo-nominal. a) Boa parte das pessoas ainda se sentem desconfor- táveis com relação aos imigrantes. 12 b) Nem a violência nem o preconceito contribui para o fortalecimento da nação. c) Tanto o opressor quanto o oprimido sofre, embora não consiga se expressar. d) Violência, agressão e preconceito, nada podem de- movê-los de seus propósitos. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 1Desenvolveu-se nos Estados Unidos, nos 2meios inte- lectuais 3que defendem as minorias, a ideia do "poli- ticamente correto" - ou seja, a substituição de termos com conotação preconceituosa por outros carregados de positividade. Assim, a própria palavra "negro" não seria desejável, devendo-se preferir "afro-ame- ricano". O mesmo vale para 4várias outras palavras, como "deficiente", "solteirão" - em suma, todo ter- mo que possa dar a entender uma falha, um defeito. E isso se acentua quando comunidades fortes - como os homossexuais da Califórnia - interferem em roteiros de filmes, ou 5quando 6figuras históricas são conde- nadas mediante critérios morais fora de 7sua época (como sucedeu quando um condado da Luisiana resol- veu que nenhuma 8escola 9pública de 10sua jurisdição deveria ostentar o nome de quem tivesse 11possuído escravos - o que eliminava, por exemplo, Thomas Je- fferson). 12Tudo isso parece exagerado e, no Brasil, é apresentado como ridículo ............., há que destacar o que é positivo no chamado politicamente correto: a ideia - óbvia para qualquer linguista, psicólogo ou psicanalista - de que a linguagem não é neutra, mas expressa, produz e reproduz uma visão de mundo. Se a linguagem não se limita a traduzir fatos, mas ten- de a expressar 13pontos de vista, 14é preciso expô-los e eventualmente combatê- 15los. Aqui 16está o que a zombaria contra 17o politicamente correto dissimula: 18ele reage contra velhas ideias conservadoras. O que dizem ainda hoje nossos livros escolares, a despeito de elogiáveis iniciativas (inclusive oficiais), sobre o negro e o índio? Quantos preconceitos não rodam por 19aí, moldando a mente das crianças assim como mol- daram as nossas? Antes de se zombar dos exageros de certos movimentos norte-americanos, não seria preciso romper a cumplicidade que ata nossa opinião pública a quem incita à violência nas rádios matutinas, a quem ridiculariza e humilha a mulher nos programas de humor? Se alguma 20cultura pode dar-se ao luxo de achar 21risível o excesso nos direitos humanos, 22não é 23a nossa, 24certamente. (AdAptAdo de: riBeiro, r.J. A sociedAde contrA o sociAl. são pAulo: ciA dAs letrAs, 2000.) 10. (UFRGS) Se substituíssemos a expressão "Tudo isso" (ref. 12) por "Esses fatos", quantas outras palavras da frase teriam de sofrer ajustes de concordância? a) Uma. b) Duas. c) Três. d) Quatro. e) Cinco. E.O. COmplEmEntAr 1. (Acafe 2018) Sobre concordância verbal e concordân- cia nominal, assinale a afirmativa correta. a) Na frase “O governo brasileiro extinguiu a Renca (Reserva Nacional de Cobre e Associados) para que possa ser melhor exploradas nessa área os recursos na- turais e outras fontes renováveis de energia”, a falta de concordância será sanada se a expressão “os recursos naturais” for substituída por “jazidas minerais”. b) Na frase “Os fatos apontados pelos órgãos de con- trole indicam que podem ter havido irregularidades na gestão dos projetos financiados com recursos pú- blicos”, todos os verbos estão flexionados de acordo com a norma padrão da língua portuguesa. c) A frase “Os ingredientes que encomendava era o mesmo semanalmente, razão por que seria de imaginar que fosse suficiente para a fermentação de cinquenta litros decerveja” apresenta desvios da norma padrão quanto à concordância nominal, mas não há desvios da norma padrão quanto à concordância verbal. d) Na frase “Estima-se que, em Portugal, cerca de dois terços dos cães tenham sido infectados com o parasita denominado Leishmania infantum nos últimos anos, embora muitos deles não manifestem a doença”, os verbos “tenham” e “manifestem” concordam com os respectivos sujeitos na terceira pessoa do plural. 2. (Acafe) Assinale o texto que mais se ajusta à norma-padrão escrita. a) Se eu fosse o prefeito de Floripa, iria criar um espaço novo de lazer e entretimento tipo os que se tem no Parque das Nações, em Lisboa, Portugal, do lado continental da Ilha, onde estão a Capitania dos Portos, o estaleiro Shaefer, uma fábrica de gelo e uma favela. b) Seria cômico não fosse Lula o que incitaria quando havia ostracismo ou crise no governo jogando nor- destino contra sulistas, culpando a elites pela crise, mas isentando seus comparsas e agora que roubaram e repassaram para seu filho e nora 2 milhões, todos como inocentes. c) Estão pensando em elaborar outra Lei para que comportamento como este do Conselheiro sejam considerados nobres e ao invés de apontar punições, apontem para reconhecimento e valorização, inclusi- ve com afastamento remunerado em dobro até que esteja apto para aposentadoria. d) Em uma entrevista concedida por Dilma para 4 ou 5 jornalistas da RBS, em resposta a uma pergunta sobre o lazer da Presidente, ela respondeu que gostava de tran- sitar, altas horas da noite, incógnita, pelas ruas quase desertas de Brasília, pilotando uma motocicleta. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir. 13 O sequestro das palavras GreGório duViVier Vamos supor 1que toda palavra tenha uma vocação pri- meira. A palavra mudança, por exemplo, nasceu filha da transformação e da troca, e desde pequena 2servia para descrever o processo de mutação de uma coisa em outra coisa que não deixou de ser, na essência, a mesma coisa 3– quando a coisa é trocada por outra coisa, não é mudança, é substituição. A palavra justiça, por exemplo, brotou do casamento dos direitos com a igualdade (sim, foi um mé- nage): 4servia para tornar igual aquilo que tinha o direito de ser igual 5mas não estava sendo tratado como tal. 6No entanto as palavras cresceram. E, assim como as 7pessoas, 8foram sendo contaminadas pelo mundo __________ sua volta. As palavras, 9coitadas, não sabem escolher amizade, não sabem dizer não. A liberdade, por exemplo, é dessas palavras que só dizem sim. Não nas- ceu de ninguém. Nasceu contra tudo: a prisão, a depen- dência, o poder, o dinheiro 10– mas não se espante se você vir __________ liberdade vendendo absorvente, desodorante, cartão de crédito, empréstimo de banco. A publicidade vive disso: dobrar as melhores palavras sem pagar direito de imagem. Assim, você 11verá as pa- lavras ecologia e esporte juntarem-12se numa só para criar o EcoSport 13– existe algo menos ecológico ou es- portivo que um carro14? Pobres palavras. Não 15tem ad- vogados. Não precisam assinar termos de autorização de imagem. Estão aí, na praça, gratuitas. Nem todos aceitam que as palavras 16sejam sequestra- das ao bel-prazer do usuário. A 17política é o campo de guerra onde se 18disputa a posse das palavras. A “éti- ca”, filha do caráter com a moral, transita de um lado para o outro dos conflitos, assim como a Alsácia-Lorena, e não sem guerras sanguinárias. Com um revólver na cabeça, é obrigada __________ endossar os seres mais amorais e sem caráter. A palavra mudança, que sempre andou com __________ esquerdas, foi sequestrada pe- los setores mais conservadores da sociedade 19– que fingem querer mudar, quando o que querem é trocar 20(para que não se mude mais). 21A Justiça, coitada, foi cooptada por quem atropela direitos e desconhece a igualdade, confundindo-a o tempo todo com seu primo, o justiçamento, filho do preconceito com o ódio. Já a palavra impeachment, recém-nascida, filha da demo- cracia com a mudança, 22está escondida num porão: 23em- prestaram suas 24roupas __________ palavra golpe, que desfila por aí usando seu nome e seus documentos. En- quanto isso, a palavra jornalismo, coitada, agoniza na UTI. As palavras não lutam sozinhas. É preciso lutar por elas. texto puBlicAdo eM 21 MAr. 2016. disponíVel eM: <http://www1. FolhA.uol.coM.Br/colunAs/GreGorioduViVier/2016/03/1752170- o-sequestro-dAs-pAlAVrAs.shtMl>. Acesso eM: 06 ABr. 2016. 3. (IFSUL) Quanto à sintaxe de concordância, é correto afirmar que a) a expressão “foram sendo contaminadas” (ref. 8) está na terceira pessoa do plural para concordar com o núcleo do sujeito “pessoas” (ref. 7); b) o verbo “disputar” (ref.18) está na terceira pessoa do singular para concordar com o núcleo do sujeito “política” (ref. 17); c) na referência 15, o verbo “ter” deveria estar gra- fado com o uso do acento diferencial para marcar a terceira pessoa do plural; d) o verbo “emprestar” (ref. 23) está no plural para estabelecer concordância com roupas (ref. 24), núcleo do sujeito. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto abaixo para responder à(s) quest(ões) a seguir. Os celulares Resolvi optar pela forma de plural, pois vejo tanta gen- te agora com, pelo menos, dois. O que me pergunto é como se comportaria a maioria das pessoas sem celular, como viver hoje sem ele? Uma epidemia neurótica gra- ve atacaria a população? Certamente! Quem não tem seu celular hoje em dia? Crianças, cada vez mais crian- ças, lidam, e bem, com ele. Apenas uns poucos retró- grados, avessos ao progresso tecnológico. A força con- sumista do aparelho foi crescendo com a possibilidade de suas crescentes utilizações. Me poupem de enumerá- -las, pois só sei de algumas. De fato, ele faz hoje em dia de um tudo. Diria mesmo que o celular veio a modificar as relações do ser humano com a vida e com as outras pessoas. Até que não custei tanto assim a aderir a este telefoni- nho! Nem posso deixar de reconhecer que ele tem me quebrado uns galhos importantes no corre-corre da vida. Mas me utilizo dele pouco e apenas para receber e efe- tuar ligações. Nem lembro que ele marca as horas, possui calendário. É verdade, recebi uns torpedos, e com dificul- dade, enviei outros, bem raros. Imagine tirar fotos, conec- tá-lo à internet, ao Facebook! Não quero passar por um desajustado à vida moderna. Isto não! No computador, por exemplo, além dos e-mails, participo de rede social, digito (mal), é verdade, meus textos, faço lá algumas compras e pesquisas... Fora dele, tenho meus cartões de crédito, efetuo pagamentos nas máquinas bancárias e, muito importante, sei de cabeça todas as minhas senhas, que vão se multiplicando. Haja memória! Mas, no caso dos celulares, o que me chama mesmo a atenção é que as pessoas parecem não se desgrudar dele, em qualquer situação, ou ligando para alguém, ou entrando em contato com a internet, acompanhando o movimento das postagens do face, ou mesmo brincan- do com seus joguinhos, como procedem alguns taxistas, naqueles instantes em que param nos sinais ou em que o trânsito está emperrado. Não há como negar, contudo, que esta utilização cons- tante do aparelhinho tem causado desconfortos sociais. Comenta a Danuza Leão: “Outro dia fui a um jantar com mais seis pessoas e todas elas seguravam um celular. Pior, duas delas, descobri depois, trocavam torpedos entre elas.” Me sinto muito constrangido quando, num grupo, em torno de uma mesa, tem alguém, do meu lado, falando, sem parar, pelo celular. Pior, bem pior, quando estou só com alguém, e esta pessoa fica aten- dendo ligações contínuas, algumas delas com aquela 14 voz abafada, sussurrante... Pode? É frequente um casal se sentar a uma mesa colada à minha, em um restauran- te e, depois, feitos os pedidos aos garçons, a mulher e o homem tomam, de imediato, os seus respectivos ce- lulares. E ficam neles conversando quase o tempo todo, mesmoapós o início da refeição. Se é um casal de certa idade, podem me argumentar, não devia ter mais nada para conversar. Afinal, casados há tanto tempo! Porém, vejo também casais bem mais jovens, com a mesma atitude, consultando, logo ao se sentarem, os celulares para ver o movimento nas redes sociais, ou enviando torpedos, a maior parte do tempo. Clima de namoro, de sedução, é que não brotava dali. Talvez, alguém pa- rece ter murmurado, em meu ouvido, assim os casais encontraram uma maneira eficiente de não discutirem. Falando com pessoas não presentes ali. A tecnologia a serviço do bom entendimento, de uma refeição em paz. Mas vivencio sempre outras situações em que o uso do celular me prende a atenção. Entrei em um con- sultório médico, uma senhora aguardava sua vez na sala de espera. Deu para perceber que ela acabava de desligar seu aparelho. Mas, de imediato, fez outra cha- mada. Estava sentado próxima a ela, que falava bem alto. A ligação era para uma amiga bem íntima, estava claro pela conversa desenrolada, desenrolada mesmo. Em breves minutos, não é por nada não, fiquei saben- do de alguns “probleminhas” da vida desta senhora. Não, não vou aqui devassar dela, nem a própria me deu autorização para tal... Afinal, sou uma pessoa dis- creta. Não pude foi evitar escutar o que minha com- panheira de sala de espera... berrava. Para não dizer, no entanto, que não contei nada, também é discrição demais, só um pequeno detalhe, sem maior surpresa: ela estava a ponto de estrangular o marido. O homem, não posso afiançar, aprontava as suas. Do outro lado, a amigona parecia estimular bem a infortunada se- nhora. De repente, me impedindo de saber mais fa- tos, a atendente chama a senhora, chegara a sua hora de adentrar ao consultório do médico. Não sei como ela, bastante exasperada, iria enfrentar um exame, na verdade, delicado. Não deu para vê-la sair pela outra porta. É, os celulares criaram estas situações, propi- ciando já a formação do que poderá vir a ser chamado de auditeurismo, que ficará, assim, ao lado do antigo voyeurismo. (uchôA, cArlos eduArdo FAlcão. os celulAres. in: ______. A VidA e o teMpo eM toM de conVersA. 1ª ed. rio de JAneiro: odisseiA, 2013. p. 150-153.) 4. (Esc. Naval) Assinale a opção em que a reescritura da frase, flexionada no plural, manteve-se coerente e ple- namente de acordo com a modalidade padrão da língua portuguesa. a) “Nem posso deixar de reconhecer que ele tem me quebrado uns galhos importantes [...].” (2º §) / Nem podemos de reconhecermos que eles tem nos que- brado uns galhos importantes... b) “Nem lembro que ele marca as horas, possui calen- dário.” (2º §) / Nem nos lembramos que eles marcam as horas, possuem calendário. c) “[...] sei de cabeça todas as minhas senhas, que vão se multiplicando. Haja memória!” (2º §) / ...sa- bemos de cabeça todas as nossas senhas, que vão se multiplicando. Hajam memórias! d) “[...] vivencio sempre outras situações em que o uso do celular me prende a atenção.” (5º §) / ... vi- venciamos sempre outras situações em que o uso do celular nos prendem as atenções. e) “Não sei como ela, bastante exasperada, iria en- frentar um exame, na verdade, delicado.” (5º §) / Não sabemos como elas, bastante exasperadas, iriam en- frentar uns exames, na verdade, delicados. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto abaixo para responder às questões. 27Aumenta o número de adultos que não consegue fo- car sua atenção em uma única coisa por muito tempo. 37São tantos os estímulos e tanta a pressão para que o entorno seja completamente desvendado que apren- demos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo. 34Nós nos tornamos, à semelhança dos computadores, pessoas multitarefa, não é verdade? 41Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. 4Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás, ao lado e à frente, à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de programas que sinalizam o trânsito em tempo real, 6às informações de 29alguma emissora de rádio que comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito 9várias vezes do trajeto 20que deve fazer para chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc. 35Quando me vejo em tal situação, 19eu me lembro que 14dirigir, 45após um dia de intenso trabalho no retorno para casa, já foi uma atividade prazerosa e desestressante. 18O uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não 23mais observamos os deta- lhes, 1por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações. Quantas vezes sentei em frente ao computador 44para buscar textos sobre um tema 38e, de repente, 24me dei conta de que estava em 39temas 15que em nada se relacionavam com meu tema primeiro. Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nos- so costume de ler na internet. 16Sofremos de uma ten- tação permanente de 43pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O problema é que 22alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por palavra, de frase por frase, para que faça sentido. 5Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza a um texto? 3Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. 2Elas já nasceram neste mundo de 8profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são esti- muladas com diferentes objetos, sons, imagens etc. 46Aí, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as crianças pres- tem atenção em uma única coisa por muito tempo. 36E 15 quando elas não conseguem, reclamamos, levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que exigem tratamento etc. 42A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos em seus apa- relhos eletrônicos, 10brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos detalhes e, se deixarmos, 21passam horas em uma única atividade de que gostam. 17Mas, nos estudos, queremos que elas prestem 26aten- ção no que é preciso, e não no que gostam. 28E isso, caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar. 32As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, 31boa parte desse traba- lho é nosso, e não delas. 12Não basta mandarmos que elas prestem atenção: 33isso de nada as ajuda. 13O que pode ajudar, por exem- plo, é 40analisarmos o contexto em que estão 7quando precisam focar a atenção 25e organizá-lo para que seja favorável a tal exigência. 11E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a atenção delas por muito tempo: 30o ensino desse quesito no mundo de hoje é um pro- cesso lento e gradual. sAYão, roselY. “proFusão de estíMulos”. FolhA de são pAulo, 11 FeV. 2014 – AdAptAdo. 5. (Col. naval) Em “A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim.” (ref. 42) o verbo pode ir para o singu- lar ou para o plural. Em que opção tal situação também se aplica? a) Só um ou outro adulto consegue focar sua atenção em uma única coisa. b) Segundo pesquisa, sessenta por cento da juventu- de brinca com jogos desafiantes que exigem atenção. c) Qual de vocês sabe usar programas complexos em seus aparelhos eletrônicos? d) É cada vez maior o número de crianças que não presta atenção a uma única coisa. e) Falaram o educador e o pai sobre a profusão de estímulos a que as crianças são submetidas. E.O. dissErtAtivO 1. (PUC-RJ) Há dois aspectos imprescindíveis a qual- quer discurso que queira, hoje, tratar do significado da nação. O primeiro é relativo à dimensão simbólica da ideia de nação, entendida menos como território, mais como repertório de recursos identitários. Sobre o papel de constructo cultural e simbólico que a ideia de nação representa, temos autores que convergem sobre a ar- bitrariedade de sua gênese (anação como invenção histórica arbitrária, de Gellner; como invenção da tra- dição, de Hobsbawm; como comunidade imaginada, de Anderson). Porém, independentemente do reconheci- mento de sua função ideológica ou de legitimação po- lítica, o que hoje se enfatiza na ideia de nação é a forte carga simbólica e o caráter cultural que carrega. Dizer, então, que os sentimentos de pertencimento são cul- turalmente construídos não significa necessariamente que eles se fundem em manipulações mistificadoras ou subficções arbitrárias. O acento recai, sobretudo, na sua capacidade de fundar uma comunidade emocional, de agir como conectores de um “nós” nacional. O segundo aspecto é relativo à separação que se ve- rifica, no contexto contemporâneo, dos vínculos que pareciam indissoluvelmente ligar sociedade e estado nacional. A relação identificatória entre estado-nação e sociedade perdeu a obviedade e naturalidade, quando, no contexto da globalização, tornaram-se manifestas diversas formas de socialidade completamente des- vinculadas do estado-nação: a “explosão” da comple- xidade social, no momento em que outras agências de produção de significados (as religiões, o mercado, a in- dústria cultural, etc.) competem com o estado-nação, o que acaba por minar irreversivelmente sua centralidade e capacidade de integração social. lopes, MAriA iMMAcolAtA VAssAllo de. Ficção teleVisiVA e identidAde culturAl dA nAção. in: reVistA Alceu nº 20. rio de JAneiro: editorA puc--rio, 2010. p. 11-12. disponíVel eM: <http://reVistAAlceu.coM.puc-rio.Br/cGi/cGiluA.exe/sYs/stArt. htM?sid=32>. Acesso eM: 21 Jul. 2015. AdAptAdo. a) O texto apresenta duas visões distintas que, hoje, encontram-se relacionadas ao conceito de nação. Es- tabeleça a diferença entre elas. b) Com relação ao trecho abaixo, faça o que é solici- tado a seguir. A relação identificatória entre estado-nação e socieda- de perdeu a obviedade e naturalidade, quando, no con- texto da globalização, tornaram-se manifestas diversas formas de socialidade completamente desvinculadas do estado-nação. i) Justifique o emprego da forma verbal “tornaram-se” na 3ª pessoa do plural. ii) Reescreva o trecho, iniciando-o por “É possível que”. Faça as modificações necessárias. 2. (PUC-RJ) A imaginação A imaginação é provavelmente a maior força a atuar sobre os nossos sentimentos – maior e mais constan- te do que influências exteriores, como ruídos e visões amedrontadores (relâmpagos e trovões, um caminhão em disparada, um tigre furioso), ou prazer sensual dire- to, inclusive mesmo os intensos prazeres da excitação sexual. O que esteja realmente acontecendo é, para um ser humano, apenas uma pequena parte da realidade; a maior parte é o que ele imagina em conexão com as vistas e sons do momento. A imaginação constitui o seu mundo. O que não quer dizer que seu mundo seja uma fantasia, sua vida um sonho, nem qualquer outra coisa assim, poética e pseu- dofilosófica. Isso significa que o seu “mundo” é maior do que os estímulos que o cercam; e a medida deste, o alcance de sua imaginação coerente e equilibrada. O ambiente de um animal consiste das coisas que lhe atu- am sobre os sentidos. Coisas ausentes, que ele deseje 16 ou tema, provavelmente não têm substitutos em sua consciência, como as imagens de tais coisas na nossa, mas aparecem, quando por fim o fazem, como satisfa- ções de necessidades imperiosas, ou como crises em seu espreitar e reagir mais ou menos constante. [...] No centro da experiência humana, portanto, existe sem- pre a atividade de imaginar a realidade, concebendo- -lhe a estrutura através de palavras, imagens ou outros símbolos, e assimilando-lhe percepções reais à medida que surgem – isto é, interpretando-as à luz das ideias gerais, usualmente tácitas. Esse processo de interpre- tação é tão natural e constante que sua maior parte decorre de modo inconsciente. lAnGer, suzAnne K. ensAios FilosóFicos. são pAulo: cultrix, 1971. p.132-133; 135-136. Apud ArAnhA, M. l. de ArrudA & MArtins, M. h. pires. FilosoFAndo: introdução à FilosoFiA. são pAulo: ModernA, 2003. p. 367. a) Segundo o texto, quais são os dois componentes usados pelas pessoas para interpretar o mundo? b) Há dois desvios gramaticais no período abaixo. Re- escreva-o, fazendo as devidas correções. Coisas ausentes não interferem no comportamento dos animais, onde eles só temem o que lhes desper- tam os sentidos. 3. (PUC-RJ) Leia. De um lado, a loucura existe em relação à razão ou, pelo menos, em relação aos “outros” que, em sua generali- dade anônima, encarregam-se de representá-la e atri- buir-lhe valor de exigência; por outro lado, ela existe para a razão, na medida em que surge ao olhar de uma consciência ideal que a percebe como diferença em re- lação aos outros. A loucura tem uma dupla maneira de postar-se diante da razão: ela está ao mesmo tempo do outro lado e sob seu olhar. Do outro lado: a loucura é diferença imediata, negatividade pura, aquilo que se denuncia como não-ser, numa evidência irrecusável; é uma ausência total de razão, que logo se percebe como tal, sobre o fundo das estruturas do razoável. Sob o olhar da razão: 1a loucura é individualidade singular cujas características próprias, a conduta, a linguagem, os gestos, distinguem-se uma a uma daquilo que se pode encontrar no não-louco; em sua particularidade ela se desdobra para uma razão que não é termo de re- ferência mas princípio de julgamento; a loucura é então considerada em suas estruturas do racional. FoucAult, Michel. históriA dA loucurA nA idAde clássicA. trAdução: José teixeirA coelho netto. são pAulo: ed. perspectiVA, 1972. p.203. a) Com relação ao trecho “A loucura tem uma du- pla maneira de postar-se diante da razão: ela está ao mesmo tempo do outro lado e sob seu olhar.”, extraído do texto, faça o que é pedido a seguir: i. identifique o referente de cada um dos pronomes des- tacados, iniciando a sua resposta da seguinte forma: O referente do pronome ____________________ _____________________________. ii. indique um conectivo que poderia ser empregado no lugar dos dois pontos. b) Comprovando com dados do próprio trecho, explique por que o verbo distinguir foi flexionado na 3ª pessoa do plural em “a loucura é individualidade singular cujas características próprias, a conduta, a lingua- gem, os gestos, distinguem-se uma a uma daquilo que se pode encontrar no não-louco” (ref. 1). 4. (PUC-RJ) Leia. Platão defendeu, no Banquete, em Fedra e em outros tex- tos, a existência de um espírito místico ou furor enviado pelo céu, através do qual uns poucos eleitos se “inspira- vam”: “As maiores bênçãos vêm por intermédio da lou- cura, aliás, da loucura que é enviada pelo céu.” Possuídas assim por visões transcendentais ou por conhecimentos transcendentais, 1essas pessoas desfrutavam de uma “loucura divina”, que as elevava acima dos mortais. A concepção freudiana do gênio era bastante diferen- te. Não era uma dádiva dos deuses, mas resultado dos processos do inconsciente; não vinha de cima, mas de dentro, das profundezas. [...] A “arte” e a habilidade artística, mais que a inspiração, eram consideradas a marca do artista ou do escritor, e as estruturas de patronagem do mundo das letras tradi- cional proviam fortes argumentos a favor da conformi- dade social, em vez de excentricidade do artista. 2Isso não quer dizer que a “imaginação” e o “gênio” vi- sionário estivessem em baixa em terrenos críticos. Mas a teoria clássica, modificada pela psicologia empirista do Iluminismo, insistia que a imaginação não deveria ser obstinada, idiossincrática e visionária, mas residir na só- lida formação dos sentidos e ser temperada pelo juízo. O verdadeiro gênio era um impulso orgânico saudável para a combinação das matérias-primas da mente. porter, roY. uMA históriA sociAl dA loucurA. rio de JAneiro: JorGe zAhAr editor, 1990. p.81-82. a) A palavra que apresenta comportamentos distin- tos nos trechos em destaque. Estabeleça a diferença entre os dois empregos.i. “essas pessoas desfrutavam de uma “loucura divi- na”, que as elevava acima dos mortais” (ref. 1) ii. “Isso não quer dizer que a “imaginação” e o “gê- nio” visionário estivessem em baixa em terrenos crí- ticos.” (ref. 2) b) Mantendo o mesmo sentido, reescreva a passagem em destaque, de acordo com o que é pedido: O Iluminismo endossou a fé na razão. Durante a segunda metade do século XVII, passou-se a criticar, condenar e massacrar qualquer coisa que fosse considerada irracional. • Use o verbo “efetuar” no lugar do verbo “passar”; • Substitua cada um dos verbos assinalados pela for- ma nominal correspondente no plural. • Faça outras modificações que julgar necessárias em função das alterações propostas. O Iluminismo endossou a fé na razão. Durante a segun- da metade do século XVII, ________________________ ________________________________. 17 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Geração Canguru GilBerto diMenstein Ao mapear novas tendências de consumo no Brasil, pu- blicitários acreditam ter detectado a "Geração Cangu- ru". São jovens bem-sucedidos profissionalmente, têm entre 25 e 30 anos de idade e vivem na casa dos pais. O interesse neles é óbvio: compõem um nicho de consu- midores com alto poder aquisitivo. Ainda na "bolsa" da mãe, eles mostram que mudaram as fronteiras entre o jovem e o adulto. Até pouquíssi- mo tempo atrás, um marmanjão de 30 anos, enfiado na casa dos pais, seria visto como uma anomalia, suspei- to de algum desequilíbrio emocional que retardou seu crescimento. O efeito "canguru" revela que pais e filhos estão mu- tuamente mais compreensivos e tolerantes, capazes de lidar com suas diferenças. Para quem se lembra dos conflitos familiares do passado, marcados pelo choque de gerações, os "cangurus" até sugerem um grau de civilidade. Não é tão simples assim. Estudos de publicitários divulgados nas últimas sema- nas indicam um lado tumultuado – e nem um pouco saudável – dessa relação familiar. Por trás das frias es- tatísticas sobre tendência do mercado, a pergunta que aparece é a seguinte: até que ponto os brasileiros mais ricos estão paparicando a tal ponto seus filhos que pro- duzem indivíduos com baixa autonomia? Ao investigar uma amostra de 1.500 mães e filhos, no Rio e em São Paulo, a TNS InterScience concluiu que 82% das crianças e dos adolescentes influenciam for- temente as compras das famílias. A pressão é especial- mente intensa nas classes A e B, cujas crianças, segundo os pesquisadores, empregam cada vez mais a estraté- gia das birras públicas para ganhar, na marra, o objeto de desejo. Com medo das birras, as mães tentam, segundo a pes- quisa, driblar os filhos e não levá-los às compras, espe- cialmente nos supermercados, mas, muitas vezes, aca- bam cedendo. Os responsáveis pelo levantamento da InterScience atribuem parte do problema ao sentimen- to de culpa. Isso porque, devido ao excesso de traba- lho, os pais ficam muito tempo longe de casa e querem compensar a ausência com presentes. Uma pesquisa encomendada pelo Núcleo Jovem da Abril detectou que muitos dos novos consumidores vivem uma ansiedade tamanha que nem sequer usufruem o que levam para casa. Já estão esperando o produto que vai sair. É ninfomania consumista. Jovens relataram que nunca usaram, nem mesmo uma vez, roupas que adqui- riram. Aposentam aparelhos eletrodomésticos compra- dos recentemente porque já estariam defasados. Psicólogos suspeitam que essa atitude seja uma fuga para aplacar a ansiedade e a carência, provocadas, em parte, pela falta de limite. Imaginando-se modernos, pais tentam ser amigos de seus filhos e, assim, desfaz-se a obrigação de dizer não e enfrentar o conflito. O resultado é, no final, uma desconfiança, explicitada pelos entrevis- tados, ainda maior em relação aos adultos. Outro estudo, desta vez patrocinado pela MTV, detectou um início de tendência entre os jovens de insatisfação diante de pais extremamente permissivos. Estão deman- dando adultos mais pais do que amigos. Para complicar ainda mais a insegurança das crianças e dos adolescen- tes, a violência nas grandes cidades leva os pais, com- preensivelmente, a pilotar os filhos pelas madrugadas, para saber se não sofreram uma violência. Brincar nas ruas está desaparecendo da paisagem urbana, ajudando a formar seres obesos, presos ao computador. Há pencas de estudo mostrando como a brincadeira, dessas em que nos sujamos, ralamos o joelho na árvo- re, ajuda a desenvolver a criatividade, o senso de au- tonomia e de cooperação. É um espaço de estímulo à imaginação. Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a frustração. Muito se estuda sobre a importância da resiliência – a capa- cidade de levar tombos e levantar como um elemento educativo fundamental. Professores contam, cada vez mais, como os alunos não têm paciência de construir o conhecimento e desistem logo quando as tarefas se complicam um pouco. Por isso, entre outras razões, os alunos decepcionam-se ra- pidamente na faculdade que exige mais foco em pou- cos assuntos. Os educadores alertam que muitos jovens têm dificul- dade de postergar o prazer e buscam a realização ime- diata dos desejos; respondem exatamente ao bombar- deamento publicitário, inclusive na ingestão de álcool, como vamos testemunhar, mais uma vez, nas propa- gandas de cerveja neste verão. Daí o risco de termos "cangurus" que fiquem cada vez mais na bolsa (e no bolso) dos pais. P.S. – Em todos esses anos lidando com educação co- munitária, posso assegurar que uma das melhores coi- sas que as escolas de elite podem fazer por seus alu- nos é estimulá-los ao empreendedorismo social. É um notável treino para enfrentar desafios. Enfrentam-se em asilos, creches e favelas os limites e as carências. Conheci casos e mais casos de alunos problemáticos que mudaram sua cabeça ao desenvolver uma ação comunitária e passaram, até mesmo, a valorizar o aprendizado curricular. http://www1.FolhA.uol.coM.Br/FolhA/diMenstein/colunAs/Gd121205.htM 5. (UFJF) Leia novamente: “Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a frustração.” a) Explique a concordância entre o sujeito e o verbo na parte acima destacada. b) Compare a concordância acima (Todos sabemos) com: “Todos sabem como é difícil...”. Qual é a prin- cipal diferença no impacto discursivo produzido pelas duas formas? Justifique sua resposta. 18 E.O. ObjEtivAs (UnEsp, FUvEst, UniCAmp E UniFEsp) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia o trecho do livro Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre. Mas a casa-grande patriarcal não foi apenas fortaleza, capela, escola, oficina, santa casa, harém, convento de moças, hospedaria. Desempenhou outra função impor- tante na economia brasileira: foi também banco. Dentro das suas grossas paredes, debaixo dos tijolos ou mosai- cos, no chão, enterrava-se dinheiro, guardavam-se joias, ouro, valores. Às vezes guardavam-se joias nas capelas, enfeitando os santos. Daí Nossas Senhoras sobrecarre- gadas à baiana de teteias, balangandãs, corações, cava- linhos, cachorrinhos e correntes de ouro. Os ladrões, na- queles tempos piedosos, raramente ousavam entrar nas capelas e roubar os santos. É verdade que um roubou o esplendor e outras joias de São Benedito; mas sob o pre- texto, ponderável para a época, de que “negro não devia ter luxo”. Com efeito, chegou a proibir-se, nos tempos coloniais, o uso de “ornatos de algum luxo” pelos negros. Por segurança e precaução contra os corsários, contra os excessos demagógicos, contra as tendências comunistas dos indígenas e dos africanos, os grandes proprietários, nos seus zelos exagerados de privativismo, enterraram dentro de casa as joias e o ouro do mesmo modo que os mortos queridos. Os dois fortes motivos das casas-gran- des acabarem sempre mal-assombradas com cadeiras de balanço se balançando sozinhas sobre tijolos soltos que de manhã ninguém encontra; com barulho de pra- tos
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