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T É C N I C OT É C N I C O ENFERMAGEM EM TERAPIA INTENSIVA SUMÁRIO Introdução ....................................................................................................................... 2 Planta Física UTI ............................................................................................................ 3 Infecção na Unidade de Terapia Intensiva.................................................................... 10 Humanização em UTI ................................................................................................... 14 Cuidado de enfermagem ao paciente grave .................................................................. 16 Monitorização Hemodinâmica...................................................................................... 18 Reconhecendo e atuando nos agravos cardiovasculares ............................................... 26 Reconhecendo e atuando nos agravos Respiratórios .................................................... 43 Reconhecendo e atuando nos agravos Endócrinos ....................................................... 72 Reconhecendo e atuando nos agravos Renais .............................................................. 83 Reconhecendo e atuando nos agravos Neurológicos .................................................. 109 Transporte do paciente grave ...................................................................................... 115 Medicamentos utilizados em UTI ............................................................................... 116 Referências Bibliográficas .......................................................................................... 123 Introdução A enfermagem, enquanto profissão teve início na Inglaterra, no século XIX, com o trabalho de Florence Nightingale, recrutando e treinando um grupo de mulheres para colaborarem nos cuidados e na higiene dos soldados feridos durante a Guerra da Criméia (1854-l856). Nessa época, também com Florence Nightingale, surgiu a ideia de classificar os doentes de acordo com o grau de dependência, dispondo-os nas enfermarias, de tal maneira que os mais graves ficassem próximos à área de trabalho das enfermeiras, para maior vigilância e melhor atendimento. Com o avanço dos procedimentos cirúrgicos, a necessidade de maiores cuidados ao paciente, durante o período pós-operatório imediato, levou ao desenvolvimento das unidades especiais de terapia. Inicialmente o tratamento era realizado em salas especiais, adjacentes às salas de cirurgias, sendo o acompanhamento conduzido pelo cirurgião e, posteriormente, pelo anestesista. Com o passar do tempo, foi atribuído a enfermeiros e à equipe a responsabilidade direta pela observação e tratamento clínico dos pacientes de risco. As unidades de terapia intensiva evoluíram com a criação das salas de recuperação na década de 20, para assistência a pacientes de neurocirurgia, no Hospital "Johns Hopkins", na década de 30 em Teubingen, na Alemanha, com a assistência intensiva pós-operatória2. Na década de 40, surgiram salas de recuperação cirúrgica em Rochester, Minnesota e Nova York e em Nova Orleans no "Ochsner Clinic". Durante a epidemia de poliomielite nos anos 50 sobrecarregou os hospitais e forçou a criação de centros regionais para o atendimento dos pacientes. Estes centros de pólio levaram o impacto da tecnologia e as modernas técnicas de ventilação mecânica prolongada, evoluíram fora das salas de cirurgia, o que fez com que as enfermeiras lidassem, pela primeira vez, com equipamento que as separava de seus pacientes e aprendessem a combinar manipulação de instrumentos com os cuidados manuais. No final da década de 50 em Los Angeles, foi desenvolvida a primeira unidade de choque e foi introduzida a monitorização cardiovascular invasiva dos pacientes em estado crítico e com traumatismo. Em 1962, estabeleceu-se em Kansas City, a primeira unidade de vigilância a pacientes vítimas de Infarto Agudo do Miocárdio, precursora das atuais Unidades Coronarianas. Aos poucos foram surgindo unidades especiais para pacientes cirúrgicos, neurológicos, vítimas de queimaduras, portadores de crises respiratórias, renais, metabólicas agudas e outras. Mais tarde definiu-se a terapia intensiva especializada das áreas de obstetrícia, pediatria e neonatologia. As enfermeiras enfrentaram muitos desafios durante os anos de fundação das unidades intensivas e coronárias. A pesquisa e as aplicações clínicas aconteciam tão próximas que não havia tempo para o desenvolvimento de novas equipes de enfermagem. Além do crescimento da necessidade de atendimento aos pacientes, o equipamento também exigia boa parte de atenção da enfermeira. Apesar da transformação e rápido desenvolvimento destas unidades, o alto risco dos pacientes internados, as enfermeiras praticavam a humanização no ambiente de terapia intensiva, visando um melhor atendimento ao paciente, bem como aos seus familiares e redução do stress vivenciado pelo profissional que faz o cuidado integral a este paciente. No Brasil, a implantação das Unidades de Terapia Intensiva (U.T.I.), teve início na década de 70, atualmente é uma unidade presente dentro do contexto hospitalar. O surgimento da prática em U.T.I. Marcou um dos maiores progressos obtidos pelos hospitais de nosso século, visto que, antes dela, o cuidado ao doente grave realizava-se nas próprias enfermarias, faltando, assim, área física adequada, recursos materiais e humanos para melhor qualidade desse cuidado. Planta Física UTI Projetar uma UTI ou modificar uma unidade existente, exige conhecimento das normas dos agentes reguladores, experiência dos profissionais de terapia intensiva, que estão familiarizados com as necessidades específicas da população de pacientes. Revisões periódicas devem ser consideradas na medida em que a prática da terapia intensiva evolui. O projeto deve ser abordado pôr um grupo multidisciplinar composto de diretor médico, enfermeiro chefe da UTI, arquiteto principal, administrador hospitalar e engenheiros. Esse grupo deve avaliar a demanda esperada da UTI baseado na avaliação dos pontos de fornecimento de seus pacientes, nos critérios de admissão e alta, e na taxa esperada de ocupação. É necessário análise dos recursos médicos, pessoal de suporte (enfermagem, fisioterapia, nutricionista, psicólogo e assistente social) e pela disponibilidade dos serviços de apoio (laboratório, radiologia, farmácia e outros). Planejamento da área de uma UTI O Planejamento e projeto devem ser baseados em padrões de admissão de paciente, fluxo de visitantes e funcionários, e na necessidade de instalações de apoio (posto de enfermagem, armazenamento, parte burocrática, exigências administrativas e educacionais) e serviços que são peculiares à instituição individual em questão. Segundo normas para projetos físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde4(E.A.S.), 1995, a organização física funcional de internação de paciente em regime de terapia intensiva deve: proporcionar condições de internar pacientes críticos em ambientes individuais e ou coletivos conforme grau de risco, faixa etária, patologia e requisitos de privacidade; executar e registrar assistência médica e de enfermagem intensiva; prestar apoio diagnóstico-laboratorial, de imagem e terapêutico 24 horas; manter condições de monitoramento e assistência respiratória contínua; prestar assistência nutricional e distribuir alimentos aos pacientes; manter pacientes com morte encefálica, nas condições de permitir a retirada de órgãos para transplantes, quando consentida. Localização Cada UTI deve ser uma área geográfica distinta dentro do hospital, quandopossível, com acesso controlado, sem trânsito para outros departamentos. Sua localização deve ter acesso direto e ser próxima de elevador, serviço de emergência, centro cirúrgico, sala recuperação pós-anestésica, unidades intermediárias de terapia e serviço de laboratório e radiologia. Número de Leitos Os leitos necessários para fornecer uma cobertura segura e adequada para pacientes gravemente doentes num hospital, dependem da população do hospital, quantidade de cirurgias, grau do compromisso de cuidados intensivos pela administração do hospital, pelos médicos e enfermeiros, e dos recursos institucionais. Um método empírico frequentemente relatado é que um hospital geral deveria destinar 10% da capacidade de leitos para UTI. Uma UTI deve existir com no mínimo cinco leitos, em hospitais com capacidade para cem ou mais leitos. A instalação com menos de cinco leitos torna-se impraticável e extremamente onerosa, com rendimento insatisfatório em termos de atendimento. Estabelecimentos especializados em cirurgia, cardiologia e em emergência devem fazer cálculo específico. Forma da Unidade A disposição dos leitos de UTI podem ser em área comum (tipo vigilância), quartos fechados ou mistos. A área comum proporciona observação contínua do paciente, é indicada a separação dos leitos pôr divisórias laváveis que proporcionam uma relativa privacidade dos pacientes. As unidades com leitos dispostos em quartos fechados devem ser dotados de painéis de vidro para facilitar a observação dos pacientes. Nesta forma de unidade é necessária uma central de monitorização no posto de enfermagem, com transmissão de onda eletrocardiógrafa e frequência cardíaca. Unidades com quartos fechados proporcionam maior privacidade aos pacientes, redução do nível de ruído e possibilidade de isolamento dos pacientes infectados e imunossuprimidos. A unidade mista combina os dois tipos de forma e tem sido adotada com bons resultados. Sala de isolamento é recomendável e cada instalação de saúde deve considerar a necessidade de salas de isolamento compressão positiva e negativa nestas salas. Esta necessidade vai depender, principalmente da população de pacientes e dos requisitos do Departamento de Saúde Pública. Área de internação Área de Pacientes Os pacientes devem ficar localizados de modo que a visualização direta ou indireta, seja possível durante todo o tempo, permitindo a monitorização do estado dos pacientes, sob as circunstâncias de rotina e de emergência. O projeto preferencial é aquele que permite uma linha direta de visão, entre o paciente e o posto de enfermagem. Os sinais dos sistemas de chamada dos pacientes, os alarmes dos equipamentos de monitorização e telefones se somam à sobrecarga auditiva nas U.T.Is. Devem ser utilizados pisos que absorvam os sons, levando-se em consideração os aspectos de manter o controle das infecções hospitalares, da manutenção e movimentação dos equipamentos. As paredes e os tetos devem ser construídos de materiais com alta capacidade de absorção acústica. Atenuadores e defletores nos tetos podem ajudar a reduzir a reverberação dos sons. As aberturas das portas devem ser defasadas para reduzir a transmissão dos sons. Posto de Enfermagem O posto de enfermagem deve ser centralizado, no mínimo um para cada doze leitos e prover uma área confortável, de tamanho suficiente para acomodar todas as funções da equipe de trabalho, com dimensões mínimas de 8m2. Cada posto deve ser servido pôr uma área de serviços destinada ao preparo de medicação, com dimensão mínima de 8m2 e ser localizada anexo ao posto de enfermagem. Deve haver iluminação adequada de teto para tarefas específicas, energia de emergência, instalação de água fria, balcão, lavabo, um sistema funcional de estocagem de medicamentos, materiais e soluções e um relógio de parede devem estar presentes. Espaço adequado para terminais de computador e impressoras é essencial quando forem utilizados sistemas informatizados. Deve ser previsto espaço adequado para se colocar os gráficos de registros médicos e de enfermagem. Os formulários de registro médicos e impressos devem estar armazenados em prateleiras ou armários de modo que possa ser facilmente acessados pôr todas as pessoas que requeiram o seu uso. Sala de Utensílios Limpos e Sujos As salas de utensílios limpos e sujos devem ser separadas e que não estejam interligadas. Os pisos devem ser cobertos com materiais sem emendas ou junções, para facilitar a limpeza. Banheiro de Pacientes Localizado na área de internação da unidade (geral) ou anexo ao quarto (isolamento). Todos os banheiros e sanitários de pacientes internados devem ter duchas higiênicas e chuveiro. Sala de Serviços Gerais Sala destinada à guarda de materiais e soluções utilizadas na limpeza e desinfecção da Unidade. Deve ser provida de tanque e prateleiras suspensas. Armazenamento de Equipamentos Uma área para guardar os equipamentos que não estão em uso ativo, deve ser planejada. A localização deve ser de fácil acesso e espaço adequado para pronta localização e remoção do equipamento desejado. Deve ser previsto, tomadas elétricas aterradas em número suficiente para permitir a recarga dos equipamentos operados à bateria. Laboratório Todas as U.T.Is. Devem ter serviço de laboratório clínico disponível vinte e quatro horas pôr dia. Quando o laboratório central do hospital não puder atender as necessidades da UTI, um laboratório satélite dentro da, ou adjacente à UTI deve ser capaz de fornecer os testes químicos e hematológicos mínimos, incluindo análises de gases do sangue arterial. Sala de Reuniões Uma área distinta ou separada próxima de cada U.T.I. ou de cada grupo de U.T.Is., deve ser projetada para observar e armazenar as radiografias, estudar e discutir os casos dos pacientes. Um negatoscópio ou carrossel de tamanho adequado deve estar presente para permitir a observação simultânea de uma série de radiografias. Área de Descanso dos Funcionários Uma sala de descanso deve ser prevista em cada U.T.I. ou grupamento de U.T.Is, para prover um local privado, confortável e com ambiente descontraído. Devem existir sanitários masculinos e femininos dotados de chuveiro e armários. Uma copa com instalações adequadas para armazenamento e preparo de alimentos, incluindo uma geladeira, um fogão elétrico e ou forno micro-ondas. A sala de descanso precisa estar ligada à U.T.I. por um sistema de intercomunicação. Conforto Médico Deve ser próximo à área de internação, de fácil acesso, com instalações sanitárias e chuveiro. A sala deve ser ligada à U.T.I. por telefone e ou sistema de intercomunicação. Recepção da U.T.I. Cada U.T.I. ou agrupamento de U.T.Is. deve ter uma área para controlar o acesso de visitantes. Sua localização deve ser planejada de modo que os visitantes se identifiquem antes de entrar. Pôr ser uma unidade de acesso restrito é desejável que a entrada para os profissionais de saúde, seja separada dos visitantes e um sistema de intercomunicação com as áreas da U.T.I. Efetivo. Sala de Espera de Visitantes Área indispensável, deve ser localizada próximo de cada U.T.I. ou agrupamento de U.T.Is., destinada aos familiares de pacientes, enquanto aguardam informações ou são preparados para visita na unidade. O acesso de visitantes deve ser controlado pela recepção. Um bebedouro e sanitários devem ser localizados dentro da área ou próximos a ela. São desejáveis para este ambiente cores vivas, carpete, janelas, iluminação indireta e suave. Deve ser previsto telefones públicos, sofás, cadeiras retas e reclináveis, terminais de circuitointerno de TV e materiais educativos. Rota de Transporte de Pacientes Os corredores utilizados para transportar os pacientes devem ser separados dos utilizados pelos visitantes. O transporte dos pacientes deve ser rápido e a privacidade preservada. Quando necessário o uso de elevadores, deve ser previsto um tamanho superdimensionado e separado do acesso público. Módulo de Pacientes Os módulos dos pacientes devem ser projetados para apoiar todas as funções necessárias de saúde. A área de cada leito deve ser suficiente para conter todos os equipamentos e permitir livre movimentação da equipe par atender às necessidades de terapia do paciente. Cada módulo de U.T.I. deve ter um alarme de parada cardíaca interligado no posto de enfermagem, sala de reuniões, sala de descanso dos funcionários e demais salas com chamada. No projeto da U.T.I. um ambiente que minimize o stress do paciente e dos funcionários deve ser planejado, incluindo iluminação natural e vista externa. As janelas são aspectos importantes de orientação sensorial e o maior número possível das salas deve ter janelas para indicação de dia/noite. Para controlar o nível de iluminação podem utilizar cortinas, toldos externos, vidros pintados ou reflexivos. Outros recursos para melhorar a orientação sensorial dos pacientes pode incluir a provisão de calendário, relógio, rádio, televisão e ramal telefônico. A instalação de T.V. deve ficar fora do alcance dos pacientes e operados pôr controle remoto. As considerações de conforto devem incluir métodos para estabelecer a privacidade dos pacientes. O uso de persianas, cortinas, biombos e portas controlam o contato do paciente com a área ao redor. Uma poltrona deve estar disponível a beira do leito para visita de familiares. A escolha das cores das paredes proporcionam descanso e propicia ambiente tranquilo. Infecção na Unidade de Terapia Intensiva A tecnologia aplicada à assistência hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) viabiliza o prolongamento da sobrevida do paciente em situações muito adversas. Este fenômeno altamente positivo por um lado, por outro, é um dos fatores determinantes do aumento do risco de Infecção Hospitalar (IH) em pacientes críticos. Na UTI concentram-se pacientes clínicos ou cirúrgicos mais graves, necessitando de monitorização e suporte contínuos de suas funções vitais. Este tipo de clientela apresenta doenças ou condições clínicas predisponentes a infecções. Muitos deles já se encontram infectados ao serem admitidos na unidade e, a absoluta maioria, é submetida a procedimentos invasivos ou imunossupressivos com finalidades diagnostica e terapêutica. A associação de doenças e fatores iatrogênicos faz com que os pacientes sejam mais susceptíveis à aquisição de infecções. A resposta imunológica do paciente em terapia intensiva frente ao processo infeccioso é deficiente. Os seus mecanismos de defesa estão comprometidos tanto pela doença motivadora da hospitalização quanto pelas intervenções necessárias para o diagnóstico e tratamento. Embora, os leitos destinados para terapia intensiva representem menos de 2% dos leitos hospitalares disponíveis no Brasil, eles contribuem com mais de 25% das infecções hospitalares, com significativo impacto nos índices de morbidade e mortalidade. Em muitos serviços as taxas chegam a ser 5 - 10 vezes maior neste grupo de pacientes. Prevenção e controle A enorme importância deste tipo de intervenção está patente no fato de, que cerca de 50% de infecções nosocomiais que podem ser prevenidas, a grande maioria são as que resultam diretamente de cuidados prestados aos doentes. É dever de todos os profissionais de Saúde promover um ambiente biologicamente seguro. Infecção respiratória - Promover uma boa higiene oro traqueal, especialmente nos doentes com sondas nasogástricas (os microrganismos proliferam com grande facilidade num meio descuidado); - Cumprir um correto esquema de hidratação, tendo em conta o tipo de doente e suas características (especialmente em doentes com a sua capacidade motora diminuída, pois facilmente aparece estase de secreções e a consequente infecção das vias respiratórias); - Proporcionar uma mobilidade ao doente, que apresente esta capacidade diminuída, através de alterações de decúbitos (vai contribuir para uma melhor ventilação e facilitando assim o impedimento de estase de secreções e, por conseguinte uma inflamação dos alvéolos); - Vigilância e despiste de sinais e sintomas (tosse excessiva, febre que não regride, dor torácica a agravar e hemoptises); - Utilizar técnica asséptica aquando a aspiração de secreções e individualizar todo o material que o doente necessite (evitando assim as infecções cruzadas); - Sempre que possível, tendo em conta as características da instituição, isolar o doente. Infecção por cateter - Usar cateters adequados à veia a puncionar e à finalidade a que se destinam (tendo em conta a medicação a fazer e a duração do respectivo tratamento); - Explicar ao doente a necessidade do cateter e que o seu manuseamento deve ser delicado (evitando traumatismos desnecessários); - Efetuar uma correta fixação do cateter, evitando a colocação de adesiva em redor deste, pois com o passar do tempo (mesmo apenas 24 horas) vai existir uma acumulação de microrganismos devido à cola do adesivo; - Evitar a manipulação da borracha dos sistemas e tentar utilizar as torneiras de três vias, procedendo-se, sempre que possível, à mudança do sistema ao fim de 24 horas devido ao seu manuseamento; - Pode-se fazer uma pequena tricotomia da área a puncionar e evitar ao máximo a manipulação destes; - Cateters colocados em situação de urgência devem ser retirados assim que possível e substituídos por outro (devido a possível uso incorreto de assepsia devido à situação de urgência). Infecção urinária - Utilizar cateter vesical adequado e apenas em última situação (pode-se optar por um cateterismo intermitente em caso de pós-operatório); - Proceder a uma higiene perineal correta e mantê-la enquanto o cateterismo for necessário; - Evitar manipulações desnecessárias do cateter e utilizar sacos coletores de urina esterilizados; - Se a instituição assim o disponibilizar deve-se utilizar os kits de cateterismo; - Proceder a uma hidratação adequada em conformidade com o doente (cerca de 1,5 litros por dia); - Vigiar a integridade da mucosa. Infecção da sutura - Manter a integridade da zona da sutura (de forma a evitar a sua contaminação); - Evitar utilizar produtos químicos aquando a desinfecção das paredes para a realização da sutura; - Isolar o doente que assim o necessite, de forma a evitar a contaminação de outros. Estes procedimentos são apenas uma pequena parte do que se deve efetuar. Todos os profissionais de Saúde são responsáveis por um pequeno contributo, desde o seu vestuário até a manutenção do ambiente. Humanização em UTI Segundo a AMIB – Associação Médica Intensiva Brasileira (2004), humanizar a UTI significa cuidar do paciente como um todo, englobando o contexto familiar e social. Esta prática deve incorporar os valores, as esperanças, os aspectos culturais e as preocupações de cada um. É um conjunto de medidas que engloba o ambiente físico, o cuidado dos pacientes e seus familiares e as relações entre a equipe de saúde. Estas intervenções visam sobretudo tornar efetiva a assistência ao indivíduo criticamente doente, considerando-o como um todo bio-psico-sócio-espiritual. De acordo com Malik (2000) apud Nunes, humanização é um ato ou efeito de humanizar, não uma técnica, não é uma arte ou artifício, é um processo vivencialque permeia toda atividade de um local e das pessoas que ali trabalham, dando ao paciente o tratamento que merece como pessoa humana, dentro das circunstâncias peculiares que cada um se encontra no momento de sua internação. A essência da enfermagem intensivista não está no ambiente ou nos equipamentos especiais, mas no processo de tomada de decisões, baseado na sólida compreensão das condições fisiológicas e psicológicas do paciente. Para que haja humanização total em uma UTI, três diferentes aspectos devem ser considerados (AMIB, 2004): O ambiente físico. O cuidado com o paciente e seus familiares; A atenção ao profissional da equipe; O Ambiente Físico na UTI Cores leves nas paredes e portas tornam o ambiente mais tranquilo. Proporcionar ambiente calmo e silencioso, minimizando ao máximo os ruídos dos equipamentos e da equipe. Presença de janelas, que permitam ver o azul do céu, a luz do sol e o verde das árvores. O Ambiente Físico na UTI Garantir bom espaço entre os leitos, para facilitar o trabalho dos profissionais, além de maior privacidade para o paciente. Separar pacientes mais graves para que os conscientes não vejam ou ouçam as intervenções que se processam ao seu redor, gerando menos ansiedade. O cuidado com o paciente e família. O envolvimento com o paciente e a família é um pré-requisito essencial para humanizar. Adotar comportamento de compaixão, solidariedade e ajuda, no sentido de promover o bem, visando o bem-estar do paciente, à sua integridade moral e à sua dignidade como pessoa. É a atitude de conversar, ouvir, tocar o paciente, identificá-lo pelo nome. Reconhecê-lo como uma pessoa que está passando por uma fase difícil de doença, necessitando de cuidados, além dos técnicos, com uma dose de sentimento. O cuidado com o paciente e família Oferecer cadeira para acompanhantes, para que possam permanecer o mais tempo possível com o paciente, evitando sentimentos como abandono e solidão. Oferecer informações e conscientização dos familiares sobre a doença e o tratamento ao qual o paciente está sendo submetido, avaliando suas necessidades e o grau de satisfação em relação aos cuidados prestados. Atenção ao profissional da equipe A equipe de enfermagem está, provavelmente, exposta a um nível maior de estresse que qualquer outra do hospital, porque deve lidar não somente com a assistência a seus pacientes e familiares, mas também com suas próprias emoções e conflitos. Por isso, “deve-se cuidar de quem cuida”, evitando as manifestações do estresse, como fadiga física e emocional, tensão e ansiedade, geradas comumente em uma UTI e como condição necessária para aumentar a qualidade do cuidado prestado. Uma remuneração justa, sala de descanso para os plantonistas, atendimento psicológico e palestras educativas aos profissionais. A solução para a humanização está na equipe de saúde, que deve mostrar seu lado humano a cada procedimento e acima de tudo mostrar que têm sentimentos, que são conscientes dos desafios a serem enfrentados e dos limites a serem transpostos. A humanização deve fazer parte da filosofia da enfermagem. O ambiente físico, recursos materiais e tecnológicos são importantes, porém não mais significativos do que a essência humana. Esta sim irá conduzir o pensamento e as ações da equipe, tornando-os capazes de criticar e construir uma realidade mais humana, menos agressiva e hostil para os que diariamente vivenciam a UTI. Cuidado de enfermagem ao paciente grave É grande o número de pacientes que exigem cuidados intensivos que nem sempre este estão restritos nas unidades intensivas e sim em outros setores dos hospitais, como: emergências, enfermarias e ambulatórios. A assistência ao ser humano unidade bio, pisco, social, espiritual, com suas necessidades básicas em seu ciclo saúde-doença-cuidado é objetivo essencial da Assistência de Enfermagem. Os Enfermeiros devem estar preparados e aptos para manuseios e funcionamento de equipamentos e qualificados cientificamente sob o ponto de vista cognitivo e de habilidades para atender a um cliente crítico. Não podemos prever quando e como irá acontecer o agravamento de uma condição clínica de um paciente e esta necessidade de atendimento deverá ser prestada de imediato evitando disfunção de órgão vital, iatrogenias e até mesmo a morte. O conselho Federal de Enfermagem normatiza em âmbito Nacional, a obrigatoriedade de haver Enfermeiros em todas as unidades de serviços que desenvolvam ações de enfermagem que envolva procedimentos de alta complexidade, comum na assistência a pacientes críticos/potencialmente críticos. É responsabilidade privativa do Enfermeiro, cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida os cuidados que exijam conhecimentos científicos e tomadas de decisões imediatas e como integrante da equipe de saúde. Compete ao Enfermeiro dirigir, coordenar planejar, prescrever, delegar, supervisionar e avaliar as ações de Enfermagem de acordo com a necessidade e dependência do paciente. O paciente grave será adequadamente assistido se for avaliado, reconhecido e priorizados. A equipe de Enfermagem deve ter base de conhecimentos que facilite a capacidade de perceber uma grande variedade de questões, bem como informações altamente definidas e especificas, pois o profissional atual deve ser o mais auto realizado possível: físico, emocional e espiritual a fim de atender os desafios de cuidar daqueles gravemente enfermos. O objetivo da Assistência de Enfermagem é sempre promover equilíbrio fisiológico e emocional ao paciente. A estrutura e equipamentos de atendimento ao paciente crítico/potencialmente crítico deverá constar da interdisciplinaridade e da humanização, com enfoque nas necessidades do usuário, na integralidade assistencial e no respeito à participação efetiva dos diferentes profissionais envolvidos na atenção a paciente crítico/potencialmente crítico. (Ministério da saúde Portaria 1071 de 04/07/2005). Monitorização Hemodinâmica A monitorização hemodinâmica é utilizada para diagnóstico, terapêutica, e até mesmo fazer prognóstico com os dados obtidos. A finalidade é reconhecer e avaliar as possíveis complicações do estado hemodinâmico do paciente e intervir em tempo hábil com terapia adequada, prevenindo maiores complicações. A monitorização hemodinâmica não invasiva vem aumentando nas unidades de cuidados críticos e centro cirúrgico. O objetivo principal de utilizar a técnica não invasiva é reduzir as complicações associadas às técnicas de monitorização hemodinâmica invasiva. A escolha do sistema de monitorização hemodinâmica não invasiva dá-se por ser uma técnica menos invasiva, com facilidade no manuseio, de menor custo e que em estados clínicos duvidosos pode ser confirmada por exames complementares. Assim, asseguramos ao paciente a uma monitorização eficaz, menos invasiva e prevenindo até mesmo uma infecção. A monitorização hemodinâmica não invasiva consiste em: - Pressão arterial não invasiva: que é a verificação da Pressão Arterial, através do método escutatório, com esfigmomanômetro e estetoscópio, ou através do método automatizado que tem como base a medida da pressão arterial através de curvas de medidas, realizada por software validado para tal fim. - Frequência cardíaca: que é a verificação dos batimentos cardíacos, representada pelo número de vezes que o coração bate por minuto. - Temperatura: mensuração da temperatura corporal através dos termômetros. Essa pode ser mensurada de três maneiras: a temperatura retal e neste caso o valor obtido é um grau Celsius acima da temperatura axilar; a temperatura central, que pode ser obtida com termômetro esofágico, cateter de pressão intracraniana comdispositivo de temperatura e também com cateter de artéria pulmonar através da termodiluição. - Frequência respiratória: é mensurada através da observação da expansão torácica contando o número de inspirações por um minuto. - Oximetria de pulso: é a mensuração da saturação de oxigênio da hemoglobina arterial e o pulso cardíaco. Vem otimizando os cuidados com o paciente e minimizando o potencial de episódios de hipóxia. Como monitorização hemodinâmica não invasiva específica temos: - Capnografia: é o registro do gás carbônico no final da expiração. Os capnógrafos analisam e registram a pressão parcial de co2 durante o ciclo respiratório por um sensor aplicado nas vias áreas do paciente ou pela aspiração de uma amostra de ar nas vias aéreas processada por um sensor. - Monitorização eletrocardiográfica: através do eletrocardiograma, para detecção de arritmias e outras complicações, tais como: isquemias, alterações do marca-passo e distúrbios eletrolíticos graves. Monitor Multiparamétrico A monitorização hemodinâmica invasiva consiste em: pressão arterial invasiva, pressão venosa central, pressão da artéria pulmonar, débito cardíaco, saturação venosa mista e outros parâmetros derivados do cateter de Swan Ganz. Essas fornecem informações qualitativas e quantitativas das pressões intravasculares. - Pressão arterial invasiva: A pressão por este método é medida através de um cateter introduzido na artéria, o qual é conectado em uma coluna liquida. A medida da pressão é obtida através do transdutor de pressão que faz a leitura; é obtida pressão sistólica, diastólica e média. - Pressão Venosa Central (PVC): mensura à pré-carga do ventrículo direito (VD), ou seja, a capacidade de enchimento do ventrículo direito ao final da diástole. Para a mensuração da PVC, é necessário o posicionamento de um cateter em veia central (veia cava superior), comumente utilizando-se de punção percutânea de veia subclávia ou veia jugular interna. É checado radiologicamente para certificar-se que o cateter esteja bem posicionado e não esteja dentro do átrio direito. Pode-se utilizar para a mensuração da PVC, um manômetro de água graduado em cm ou um transdutor eletrônico calibrado em mmHg. Espera-se que haja oscilação da coluna d'água ou do gráfico no monitor, acompanhando os movimentos respiratórios do paciente valores normais: - 6 a 10 cm de água; - 3 a 6 mmHg. - Pressão Artéria Pulmonar (PAP): O tratamento do paciente crítico envolve a monitorização e a avaliação hemodinâmica. O cateter de Swan-Ganz, ou cateter de artéria pulmonar, 1960, Dr. Swan criou um cateter que permitia aferir as pressões cardíacas direita e esquerda, porém houve muita dificuldade na passagem do cateter até a artéria pulmonar, causando algumas complicações nos pacientes como arritmia e até perfuração do miocárdio. Algum tempo depois, Dr. Swan teve a ideia de colocar um balonete na ponta, diminuindo a densidade do cateter e melhorando sua passagem, alcançando a artéria pulmonar. Após mais alguns anos, Dr. Ganz sugeriu a ideia de um termostato na ponta do cateter permitindo a mensuração do débito cardíaco, tornando-se o cateter que utilizamos atualmente. Os principais objetivos da monitorização da artéria pulmonar são: - Avaliar a função ventricular direita ou esquerda. - Monitorizar as mudanças do estado hemodinâmico. - Orientar a terapêutica com agentes farmacológicos e não farmacológicos e fornecer dados indicativos de prognóstico. Parâmetros que o Cateter de Swan-Ganz avalia: Pressão do Átrio Direito (PAD) 2 a 8 mmHg Valores menores que 2 mmHg, podem estar associados à hipovolemia, vasodilatação periférica ou aumento da contratilidade miocárdica. Pressões elevadas do AD podem indicar aumento do volume sanguíneo causado por vasoconstrição periférica ou sobrecarga de volume, falência do ventrículo direito (VD), insuficiência tricúspide, tamponamento cardíaco, embolia pulmonar e doença obstrutiva crônica (DPOC). Pressão do Ventrículo Direito (PVD) Sistólica: 15 a 30 mmHg Diastólica: 2 a 8 mmHg Aumentada por hipoxemia, síndrome da angustia respiratória aguda (SARA), embolia pulmonar, doença obstrutiva crônica (DPOC), sobrecarga pulmonar secundária à disfunção do ventrículo esquerdo. Pressão da Artéria Pulmonar (PAP) Sistólica: 15 a 30 mmHg Diastólica: 4 a 12 mmHg Média: 7 a 18 mmHg A queda da PAP pode indicar hipovolemia. Um aumento da PAPS indica aumento do fluxo sanguíneo, ou aumento da resistência ao fluxo sanguíneo, causado por pericardite, doença da valva mitral, hipoxemia, falência de VE. Um aumento da PAPD é observado em pacientes com doença do parênquima pulmonar, embolia pulmonar e taquicardia. Pressão de Artéria Pulmonar Ocluída (POAP) ou Pressão de Capilar Pulmonar (CAP) 8 a 12 mmHg A diminuição da PAOP indica hipovolemia. Pressões elevadas são causadas por sobrecarga de volume, falência do VE, estenose ou insuficiência mitral, tamponamento cardíaco ou derrame pericárdico. Assistência de enfermagem cateter de Swan-Ganz Preparar kit de instalação Materiais e soluções para antissepsia Anestésico local Posicionar o paciente em DDH Observar permeabilidade do cateter Observar presença de sinais flogísticos Atentar para fixação do cateter Anotar os valores obtidos em impresso próprio Comunicar ao enfermeiro alterações nos valores Após a punção do sítio de inserção, o médico procede da mesma forma que um cateter central, diferenciando apenas pela colocação de um introdutor que irá proteger o cateter; o balonete do cateter é insuflado e começa a ser inserido dentro do introdutor, vamos acompanhar a introdução do cateter pelo monitor, onde visualizamos a morfologia da curva de pressão, cada câmara cardíaca tem uma curva específica, permitindo identificar a localização do cateter. ABP: pressão arterial sistêmica CVP: pressão venosa central PAP: pressão na artéria pulmonar PCWP: pressão de oclusão da artéria pulmonar Reconhecendo e atuando nos agravos cardiovasculares Insuficiencia Cardiaca Congestiva A principal causa de insuficiência cardíaca é a isquemia cardíaca ou o infarto do miocárdio. Logo, quanto mais extenso for o infarto, mais músculo morrerá, consequentemente, mais fraco fica o coração. Se o infarto necrosar uma grande área, o paciente morre por falência da bomba cardíaca. Outra causa comum de insuficiência cardíaca é a hipertensão não tratada. Quando o paciente apresenta uma pressão arterial elevada, o coração precisa fazer mais força para vencer essa resistência e distribuir o sangue pelo corpo. Como todo músculo quando exposto a um estresse, a parede dos ventrículos começa a crescer e ficar mais forte. É a hipertrofia cardíaca. O que parece algo bom, na verdade é a fase precoce de uma insuficiência cardíaca. A hipertrofia do coração que ocorre na hipertensão é diferente daquela que ocorre nos atletas que possuem o coração mais forte. Reparem na figura abaixo que o coração hipertrofiado pela hipertensão apresenta as paredes mais grossas e consequentemente menos espaço para o ventrículo se encher de sangue. Apesar de estar mais musculoso, o coração se enche menos e por isso bombeia menos sangue a cada batida (sístole). Essa é a fase de insuficiência cardíaca diastólica, ou seja, o coração não consegue se encher na diástole, período de relaxamento do coração que ocorre entre as sístoles (contrações cardíacas). Se a hipertensão não for tratada, o coração continua a sofrer até o ponto em que não consegue mais se hipertrofiar. Depois de muito tempo sofrendo estresse o músculo cardíaco começa a se estirar e o coração fica dilatadoassim o músculo que tem pouca capacidade de contração e um coração que já não consegue bombear o sangue adequadamente. O órgão se torna grande e insuficiente. Nas radiografias abaixo, podemos ver um coração normal à esquerda e um coração insuficiente e dilatado à direita. Existem várias outras doenças que causam insuficiência cardíaca, quase todas se encaixam em um dos exemplos acima de isquemia/lesão muscular/estresse cardíaco, como tabagismo, diabetes, obesidade, alcoolismo e doenças pulmonares; Sinais e sintomas Os sintomas da insuficiência cardíaca dependem da câmara mais afetada e da gravidade do quadro. A insuficiência do ventrículo esquerdo se manifesta com sintomas de baixo débito de sangue para o corpo. O principal é a fraqueza e o cansaço aos esforços. Nas fases avançadas da insuficiência cardíaca, o paciente pode se cansar com tarefas simples como tomar banho e pentear o cabelo. Outro sintoma típico é a falta de ar ao deitar. A incapacidade de bombear o sangue para os tecidos causa um acúmulo do mesmo nos pulmões. O sangue que sai dos pulmões não consegue chegar eficientemente ao coração porque esse não consegue bombear o sangue que já se encontra dentro dele. Essa lentidão no fluxo pulmonar causa extravasamento chamado de congestão pulmonar. Em casos graves desenvolve-se o edema pulmonar o edema do pulmão é uma urgência médica. Se houver uma insuficiência do coração direito associado, esses edemas são ainda maiores, pois além do excesso de água, o ventrículo direito não consegue fazer com que o sangue das pernas chegue aos pulmões. Ocorre então um grande represamento de sangue nos membros inferiores e grandes inchaços. Dependendo do grau de disfunção cardíaca, pode haver edemas até a barriga, chamado de ascite. A imagem típica da insuficiência cardíaca grave é a do doente com inchaços nas pernas, cansado mesmo em repouso, com tosse e expectoração esbranquiçada (congestão pulmonar) e intolerância ao decúbito (não consegue deitar). Tratamento O tratamento é feito com restrição de sal e água, diuréticos, anti-hipertensivos e medicamentos que aumentam a força cardíaca como a digoxina. Obesos devem emagrecer fumantes têm que largar o cigarro, álcool deve ser evitado e exercícios supervisionados para reabilitação cardíaca são indicados. A pressão arterial deve ser controlada com rigor. Nos casos terminais a única solução é o transplante cardíaco. Por isso, o melhor tratamento ainda é a prevenção. Cuidados de enfermagem Monitorizar a ingesta e a excreta a cada 2 horas; Manter a posição de Fowler para facilitar a respiração; Avaliar a distensão venosa jugular, edema periférico; Promover restrição hídrica. Estimular e supervisionar a respiração profunda; Executar exercícios ativos e passivos com os MMII; Pesar o paciente diariamente; Realizar balanço hídrico; Oferecer dieta leve, fracionada, hipossódica, hipolipídias; Doenças coronarianas São assim classificadas todas aquelas doenças que se relacionam ao coração. Dentre elas, as mais comuns e principais causas de morte no mundo são a angina pectoris (angina do peito) e o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). A cardiopatia Isquêmica, também conhecida como coronariopatia é o nome dado a um conjunto de doenças do coração que estão intimamente relacionadas. Dependendo da velocidade de desenvolvimento e intensidade da isquemia (falta de oxigenação no tecido cardíaco), pode ocorrer à manifestação de quatro diferentes doenças, que são: Angina Pectoris; Infarto Agudo do Miocárdio; Cardiopatia Isquêmica Crônica; Morte Súbita Cardíaca. O termo cardiopatia ou coronariopatia isquêmica resulta quando o problema se relaciona com a morte de células do tecido cardíaca, por deficiência ou falta de oxigenação correta da região. Isto ocorre principalmente pela redução do diâmetro das artérias coronarianas (vasos sanguíneos que irrigam o músculo cardíaco). Essa obstrução, na maioria dos casos se dá devido à arteriosclerose. Angina pectoris Caracterizada por dor ou desconforto torácico (no peito) causada por isquemia do miocárdio. Esta condição pode levar ao Infarto Agudo do Miocárdio ou a morte súbita cardíaca. Pode se apresentar em três diferentes padrões: Angina estável ou típica, provocada por esforço, estresse emocional e taquicardia, é aliviada por repouso. Angina de Prinzmetal ou variante. Este padrão pode ocorrer mesmo em repouso e é aliviado por vasodilatadores. Angina instável é a forma mais grave com a dor mais intensa e prolongada, também chamada de "angina pré-infarto". Infarto agudo do miocárdio (IAM) Responsável pela maioria das mortes dentro das cardiopatias isquêmicas mata mais do que todas as formas de câncer que existem. A incidência do IAM aumenta com a idade, sendo mais comum entre 45 e 54 anos. A principal causa de IAM é a aterosclerose coronariana (mais de 90% dos casos). O IAM pode ocorrer em um período bem variável, de alguns minutos à horas. Tipicamente, o início é súbito, com dor precordial intensa que pode se irradiar para o ombro esquerdo, braço ou mandíbula. A dor é geralmente acompanhada por sudorese, náuseas, vômitos ou dispneia. Cardiopatia isquêmica crônica Também conhecida como "cardiomiopatia isquêmica" e "cardiomiopatia coronariana". Esta doença ocorre geralmente em idosos e é o resultado do desgaste lento do músculo cardíaco por isquemia prolongada. O paciente geralmente apresenta quadro anterior de angina ou infarto do miocárdio. Morte súbita cardíaca É a morte inesperada provocada por diferentes formas de cardiopatia, no período de 1 a 24 horas após o início dos sintomas agudos (alguns autores defendem um período de até 1 hora). Aproximadamente 80% das vítimas apresentam quadro de arteriosclerose estenosante (estreitamento do vaso sanguíneo provocada por depósitos de gordura na parede do mesmo). Fatores de risco Tabagismo Álcool Sedentarismo (falta de exercícios físicos) Hipertensão Diabetes Hipercolesterolemia (pessoas que possuem altos níveis de colesterol no sangue) Stress físico e emocional. Prevenção Prática de exercícios físicos regularmente Não fumar, não beber com exagero. Controlar doenças como a hipertensão, o diabetes, a hipercolesterolemia. Buscar combater o estresse físico e emocional. Fazer exames médicos pelo menos uma vez ao ano, principalmente se você faz parte do grupo de risco ou é de meia idade. Assistência de enfermagem: Proporcionar um ambiente adequado para o repouso físico e mental; Fornecer oxigênio e administrar opiáceos (analgésico e sedativo) e ansiolíticos prescritos para alívio da dor e diminuição da ansiedade; Prevenir complicações, observando sinais vitais, estado de consciência, alimentação adequada, eliminações urinária e intestinal e administração de trombolíticos prescritos; Auxiliar nos exames complementares, como eletrocardiograma, dosagem das enzimas no sangue, ecocardiograma, dentre outros; Atuar na reabilitação, fornecendo informações para que o cliente possa dar continuidade ao uso dos medicamentos, controlar os fatores de risco, facilitando, assim, o ajuste interpessoal, minimizando seus medos e ansiedades; Repassar tais informações também à família Arritmias Cardíacas A arritmia significa uma alteração do ritmo normal do coração, produzindo frequências cardíacas rápidas, lentas e/ou irregulares. Também é conhecida como disritmia ou ritmo cardíaco irregular. Há diversas causas como doenças das artérias coronárias, doenças do músculo cardíaco (miocardiopatias ou insuficiência cardíaca), doenças valvares, doenças infecciosas (doençade chagas), alterações nas concentrações de eletrólitos (sódio, potássio e cálcio) no corpo, pós-cirurgia cardíaca ou congênita (defeito presente desde o nascimento). As arritmias dividem-se em dois tipos, de acordo com a frequência: 1) Taquicardias: A frequência cardíaca é maior que 100 batimentos por minuto. Podem ser decorrentes de ansiedade, medicações ou exercício. A frequência cardíaca é considerada anormal quando ocorre um aumento súbito, desproporcional ao esforço realizado, e podem ocorrer em diversas circunstâncias (repouso, sono, atividades diárias ou exercício). 2) Bradicardias: A frequência cardíaca é menor que 60 batimentos por minuto, podendo ser normal durante o repouso, pelo uso de medicações ou em atletas. Quanto ao local de origem subdividem-se em: Arritmias Supraventriculares: aquelas relacionadas à parte superior do coração (átrios) e ao nódulo atrioventricular Arritmias Ventriculares: aquelas arritmias relacionadas aos ventrículos (câmaras inferiores do coração). Eletrocardiograma de arritmia Ventricular Eletrocardiograma de arritmia Supraventricular Tipos de Taquicardias Taquicardia Atrial: é um ritmo rápido do coração que se origina nos átrios. Flutter Atrial: é uma arritmia causada por circuitos elétricos de condução lenta que se originam nos átrios e promovem um ritmo rápido e regular do coração. Fibrilação atrial: impulsos elétricos extras originados nos átrios que desencadeiam batimentos rápidos, desorganizados e irregulares. Extrassístole ventricular: impulso elétrico extra originado no ventrículo que promove batimento antes do tempo. Taquicardia Ventricular: impulso elétrico originado nos ventrículos que promove um ritmo rápido e potencialmente ameaçador da vida. Geralmente, é uma emergência médica. Fibrilação Ventricular: é um ritmo rápido, desorganizado e errático, que não produz contração ventricular que causa morte súbita e necessita de imediata ressuscitação cardiopulmonar e desfibrilação (choque elétrico). Tipos de Bradicardias Existem 3 tipos básicos de bradicardias, dependendo do local onde ocorre o bloqueio do sistema elétrico do coração. Quando bloqueio ocorre no nódulo sinusal, que é o marca-passo natural do coração, chama-se de disfunção do nódulo sinusal. Além disso, o bloqueio do impulso elétrico pode ocorrer no nódulo atrioventricular ou nos ramos direito ou esquerdo do sistema elétrico do coração. O importante é que todos esses tipos de bloqueio podem levar à diminuição do número de batimentos cardíacos e causar sintomas como tonturas e desmaios. Dependendo do tipo de bloqueio, e dos sintomas que ele esteja causando, pode haver necessidade de implantar um marca- passo artificial. Sintomas Os sintomas das arritmias são bastante variáveis, podendo ser silenciosa (não apresentar sintomas). Elas podem ser diagnosticadas pelo médico durante exame cardiológico (exame do pulso e ausculta do coração com aparelho específico). O sintoma mais comum é a palpitação. Podem ocorrer também desmaios (recuperação rápida, espontânea e sem alterações motoras), tonteiras, falta de ar, mal-estar, sensação de peso no peito, fraqueza, fadiga, dor no peito, entre outros. Os sintomas que indicam gravidade são confusão mental, pressão baixa, dor no peito e desmaios. Caso ocorra algum desses sintomas, é necessário realizar atendimento médico de urgência para evitar morte do paciente. Eletrocardiograma (ECG) O trabalho cardíaco produz sinais elétricos que passam para os tecidos vizinhos e chegam à pele. Assim, com a colocação de eletrodos no peito, podemos gravar as variações de ondas elétricas emitidas pelas contrações do coração. O registro dessas ondas pode ser feito numa tira de papel ou num monitor e é chamado de eletrocardiograma (ECG). No coração normal, um ciclo completo é representado por ondas P, Q, R, S, T, com duração total menor do que 0,8 segundos. Neste gráfico se distingue uma onda P que corresponde à contração das aurículas, e um consecutivo complexo QRS determinado pela contração dos ventrículos. Conclui o ciclo uma onda T. Muitas alterações cardíacas determinam uma modificação da onda eletrocardiográfica normal, de modo que o eletrocardiograma representa um precioso meio de diagnóstico. Cateterismo cardíaco Cateterismo cardíaco, também conhecido como coronariografia ou angiografia coronariana é uma angiografia, um exame radiológico onde podemos analisar os vasos sanguíneos. A teoria do exame é simples: 1 - O medico escolhe um vaso a ser estudado, por exemplo, as artérias coronárias. 2 - Através de uma punção da artéria femoral (que fica na coxa), ou na artéria radial (no braço), é introduzido um longo cateter pela artéria aorta até chegar ao coração, no ponto onde nascem as artérias coronárias. 3 - Através deste cateter administra-se seguidamente pequenos volumes de contraste venoso radiopaco fazendo com que o mesmo, ao passar pelas coronárias, de modo a torná-las visíveis através de um exame de raios-X. Ao invés de uma radiografia simples, na coronariografia, obtemos várias imagens seguidas, fazendo um filme de toda a passagem do contraste pelas artérias. Se uma das artérias estiver com seu interior preenchido por placas de colesterol que obstruam a passagem de sangue, elas também estarão obstruindo a passagem do contraste, sendo isto facilmente perceptível durante a angiografia. A coronariografia é atualmente o melhor método para o diagnóstico das obstruções das artérias coronárias. Angioplastia A angioplastia é um procedimento não cirúrgico no qual é possível desobstruir artérias com deficiente fluxo de sangue causado por placas de colesterol em sua parede. A angioplastia pode ser feita em várias artérias do corpo. A angioplastia é realizada imediatamente após a coronariografia. Uma vez identificada à artéria obstruída, um balão especial para angioplastia é inserido desinflado pelo cateter que agora está localizado dentro da artéria coronária doente. Ao chegar ao local da placa, este balão é inflado até uma pressão de 20 atmosferas, tornando- o inacreditavelmente duro, capaz de literalmente esmagar a placa de gordura, abrindo novamente a luz da artéria e permitindo que o fluxo de sangue retorne ao normal. Angioplastia com stent O stent é uma prótese metálica expansível, em forma cilíndrica, que é implantada logo após a angioplastia pelo balão com o intuito de diminuir a chance da artéria coronária ficar novamente obstruída por aterosclerose com o passar do tempo. O processo de implantação do stent é igual ao da angioplastia. A angioplastia com stent é um procedimento razoavelmente simples e o paciente costuma ter alta no dia seguinte, ficando internado durante a noite apenas para observação. Ao final do procedimento, o cateter é removido e o paciente deve ficar deitado por algumas horas com compressão sobre a artéria femoral para evitar a formação de hematomas no local da inserção do cateter. O paciente com stent normalmente precisa tomar medicamentos que inibam a ação das plaquetas para inibir a formação de coágulos e a trombose do stent. Quando aplicável, o controle do diabetes, da hipertensão, do colesterol, a perda de peso e parar de fumar são fatores essenciais para impedir a trombose do stent. Complicações do cateterismo e da angioplastia com stent Não existe procedimento médico invasivo sem riscos. As complicações do cateterismo cardíaco são incomuns se tomadas todas as devidas precauções, mas sempre existe um pequeno risco de surgirem problemas. Entre as possíveis complicações, podemos citar: - Alergia ao contrate venoso - Hematomas e sangramentosno local da punção - Embolização de fragmentos do trombo após a angioplastia - AVC - Infarto agudo do miocárdio - Rotura da artéria coronária - Arritmia cardíaca Cuidados pré-angioplastia coronária: Orientar paciente sobre o procedimento; Jejum de 05 horas; Tricotomia Venóclise em MSE, para manter veia; Administrar tranquilizante VO, 01 hora antes do exame; Verificar SSVV; Retirar prótese dentária; Não retirar aparelho auditivo, se houver; Retirar anéis, pulseiras, brincos, correntes, todos os tipos de adornos; Estimular micção; Providenciar ECG recente; Pesquisar alergias; Verificar se cateterismo prévio; Encaminhar com prontuário completo. São necessários também: Reservar leito na UTI; Reservar sala cirúrgica; Checar disponibilidade de equipe cirúrgica; Reservar bolsa de sangue do mesmo tipo do paciente; Seguir protocolo médico de medicações. Cuidados pós-angioplastia coronária: Após a angioplastia coronária o paciente é mantido com anticoagulação plena por 12 a 24 horas. A bainha do introdutor é retirada depois deste período quando a coagulação estiver normal. Repouso absoluto; Posição de Fowler; Controlar bomba de infusão de Nitroglicerina e Heparina; Controlar PA e P cada meia hora (4 vezes ), depois de hora em hora; Verificar curativo na região inguinal a cada hora; Dieta leve; Retirar bainha do introdutor após normalização de coagulação sanguínea, se necessário anestesiar o local. Proceder a cuidados pós-cateterismo diagnóstico por punção femoral. Marcapasso O equipamento de marca-passo cardíaco é um dispositivo eletrônico utilizado para iniciar o batimento, quando o sistema intrínseco do coração é incapaz de gerar uma frequência cardíaca adequada à manutenção do débito cardíaco. Ele emite um estímulo elétrico ao coração determinando sua despolarização e a consequente contração do miocárdio. Existem vários tipos de marca-passo, dentre eles os mais utilizados em terapia intensiva são: 1. Marcapasso Transvenoso 2. Marcapasso Transcutâneo 3. Marcapasso Definitivo Marcapasso Marcapasso Transvenoso Composto por uma bateria externa, o coração é estimulado por meio de impulsos elétricos gerados por um cabo- eletrodo, colocado geralmente dentro do ventrículo direito, onde é inserido por um acesso venoso central (subclávia ou jugular). Marcapasso Transcutâneo Também chamados de marcapasso transtorácico, compõe-se de duas pás de eletrodos descartáveis e adesivas que são fixadas no tórax e dorso do paciente e conectadas a um aparelho de desfibrilador ajustado no modo de marcapasso. Muito utilizado nas emergências que envolvem as bradiarritmias e bloqueios atrioventriculares com repercussão hemodinâmica que não respondem adequadamente as drogas. Marcapasso Definitivo É um equipamento totalmente implantado, onde a bateria se localiza no subcutâneo e os fios bicamerais são posicionados no átrio e no ventrículo. Necessita ser colocado através de procedimento cirúrgico. Cuidados de Enfermagem com Marcapasso Transcutâneo Tem a aplicação simples e fácil, devendo ser utilizado até que um marcapasso transvenoso ou definitivo sejam providenciados. Orientar o paciente sobre o procedimento a ser realizado. Conectar os eletrodos (pás adesivas) do marcapasso ao cabo e ao aparelho (desfibrilador) Realizar se necessário à tricotomia do tórax para que as pás fiquem bem aderidas Limpar a região da pele com álcool ou água e sabão para retirar a camada de gordura da pele Se necessário, utilizar gel condutor. Coloque uma pá posicionadas no tórax do paciente (lado superior direito) e a outra pá no tórax inferior esquerdo Ligar o desfibrilador, selecionando a frequência de demanda e a corrente indicadas pelo médico Auxiliar o médico no uso de analgésicos ou sedação se necessário, pois é um procedimento incômodo para o paciente por produzir estímulos elétricos e sensação de choque. Manter o paciente constantemente monitorado (FC, FR, Oximetria). Ficar atento para sinais de baixo débito cardíaco, queda na perfusão periférica, palidez cutânea. Manter o paciente com o marcapasso transcutâneo até sua estabilização e o implante de um marcapasso transvenoso ou definitivo. Cuidados de Enfermagem com Marcapasso Transvenoso O implante do marcapasso transvenoso é realizado também em situações de emergência, em casos de bradiarrtimias e bloqueios atrioventriculares, com a introdução de um eletrodo em contato físico com o endocárdio através de um acesso vascular central. Sua passagem é semelhante à passagem de um acesso venoso central (intracath, por exemplo). Antes de se iniciar a passagem, cheque se a bateria do equipamento está funcionando adequadamente e certifique-se de que ajam pilhas reservas. Oriente o paciente sobre o procedimento Mantenha o paciente em monitorização constante Auxilie o médico no ato da passagem do marcapasso transvenoso Durante o implante, fique atento a possíveis arritmias. Adapte o cabo do marcapasso aos terminais do eletrodo no gerador de pulso, respeitando os pólos positivo e negativo (geralmente por cores Vermelho é positivo e Preto é negativo). Realize o curativo da inserção conforme protocolo do CCIH Registre em prontuário os parâmetros selecionados pelo médico (frequência cardíaca, amplitude de pulso). Caso necessite desfibrilação, o gerador deve ser desligado. Fixe o gerador de preferência no tórax do paciente para evitar que o eletrodo se desloque. Cuidados de Enfermagem com Marcapasso Definitivo O implante do MPD é realizado no centro cirúrgico ou na sala de hemodinâmica, com o paciente sob anestesia local ou geral. Na UTI, quando temos um paciente que irá ser submetido ao implante de um MPD, devemos nos certificar que este paciente encontra-se em jejum, realizar a tricotomia local (geralmente na região do tórax superior) e encaminhá-lo ao setor para a realização do implante. O pós- operatório é simples, os curativos diários deverão ser realizados conforme protocolo já estabelecido e o cartão de identificação do paciente, relatando que ele é portador de um MPD deve ser entregue à alguém da família orientando-os da importância de ter o cartão sempre junto consigo. Reconhecendo e atuando nos agravos Respiratórios As doenças respiratórias são as que afetam o trato e os órgãos do sistema respiratório. Os Principais fatores de risco: o tabagismo, a poluição, a exposição profissional a poluentes atmosféricos, as condições alérgicas e doenças do sistema imunitário, entre outros. Broncopatias: doenças dos brônquios, como a asma, a bronquiectasia e a bronquite. Pneumopatias: grupo de doenças pulmonares, entre as quais se destacam a atelectasia, neoplasias pulmonares, tuberculose pulmonar, hipertensão pulmonar, pneumopatias obstrutivas, pneumonia, pneumopatias fúngicas, pneumopatias parasitárias, síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido. Transtornos respiratórios: são assim designadas as doenças respiratórias em geral ou aquelas que não são uma doença específica. Neste grupo incluem-se a apneia, síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido, dispneia, insuficiência respiratória, hiperventilação, etc. A tosse, a rouquidão, a aspiração de mecônio, respiração bucal, laringismo, síndrome do desconforto respiratório do adulto, também são considerados transtornos respiratórios. Doenças torácicas: doenças que afetam o tórax. Doenças nasais: doenças do nariz em geral ou não especificadas. Exemplos de doenças nasais são as neoplasias nasais, doençasdos seios paranasais e a rinite. A epistaxe (derramamento de sangue pelas fossas nasais), a obstrução nasal, as deformidades adquiridas nasais, a rinoscleroma (infecção) e os pólipos nasais (tumores) integram-se também nas doenças nasais. Infecções respiratórias: infecções do trato respiratório superior. Resultam dessas infecções as seguintes doenças: empiema pleural, bronquite, laringite, pneumopatias fúngicas, pneumopatias parasitárias, pleurisia, pneumonia, rinite, sinusite, tonsilite, tuberculose pleural, tuberculose pulmonar, coqueluche, resfriado comum, influenza, abcesso pulmonar, faringite, rinoscleroma, síndrome respiratória aguda grave, traqueíte (inflamação da traqueia) e tuberculose laríngea. Doenças da traqueia: incluem neoplasias da traqueia, estenose traqueal (estreitamento patológico da traqueia), traqueíte, fístula traqueoesofágica. Doenças da laringe ou laringopatias: doenças da laringe em geral ou não especificadas, entre as quais se contam a laringite, os distúrbios da voz, o edema laríngeo, as neoplasias laríngeas, a laringoestenose, a tuberculose laríngea, a paralisia das cordas vocais. Estas doenças relacionam-se também com as otorrinolaringopatias. Doenças pleurais: empiema pleural, hemotórax (derrame de sangue no tórax), derrame pleural, neoplasias pleurais, pleurisia e tuberculose pleural, bem como quilotórax (derrame de quilo na cavidade pleural), hemopneumotórax, hidropneumotórax, hidrotórax e pneumotórax. Neoplasias do trato respiratório: neoplasias pulmonares, pleurais e nasais. Insuficiência respiratória: É uma alteração na função do sistema respiratório, que faz com que a PO2 caia abaixo de 50 mmHg (hipoxemia) ou a PCO2 se eleve acima de 50 mmHg (hipercapnia), conforme determinado na gasometria arterial. Classificação 1- I.R. AGUDA: caracterizada por hipoxemia ou hipercapnia e acidemia (pH inferior a 7,35; ocorrendo rapidamente, em geral dura dias ou horas; 2- I.R. CRÔNICA: caracterizada por hipoxemia ou hipercapnia e pH normal (7,35- 7,45): ocorrendo em período de meses ou anos > mecanismos compensatórios; Síndrome de Angústia Respiratória do Adulto (SARA): É uma síndrome clínica, chamada de edema pulmonar não cardiogênico, em que o paciente apresenta hipoxemia grave e complacência diminuída dos pulmões, levando ao quadro de Insuficiência Respiratória; Pneumonia: É um processo inflamatório que envolve as vias aéreas terminais e os alvéolos pulmonares, causados por agentes infecciosos. Tuberculose (TB): É uma infecção causada por uma bactéria (Mycobacterium tuberculosis), normalmente de uma pessoa a outra através do ar. Em geral, infecta o pulmão, mas pode ocorrer em quase todos os locais do corpo; Derrame pleural: É uma coleção de líquido no espaço pleural, sendo quase sempre secundário a outras doenças. Bronquiectasia: É a dilatação e distorção irreversível dos brônquios em decorrência da destruição dos componentes elástico e muscular de sua parede. DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: é uma doença crônica, progressiva e irreversível que acomete os pulmões e tem como principais características a destruição de muitos alvéolos e o comprometimento dos restantes. As patologias que constituem a DPOC são bronquite crônica, enfisema pulmonar e asma. Bronquite Crônica: A bronquite crônica é definida como uma inflamação dos brônquios. Geralmente, surge depois de 20 a 30 anos de exposição dos brônquios a fatores irritantes, como o tabaco, poluição do ar, entre outras fontes. Sua ocorrência é mais comum em mulheres do que em homens. Enfisema Pulmonar: Esta é uma doença crônica, na qual ocorre destruição gradativa dos tecidos pulmonares, passando estes a ficarem hiperinsuflados. Normalmente sua etiologia reside na exposição prolongada ao tabaco ou produtos químicos tóxicos. Asma: A asma, também conhecida como asma brônquica ou bronquite asmática, é uma afecção pulmonar caracterizada pela inflamação das vias aéreas, que leva à diminuição ou até mesmo obstrução do fluxo de ar. Sua fisiopatologia está ligada a fatores genéticos e ambientais, manifestando-se por meio de crises de falta de ar. As patologias respiratórias são diagnosticadas através da observação clínica, através de técnicas e meios complementares de diagnóstico, entre os quais: testes da função respiratória, testes de sons respiratórios, broncografia, broncoscopia, laringoscopia, radiografia pulmonar de massa, testes de provocação nasal. Cada doença tem sintomas específicos, que só o médico pode avaliar. Contudo, a tosse, a rouquidão, congestão nasal, dores no peito, dores de garganta, garganta irritada, dificuldade em respirar quando não está a fazer esforço (a subir escadas, a andar, a fazer exercício), dispneia, entre outros, são sintomas de doença respiratória. Assistência de enfermagem Avaliar nível de consciência e capacidade de tolerar o aumento do trabalho respiratório; Avaliar sinais de hipoxemia e hipercapnia Observar aspecto da secreção Observar sinais de ansiedade, rubor facial, respiração superficial, confusão mental e desorientação. Tapotagem e vibração > Fisioterapia Respiratória Monitoração para complicações Determinar o estado hemodinâmico e comparar com valores prévios; Analisar a gasometria e comparar com valores prévios; Melhorar a troca gasosa: Med. ATB, cardiotônicos, diuréticos, administrar O2, balanço hídrico, promover a expansão torácica, realizar gasometria arterial e comparar com valores prévios; Mantendo a via aérea pérvia: Nebulização com vasodilatadores, hidratação, aspirar, auxiliar na intubação; Educação p/ manutenção da saúde: Ingesta medicamentosa, atentar aos riscos ambientais e climáticos, retornos ambulatoriais. Evitar exposição a irritantes respiratórios Notificar ao médico complicações; Drenagem torácica Consiste no esvaziamento de conteúdo líquido ou gasoso patologicamente retido na cavidade pleural. A colocação de um dreno torácico é um procedimento corrente que pode ser realizado com segurança numa Unidade de Cuidados Intensivos. Indicações Pneumotórax: ocorre pneumotórax quando há acumulação de ar na cavidade pleural, eliminando a pressão negativa normal e fazendo com que o pulmão perca contato com a parede torácica e colapse. Hemotórax: é a acumulação de sangue no espaço pleural Empiema: é uma coleção de líquido infectado, purulento no espaço pleural. Quilotórax: é o acúmulo de linfa no espaço pleural. É uma causa pouco frequente, mas importante de derrame pleural, com diagnóstico usualmente difícil. Trauma: um doente politraumatizado com lesão torácica, dificuldade respiratória e enfisema subcutâneo tem quase seguramente indicação para drenagem torácica urgente mesmo sem outra avaliação prévia. Material necessário para colocação de uma drenagem torácica - Mesa auxiliar - Foco auxiliar - Caixa pequena cirurgia padronizada pela instituição - Drenos tórax compatível com a finalidade - Gazes estéreis - Fios de sutura - Seringas e agulhas - Solução antisséptica - Luvas estéreis - Capote - Gorro cirúrgico - Máscaras - Anestésico local a 2% sem vasoconstritor - Lâmina de bisturi de acordo com cabo de bisturi - Frascos de sistema de drenagem - Soro fisiológico para preenchimento do frasco ou frascos - Fita adesiva - Recipiente para lixo Posição do paciente Como os drenos intercostais são quase invariavelmente colocados na linha axilar anterior, o doente deve estar posicionado em decúbito dorsal, com o hemitórax a drenar ligeiramente elevado com uma almofada, e o membro superior flectido sob a cabeça e preso para que mantenha sempre a mesma posição.O material necessário deve estar sempre acessível na Unidade de Cuidados Intensivos. A escolha do tubo de drenagem depende do material a drenar. O tubo é de plástico transparente com múltiplos orifícios laterais no seu terço distal e uma linha rádio opaca ao longo de todo o comprimento, para identificar facilmente a sua localização na cavidade pleural. Cuidados de enfermagem na Assistência á Drenagem Torácica Lavar as mãos, reunir material e levar para beira leito. Dispor material sobre mesa auxiliar Auxiliar o médico no posicionamento do tórax a ser drenado; elevar acima da cabeça e restringir o braço no lado a ser drenado. Colocar sobre campo estéril, fio de sutura, lâmina de bisturi e cateter de drenagem. Segurar anestésico para que o médico possa aspirar o conteúdo sem contaminar Despejar solução antisséptica na cuba rim Ajustar foco luz Atender paciente e o médico durante procedimento Preencher o frasco de drenagem com SF 0,9% conforme orientação médico Após introdução dreno, auxiliar na conexão deste á extremidade distal do sistema sem contaminar. Após termino do procedimento, descartar material perfuro cortante em recipiente especial (descarpack) e os demais no lixo hospitalar. Fazer curativo no local da inserção Registrar todo material utilizado, deixar paciente e a unidade em ordem. Identificar curativo com data, hora, nome do realizador e anotar no prontuário. Lavar mãos Ligar para o setor de raios-X para realização de raios-X de tórax. (confirmar posicionamento do dreno tórax) Cuidados Intensivos de Enfermagem Lavar as mãos, secar e fazer antissepsia com álcool 70% (ou seguir protocolo de cada instituição). Preencher o selo d´água com 300 ml de soro fisiológico 0,9%, ou 500 ml da mesma solução. (ou seguir protocolo da sua instituição) Após-instalação do dreno, a mensuração dos débitos dos drenos deverá ser feita a cada 6 hora ou intervalos menores caso haja registros de débitos superiores a 100 ml/hora. (casos de conteúdo liquido). A mensuração deverá ser feita colocando uma fita adesiva ao lado da graduação do frasco, onde o técnico de enfermagem deverá marcar com uma caneta o volume drenado marcando também a hora da conferência. A troca do selo d´água deverá ser feita a cada 12h. Clampear o dreno para que não haja entrada de ar para a cavidade torácica e após a troca, lembrar sempre que o dreno deve ser desclampeado. Os curativos na inserção dos drenos devem ser trocados diariamente utilizando os produtos preconizados pelo Serviço de Infecção Hospitalar de cada instituição Colocar frasco de drenagem no piso, dentro de suporte, próximo ao leito do paciente, ou dependurá-lo na parte inferior do leito, evitando-se desconexões acidentais ou tombamento do frasco. Nunca elevar frasco de drenagem acima do tórax sem ser clampeado. Lavar as mãos, conforme após procedimento e sempre que houver necessidade de "ordenhar" tubulação. Dreno de tórax Intubação endotraqueal A intubação traqueal é a passagem de um tubo através da boca ou do nariz até a traqueia. Está indicada nos casos em que se deseja manter as vias aéreas eficientes, a aspiração de secreções traqueobrônquicas, a ventilação assistida e/ou controlada com pressão positiva, evitar aspiração de conteúdo gástrico e diminuir o espaço morto anatômico e o trabalho respiratório. Ela pode ser realizada através das narinas (via nasotraqueal), boca (via oratraqueal) ou abertura na parede da traquéia (transtraqueal). Indicações • Incapacidade de proteger a via aérea do paciente (coma, arreflexia ou parada cardíaca). • Paciente grave com problema grave de oxigenação, que necessita de administração de altas concentrações de oxigênio. • Paciente com problema ventilatório sério que necessita de ventilação assistida. • Incapacidade do socorrista em ventilar o paciente inconsciente com métodos convencionais. Contraindicações • Falta de treinamento na técnica. • Falta de indicação precisa. • Proximidade do hospital de destino (contraindicação relativa). • Sangramento profuso na cavidade oral. • Lesão cervical. Material Os componentes–padrão de um kit de intubação incluem: • Laringoscópio com lâminas retas e curvas de tamanhos infantil e adulto • Pilhas extras e lâmpadas de reserva • Equipamento de aspiração • Cânulas traqueais de vários tamanhos, infantil e adulto. • Fio guia • Seringa de 10 ml • Lubrificante hidrossolúvel • Pinça de Magill • Dispositivo de detecção de dióxido de carbono no ar expirado • Material para fixar o tubo Após a checagem de todo o equipamento, selecione o tamanho adequado do tubo. Os tamanhos apropriados de tubos para mulheres são 7,0 a 8,0 mm d.i., e para homens 8,0 a 8,5 mm d.i. Entretanto, em uma emergência, um tamanho adequado de tubo tanto para mulher como para homem é 7,5 mm d.i. Alterações anatômicas e funcionais que dificultem a intubação endotraqueal: - Congênitas: encefalocele occipital, lábio leporino ou fenda palatina, deformidades craniofaciais; - Traumáticas: fraturas dos ossos da face, lacerações da face, queimaduras da face e retrações cicatriciais do pescoço; - Neoplásicas: tumores benignos e malignos das mais diversas origens como o higroma cístico, hemangionas de língua e lábios e tumores infiltrativos de face; - Inflamatórias e infecciosas: abscessos e epiglotites; - Metabólicas: obesidade, acromegalia, diabete mellito e hipotireoidismo; - Outras: alterações musculoesqueléticas e presença de corpos estranhos nas vias aéreas. Complicações da intubação endotraqueal: A intubação endotraqueal pode ser acompanhada de uma série de complicações. Elas podem ser desencadeadas pelo ato em si, pela presença do tubo na traqueia, pelo tempo de permanência do tubo na traqueia e após a extubação, como sequela das complicações anteriores. - Complicações devidas ao ato da intubação endotraqueal: lesões de partes moles, fraturas de dentes, lesões de cordas vocais, deslocamento de mandíbula, aspiração pulmonar, intubação brônquica seletiva, intubação esofágica, complicações sistêmicas (broncoespasmo, bradicardia ou taquicardia, hipertensão ou hipotensão e arritmias cardíacas), lesão de mucosa, aumento da produção de secreção e colapso pulmonar. - Complicações devidas à permanência do tubo traqueal: com a compressão das estruturas das vias aéreas haverá edema, ulceração, e com a cicatrização, granulomas e fibroses. Os balonetes de baixo volume residual e alta pressão podem causar isquemia, necrose e dilatação da parede traqueal. Pode ocorre extubação acidental e sinusite. Traqueostomia A traqueostomia é uma das operações mais antigas e era indicada quase que exclusivamente em situações de emergência, devido à obstrução da via respiratória causada pela difteria. Nos dias atuais, embora esta indicação quase inexista, persistem outras condições para sua realização. Atualmente é um procedimento com os objetivos de aliviar obstruções das vias aéreas superiores, oferecer suporte ventilatório prolongado, reduzir o espaço morto, facilitar a limpeza brônquica por aspiração, permitir um desmame mais rápido, diminuir o risco de lesões laríngeas e diminuir o risco de sequelas estenóticas da traqueia. A traqueostomia é uma técnica cirúrgica que inclui abertura da pele e planos musculares do pescoço, estabelecendo uma abertura na traqueia. É indicada para obstruções da laringe, em pacientes com grande quantidade de secreção na árvore brônquica e que necessita aspirações frequentes e também naqueles que precisam de assistência ventilatória acima de 10 dias, quando a canulação orotraqueal é substituída pela traqueostomia. Pelo
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