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HIGIENE DO TRABALHO II RISCOS OCUPACIONAIS QUALITATIVOS (QUÍMICOS, FÍSICOS,BIOLÓGICOS) PROF.A MA. ANA PAULA JAMBERS SCANDELAI Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Gestão Educacional: Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Felipe Veiga da Fonseca Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Luana Ramos Rocha Produção Audiovisual: Márcio Alexandre Júnior Lara Marcus Vinicius Pellegrini Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................5 1. HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO E DA HIGIENE OCUPACIONAL...................6 1.1. HISTÓRICO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO (SST) ..........................................................................6 1.1.1. EVOLUÇÃO EUROPEIA E AMERICANA .............................................................................................................6 1.1.2. EVOLUÇÃO BRASILEIRA ...................................................................................................................................8 1.2. FUNDAMENTOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO ........................................................................................... 10 1.2.1. SEGURANÇA DO TRABALHO ........................................................................................................................... 10 1.2.2. LEGISLAÇÕES RELACIONADAS À SEGURANÇA DO TRABALHO ................................................................. 10 1.2.3. ACIDENTE DO TRABALHO .............................................................................................................................. 11 1.2.3.1. ACIDENTE, INCIDENTES E DOENÇAS OCUPACIONAIS ............................................................................. 11 HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO E DA HIGIENE OCUPACIONAL PROF.A MA. ANA PAULA JAMBERS SCANDELAI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: HIGIENE DO TRABALHO II - RISCOS OCUPACIONAIS QUALITATIVOS (QUÍMICOS, FÍSICOS,BIOLÓGICOS) 4WWW.UNINGA.BR 1.2.3.2. FATORES E CAUSAS GERADORAS DE ACIDENTES DO TRABALHO ....................................................... 11 1.2.3.3. CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES ........................................................................................................... 13 1.2.3.4. COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO (CAT) ............................................................................... 14 1.3. TRABALHO SEGURO .......................................................................................................................................... 15 1.4. HIGIENE DO TRABALHO ..................................................................................................................................... 19 1.4.1. RISCO ................................................................................................................................................................. 19 1.4.2. PERIGO ............................................................................................................................................................. 21 1.4.3. RISCOS AMBIENTAIS ...................................................................................................................................... 21 1.4.4. AGENTE DE RISCO ..........................................................................................................................................22 1.4.5. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E DE PERICULOSIDADE..........................................................................24 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................... 26 5WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Em função das diferentes atividades laborais que oferecem riscos aos trabalhadores, tem sido crescente a preocupação com a saúde e a segurança do trabalhador. Diante disso, o setor de “Segurança e a Saúde no Trabalho” do Ministério do Trabalho, visando à proteção e prevenção dos riscos e dos danos relativos a eles, sobre a vida e saúde dos trabalhadores, atua por meio de políticas públicas e ações de fiscalização. Na disciplina de “Higiene do trabalho II - riscos ocupacionais quantitativos e qualitativos” serão abordados, em quatro unidades, desde os conceitos básicos dos agentes ambientais (químicos, físicos e biológicos), até a avaliação qualitativa e controle desses riscos. Nessa primeira unidade, será abordada a evolução histórica da segurança do trabalho na Europa, nos EUA e no Brasil, desde a Pré-Revolução Industrial, até os dias atuais. Serão discorridas sobre as legislações e alguns conceitos importantes relacionados à saúde e segurança do trabalho (SST) para que você, profissional de segurança do trabalho, entenda um pouco mais sobre o meio de trabalho que irá atuar. Sobre os acidentes ocupacionais, serão apresentadas as suas principais causas e consequências, bem como a importância do registro da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). Também será abordado sobre o dever das empresas e do trabalhador, bem como a importância dos treinamentos, para garantir a existência de um trabalho seguro à saúde e segurança dos trabalhadores. Por fim, esta unidade discorrerá sobre a importância de um trabalho seguro e, sobre a higiene do trabalho, será iniciada a apresentação dos riscos ambientais e dos seus agentes de risco, e o que apresenta a legislação sobre as atividades consideradas insalubres e perigosas. 6WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO E DA HIGIENE OCUPACIONAL 1.1. Histórico da Saúde e Segurança do Trabalho (SST) 1.1.1. Evolução europeia e americanaO período Pré-revolução Industrial, até 1760, foi marcado pela produção manual, em que os artesãos criavam os produtos manualmente e, dependendo do tipo de produto, máquinas simples eram utilizadas como auxiliares aos processos produtivos. Esses locais de trabalho funcionavam na própria residência do artesão que comandava os processos, sendo responsável desde a obtenção de matéria-prima até a comercialização dos produtos acabados (FIORI, 2018). A prevenção das dores sentidas, principalmente nas costas, durante a execução desses trabalhos, no período que antecedia a Revolução Industrial, se dava pelo uso da medicina preventiva, iniciada no ano de 1200 a.C. por Higéia, filha de Esculápio, o deus da medicina na Mitologia Grega, para aliviar ou prevenir dores de seu pai. A primeira intoxicação ocupacional pelo metal chumbo, em trabalhadores mineiros e metalúrgicos foi identificada por Hipócrates, o pai da medicina. Para prevenção da inalação de poeiras e fumos do metal chumbo nas refinarias de minérios e em metalúrgicas, os trabalhadores começaram a utilizar bexiga de animais na face, conforme recomendado por Plinius Secundus, em 50 d.C. Séculos depois, após a constatação da toxicidade desse e de outros metais, a proteção respiratória contra agentes químicos passou a ser feita pelo uso de tecidos umedecidos, sob recomendação de Leonardo da Vinci, nos anos 1500. Após o ano de 1550, começaram a surgir recomendações mais eficazes por parte dos estudiosos, como a ventilação local, a qual apenas dissipava as substâncias no ar (SAAD, 2013; FIORI, 2018). Com a Revolução Industrial, iniciada no ano de 1760, ocorreram aumentos no consumo e na produção e o trabalho manual passou a ser substituído por máquinas, iniciando a mecanização dos processos produtivos e a criação do motor a vapor d’água – energia hidráulica (Primeira Revolução Industrial), seguida pela produção em massa e descoberta de eletricidade (Segunda Revolução Industrial) e pela evolução da tecnologia da informação, eletrônica e automação industrial (Terceira Revolução Industrial). Alguns autores afirmam que hoje nos encontramos na Quarta Revolução Industrial, em que foi marcada pela criação de sistemas cibernéticos (FIORI, 2018). Na Europa, a Inglaterra foi a iniciante na mecanização industrial (a partir de 1760), seguida por Alemanha, França, Rússia e Itália, os quais foram países pioneiros no desenvolvimento de produtos a base de aço, motor a explosão, eletricidade a partir do petróleo, produtos químicos, entre outros. Para se atingir uma alta produção, homens, mulheres e crianças eram forçados a trabalharem por muitas horas diárias (até 15 horas) sob condições de trabalho inadequadas e repetitivas, em troca de um baixo salário. Quase cem anos depois, em 1833, uma série de leis trabalhistas começou a surgir na Inglaterra (chamadas de Factory act), a fim de regularizar alguns aspectos de trabalho, inclusive de saúde e segurança, com a redução da carga horária de trabalho para crianças e jovens empregadas em fábricas de algodão (FERREIRA, 2011; FIORI, 2018). Aproximadamente 30 anos depois, em 1862, na França, foram criadas as regulamentações sobre Segurança e Higiene do Trabalho e, após dois anos, a ventilação industrial começou a ser exigida para redução da concentração de contaminantes no ambiente. 7WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA No entanto, essa ventilação apenas diluía as substâncias, espalhando-as por outros ambientes e, diante disso, após alguns anos, começou a ser exigida que a ventilação fosse de forma exaustora, a fim de garantir maior proteção dos trabalhadores em seu ambiente de trabalho. Já a Alemanha teve a criação de suas primeiras leis sobre os acidentes do trabalho em 1884 e, em 1901, criou o seu primeiro regulamento para controle de atividades laborais perigosas (FIORI, 2018). Com a Revolução Industrial, houve crescente aumento na produção e no consumo, devido ao poder de compra, mas também ocorreu exploração dos trabalhadores. Após a criação de leis trabalhistas nos países europeus, os Estados Unidos também começaram a avançar na questão de saúde e segurança do trabalho (SST), a partir do ano de 1900. Dez anos depois, Alice Hamilton iniciou a investigação e a avaliação de diversas doenças ocupacionais perigosas e propôs o controle dos agentes causadores das doenças, o que influenciou na criação das primeiras leis ocupacionais americanas (SAAD, 2013; FIORI, 2018). Em 1914, foi criada a Divisão de Higiene Industrial dos EUA, a qual passou a se chamar, após a criação da Lei de Segurança e Saúde Ocupacional de 1970, o Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (National Institute for Occupational Safety and Health – NIOSH) (FIORI, 2018). Esse instituto foi estabelecido como uma agência de pesquisa focada no estudo da segurança e saúde do trabalhador, capacitando empregadores e trabalhadores para criar locais de trabalho seguros e saudáveis e tem, como objetivo, garantir aos trabalhadores americanos condições de trabalho seguras e saudáveis e preservar os recursos humanos (NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH, 2018). Em 1937, ocorre, nos EUA, a primeira conferência americana de higienistas (American Conference of Governmental Industrial Higienists – ACGIH) que, no ano seguinte, estabeleceu limites de tolerância de exposição às primeiras substâncias químicas consideradas prejudiciais à saúde humana e, em 1946, a lista apresentava 148 produtos químicos (FIORI, 2018). Anualmente, a ACGIH estabelece os Limites de Exposição Ocupacional (TLV – Threshold Limit Values) para substâncias químicas e agentes físicos e os Índices Biológicos de Exposição (BEI – Biological Exposure Indices). Hoje já são mais de 6.000 substâncias químicas e agentes físicos que e mais de 30 agentes biológicos com limites de exposição definidos pela associação, sendo que, no Brasil, a sua publicação é traduzida e publicada oficialmente pela Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO). Em 1939, foi criada a Associação Americana de Higiene Industrial (American Industrial Hygiene Association – AIHA), a qual é considerada, atualmente, uma das maiores associações de higiene ocupacional do mundo. Já em 1970, além da NIOSH, foi criada a Associação de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA (Occupational Safety and Health Association – OSHA), que é uma agência do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos responsável por aplicar as normas de segurança, similar ao Ministério do Trabalho do Brasil. Por fim, em 1987, foi criada a Associação Internacional de Higiene Ocupacional (International Occupational Hygiene Association – OIHA), em que há higienistas associados de diversas partes do mundo, inclusive do Brasil (FIORI, 2018). 8WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.1.2. Evolução brasileira Como pudemos verificar, ao longo do século XX, os EUA apresentaram avanços significativos sobre prevenção da integridade física e da saúde do trabalhador. Por outro lado, no Brasil, a discussão sobre segurança do trabalho foi iniciada apenas em 1920 e, ainda hoje, há muito para se avançar. Em 1923, surge uma divisão de saúde ocupacional no Departamento Nacional de Saúde, a Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional e, uma década depois, a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho dentro do Departamento Nacional do Trabalho do Ministério do Trabalho, Indústriae Comércio. Esta última era formada por inspetores do próprio ministério, os quais eram responsáveis por realizar as fiscalizações nos postos de trabalho e o estudo sobre os acidentes e doenças laborais (SAAD, 2013; FIORI, 2018). Quinze anos depois, foi publicado o Decreto-lei n° 399/1938 (BRASIL, 1938), apresentando o quadro das indústrias insalubres que, pela sua natureza ou método de trabalho, eram susceptíveis em causar intoxicações, doenças ou infecções aos trabalhadores. Em 1942, foi promulgado o Decreto-lei n° 4.449, que torna obrigatória a notificação de doenças profissionais (BRASIL, 1942) e, um ano mais tarde, o Decreto-lei nº 5.452/1943, aprovando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL, 1943). Em 1960, o governo brasileiro iniciou gestões com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), visando promover estudos e avaliações dos altos índices de acidentes e doenças do trabalho, que se tornou uma preocupação crescente no governo e entre a sociedade, bem como apontar soluções que pudessem alterar esse quadro crescente (FUNDACENTRO, 2018a). Já em 1966, durante o Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes, em São Paulo, foi oficializada a criação da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) que, em 1969, iniciou suas atividades. Foram publicados os primeiros estudos e pesquisas sobre os efeitos à saúde ocupacional, causados por inseticidas, poeiras de algodão, ruídos e vibrações, e substâncias químicas, como sílica e chumbo, e LER (lesões por esforços repetitivos), atualmente conhecida como DORT (Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho). Em 1974, a Fundacentro foi vinculada ao Ministério do Trabalho e cresceram as atribuições e atividades da instituição, exigindo implantação do Centro Técnico Nacional, concluído em 1983. Hoje, a Fundacentro é referência mundial em pesquisa sobre SST, além de ser designada como centro colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) e colaboradora da OIT (FUNDACENTRO, 2018a). No quesito legislação sobre SST, os avanços começaram em 1977, com a redação do capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL, 1943) e, um ano depois, a Portaria MTb n° 3.214/1978 (BRASIL, 1978) aprovou as Normas Regulamentadoras (NRs), como sendo a legislação sobre segurança do trabalho no Brasil, onde foram consolidadas 28 NRs. Atualmente, são 36 NRs relativas à proteção ocupacional do trabalhador em diversas áreas de trabalho, as quais devem ser cumpridas pelos empregadores e trabalhadores; no entanto, ainda existem muitas melhorias a serem feitas nas normas existentes, além da necessidade de criação de novas NRs, visto à diversidade de atividades laborais existentes no país. 9WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Em 1980, iniciaram-se as publicações das primeiras normas de SST Fundacentro, as chamadas Normas de Higiene do Trabalho (NHTs), posteriormente nomeadas de Normas de Higiene Ocupacional (NHOs). Atualmente são onze NHOs disponíveis para profissionais de SST, as quais abordam os seguintes temas de avaliação ocupacionais: avaliação da exposição ao ruído - NHO 01 (FUNDACENTRO, 2001a); análise gravimétrica de aerodispersoides sólidos - NHO 03 (FUNDACENTRO, 2001b); coleta e a análise de fibras - NHO 04 (FUNDACENTRO, 2001c); exposição aos raios-X nos serviços de radiologia - NHO 05 (FUNDACENTRO, 2001d); exposição ao calor - NHO 06 (FUNDACENTRO, 2018b); calibração de bombas de amostragem individual - NHO 07 (FUNDACENTRO, 2002); coleta de material sólido particulado suspenso - NHO 08 (FUNDACENTRO, 2009); avaliação de exposição à vibração de corpo inteiro - NHO 09 (FUNDACENTRO, 2013a) e à vibração em mãos e braços - NHO 10 (FUNDACENTRO, 2013b); e avaliação de iluminamento em ambiente interno - NHO 11 (FUNDACENTRO, 2018c). Além destas, há a NHO 02, que traz o método de ensaio para análise qualitativa de vapores orgânicos em colas, tintas e vernizes, está sendo atualizada, devido à sua publicação ser do ano de 1999 e, em breve, a nova NHO 02 será disponibilizada ao público. As NHO da Fundacentro determinam os limites de tolerância, a metodologia de avaliação e os critérios técnicos dos equipamentos usados nas avaliações de riscos ocupacionais, servindo de orientação sobre as formas de controle dos agentes de riscos ambientais, determinados pelas NRs. Após a criação das NHOs, em 1992, foram introduzidos os mapas de risco, permitindo que os colaboradores participassem do reconhecimento dos riscos ocupacionais, o qual será abordado adiante. Em 1994, foi criada a Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO), constituída para fins de estudos e ações relativas à higiene ocupacional e representação de interesses individuais ou coletivos dos higienistas. No mesmo ano, ocorreu a publicação da nova edição da NR 9, que incluiu a obrigatoriedade da implantação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) nas organizações. Em 1995, foi criado o primeiro curso de pós- graduação lato sensu em Higiene do Trabalho (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HIGIENISTAS OCUPACIONAIS, 2018; FIORI, 2018). O déficit de auditores fiscais, atualmente existente no Ministério do Trabalho, pode ser considerado um ponto a ser melhorado, devendo o governo adotar medidas rápidas, a fim de se manter as atuais fiscalizações e melhorar a sua rigidez e abrangência, visando garantir condições seguras nos ambientes de trabalho. • Para leitura da CLT, acesse o site: <www.higieneocupacional.com.br>. • A Fundacentro é um órgão governamental dedicado à saúde e segurança do trabalhador, saiba mais em: <www.fundacentro.gov.br>. 10WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.2. Fundamentos de Segurança do Trabalho 1.2.1. Segurança do trabalho A segurança do trabalho visa proteger e prevenir riscos e danos à vida e à saúde do trabalhador, por meio de políticas públicas e ações de fiscalização, podendo ser definida como o conjunto de medidas adotadas para eliminar ou minimizar os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais, e proteger a integridade e a capacidade de trabalho dos envolvidos. Ela é praticada pela conscientização de empregados e empregadores sobre os seus direitos e deveres e deve ser praticada, não só no ambiente de trabalho, mas em todos os demais (PEIXOTO, 2011; BRASIL, 2015a). No Brasil, o Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST), vinculado ao Ministério do Trabalho, visa planejar e coordenar as ações de fiscalização dos ambientes e das condições ocupacionais, prevenindo acidentes e doenças do trabalho, protegendo a vida e a saúde dos trabalhadores. Além disso, o DSST coordena, nacionalmente, por meio exclusivo dos auditores fiscais do trabalho, a inspeção dos ambientes, condições e processos de trabalho (BRASIL, 2015a). 1.2.2. Legislações relacionadas à segurança do trabalho A segurança do trabalho, tanto no Brasil, quanto nos demais países, é definida por normas e leis. No Brasil, as legislações de segurança do trabalho baseiam-se na Constituição Federal, na Seção III da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), nas Normas Regulamentadoras (NRs) e em outras leis complementares como portarias, decretos e convenções internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização Mundial da Saúde (OMS), e nas Normas de Higiene Ocupacional (NHOs) da Fundacentro. Para leitura de legislações gerais, acesse os sites: <http://www.presidencia.gov.br/legislacao/>, <www.higieneocupacional.com.br>, <http://www. trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas- regulamentadoras>, <http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/normas-de- higiene-ocupacional?P=&O=1 e <http://www.tst.jus.br/web/trabalhoseguro/ normas>. 11WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.2.3. Acidente do trabalho De acordo com o conceito prevencionista, abordado por Peixoto (2011), os acidentes de trabalho podem ser definidos como qualquer ocorrência não programada e inesperada que interfere ou interrompe o processo comum de uma atividade, trazendo, como consequência isolada ou simultânea, danos materiais e/ou lesões ao homem. Acidente de trabalho, de acordo com o conceito legal, abordado pela Lei n° 6.367/1976, Art. 2° (BRASIL, 1976), pode ser conceituado como o acidente ocorrido em decorrência do exercício do trabalho, a serviço do empregador, provocando lesão corporal, perturbação funcional, ou doença que cause a morte e perda ou redução (permanente ou temporária) de condições para o trabalho. De acordo com a Lei nº 8.213/1991, em seu Art. 21 (BRASIL, 1991), são considerados, ainda, como acidentes do trabalho aqueles ocorridos durante o período e local de trabalho, em decorrência de: ato de agressão física, sabotagem, ofensa física intencional, imprudência, negligência ou imperícia por terceiros; desabamento, inundação e incêndio; doença decorrente de contaminação acidental ocupacional; na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade do empregador; em viagem a serviço do empregador, inclusive para estudo, quando financiado pelo empregador, independentemente do meio de locomoção utilizado; nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este; e no percurso da residência para o local de trabalho ou vice- versa, independentemente do meio de locomoção utilizado. 1.2.3.1. Acidente, incidentes e doenças ocupacionais O acidente pode ser típico ou de trajeto. O acidente típico pode ser definido como o infortúnio do trabalho originado por causa violenta, ou seja, é o acidente comum, súbito e imprevisto, como batidas, quedas, cortes, choques e queimaduras. O acidente de trajeto, por sua vez, é aquele sofrido pelo trabalhador no percurso entre a residência e o local de trabalho ou deste para aquela, independentemente do meio de locomoção, em horários e trajetos compatíveis (BRASIL, 1991; PEIXOTO, 2011). Um incidente é entendido pela ocorrência do acidente sem danos pessoais ao acidentado. Para os profissionais prevencionistas, o incidente é tão ou mais importante que o acidente com danos, uma vez que indica uma condição de futuro acidente e, portanto, necessita de avaliação e sugestão de medidas de prevenção à sua repetição (PEIXOTO, 2011). A doença ocupacional, ou doença do trabalho ou doença laboral, pode ser entendida como a alteração orgânica, desenvolvida em função da execução da atividade laboral, sendo o trabalhador exposto aos agentes ambientais físicos (ruído, calor), químicos (gases e vapores), biológicos (microrganismos), mecânicos ou ergonômicos (PEIXOTO, 2011). 1.2.3.2. Fatores e causas geradoras de acidentes do trabalho Diversos são os fatores (condições inseguras) que podem contribuir com os acidentes ocupacionais, dentre eles, arranjo físico inadequado, ordem e limpeza precárias, máquinas e equipamentos desprotegidos, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada ou insuficiente, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão e armazenamento inadequado (PEIXOTO, 2011). 12WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • Arranjo físico inadequado: acidentes podem ocorrer devido ao mau aproveitamento do espaço no local de trabalho gerado por: máquinas em posições inadequadas, materiais maldispostos e móveis com localização inadequada. • Ordem e limpeza precárias: muitos fatores de ordem física exercem influências de ordem psicológica sobre as pessoas no ambiente de trabalho, interferindo positiva ou negativamente no comportamento humano conforme as condições em que se apresentam. Locais sujos e em desordem podem ser causadores de desatenção e de acidentes de trabalho. • Máquinas e equipamentos desprotegidos: a falta de proteção pode estar presente em correias, polias, correntes, eixos rotativos, entre outros. Nesses elementos podem aparecer pontos de agarramento, ou seja, locais do maquinário que prendem a pessoa pelas mãos ou pelas roupas, puxando-as contra o mecanismo, causando ferimentos diversos. • Ferramentas inadequadas ou defeituosas: para cada tipo de atividade deve haver uma ferramenta apropriada e em boas condições de uso. O improviso cria uma série de condições que levam ao acidente. • Iluminação inadequada: a iluminação fraca ou ofuscante afeta a visão, prejudicando a visualização adequada da atividade que está exercendo. • Eletricidade: é um dos fatores de risco mais graves, pois o trabalhador só tem conhecimento da existência da eletricidade quando já tocou no condutor de energia, o que pode causar paradas cardíaca e respiratória, queimaduras, fulguração (clarão ou perturbação, por descarga elétrica) e até a morte. • Probabilidade de incêndio ou explosão: diversos materiais podem se tornar inflamáveis ou explosivos, dependendo de seu estado. Além dos combustíveis e explosivos já conhecidos, como gasolina, querosene, madeira, papel, tecidos e dinamite, existem outras substâncias menos tradicionais, como limalha de aço, farinha de trigo, açúcar e poeira vegetal que, quando pulverizadas, podem formar uma mistura inflamável com o ar. • Armazenamento inadequado: o armazenamento malfeito de materiais pode sofrer desabamento, atingindo os trabalhadores e até a estrutura, fazendo ruir um edifício. Para cada tipo de material há um modo adequado de armazenamento, que deve ser feito por pessoas treinadas e habilitadas, seguindo as recomendações previstas nas NRs e em outras normas estabelecidas pela organização. • Não uso de EPIs: muitas vezes os trabalhadores não utilizam os EPIs fornecidos pelo empregador que, nem sempre, realiza a fiscalização quanto ao seu uso. Pode ocorrer, ainda, devido ao uso do EPI incorreto, não adequado para aquela função. Diversas são as causas dos acidentes, tanto do trabalho como do trajeto, bem como de doenças ocupacionais; no entanto estas podem ser divididas em dois grupos, ato inseguro e condição insegura, diferenciadas pelo seu causador. O ato inseguro é dependente do ser humano que, conscientemente ou não, provoca dano ao trabalhador, aos companheiros e às máquinas e equipamentos, como, por exemplo, o carregamento de cargas acima de sua capacidade, o uso de improvisos e o não uso de equipamento de proteção individual (EPI). 13WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A condição insegura, por sua vez, é aquela existente no ambiente ocupacional e que compromete a integridade física e/ou a saúde do trabalhador, bem como a segurança das instalações e dos equipamentos, como, por exemplo, a presença de obstáculos em trajetos de pessoas, ausência de proteçãoe defeitos em máquinas, instalações elétricas inadequadas, espaço insuficiente e presença de agentes nocivos no ambiente ocupacional (PEIXOTO, 2011). 1.2.3.3. Consequências dos acidentes De acordo com Peixoto (2011), os acidentes ocupacionais podem gerar consequências tanto para o indivíduo quanto para o empregador e o Estado. Para o indivíduo, o acidente implica em lesão, incapacidade, afastamento do trabalho, diminuição do salário, dificuldades no sustento da família e morte. Esses acidentes não causam repercussões apenas de ordem jurídica. Nos acidentes menos graves, em que o empregado tenha que se ausentar por período inferior a quinze dias, o empregador deixa de contar com a mão de obra temporariamente afastada em decorrência do acidente e tem que arcar com os custos econômicos da relação de empregado. O acidente repercutirá ao empregador também no cálculo do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) da empresa. O efeito dos acidentes ao empregador se dá, ainda, pelo tempo perdido pelo trabalhador durante e após o acidente, interrupção ou atraso na produção, diminuição da produção pelo impacto emocional, danos às máquinas, materiais ou equipamentos, custos com primeiros socorros e com treinamento para substitutos (PEIXOTO, 2011; TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, 2018). Os acidentes de trabalho também geram custos para o Estado. Compete ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) administrar a prestação de benefícios, tais como auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, habilitação e reabilitação profissional e pessoal, aposentadoria por invalidez e pensão por morte (TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, 2018). No site da Fundacentro, há diversas publicações estatísticas sobre acidentes do trabalho, acesse: <http://www.fundacentro.gov.br/estatisticas-de-acidentes-de- trabalho/inicio>. Diante dos encargos trabalhistas arcados pelo governo em caso de acidentes em doenças do trabalho, você já parou para pensar quantos reais são gastos anualmente com doenças? Muitos são os afastamentos causados por danos profissionais, decorrentes de acidentes ou doenças ocupacionais. Estima-se que a Previdência Social gastou, somente no ano de 2010, aproximadamente R$ 17 bilhões com esses benefícios. Segundo a Fundacentro, o custo com acidente no Brasil pode chegar a R$ 32 bilhões por ano. É um gasto extremamente alto, pago por todos os brasileiros e que, muitas vezes, poderia ser evitado. 14WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.2.3.4. Comunicação de acidente de trabalho (CAT) A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um documento emitido para reconhecer tanto um acidente de trabalho ou de trajeto bem como uma doença ocupacional e deve ser preenchido quando ocorrer qualquer tipo de acidente ocupacional (BRASIL, 2018a). O acidente deverá ser comunicado ao empregador pelo acidentado imediatamente, quando possível, ou por colegas de trabalho, visto que há a necessidade de investigação rápida dos fatores ocasionais do acidente, para que todas as medidas de correção e prevenção sejam prontamente tomadas, além de imediatamente se efetuarem os primeiros socorros ao acidentado (PEIXOTO, 2011). Há três tipos de CAT, a saber: (1) CAT inicial, que se refere a acidente de trabalho típico, de trajeto ou de doença profissional, do trabalho ou óbito imediato; (2) CAT de reabertura, utilizada para casos de afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou de doença do trabalho, com afastamento igual ou maior que 15 dias consecutivos; e (3) CAT de comunicação de óbito, emitida exclusivamente para casos de falecimento decorrente de acidente ou doença do trabalho, após o registro da CAT inicial (BRASIL, 2018a). Todo empregador é obrigado a informar à Previdência Social todos os acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados, mesmo que não haja afastamento das atividades, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e o descumprimento desse prazo poderá resultar em multas. Em caso de morte, deverá ser imediata, bem como deverá ocorrer a comunicação às autoridades policiais locais (BRASIL, 2018a). Caso o empregador não faça o registro da CAT, o próprio trabalhador, o seu dependente, a entidade sindical, o médico ou a autoridade pública (magistrados, membros do Ministério Público e dos serviços jurídicos da União e dos Estados ou do Distrito Federal e comandantes de unidades do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar) poderão efetivar a qualquer tempo o registro deste instrumento junto à Previdência Social, não excluindo a possibilidade da aplicação da multa à empresa (BRASIL, 2018a). Além de poder ser feito em uma das agências do INSS, é possível fazer o registro da CAT de forma online, por meio do link: <https://www.inss.gov.br/servicos- do-inss/comunicacao-de-acidente-de-trabalho-cat/>, o que reduz o tempo do responsável pelo seu registro. 15WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.3. Trabalho Seguro A segurança laboral se refere à proteção contra perigos físicos e um trabalho decente consiste na promoção de oportunidades para que os trabalhadores tenham um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana. Tais condições são fundamentais para a superação da pobreza, redução das desigualdades sociais, garantia da governabilidade democrática e do desenvolvimento sustentável (COMISSÃO INTERNACIONAL DE SAÚDE OCUPACIONAL, 2014; ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL OCUPACIONAL, 2018a). Para que o trabalho seja eficiente, produtivo e seguro, os ambientes de trabalho devem ser projetados adequadamente. Visando à proteção dos trabalhadores em seus ambientes laborais, foram criadas diversas instituições no mundo. A Comissão Internacional de Saúde Ocupacional (ICOH), fundada em 1996, em Milão (Itália), e atualmente presente em 93 países, é uma associação profissional internacional que busca o progresso científico, o conhecimento e o desenvolvimento da saúde e da segurança no trabalho (COMISSÃO INTERNACIONAL DE SAÚDE OCUPACIONAL, 2014). Internacionalmente também existe a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cuja função é a elaboração, aplicação e promoção das Normas Internacionais do Trabalho, sob a forma de convenções, protocolos, recomendações, resoluções e declarações. Tais instrumentos são discutidos e adotados anualmente pela Conferência Internacional do Trabalho (CIT), órgão máximo de decisão da OIT (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2018b). No Brasil, o órgão de nacional que coordena, orienta, controla e supervisiona as atividades relacionadas à segurança e medicina do trabalho é a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), a extinta Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho. A SIT fiscaliza, nacionalmente, o cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho e, ainda, planeja, coordena e executa a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (CANPAT) e o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) (BRASIL, 2009). As diretrizes de segurança do trabalho brasileiras são criadas pelas Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho (MTE), o extinto Ministério do Trabalho e Emprego. As NRs são disposições complementares ao capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL, 1943), relativo à segurança e medicina do trabalho. As NRs apresentam as obrigações,direitos e deveres a serem cumpridos, tanto pelos empregadores quanto pelos trabalhadores, visando garantir um trabalho seguro e sadio e, consequentemente, prevenir ou minimizar a ocorrência de doenças e acidentes de trabalho. A elaboração e a revisão das NRs são realizadas pelo MTE, via sistema tripartite paritário, por meio de grupos e comissões compostas por representantes do governo, dos empregadores e dos trabalhadores (BRASIL, 2017a). A garantia de um trabalho seguro é determinada pela NR 1 – Disposições Gerais (BRASIL, 2009; CAMISASSA, 2015), a qual considera que o empregador (empresa individual ou coletiva, profissionais liberais, instituições de beneficência, associações recreativas ou instituições sem fins lucrativos) possui as seguintes obrigações: a. Cumprir as leis e as NRs referentes à segurança e medicina do trabalho, bem como exigir seu cumprimento pelos trabalhadores e por empresas de serviços terceirizados em seu estabelecimento. 16WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA b. Elaborar ordens de serviço (por meio de comunicado, cartazes ou meios eletrônicos), visando prevenir atos inseguros no desempenho das atividades laborais, por meio de informação aos trabalhadores sobre os procedimentos de saúde e segurança a serem adotados na execução de suas atividades, as obrigações dos trabalhadores, os procedimentos a serem adotados em caso de acidente e doenças laborais e as punições em função do descumprimento das ordens de serviço expedidas. c. Adotar medidas de eliminação ou neutralização da insalubridade e das condições inseguras. d. Informar aos trabalhadores os riscos aos quais estarão expostos durante a realização de suas atividades, bem como instruí-los quanto às precauções a serem tomadas no trabalho, visando evitar acidentes ou doenças ocupacionais. e. Informar aos trabalhadores os procedimentos (coletivos e individuais) já adotados pela empresa, para prevenir e minimizar os riscos. f. Disponibilizar aos empregados os exames médicos aos quais foram submetidos. g. Disponibilizar aos trabalhadores os resultados das avaliações ambientais de riscos realizadas nos postos de trabalho, como dosimetrias de ruído, avaliações de concentração de aerodispersoides (poeira, fumo, névoas e neblinas), gases e vapores. h. Na impossibilidade da eliminação do risco, fornecer equipamentos de proteção coletiva (EPC) ou equipamentos de proteção individual (EPI). i. Permitir que os representantes dos trabalhadores, por meio da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), acompanhem a fiscalização legal e regulamentadora sobre SST. Já os trabalhadores, segundo a NR 1, têm como deveres (BRASIL, 2009; CAMISASSA, 2015): a. Cumprir os preceitos legais e regulamentadores sobre SST, bem como as ordens de serviço expedidas pelo empregador. b. Utilizar corretamente o EPI fornecido pelo empregador. c. Se submeter aos exames médicos previstos nas NRs e custeados pelo empregador, em especial aos dispostos na NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) (BRASIL, 2013a) para verificação de sua aptidão física e mental para a execução do trabalho. d. Colaborar com a empresa na aplicação das NRs, comunicando os responsáveis sobre situações que estejam oferecendo risco, como, por exemplo, fiação elétrica desprotegida (risco de choque elétrico – risco mecânico), iluminação deficiente (risco ergonômico), presença de animais peçonhentos (risco biológico), equipamento com alta emissão de ruído (risco físico), entre outros. 17WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Diante dessas obrigações, é importante ressaltar que os colaboradores devem conhecer todos os procedimentos de segurança inerentes à realização da sua atividade, visando garantir a sua segurança e a de terceiros. O conhecimento desses procedimentos pode ser informado por meio de ordens de serviço e de treinamentos constantes. No entanto, algumas NRs determinam que as empresas forneçam treinamento específico para a execução de determinadas atividades (CAMISASSA, 2015), sendo elas: a. NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) (BRASIL, 2011a): treinamento para os membros da CIPA, antes da posse. b. NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual (BRASIL, 2017b) e NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) (BRASIL, 2017c): orientação e treinamento sobre o uso adequado, guarda e conservação dos EPIs, e orientação sobre as suas limitações. c. NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) (BRASIL, 2013a): treinamento para prestação dos primeiros socorros. d. NR 10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade (BRASIL, 2016a): treinamento para execução de serviços em instalações elétricas, devendo ser oferecido um curso básico ou complementar, dependendo do tipo de sistema elétrico. e. NR 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais (BRASIL, 2016b): treinamento para uso de equipamentos de transporte com força motriz própria. f. NR 12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos (BRASIL, 2018b): treinamento para utilização segura de motosserra e similares. g. NR 13 - Caldeiras, vasos de pressão e tubulação (BRASIL, 2017d): treinamento de segurança para o operador de caldeiras. h. NR 15 - Atividades e operações insalubres (BRASIL 2014a): treinamento aos trabalhadores de atividades sob pressão (operador de campânulas ou eclusas e mergulhadores), exposição a químicos tóxicos (benzeno, amianto ou asbesto e manganês e seus compostos) e sob ar comprimido. i. NR 17 – Ergonomia (BRASIL, 2007): treinamento para trabalhadores que transportam manualmente e regularmente cargas não leves e para operador de checkout (operador de caixa de estabelecimentos comerciais). j. NR 18 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção (BRASIL, 2018c): determina que operadores de diversas atividades da construção civil passem por treinamento específico. k. NR 19 - Explosivos (BRASIL, 2011b): treinamento dos membros da CIPA e de todos os trabalhadores para elaboração do Plano de Emergência e Combate a Incêndio e Explosão; dos trabalhadores que transportam produtos inflamáveis ou explosivos; e os envolvidos nas atividades de coleta e destruição de resíduos explosivos. 18WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA l. NR 20 - Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis (BRASIL, 2017e): determina o número mínimo de trabalhadores diretamente envolvidos com inflamáveis e/ou líquidos combustíveis a passarem por treinamento, em função da capacidade de gases inflamáveis, líquidos inflamáveis e combustíveis armazenados na empresa. m. NR 22 - Segurança e saúde ocupacional na mineração (BRASIL, 2016c): treinamento de trabalhadores que realizem transporte e acesso aos depósitos de explosivos e seus acessórios, retirada de fogos falhados no material detonado, trabalho em subsolo, bem como treinamento de uma equipe de combate a incêndio e de membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração (CIPAMIN). n. NR 26 - Sinalização de segurança (BRASIL, 2015b): treinamento para compreensão da rotulagem e daFicha de Informação de Segurança para Produtos Químicos (FISPQ), além dos perigos, riscos, medidas preventivas para o uso seguro e procedimentos para atuação em situações de emergência com o produto químico. o. NR 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário (BRASIL, 2014b): treinamento específico para as operações com produtos perigosos e treinamento adequado do sinaleiro para aquisição de conhecimento do código de sinais de mão nas operações de guindar. Sinaleiro é o operador que orienta o trabalho dos operadores de aparelho de guindar, que é o equipamento que suspendem a carga entre o cais e o navio, por meio de cabos. p. NR 30 - Segurança e saúde no trabalho aquaviário (BRASIL, 2014c): apresenta treinamento específico para primeiros socorros, combate a incêndio, resgate aquático, operação do aparelho radiocomunicador, serviços em eletricidade para plataformas, e medidas que devam ser adotadas em acidente aquático; q. NR 31 - Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária silvicultura, exploração florestal e aquicultura (BRASIL, 2013b): treinamento para utilização segura de máquinas, produtos químicos e transporte manual de cargas, bem como criação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural (CIPATR) e treinamento de todos os seus membros. r. NR 33 - Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados (BRASIL, 2012): treinamento específico para trabalho em espaços confinados. s. NR 34 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, reparação e desmonte naval (BRASIL, 2017f): treinamento específico para operadores de trabalhos a quente (atividade com solda, maçarico, máquinas portáteis rotativas), movimentação de cargas, equipamento de guindar e teste de estanqueidade (ensaio não destrutivo realizado pela aplicação de pressão em peça, compartimento ou tubulação, para detecção de vazamentos). t. NR 35 – Trabalho em altura (BRASIL, 2016d): capacitação específica dos trabalhadores que realizam trabalho em altura. 19WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA u. NR 36 - Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados (BRASIL, 2018d): treinamento do trabalhador sobre as medidas de segurança à exposição a agente biológico prejudicial à sua saúde, bem como ações de emergência para casos de vazamento de refrigerantes (como a amônia). Todas as NRs acima descrevem a necessidade (e a forma correta) de treinamento dos trabalhadores, por parte do empregador, para que as atividades sejam exercidas com segurança e a ocorrência de acidentes ou doenças seja eliminada ou minimizada. Devido a isso, é importante que, tanto o empregador, quanto o empregado se façam cumprir os itens dispostos nas NRs referentes à sua atividade laboral. 1.4. Higiene do Trabalho A Higiene do Trabalho, também conhecida como Higiene Ocupacional ou Higiene Industrial, pode ser definida como a ciência que atua no campo ocupacional por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos químicos, físicos e biológicos e dos fatores ambientais que podem causar doenças ou danos à saúde dos trabalhadores, observando, também, o seu impacto no ambiente (PEIXOTO, 2011; FIORI, 2018). Portanto, o seu objetivo principal é a proteção e a promoção da saúde dos trabalhadores, por meio de ações preventivas, no local de trabalho. 1.4.1. Risco Qualquer pessoa está exposta a diversas situações que podem ocasionar danos ou eventos indesejados, inclusive no ambiente de trabalho, que poderão afetar a sua qualidade de vida, como acidente, doença e perda de patrimônio. Essa possibilidade de ocorrerem os danos, é denominada de “risco”. Portanto, o risco é a combinação da probabilidade (ou chance) de ocorrência e a magnitude (severidade) do evento indesejado, conforme a expressão abaixo (SANTOS et al., 2004). RISCO = Probabilidade de ocorrer o dano x Gravidade do dano Nos sites a seguir, poderão ser encontrados diversos artigos relacionados à segurança e higiene do trabalho: <www.segurancaetrabalho.com.br/download> e <http://www.higieneocupacional.com.br/downloads-diversos.php>. 20WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O “dano” ocorre sempre sobre os seres vivos (humanos, animais e vegetais) e/ou sobre os materiais (equipamentos, edifícios e automóveis). Existem os danos visíveis e mensuráveis, assim como os de difícil mensuração (como os danos psicológicos) (SANTOS et al., 2004). Os eventos ocorridos anteriormente ao dano são denominados “causa”, uma vez que apresentam relação de causalidade (causa-efeito). Uma causa pode resultar em várias consequências e pode ser denominada de “fator de risco” ou “situação de risco”. A causa predominante é denominada “agente de risco” ou fator de risco principal. No entanto, um dano (efeito) pode ter mais de uma causa (fatos), nem sempre predominante, mas que colaboraram para o acontecimento do dano; esses fatos são chamados de “causas secundárias” (SANTOS et al., 2004). As causas (ou fatores) secundárias estão relacionadas com as características dos fatores de risco, do grupo receptor (material ou ser vivo) ou da exposição (fase de contato entre o agente e o receptor). Essa interação é que resulta na possibilidade de ocorrer o dano, conforme mostra a expressão abaixo (SANTOS et al., 2004). RISCO OCUPACIONAL = Exposição x Gravidade dos efeitos à saúde O risco também pode ser definido como a expressão abaixo, em que o perigo é inerente à substância, mistura de substâncias, processo, equipamento ou situação, e a exposição é baseada na intensidade, duração e frequência de contato com o agente de risco. Portanto, o risco é a exposição a um perigo e sem a exposição, não há risco (UNIFAL/CPPCRA, 2018). RISCO = Perigo + Exposição Os fatores de risco, geralmente, estão relacionados entre si e, em muitas vezes, ao se eliminar um deles, o evento (dano) indesejado não ocorre. Por exemplo, a ausência de faísca elétrica previne o incêndio; a manutenção de uma ponte previne o desmoronamento. Assim, quando não é possível eliminar a causa principal do dano, investe-se na prevenção, reduzindo os fatores de risco secundários (SANTOS et al., 2004). A exposição ao dano depende da intensidade ou da concentração do agente no ambiente, bem como da frequência e do tempo que o trabalhador está em contato com o agente. A exposição ao risco pode ser aguda ou crônica. A exposição aguda é aquela de curta duração (segundos, minutos ou horas); quando se tratar de substâncias inaláveis ou de absorção cutânea, será referida como uma simples exposição de duração do tempo; quando aplicada a substâncias ingeríveis, será referida, comumente, ‘como uma considerável quantidade ou dose. A exposição crônica, por sua vez, está relacionada à exposição a quantidades ou doses menores por longa duração (período de tempo maior); quando aplicada a substâncias inaláveis ou de absorção cutânea, refere-se a períodos prolongados (dias, meses ou anos) ou repetitivos de exposição; quando referida a materiais que ingeríveis, será referida como doses repetitivas durante dias, meses ou anos (SANTOS et al., 2004; UNIFAL/CPPCRA, 2018). 21WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IOLÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.4.2. Perigo A diferença entre risco e perigo deve ser clara. Um perigo pode ser definido como uma fonte, agente ou situação (física, química, biológica, mecânica ou ergonômica) de risco ou um conjunto de condições que possui potencial para provocar lesão ou dano ao trabalhador. Risco, por sua vez, é a possibilidade (elevada ou reduzida) ou ocorrência que expõe o trabalhador a condições que possam provocar lesão ou dano à sua saúde física ou mental, causado pelo perigo (KOLLURU, 1996; TARDIVO, 2009). Do ponto de vista ocupacional, o perigo (ou fonte de risco) é um aspecto ou elemento (material ou imaterial), situação ou contexto do trabalho que, isolado ou combinado, possui potencial de originar riscos à saúde e segurança do trabalhador. Também pode ser definido como um conjunto de situações inerentes a um processo que, em determinada situação, cause efeitos adversos ao trabalhador ou ao ambiente, dependendo do grau de exposição Em suma, o perigo é qualquer situação potencialmente causadora de danos. 1.4.3. Riscos ambientais Segundo a Norma Regulamentadora n° 9 (NR 9) (BRASIL, 2014d), são considerados riscos ambientais (ou ocupacionais), os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. No entanto, alguns autores consideram que os agentes ergonômicos e mecânicos, apesar de não estarem contemplados na NR 9 como riscos ambientais, devem ser avaliados no ambiente de trabalho, pois também são considerados agentes causadores de danos à saúde do trabalhador (BUDA, 2004). Os riscos ambientais são ferramentas importantes para a elaboração de programas de controle das condições insalubres que possam afetar ao trabalhador. Esses riscos são agrupados em cinco tipos, classificados pelas cores verde, vermelho, marrom, amarelo e azul, conforme apresentado no Quadro 1, em que cada grupo corresponde a um tipo de agente (químico, físico, biológico, ergonômico e acidental ou mecânico). Grupo Riscos Agente de risco 1 Físicos Ruído, temperaturas extremas (calor e frio), pressões anormais, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes e vibração. 2 Químicos Aerodispersoides (poeira, fumaça, fumos, fibra, névoas e neblinas), gases, vapores e substâncias, compostos e produtos químicos gerais. 3 Biológicos Fungos, vírus, parasitas, bactérias, bacilos, protozoários, entre outros. 4 Ergonômicos Levantamento e transporte manual de peso, monotonia, ritmo excessivo, posturas inadequadas, jornada prolongada, trabalho noturno, repetitividade, responsabilidade, conflito, tensão emocional, desconforto, entre outros. 22WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 5 Acidentais ou Mecânicos Associados ao risco de acidentes: arranjo físico inadequado e deficiente; iluminação inadequada; máquinas e equipamentos defeituosos ou sem proteção; matéria-prima fora de especificação; ferramentas defeituosas, inadequadas ou inexistentes; quedas; incêndio e explosão; eletricidade; edificações; insetos e animais peçonhentos, entre outros. Quadro 1 – Classificação dos riscos ambientais por meio das cores representativas. Fonte: Hökerberg et al. (2006). Os riscos de segurança existem em praticamente todos os locais de trabalho e, em muitas vezes, são muito perigosos. A segurança é, em parte, uma questão de enxergar o risco, o qual deve ser observado pelos colaboradores ou supervisores, a fim de realizar a sua correção, permitindo que as condições de trabalho sejam seguras (COMISSÃO INTERNACIONAL DE SAÚDE OCUPACIONAL, 2014). Os riscos ocupacionais podem ser produzidos por fatores comportamentais ou agentes nocivos. Todavia para serem reconhecidos como ocupacionais, devem guardar relação de causa e efeito, ou seja, nexo causal com fatores ou agentes nocivos comprovadamente presentes no ambiente de trabalho e relacionados às manifestações patológicas que possam afetar aos trabalhadores (NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH, 1991). Os riscos no ambiente de trabalho são ocorrências que devem ser evitadas ou controladas, de forma que o operador tenha um ambiente em que possa desenvolver suas atividades normalmente (TARDIVO, 2009). 1.4.4. Agente de risco A NR 9 (BRASIL, 2014d) considera que os agentes químicos são todas as substâncias, compostos ou produtos que, quando exposto a eles, penetram no organismo humano pela via respiratória (na forma de poeira, fumo, névoa, neblina, gás ou vapor), via cutânea (absorção pela pele) ou, ainda, via ingestão. Já os agentes físicos são as diversas formas de energia que o trabalhador é exposto, como ruído, vibração, pressão anormal, temperatura extrema (frio ou calor), radiação (ionizante e não ionizante), ultrassom e infrassom. Os agentes biológicos, por sua vez, são os microrganismos, como fungos, bactérias, vírus, bacilos, parasitas e protozoários. No Quadro 2 são apresentados os agentes de riscos, responsáveis por causar risco (danos) aos trabalhadores e suas respectivas normas regulamentadoras. Tipo de agente Descrição do agente Normas Regulamentadoras Agentes físicos Formas de energia a que o trabalhador está exposto (ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes) (micro-ondas, ultravioletas e laser), infrassom e ultrassom. NR 6 – EPI. NR 9 – PPRA (anexo 1). NR 15 – Atividades e operações insalubres (anexos 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10). NR 16 – Atividades e operações perigosas. NR 25 – Resíduos industriais. 23WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Agentes químicos Substâncias, compostos ou produtos, que possam penetrar no organismo pela via respiratória (poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores) ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo por meio da pele ou ingestão. NR 6 – EPI. NR 7 – PCMSO. NR 9 – PPRA. NR 15 – Atividades e operações insalubres; (anexos 11, 12 e 13). NR 16 – Atividades e operações perigosas. NR 19 – Explosivos. NR 20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis. NR 22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração. NR 25 – Resíduos industriais. NR 26 – Sinalização de segurança. NR 31 – Saúde e segurança na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura. NR 33 – Trabalho em espaço confinado. NR 36 – Saúde e segurança no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes. Agentes biológicos Bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, animais peçonhentos, entre outros. NR 6 – EPI. NR 7 – PCMSO. NR 9 – PPRA. NR 15 – Atividades e operações insalubres (anexo 14). NR 25 – Resíduos industriais. NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. NR 36 – Saúde e segurança no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes. Agentes ergonômicos Relacionados à postura inadequada, trabalhos repetitivos, equipamentos mal adaptados ao trabalhador e ao peso excessivo. NR 6 – EPI. NR 11 – Transporte, movimentação, armazenamento e manuseio de materiais. NR 17 – Ergonomia. NR 18 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção.24WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Agentes mecânicos Relacionados ao arranjo de máquinas, a equipamentos e ferramentas inadequadas ou defeituosas e à iluminação ineficiente. NR 6 – EPI. NR 8 – Edificações. NR 10 – Instalações e serviços em eletricidade. NR 11 – Transporte, movimentação, armazenamento e manuseio de materiais. NR 12 – Máquinas e equipamentos. NR 13 – Caldeiras e vasos de pressão. NR 14 – Fornos. NR 16 – Atividades e operações perigosas. NR 18 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção. NR 19 – Explosivos. NR 20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis. NR 21 – Trabalho a céu aberto. NR 23 – Proteção contra incêndio. NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho. NR 26 – Sinalização de segurança. NR 35 – Trabalho em altura. Quadro 2 – Relação entre agentes ambientais, sua descrição e as correspondentes Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho. Fonte: Brasil (2017a). 1.4.5. Adicional de insalubridade e de periculosidade O pagamento do adicional de insalubridade está previsto na CLT, em seu capítulo V, Seção XIII, para o trabalhador que exerça suas atividades em condições de insalubridade. No Art. 189 da CLT (BRASIL, 1943), serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados, em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Em seu Art. 190, estabelece que o Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes (BRASIL, 1943). A NR 15 do Ministério do Trabalho (BRASIL 2014a) apresenta a regulamentação referente às atividades insalubres e determina os limites de tolerância de exposição do trabalhador ao agente insalubre. A própria NR estabelece que o limite de tolerância (LT) é a concentração ou intensidade, máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. No Art. 192 da CLT (BRASIL, 1943) e na NR 15 (BRASIL 2014a), é assegurada a percepção de adicional, respectivamente, de 40%, 20% e 10% do salário mínimo da região, segundo se classifiquem e graus máximo, médio e mínimo, para trabalhos em condições insalubres e acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho (na NR 15). Em caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, apenas o de grau mais elevado é considerado. 25WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Ainda, segundo a CLT, em seu Art. 193, são consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial; e atividades de trabalhador em motocicleta (BRASIL, 1943). A NR 16, em seus anexos, apresenta todas as peculiaridades, limites e valores máximos permitidos inerentes a todas as atividades e operações consideradas perigosas para o trabalhador. A NR consideram perigosas as atividades ou operações executadas com explosivos sujeitos à degradação química ou autocatalítica e à ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, faíscas, fogo, fenômenos sísmicos, choque e atritos. Considera, ainda, que as operações de transporte de inflamáveis líquidos (acima de 200 litros) ou gasosos liquefeitos (acima de 135 litros), em quaisquer vasilhames e a granel, são consideradas em condições de periculosidade (BRASIL, 2015c). Os materiais e substâncias empregados, manipulados ou transportados nos locais de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saúde, devem conter, no rótulo, sua composição, recomendações de socorro imediato e o símbolo de perigo correspondente, segundo a padronização internacional (BRASIL, 1943). O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. Este poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido (BRASIL, 1943). A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão por meio de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho (art. 195). É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho, por meio das Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs), a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou determinar atividade insalubre ou perigosa. Todavia a eliminação ou neutralização da insalubridade ficará caracterizada por meio de avaliação pericial por órgão competente, que comprove a inexistência de risco à saúde do trabalhador (BRASIL, 1943). O art. 194 da CLT (BRASIL, 1943) e a NR 15 (BRASIL 2014a) determinam que, eliminado o risco à saúde ou integridade física do trabalhador, o adicional de insalubridade ou de periculosidade será cessado. Essa eliminação é estabelecida pelo seu art. 191 e também na NR 15, que estabelece que a eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; e com a utilização de EPIs ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Segundo esse mesmo artigo, comprovada a insalubridade, cabe às DRTs notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização. 26WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Os cuidados com a saúde e segurança dos trabalhadores têm sido crescente no setor industrial, mesmo que a passos lentos. Entretanto, o emprego inadequado e a falta de atenção com os agentes ambientais presentes em diversas atividades industriais pode causar sérios problemas à saúde e integridade física dos colaboradores envolvidos. Nessa unidade, vimos um breve relato do histórico da segurança ocupacional no Brasil e em países europeus e americano e constatamos que ainda caminhamos lentamente em relação a eles. Enquanto as leis trabalhistas e sobre segurança e higiene do trabalho foram surgindo na Inglaterra, França e Alemanha nos anos de 1833, 1862 e 1884, respectivamente, no Brasil, apenas em 1978 o Ministério do Trabalho aprovou a Portaria nº 3.214/78, que regulamentou as NRs pertinentes a segurança e medicina do trabalho e, em 1980, iniciaram-se as publicações das primeiras normas da Fundacentro. Diante dessa situação, muitos acidentese doenças ocorreram nos espaços ocupacionais. Pudemos ver sobre os principais fatores e causas geradores destes, bem como a importância da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Por fim, conhecemos os conceitos de higiene do trabalho, riscos ambientais e agentes de risco, bem como a sua importância para o setor ocupacional. Conceitos esses que serão extremamente importantes para as unidades posteriores. Para reforçar os conhecimentos sobre segurança do trabalho, prevenção de acidentes do trabalho e higiene ocupacional, assista ao filme Silkwood: o retrato de um coração. Ele conta a história de uma mãe que trabalha como metalúrgica em uma fábrica de componentes para usina atômica que, vendo vários casos de abuso aos trabalhadores no local de trabalho, resolve denunciar. No entanto, a atitude do governo e da usina atômica foi de omissão, o que coloca em risco a sua própria vida. O filme é baseado em fatos reais ocorridos no ano de 1974. 2727WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 29 1 - RISCOS QUÍMICOS ............................................................................................................................................ 30 1.1. A INDÚSTRIA QUÍMICA...................................................................................................................................... 30 1.1.1.ORIGEM DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS UTILIZADAS INDUSTRIALMENTE .............................................. 30 1.1.2.ÂMBITO DA INDÚSTRIA QUÍMICA ................................................................................................................ 31 1.1.3. A INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA ............................................................................................................ 32 1.1.4.FICHA INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DO PRODUTO QUÍMICO (FISPQ) .................................................. 34 1.1.5. NÚMERO CAS .................................................................................................................................................. 35 1.3. AGENTES QUÍMICOS ......................................................................................................................................... 37 1.3.1. CLASSIFICAÇÃO .............................................................................................................................................. 38 RISCOS QUÍMICOS PROF.A MA. ANA PAULA JAMBERS SCANDELAI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: HIGIENE DO TRABALHO II - RISCOS OCUPACIONAIS QUALITATIVOS (QUÍMICOS, FÍSICOS,BIOLÓGICOS) 28WWW.UNINGA.BR 1.3.1.1.POEIRAS .......................................................................................................................................................... 39 1.3.1.2.FUMOS............................................................................................................................................................ 42 1.3.1.3. NÉVOAS ......................................................................................................................................................... 42 1.3.1.4. NEBLINAS ...................................................................................................................................................... 42 1.3.1.5. GASES ............................................................................................................................................................ 42 1.3.1.6. VAPORES ....................................................................................................................................................... 43 1.3.2. PENETRAÇÃO NO ORGANISMO HUMANO .................................................................................................. 43 1.3.3. EFEITOS DOS AGENTES QUÍMICOS ............................................................................................................44 1.4. LEGISLAÇÃO ....................................................................................................................................................... 45 1.4.1. INSALUBRIDADE .............................................................................................................................................. 46 1.4.2.LIMITES DE TOLERÂNCIA (LT) ....................................................................................................................... 47 1.5. MEDIDAS DE CONTROLE .................................................................................................................................. 48 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 51 29WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, será discorrido sobre o primeiro agente ambiental da higiene ocupacional, os agentes químicos. Inicialmente, será realizada uma apresentação sobre a indústria química no Brasil, abordando seu contexto histórico e econômico, bem como a importância dos produtos químicos para diversos ramos da indústria. Posteriormente, serão definidos os principais agentes químicos (poeira, névoa, neblina, fumo, gases e vapores), a sua classificação e propriedades principais, bem como os efeitos à saúde dos trabalhadores potencialmente expostos a eles. Serão apresentados e discutidos os limites de tolerância à exposição do trabalhador a esses agentes, estipulados pelas normas regulamentadoras e as consequências do manuseio inadequado de produtos químicos. Por fim, medidas de controle coletiva e individual serão apresentadas, visando garantir à saúde e segurança dos trabalhadores. 30WWW.UNINGA.BR HI GI EN E DO T RA BA LH O II - R IS CO S OC UP AC IO NA IS Q UA LI TA TI VO S (Q UÍ M IC OS , F ÍS IC OS , B IO LÓ GI CO S) | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - RISCOS QUÍMICOS 1.1. A indústria Química A classificação da indústria química e de seus segmentos já foi motivo de muitas divergências, o que dificultava a comparação e análise dos dados estatísticos referentes ao setor. Em algumas ocasiões, indústrias independentes, como a do refino do petróleo, por exemplo, eram confundidas com a indústria química propriamente dita. Em outras, segmentos tipicamente químicos, como os de resinas termoplásticas e de borracha sintética, não eram incluídos nas análises setoriais (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA, 2017). Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) (2017), com o objetivo de eliminar essas divergências, a Organização das Nações Unidas (ONU), há alguns anos, aprovou a nova classificação internacional para a indústria química, incluindo-a na Revisão n° 3 e 4 da International Standard Industry Classification (ISIC). No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o apoio ABIQUIM, definiu, com base nos critérios aprovados pela ONU, uma nova Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e promoveu o enquadramento de todos os produtos químicos nessa classificação. Durante o ano de 2006, o IBGE redefiniu toda a estrutura da CNAE, adaptando-a ao ISIC. Após a conclusão dessa revisão, os segmentos que compõem as atividades da indústria química passaram a ser contemplados nas divisões 20 (fabricação de produtos químicos) e 21 (fabricação de produtos farmoquímicos
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