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UNISOCIESC - INSTITUTO SUPERIOR TUPY | BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO | TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Orientadora: Roseli Schmitz | Acadêmica: Rhuana Maia SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA - UNISOCIESC INSTITUTO SUPERIOR TUPY RHUANA MAIA CASA LAR Joinville 2015 RHUANA MAIA CASA LAR Trabalho de Conclusão de Curso I será apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo do Instituto Superior Tupy como requisito parcial para obtenção de Grau em Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Roseli Schmitz Joinville 2015 AGRADECIMENTOS Ao meu pai, que também é mãe, Ao meu amor, que também é amigo. Toda obra excelente será aprovada e o seu autor nela achará orgulho. Feliz o homem que persevera na sabedoria, que se exercita na prática da justiça, e que, em seu coração, pensa no olhar de Deus que tudo vê; que repassa no seu coração os seus caminhos, que penetra no conhecimento de seus segredos, que caminha atrás dela seguindo-lhe as pegadas, e que permanece em suas vias; que olha pelas suas janelas, que escuta à sua porta, que se detém junto à sua casa e que, enterrando uma estaca dentro de suas muralhas, edifica sua cabana junto a ela. Nessa cabana, seus haveres repousam tranqüilamente para sempre; sob esse abrigo ele estabelece os seus filhos, e ele mesmo residirá debaixo dos seus ramos. Em sua sombra ele encontra abrigo contra o calor, e repousará na sua glória. Eclesiástico 14, 21-27. LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS 1. Lar Abdon Batista 2. Mapa de distribuição de instituições em Joinville 3. Lar Emanuel 4. Abrigo Infanto Juvenil 5. Associação Ecos da esperança 6. Asilo de menores 7. Formatura 8. Meninos no SAM 9. Linha do Tempo 10. Gráfico de especialidade de abandono no país 11. Gráfico de causas de abandono no país 12. Abrigamento de crianças e adolescentes em Joinville 13. Depoimentos 14. Recomendação para construção de Casa Lar 15. Espaços necessários para Casa Lar 16. Infraestrutura 17. Parâmetros conforme NBR 9050 18. Ambientes e sensações 19. Facho de luz 20. Luminárias 21. Forma retilínea 22. Forma angular 23. Forma curva 24. Casa eficiente 25. Vista para o Porto 26. Térreo e superior 27. Centro infantil Gangjin 28. Telhado 29. Peixes 30. Playground e área de atividades 31. Área de estudos 32. Vista aérea Orfanato de Amsterdã 33. Detalhe cobertura 34. Dormitórios 35. Vista externa 36. Pátio interno 37. Vista externa 38. Interior 39. Vista externa 03 40. Pátio interno 02 41. Vista externa 04 42. Interior 02 43. Planta baixa 44. Planta cobertura 45. Orfanato de Amsterdã 46. Planta baixa 47. Vista interna 48. Vista interna 02 49. Orfanato Falatow Jigiyaso 50. Vista externa 51. Telhado 52. Casa das crianças em Saunalahti 53. Vista Interior 54. Vista Interior 02 55. Planta térreo e superior 56. Vista interior 57. Área de lazer 58. Orfanato módulo na Tailândia 59. Vista interior 60. Vista externa 01 61. Vista externa 02 62. Vista interior 02 63. Área externa 64. Lar Ecos de Esperança 65. Lar Ecos de Esperança 02 66. Lar Ecos de Esperança 03 67. Quadra de esportes 68. Casa Lar Ecos de Esperança 69. Cozinha 70. Quarto dos meninos 71. Sala de estar 72. Quarto das meninas 73. Localização 74. Mapa de Joinville 75. Planta padrão 76. Parque 77. Banheiro meninas 78. Jardim 79. Banheiro meninos 80. Área rua Adolfo Sell 81. Mapa do bairro Boa Vista 82. Uso do Solo 83. Meio ambiente 84. Aspectos físicos 85. Abrangência 86. Alagamentos 87. Área 88. Deslizamentos 89. Área Rua De Marseille 90. Mapa do bairro Saguaçu 91. Uso do Solo 92. Meio ambiente 93. Aspectos físicos 94. Abrangência 95. Alagamentos 96. Área 97. Deslizamentos 98. Mapeamento da área 99. Visual do terreno escolhido 100. Visual do terreno escolhido 101. Visual do terreno escolhido 102. Visual do terreno escolhido 103. Organograma 104. Fluxograma 105. Resumo das Diretrizes Projetuais 106. Formas geométricas 107. Levantamento Topográfico da área 108. Entorno Imediato 109. Condicionantes do entorno 110. Levantamento topográfico 111. Perfis do terreno 112. Zoneamento da legislação 113. Zoneamento dos setores 114. Proposta inicial de implantação 115. Proposta inicial de volumetria 116. Materiais 117. Topografia do terreno 118. Implantação 119. Fluxos 120. Diretrizes 121. Detalhe Plugs 1. Quantidade de entidades e atendidos em acolhimento institucional 2. Quantidade de entidades e atendidos em acolhimento familiar 3. Organização metodológica 4. Atendimento em Joinville 5. Entidades de Atendimento 6. Comparativo segundo tríade vitrúviana 7. Comparativo segundo conceitos da fundamentação teórica 8. Pontos positivos e pontos negativos 9. Programa de necessidades e pré-dimensionamento. SUMÁRIO 09 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 09 5.1 ASPECTOS HISTÓRICOS 5.1.1 Surgimento da institucionalização infantil no mundo 5.1.1.1 No Brasil 11 5.1.2 Legislação da adoção 12 5.1.3 Necessidades atuais em relação a taxas de abandono no país 13 5.1.3.1 Na cidade: dados em Joinville. 14 5.1.4 Problemática dos Abrigos 15 5.2 ASPECTOS PSICOLÓGICOS 5.2.1 Por que Casa Lar? 5.2.2 Desenvolvimento de crianças institucionalizadas 16 5.2.2.1 Experiências relatadas 17 5.2.2.2 Reintegração da criança na sociedade 5.2.3 Influência da arquitetura na vivência infantil 5.3 ASPECTOS ARQUITETÔNICOS 5.3.1 Usuário infantil 18 5.3.1.1 Dimensionamento do espaço físico 19 5.3.1.2 Acessibilidade de portadores de necessidades especiais 5.3.2 Uso do espaço para gerar sensações 20 5.3.2.1 Luz 21 5.3.2.2 Formas 5.3.2.3 Materiais 5.3.2.4 Acústica 22 5.3.2.5 Cores 23 5.4 ASPECTOS DE SUSTENTABILIDADE 5.4.1 Visão sustentável 5.4.2 O que a sustentabilidade agrega na educação infantil? 5.4.3 Pequenas soluções em edificações que reduzem o uso de recursos naturais 5 25 ANÁLISE DE CORRELATOS 25 6.1 CENTRO INFANTIL GANGJIN 6.1.1 Sistema Construtivo 6.1.2 Análise de Massas 6.1.3 Organização dos espaços 6.1.4 Interiores 6.1.5 Organograma 26 6.1.6 Relação dos espaços 6.1.7 Contexto urbano 27 6.1.8 Análise segundo princípios de Ching 28 6.1.9 Conclusão 6.2 ORFANATO DE AMSTERDÃ 6.2.1 Sistema Construtivo 6.2.2 Análise de Massas 29 6.2.3 Fenômenos gêmeos e Claridade labiríntica 6.2.4 Contexto Urbano 6.2.5 Organização dos espaços 6.2.6 Concepção Social 30 6.2.7 Relação dos espaços 31 6.2.8 Análise segundo princípios de Ching 6.2.9 Conclusão 32 6.3 ANÁLISES RÁPIDAS DE CORRELATOS 6.3.1 ORFANATO FALATOW JIGIYASO 33 6.3.2 CASA DAS CRIANÇAS EM SAUNALAHTI 34 6.3.3 ORFANATO MÓDULO NA TAILÂNDIA 6 35 ESTUDO DE CASO 35 7.1 CASA LAR ECOS DA ESPERANÇA 7.1.1 Enfoque Social 7.1.2 Funcionamento 7.1.3 Sistema Construtivo 36 7.1.4 Organização dos Espaços 7.1.5 Organograma 7.1.6 Análise de Massas 37 7.1.7 Localização 7.1.8 Padrão 7.1.9 Conclusão 7 10 9 8 4 08 METODOLOGIA 3 07 OBJETIVOS073.1 OBJETIVO GERAL3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO 2 06 JUSTIFICATIVA 1 05 INTRODUÇÃO 11 1 12 38 COMPARATIVO ANÁLISES DE CORRELATOS X ESTUDOS DE CASO 39 ESCOLHA DO TERRENO 9.1 DIRETRIZES PARA ESCOLHA DO TERRENO 9.2 ÁREAS PROPOSTAS 40 9.2.1 Opção 01 42 9.2.2 Opção 02 44 9.3 ESCOLHA DA ÁREA 45 CONCEPÇÃO FORMAL 10.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES 10.1.1 Pré-dimensionamento 46 10.1.2 Organograma 10.1.3 Fluxograma 47 10.2 DIRETRIZES PROJETUAIS 48 10.3 CONCEITO E PARTIDO 10.4 VISUAIS DO TERRENO 49 10.5 CONDICIONANTES PROJETUAIS 50 10.6 SETORIZAÇÃO 51 10.7 PROPOSTA INICIAL 52 ANTEPROJETO 52 11.1 MATERIAIS 53 11.2 TOPOGRAFIA 54 11.3 JUSTIFICATIVA PARA IMPLANTAÇÃO 55 11.4 FLUXOS DE USUÁRIOS 56 11.5 DIRETRIZES PROJETUAIS X FORMA 57 11.6 DETALHE PLUGS 58 11.7 VOLUMETRIA 52 CONSIDERAÇÕES FINAIS 05 Orfanato, abrigo, instituição, ou casa lar, independente de sua nomeação, designa ambiente para a moradia e cuidados à órfãos, enjeitados,e/ou crianças em situação de risco no ambiente familiar. Pesquisa realizada pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), com levantamento de dados em 2012 e 2013, aponta que 50% dos institucionalizados têm permanência prolongada, contrária a ideal que é de até dois anos, estabelecida pelo ECA (Estatuto da Criança e Adolescente). Esse dado aponta que os abrigos tornam-se ‘lar’ por um tempo fatídico na concepção formal de caráter e estruturação psicológica infantil. Rizzini & Rizzini (2004), remetem que são reproduzidas ainda hoje, características próprias das instituições totais, tais como conventos, manicômios e prisões, expondo crianças e adolescentes à outras formas de situação de risco, como a segregação social e a ruptura dos vínculos familiares. Nesse sentido, discutem-se concepções que definem e avaliam os abrigos enquanto 1) instrumento da política de proteção social à infância, 2) funcionalidade em sua arquitetura, 3)ambiente coletivo de cuidado e 4) contexto ecológico do desenvolvimento humano. Qual seria o partido arquitetônico ideal para essa instituição? Desta forma propõe-se um projeto arquitetônico de casa lar infantojuvenil para pequenos grupos, com a elaboração de ambientes adequados, utilizando de medidas que proporcionem o crescimento psicomotor e social necessários a cada faixa etária, podendo proporcionar diferencial na formação dos indivíduos e em sua reintegração na sociedade. A devida escolha do tema, foi motivada pela falta de locais que proporcionem estrutura física adequada às crianças e adolescentes, sendo que muitas das instituições são adaptadas em antigas residências familiares ou seguem o estereótipo de instituições totais. 1 INTRODUÇÃO 2 Segundo descrito no art.º 101 do ECA¹ (BRASIL,1990), abrigo é o lar coletivo de pequenas dimensões, onde o abrigado não está privado da liberdade. É medida provisória excepcional utilizável como forma de transição para a colocação em família substituta. A decisão de fazer o trabalho de conclusão de curso acerca do tema, se deu após conhecimento da teoria do Behaviorismo², em que a habitação torna-se de extrema importância à evolução infantojuvenil assim como a formação de seu caráter. Quando se vive num ambiente em que suprem todas as necessidades, o ser humano consegue “ ter um melhor desenvolvimento físico e psicológico, adaptando-se de melhor forma à sociedade. ” (PAPALIA; OLDS, 2006, pág. 66). Ainda segundo Papalia e Olds (2006), os seres humanos em todas as idades aprendem sobre o mundo da mesma maneira que os outros animais: reagindo às condições ou aspectos de seu ambiente que acham agradáveis, dolorosas ou ameaçadores. Pela legislação vigente no país, artº 94, do ECA¹(BRASIL,1990), as instituições que abrigam crianças provenientes de abandono, maus-tratos, ou que foram afastadas judicialmente de suas famílias, devem oferecer atendimento personalizado em pequenas unidades e grupos reduzidos, instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e ainda proporcionar atividades de cultura, esporte e lazer. Segundo dados do CNMP³ (BRASIL,2013), a região sul do país é a que conta com a maior demanda para atendimento de crianças que necessitam de abrigo, tendo alarmante diferença entre acolhimento familiar e acolhimento institucional. O ECA¹ (BRASIL,1990) determina que até o prazo máximo de seis meses, a necessidade de permanência da criança ou adolescente no serviço de acolhimento seja reavaliada, a fim de que não se prolongue por mais de 2 anos. Os mesmos parâmetros legais naturalmente se aplicam ao acolhimento familiar, pois ambos os serviços são destinados ao acolhimento temporário de crianças e adolescentes em situação de risco ou de abandono. O CNMP³ (BRASIL,2013) divulgou ainda, que o percentual de crianças e adolescentes que permanecem no serviço no período de até 6 meses não chega à 20%, em torno de 50% dos atendidos permanecem no serviço de 6 meses à 2 anos, e aproximadamente 35% dos acolhidos são mantidos nas entidades por mais de 2 anos, o que corresponde à mais de 10 mil crianças e adolescentes. Atualmente a cidade de Joinville conta com quatro instituições, que recebem auxílio do governo municipal, funcionando como entidades não governamentais. (AMUNESC, 2014). Nos quesitos funcionais, as instituições existentes abdicam aos internos a noção de intimidade, desconsideram as características peculiares de cada indivíduo limitando as chances de decisões pessoais e, em alguns casos, controlam a variável do ambiente de acordo com as condições financeiras. REGIÃO/UF ANO Nº DE SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO TOTAL DE ATENDIDOS 2012 106 879 Centro-Oeste 11 66 Nordeste 1 12 Norte 1 3 Sudeste 27 382 Sul 66 416 2013 123 1.019 Centro-Oeste 8 49 Nordeste 3 8 Norte 1 7 Sudeste 31 375 Sul 80 580 Tabela 2: Quantidade de entidades e atendidos em acolhimento familiar. fonte: Conselho Nacional do Ministério Público, 2014. REGIÃO/UF Nº DE SERVIÇOSDE ACOLHIMENTO TOTAL DE ATENDIDOS CENTRO-OESTE 226 2.707 Distrito Federal 21 361 Goiás 62 964 Mato Grosso 65 585 Mato Grosso do sul 78 797 NORDESTE 228 3.379 Alagoas 24 303 Bahia 51 637 Ceará 32 669 Maranhão 20 235 Paraíba 19 249 Pernambuco 39 678 Piauí 6 138 Rio Grande do Norte 17 203 Sergipe 20 267 NORTE 103 1.220 Acre 8 119 Amapá 5 105 Amazonas 9 206 Pará 36 384 Rondônia 34 244 Roraima 4 65 Tocantis 7 97 SUDESTE 1.087 14.989 Espírito Santo 89 965 Minas Gerais 192 2.311 Rio de Janeiro 190 2.225 São Paulo 616 9.488 SUL 603 7.026 Paraná 296 2.845 Rio Grande do Sul 186 2.968 Santa Catarina 121 1.213 Total 2.247 29.321 Tabela 1: Quantidade de entidades e atendidos em acolhimento institucional. fonte: Conselho Nacional do Ministério Público, 2014. Alguns ambientes não dispõem do espaço necessário, e são adaptadas na tentativa de construir um espaço familiar. Há ambientes que acomodam crianças de diferentes idades num mesmo espaço o que, segundo Piaget⁴(1993), interfere na evolução cognitiva infantojuvenil. Outra característica observada de alguns espaços, é a privação do contato com o meio exterior formando uma comunidade que gira em torno de si, fechando os olhos para a sociedade. ¹ ECA – Estatuto da criança e do adolescente. ² Behaviorismo - Conjunto das teorias psicológicas que postulam o comportamento em relação ao espaço físico. ³ CNMP – Conselho nacional do ministério público. 4 PIAGET - Psicólogo suíço que estudou mais de 50 anos o convívio infantil, pensamento infantil e o raciocínio lógico. 06 As taxas de população dos abrigos na cidade Joinville são relevantemente preocupantes, e tendem a crescer nos próximos anos, por isso a cidade precisa se preparar no âmbito da assistência social aos menores. É de suma importância projetar espaços pensando em fatores que diminuam ou suavizem os efeitos provocados pela longa permanência nas instituições, aliado a conceitos de arquitetura que encontrem o caminho para a humanização ideal dos abrigos. Faz-se necessário, além da r e f o r m u l a ç ã o p r o j e t u a l d a s instituições, o estudo e levantamento de dados sobre a relação entre a arquitetura e a sua influência nas crianças/adolescentes, já que não há grande aprofundamento acerca do assunto. Muito da contextualização temática refere-se a abrigos, orfanatos, instituições e casas lar, somente como extensão da escola, “[...]funcionando como política social que serve para afastar do olhar público, aquilo que atenta contra a ordem social e a dignidade humana – o abandono das crianças e os maus tratos na família.” (CAVALCANTE, MAGALHÃES e PONTES, 2007, pág. 332). JUSTIFICATIVA Figura 04 – Abrigo Infanto Juvenil. fonte: http://www.larabdonbatista.com.br, 2014. Figura 01 – Lar Abdon Batista. fonte:http://srbmw.blogspot.com.br, 2014. Figura 03 – Lar Emanuel. Figura 05 – Associação Ecos da Esperança. fonte: http://www.laremanuel.org.br, 2014. fonte: http://www.ecosdeesperanca.org.br,2014. 07 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Proposição de projeto arquitetônico de casa lar infantojuvenil com aspectos sustentáveis. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS (OES) OE 1 – Conhecer a influência do ambiente no psicológico infantil. OE 2 – Identificar o quanto a sustentabilidade agrega no desenvolvimento e formação do caráter socioeducacional. OE 3 – Desenvolver espaços funcionais que estimulem a reintegração na sociedade. OE 4 – Buscar conceitos e soluções para a aplicação da arquitetura sustentável com relação ao uso racional de recursos naturais. OE 5 – Identificar a problemática projetual de uma instituição casa lar. N fonte: a Autora. Pode-se acompanhar a distribuição das instituições de abrigamento e Casas Lar, pelos bairros de Joinville. A zona sul é acolhedora de três das quatro edificações, o que torna desigual o mapeamento geográfico das mesmas. Figura 02 – Mapa de instituições em Joinville. 4 METODOLOGIA Para que se realize um projeto de instituição infantojuvenil denominada Casa Lar, adequado às necessidades locais de Joinville, utilizam-se os métodos de pesquisa baseados nos conceitos de Marconi e Lakatos (2006): · Método de documentação indireta através de pesquisa documental e bibliográfica. Documental, contando com fonte de documentos públicos municipais estaduais e federais, como leis e ofícios, e dados censitários de órgãos particulares e oficiais. E, bibliográfica, abrangendo publicações referentes ao tema, como cartografia, livros, artigos e pesquisas. · Método de documentação direta com levantamento de dados coletados no próprio local, através de pesquisa de campo do método explorativo, que consiste em uma pesquisa empírica objetivada à formulação de questões ou problemas. · Método de observação direta intensiva através de entrevista não estruturada focalizada, que diz respeito àquela onde o entrevistador tem liberdade para desenvolver conversa, além de tópicos já elaborados. · Método de observação direta extensiva através de questionário numa série ordenada de perguntas que devem ser respondidas sem a presença do entrevistador. Para o desenvolvimento dessas metodologias divide-se o trabalho em etapas que auxiliam a compor, compreender e manter o foco no percurso de pesquisa. No primeiro momento para introdução ao tema, é realizado o levantamento bibliográfico, constando dados censitários do IBGE¹ e CNMP², artigos científicos de autores consagrados na temática de assistência social infantil, assim como suas literaturas pertinentes e seus websites. De modo subjetivo em análises de leituras e visitações da autora a instituições, parte-se para o segundo passo que é o angariamento de problemáticas e discussões acerca do tema. Em um terceiro momento, discute-se e colhem-se dados diretamente com os envolvidos nas problemáticas sugeridas, adquirindo outros pontos de vista e opiniões. No quarto passo, é feito levantamento de dados dos questionários gerados a respeito do tema, e transfere-se a pesquisa de modo à esclarecer opiniões, comportamento e vivências. Com esse trajeto é possível completar o percurso, e chegar a um referencial teórico embasado, podendo ser utilizado para uma futura aplicação. Organização Metodológica conforme tabela a seguir: Todas as etapas estabelecidas na tabela fazem parte da estrutura organizacional da metodologia científica para pesquisa, e vem a contribuir para o entendimento da temática. Tabela 3: Organização metodológica. fonte: a Autora, 2014. ¹ IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ² CNMP – Conselho Nacional do Ministério Público. 08 5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O sistema revelou-se um fiasco tornando-se cabide de empregos para afilhados políticos, e recebia do governo um per capita para cada menor internado no SAM¹, onde os responsáveis internavam menores, extraiam as faturas e recebiam os valores devidos. Paulo Nogueira Filho publicou em 1956, ano em que deixou a direção do SAM¹: Em termos rudes, a realidade é que o SAM¹ entrega mais de uma dezena de milhar de menores por ano a terceiros, para que cuidem de sua vida e educação, sem a mínima garantia jurídica de que lhes seja dispensado um trato razoavelmente humano. Sangue, corrupção e vergonha. (Nogueira Filho, 1956, pág 264). Uma das instituições mais históricas no Brasil, foi o Asilo de menores abandonados (fig.07), criado pelo chefe da polícia carioca, Alfredo Vieira de Mello, em 1907, para o abrigo de crianças recolhidas na rua do Rio de Janeiro administrado pela polícia até 1915, quando foi integrado ao Patrono de Menores (particular), devido à má administração. As penas disciplinares infligidas aos menores eram excessivas e desumanas. ¹ SAM – Serviço de Assistência a Menores. 09 Figura 06 - Asilo de Menores. fonte: Livro: A institucionalização de crianças no Brasil, 2004. 5.1 ASPECTOS HISTÓRICOS 5.1.1 Surgimento da institucionalização infantil no mundo Segundo Badinter (1985), até o século XVII as crianças tinham pouca significância na família, eram vistas como sacrifício devido a sua fragilidade, e acabavam sendo abandonadas em grande quantidade. Outra causa do abandono era a condenação pela Igreja que pregava valores morais condenando atos de adultério, fazendo com que as crianças nascidas desses relacionamentos fossem abandonadas para não mancharem a reputação de suas famílias. A própria Igreja na era medieval, criou a roda dos expostos (fig. 06), cilindros que protegiam as crianças cujas mães, sem querer ser identificadas as depositavam ali, e mais tarde eram recolhidas por alguém da instituição. Muitas dessas crianças eram obrigadas a seguir a vida sacerdotal e servir á igreja. Até o período republicano Philippe Aries (1975), constata que a criança constituía um verdadeiro transtorno. Na melhor das hipóteses, ela teve uma posição insignificante, na pior, causava medo nas famílias Este método continuou existindo até o período republicano, e devido ao grande número de crianças que se encontravam na situação, iniciou-se a construção de orfanatos para atender coletivamente estas crianças. 5.1.1.1 No Brasil Há registros da primeira roda dos expostos no país em Salvador por volta de 1726, instalada em uma instituição religiosa, seguindo os costumes de Portugal, país colonizador do Brasil. Em Santa Catarina, na cidade de Florianópolis, no bairro do Desterro, as crianças expostas eram cuidadas primeiramente por famílias da comunidade, e em 1828 pela Irmandade do Sr. Bom Jesus dos Passos. “No reinado de D. Pedro II, após o ato adicional de 1834, o qual determinou que a instrução primária fosse de responsabilidade de cada província, os governos partem para a criação de escolas e institutos para instrução primária e profissional das crianças e adolescentes de classes populares, os chamados filhos do povo”. (Rizzini & Rizzini, 2004,pág 25). Somente a partir de 1922, no Rio de Janeiro, começou a funcionar o primeiro estabelecimento público voltado às crianças e adolescentes. Vinte anos depois, em 1941, foi criado o SAM¹, o qual era ligado ao Ministério da Justiça e exercia uma função parecida com o Sistema Penitenciário, com enfoque à repressão e à correção.
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