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Bibliologia: Visão panorâmica da Bíblia

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PPLLAANNOO DDEE AAUULLAA AAPPOOSSTTIILLAADDOO 
Escola Superior de Teologia do Espírito Santo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 BBBBBBBBiiiiiiiibbbbbbbblllllllliiiiiiiioooooooollllllllooooooooggggggggiiiiiiiiaaaaaaaa 
Visão panorâmica e aspectos da formação da Bíblia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
© Copyright 2004, Escola Superior de Teologia do ES 
 
A Escola Superior de Teologia do ES é amparada pelo disposto 
no parecer 241/99 da CES – Câmara de Ensino Superior 
O ensino à distância é regulamentado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e 
é considerado um dos mais avançados sistemas de ensino da 
atualidade 
 
■ 
 
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por 
 
ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA DO ES 
Rua Bariri, 716 - Glória – Vila Velha- ES 
CEP 29 122-230 - Vila Velha , ES 
Telefax (27) 3219-5440 
www.esutes.com.br 
 
■ 
 
PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM 
BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE. 
 
Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Versão 
Almeida Corrigida e Fiel(ACF) 
©2008, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana, 
e da Bíblia King James (Tradução em português do Novo 
Testamento)©2008, publicada pela Sociedade Ibero-americana da 
Bíblia, salvo indicação em contrário 
 
 
 
O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão. 
A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da apostila, 
segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo aborda, 
bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados. 
 
TEOLOGIA DO ES, Escola Superior de - Título original: Bibliologia, Visão panorâmica e aspectos 
da formação da Bíblia – Espírito Santo: ESUTES, 2004. 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 
 
 
 
3 
 ____________________________ 
 
 SSSSSSSSUUUUUUUUMMMMMMMMÁÁÁÁÁÁÁÁRRRRRRRRIIIIIIIIOOOOOOOO 
 _______ _______ _______ _______ 
 
 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIII 
A BÍBLIA COMO LIVROA BÍBLIA COMO LIVROA BÍBLIA COMO LIVROA BÍBLIA COMO LIVRO 
Introdução.........................................................................................................................................................4 
A escrita e estrutura da Biblia...........................................................................................................................5 
O Antigo Testamento........................................................................................................................................8 
O Novo Testamento........................................................................................................................................12 
O tema central da Bíblia..................................................................................................................................15 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIII 
A BÍBLIA COMO A PALAVRA DE DEUSA BÍBLIA COMO A PALAVRA DE DEUSA BÍBLIA COMO A PALAVRA DE DEUSA BÍBLIA COMO A PALAVRA DE DEUS 
A inspiração da Bíblia....................................................................................................................................17 
Teorias sobre a inspiração da Bíblia...............................................................................................................24 
Provas da inspiração da Bíblia........................................................................................................................25 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII 
OOOOOOOO CCCCCCCCÂÂÂÂÂÂÂÂNNNNNNNNOOOOOOOONNNNNNNN DDDDDDDDAAAAAAAA BBBBBBBBÍÍÍÍÍÍÍÍBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIAAAAAAAA EEEEEEEE SSSSSSSSUUUUUUUUAAAAAAAA EEEEEEEEVVVVVVVVOOOOOOOOLLLLLLLLUUUUUUUUÇÇÇÇÇÇÇÇÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO 
O Significado da palavra “CÂNON”................................................................................................................27 
O Cânon do Antigo Testamento......................................................................................................................27 
O Cânon do Novo Testamento........................................................................................................................28 
Os livros apócrifos do NT...............................................................................................................................29 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIVVVVVVVV 
AAAAAAAA PPPPPPPPRRRRRRRREEEEEEEESSSSSSSSEEEEEEEERRRRRRRRVVVVVVVVAAAAAAAAÇÇÇÇÇÇÇÇÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO DDDDDDDDAAAAAAAA BBBBBBBBÍÍÍÍÍÍÍÍBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIAAAAAAAA EEEEEEEE SSSSSSSSUUUUUUUUAAAAAAAASSSSSSSS TTTTTTTTRRRRRRRRAAAAAAAADDDDDDDDUUUUUUUUÇÇÇÇÇÇÇÇÕÕÕÕÕÕÕÕEEEEEEEESSSSSSSS 
A Septua Ginta................................................................................................................................................32 
As principais traduções da Bíblia para o inglês...............................................................................................33 
As principais traduções da Bíblia para o português........................................................................................34 
A Bíblia no Brasil.............................................................................................................................................35APÊNDICE APÊNDICE APÊNDICE APÊNDICE 
O Período Interbíblico.......................................................................................................................................35 
Período Babilônico............................................................................................................................................39 
Período Medo-Persa.........................................................................................................................................42 
O período Greco-Macedônia............................................................................................................................43 
O período Macabeu..........................................................................................................................................44 
 
 
BIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................................46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 
 
 
 
4 
 
UUNNIIDDAADDEE II 
 AA BBÍÍBBLLIIAA CCOOMMOO LLIIVVRROO 
............................................................... 
 
 “Através da Bibliologia compreendemos a formação da Bíblia, sua história e como miraculosamente ela chegou 
até nós” 
.............................................................. 
 
 
 IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO 
A Bíblia é um livro singular, inspirado por Deus. Escribas, Sacerdotes, Reis, Profetas e Poetas, 
homens das mais diversas culturas a escreveram, num período aproximado de 1.500 anos. Foram mais 
de 40 pessoas a escreverem as páginas da Bíblia e notadamente vê-se a mão de Deus na sua unidade. 
Estes textos foram copiados e recopilados de geração para geração em diversos idiomas, tais como: 
Hebraico, Aramaico e grego; até chegar a nós. A Bíblia em sua forma original é desprovida das 
divisões de capítulos e versículos. Para facilitar sua leitura e localização de "citações” a divisão da 
Bíblia em capítulos foi feita em 1250, pelo cardeal Hugo de Saint Cher, abade dominicano e estudioso 
das escrituras. Apenas mais tarde foi dividido em versículos. Em 1445 o A.T. foi dividido em 
versículos pelo Rabino Nathan. O N.T. foi em 1551 por Robert Stevens, um impressor de Paris. Até a 
invenção da gráfica por Gutenberg, a Bíblia era um livro extremamente raro e caro, pois eram todos 
feitos artesanalmente (manuscritos) e poucos tinham acesso às Escrituras. A Bíblia é composta de 66 
livros, 1.189 capítulos, 31.173 versículos, mais de 773.000 palavras e aproximadamente 3.600.000 letras. 
Encontra-se traduzida em mais de 1000 línguas e dialetos, o equivalente a 50% das línguas faladas no 
mundo. Há uma estimativa que já foi comercializado no planeta milhões de exemplares entre a versão 
integral e o NT. Mais de 500 milhões de livros isolados já foram comercializados. Afirmam ainda que a 
cada minuto 50 Bíblias são vendidas, perfazendo um total diário de aproximadamente 72 mil 
exemplares! O estudo da Bibliologia auxilia grandemente a compreensão dos fatos bíblicos. Ela nos 
mostra, por exemplo, como a Bíblia chegou até nós. Pela Bíblia Deus fala em linguagem humana, para 
que o homem possa entendê-lo. Por isso ela faz alusão a tudo que é terreno e humano. Ela menciona 
países, rios, mares, plantas, comércio, dinheiro, produtos, costumes, raças, usos, línguas, etc. O autor 
da Bíblia é Deus, mas os escritores foram homens. Na linguagem figurada de diversas partes da Bíblia 
o próprio Deus age e é descrito como homem. É comum, por exemplo, encontrarmos na Bíblia 
antropopatismos (Ato de atribuir sentimentos humanos a Deus. Ex.: A ira de Deus, Deus arrependeu-
se, etc.) e antropomorfismos (Ato de atribuir formas humanas a Deus. Ex: Os olhos de Deus, a mão do 
Senhor, etc.). A Bíblia chega a esse ponto para que o homem melhor compreenda o que Deus quer lhe 
dizer. 
 
A BIBLIOLOGIA ESTUDA A BÍBLIA SOB OS SEGUINTES ASPECTOS: 
• Sua estrutura, considerando sua divisão, classificação dos livros, capítulos, versículos, 
particularidades e tema central. 
• A Bíblia como livro divino. 
• O Cânon sagrado: sua formação e transmissão até nós. 
• A preservação e tradução do texto bíblico. Isso aborda as línguas originais e os manuscritos bíblicos. 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 
 
 
 
5 
• Inclui também elementos de história geral da Bíblia, inclusive o período interbíblico, e auxílios 
externos no estudo da Bíblia: geografia bíblica, usos e costumes orientais, sistemas de medida, peso e 
moeda, história das nações antigas, estudo dos personagens e dificuldades bíblicas. 
 
 
 AA EESSCCRRIITTAA DDAA BBÍÍBBLLIIAA EE SSUUAA EESSTTRRUUTTUURRAA 
O vocábulo “Bíblia” 
O vocábulo “Bíblia” vem do grego, língua original do Novo testamento. Deriva do vocábulo grego 
“Biblos”. Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado “Biblion”, e vários destes eram uma 
“Bíblia”. Portanto, literalmente, a palavra Bíblia quer dizer “coleção de livros pequenos”. 
 
A escrita da Bíblia 
A Bíblia foi originalmente escrita em forma de rolo, sendo cada livro um rolo. Assim, vimos que os 
livros sagrados não estavam unidos como os temos hoje. Isso só foi possível com a invenção do papel 
no século II pelos chineses, bem como a invenção do prelo em 1450 pelo alemão Gutenberg. Os livros 
antigos tinham forma de rolo (Jr 36.2). Eram feitos de papiro ou pergaminho. Ainda hoje, devido aos 
ritos tradicionais, os rolos sagrados das escrituras hebraicas continuam em uso nas sinagogas judaicas. 
 
 
MATERIAIS EMPREGADOS NA REDAÇÃO DA BÍBLIA 
Papiro 
O papiro é uma planta aquática que cresce junto a rios, lagos e banhados no oriente, cuja entrecasca 
servia para escrever. Essa planta ainda existe no Sudão, na Galiléia superior e no vale de Sharom. Seu 
uso na escrita vem de 3.000 a.C. A impossibilidade de recuperar muitos dos antigos manuscritos (um 
manuscrito é, neste sentido, uma cópia à mão das Escrituras) se deve basicamente aos materiais 
perecíveis empregados na escrita da Bíblia. Dentre os antigos materiais de escrita, o mais comum era o 
papiro, feito da planta do mesmo nome. Esse junco crescia nos rios e lagos de pouca profundidade, 
existentes no Egito e na Síria. Grandes carregamentos de papiros eram despachados através do porto 
sírio de Byblos. Supõe-se que a palavra grega para livro (biblos) tenha origem no nome desse porto. A 
palavra portuguesa "papel" vem da palavra grega papyros, isto é, papiro. The Cambridge History ofthe Bible 
(A História da Bíblia, de Cambridge) relata como se preparava o papiro para a escrita: “Retiravam-se as 
películas que envolvem o caule. Essas películas eram cortadas no sentido longitudinal em fitas estreitas, 
sendo então socadas e prensadas em várias camadas, sendo que cada camada era disposta 
perpendicularmente em relação à camada de baixo. Quando seca, a superfície esbranquiçada era polida 
com uma pedra ou outro objeto. Plínio menciona diversos tipos de papiro que foram achados, de 
diferentes espessuras e superfícies, produzidos antes do período do Novo Império, quando as folhas 
eram freqüentemente bem delgadas e translúcidas". O mais antigo fragmento de papiro de que se tem 
notícia é de 2400 antes de Cristo. Os mais antigos manuscritos foram escritos em papiro, e era difícil a 
preservação de qualquer um desses papiros, exceto em regiões secas, como as áreas desérticas do Egito, 
ou em cavernas semelhantes às de Qumran, onde foram achados os rolosdo mar Morto. O uso do 
papiro era bem comum até por volta do século terceiro depois de Cristo. 
 
 
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Exemplos de papiro manuscristo Papiro ainda em forma de planta 
 
 
Pergaminho 
O pergaminho é de pele de animais geralmente cabra ou carneiro e seu uso é mais recente; vem dos 
primórdios da era cristã. É um material gráfico superior ao papiro. Essa palavra designa "peles 
preparadas de ovelhas, cabras, antílopes e outros animais". Essas peles eram "tosadas e raspadas" a 
fim de se obter um material mais durável para a escrita. F.F. Bruce escreve que a palavra "pergaminho” 
tem origem no nome da cidade de Pérgamo, na Ária Menor, pois a produção desse material para escrita 
esteve, numa certa época, especialmente associada ao local". 
 
Velino 
Era o nome dado à pele de filhotes de diversos animais. Freqüentemente o velino era atingido de 
púrpura. Alguns dos manuscritos que temos hoje em dia são velino cor-de-púrpura. Geralmente os 
caracteres escritos sobre o velino purpúreo eram prateados ou dourados. Os mais antigos rolos de 
peles de animais são de aproximadamente 1500 antes de Cristo. 
 
Outros Materiais para Escrita 
Ôstraco - Fragmento de cerâmica não-esmaltada, bastante usado entre o povo em geral. Esses 
fragmentos têm sido encontrados em abundância no Egito e na Palestina (Jó 2.8). 
 
Tabletes de argila 
 Inscritos com um instrumento pontiagudo e, então, secados a fim de se ter um registro definitivo 
(Jeremias 17.13; Ezequiel 4.1). Eram os mais baratos e um dos mais duráveis materiais para escrita. 
 
Tabletes de cera 
Um estilete de metal era usado para escrever num pedaço plano de madeira recoberto com cera. 
 
INSTRUMENTOS PARA A ESCRITA 
Cinzel 
Um instrumento de ferro para entalhar as pedras. 
 
Estilete de Metal 
"Usava-se o estüeto, um instumento triangular com uma cabeça plana, para fazer marcas nos tabletes 
de argila e de cera". 
Pena 
Era feita de "juncos (juncus maritimis), com 15 a 40 centímetros de comprimento, sendo que uma das 
extremidades era cortada de modo a produzir o formato de cinzel achatado, a fim de que se pudesse 
 
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fazer traços grossos ou finos com as beiradas largas ou estreitas. A pena de junco esteve em uso na 
Mesopotâmia desde o início do primeiro milênio (a.C), sendo que é bem possível que tenha sido 
adotada em outros lugares, enquanto que a idéia de uma pena de ave parece ter vindo dos gregos, no 
século três a.C. (Jeremias 8.8). A pena era usada para escrever em velino, pergaminho e papiro. A tinta 
geralmente era uma mistura de "carvão, cola e água". 
 
AS FORMAS DOS LIVROS ANTIGOS 
Rolos 
Eram folhas de papiro coladas uma ao lado da outra, formando longas tiras, e, então, enroladas num 
bastão. O tamanho do rolo era limitado por causa da dificuldade de seu uso. Geralmente se escrevia só 
de um lado. Um rolo escrito dos dois lados tem o nome de "opistógrafo" (Apocalipse 5.1). Conhecem-se 
alguns rolos com 43 metros de comprimento, mas em geral, os rolos tinham entre seis e dez metros. Não 
é de surpreender que Calímaco, pessoa cuja função consistia em catalogar os livros da biblioteca de 
Alexandria, tenha dito que "um livro grande é um grande transtorno". 
 
Forma de códice ou livro 
A fim de tornar a leitura mais fácil e menos desajeitada, as folhas de papiro foram montadas em forma 
de livro, sendo escritas em ambos os lados. Greenlee afirma que o cristianismo foi o principal motivo 
para o desenvolvimento de formato do códice, ou volume manuscrito antigo. Os escritores clássicos 
escreveram em rolos de papiro até aproximadamente o século três depois de Cristo. 
 
TIPOS DE ESCRITA 
Escrita uncial 
Letras maiúsculas deliberadas e cuidadosamente desenhadas, própias para livros. Os códices Vaticano e 
Sinaítico são manuscritos unciais. 
 
Minúscula Carolina 
"Uma escrita de letras menores, cursivas, criadas com vistas à produção de livros". A mudança de unciais 
para minúsculas teve início no século nove. Os manuscritos gregos eram escritos sem quaisquer 
espaços entre as palavras. (Até 900 AD. o hebraico era escrito sem vogais, quando os massoretas 
introduziram a vocalização.) Bruce Metzger responde o seguinte àqueles que falam da dificuldade de 
um texto contínuo: "Não se deve, todavia, pensar que essas ambigüidades ocorram com muita 
freqüência no grego. Nessa língua a regra é que, com bem poucas exceções, as palavras vernáculas só 
podem terminar em vogai (ou em ditongo) ou em uma dentre três consoantes: n, r e s (ni, rô e sigma) 
Além do mais, não se supõe que a escrita contínua apresentasse dificuldades excepcionais na hora da 
leitura, pois, na antigüidade, aparentemente era costume ler em voz alta, mesmo quando se estivesse 
sozinho. Assim, apesar da inexistência de espaço entre as palavras, ao pronunciar, sílaba por sílaba, o 
que estava lendo, a pessoa logo se acostumava a ler o texto em escrita contínua". 
 
AS LÍNGUAS DA BÍBLIA 
O estudo das diversas línguas é interessante e de muito proveito. As línguas estão sempre se 
modificando e mudando com o desenvolvimento dos povos e inter relacionando as nações. Será 
necessário que reconheçamos isto neste estudo. Deus não inspirou a Bíblia na língua portuguesa, 
embora tenhamos a Bíblia inspirada em vernáculo nosso. Originalmente a Bíblia fora escrita em três 
línguas, a saber: hebraica, aramaica e grega. Esta era a língua do Novo testamento. Alguns 
comentadores dizem que provavelmente Abraão deixou de usar a velha língua semítica — A caldaica 
— a qual era a da sua própria terra (Gn 12.1-5), quando saiu de Ur, e adotou a língua dos cananeus, 
em cujo meio foi morar. A sua descendência — os hebreus — mais tarde, durante o cativeiro em 
Babilônia, deixou de falar a língua hebraica e adotou a caldaico-aramaica, a qual continuou a ser fala-
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 
 
 
 
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da até os tempos de Jesus Cristo. Esta língua cananéia, que Abraão usou, era, provavelmente, a mesma 
ou alguma forma dela, que foi conhecida mais tarde como hebraica. Parece que a língua hebraica foi 
chamada “a língua de Canaã” (Is 19.18). Algumas das tabuinhas de Tel-el-Amarna, descobertas em 
1887 no Egito, assim chamadas pelo nome do lugar em que foram achadas, com data de 400 anos mais 
ou menos depois de Abraão, são escritas em boa língua cananéia ou língua hebraica. 
 
A Língua do Velho Testamento 
Com poucas exceções, o Velho Testamento foi escrito na língua hebraica. Esta era a língua do povo de 
Israel e é chamada “a língua judaica” (II Reis 18.26). Esta língua continuou a ser falada e escrita pelos 
hebreus até o cativeiro, quando adotaram a aramaica ou siríaca, a qual é um dialeto da hebraica. 
Devido a esta mudança de língua, os versados na língua hebraica podem descobrir três períodos em 
que se divide a história do desenvolvimento dela. Cada período é distinguido pelo seu estilo e 
idioma.O período em que foi escrito o Pentateuco, é o da língua hebraica falada no tempo de Moisés. 
O período em que a língua alcançou o ponto do seu maior desenvolvimento em pureza e refinamento. 
Neste foram escritos os livros de Juízes, Samuel, Reis, Crônicas, Salmos dê Davi, Provérbios e os 
demais livros de Salomão e as profecias de Isaías, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum 
e Habacuque. O período em que foram escritos os demais livros de profecias, assim como os de Ester, 
Esdras e Neemias. Durante esta época, palavras, frases e idiotismos de línguas estrangeiras tinham 
sido incorporados à hebraica da segunda época, em conseqüência da comunicação dos judeus com as 
nações vizinhas. As passagens do Velho Testamento que não são escritas em hebraico são as seguintes:Esdras 4.8 a 6.18 e 7.12-26, Jeremias 10.11 e Daniel 2.4 a 7.28. Estas são escritas no dialeto caldaico. Este 
fenômeno se explica pela residência de Daniel e Esdras na Babilônia e as suas relações com os 
governadores desses países. 
 
A Língua do Novo Testamento 
Os livros do Novo Testamento foram escritos originalmente na língua grega, conhecida como 
helênica, porque os gregos eram chamados helenos ou o povo de Helas. Depois da grande conquista 
de Alexandre Magno, rei da Macedônia, filho de Filipe e de Olímpia, a língua grega, numa forma 
helênica, espalhou-se em toda parte do Egito e do Oriente, e tornou-se a língua vernácula dos hebreus 
que residiam nas colônias de Alexandria e outras partes. A Bíblia contém 66 livros e divide-se em duas 
partes principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Antigo Testamento tem 39 livros e o 
Novo Testamento 27. Os 66 livros foram escritos num período de aproximadamente 1.500 anos por 
mais de 40 gerações. Os escritores pertenceram às mais variadas profissões e atividades, viveram e 
escreveram em continentes, regiões e países distantes uns dos outros e em épocas diversas. Mesmo 
assim, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Foi escrito por mais de 40 escritores, envolvidos 
nas mais diferentes atividades, inclusive reis, camponeses, filósofos, pescadores, poetas, estadistas, 
estudiosos, etc. 
 
OO AANNTTIIGGOO TTEESSTTAAMMEENNTTOO 
Com 39 livros, foi originalmente escrito em hebraico, com algumas pequenas partes em aramaico. O 
aramaico foi a língua que Israel trouxe do cativeiro babilônico. Era a língua que se falava em toda a 
Mesopotâmia, e foi durante muitos anos a língua internacional do comércio. Era também conhecida 
com siríaco e caldaico e tinha praticamente a mesma estrutura do hebraico. Há também na Bíblia, 
algumas palavras persas. Podemos dividir os livros do A.T. em, Livros da lei ou Pentateuco são cinco: 
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Tratam do início de todas as coisas, da lei e do 
estabelecimento da nação de Israel. 
 
Livros Históricos 
São doze: Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester. 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 
 
 
 
9 
Trata da história de Israel em seus vários períodos. Teocracia, sob os juízes. Monarquia, Sob Saul, Davi 
e Salomão. Divisão do reino depois da morte de Salomão, cativeiro e período pós-exílio. 
 
Livros Poéticos 
São cinco: Jó, Salmos, provérbios, Eclesiastes, cantares de Salomão. 
São chamados poéticos devido à sua construção literária. 
 
Livros Proféticos 
São dezessete: Profetas maiores (cinco): Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel. 
Profetas menores (doze): Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, 
Ageu, Zacarias, Malaquias. 
 
 
 LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO 
 Lei (Pentateuco) – 5 livros Poesia – 5 livros 
1. Gênesis 
2. Êxodo 
3. Levítico 
4. Números 
5. Deuteronômio 
 
2. Salmos 
3. Provérbios 
4. Eclesiastes 
5. O Cântico dos Cânticos 
 Historia – 12 livros Profetas – 17 livros 
 1. Josué 
 2. Juízes 
 3. Rute 
 4. 1Samuel 
 5. 2Samuel 
 6. 1Reis 
 7. 2Reis 
 8. 1Crônicas 
 9. 2Crônicas 
10. Esdras 
11. Neemias 
12. Ester 
A. Maiores 
 
1. Isaías 
2. Jeremias 
3. Lamentações 
4. Ezequiel 
5. Daniel 
B. Menores 
 
 1. Oséias 
 2. Joel 
 3. Amós 
 4. Obadias 
 5. Jonas 
 6. Miquéias 
 7. Naum 
 8. Habacuque 
 9. Sofonias 
10. Ageu 
11. Zacarias 
12. Malaquias 
 
A classificação dos livros do A.T. como conhecemos, por assunto, não levando em conta a ordem 
cronológica dos livros, vem da Septuaginta. Calcula-se, por exemplo, que Jó seja o mais antigo dos 
livros da Bíblia. Na Bíblia em hebraico (chamada Tanach) a divisão dos livros é bem diferente: Leis, 
escritos e profetas. Abaixo encontramos a divisão dos livros do Antigo Testamento na Tanach. 
Lei (Em hebraico Torah), que compreende os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, 
Números, Deuteronômio. 
Profetas (Em hebraico Nebiim), agrupados em: Profetas anteriores: Josué, Juízes, 1 e II Samuel, I e II 
Reis; Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, 
Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias 
Escritos (Em hebraico Ketubim): Jó, Salmos, Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, 
Lamentações, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, I e II Crônicas. O título referido, Lei, Profetas e Escritos, 
aparece reduzido em ocasiões como a Lei e os Profetas ( Mt 5.17) ou, de modo mais singelo, a Lei ( Jo 
10.34). 
 
 
 
ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 
 
 
 
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 RESUMO DE CONTEÚDO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO 
 A lei (Pentateuco) – 5 livros Poesia – 5 livros 
1. Gênesis- Este livro, que mostra como era 
"no princípio", faz uma narrativa da criação, 
da relação de Deus com o homem e da 
promessa de Deus a Abraão e seus 
descendentes. 
 
2. Êxodo O nome Êxodo significa "saída". 
Este livro conta como Deus livrou os 
israelitas de uma vida de penúrias e 
escravidão no Egito. Deus fez um pacto com 
eles e lhes deu leis para ordenar e governar 
sua vida. 
 
3. Levítico- O nome do livro se deriva do 
nome de uma das doze tribos de Israel. O 
livro registra todas as leis e regulamentos a 
respeito de rituais e cerimônias. 
 
4. Números- Os israelitas vagaram pelo 
deserto durante quarenta anos, antes de 
entrar em Canaã, "a terra prometida". O 
nome do livro se deriva dos censos 
promovidos durante esse tempo no deserto. 
5. Deuteronômio Moisés pronunciou três 
discursos de despedida pouco antes de 
morrer. Neles recapitulou, com o povo, 
todas as leis de Deus para os israelitas. O 
nome do livro expressa essa "recapitulação" 
ou "segunda lei". 
 
1. Jó- A pergunta "Por que sofrem os inocentes?" 
é tratada nesta história bíblica. 
 
2. Salmos- Estas 150 orações foram usadas pelos 
hebreus para expressar sua relação com Deus. 
Abrangem todo o campo das emoções humanas, 
desde a alegria até o ódio, da esperança ao 
desespero. 
 
3. Provérbios- Este é um livro de máximas de 
sabedoria, de ensinamentos éticos e de senso 
comum acerca de como viver uma vida reta. 
 
4. Eclesiastes- Na sua busca por felicidade e 
pelo sentido da vida, este escritor, conhecido 
como "filósofo" ou "pregador", faz perguntas 
que continuam presentes na sociedade 
contemporânea. 
 
5. O Cântico dos Cânticos- Este poema descreve 
o gozo e o êxtase do amor. Simbolicamente tem 
sido aplicado ao amor de Deus por Israel e ao 
amor de Cristo pela Igreja. 
 
 Historia – 12 livros Profetas – 17 livros 
 1. Josué Josué foi o líder dos 
exércitos israelitas em suas 
vitórias sobre seus inimigos, os 
cananeus. O livro termina 
descrevendo a divisão da terra 
entre as doze tribos de Israel. 
 
 2. Juízes Os israelitas 
constantemente desobedeciam a 
A. Maiores 
1. Isaías- O profeta 
Isaías trouxe a 
mensagem do juízo de 
Deus às nações, 
anunciou um rei 
futuro, à semelhança de 
Davi, e prometeu uma 
era de paz e 
B. Menores 
 1. Oséias- Oséias se vale de sua 
experiência conjugal, em que ele era 
dedicado à sua esposa, mesmo 
sabendo que ela lhe era infiel, para 
ilustrar o adultério que Israel tinha 
cometido contra Deus e para mostrar 
como o fiel amor de Deus pelo seu 
povo nunca muda. 
 
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Deus e caíam nas mãos de países 
opressores. Deus constituiu juízes 
para livrá-los da opressão. 
 
 3. Rute- O amor e a dedicação de 
Rute à sua sogra, Noemi, são o 
tema deste livro. 
 4.I Samuel- Samuel foi o líder de 
Israel no período compreendido 
entre os Juízes e Saul, o primeiro 
rei. Quando a liderança de Saul 
falhou, Samuel ungiu a Davi 
como rei. 
 
 5. IISamuel- Sob o reinado de 
Davi, a nação se unificou e se 
fortaleceu. No entanto, depois dos 
pecados de Davi, adultério e 
assassinato, tanto a nação como a 
família do rei sofreram muito. 
 
 
 6.-I Reis Este livro inicia com o 
reinado de Salomão em Israel. 
Depois de sua morte, o reino se 
dividiu em conseqüência da 
guerra civil entre o Norte e o Sul, 
resultando no surgimento de duas 
nações: Israel no Norte e Judá no 
Sul. 
 
 7.- II Reis Israel foi conquistada 
pela Assíria em 721 a.C. Judá, pela 
Babilônia, em 586 a.C. Estes 
acontecimentos foram 
considerados como um castigo ao 
povo pela desobediência às leis de 
Deus. 
 
 8. I Crônicas- Este livro inicia 
com as genealogias de Adão até 
Davi e, em seguida, conta os 
acontecimentos do reinado de 
Davi. 
 
 9. II Crônicas- : Este livro 
tranqüilidade. 
 
2. Jeremias-: Muito 
antes da destruição de 
Judá pela Babilônia, 
Jeremias predisse o 
justo juízo de Deus. 
Embora sua mensagem 
seja majoritariamente 
de destruição, Jeremias 
também falou do novo 
pacto com Deus 
3. Lamentações- Tal 
qual Jeremias havia 
predito, Jerusalém caiu 
cativa da Babilônia. 
Este livro registra cinco 
"lamentos" pela cidade 
caída. 
 
4. Ezequiel- A 
mensagem de Ezequiel 
foi dada aos judeus 
cativos na Babilônia. 
Ezequiel usou histórias 
e parábolas para falar 
do juízo, da esperança 
e da restauração de 
Israel. 
 
5. Daniel-Daniel se 
manteve fiel a Deus, 
mesmo enfrentando 
muitas pressões 
quando cativo na 
Babilônia. Este livro 
inclui as visões 
proféticas de Daniel. 
 
 2. Joel- Depois de uma praga de 
gafanhotos, Joel admoesta o povo 
para que se arrependa. 
 
 3. Amós- Durante um tempo de 
prosperidade, este profeta de Judá 
pregou aos ricos líderes de Israel 
sobre o juízo de Deus; insistia em que 
pensassem nos pobres e oprimidos, 
antes de pensarem em sua própria 
satisfação. 
 
 4. Obadias- Obadias profetizou o 
juízo sobre Edom, um país vizinho de 
Israel. 
 
 5. Jonas- : Jonas não queria pregar 
para a gente de Nínive, que era 
inimiga de seu próprio país. Quando, 
finalmente, levou a mensagem 
enviada por Deus, seus habitantes se 
arrependeram. 
 
 6. Miquéias A mensagem de 
Miquéias para Judá era de juízo, em 
vez de perdão, esperança e 
restauração. Especialmente notável é 
um versículo em que resume o que 
Deus requer de nós (6.8). 
 7. Naum-Naum anunciou que Deus 
destruiria o povo de Nínive por sua 
crueldade na guerra. 
 
 8.Habacuque-Este livro apresenta um 
diálogo entre Deus e Habacuque sobre 
a justiça e o sofrimento. 
 
 9. Sofonias- Este profeta anunciou o 
Dia do Senhor, que traria juízo a Judá 
e às nações vizinhas. Esse dia, que 
haveria de vir, seria de destruição 
para muitos, mas um pequeno 
remanescente, sempre fiel a Deus, 
sobreviveria para abençoar o mundo 
inteiro. 
 
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abrange o mesmo período que II 
Reis, mas com ênfase em Judá, o 
reino do Sul, e seus governantes. 
10. Esdras- Depois de estar cativo 
na Babilônia por algumas 
décadas, o povo de Deus retornou 
a Jerusalém. Um de seus líderes 
era Esdras. Este livro contém a 
admoestação que Esdras fez ao 
povo para que este seguisse e 
honrasse a lei de Deus. 
 
11. Neemias- Depois do templo, 
também foi reconstruída a 
muralha de Jerusalém. Neemias 
foi quem dirigiu esse 
empreendimento. Ele também 
colaborou com Esdras para 
restaurar o fervor religioso do 
povo. 
12. Ester- Este livro relata a 
história de uma rainha judia da 
Pérsia, que denunciou um complô 
que visava destruir seus 
compatriotas. Com isso ela evitou 
que todos fossem aniquilados. 
 
10. Ageu- Depois que o povo voltou 
do exílio, Ageu o admoestou para que 
dessem prioridade a Deus e 
reconstruíssem em primeiro lugar o 
templo, mesmo antes de 
reconstruírem suas casas. 
11. Zacarias- Como Ageu, Zacarias 
instou o povo a reconstruir o templo, 
assegurando-lhes a ajuda e bênçãos de 
Deus. Suas visões apontavam para um 
futuro brilhante. 
 
12. Malaquias-Após o retorno do 
exílio, o povo voltou a descuidar de 
sua vida religiosa. Malaquias passou a 
inspirá-los novamente, falando-lhes 
do "Dia do Senhor". 
 
 
OO NNOOVVOO TTEESSTTAAMMEENNTTOO 
Tem 27 livros. Foi escrito em grego, mas não no grego clássico. Foi escrito em grego Koiné, (pronuncia-
se Koinê) o grego coloquial falado pelo povo. Seus 27 livros estão classificados em: 
 
Biográficos 
São os quatro evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Os primeiros três também são conhecidos 
como sinópticos, devido ao seu paralelismo. 
 
Histórico 
É o livro de Atos dos apóstolos. Registra a história da igreja primitiva, sua vida e a propagação do 
evangelho. 
 
Epístolas 
São 21 as epístolas ou cartas. Contém a doutrina da igreja. 
* Nove, são dirigidas às igrejas: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas. Efésios, Filipenses, Colossenses, I e 
II Tessalonicenses. 
* Quatro, são dirigidas a indivíduos: I e II Timóteo, Tito, Filemom. 
* Uma é dirigida aos hebreus cristãos: Hebreus. 
* Sete, são dirigidas a cristãos indistintamente: Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas. 
* As últimas sete também são chamadas universais, católicas ou gerais. 
 
 
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Profético 
É o livro de Apocalipse. 
Os livros do N.T. também não estão em ordem cronológica de escrita. 
 
 RESUMO DE CONTEÚDO DOS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO 
 Evangelhos História 
1. Mateus - Este Evangelho cita muitos textos do Velho 
Testamento. Ele se destinava primordialmente ao 
público judeu, para o qual apresentava Jesus como o 
Messias prometido nas Escrituras do Velho Testamento. 
Mateus narra a história de Jesus desde seu nascimento 
até sua ressurreição e põe ênfase especial nos 
ensinamentos do Mestre. 
 
2. Marcos- Marcos escreveu um Evangelho curto, 
conciso e cheio de ação. Seu objetivo era aprofundar a fé 
e a dedicação da comunidade para a qual ele escrevia. 
3. Lucas- Neste Evangelho é enfatizado como a salvação 
em Jesus está ao alcance de todos. O evangelista mostra 
como Jesus estava em contato com as pessoas pobres, 
com os necessitados e com os que são desprezados pela 
sociedade. 
 
4. João - O Evangelho de João, pela sua forma, se coloca 
à parte dos outros três. João organiza sua mensagem 
enfocando sete sinais que apontam para Jesus como 
Filho de Deus. Seu estilo literário é reflexivo e cheio de 
imagens e figuras. 
 
1. Atos dos Apóstolos 
Quando Jesus deixou os seus discípulos, o 
Espírito Santo veio habitar com eles. Este livro foi 
escrito por Lucas para ser um complemento ao 
seu Evangelho. Ele relata eventos da história e da 
ação da igreja cristã primitiva, mostrando como a 
fé se propagou no mundo mediterrâneo de então. 
 
 Epístolas 
1. Romanos- Nesta importante carta, Paulo escreve aos 
romanos sobre a vida no Espírito, que é dada pela fé 
aos que crêem em Cristo. O apóstolo reafirma a 
grande bondade de Deus e declara que, através de 
Jesus Cristo, Deus nos aceita e nos liberta de nossos 
pecados. 
 
 2. 1Coríntios- Esta carta trata especificamente dos 
problemas que a igreja de Corinto estava enfrentando: 
dissensão, imoralidade, problemas quanto à forma da 
adoração pública e confusão sobre os dons do Espírito. 
 
12. Tito- Tito era ministro em Creta. Nesta carta 
o apóstolo Paulo o orienta sobre como ajudar os 
novoscristãos. 
 
13. Filemom Filemom é instado a perdoar seu 
escravo, Onésimo, que havia fugido. Filemom 
deveria aceitá-lo de volta como a um amigo em 
Cristo. 
14. Hebreus Esta carta exorta os novos cristãos a 
não observarem mais rituais e cerimônias 
tradicionais, pois, em Cristo, eles já foram 
cumpridos. 
 
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 3. 2Coríntios- Nesta carta o apóstolo Paulo escreve 
sobre seu relacionamento com a igreja de Corinto e as 
dificuldades que alguns falsos profetas haviam trazido 
ao seu ministério. 
 
 4. Gálatas-Esta carta expõe a liberdade da pessoa que 
crê em Cristo com respeito à lei. Paulo declara que é 
somente pela fé que as pessoas são reconciliadas com 
Deus. 
 5. Efésios- O tema central desta carta é o propósito 
eterno de Deus: Jesus Cristo é a cabeça da Igreja, que é 
formada a partir de muitas nações e raças. 
 6. Filipenses- A ênfase desta carta está no gozo que o 
crente em Cristo encontra em todas as circunstâncias 
da vida. O apóstolo Paulo a escreveu quando estava 
encarcerado. 
 
 7. Colossenses- Nesta carta o apóstolo Paulo diz aos 
cristãos de Colossos que abandonem suas superstições 
e que Cristo seja o centro de sua vida. 
 
 8. 1Tessalonicenses- O apóstolo Paulo dá orientações 
aos cristãos de Tessalônica a respeito da volta de Jesus 
ao mundo. 
 
 9. 2Tessalonicenses- Como em sua primeira carta, o 
apóstolo Paulo fala do retorno de Jesus ao mundo. 
Também trata de preparar os cristãos para a vinda do 
Senhor. 
 
10. 1Timóteo- Esta carta serve de orientação a 
Timóteo, um jovem líder da igreja primitiva. O 
apóstolo Paulo lhe dá conselhos sobre a adoração, o 
ministério e os relacionamentos dentro da igreja. 
 
11. 2Timóteo- Esta é a última carta escrita pelo 
apóstolo Paulo. Nela lança um último desafio a seus 
companheiros de trabalho. 
 
 
15. Tiago Tiago aconselha os cristãos a viverem 
na prática sua fé e, além disso, oferece idéias 
sobre como isso pode ser feito. 
 
16. 1Pedro- Esta carta foi escrita para confortar 
os cristãos da igreja primitiva que estavam 
sendo perseguidos por causa de sua fé. 
17. 2Pedro- Nesta carta o apóstolo Pedro adverte 
os cristãos sobre os falsos mestres e os estimula 
a continuarem leais a Deus. 
 
18. 1João- Esta carta explica verdades básicas 
sobre a vida cristã com ênfase no mandamento 
de amarem uns aos outros. 
 
19. 2João- Esta carta, dirigida à "senhora eleita e 
aos seus filhos", adverte os cristãos quanto aos 
falsos profetas. 
 
20. 3João- Em contraste com sua Segunda Carta, 
esta fala da necessidade de receber os que 
pregam a Cristo. 
 
21. Judas- Judas adverte seus leitores sobre a má 
influência de pessoas alheias à irmandade dos 
cristãos. 
 
 Profecia 
1. Apocalipse - Este livro foi escrito para encorajar os cristãos que estavam sendo perseguidos e para firmá-
los na confiança de que Deus cuidará deles. Usando símbolos e visões, o escritor ilustra o triunfo do bem 
 
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 Quadro demonstrativo dos livros do novo testamento 
 LIVROS DO NOVO TESTAMENTO 
Evangelhos História 
1. Mateus 
2. Marcos 
3. Lucas 
4. João 
 Atos dos Apóstolos 
 Epístolas 
 1. Romanos 
 2. 1Coríntios 
 3. 2Coríntios 
 4. Gálatas 
 5. Efésios 
 6. Filipenses 
 7. Colossenses 
 8. 1Tessalonicenses 
 9. 2Tessalonicenses 
10. 1Timóteo 
11. 2Timóteo 
12. Tito 
13. Filemom 
14. Hebreus 
15. Tiago 
16. 1Pedro 
17. 2Pedro 
18. 1João 
19. 2João 
20. 3João 
21. Judas 
 Profecia 
1. Apocalipse 
 
OO TTEEMMAA CCEENNTTRRAALL DDAA BBÍÍBBLLIIAA 
A Bíblia é Cristocêntrica, seu tema central é Jesus. Se olharmos de perto a tipologia bíblica, através de 
símbolos, figuras e profecias, veremos que ele ocupa o lugar central nas escrituras: 
Em Gênesis, Jesus é o Descendente da mulher (Gn 3.15). 
Em Êxodo, é o Cordeiro Pascal. 
Em Levítico, é o Sacrifício Expiatório. 
Em Números é a Rocha Ferida. 
Em Deuteronômio, é o Profeta. 
Em Josué, é o Capitão dos Exércitos do Senhor. 
Em Juízes é o Libertador. 
Em Rute, é o Parente Divino. 
Em Reis e Crônicas, é o Rei Prometido. 
Em Ester, é o Advogado. 
Em Jó, é o nosso Redentor. 
Em Salmos, é o nosso socorro e alegria. 
Em Provérbios, é a sabedoria de Deus. 
Em Eclesiastes, é o alvo verdadeiro. 
Nos profetas, é o Messias Prometido. 
Nos Evangelhos, é o Salvador do Mundo. 
Em Atos, é o Cristo Ressurgido. 
Nas Epístolas, é o Cabeça da igreja. 
sobre o mal e a criação de uma nova terra e um novo céu. 
 
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No Apocalipse, é o Alfa e o Ômega, o Cristo que volta para reinar. 
 
Fatos e particularidades sobre a bíblia 
A Bíblia é única, é um livro “diferente de todos os demais” e única em sua coerência. Ela é um livro: 
Escrito durante um período de mais de 1.500 anos; Escrito durante mais de 40 gerações; Escrito por 
mais de 40 autores, envolvidos nas mais diferentes atividades, inclusive reis, camponeses, filósofos, 
pescadores, poetas, estadistas, estudiosos, etc. 
* Moisés, um líder político, que estudou nas universidades do Egito; 
* Pedro, um pescador; 
* Amós, um boiadeiro; 
* Josué, um general; 
* Neemias, um copeiro; 
* Daniel, um primeiro-ministro; 
* Lucas, um médico; 
* Salomão, um rei; 
* Mateus, um coletor de impostos; 
* Paulo, um rabino. 
 
Escrito em diferentes lugares 
* Moisés, no deserto; 
* Jeremias, numa masmorra; 
* Daniel, numa colina e num palácio; 
* Paulo, dentro de uma prisão; 
* Lucas, enquanto viajava; 
* João, na ilha de patmos; 
* Outros, nos rigores de uma campanha militar. 
 
Escrito em diferentes condições 
* Davi, em tempos de guerra; 
* Salomão, em tempos de paz. 
 
Escrito sob diferentes circunstâncias 
*Alguns escreveram enquanto experimentavam o auge da alegria, enquanto outros escreveram numa 
profunda tristeza e desprezo. 
 
Escrito em três continentes 
*Ásia; 
*África; 
*Europa. 
 
Escrito em três idiomas 
Hebraico a língua do Antigo Testamento. Em II Reis 18.26-28 essa língua é chamada de “judaica”. 
Em Isaias 19.18, de “língua de Canaã”. Aramaico a “língua franca” do Oriente Próximo até a época de 
“Alexandre o Grande” (século VI a.C. – século IV a.C.). Grego a língua do Novo Testamento. Foi o 
idioma de uso internacional na época de Cristo. 
 
 
 
 
 
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UUNNIIDDAADDEE IIII 
 AA BBÍÍBBLLIIAA CCOOMMOO AA PPAALLAAVVRRAA DDEE DDEEUUSS 
............................................................... 
 
“Através da Bibliologia compreendemos a formação da Bíblia, sua história e como miraculosamente ela chegou 
até nós” 
.............................................................. 
 
 
 
AA IINNSSPPIIRRAAÇÇÃÃOO DDAA BBÍÍBBLLIIAA 
Que a Bíblia é a palavra de Deus não resta nenhuma dúvida para nós Cristãos. Quem tem o Espírito 
de Deus deposita toda a confiança nela. Mas, mesmo assim apresentamos algumas provas de que a 
Bíblia é a palavra de Deus, não “para” crermos, mas “porque” cremos. Nossa era é marcada pelo 
ceticismo, materialismo, racionalismo e outras crenças errôneas procuram extinguir o conhecimento 
de Deus. Por isso, apresentamos agora algumas provasda origem divina da Bíblia. Antes, porém, 
veremos as falsas teorias sobre a inspiração da Bíblia. A característica mais importante da Bíblia não é 
sua estrutura e sua forma, mas o fato de ter sido inspirada por Deus. Não se deve interpretar de modo 
errôneo a declaração da própria Bíblia a favor dessa inspiração. Quando falamos de inspiração, não se 
trata de inspiração poética, mas de autoridade divina. A Bíblia é singular; ela foi literalmente "soprada 
por Deus". A seguir examinaremos o que significa isso. 
 
Uma Definição de Inspiração 
Embora a palavra inspiração seja usada apenas uma vez no Novo Testamento (II Tm 3.16) e outra no 
Antigo (Jó 32.8), o processo pelo qual Deus transmite sua mensagem autorizada ao homem é 
apresentado de muitas maneiras. Um exame das duas grandes passagens a respeito da inspiração 
encontradas no Novo Testamento, poderá ajudar-nos a entender o que significa a inspiração bíblica. 
Descrição Bíblica de Inspiração 
Assim escreveu Paulo a Timóteo: "Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, 
para repreender, para corrigir, para instruir em justiça" (II Tm 3.16). Em outras palavras, o texto 
sagrado do Antigo Testamento foi "soprado por Deus" (gr., theopneustos) e, por isso, dotado da 
autoridade divina para o pensamento e para a vida do crente. A passagem correlata de 1Coríntios 2.13 
realça a mesma verdade. Disto também falamos", escreveu Paulo, "não com palavras de sabedoria 
humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais." 
Quaisquer palavras ensinadas pelo Espírito Santo são palavras divinamente inspiradas. A segunda 
grande passagem do Novo Testamento a respeito da inspiração da Bíblia está em II Pedro 1.21. "Pois a 
profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de Deus 
falaram movidos pelo Espírito Santo." Em outras palavras, os profetas eram homens cujas mensagens 
não se originaram de seus próprios impulsos, mas foram "sopradas pelo Espírito". Pela revelação, 
Deus falou aos profetas de muitas maneiras (Hb 1.1): mediante anjos, visões, sonhos, vozes e milagres. 
Inspiração é a forma pela qual Deus falou aos homens mediante os profetas. Mais um sinal de que as 
palavras dos profetas não partiam deles próprios, mas de Deus é o fato de eles sondarem seus 
 
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próprios escritos a fim de verificar "qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito de Cristo, que estava 
neles, indicava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e 
sobre as glorias que os seguiriam" (I Pe 1.11). Fazendo uma combinação das passagens que ensinam 
sobre a inspiração divina, descobrimos que a Bíblia é inspirada no seguinte sentido: homens movidos 
pelo Espírito, escreveram palavras sopradas por Deus, as quais são a fonte de autoridade para a fé e 
para a prática cristã. Vamos a seguir analisar com mais cuidado esses três elementos da inspiração. 
 
Definição Teológica da Inspiração 
Na única vez em que o Novo Testamento usa a palavra inspiração, ela se aplica aos escritos, não aos 
escritores. A Bíblia é que é inspirada, e não seus autores humanos. O adequado, então, é dizer que: o 
produto e inspirado os produtores não. Os autores indubitavelmente escreveram e Falaram sobre 
muitas coisas, como, por exemplo, quando se referiram a assuntos mundanos, pertinentes a esta vida, 
os quais não foram divinamente inspirados. Todavia, visto que o Espírito Santo, conforme ensina 
Pedro tomou posse dos homens que produziram os escritos inspirados, podemos, por extensão, 
referir-nos à inspiração em sentido mais amplo. Tal sentido mais amplo inclui o processo total por que 
alguns homens, movidos pelo Espírito Santo, enunciaram e escreveram palavras emanadas boca do 
Senhor; e, por isso mesmo, palavras dotadas da autoridade divina. É um processo total de inspiração 
que contém os três elementos essenciais: a causalidade divina, a mediação profética e a autoridade 
escrita. 
Causalidade Divina. Deus é a Fonte Primordial da inspiração da Bíblia. O elemento divino estimulou 
o elemento humano. Primeiro Deus falou aos profetas e, em seguida, aos homens, mediante esses 
profetas. Deus revelou-lhes certas verdades da fé, e esses homens de Deus as registraram. O primeiro 
fator fundamental da doutrina da inspiração bíblica, e o mais importante, é que Deus é a fonte 
principal e a causa primeira da verdade bíblica. No entanto, não é esse o único fator. 
Mediação Profética. Os profetas que escreveram as Escrituras não eram autômatos. Eram algo mais 
que meros secretários preparados para anotar o que se lhes ditava. Escreveram segundo a intenção 
total do coração, segundo a consciência que os movia no exercício normal de sua tarefa, com seus 
estilos literários e seus vocabulários individuais. As personalidades dos profetas não foram 
violentadas por uma intrusão sobrenatural. A Bíblia que eles produziram é a Palavra de Deus, mas 
também é a palavra do homem. Deus usou personalidades humanas para comunicar proposições 
divinas. Os profetas foram a causa imediata dos textos escritos, mas Deus foi a causa principal. 
Autoridade Escrita. O produto final da autoridade divina em operação por meio dos profetas, como 
intermediários de Deus, é a autoridade escrita de que se reveste a Bíblia. A Escritura "é divinamente 
inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça". A Bíblia é 
a última palavra no que concerne a assuntos doutrinários e éticos. Todas as controvérsias teológicas e 
morais devem ser trazidas ao tribunal da Palavra escrita de Deus. As Escrituras receberam sua 
autoridade do próprio Deus, que falou mediante os profetas. No entanto, são os escritos proféticos e 
não os escritores desses textos sagrados que possuem e retêm a resultante autoridade divina. Todos os 
profetas morreram; os escritos proféticos prosseguem. Em suma, a definição adequada de inspiração 
precisa ter três fatores fundamentais: Deus, o Causador original, os homens de Deus, que serviram de 
instrumentos, e a autoridade escrita, ou Sagradas Escrituras, que são o produto final. 
 
A Inspiração em contraste com a Revelação e a Iluminação 
Há dois conceitos inter-relacionados que nos ajudam a esclarecer, pela contraposição, o que significa 
inspiração. São eles a revelação e a iluminação. Revelação diz respeito à exposição da verdade. 
Iluminação, à devida compreensão dessa verdade descoberta. No entanto, a inspiração não consiste 
nem em uma, nem em outra. A revelação prende-se à origem da verdade e à sua transmissão; a 
inspiração relaciona-se com a recepção e o registro da verdade. A iluminação ocupa-se da posterior 
 
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apreensão e compreensão da verdade revelada. A inspiração que traz a revelação escrita aos homens 
não traz em si mesma garantia alguma de que os homens a entendam. É necessário que haja 
iluminação do coração e da mente. A revelação é uma abertura objetiva; a iluminação é a compreensão 
subjetiva da revelação; a inspiração é o meio pelo qual a revelação se tornou uma exposição aberta e 
objetiva. A revelação é o fato da comunicação divina; a inspiração é o meio; a iluminação, o dom de 
compreender essa comunicação. 
 
Inspiração dos Originais, não das Cópias 
A inspiração e a conseqüente autoridade da Bíblia não se estendem automaticamente a todas as cópias 
e traduções da Bíblia. Só os manuscritos originais, conhecidos por autógrafos, foram inspirados por 
Deus. Os erros e as mudanças efetuados nas cópias e nas traduções não podem ser atribuídos à 
inspiração original. Por exemplo, II Reis 8.26 diz que Azarias tinha 22 anos de idade quando foi 
coroado rei, enquanto II Crônicas 22.2 diz que tinha 42 anos. Não é possível que ambas as informações 
estejamcorretas. O original é autorizado; a cópia errônea não tem autoridade. Outros exemplos desse 
tipo de erro podem encontrar-se nas atuais cópias das Escrituras (I Rs 4.26 e II Cr 9.25). Portanto, uma 
tradução ou cópia só é autorizada à medida que reproduz com exatidão os autógrafos. Veremos 
posteriormente até que ponto as cópias da Bíblia são exatas (cap. 15), segundo a ciência da crítica 
textual. Por ora basta-nos observar que o grandioso conteúdo doutrinário e histórico da Bíblia tem 
sido transmitido de geração a geração, ao longo da história, sem mudanças nem perdas substanciais. 
As cópias e as traduções da Bíblia, encontradas no século xx, não detêm a inspiração original, mas 
contêm uma inspiração derivada, uma vez que são cópias fiéis dos autógrafos. De uma perspectiva 
técnica, só os autógrafos são inspirados; todavia, para fins práticos, a Bíblia nas línguas de nossa 
época, por ser transmissão exata dos originais, é a Palavra de Deus inspirada. Visto que os originais 
não mais existem, alguns críticos têm objetado à inerrância de autógrafos que não podem ser 
examinados e nunca foram vistos. Eles perguntam como é possível afirmar que os originais não 
continham erro, se não podem ser examinados. A resposta é que a inerrância bíblica não é um fato 
conhecido empiricamente, mas uma crença baseada no ensino da Bíblia a respeito de sua inspiração, 
bem como baseada na natureza altamente precisa da grande maioria das Escrituras transmitidas e na 
ausência de qualquer prova em contrário. Afirma a Bíblia ser a declaração de um Deus que não pode 
cometer erro. É verdade que nunca se descobriram os originais infalíveis da Bíblia, mas tampouco se 
descobriu um único autógrafo original falível. Temos, pois, manuscritos que foram copiados com toda 
precisão e traduzidos para muitas línguas, dentre as quais o português. Portanto, para todos os efeitos 
de doutrina e de dever, a Bíblia como a temos hoje é representação suficiente da Palavra de Deus, 
cheia de autoridade. 
 
A Natureza da Inspiração 
O primeiro grande elo da cadeia comunicativa "de Deus para nós" chama-se inspiração. Há diversas 
teorias a respeito da inspiração. Algumas delas não se coadunam com o ensino bíblico sobre o 
assunto. Nosso propósito, portanto, neste capítulo, tem dois aspectos: primeiro, examinar as teorias a 
respeito da inspiração e, segundo, apurar com a máxima precisão o que está implícito no ensino da 
Bíblia a respeito de sua própria inspiração. 
 
Ortodoxia: a Bíblia É a Palavra de Deus 
Por cerca de 18 séculos de história da igreja, prevaleceu a opinião ortodoxa da inspiração divina. Os 
pais da igreja, em geral, com raras manifestações menos importantes em contrário, ensinaram 
firmemente que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Teólogos ortodoxos ao longo dos séculos vêm 
ensinando, todos de comum acordo, que a Bíblia foi inspirada verbalmente, i.e., é o registro escrito por 
inspiração de Deus. No entanto, tem havido tentativas de procurar explicação para o fato de o registro 
escrito ser a Palavra de Deus ao mesmo tempo que o Livro obviamente foi composto por autores 
 
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humanos, dotados de estilos pessoais diferentes uns dos outros; essas tentativas conduziram os 
estudiosos ortodoxos a duas opiniões divergentes. Alguns abraçaram a idéia do "ditado verbal", 
afirmando que os autores humanos da Bíblia registraram apenas o que Deus lhes havia ditado, 
palavra por palavra. De outro lado, estão os estudiosos que preferiam a teoria do "conceito inspirado", 
segundo a qual Deus só concedeu aos autores pensamentos inspirados, e os autores tiveram liberdade 
de revesti-los com palavras próprias. Ditado verbal. Na obra de John R. Rice, Our God-breathed book 
— the Bible [Nosso livro soprado por Deus — a Bíblia], encontramos uma apresentação clara e bem 
ordenada do ditado verbal. O autor descarta a idéia de que o ditado verbal seja mecânico, sustentando 
que Deus ditou sua Palavra mediante a personalidade do autor humano. É que Deus, por sua atuação 
especial e providência, foi quem formou as personalidades sobre as quais posteriormente o Espírito 
Santo haveria de soprar seu ditado palavra por palavra. Assim, argumenta Rice, Deus havia 
preparado de antemão os estilos particulares que ele próprio desejava, a fim de produzir as palavras 
exatas, ao usar estilos e vocabulários predeterminados, encontráveis nos diferentes autores humanos. 
O resultado final, então, foi um ditado palavra por palavra da parte de Deus, as Escrituras Sagradas. 
Conceitos inspirados. Em sua Systematic theology [Teologia sistemática], A. H. Strong apresenta uma 
visão que vem sendo denominada inspiração conceitual.1 Deus teria inspirado apenas os conceitos, 
não as expressões literárias particulares com que cada autor concebeu seus textos. Deus teria dado 
seus pensamentos aos profetas, que tiveram toda a liberdade de exprimi-los em seus termos humanos. 
Dessa maneira, Strong esperava evitar quaisquer implicações mecanicistas derivadas do ditado verbal 
e ainda preservar a origem divina das Escrituras. Deus concedeu a inspiração conceitual, e os homens 
de Deus forneceram a expressão verbal característica de seus estilos próprios. 
 
Modernismo: a Bíblia CONTÊM a Palavra de Deus 
Ao surgir o idealismo germânico e a crítica da Bíblia (v. cap. 14), surgiu também uma nova visão 
evoluída da inspiração bíblica, a par do modernismo ou liberalismo teológico. Opondo-se à opinião 
ortodoxa tradicional de que a Bíblia é a Palavra de Deus, os modernistas ensinam que a Bíblia 
meramente contém a Palavra de Deus. Certas partes dela são divinas, expressam a verdade, mas outras 
são obviamente humanas e apresentam erros. Tais autores acham que a Bíblia foi vítima de sua época, 
exatamente como acontece a quaisquer outros livros. Afirmam que ela teria incorporado muito das 
lendas, dos mitos e das falsas crenças relacionadas à ciência. Sustentam então que, pelo fato de esses 
elementos não terem sido inspirados por Deus, devem ser rejeitados pelos homens iluminados de 
hoje; tais erros seriam resquícios de uma mentalidade primitiva indigna de fazer parte do credo 
cristão. Só as verdades divinas, entremeadas nessa mistura de ignorância antiga e erro grosseiro, é que 
de facto teriam sido inspiradas por Deus. 
 
O Conceito da Intuição 
 Na outra extremidade da visão modernista estão os estudiosos que negam totalmente a existência de 
algum elemento divinos na composição da Bíblia. Para eles a Bíblia não passa de um caderno de 
rascunho em que os judeus registravam suas lendas, histórias, poemas etc., sem nenhum valor 
histórico. O que alguns denominam inspiração divina não seria outra coisa senão intensa intuição 
humana. Dentro desse folclore judaico a que se deu o nome de Bíblia, encontram-se alguns exemplos 
significativos de elevada moral e de gênio religioso. Todavia, essas percepções espirituais são 
puramente naturalistas. Em absolutamente nada, passam de intuição humana; não existiria inspiração 
sobrenatural, tampouco iluminação. 
 
Neo-Ortodoxia: a Bíblia torna-se a Palavra de Deus 
No início do século XX, a reviravolta nos acontecimentos mundiais e a influência do pai dinamarquês 
do existencialismo, Soren Kierkegaard, deram origem a uma nova reforma na teologia européia. 
 
 
 
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Muitos estudiosos começaram a voltar-se de novo para as Escrituras, a fim de ouvir nelas a voz de 
Deus. Sem abrir mão de suas opiniões críticas a respeito da Bíblia, começaram a levar a Bíblia a sério, 
por ser a fonte da revelação de Deus aos homens. Criando um novo tipo de ortodoxia, afirmavam que 
Deus fala aos homens mediante a Bíblia; as Escrituras tornam-se a Palavra de Deus num encontro 
pessoal entre Deus e o homem. À semelhança dasoutras teorias a respeito da inspiração da Bíblia, a 
neo-ortodoxia desenvolveu duas correntes. Na extremidade mais importante estavam os 
demitizadores, que negam todo e qualquer conteúdo religioso importante, factual ou histórico, nas 
páginas da Bíblia, e crêem apenas na preocupação religiosa existencial sobre a qual medram os mitos. 
Na outra extremidade, os pensadores de tendência mais evangélica tentam preservar a maior parte 
dos dados factuais e históricos das Escrituras, mas sustentam que a Bíblia de modo algum é revelação 
de Deus. Antes, Deus se revela na Bíblia nos encontros pessoais; não, porém, de maneira 
proposicional. 
 
O Ensino Bíblico a respeito da Inspiração 
Muitas objeções têm sido levantadas contra as várias teorias da inspiração, as quais partem de 
diferentes concepções, tendo variados graus de legitimidade, dependentemente do ângulo de 
observação da pessoa que as formula. Visto que o objetivo deste estudo é levar o leitor a compreender 
o caráter da Bíblia, o critério analítico que escolhemos visa a avaliar todas essas teorias, levando em 
consideração o que as Escrituras revelam a respeito de sua própria inspiração. Comecemos com o que 
a Bíblia ensina formalmente sobre essa questão e, depois, examinemos o que se acha logicamente 
implícito nesse ensino. 
 
O que a própria Bíblia ensina a respeito de sua inspiração 
No capítulo anterior examinamos de modo genérico o ensino de dois grandes textos do Novo 
Testamento a respeito da inspiração (II Tm 3.16 e II Pe 1.21). A Bíblia declara ser um livro dotado de 
autoridade divina, resultante de um processo pelo qual homens movidos pelo Espírito Santo 
escreveram textos inspirados (soprados) por Deus. Vamos agora examinar em minúcias o que significa 
essa declaração. 
 
A Inspiração é Verbal 
Independentemente de outras afirmações que possam ser formuladas a respeito da Bíblia, fica bem 
claro que esse livro reivindica para si mesmo esta qualidade: a inspiração verbal. O texto clássico de II 
Timóteo 3.16 declara que as graphã, i.e., os textos, é que são inspiradas. "Moisés escreveu todas as 
palavras do Senhor..." (Ex 24.4). O Senhor ordenou a Isaías que escrevesse num livro a mensagem 
eterna de Deus (Is 30.8). Davi confessou: "O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na 
minha boca" (II Sm 23.2). Era a palavra do Senhor que chegava aos profetas nos tempos do Antigo 
Testamento. Jeremias recebeu esta ordem: "... não te esqueças de nenhuma palavra" (Jr 26.2). No Novo 
Testamento, Jesus e seus apóstolos ressaltaram a revelação registrada ao usar repetidamente a 
expressão "está escrito" (v. Mt 4.4,7; Lc 24.27,44). O apóstolo Paulo testemunhou: "... falamos, não com 
palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina..." (I Co 2.13). João nos adverte 
quanto a não "tirar quaisquer palavras do livro desta profecia" (Ap 22.19). As Escrituras (i.e., os escritos) 
do Antigo Testamento são continuamente mencionadas como Palavra de Deus. No célebre sermão da 
montanha, Jesus declarou que não só as palavras, mas até mesmo os pequeninos sinais diacríticos de 
uma palavra hebraica vieram de Deus: "Em verdade vos digo que até que a terra e o céu passem, nem 
um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido" (Mt 5.18). Portanto, o que quer que se 
diga como teoria a respeito da inspiração das Escrituras, fica bem claro que a Bíblia reivindica para si 
mesma toda a autoridade verbal ou escrita. Diz a Bíblia que suas palavras vieram da parte de Deus. 
 
A Inspiração é Plena 
 
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A Bíblia reivindica a inspiração divina de todas as suas partes. É inspiração plena, total, absoluta. 
"Toda Escritura é divinamente inspirada..." (II Tm 3.16). Nenhuma parte das Escrituras deixou de 
receber total autoridade doutrinária. A Escritura toda (i.e., o Antigo Testamento integralmente), 
escreveu Paulo, "é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, 
para instruir em justiça" (II Tm 3.16). E foi além, ao escrever: "... tudo o que outrora foi escrito, para o 
nosso ensino foi escrito" (Rm 15.4). Jesus e todos os autores do Novo Testamento exemplificam 
amplamente sua crença firme na inspiração integral e completa do Antigo Testamento, citando trechos 
de todas as Escrituras que eram para eles de autoridade, até mesmo os que apresentam ensinos 
fortemente polêmicos. A criação de Adão e de Eva, a destruição do mundo pelo dilúvio, o milagre de 
Jonas e o grande peixe e muitos outros acontecimentos são mencionados por Jesus deixando bem clara 
a autoridade deles (cap. 3). Todo trecho das Sagradas Escrituras reivindica total e completa 
autoridade. A inspiração da Bíblia é plena. É claro que a inspiração plena estende-se apenas aos 
ensinos dos autógrafos, como já afirmamos (cap. 1). Todavia, tudo quanto a Bíblia ensina, quer no 
Antigo, quer no Novo Testamento, é integralmente dotado de autoridade divina. Nenhum ensino das 
Escrituras deixou de ter origem divina. O próprio Deus inspirou as palavras usadas para exprimir os 
ensinos proféticos. Repitamos: a inspiração é plena, a saber, completa e integral, abrangendo todas as 
partes da Bíblia. 
 
A inspiração atribui autoridade 
Fica, pois, saliente o fato de que a inspiração concede autoridade indiscutível ao texto ou documento 
escrito. Disse Jesus: "... a Escritura não pode ser anulada..." (Jo 10.35). Em numerosas ocasiões o Senhor 
recorreu à Palavra de Deus escrita, que ele considerava árbitro definitivo em questões de fé e de 
prática. O Senhor recorreu às Escrituras como a autoridade para ele purificar o templo (Mc 11.17), 
para pôr em cheque a tradição dos fariseus (Mt 15.3,4) e para resolver divergências doutrinárias (Mt 
22.29). Até mesmo Satanás foi repreendido por Cristo mediante a autoridade da Palavra escrita de 
Deus: "Está escrito [...] Está escrito [...] Está escrito...". Jesus contra-atacou as tentações de Satanás com 
a Palavra de Deus escrita (Mt 4.4,7,10). Algumas vezes, Jesus declarou o seguinte: "... era necessário que 
se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos" (Lc 24.44). 
Todavia, é em outra declaração de Jesus que encontramos apoio ainda mais forte do Senhor à 
autoridade inquestionável das Escrituras: "É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer 
da lei" (Lc 16.17). A Palavra de Deus não pode ser anulada. Provém de Deus e está envolta na 
autoridade divina que o próprio Deus lhe concedeu. 
 
Implicações da doutrina bíblica da Inspiração 
Há certos fatos que, embora não formalmente apresentados na doutrina da inspiração, acham-se 
implícitos. Vamos tratar aqui de três deles: a igualdade entre o Antigo e o Novo Testamento, a 
variedade da expressão literária e a inerrância do texto. 
 
A inspiração diz respeito igualmente ao Antigo e ao Novo Testamento 
A maioria das passagens citadas acima a respeito da natureza plena da inspiração refere-se 
diretamente ao Antigo Testamento. Com base em que, então, podem aplicar-se (por extensão) ao 
Novo Testamento? A resposta a essa pergunta é que o Novo Testamento, à semelhança do Antigo, 
reivindica a virtude de ser Escritura Sagrada, escrito profético, e toda a Escritura e todos os escritos 
proféticos devem ser considerados inspirados por Deus. De acordo com II Timóteo 3.16, toda a 
Escritura é inspirada. Ainda que a referência explícita, aqui, refira-se ao Antigo Testamento, é verdade 
que o Novo Testamento também deve ser considerado Escritura Sagrada. Pedro, por exemplo, 
classifica as cartas de Paulo como parte das "outras Escrituras" do Antigo Testamento (II Pe 3.16). Em I 
Timóteo 5.16, Paulo cita o evangelho de Lucas (10.7), referindo-se a ele como "Escritura". Tal fato é 
mais significativo ainda quando consideramos que nem Lucas, nem Paulo fizeram parte do grupo dos 
 
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doze apóstolos. Visto que as cartas de Paulo e os escritos de Lucas (Lucas e Atos; v. At 1.1, Lc 1.1-4) 
foram classificados como Escritura Sagrada, por implicação direta o resto do Novo Testamento, escrito 
pelos apóstolos, também é considerado Escritura Sagrada. Em suma, se "toda Escritura é divinamente 
inspirada" e o Novo Testamento é considerado Escritura, decorre disso claramente que o Novo 
Testamento é encarado com a mesma autoridade do Antigo. Na verdade, é exatamente assim que os 
cristãos, desde o tempo dos apóstolos, têm considerado o Novo Testamento. Eles o consideravam com 
a mesma autoridade do Antigo Testamento. 
Além disso, de acordo com II Pedro 1.20,21, todas as mensagens escritas de natureza profética foram 
dadas ou inspiradas por Deus. E, visto que o Novo Testamento reivindica a natureza de mensagem 
profética, segue-se que ele também reclama autoridade igual à dos escritos proféticos do Antigo 
Testamento. João, por exemplo, refere-se ao livro do Apocalipse da seguinte forma: "palavras da 
profecia deste livro" (Ap 22.18). Paulo afirmou que a igreja estava edificada sobre o alicerce dos 
apóstolos e profetas do Novo Testamento (Ef 2.20; 3.5). Visto que o Novo Testamento, à semelhança 
do Antigo, é um texto dos profetas de Deus, ele possui por essa razão a mesma autoridade dos textos 
inspirados do Antigo Testamento. 
 
A Inspiração abarca uma variedade de fontes e de Gêneros Literários 
O fato de a inspiração ser verbal, ou escrita, não exclui o uso de documentos literários e de gêneros 
literários diferentes entre si. As Escrituras Sagradas não foram ditadas palavra por palavra, no sentido 
comum que se atribui ao verbo ditar. Na verdade, há certos trechos menores da Bíblia, como, por 
exemplo, os Dez Mandamentos, que Deus outorgou diretamente ao homem (Dt 4.10), mas em parte 
alguma está escrito ou fica implícito que a Bíblia é resultante de um ditado palavra por palavra. Os 
autores das Sagradas Escrituras eram escritores e compositores, não meros secretários, amanuenses ou 
estenógrafos. Há vários fatores que contribuíram para a formação das Escrituras Sagradas e dão forte 
apoio a essa afirmativa. Em primeiro lugar, existe uma diferença marcante de vocabulário e de estilo 
de um escritor para outro. Comparem-se as poderosas expressões literárias de Isaías com os tons 
lamurientos de Jeremias. Compare-se a construção literária de suma complexidade, encontrada em 
Hebreus, com o estilo simples de João. Distinguimos facilmente a linguagem técnica de Lucas, o 
médico amado, da linguagem de Tiago, formada de imagens pastorais. Em segundo lugar, a Bíblia faz 
uso de documentos não-bíblicos, como o Livro de Jasar (Js 10.13; 2Sm 1.18), o livro de Enoque (Jd 14) e 
até o poeta Epimênedes (At 17.28). Somos informados de que muitos dos provérbios de Salomão 
haviam sido editados pelos homens de Ezequias (Pv 25.1). Lucas reconhece o uso de muitas fontes 
escritas sobre a vida de Jesus, na composição de seu próprio evangelho (Lc 1.1-4). Em terceiro lugar, os 
autores bíblicos empregavam vasta variedade de gêneros literários; tal fato não caracteriza um ditado 
monótono em que as palavras são pronunciadas uma após a outra, segundo o mesmo padrão. Grande 
parte das Escrituras é formada de poesia (e.g., Jó, Salmos, Provérbios). Os evangelhos contêm muitas 
parábolas. Jesus empregava a sátira (Mt 19.24), Paulo usava alegorias (Gl 4) e até hipérboles (Cl 1.23), 
ao passo que Tiago gostava de usar metáforas e símiles. Por fim, a Bíblia usa a linguagem simples do 
senso comum, do dia-a-dia, que salienta a ocorrência de um acontecimento, não a linguagem de 
fundamento científico. Isso não significa que os autores usassem linguagem anticientífica ou negadora 
da ciência, e sim linguagem popular para descrever fenômenos científicos. Não é mais anticientífico 
afirmar que o sol permaneceu parado (Js 10.12) do que dizer que o sol nasceu ou subiu (Js 1.15). Dizer 
que a rainha de Sabá veio "dos confins da terra" ou que as pessoas no Pentecostes vieram "de todas as 
nações debaixo do céu" não é dizer coisas com exatidão científica. Os autores usaram formas comuns, 
gramaticais de expressar seu pensamento sobre os assuntos. Por isso, o que quer que fique implícito 
na doutrina dos escritos inspirados, os dados das Escrituras mostram com clareza que elas incluem o 
emprego de grande variedade de fontes literárias e de estilos de expressão. Nem todas as mensagens 
vieram diretamente de Deus, mediante ditado. Tampouco foram expressas de modo uniforme e literal. 
É preciso que se entenda a inspiração da perspectiva histórica e gramatical. A inspiração não pode ser 
 
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entendida como um ditado uniforme, ainda que divino, que exclua os recursos, a personalidade e as 
variadas formas humanas de expressão. 
 
Inspiração pressupõe inerrância 
A Bíblia não só é inspirada; é também, por causa de sua inspiração, inerrante, não contém erro. Tudo 
quanto Deus declara é verdade isenta de erro. Com efeito, as Escrituras afirmam ser a declaração 
(aliás, as próprias palavras) de Deus. Nada do que a Bíblia ensina contém erro, visto que a inerrância é 
conseqüência lógica da inspiração divina. Deus não pode mentir (Hb 6.18); sua Palavra é a verdade (Jo 
17.17). Por isso, seja qual for o assunto sobre o qual a Bíblia diga alguma coisa, ela só dirá a verdade. 
Não existem erros históricos nem científicos nos ensinos das Escrituras. Tudo quanto a Bíblia ensina 
vem de Deus e, por isso, não tem a mácula do erro. Não é possível refugir às implicações da inerrância 
factual com a declaração de que a Bíblia nada tem para dizer a respeito de assuntos factuais ou 
históricos. Grande parte da Bíblia apresenta-se como história. Bastam as tediosas genealogias para 
atestar essa realidade. Alguns dos maiores ensinos da Bíblia, como a criação, o nascimento virginal de 
Cristo, a crucificação e a ressurreição corpórea, claramente pressupõem matérias factuais. Não existem 
meios de "espiritualizar" a natureza factual e histórica dessas verdades bíblicas, sem praticar violência 
terrível contra a análise honesta do texto, da perspectiva cultural e gramatical. A Bíblia não é um 
compêndio de Ciências, mas, quando trata de assuntos científicos em seu ensino, o faz sem cometer 
erro. A Bíblia não é um compêndio de História, mas, sempre que a história secular se cruza com a 
história sagrada em suas páginas, a Bíblia faz referência a ela sem cometer erro. Se a Bíblia não fosse 
inerrante e não estivesse certa nas questões factuais, empíricas, comprováveis, de que maneira seria 
possível confiar nela em questões espirituais, não sujeitas a testes? Como disse Jesus a Nicodemos: "Se 
vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?" (Jo 3.12). 
 
TTEEOORRIIAASS SSOOBBRREE AA IINNSSPPIIRRAAÇÇÃÃOO DDAA BBÍÍBBLLIIAA 
As várias teorias a respeito da Inspiração 
Ao longo da história, as teorias a respeito da inspiração da Bíblia têm variado segundo as 
características essenciais de três movimentos teológicos: a ortodoxia, o modernismo e a neo-ortodoxia. 
Ainda que essas três perspectivas não se limitem a um único período, suas manifestações primordiais 
são características de três períodos sucessivos na história da igreja. Na maior parte dessa história, 
prevaleceu a visão ortodoxa, a saber: a Bíblia é a Palavra de Deus. Com o surgimento do modernismo, 
muitas pessoas vieram a crer que a Bíblia meramente contém a Palavra de Deus. Mais recentemente, 
sob a influência do existencialismo contemporâneo, os teólogos neo-ortodoxos têm ensinado que a 
Bíblia torna-se a Palavra de Deus quando a pessoa tem um encontro pessoal com Deus em suas 
páginas. 
 
Teoria da Inspiração Natural Humana 
 Ensina que a Bíblia foi escrita por homens de intelecto especial como Sócrates

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