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TCC Debora Santos - 15

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CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE DIREITO
O VALOR PROBANTE DAS DECLARAÇÕES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NOS CRIMES E ESTUPROS DE VULNERÁVEIS
Débora dos Santos Pereira
Barra do Piraí, 2021
Débora dos Santos Pereira
O VALOR PROBANTE DAS DECLARAÇÕES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NOS CRIMES E ESTUPROS DE VULNERÁVEIS
Artigo científico apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito pelo Curso de Direito, do Instituto de Ciências Sociais e Humanas do Centro Universitário Geraldo Di Biase
Professor-orientador: Christopher A. G. Taranto
Barra do Piraí, 2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE DIREITO
Débora dos Santos Pereira
O VALOR PROBANTE DAS DECLARAÇÕES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NOS CRIMES E ESTUPROS DE VULNERÁVEIS
Artigo científico apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito pelo Curso de Direito, do Instituto de Ciências Sociais e Humanas do Centro Universitário Geraldo Di Biase.
Christopher A. G. Taranto
Leonardo de Deus
João Paulo Guimarães
Barra do Piraí, 2021
Resumo: Este trabalho abordou de forma bem clara o tema proposto, de uma forma jurídica e de uma visão psicológica. Foram abordadas leis e seus complementos, características do estupro de vulnerável e dando ênfase total no valor probante do depoimento da vítima. Onde podemos identificar que na maioria das vezes esse crime é praticado por pessoas próximas, onde estamos falando de familiares, um crime que na sua maioria não tem testemunha e assim é de extrema importância o depoimento da vítima. Já na visão de um especialista na área psicológica nos traz formas de identificar o abuso e nos ajuda com os pós trauma, como devemos ajudar e tratar essas crianças e adolescentes. 
Palavras-chave: Depoimento, criança, adolescente, estupro e psicólogo.
Abstract: This work addressed the proposed theme very clearly, in a legal and psychological way. Laws and their complements, characteristics of the rape of a vulnerable person, were addressed, giving full emphasis to the probative value of the victim's testimony. Where we can identify that most of the time this crime is committed by close people, where we are talking about family members, a crime that in most cases does not have a witness and thus the victim's testimony is extremely important. In the view of a specialist in the psychological field, it brings us ways to identify abuse and help us with post trauma, how we should help and treat these children and adolescents.
Keywords:Testimonial, child, adolescent, rape andpsychologist.
1. INTRODUÇÃO:
Você sabe o que é Estupro? Conforme descrito no Código Penal Brasileiro, art. 213, Lei nº 12.015, de 2009, estupro é quando você vem constranger alguém, mediante o ato de uma violência ou também de grave ameaça, obrigando assim a mesma ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
No presente trabalho, vamos verificar as características do estupro, dando ênfase a questão do valor probante do depoimento da vítima menor de idade.
Na maioria das vezes, o crime é praticado por pessoa próxima, até mesmo uma familiar, o que dificulta a denúncia por parte de quem sofre o abuso.
Por ser um crime cometido, quase que em sua totalidade, sem a presença de testemunha, o depoimento da vítima passa a ter relevante valor no momento da verificação do ato e de eventual punição do agressor.
Antigamente levávamos em consideração o fato da mãe ou sociedade não acreditar que o padrasto ou um tio, primo ou irmão poderia de fato ter abusado da criança, como citado acima, a imagem era de um protetor e não um abusador dela, esse ato causa diretamente um dano no seu psicológico, que será irreversível para a vítima. 
Por tais razões, aprofundar o estudo sobre a vítima e seu depoimento em sede de instrução, torna o tema relevante tanto para estudantes, como para os instrumentadores do Direito.
O estupro se encaixa como um crime hediondo, e o mesmo pode ser praticado mediante violência real, mediante a agressão ou presumida quando praticado contra menores de 14 anos, pessoas com deficiência mental e quaisquer pessoa que não puder oferecer resistência. Portanto, drogar uma pessoa para cometer ou manter com ela conjunção carnal, claramente configura crime de estupro, uma vez que a vítima não oferecia resistência.
O número é expressivo nos tribunais brasileiros relacionados ao estupro que são os crimes sexuais cometidos contra a criança e adolescentes, e podemos dizer que maioria dos casos se encaixa no art. 217 A, do CP (Estupro de Vulnerável) Decreto de Lei n º2.848, de 07 de dezembro de 1940, que se trata “de ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos”. 
2. O HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER:
2.1. A tipificação do crime contra a mulher:
A violência contra a mulher é algo bem antigo, com raízes históricas e profundas em nossa história, no ano de 1830 o código Criminal do império, trazia o estupro como uma série de condutas distintas praticadas contra as mulheres. Era entendido por estupro quando de fato de tirava a virgindade da vitima, quanto o ato sexual era praticado contra “mulher honesta”. Na época o conceito de estupro era muito amplo e variado, e englobava vários atos e fatos distintos e variados, porém, não muito eficaz. Com aquela legislação imposta na época, se acaso a vítima fosse, por exemplo, uma prostituta, a pena era muito inferior em relação àquela aplicada se a vítima fosse “mulher honesta”. Assim fazendo a distinção entre as mulheres. Com a chegada do Código Penal da República de 1890, foi introduzida a presunção de violência nos crimes sexuais e com ele a definição legal perante a lei que era entendida por violência no crime de estupro.
O código de 1890 trazia uma relação dos crimes sexuais à proteção da honra da moça e da família afetada e tinha como característica os seguintes aspectos: “o estupro estava vinculado à destruição da honra da família, e o estuprador ao praticar o crime, feria, antes de qualquer coisa, a honra da família.” O conceito de estupro constava nos artigos 268 e 269 sob os seguintes dizeres:
Art. 268. Estuprar mulher virgem ou não, mas honesta: Pena - de prisão celular por um a seis anos. § 1º Si a estuprada for mulher pública ou prostituta: Pena - de prisão celular por seis meses a dois anos. § 2º Si o crime for praticado com o concurso de duas ou mais pessoas, a pena será argumentada da quarta parte.
Art. 269. Chama-se estupro o ato pelo qual o homem abusa com violência de uma mulher, seja virgem ou não.
O Código de 1890 mantia a diminuição de pena para o estupro praticado contra as prostitutas, trazendo uma valorização do requisito "honestidade” para a configuração do estupro. Este mesmo código também defendia de certa forma o estupro da mulher casada pelo seu próprio marido, na época era de entendimento que se por acaso um homem constrangesse a própria esposa, dentro do casamento, não era reconhecido como prática criminal uma vez que ele atuava em exercício regular de um direito, adquirido através do casamento.
2.2. A Evolução do Direito Penal e o Código de 1940:
O código Penal hoje em vigência é o de 1940, e de lá pra cá, ocorreram muitas mudanças, uma delas é dos crimes contra os costumes, que relatava bem a realidade da época, quando os crimes sexuais ainda eram vistos com uma afronta ao pudor e os bons costumes, hoje temos o art. 213, que diz "constranger mulher a conjunção carnal, mediante violência em grave ameaça". A conjunção carnal na época era apenas quando ocorria à introdução do pênis na vagina, ficando excluídos do conceito de estupro o coito anal e o fellatio in ore (que era abrangido no crime de atentado violento ao pudor), bem diferente dos dias de hoje. E era ainda de entendimento que a mulher casada não poderia ainda servítima do crime de estupro quando praticado pelo marido dentro casamento.
Hoje em dia temos medidas muito mais rigorosas sobre o estupro, o sujeito passivo do crime continuou sendo apenas a mulher, várias leis foram editadas alterando diversos dispositivos relacionados aos crimes sexuais no CP/1940.
Muitos avanços ocorreram até os dias de hoje. Uma delas é a entrada em vigor da Lei 12.015/2009, que traz o tipo penal do estupro, que antes tinha apenas a mulher como sujeito passivo, passou a ter também o homem como sujeito passivo, e através da alteração da expressão "constranger mulher" pela expressão "constranger alguém". E esta mesma legislação recebeu muitas críticas da doutrina especializada que vem para englobar as condutas caracterizadoras do atentado violento ao pudor no tipo penal relativo ao estupro (art. 213), formando, dessa forma, um delito único.
3. A VIOLÊNCIA NO BRASIL:
De acordo com o site Folha, em 2019 foi contabilizado no Brasil mais de 66 mil casos de violência sexual, que corresponde a 180 estupros por dia e que três quartos conhecem o seu agressor. Dados revelam que as 54% das vitimas tinham até 13 anos, e podemos dizer que esse número é o mais alto desde o ano 2009, que foi quando veio à mudança na tipificação do crime de estupro no código penal brasileiro e o atentado violento ao pudor finalmente passou a ser enquadrado como estupro. Para ter uma base correta, foram juntados vários dados das secretarias de segurança de todas as unidades federativas.
 Com o aumento nos casos de estupro, onde a maioria das vítimas é do sexo feminino, que representa 82%, esse aumento vem acompanhado de um crescimento em outras modalidades de crimes que são praticados contra as mulheres, como Feminicídio e também as agressões domésticas, que vem na total contramão de uma queda nos demais índices de violência, como o de assassinato. 
Com base na historia o crime de estupro tem baixa uma denuncia, por causa do medo do tratamento por parte do agressor e também o receio das vítimas do julgamento da sociedade e por falta de confiança nas instituições dos atendimentos.
Alguns dados, em 2015 foram 47.461 estupros, 2016 – 55.070, 2017 – 63.157,2018- 66.041 e 2019-66.947, em 2019 os estados do Mato Grosso do Sul e Paraná foram o estado com a maior taxa de estupro. De 100%, 82% são do sexo feminino, 54% tinham até 13 anos, 76% dos autores são conhecidos da vítima.
Vale ressaltar que esses dados são o ano de 2019, antes de uma pandemia mundial, já tem alguns dados atualizados dos anos de 2020, um levantamento feito com base em dados da Secretaria Estadual da Segurança Pública de São Paulo onde revela que 83% dos casos de estupro de vulnerável que foram computados em todo o estado durante já o segundo trimestre deste ano, onde foi maior o isolamento social por causa da pandemia da nova corona vírus, ocorreram em suas residências. Resultado do fechamento do comercio e com o trabalho home Office, muitas pessoas estão 100% do tempo em casa. 
Fazendo uma breve comparação com os EUA, existem duas modalidades que é a Assault (tradução para o português agressão) e a battery (tradução para o português bateria), que consiste em ser duas modalidades criminosas sem registro específico em língua portuguesa. O battery consiste em injustificado e ofensivo toque físico do agente em relação ao ofendido. Trata-se de um toque malicioso, e quando se leva a mão nas nádegas (buttocks) de outra pessoa. Já a Assault consiste na ameaça ou tentativa de battery. Existe a possibilidade de tendência para assimilar os dois crimes em uma única modalidade. Verifica-se ainda o mayhem, agravada forma de battery. Trata de um crime de estupro, que na antiga definição da common law só era valido com a penetração sexual de um homem em uma mulher, que caso não fosse sua conjugue, quando estiver presente o uso de força e sem consentimento da vitima .  Com o passar dos anos a jurisprudência, aderiu a regra em desuso e hoje adota-se visão doutrinária que é mais adequada. Portanto, estupro é a invasão sexual do corpo feminino na qual seu espaço privado, profundamente pessoal, é violado sem seu consentimento. Quando existe a força e resistência são aspectos que identificam a modalidade. As legislações dos estados vem a condenar bem mais o estupro do marido em relação à esposa (marital rape),há possibilidade de se afastar diferenças de gênero (gender), assim como também a penetração sexual (sexual intercourse) deixa de ser o único elemento caracterizador do fato, prescrevendo-se contra todo tipo de atividade sexual resultante de coerção (coercive sexual activity), deixando claro que o uso da força é a marca maior do crime. 
Os crimes de estupro era frequentes nos noticiários, revelando horrores. No ano de 1989, mais de 2 mil casos de estupros e tentativas foram denunciados em um Estado dos Estados Unidos. O mais conhecido deles deu-se no Central Park, em 19 de abril daquele ano, dia em que uma gang de trinta adolescentes atemorizou a todos que estava na parte norte do parque. No ocorrido um dos meninos, afirmou que de fato sabia sim que teria cometido o crime. 
Em 1992 também foi constatado outro caso que ganhou espaço na mídia, onde Mike Tyson, famoso lutador de box, foi condenado a dez anos de prisão por ter violentado Desiree Washington. À época ela tinha dezoito anos de idade. Muito bonita, ela era miss Rhode Island. Ele convidou a moça para ir até seu quarto em um hotel em Indianápolis, naquela ocasião a mesma praticava na cidade um concurso de beleza. O fato teria ocorrido no quarto do hotel, e segundo apurou-se o ataque foi brutal. Outros crimes são relativos à conduta sexual. Sodomy (sodomia) caracteriza-se pela penetração na região anal, mesmo com consentimento. Em alguns estados a sodomia deixou de ser crime caso seja consentida entre parceiros adultos. O oral copulation (sexo oral) é considerado crime, quando na medida em que é praticado sob violência ou ameaça.
4. A PROVA NO DIREITO PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO:
4.1. As espécies de Provas admitidas na Legislação Brasileira:
Voltando para a esfera do Direito Processual Penal brasileiro no âmbito das provas temos 10 tipos de provas, são eles:
a) PROVA PERICIAL E EXAME DE CORPO DE DELITO:Trata-sede um exame realizado em algo ou alguém, por um especialista naquela área, por um perito devidamente habilitado e capacitado, com fé públicaque fará conclusões precisas para o processo penal. Já o exame de corpo de delito traz a verificação da prova de existência do crime, onde é feita diretamente por peritos, ou por intermédio de outras evidências, quando os vestígios, ainda que materiais por algum motivo venham a desaparecer. O corpo de delito é considerado materialidade do crime, isto é, a uma prova de sua existência.
b) INTERROGATÓRIO DO RÉU: É quando o Réu tem a oportunidade em dirigir a palavra diretamente ao juiz, para descrever a sua versão dos fatos, podendo sim confirmar as acusações e, por consequência, também pode vir a confessar o delito, caso entenda cabível, ou, ainda, se preferir permanecer em silêncio, respondendo apenas aos dados de qualificação, como seu nome, idade, estado civil e endereço.
c) CONFISSÃO: Nada mais é do que a sua confissão dos fatos desfavoráveis que lhe são imputados. A confissão deve ser um ato voluntário, expresso e de forma pessoal, e que seja realizado por sujeito que tenha pleno discernimento sobre os fatos, visto que não poderá ser verdadeira a confissão feita por alguém alterado, que não tem ou não possuía na época dos fatos a consciência da ilicitude.
d) OFENDIDO: É aquele que foi lesado pela prática delituosa perpetrada pelo réu, ou seja, aquele que é a vítima. Diferente disso tudo, temos as testemunhas, o ofendido não necessariamente tem o compromisso de dizer a verdade, e não poderá ser responsabilizado pelo crime de falso testemunho, de acordo com o art. 342 do Código Penal, porém, de acordo com o caso, poderá responder por denunciação caluniosa, prevista no art. 339 do Código Penal (CP). 
e) PROVA TESTEMUNHAL: Testemunha é a pessoa que tomaconhecimento de alguns fatos criminal praticado pelo acusado. 
f) RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS: De acordo com o art. 226 do CPP, quando se trata do Reconhecimento de Pessoas ou Coisas tem por finalidade principal a identificação de um suspeito ou de um objeto através da palavra da vítima ou das testemunhas. 
g) ACAREAÇÕES: Trata-se de ‘’colocar cara a cara’’ quando duas pessoas que estejam declarando pontos divergentes sobre fatos relevantes.  Quando o ato deve ser realizado em audiência, onde acontece de serem admitidos os fatos ‘’entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes’’ de acordo com o art. 229 do CPP.       
h) PROVA DOCUMENTAL: São provas consideradas documentos, no direito processual penal, que podem ser as escritas, desenhos, fotos, e-mails, entre outros, que tenham o fim de comprovar um fato.
i) DOS INDÍCIOS: Quando se tem relação com a existência de outras circunstâncias, isto é, quando vem considerar o magistrado de forma com a sua convicção pela livre apreciação de todas as provas que são produzidas, todos os indícios estão enumerados como uma espécie de prova, que poderá ser apresentada nos autos se caso for preciso e, assim servindo para a contribuição de uma formação da decisão final.
j) DA BUSCA E APREENSÃO: Pode ser entendida como uma medida que é cautelar e que tem a finalidade de colher às provas para o processo penal, com o intuito de se chegar à verdade material. Baseado em todos os fatos o que precisamos entender é a necessidade do valor e os primeiros passos para os depoimentos, e os sinais que a vítima vem demonstrando. 
4.2. A colheita de provas e sua valoração:
Com base no Artigo Jurídico “O Valor Probatório da Palavra da Vítima na Condenação do Crime de Estupro “Claramente podemos observar que se no ato da condenação do acusado por acaso não tiver outros elementos comprobatórios como prova, o único a ser utilizado é obviamente a palavra da vítima contra a palavra do suposto agressor. Neste momento é de inteira importância estabelecer o verdadeiro fato que ocorreu ou não, neste momento existe um perigo em relação às falsas memórias e os falsos depoimentos, pois neste momento a vítima está fragilizada e pode claro ocorrer um deslize imaginário sem ao menos ter consciência disso. Tipos de provas seria a conjunção carnal, violência empregada, violência moral, prova da autoria ou tentativa de estupro, a única prova possível é a palavra da vítima. Sempre que possível, o julgamento e condenação de um acusado de crime de estupro, busca sempre provas validas, para que seja feita a condenação penal do agente.
Buscando embasamentos jurídicos, trabalhei com base teórica com revisão na literatura específica com livros, artigos, leis e jurisprudências. Primeira referência é de Arriélle Devoyno (2018, p. 45), onde ele diz em relação aos crimes sexuais por meio da palavra da vítima: “Os crimes sexuais não podem ser analisados como os outros crimes, desde o tocante de discutir sobre o crime até a parte processual, por meio da prova”.
O estupro sem dúvidas merece uma atenção mais que especial, e merece ser tratado com toda cautela possível no mundo, por se tratar de um delito que é cometido às obscuras, não contendo testemunhas e em praticamente todos não haver a materialidade do delito. E já é de entendimento que o estupro é um crime que deixa vestígios na vítima ou também no acusado, porém, se por acaso esse crime for denunciado muitos anos depois, o exame de corpo delito não terá relevância por não se encontrar a materialidade de autoria. Também podemos observar que existe dificuldade em se constatar a violência e grave ameaça. Mas, mesmo com todas as dificuldades em se provar, não quer dizer que o acusado sairá impune, pois, o magistrado analisará outras provas e circunstâncias que corroboram com o crime. 
Nucci (2019, p. 582), aborda que o valor probatório da palavra da vítima, de acordo com seu pensamento é: “Trata-se de ponto extremamente controverso e delicado na avaliação de prova”. De acordo com o autor, ainda que a palavra da vítima tenha ganhado força especial como meio de prova para a condenação do acusado, desde que esteja em conformidade com outras provas do fato.
Conforme a jurisprudência, vejamos:
PENAL E PROCESSO PENAL – APELAÇÃO CRIMINAL – ESTUPRO DE VULNERÁVEL – MATERIALIDADE – AUSÊNCIA DE LAUDO PERICIAL – COMPROVAÇÃO POR OUTROS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO – AUTORIA COMPROVADA – PALAVRA DA VÍTIMA – CREDIBILIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA E INEXISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA. DESACOLHIMENTO. NULIDADE DA SENTENÇA POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. DESCABIMENTO. ABSOLVIÇÃO. PROVAS INSUFICIENTES. IMPOSSIBILIDADE. 1) É admissível que a prova da materialidade do crime de estupro de vulnerável seja efetivada por elementos de convicção diversos do laudo pericial, notadamente quando os atos libidinosos diversos da conjunção carnal não deixarem vestígios. 2) No delito de estupro de vulnerável, normalmente praticado às escondidas, longe dos olhares de testemunhas, por isso  deve-se dar crédito à palavrada vítima, nomeadamente quando ela está em harmonia com as demais provas constantes nos autos e se mostra segura e coerente. 3) Apelo não provido. (Grifo nosso). (TJ-AP – APL: 00113730820168030002 AP, Relator: Desembargador GILBERTO PINHEIRO, Data de Julgamento: 12/03/2019, Tribunal).
APELAÇÃO CRIMINAL. PENAL E PROCESSO PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PROVA INSUFICIENTE. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. RECURSO MINISTERIAL CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Em crimes contra a dignidade sexual, normalmente praticado às ocultas, deve-se conferir especial relevância à palavra da vítima. 2. No caso, as declarações da vítima apresentam graves contradições, especialmente no que diz respeito à autoria dos supostos abusos, atribuída pela criança a pessoas diversas em cada oitiva. Além disso, os elementos colhidos revelam um ambiente familiar conflituoso envolvendo diversos membros, o que pode indicar a influência de parentes na versão narrada pela vítima. E se assim for, dúvida que se resolve em favor do acusado. 4. Apelação ministerial conhecida e improvisa. (TJ-DF 20141210033066 – Segredo de Justiça 0003261-77.2014.8.07.0012, Relator: MARIA IVATÔNIA, Data de Julgamento: 13/12/2018, 2ª TURMA CRIMINAL, Data de Publicação: Publicado no DJE: 19/12/2018. Pág.: 253/267).
 
Com base nas Jurisprudências, podemos observar que a palavra da vítima tem muita relevância quando for questionada sobre o fato ocorrido, também devemos levar em consideração a palavra de alguma testemunha. Porém, o depoimento deve estar bem alinhado, dentro das conformidades com todos os s fatos narrados e que seja baseado na verdade, de acordo com a jurisprudência citada acima. Não é novidade que este meio de prova traz uma preocupação em relação à credibilidade como já foi abordado acima, em relação às falsas memórias, portanto, existe uma diferença de quando o agente tem plena consciência do fato ocorrido, acredita fielmente no que está alegando, uma vez que nas falsas memórias o indivíduo não tem o discernimento e crê com todas as forças que está relatando, ou seja, acredita que de fato o fato ocorreu (LOPES JÚNIOR, 2018). 
Quanto ao julgador, defende Nucci (2019, p. 583) que: “[…] só resta exercitar ao máximo a sua capacidade de observação, a sua sensibilidade para captar verdades e inverdades, a sua particular tendência de ler nas entrelinhas e perceber a realidade na linguagem figurada ou propositadamente distorcida”.
Com todas essas citações acima, podemos abrir um grande viés de instabilidade e insegurança no ordenamento jurídico brasileiro, por tantas pessoas condenadas injustamente, sendo que a justiça não teve a capacidade em descobrir o verdadeiro delinquente do crime de estupro. É com isso no momento do julgamento a vitima e partes de defesas deve ter uma certeza concreta sobre os fatos e todas as provas relacionadas nos autos processuais, para a condenaçãojustamente para quem praticou o ato ilícito. Não causando margem de dúvida quanto à prática julgada em questão.
5. O CRIME DE ESTUPROS DENTRO DO DIREITO PENAL BASILEIRO
Além das Leis, estou desenvolvendo meu trabalho com dois autores Bruno Gilaberte e João Batista Oliveira de Moura, ambos trabalham com a abordagem explicita dentro do tema escolhido. Bruno Gilaberte nos traz o tema de uma forma muito complexa e de fácil entendimento, aborda a teoria do bem jurídico em contraposição para com o sentimento público de pudor, partenalismo penal, fala sobre o consentimento ofertado para menores de 14 anos traz os elementos normativos do tipo e outros, e sem descurar as inovações legislativas na seara dos delitos sexuais. Faz uma análise detalhada dos art. 215 - A, 216-B e 218-C, que é o diferencial do livro, ainda mais por serem realizados sempre em conjunto os crimes sexuais que estão previstos na ECA. João Batista Oliveira de Moura com seu vasto conhecimento, mais de duas décadas dedicadas à área criminal, João foi privilegiado com um vasto conhecimento, onde foi possível identificar os crimes sexuais, aqueles que são mais prejudiciais e que mais afetam a intimidade e a dignidade humana. Ele nos traz uma forma de abordagem no contexto, como se a vítima fosse o “próprio objeto da prova”, onde no processo penal é feita uma apuração de crimes, passando por um sistema judiciário despreparado estrutural e tecnicamente para fazer o acolhimento, ouvi-la e de fato vir a compreender seu drama ocorrido, com a adequação necessária, e sua preservação de sua dignidade e intimidade. Rogério Greco (Greco, Rogerio, 2015), é do entendimento que em vários momentos no código penal, se vale a idade da vítima, quando se trata de aumentar à pena, como, por exemplo, citado nos crimes cometidos por pessoas acima de 60 anos, levando em consideração que sofre o efeito do cálculo diferenciado, ocorre com a prescrição, onde os prazos são reduzidos pela metade, quando o agente era menor de 21 anos ou maior de 70 anos, na data da sentença, de acordo com o código penal art. 115. Ele discorre dentro da sua literatura a respeito do depoimento do infanto e juvenil e a importância das provas. Ana Bock (13ª edição reformulada e ampliada— 1999) nos traz uma visão aprofundada de uma profissional da área, analisando o depoimento infanto e juvenil de uma forma bem pratica, de acordo com a letra da Lei, trazendo um melhor entendimento da psicologia, esclarecendo e deixando bem claro algumas dúvidas que apenas profissionais dos ares são capazes de sanar.
Com base na literatura de Rogério Greco (Greco, Rogerio, 2015), é do entendimento que em vários momentos no código penal, se vale a idade da vítima, quando se trata de aumentar à pena, como, por exemplo, citado nos crimes cometidos por pessoas acima de 60 anos, levando em consideração que sofre o efeito do cálculo diferenciado, ocorre com a prescrição, onde os prazos são reduzidos pela metade, quando o agente era menor de 21 anos ou maior de 70 anos, na data da sentença, de acordo com o código penal art. 115. 
 De acordo com o art. 217-A, o delito de estupro de vulnerável se consuma com a efetiva conjunção carnal, não importando se a penetração foi total ou parcial não havendo, inclusive, a necessidade de ejaculação. Já na segunda parte prevista no caput do art. 217-A, o estatuto repressivo consuma-se o estupro de vulnerável quando o agente pratica qualquer ato libidinoso com a vítima. 
Vale ressaltar que em qualquer caso, a vítima deve se amoldar as características previstas tanto pelo caput, como pelo inciso 1º do art. 217-A do Código Penal, de fato não importando se ocorreu o consentido ou não para o ato sexual. A consumação do delito art. 217-A do Código Penal é realizado com a afirmação da prática dos atos libidinosos diversos da conjunção carnal. Por exemplo: um homem segurou um pênis de uma criança após retirar o shortdele, tirou sua própria calça, colocou a mão do menor sobre o seu pênis, pedindo que a criança fizesse o mesmo movimento com a sua mão sobre o órgão genital da vítima, de 10 anos de idade na época dos fatos, o que configura ato libidinoso para a realização de fato do delito de estupro de vulnerável. Entendeu a Corte de origem que o delito não se consumou por circunstâncias alheias a vontade do agente, uma vez que a genitora da vítima chegou ao local durante a prática dos atos libidinosos.
Aprofundando no tema, a palavra pedofilia não é usada no Código Penal Brasileiro, embora, é de nosso conhecimento que tudo que está no descrito no Art. 217-A, sabemos que se trata de pessoas que mantém relações sexuais com crianças. Sem dúvida alguma a pedofilia é um dos crimes que nos causam mais repulsa e que nós enojamos. 
São bem comuns entre o sexo masculino, homens que tem graves problemas de relacionamento sexual, esses possuem complexos ou sentimentos de inferioridade, são tímidos e tem impotência de obter satisfação sexual com mulheres adultas. Em muitos casos como já abordado acima, existem muitos casos de contato incestuoso envolvendo filhos, enteados ou parentes próximos, nestes casos as crianças são ameaçadas e acabam se submetendo a estes atos temendo represálias do abusador. O dano causado por esses abusadores, muitas vezes são irreversíveis. Muitos casos infelizmente, a criança guarda pra si a violência que vem sofrendo por parte do pedófilo, pois como já sabemos a mesma fica com medo do mesmo. Com o passar do tempo, algumas técnicas foram desenvolvidas para tentar descobrir se uma criança está sendo vítima de algum abuso sexual, principalmente o estupro. Guilherme Schelb aponta três tipos de indicadores de abuso sexual:
A) Indicadores físicos da criança e do adolescente:
*Infecção urinária;
*Dor ou inchaço na área genital ou anal;
*secreções vaginais ou penianas;
*Doenças sexualmente transmissíveis;
*Dificuldade de sentar-se ou caminhar;
*Falta de controle ao urinar;
*Enfermidades psicossomáticas (doenças de pele ou digestiva);
B) Comportamento da criança e do adolescente: 
* Comportamento sexual inadequado para a idade ou brincadeiras sexuais agressivas;
*Palavras de conotação sexual incompatíveis com a idade;
* Falta de confiança em adultos;
* Fugas de casa;
* Idéias de tentativas de suicídio; 
* Autoflagelação;
* Terror Noturno;
C) Comportamento da família (quando conivente ou autora da violência)
* Oculta freqüentemente o abuso;
* É muito possessiva, negando a criança contatos social normais;
*Acusa a criança de promiscuidade e sedução sexual é uma forma de amor familiar;
E a palavra da vítima? Os sinais? Por isso é tão importante a observação da família.
Vamos fazer uma análise: se um abusador passa a mão nas partes íntimas de uma criança, com apenas sete anos de idade, e coloca a mão dela em seus pênis e a ação e presenciada por uma testemunha, relato do menor abusado é coerente e seguro, em sintonia com os depoimentos das testemunhas se caso houver e a confissão do acusado, neste caso a hipótese de absolvição por falta de prova é rechaçada. Neste caso temos a Absolvição Imprópria, com aplicação imediatamente da medida de segurança. Quando ocorre, e a vítima fala ou a testemunha se pronuncia, é necessária imediatamente a internação para todos os exames possíveis e a perícia, essas provas materiais e laboratoriais são de extrema importância para a conclusão do processo. Essas vítimas têm direito também a tratamento psicológico e serviço de assistência social. Neste caso temos a condenação, sentença condenatória Art. 217-A C.C Art.71, capital, do CP- Pena: nove anos e quatro meses de reclusão, em regime inicial fechado.
6. A VISÃO DA PSICOLOGIA DENTRO DO COMPROTAMENTO E DEPOIMENTO DE UMA CRIANÇA OU ADOLESCENTE ABUSADA SEXUALMENTE:
Usei como base de pesquisa a Psicóloga Ana Bock, que é doutora em psicologia social, ela relata em um dos seus livros a verdadeira importância da família nos casos de estupros. A família serve como proteção e atuando com todo o cuidando para com essas vítimas, porém, isso é muito complexo, uma vez que sabemos que a maioria das vezesa violência sexual começa ali, no ceio da família. Não só a violência sexual, mais também a negligência, os maus tratos, violência psicológica, e a agressão física. 
A Dra. Ana Bock, nos traz a “síndrome do segredo” muitas crianças e adolescentes desenvolve a mesma, que é a culpa ou responsabilidade pelo crime cometido, que é transferida pelo abusador.
E a psicologia vem com o seu principal objetivo fazer com que a vítima não tenha medo de relatar o ocorrido, sem fazer com que a vítima se sinta culpada.
Por isso a importância de um depoimento sem danos, é importante a preservação da estrutura psíquica da criança e adolescente, para conseguir contribuir para de uma forma valida para a formação processual.
Como já foi abordado anteriormente, o impacto negativo do abuso sexual é muito grande, e afeta o desenvolvimento social e afetivo da vítima e já foi comprovado por vários estudos, são eles: transtorno do stress pós traumático, transtorno borderline e anti-social de personalidade, depressão, usam drogas, delinqüência, prostituição, distúrbios ligados à sexualidade dos indivíduos, distúrbios alimentares e afetivos, conduta hiper sexualizada, fugas do lar, diminuição do rendimento escolar, masturbação exacerbada, inibição acentuada, ansiedade, transtorno dissociativos, fobias, idéias, paranóias, déficit de atenção, baixo estima, idéias suicidas, homicidas e automutilação. 
A psicopatia mais citada pela autora é o transtorno do estresse pós-traumático, onde ocorre um distúrbio de ansiedade caracterizado por vários sintomas físicos, psíquicos e emocionais.
Quando uma vítima lembra o que aconteceu ela revive tudo como se estivesse acontecido naquele momento, ou seja, como se fosse à primeira vez, essa recordação ou memória tem o nome de reverência, que vem desencadear alterações neurofisiológicas e mentais. 
Existe pesquisa que nos relatam que cerca de 30% das crianças que sofrem maus-tratos, tornam-se adultos violentos, onde ocorre o fenômeno transgeracional, que é o fenômeno que passa por todas as classes sociais, sem distinções de raça, etnia ou condição social. O crime sexual praticado contra a criança e ao adolescente, cria um trauma e uma perturbação no geral. Por isso com o passar do tempo algumas técnicas foram aprimoradas.
Por exemplo, o “depoimento especial” é uma forma de amenizar o transtorno causado pela oitiva, que acontecia de uma forma bem fria e dura, totalmente sem sensibilidade, um momento muito sofrido para a criança e ao adolescente.
Algumas perguntas como: “Por que você não gritou?” “por que você estava ali?” “por que você não correu?” “Por que não falou antes?”
O depoimento sem danos vem para deixar o momento menos doloroso, as vítimas às vezes têm que repetir por diversas vezes a mesma versão em depoimento durante a fase de investigação e isso se torna muito doloroso. E como já falamos antes, o depoimento é de extrema importância para a resolução do caso.
Em 04 de abril de 2017, a Lei nº13.431/17 no art. 4º §1º
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas criminosas, são formas de violência: 
§1º- violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico;
Já no art. 5º, §XI, diz que é direito e garantia fundamental da criança e do adolescente ser assistido por profissional que participam dos procedimentos de escuta especializada e depoimento especial.
Art. 5º A aplicação desta Lei, sem prejuízo dos princípios estabelecidos nas demais normas nacionais e internacionais de proteção dos direitos da criança e do adolescente, terá como base, entre outros, os direitos e garantias fundamentais da criança e do adolescente a:
§11- ser assistido por profissional capacitado e conhecer os profissionais que participam dos procedimentos de escuta especializada e depoimento especial.
Neste caso é necessário ter uma pessoa qualificada que seja especializada para o acompanhamento do depoimento, uma pessoa que não é especializada não tem um olhar direcionado, por isso é de extrema importância quando falamos pessoa especializada, pois o momento é doloroso para a vítima, uma pessoa qualificada, faz com que a vítima se sinta mais confortável em contar o seu depoimento. Essa lei é de extrema importância. 
Regra geral, o local de realização da escuta deve ser apropriado e acolhedor, o depoimento deve ser coletado apenas uma vez de acordo com Art. 11º:
Art. 11º O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida a ampla defesa do investigado.
Se caso houve a necessidade de produção de prova antecipada, será de acordo com o Art. 156, I do CPP:
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
I – Ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
II – Determinar, no curso da instrução, ou antes, de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008).
Em dois casos serão colhidos antecipadamente de acordo com Art. 11º, §10, I e II:
§10 O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova: 
I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos; 
II - em caso de violência sexual.
Esses depoimentos são de sigilo total de acordo com Art. 24º:
Art. 24  Violar sigilo processual, permitindo que depoimento de criança ou adolescente seja assistido por pessoa estranha ao processo, sem autorização judicial e sem o consentimento do depoente ou de seu representante legal. 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Na CF de 1988, a criança e ao adolescente têm a proteção integral assegurada, bem como cumprir a finalidade dúplice do processo penal.
A veracidade do depoimento infantil é de extrema importância, uma vez que uma criança pode ser facilmente influenciada e assim ser manipulada.
Com base nesta linha de raciocínio, surgem alguns questionamentos quanto apoiar a condenação baseada tão somente no depoimento especial, isso não significa que o depoimento será descartado, ou que a vítima será desacreditada, por isso a importância que sejam realizados exames complementares como o de corpo de delito para a confirmação do ato.
Em casos que não temos outras provas, apenas o depoimento, cabe o Juiz a análise e julgar com cautela. A complexibilidade dessas declarações quando se trata de criança tem inúmeros fatores que podem contribuir para a inexatidão de seu relato. O tema escolhido e abordado e de alta complexidade, e é claro que abrange diversas áreas, como já foi dito outras vezes, a vítima necessita de atenção médica, psicológica, jurídica e dos profissionais de educação.  E como foi abordada anteriormente a psicologia já atua firmemente nesta área, com diferentes vieses teóricos por vários profissionais, com a mesma visão na teoria e prática.
Com as diversas formas de tratar o mesmo tema a psicologia apresenta um leque de possibilidades de informações para ajudar hoje q criança e o adolescente junto com a família.
Temos que ter a consciência que cada profissional aborda o mesmo assunto de forma diferente, cada profissional tem um procedimento diferente. Por exemplo, se um paciente for a dois profissionais diferentes, será tratado de formas diferentes, cada profissional tem uma técnica, no mundo da psicologia clínica existem várias posições teóricas e isso não é um problema para os pacientes, o importante é que ambas traga resultados positivos para os clientes, cada um tem sua especialização e quando envolve contexto jurídico é normal gerar diversas conclusões da mesma situação principalmente quando o assunto é abuso infantil, cada um conduz uma entrevista de forma diferente, utiliza instrumentose hipóteses diversas para chegar a uma análise final.
Com o progresso dos últimos anos houve um avanço das relações entre o sistema de justiça e a psicologia antes quando ocorria um caso de estupro não tinha soluções rápidas e profissionais preparados e especializadas de fato para atuar nos casos, era bem distante essa realidade, hoje em dia está bem mais fácil, é o caminho pra isso acontecer é a experiência e o conhecimento científico. É certo que muitos profissionais não são qualificados e não possuem altos níveis de treinamento, conhecimento e habilidades para realizar entrevistas que seja qualificada para identificar qual abuso contra crianças e adolescentes.
Não podemos deixar de ressaltar que a psicologia quando se capacita para ter um atendimento especializado para as demandas do judiciário, contribui principalmente para a proteção das vítimas e para seu desenvolvimento psicossocial, essa capacitação profissional é feita com qualificação específica com treinamentos e cursos dentro das áreas de interesses e de necessidade.
Hoje na psicologia alguns autores acham que é uma área consolidada, porém, para outros autores ainda é necessário configurar o lugar do psicólogo que trabalha neste contexto.
A qualificação e parceria entre profissionais são necessidades para que essa melhor configuração se efetive, durante a formação acadêmica podemos analisar que no nosso país, são raros os cursos que oferecem as disciplinas específicas de psicologia jurídica, sejam elas eletivas ou curriculares.   Uns dois principais papéis que o psicólogo pode exercer nessa área é o de perito, ele atua em casos de abuso sexual, ajudando a esclarecer e a desvendar o que de fato aconteceu. Os casos de abusos sexuais estão lotados de dúvidas e incertezas, histórias complexas e de dinâmicas difíceis, isso muitas vezes dificulta e impedem que um diagnóstico da situação seja consubstanciado.
Em uma pesquisa realizada em 2000, foi realizada uma pesquisa nos Estados Unidos da América, onde 42,8% dos casos de uma agência de proteção infantil foram de abuso sexual infantil, e 21% desses casos não foram concluídos, e 33,6% não foram considerados estupros de fato e os outros 2,5% simplesmente tiveram referências erradas em relação ao estupro. Este estudo realizado por Oates Jones, Denson, Sirotnak (2000), este estudo nos revela a importância da realização de diagnósticos precisos de todos os casos. 
A perícia hoje é uma das principais habilidades para identificar e integrar, as conclusões razoáveis corretas de dados complexos, sem que sejam afetados por conhecidos viesse e ilusões, neste caso é importante conhecimento especializado, mas também, habilidades para as tomadas de decisões.
Algumas vezes nos casos de violência sexual, os investigadores têm nas íntegras provas que são contraditórias, uma vez que não há como saber de fato se houve abuso sexual ou não, como já vimos antes, têm muitos casos que a única prova é o depoimento infantil, e a única evidência disponível é de fato o testemunho da vítima infantil ou do adolescente, para todos os efeitos é de extrema importância a descrição confiável de vítima violentada. 
CONCLUSÃO:
Hoje em dia, vivemos em uma sociedade em que a ética e a mora, se perderam e não fazem mais parte do nosso dia a dia. É bem raro alguém estender a mão quando alguém precisa, hoje em dia, pensam em si mesmas e nada para o próximo. Formando assim uma sociedade individualista e pouco empática. Hoje em dia a violência sexual é bem comum, e isso é bem triste. A dignidade sexual é um bem jurídico, que tem proteção pela Constituição Federal, a está ligada à honra no art. 5o da Carta Magna, um direito inviolável e fundamental.
Uma grande vantagem dos dias de hoje, com o avanço tecnológico, existe facilidades e naturalidade em relação aos assuntos outrora tabus, agora são tratados com naturalidade entre os jovens e adolescentes. Isso por um lado é bom, pois a informação chega mais rápida a eles, porém, tem o seu contra, eles ficam reféns da internet e ao alcance dos pedófilos.
Como abordamos anteriormente o estupro é um crime abominável e ocorre por pessoas que não esperamos de forma cruel para silenciar a vítima, ameaçando e fazendo assim ela não denunciar. Porque fazendo isto é a única forma dele sair ileso.
O meu trabalho analisou o aspecto geral do estupro, o que o estupro, conceito histórico, tipificação do crime contra a mulher, a violência no Brasil, o valor do depoimento infantil e juvenil no estupro, a forma de que ele acontece, discorrendo entre algumas literaturas e o código penal, usando alguns exemplos. A importância da informação e da coleta de provas que é feita de forma legal quando esta vítima chega ao hospital, ou a polícia para perícia, sem violação, o processo consegue comprovar uma verdade judicial, trazendo a estabilidade jurídica sobre o caso para a aplicação de uma pena ao réu.
Por se tratar de criança, a atenção deve ser redobrada, pois, quando estamos falando de um adulto, não minimiza a dor ou qualquer algo do tipo, porém, um adulto consegue falar ou pedir ajuda com psicólogo, já uma criança não, ela precisa de cuidados.
A nossa sociedade evolui em tantas coisas e em outras ficam retrogradas, uma roupa curta, um decote, uma criança/adolescente sozinha na rua ou uma criança na internet não é motivo para ser assediada ou estuprada, não, não é um convite, seria muito melhor se todos entendessem, evitaríamos muito casos e a fama da cultura do estupro.
Para concluir a vítima tem a palavra decisiva na comprovação do crime, que é o elemento crucial para a condenação do criminoso, juridicamente a palavra da vítima de abuso sexual é tratada de forma ultra espacial pela doutrina e jurisprudência brasileira, sendo possível, com base na palavra da vítima como principal prova do crime, a sustentação de uma condenação.
O depoimento tem que ser analisado como uma das principais prova do crime cometido, porém, não a única capaz de causar a condenação do acusado, sendo que, quando não se tem o mínimo de elementos probatórios e o depoimento da vítima é incompatível aos elementos coletados no processo, nesse caso, a melhor decisão a ser tomada é à absolvição do acusado.
REFERÊNCIAS:
HTTPS://jus.com. BR/artigos/51014/uma-breve-historia-sobre-o-crime-de-estupro
HTTPS://canalcienciascriminais.com. BR/estupro-genero-brasil/
BOCK, Ana Mercês Bahia (et. al.). Psicologia: uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva 2001.
GILABERTE, Bruno. Crimes Contra a Dignidade Sexual. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2020.
GOMES, Paulo. Brasil registra mais de 180 estupros por dia; número é o maior desde 2009 [11/09/2019]. São Paulo: Folha de São Paulo. Disponível em: HTTPS://www1. folha.uol.com.br/cotidiano/2019/09/brasil-registra-mais-de-180-estupros-por-dia-numero-e-o-maior-desde-2009.shtml.
GRECO, Rogério. Código Penal comentado. Niterói: Impetus, 2015.
Lei nº 14.069/2020.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L14069.htm.
Lei nº 7.209, de 11.7.1984.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm.
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.
Lei nº13.431/17 de 4 de abril de 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm

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