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1 Henrique S. Soares SEMIOLOGIA MÉDICA- PARTE 1 Anamnese (história clínica) Geralmente ocorre durante a consulta inicial, sendo geralmente realizada em primeiro lugar, nela o médico procura obter todas as informações que julga necessárias e em seguida realiza o exame do paciente. Esse processo de realização da anamnese contribui para fortalecer a relação médico/paciente tendo 2 finalidades principais: 1) Auxiliar no estabelecimento do diagnóstico ou diagnósticos para que possa ser efetuada uma proposta de realização de exames subsidiários e/ou tratamento. 2) Avaliar a presença de fatores de risco, hábitos e doenças concomitantes cuja abordagem seja importante para a promoção da saúde ou tratamento do paciente Estrutura da anamnese Identificação do paciente: nome completo; sexo; idade (anos ou data de nascimento); raça; estado civil (sendo importante a situação familiar real- tempo de casado, nº de filhos, idade dos filhos); local de nascimento em que cidade ou região que morou e por quanto tempo (informações importantes para confirmar ou excluir doenças que apresentam prevalência maior ou exclusiva em algumas regiões); profissão (importante, pois muitas doenças são mais freqüentes em determinadas ocupações ou são agravadas por determinadas condições de trabalho. É importante que seja obtida essa informação de forma detalhada, para que fique claro o tipo de atividade profissional exercida e quais as condições do ambiente de trabalho); religião (pode ser importante, porque existem certos procedimentos médicos que não são aceitos por pessoas pertencentes a determinadas religiões). Fonte da história e confiabilidade das informações: sempre que possível, a história deve ser feita com o próprio paciente. Entretanto, há casos em que o paciente não consegue passar as informações, sendo essas informações tendo que ser obtidas de um acompanhante. É importante registrar quem forneceu as 2 Henrique S. Soares informações e se o informante tinha condições de informar adequadamente. Queixa principal e duração (QD): motivo ou problema que fez o paciente procurar o médico. Deve ser registrado juntamente com a informação de quando ele se iniciou (“febre há 2 meses”). Freqüentemente, trata-se de mais de 1 queixa importante para o paciente e elas devem ser registradas. Pode ser registrada nos termos relatados pelo próprio paciente ou já utilizando uma interpretação do médico ou termos médicos, quando o médico julgar que nesse momento já pode dar maior precisão à informação recebida. Podem-se incluir condições ou doenças que levam a um entendimento imediato da queixa principal (“queda de um andaime de 2 metros de altura e intensa dor no antebraço direito”), mas, de forma geral, o registro da queixa e duração deve ser breve. Às vezes, o motivo da consulta não é propriamente uma queixa (informações e orientações para fazer uma avaliação periódica de saúde, ou porque resolveu iniciar atividade física e quer informações sobre cuidados que deve tomar), mesmo assim, deve- se registrar. História pregressa da moléstia atual (HPMA): é a exploração detalhada das queixas e dos problemas que fizeram o paciente ir ao médico. Todos os dados relacionados à queixa principal (queixas) devem ser registradas. Devem ser obtidas e registradas todas as informações necessárias para chegar ao diagnóstico ou o mais próximo possível dele. Na maioria das vezes, será aplicada a técnica hipotético-dedutiva (exploração da queixa principal e dos outros sintomas presentes, associada ao reconhecimento de padrões e dados já obtidos (idade, profissão, procedência) permitirão a formulação de hipóteses e a realização de perguntas para fortalecer ou negar essas hipóteses). Deve ser um relato claro e em ordem cronológica dos problemas que levaram o paciente a procurar o auxílio médico. As informações são fornecidas pelos pacientes, mas o responsável por sua organização e registro é o médico. A história deve incluir o modo como os problemas do paciente começaram, como se desenvolveram, sintomas que apareceram e tratamentos feitos. Sintomas que forem mais relevantes devem, se for o caso, incluir descrição da localização, qualidade, quantidade, intensidade, inicio, duração e freqüência, situações que aparecem, se agravam ou se atenuam (fatores de melhora e piora) e sintomas associados. 3 Henrique S. Soares Também deve-se incluir nessa história as repercussões que esses problemas causam e as preocupações que o paciente tem a esse respeito. Em geral, na realização da HPMA, o médico utiliza-se do reconhecimento de padrões associado a raciocínio hipotético- dedutivo, no entanto, há situações em que a técnica da exaustão acaba sendo utilizada ( quando existe dificuldade em obter informações que tenham nexo, ou as queixas ou problemas do paciente dão vagos, imprecisos, tornando difícil a formulação inicial de hipóteses diagnósticas). Para uma HPMA de boa qualidade, existem alguns cuidados que devem ser tomados: Fazer perguntas amplas, que possibilitem ao paciente descrever com espontaneidade o que está sentindo (“o que o senhor está sentindo”), evitando interrupções freqüentes e perguntas que induzam uma única resposta. Ao descrever as informações obtidas, utilizar sentenças completas e curtas, evitando repetições desnecessárias. A história deve fornecer as informações relevantes de forma sintética, objetiva. Evitar histórias longas. Ordenar cronologicamente as informações obtidas Ordenar as informações de forma que as possíveis relações de causa/efeito fiquem claras. Utilizar letra legível e apresentação adequada do registro final (é um documento médico importante para diagnóstico e seguimento do paciente) Evitar o registro de informações que não sejam relevantes para o diagnóstico. Evitar o emprego freqüente de expressões (“o paciente refere” ou “sic”), pois, na verdade, a história toda é um registro de informações que o paciente está dando e estão sendo registradas e interpretadas pelo médico. 4 Henrique S. Soares Interrogatório sobre os diversos aparelhos (ISDA ou revisão sistemática): consiste na realização de uma série de perguntas sobre sintomas específicos ligados aos diversos aparelhos, sistemas e regiões do corpo. Pode tanto não ser necessária, quando todos os diagnósticos já foram feitos, como ser relativamente longa, quando o médico ainda considera importante a resposta a várias perguntas para estabelecer,com mais segurança, suas hipóteses diagnosticas, doenças associadas, e sua conduta. O ISDA deve, portanto, ser individualizado: devem ser feitas aquelas perguntas que o médico considerar necessárias para determinado paciente. A realização de um ISDA longo e sem propósitos claros cansa o paciente e o médico e pode não ter nenhuma importância para os diagnósticos a serem feitos. Em algumas ocasiões, é necessário um interrogatório mais detalhado, quando o paciente conta uma história muito pouco esclarecedora ou quando há sintomas muito inespecíficos (paciente conta que está apenas com falta de apetite e emagrecimento importante). O ISDA é realizado normalmente de forma crânio-caudal. Cada um dos sintomas, se presentes, deve ser caracterizado, se for o caso, com relação a intensidade, duração, fatores de melhora e piora, ritmo e periodicidade. - Sintomas gerais e constitucionais: febre, perda de apetite, peso habitual e ganhou ou perda de peso recente, fraqueza, fadiga (cansaço), sudorese, sudorese noturna, tristeza, ansiedade. - Cabeça: cefaléia, traumatismos cranianos prévios, tontura, vertigem (impressão subjetiva de deslocamento, de rotação do corpo ou do meio, acompanhada por distúrbios do equilíbrio). - Olhos: uso de óculos ou lentes de contato, último exame oftalmológico, dor ocular, vermelhidão nos olhos, lacrimejamento excessivo ou ressecamento dos olhos, prurido (coceira) ocular. - Ouvidos: diminuição ou perda da audição,dor local, zumbido, vertigem, infecções de repetição, secreção, prurido, utilização de prótese auditiva. - Nariz e seios paranasais: epistaxe (eliminação de sangue pelo nariz), infecção das vias aéreas superiores ou resfriados freqüentes, 5 Henrique S. Soares obstrução nasal, prurido nasal, espirros freqüentes, sinusites de repetição, diagnóstico prévio de rinite. - Garganta e boca: dores de garganta freqüente, rouquidão, gengivorragias, gengivites, estado dos dentes e gengiva, dor na língua, boca seca, cuidados dentários que adota, estado de prótese dentaria, última consulta com o dentista. - Pescoço: presença de caroços no pescoço, dor ou dificuldade de movimentação, aumento ou diminuição da tireóide. - Pele e anexos: aparecimento de erupções cutâneas; mudanças de coloração; perda de pêlos, cabelos e unhas; caroços ou nódulos, úlceras, prurido ou ressecamento. - Mamas: nódulos, dor, desconforto, secreção mamilar. - sintomas respiratórios: tosse (seca ou produtiva), expectoração (aspecto e quantidade), hemoptise (tosse com sangue), dor torácica, dispnéia (dificuldade de respirar ), sibilância (chiado), diagnósticos anteriores (asma, bronquite, enfisema, pneumonia, tuberculose, problemas de pleura). - Sintomas cardíacos: dispnéia (repouso ou esforço- quantificar o esforço), ortopnéia, dispnéia paroxística noturna, dor torácica ou precordial, edemas, palpitações, sopros cardíacos já diagnosticados, medidas de PA anteriores. - sistema digestivo: dor abdominal, disfagia (dificuldade na deglutição), odinofagia (dor à deglutição), queimação retroesternal, náuseas, vômitos, regurgitação, intolerância alimentar, azia, dificuldade para digestão, hematêmese (vômito acompanhado de sangue), hábito intestinal habitual (freqüência das evacuações, cor e consistência das fezes), mudança recente do hábito intestinal, diarréia (nº de evacuações, consistência e quantidade), constipação, hemorróidas, sangramento retal ou melena, eructação ou flatulência excessiva, puxo, tenesmo, icterícia (?), doenças prévias no fígado ou vesícula, hepatites. - sintomas urinários: mudança na cor e odor da urina, disúria (ardência ou dor ao urinar), urgência miccional, poliúria (aumento do volume urinário eliminado), polaciúria (aumento da freqüência de eliminação de urina em pequenas quantidades ), noctúria (micção 6 Henrique S. Soares freqüente e repetida à noite), hematúria (presença de sangue na urina), hesitação ao urinar, diminuição do jato urinário, sensação de urinar incompleta, gotejamento, incontinência, infecções urinárias, cálculos. - Problemas genitais masculinos: hérnias, secreção ou feridas penianas, problemas prostáticos já diagnosticados, dor ou massa testicular, DST e seu tratamento, preferência, interesse, satisfação e problemas sexuais. - problemas genitais femininos: idade da menarca, regularidade, freqüência e duração dos ciclos menstruais, quantidade de sangramento menstrual, presença de sangramento entre as menstruações ou relações sexuais, DUM (data da última menstruação), características do último período menstrual, dismenórreia (dificuldade de menstruar/menstruação dificultosa acompanhada de dor ), TPM ( características, intensidade, duração), menopausa (idade e sintomas), sangramento genital pós- menopausa, prurido vaginal, leucorréia (corrimento vaginal esbranquiçado), feridas, nódulos, dispareunia (dor ao realizar ato sexual), DST e tratamento, nº de gestações, partos e abortos, complicações da gravidez, métodos contraceptivos, idade de início da atividade sexual, preferência, interesse, satisfação e problemas sexuais. - Problemas vasculares periféricos: claudicação intermitente, varizes, tromboses anteriores, cãibras nas pernas, edemas e mudança de cor nas pernas. - Sintomas musculoesqueléticos: dores musculares ou articulares, rigidez, edema, calor ou vermelhidão em articulações, limitação a movimentos, rigidez de articulações ou membros, diagnósticos prévios (gota, artrite reumatóide, osteortrite ou “reumatismo”). - Sistema nervoso: síncope (perda súbita da consciência), desmaio (abalo no controle nervoso da circulação ocasionando perda da consciência momentânea), crises convulsivas, tontura, paralisia, dormência, formigamento, diminuição ou aumento de sensibilidade, tremores ou outros movimentos involuntários, diminuição de força. - Problemas hematológicos: anemia, sangramento fácil, aparecimento de petéquias ou equimoses, transfusões anteriores e possíveis reações. 7 Henrique S. Soares - Problemas endócrinos: intolerância ao calor ou frio, sudorese excessiva, polidipsia (sede excessiva), polifagia (comer em excesso), poliúria, problemas de tireóide ou ovário. - Distúrbios psiquiátricos: nervosismos, tensão, humor, ansiedade, raiva, tristeza, depressão, memória, disposição para trabalho, satisfação ou prazer com atividades diárias, problemas psiquiátricos ou psicológicos. Finalizando o ISDA com uma última pergunta sobre outras queixas (“Tem alguma dúvida ou alguma coisa a conversar comigo?”). Antecedentes pessoais: acontecimentos prévios importantes para o diagnóstico e o tratamento da moléstia atual para o médico ter uma visão global de seu paciente. Os antecedentes pessoais que sempre tem relevância e devem, portanto, ser perguntados e registrados são: Outras doenças que o paciente apresenta: deve-se sempre perguntar sobre doenças em geral (hipertensão arterial, diabetes). Perguntar sobre diagnósticos prévios de ansiedade, depressa (dar atenção especial aos sintomas) ou outros problemas psiquiátricos. Perguntar sobre tristeza sem motivo e disposição geral e para o trabalho. Traumatismos anteriores, cirurgias a que o paciente foi submetido, hospitalizações previas (registrar datas, diagnósticos, complicações) Medicamentos que já usou, principalmente, que está utilizando atualmente (motivo, tempo de utilização, doses) e outros tipos de tratamentos que já realizou ou está realizando. Alergias e/ou intolerância a medicamentos, alergias em geral, intolerância a alimentos. Importante registrar alergias prévias a medicamentos. Imunizações História obstétrica e ginecológica (mulheres): gestação, partos, aborto, uso de anticoncepcionais, realizando adequadamente as medidas preventivas de câncer de colo de útero e câncer de mama. 8 Henrique S. Soares Padrão do sono- importante perguntar devido a alta prevalência de distúrbios do sono: hora de deitar/acordar, dificuldade de adormecer ou permanecer dormindo, roncos, despertares noturnos freqüentes e sono durante o dia. Antecedentes familiares: muitas doenças apresentam um componente genético, sendo importante, para o diagnóstico, saber que doenças os familiares consangüíneos apresentam ou apresentaram. É importante também conhecer a história familiar da doença cardíaca, diabetes e câncer para estabelecer, se necessário, orientações e medidas de rastreamento especificas. Perguntar sempre: Estado de saúde ou causa de morte dos pais e avós, e a idade que tinham quando morreram. Doenças em irmãos e filhos. Doenças cardiovasculares (morte súbita, angina, infarto do miocárdio, AVC), diabetes, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, câncer e tuberculose. Hábitos e vícios: Tabagismo- caracterizar se o paciente nunca fumou, se é ex- fumante (quanto fumou, por quanto tempo e a quanto tempo parou de fumar), se é fumante (há quanto tempo fuma e quantos cigarros/dia), ou se é fumante passivo. Álcool- tipo de bebida alcoólica bebe, qual a quantidade diária, há quanto tempo bebe, se após beber dirige veículos ou exerce alguma atividade em que atenção ou coordenação motora são importantes. Atividade física regular- caracterizar se o paciente é sedentário ou se pratica alguma atividade física regularmente (tipo e frequência semanal). Alimentação- tipo, distribuição no dia, quantidade de gordura e açúcares livres. Drogas ilícitas-tipo, quantidade, via de administração, há quanto tempo usa e se já pensou em pedir ajuda para abandonar o vício. 9 Henrique S. Soares Proteção contra DSTs- perguntar sobre o uso de preservativos durante relações sexuais. Armas de fogo (jovens e adultos do sexo masculino, em especial) - perguntar sobre os cuidados que tomam com ela. História pessoal, familiar e social: perguntar se há outros problemas (não propriamente médicos) que tem preocupado o paciente (pessoais, financeiros, familiares, trabalho). Sintomas diversos podem ser manifestações de somatização e a piora de várias doenças; a dificuldade de controle e a aderência do paciente aos tratamentos propostos podem ter como determinantes principais os aspectos psicológicos, familiares e sociais. Muitas perguntas ligadas a antecedentes pessoais, familiares, hábitos e vícios e historia social podem criar uma oportunidade para, ao mesmo tempo, dar orientações ao paciente. Importante sempre anotar quem realizou a história clínica e a data em que foi realizada. Importante: Quando o paciente não apresentar nenhuma queixa em relação a algum aparelho no momento da consulta e da realização do ISDA, deve se colocar “sem queixas” e o mesmo não deve ser escrito em forma de tópicos e sim de forma contínua e de forma crânio-caudal (para facilitar a abordagem de todos os sistemas). 10 Henrique S. Soares 11 Henrique S. Soares Exemplo: Identificação: MRS, sexo masculino, 28 anos, cor parda, solteiro, bancário, natural e procedente de Ribeirão Preto--‐SP. Queixa Principal: “Massa no pescoço há 3 meses”. História da moléstia atual: O Paciente relata o surgimento de um nódulo na região cervical anterior direita de crescimento progressivo há 3 meses e febre intermitente de ate 38,50C nos últimos 20 dias. Refere ainda apresentar acessos de tosse sem expectoração, que cedem espontaneamente, principalmente na ultima semana. Nega dispneia, perda de peso, inapetência, sudorese noturna, bem como outras queixas. Interrogatório Sobre os diversos aparelhos: Interrogado sistematicamente, nega quaisquer outros sintomas alem daqueles descritos na historia da moléstia atual. Antecedentes: Refere viroses próprias da infância (caxumba e sarampo). Nega tabagismo, etilismo ou uso de drogas ilícitas. Teve diagnostico de mononucleose infecciosa aos 17 anos. Nega historia de doenças crônicas bem como doenças de incidência múltipla na família. Bibliografia: Apostila de Propedêutica: Anamnese, Exame Clínico e Promoção a Saúde - Medicina USP: Diretoria 2015/2016 da Extensão Médica Acadêmica; 2ª Ed.; 2015/16 (http://www2.fm.usp.br/gdc/docs/ema_68_apostila_ema_(versuoo_fi nal).pdf) Caso clínico retirado: Apostila de casos clínicos Arquivo da USP de Ribeirão Preto. Porto, Celmo Celeno; Semiologia Médica; 6ª Ed.; Editora Guanabara Koogan; Rio de Janeiro, 2009. http://www2.fm.usp.br/gdc/docs/ema_68_apostila_ema_(versuoo_final).pdf http://www2.fm.usp.br/gdc/docs/ema_68_apostila_ema_(versuoo_final).pdf http://www2.fm.usp.br/gdc/docs/ema_68_apostila_ema_(versuoo_final).pdf http://www2.fm.usp.br/gdc/docs/ema_68_apostila_ema_(versuoo_final).pdf http://www2.fm.usp.br/gdc/docs/ema_68_apostila_ema_(versuoo_final).pdf 12 Henrique S. Soares
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