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Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 1 Anamnese → ASPECTOS GERAIS - O termo anamnese significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e o paciente. - É a parte mais importante da medicina, visto que é a forma pela qual se desenvolve a relação médico- paciente. - Caso seja bem feita, propicia decisões diagnósticas e terapêuticas corretas. - Uma das principais causas da perda de qualidade do trabalho médico é a redução do tempo dedicado a anamnese. A realização de muitos exames complementares não resolve o problema, pelo contrário, aumenta- se os custos sem aumentar a eficiência. A escolha dos exames adequados é fruto de uma anamnese de qualidade. - A anamnese é, basicamente, uma entrevista com objetivo e finalidade preestabelecido. → Possibilidades e objetivos da anamnese o Estabelecer condições para desenvolver uma boa relação médico-paciente; o Conhecer, através da identificação, os determinantes epidemiológicos do paciente que influenciam seu processo saúde-doença; o Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, o problema atual de saúde do paciente; o Avaliar, detalhadamente, os sintomas de cada sistema do corpo; o Desenvolver práticas de promoção de saúde; o Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam seu processo saúde-doença; o Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais. → MANEIRAS DE CONDUZIR - Deve-se deixar que o paciente relate livre espontaneamente suas queixas sem nenhuma interferência, apenas o ouvindo, de modo a não influenciar alguma questão. - De outra maneira, existe a anamnese dirigida. Nesse método o médico possui um esquema básico e conduz de maneira mais objetiva. Deve-se ter técnica e cuidado, para não se deixar levar por ideias preconcebidas. - Outro jeito é o médico deixar, inicialmente, o relato espontâneo, para depois conduzir a entrevista de forma mais objetiva. - Independente da técnica, os dados coletados devem ser elaborados. Deve-se ter cuidado com as interpretações que os pacientes fazem de seus sintomas e dos tratamentos. - A história clínica não é o simples registro de uma conversa. É o resultado de uma conversa com objetivo, conduzida pelo médico e cujo conteúdo foi analisado criticamente por ele. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 2 → MAIS SOBRE - Para uma entrevista de qualidade, é necessário o interesse do médico em ouvir o que o paciente tem a dizer. Além disso, é preciso demonstrar compreensão e desejo de ser útil àquela pessoa. - Não há limites rígidos para o tempo a se fazer uma anamnese. Claramente, no início, os estudantes demoram um pouco mais que os médicos experientes. - Aproveita-se o momento do exame físico para novas indagações, caso tenha deixado passar algo durante a entrevista. - A pressa é o pior defeito de técnica durante a obtenção da história. Ademais, o espírito preconcebido deve ser evitado. A falta de conhecimento sobre os sintomas da doença limita muito sua investigação. - A anamnese ainda é, na maioria dos pacientes, o fator mais importante para se chegar ao diagnóstico. - Muitos pacientes tendem a conduzir a entrevista, respondendo apenas às perguntas que os interessam ou então questionando o médico, além de omitir opiniões sobre exames a serem efetuados. Muitos deles chegam a sugerir diagnósticos e tratamentos, já que são adeptos a leituras na internet. Cabe ao médico retomar o controle da entrevista de maneira habilidosa, sem ser hostil de alguma forma. → DICAS • É no primeiro contato a melhor hora para se fundamentar a relação médico-paciente. Cumprimenta- se o paciente pelo nome e logo dizendo o seu. Evitar termos como “vozinha”, sempre usando o “senhor” ou “senhora”; • Se deve compreender as condições socioculturais do paciente para, então, reconhecer a doença e entende-lo; • Ter o cuidado de não sugestionar o paciente com perguntas que surgem de ideias preconcebidas; • Sintomas bem investigados abrem caminho para um exame físico objetivo; • A causa mais frequente de erro diagnóstico é uma história clínica mal obtida; • Obtidas as queixas, essas devem ser elaboradas pelo médico, de modo a encontrar o desenrolar lógico dos acontecimentos, que é base do raciocínio clínico. → TÉCNICAS PARA SE OBTER A HISTÓRIA ❖ Apoio: são afirmações que geram segurança ao paciente, como frases do tipo “eu compreendo”. ❖ Facilitação: por meio da postura, ações ou palavras que o encorajem, como balançar a cabeça levemente. ❖ Reflexão: consiste na repetição de palavras que o médico considerar mais significantes durante o relato. ❖ Esclarecimento: o médico procura definir de maneira mais clara o que o paciente está tentando dizer quando há termos que podem ter vários significados. Por exemplo, se o paciente se refere a tontura, pode-se perguntar a qual delas: vertigens? Sensação desagradável na cabeça? Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 3 ❖ Confrontação: consiste em mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento. É o caso de quando ele se demonstra tenso, ansioso e com medo, mas diz que está tudo bem. O médico confronta o paciente dizendo: “você disse que está tudo bem, porém por que as lágrimas nos olhos?”. ❖ Interpretação: se faz uma interpretação do que está notando no relato ou comportamento do paciente. Por exemplo: “você parece preocupado com o resultado dos exames”. ❖ Resposta empática: é a intervenção mostrando empatia, ou seja, compreensão sobre algo relatado pelo paciente. Pode ser por palavras, gestos ou atitudes, como colocar a mão sobre o braço do paciente, oferecer um lenço se ele estiver chorando ou apenas dizer que compreende seu sofrimento. É necessário ter cuidado com esse tipo de conduta, pois pode desencadear uma reação inesperada. ❖ Silêncio: pode ser o mais adequado quando o paciente se emociona ou chora. O entrevistador deve permanecer calado por um tempo, mesmo correndo o risco de parecer que perdeu o controle da conversa. Saber a duração disso faz parte da técnica de entrevista. → ▪ Identificação (I) ▪ Queixa principal (QP) ▪ História da Doença Atual (HDA) ▪ Interrogatório sintomatológico (IS) ▪ Antecedentes pessoais e familiares ▪ Hábitos de vida ▪ Condições socioeconômicas e culturais .: IDENTIFICAÇÃO - É o perfil sociodemográfico do paciente. O primeiro interesse é de iniciar o relacionamento, pois saber o nome de uma pessoa é indispensável para começar uma comunicação em nível afetivo. - Além de ser fundamental para a confecção do prontuário, tem relevância no ponto de vista pericial, sanitário e médico-trabalhista. ➢ Nome: primeiro dado de identificação. Uma observação é que nunca se deve caracterizar uma pessoa pelo número do leito ou pelo seu diagnóstico; ➢ Idade: cada grupo etário tem sua doença mais recorrente, onde a todo momento o raciocínio diagnóstico se apoia nesse dado. Além disso, a relação médico-paciente apresenta diferenças de acordo com as faixas etárias; ➢ Sexo/gênero: há enfermidades que só ocorrem ou tem maior prevalência em determinado sexo. É apenas masculino ou feminino; ➢ Cor/etnia: pode ser obtida como o médico ou o paciente vê, sendo registrado cor branca, parda ou preta. As diferentes étnicas estão relacionadas com doenças específicas, como a predisposição da anemia falciforme em negros e o câncer de pele em brancos; Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 4 ➢ Estado civil: casado, solteiro, viúvo, onde além dos aspectos sociais, é importante para os aspectos médico-trabalhistas e periciais; ➢ Profissão: se registra a ocupação atual, ocupações anteriores e o local de trabalho. Em algumas ocasiões, existe uma relação direta entre o trabalhodo indivíduo e a doença, como as doenças profissionais e os acidentes de trabalho; ➢ Naturalidade: local onde o indivíduo nasceu; ➢ Procedência: se refere de onde recentemente o paciente saiu para ir até o atendimento, como em caso de viagens; ➢ Residência: cidade onde o indivíduo reside atualmente. O registro do endereço é opcional; ➢ Nome da mãe: se faz necessário para diferenciar pacientes homônimos, ou seja, que possuem o mesmo nome; ➢ Nome do responsável, cuidador e/ou acompanhante: é importante para firmar a relação de corresponsabilidade ética no processo de tratamento do paciente; ➢ Religião: tem relevância pois algumas religiões tem regras específicas, como a proibição à hemotransfusão em testemunhas de Jeová e o não uso de carnes na igreja adventista; ➢ Plano de saúde: facilita o encaminhamento de exames complementares, outros especialistas ou a hospitais no caso de internação. .: QUEIXA PRINCIPAL (QP) - Se registra a queixa principal ou motivo que levou o paciente a procurar o médico, utilizando as expressões que por ele foram usadas. - É uma afirmação breve, geralmente um sinal ou um sintoma, que descreve o motivo da consulta. - Não se deve aceitar rótulos diagnósticos, como quando o paciente diz que seu problema é “pressão alta”, por exemplo. Deve-se procurar esclarecer o sintoma que ficou subentendido com outra denominação. - As vezes uma pessoa pode dizer vários motivos pelo qual está procurando a assistência médica. O motivo mais importante pode não ser o que foi enunciado primeiro. Então, deve-se perguntar o que mais levou a procurar o atendimento ou o que mais a incomoda no momento. - No caso de quando o paciente é encaminhado por outro médico, registra-se o motivo da consulta. - É FUNDAMENTAL registrar a temporalidade do sintoma. Por exemplo: há x horas, dias ou semanas. ▪ Sugestões para obter a QP: o Qual o motivo da consulta? o Por que o senhor me procurou? o O que o senhor está sentindo? o O que está mais te incomodando? ▪ Exemplos de QP: o Dor de ouvido há 5 horas; o Falta de ar há 2 dias; o Exame periódico para o trabalho; o Renovação de receita. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 5 .: HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA) - É um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde seu início até o atual momento. - É a parte principal da anamnese e a chave para se chegar ao diagnóstico. ❖ Sintoma-guia - É o sintoma ou sinal que permite recompor a HDA com mais facilidade e precisão; - Nem sempre há um único e constante sintoma-guia para cada enfermidade; - Permite, principalmente ao estudante, reconstruir a história de uma doença. - Não é necessariamente o mais antigo, mas tal atributo deve se considerar. Ademais, não é obrigatório ser a primeira queixa relatada, mas isso também não pode ser menosprezado. Por fim, não é todas as vezes o sintoma mais realçado pelo paciente. - Como orientação geral, deve-se escolher o sintoma-guia como a queixa de mais longa duração, o sintoma mais salientado ou simplesmente começar pelo relato da queixa principal. - O passo seguinte na HDA é determinar a época em que teve início aquele sintoma. A pergunta padrão pode ser “Quando o senhor começou a sentir isso?” - Nem sempre o paciente consegue se lembrar de datas exatas, principalmente quando essas fazem um bom tempo. Sendo assim, usa-se artifícios como por exemplo relacionar os sintomas com datas especiais (casamento, aniversário, gravidez); - O terceiro passo consiste em investigar a maneira como evoluiu o sintoma. Muitas perguntas devem ser feitas, e cada sintoma tem suas características semiológicas. Constrói-se uma história clínica com base no modo de evolução dos sintomas. Concomitantemente, o médico estabelece as correlações e as interrelações com outras queixas; - A análise do sintoma-guia e dos outros sintomas termina com a obtenção de informações sobre como os sintomas estão no presente momento; - É necessário compor uma história com início, meio e fim. Deve-se ter o sintoma-guia como espinha dorsal, enquanto que os outros sintomas se articulam com ele para formar um conjunto compreensível e lógico. ❖ Esquema para análise de um sintoma o Início: época de aparecimento, início súbito ou gradual, fator desencadeante ou não; o Características do sintoma: localização, duração, intensidade, frequência, tipo. o Fatores de melhora ou piora: fatores ambientais, posição, atividade física ou repouso, alimentos ou uso de medicamentos; o Relação com outras queixas: alguma manifestação que acompanha o sintoma, geralmente relacionado com o segmento anatômico ou funcional acometido pelo sintoma; Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 6 o Evolução: o comportamento do sintoma ao longo do tempo, relatando modificações das características e influências de tratamentos efetuados; o Situação atual: como o sintoma está no momento da anamnese; .: INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO (IS) - Também conhecida como revisão de sistemas, é um complemento da história da doença atual. - Documenta a existência ou ausência de sintomas comuns para cada divisão do sistema corporal. - Sua importância está no fato do médico pensar em possibilidades e reconhecer enfermidades que não possuem relação direta com o quadro sintomatológico registrado na HDA. Dessa maneira, novos sintomas podem despertar uma hipótese diagnóstica diferente. - Em alguns casos é nessa parte onde se origina a suspeita diagnóstica mais importante, quando o paciente não dá a menor importância para queixas que são relevantes. Ademais, é comum eles não relatarem certos sintomas na HDA por simples esquecimento ou medo de determinados diagnósticos. - Outra importante função é realizar práticas de promoção à saúde, orientando e esclarecendo o paciente sobre formas de prevenir doenças. - Partindo do princípio que o paciente é um ser mutável e em desenvolvimento, é essencial, principalmente na primeira consulta, registrar o estado atual de todo o seu organismo. Com isso, se pode ter um parâmetro no caso de futuras queixas e, assim, identificar o aparecimento súbito de uma nova doença. - Muitas vezes, o comprometimento de um sistema corporal tem correlação com outro sistema, e há necessidade de tal conhecimento para adequar a proposta terapêutica. ❖ Sistematização 1. Sintomas gerais; 2. Pele e fâneros; 3. Cabeça e pescoço; 4. Tórax; 5. Abdome; 6. Sistema geniturinário; 7. Sistema hemolinfopoiético; 8. Sistema endócrino; 9. Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades; 10. Músculos; 11. Artérias, veias, linfáticos e microcirculação; 12. Sistema nervoso; 13. Exame psíquico. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 7 - Febre: temperatura, duração, frequência; - Astenia: fraqueza; - Alteração de peso: perda ou ganho ponderal, quantos quilos, intervalo de tempo e motivo; -Sudorese: suor excessivo, generalizada ou predominante em mãos e pés; - Calafrios: sensação de frio com ereção de pelos, tem relação com a febre; - Cãibras: contração involuntária de um músculo - Alteração da pele: cor, textura, sensibilidade, prurido, lesões; - Alteração dos fâneros: queda de cabelo, unhas quebradiças; Promoção da saúde: uso de protetor solar, exposição ao sol, tinturas. o Crânio, face e pescoço - Dor: decálogo da dor. - Alterações do pescoço: dor, tumorações, alterações dos movimentos, pulsações anormais. o Olhos - Dor ocular: bem localizada ou imprecisa; - Sensação de corpo estranho. - Prurido: coceira - Queimação ou ardência. - Lacrimejamento. - Secreção: líquido que recobre os olhos; - Sensação de olho seco. - Diminuição da acuidade visual: perda da visão,uni ou bilateral, subida ou gradual, relação com a iluminação, visão noturna; - Diplopia: visão dupla - Fotofobia: hipersensibilidade à luz - Escotomas: manchas ou pontos escuros no campo visual, descritos como moscas que voam diante dos olhos ou presença de pontos luminosos. - Vermelhidão: congestão de vasos na esclera Promoção de saúde: último exame oftalmológico e uso de óculos. o Ouvidos - Dor: decálogo da dor; - Otorreia: saída de líquido; - Otorragia: saída de sangue; - Transtorno de acuidade auditiva: perda parcial ou total da audição, uni ou bilateral, com início súbito ou gradativo; - Zumbido: sensação subjetiva de ruídos (grilos, apito, chiado, cachoeira); - Vertigem: pode ser subjetiva – girando em torno dos objetos, ou objetiva – objetos girando em torno de si. Promoção de saúde: uso de aparelhos auditivos, uso de EPIs, limpeza do pavilhão auditivo; o Nariz - Dor: decálogo da dor; - Prurido: coceira; - Espirros: isolados ou em crise, detectar locais ou substâncias relacionadas; Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 8 - Rinorreia: obstrução nasal, aspecto do corrimento (aquoso, purulento, sanguinolento) e cheiro; - Epistaxe: hemorragia nasal; - Dispneia: falta de ar; - Diminuição do olfato: hiposmia (redução) ou anosmia (abolição); - Aumento do olfato: transitório ou permanente; - Alterações do olfato: percepção anormal de cheiros; - Mudanças da fonação: rinolalia (voz anasalada); o Boca - Alterações do apetite: polifagia/hiperorexia (aumento do apetite) ou inapetência/anorexia (diminuição do apetite); - Sialose: excesso de saliva; - Halitose: mau hálito; - Dor: de dente, na língua, articulação temporo- mandibular; - Ulcerações: sangramento; Promoção de saúde: escovação de dentes e língua (vezes/dia) e último exame odontológico; o Faringe - Odinofagia: dor ao engolir; - Disfagia: dificuldade para deglutição; - Tosse: seca ou produtiva; - Pigarro: ato de raspar a garganta; o Laringe - Dispneia: falta de ar; - Alterações da voz: disfonia (alteração da voz), afonia (perda parcial ou total da voz), rinolalia (voz anasalada); o Parede torácica - Dor: localização e demais características, relação com os movimentos do tórax; - Alteração da forma: caixa torácica; - Dispneia: relacionada com dor; o Mamas - Dor: relação com a menstruação e outras características; - Nódulos: localização e evolução, modificações durante o ciclo menstrual; - Secreção mamilar: uni ou bilateral, espontânea ou provocada, aspecto da secreção; Promoção de saúde: autoexame de mama, última mamografia (mulheres > 40 anos); o Traqueia, brônquios, pulmões e pleuras - Dor: decálogo da dor; - Tosse: seca ou com expectoração, frequência, intensidade, relação com o decúbito, período que predomina; - Expectoração: volume, cor, odor, aspecto e consistência, tipo (mucoide, serosa, purulenta, hemoptoica); - Hemoptise: saída de sangue pela boca proveniente dos pulmões, diferenciar da epistaxe (pelo nariz) e da hematêmese (proveniente do trato gastrointestinal); - Vômica: eliminação de pus proveniente dos pulmões; - Dispneia: relação com esforço ou decúbito, tipo, relação com tosse ou chieira; - Chieira: ruído sibilante, relação com tosse e dispneia, horário que predomina; Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 9 o Coração - Dor: localização e demais características, dor isquêmica (angina ou IAM), dor da pericardite, dor aórtica, dor psicogênica. - Palpitações: percepção incômoda dos batimentos cardíacos, tipo de sensação, horário, modo de instalação e desaparecimento, relação com fatores desencadeantes; - Dispneia: relação com esforço e decúbito, dispneia paroxística noturna ou de Cheyne-Stokes; - Desmaio e síncope: perda súbita e transitória da consciência, situação que ocorreu, duração, manifestações antecedentes; - Cianose: coloração azulada da pele; - Edema: região, como evoluiu; - Astenia: fraqueza; Promoção de saúde: última consulta cardiológica; o Esôfago - Pirose: azia, sensação de queimação retroesternal, relação com a ingestão de alimentos ou medicamentos; - Regurgitação: volta á cavidade bucal de alimentos ou secreções do esôfago ou estômago; - Soluço: horário que aparece, isolada ou em crise, duração; - Hematêmese: vômito de sangue proveniente do sistema gastrointestinal; ➢ o Parede abdominal - Dor: localização e demais características; - Alteração de forma e volume: crescimento, hérnias, tumorações; o Estômago - Dor: região epigástrica, demais características; - Náuseas e vômitos: horário em que aparece, relação com a ingestão de alimentos, aspecto; - Dispepsia: sensação de desconforto na parte superior do abdome, descrita como indigestão, gases, etc. - Pirose: queimação retroesternal; o Intestino delgado - Diarreia: duração, volume, consistência, aspecto e odor; - Esteatorreia: presença de gordura nas fezes; - Dor: localização, contínua ou em cólicas; - Distensão abdominal, flatulência (gases) e dispepsia: relação com ingestão de alimentos; - Hemorragia digestiva: melena (marrom escuro) ou enterorragia (sangue vivo); o Cólon, reto e ânus - Dor: localização abdominal ou perianal - Constipação intestinal: dificuldade para evacuar; - Sangramento anal: relação com defecação; - Prurido: coceira; o Fígado - Dor: localização no hipocôndrio direito, dor contínua ou em cólica; - Icterícia: intensidade, duração e evolução, cor da urina e das fezes; o Pâncreas - Dor: localização epigástrica; - Icterícia; - Diarreia e Esteatorreia: característica das fezes; Promoção de saúde: uso de antiácidos, laxantes; Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 10 o Rins - Dor: lombar e nos flancos, dor vesical e dor perineal; -Alterações miccionais: incontinência urinária, modificações do jato; - Alterações do volume e ritmo urinário: oligúria (pouca urina), poliúria (muita urina), anúria (ausência de urina), disúria (dor ao urinar), noctúria (necessidade de urinar a noite), polaciúria (aumento do número de micções com diminuição do volume de urina); - Alterações da cor da urina: hematúria (sangue na urina); - Alterações do cheiro da urina: odor fétido; o Órgão genital masculino - Lesões penianas: úlceras, vesículas (herpes, sífilis, cancro mole); - Nódulo nos testículos: tumor, varicocele; - Dor: testicular, perineal, lombosaccra e demais características; - Priapismo: ereção persistente, dolorosa, sem desejo sexual; - Hemospermia: sangue no esperma; - Corrimento uretral: aspecto da secreção - Disfunção sexual: disfunção erétil, ejaculação precoce, anorgasmia (dificuldade de orgasmo), diminuição da libido; Promoção de saúde: autoexame testicular, último exame de próstata, uso de preservativo; o Órgão genital feminino - Distúrbios menstruais: polimenorréia (menstruação frequente), oligomenorréia (diminuição da frequência de menstruação), amenorréia (ausência de menstruação); - Corrimento: quantidade, aspecto; - Prurido: coceira na vulva; - Disfunções sexuais: dispareunia (dor genital durante o sexo) e anorgasmia (dificuldade de chegar ao orgasmo); Promoção de saúde: último exame ginecológico, último exame Papanicolau, uso de preservativo, terapia de reposição hormonal; - Adenomegalia: localização, sinais flogísticos; - Esplenomegalia e hepatomegalia: aumento do baço e fígado, respectivamente; - Manifestações cutâneas: petéquias, equimoses, palidez, eritema, pápulas; o Hipotálamo e hipófise - Alterações do desenvolvimento físico: nanismo, gigantismo, acromegalia; - Alterações do desenvolvimento sexual: puberdade precoce ou atrasada;o Tireoide - Alterações locais: dor, nódulo, bócio; - Manifestações de hiperfunção: hipersensibilidade ao calor, aumento da sudorese, perda de peso, taquicardia, tremores, irritabilidade, insônia, astenia, diarreia, exoftalmia; - Manifestações de hipofunção: hipersensibilidade ao frio, diminuição da sudorese, aumento de peso, constipação intestinal, cansaço facial, apatia, sonolência, unhas quebradiças, pele seca, bradicardia; o Paratireoides - Manifestações de hiperfunção: emagrecimento, astenia, câimbras, dor nos ossos, raquitismo, osteomalácia; - Manifestações de hipofunção: queda de cabelo, unhas quebradiças, dentes hipoplásicos; Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 11 o Suprarrenais - Manifestações por hiperprodução de glicocorticoides: aumento de peso, fácies de lua cheia, acúmulo de gordura na face, fraqueza muscular, poliúria, infertilidade, hipertensão arterial; - Manifestações por diminuição de glicocorticoides: anorexia, náuseas e vômitos, astenia, hipotensão arterial, hiperpigmentação da pele e mucosas; o Coluna vertebral - Dor: localização cervical, dorsal, lombosaccra, relação com os movimentos e demais características; - Rigidez pós-repouso: tempo de duração após iniciar as atividades; o Ossos - Dor: localização e demais características - Deformidades ósseas: caroços, arqueamento do osso, rosário raquítico; o Articulações - Dor: localização e demais características; - Rigidez pós-repouso: pela manhã; - Sinais inflamatórios: edema, calor, rubor e dor; - Crepitação articular: localização; o Bursas e tendões - Dor: localização e demais características; - Limitação de movimento: localização, grau de limitação; - Fraqueza muscular: segmentar, generalizada, evolução no decorrer do dia; - Dificuldade para andar ou subir escadas; - Atrofia: localização; - Dor: localização e demais características; - Câimbra; - Espasmos musculares; o Artérias - Dor: claudicação intermitente (fluxo de sangue normal ao repouso, mas insuficiente ao caminhar, devido obstrução de artéria); - Alterações da cor de pele: palidez, cianose, rubor, fenômeno de Raynaud. - Edema: localização; o Veias - Dor: localização; - Edema: localização, duração e evolução - Alterações tróficas: hiperpigmentação, celulite, eczema, úlceras, dermatofibrose; o Linfáticos - Dor: localização no trajeto do coletor linfático e/ou na área do linfonodo correspondente; - Edema; o Microcirculação - Alterações da coloração e da temperatura da pele: acrocianose, livedo reticular, fenômeno de Raynaud, palidez. - Alterações de sensibilidade: sensação de dedo morto, hiperestesia, dormência e formigamentos; Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 12 - Distúrbio de consciência: obnubilação; - Tontura e vertigem: sensação de rotação (vertigem); - Convulsões: - Distúrbios visuais, auditivos, da mancha, de esfíncter, de sono, etc. Promoção de saúde: uso de andadores, bengalas ou cadeira de rodas, fisioterapia; ➢ : - Consciência; - Atenção; - Orientação: em tempo e espaço; - Memória: capacidade de recordar; - Afetividade; - Comportamento: podem ser inadequados ou antissociais; - Outros: sensação de angústia e medo, dificuldade em ficar em ambientes fechados (claustrofobia), hábito de comer cabelos (tricofagia), hábito de roer as unhas (onicofagia); .: HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA (HMP) - Abrange os antecedentes pessoais: fisiológico e patológico. - Incluis os itens: gestação e nascimento, desenvolvimento neuropsicomotor e desenvolvimento sexual; ▪ Gestação e nascimento - Como ocorreu a gravidez; - Uso de medicamentos; - Viroses contraídas durante a gestação; Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 13 - Condições do parto (normal, fórceps, cesariana); - Estado da criança ao nascer; - Ordem de nascimento (se é primogênito, segundo filho) - Número de irmãos; ▪ Desenvolvimento neuropsicomotor - Dentição (época do primeiro dente) – 6 meses; - Engatinhar e andar (idade que teve início); - Engatinhar: 6 meses, Andar: 1 ano; - Fala (quando começou a pronunciar as primeiras palavras); Entre 1 a 3 anos; - Desenvolvimento físico (peso e tamanho ao nascer) - 3,4kg e 50cm em média; - Controle dos esfíncteres; 2 a 4 anos; - Aproveitamento escolar; ▪ Desenvolvimento sexual - Puberdade (época de início); - Menarca (idade da 1º menstruação); - Sexarca (idade da 1º relação sexual); - Menopausa; - Orientação sexual (siglas HSM, HSH, HSMH, MSH, MSM, MSHM, em que S – faz sexo com); - Inclui os itens: doenças sofridas, alergias, cirurgias, traumatismos, transfusões sanguíneas, história obstétrica, vacinas e medicações em uso; ▪ Doenças sofridas pelo paciente - Comuns na infância: sarampo, varicela, coqueluche, caxumba, moléstia reumática, amigdalites; - Idade adulta: pneumonia, hepatite, malária, pleurite, tuberculose, HAS, diabetes, artrose, osteoporose, litíase renal, gota; ▪ Alergia - Pode ser a alimentos, medicamentos ou outras substâncias; - Afecções de fundo alérgico: eczema, urticária e asma; Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 14 ▪ Cirurgias - Motivos, data, tipo de cirurgia, diagnóstico; ▪ Traumatismos - Sobre o acidente e as consequências dele; - Relevante na medicina trabalhista por conta das implicações periciais nos acidentes de trabalho; ▪ Transfusões sanguíneas - Número de transfusões, quando ocorreu, onde e motivo; ▪ História obstétrica - Número de gestações (G), de partos (P), de abortos (A) e de cesarianas (C). - (G_P_A_C) ▪ Vacinas - Quais e época de aplicação; - Crianças: BCG, difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, poliomielite, meningite, sarampo, rubéola, varicela, caxumba, rotavírus e febre amarela. - Adolescentes: difteria, tétano, hepatite B, sarampo, caxumba, rubéola e febre amarela; - Adultos: difteria, tétano, sarampo, caxumba, rubéola, febre amarela. - Idosos: a dos adultos + vacina da gripe e pneumonia; ▪ Medicamentos em uso: - Quais, posologia, motivo; .: HISTÓRIA FAMILIAR - Estado de saúde dos pais e irmãos do paciente. Se for casado, inclui-se o cônjuge e, se tiver filhos, também. - Em caso de falecimento, pergunta-se a causa do óbito e a idade em que ocorreu. - Investiga-se a existência de doenças de caráter familiar: enxaqueca, diabetes, tuberculose, HAS, câncer, alergias, infarto, AVCs; - Quando o paciente é portador de uma doença hereditária, como hemofilia e anemia falciforme, torna-se necessário um levantamento genealógico. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 15 .: HISTÓRIA BIOPSICOSSOCIAL - Esse último componente da anamnese abrange os itens: alimentação, ocupação atual e anteriores, atividade física, hábitos, habitação, condições socioeconômicas e culturais, vida conjugal e relacionamento familiar. ▪ Alimentação - Indaga-se sobre as refeições do paciente, perguntando o tipo e a quantidade de alimentos ingeridos; - Consumo de alimentos à base de carboidratos, proteínas, gorduras, fibras e ingesta de água; ▪ Ocupação atual e anteriores - Além da profissão, registrada nos dados de identificação, aqui se obtém informações sobre a natureza do trabalho, quais substâncias entra em contato e características do meio ambiente; ▪ Atividades físicas - Qual tipo, frequência, duração e tempo que pratica; - Um exemplo é: caminhada, 3 vezes/semana, por 30min, há 4 meses. ▪ Hábitos: - Tabagismo: tipo, quantidade, frequência, duração do vício e abstinência (se já tentou parar). - Etilismo: tipo de bebida, quantidade, frequência, duração do vício e abstinência. - Drogas ilícitas: tipo (maconha, cocaína, heroína, ecstazy, LSD, crack..) quantidade,frequência, duração do vício e abstinência; - Anabolizantes e anfetaminas; ▪ Condições socioeconômicas e culturais - Habitação: condições de moradia (casa ou apartamento), alvenaria ou madeira, quantidade de cômodos, presença ou não de saneamento básico (água tratada e rede de esgoto), coleta regular de lixo, animais domésticos; - Financeiro: rendimento mensal aproximado, situação profissional, dependência econômica de parentes e/ou do governo (programas de transferência de renda – bolsa família, etc) - Cultura: grau de escolaridade, religiosidade, tradições, crenças, medicina popular; - Vida conjugal e relacionamento familiar: relacionamento entre pais e filhos, entre irmãos e também entre cônjuges.
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