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LEUCOGRAMA INTRODUÇÃO Os leucócitos, também conhecidos por glóbulos brancos, são células incolores de formato esférico que atuam na defesa do organismo agindo contra infecções, doenças, alergias, resfriados e em algumas ocasiões podem atacar os tecidos do próprio corpo, originando doenças autoimunes. Eles podem ser divididos em agranulócitos, que compreende os linfócitos e os monócitos e em granulócitos, compreendendo os eosinófilos, basófilos e neutrófilos. 1) POLIMORFONUCLEARES (GRANULÓCITOS) NEUTRÓFILO: São células que participam da resposta inflamatória por quimiotaxia aos locais de inflamação e realização da fagocitose. ORDEM DE MATURAÇÃO: Normalmente ocorre em 7 dias. Sua população se renova de 2 a 3x por dia. *Segmentados são os neutrófilos maduros. Metamielócitos: núcleo em forma de feijão, normalmente não é encontrado no sangue. Bastonetes: núcleo em forma de ferradura; Segmentado: membrana nuclear irregular com 1 ou mais constrições. Grânulos levemente corados no citoplasma. POR: LAÍS DANTAS NEUTRÓFILOS: GRANULOPOIESE EOSINÓFILO: Estão relacionadas à resposta inflamatória a parasitos (principalmente helmintos) e na modulação de hipersensibilidades (fagocitam imunocomplexos) em relação à respostas inflamatórias alérgicas e de imunocomplexos. Possuem proteínas que se ligam e promovem danos à membrana dos parasitas, fornecendo um mecanismo de defesa. CARACTERÍSTICA PADRÃO: Presença de grânulos vermelho-alaranjados proeminentes. Podem apresentar vacúolos vazios quando seus grânulos são lavados. BASÓFILO: Possuem núcleo segmentado, possuindo histamina e heparina. Sua função na circulação é desconhecida e sua concentração na circulação normalmente é baixa, sendo incomuns de serem encontradas na rotina. A forma dos grânulos varia com a espécie, sendo a dos caninos pobremente granuladas e a de felinos bastante granulada, como uma “calçada de pedras”. 2) MONONUCLEARES (AGRANULÓCITOS) LINFÓCITO: Os linfócitos sanguíneos correspondem a um conjunto diversificado de subpopulações linfocitárias de linfócitos B (imunidade humoral), linfócitos T (imunidade celular e citocinas) e de células NK, presentes em menor concentração e que também são destrutivas. Não dá pra diferenciar estas células no esfregaço, apenas com outras técnicas como citometria de fluxo. LINFÓCITOS REATIVOS E GRANULARES: Provavelmente são linfócitos B capazes de produzir imunoglobulinas, com citoplasma intensamente basofílico e núcleo irregular. É comum em animais jovens. POR: LAÍS DANTAS MONÓCITO: Também participam da resposta inflamatória, são células intermediárias em processo contínuo de maturação. Quando entram nos tecidos viram macrófagos, células que fazem a fagocitose (céls. marcadas por anticorpos, protozoários e fungos; céls. em apoptose. São responsáveis pela destruição fisiológica dos eritrócitos, com reciclagem metabólica de ferro e pela maioria dos processos patológicos que envolvem destruição eritrocitária. COLETA PARA LEUCOGRAMA Para a realização do leucograma, podemos utilizar o TUBO DE EDTA, da tampa roxa, que é utilizado para análises de sangue total, dosagem de lipídeos e lipoproteínas de uma maneira geral. É o mais recomendado para mamíferos como cão e gato. Também podemos utilizar o TUBO DE HEPARINA, que possui a tampa verde, para análises de hemograma de uma maneira geral e leucograma. O problema da heparina é que ao fazer a lâmina com o esfregaço sanguíneo, acaba tendo muita alteração na coloração, pois ela altera na hora da coloração do esfregaço sanguíneo. Podemos utilizar também o TUBO DE CITRATO, de tampa azul, utilizado para testes de coagulograma. Pode ser utilizado para hemograma também, mas apenas em último caso, pois é um anticoagulante bem hemodiluído, então tem que escrever que foi coletado no tubo de citrato para o patologista realizar a correção dos cálculos. As vezes sai mais caro e é mais complicado, por isso ele não é utilizado e não é ideal para hemograma. Se só tem ele, pode usar, mas não é recomendado. INTERPRETAÇÃO DA RESPOSTA LEUCOCITÁRIA NA DOENÇA SUFIXOS: 1) PENIA: refere-se à diminuição da contagem do tipo celular no sangue. As citopenias importantes para a interpretação incluem: • Neutropenia • Linfopenia • Eosinopenia OBS: - Não se aplica a monócitos, pois a diminuição da contagem desse tipo celular não é importante. POR: LAÍS DANTAS - O termo também não se aplica a neutrófilos bastonetes, metamielócitos, basófilos e metarrubrícitos, pois a ausência dessas células é um achado normal. 2) FILIA ou CITOSE: referem-se ao aumento da contagem do tipo celular no sangue. Exemplos incluem: • Neutrofilia ou leucocitose neutrofílica • Eosinofilia • Basofilia • Monocitose • Linfocitose • Metarrubricitose DESVIOS - ESQUEMA DE MATURAÇÃO DE SCHILLING 1) DESVIO À ESQUERDA: Refere-se ao aumento na concentração de neutrófilos imaturos no sangue. Sua ocorrência sugere estímulo inflamatório, com uma resposta inadequada à inflamação, depleção da medula óssea ou exaustão da medula óssea Normalmente envolve neutrófilos bastonetes, embora metamielócitos e formas jovens possam acompanhar o aumento destes bastonetes. Na imagem abaixo podemos observar o neutrófilo segmentado (S) acompanhado de um bastonete com seu núcleo em ferradura (B) e um metamielócito (M), representando um desvio à esquerda. O desvio à esquerda pode ocorrer por neutrofilia ou por neutropenia. Quando ocorre por neutropenia, indica que está havendo um consumo grave de neutrófilos por uma lesão inflamatória mais agressiva ou devido a uma repopulação precoce do sangue após lesão reversível às células-tronco. O desvio à esquerda pode ser: POR: LAÍS DANTAS REGENERATIVO: é uma leucocitose com a presença de neutrófilos imaturos de forma escalonada (ordenada), ou seja, de mieloblasto até segmentado. Ele pode ser classificado como leve, moderado ou severo. Leve: quando temos a presença de bastonetes. Moderado: quando temos a presença de neutrófilos bastonetes e metamielócitos. Severo: quando temos a presença de bastonetes, metamielócitos e mielócitos. DEGENERATIVO: Neste, temos uma contagem total de leucócitos normais ou leucopênicos, mas com uma quantidade maior de células jovens do que de células maduras, ou seja, vamos ter uma quantidade maior de bastonetes, metamielócitos e mielócitos do que neutrófilos segmentados maduros na corrente sanguínea. Neste caso, há a perda do escalonamento, logo, ocorre de forma desordenada. 1) DESVIO À DIREITA (HIPERSEGMENTADOS): Refere-se ao aumento na presença de células maduras, velhas na corrente sanguínea, como os hipersegmentados. Ocorre devido a um baixo influxo destes para os tecidos ou ao aumento da desmarginalização, ou no uso de corticosteróides exógenos ou até mesmo endógenos, pois existem afecções que aumentam os corticosteróides endógenos no organismo do paciente. POSSÍVEIS CAUSAS: NEUTROFILIA ↑ NEUTROPENIA ↓ Adrenalina (marginal → circulante) Infecção viral (FIV, FeLV) e por protozoários e bactérias mais intensas gerando sepse Corticóide (diminui migração para os tecidos) Autoimune Inflamação (cão > gato > equino > bovino) Endotoxemia Síndrome paraneoplásica Aumento da demanda sem compensação medular Leucemia granulocítica Diminuição da produção (aplasia medular) POR: LAÍS DANTAS NEUTROFILIA ↑ EXPLICAÇÃO Excitação ou esforço Há um aumento de neutrófilos na corrente sanguínea devido ao estresse, que causa a leucocitose e acaba causando neutrofilia, linfocitose e monocitose na corrente sanguínea; Glicocorticóides Impedem que os neutrófilos vão para as paredes do vaso e façam a diapedese para ter acesso aos tecidos, então eles mantêm mais os neutrófilos na corrente sanguínea. Então quando vemos animais com hiperadrenocorticismo vemos animais com neutrófilos velhos na corrente sanguínea, bem hipersegmentados, com mais de uma segmentação; Hipertireoidismo Pode causar uma diminuição no metabolismo dos indivíduos e um aumento na neutrofilia; Infecção Infecções bacterianas causam neutrofilia; Anemia hemolítica ou hemorrágica Nessas situações ocorreum estímulo muito grande desses neutrófilos, então na hemorragia às vezes por estresse ou infecções secundárias há a neutrofilia; Leucemias Leucemias mielóides podem causar neutrofilia, leucemia neutrofílica tanto aguda como crônica causam neutrofilia, mas aí a diferenciação de uma leucemia para uma neutrofilia está relacionada à presença dessas células e à morfologia; Gestação Animais gestantes, no terço final da gestação, apresentam neutrofilia; ALTERAÇÕES TÓXICAS Ocorrem em processos inflamatórios sistêmicos, como na sepse, endotoxemia, necrose tecidual e em infecções por bactérias Gram (-). Esse termo foi utilizado pela primeira vez na medicina humana devido sua relação com pacientes com quadros de intoxicação. Então sempre associavam a intoxicação à presença de neutrófilos tóxicos. Na verdade, esse termo é utilizado com relação a maturação de neutrófilos, ou seja, quando temos um neutrófilo com núcleo normal mas com citoplasma com alterações que podem estar relacionados com erro de maturação dos neutrófilos. POR: LAÍS DANTAS BASOFILIA CITOPLASMÁTICA E CORPÚSCULOS DE DOHLE: Nestes casos, encontra-se uma basofilia citoplasmática, e corpúsculos de Dohle como apontado pela seta preta, que é um agregado do retículo endoplasmático, visto frequentemente em gatos. Nesses casos, anotamos no hemograma que o neutrófilo é tóxico. GRANULAÇÕES TÓXICAS E VACUOLIZAÇÃO CITOPLASMÁTICA: A vacuolização pode ser observada na seta, e esses vacúolos representam que a toxicidade já está mais intensa. CÉLULAS GIGANTES: Como temos uma rápida proliferação dos precursores, vai haver uma diminuição da mitose, gerando esses neutrófilos gigantes. NÚCLEO EM ANEL: Esse núcleo em anel representa também um quadro de toxicidade intensa. Geralmente está mais associado a infecções graves ou sistêmicas, onde o núcleo forma como se fosse uma rosca no citoplasma. EOSINÓFILOS: ALTERAÇÕES DE QUANTIDADE EOSINOFILIA ↑ EOSINOPENIA ↓ Reações de hipersensibilidade (alergias) Corticosteróides (endógenos e exógenos): neutralizam a histamina, inibem degranulação de mastócitos Parasitismo Estresse agudo e crônico Lesão tecidual (pele, trato respiratório, TGI, útero - liberação de histamina por mastócitos - atrai eosinófilos) Hiperadrenocorticismo Mastocitomas Infecção/inflamação Estro Gestação/parto recente Leucemia eosinofílica Síndrome paraneoplásica Síndrome hipereosinofílica (gatos) POR: LAÍS DANTAS BASÓFILOS: ALTERAÇÕES DE QUANTIDADE Normalmente a concentração de basófilos na circulação é baixa, sendo incomuns de serem encontradas na rotina, portanto, será de relevância clínica apenas o conhecimento de causas para o aumento de basófilos no leucograma. BASOFILIA ↑ BASOPENIA ↓ Hipersensibilidade (ecto e endoparasitas ou drogas) - pele, trato respiratório, TGI Sem significado clínico Mastocitoma Granuloma eosinofílico Doenças mieloproliferativas Leucemia basofílica LINFÓCITOS: ALTERAÇÕES DE QUANTIDADE Os linfócitos são células de grande importância, sendo de grande relevância no leucograma. LINFOCITOSE ↑ LINFOPENIA ↓ Inflamação Estresse e hiperadrenocorticismo Vacinação Inflamação aguda Leucograma de estresse (adrenalina) Infecção viral Hipoadrenocorticismo Radiação, quimioterapia, timectomia Leucemias linfóides Diminuição da recirculação - órgãos linfóides (efusão quilosa) Diminuição da recirculação (vasos linfáticos intestinais) - linfangiectasia, neoplasia intestinal, granuloma LINFÓCITOS REATIVOS Corresponde a uma proliferação de linfócitos em resposta a uma estimulação antigênica, de etiologia inespecífica. Estes possuem maior tamanho, basofilia citoplasmática e alterações nucleares, e podem ser confundidos com linfócitos neoplásicos. POR: LAÍS DANTAS LEUCEMIAS LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA (LLC) São linfócitos com aparência normal. LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA (LLA) Apresenta linfoblastos com nucléolos evidentes e basofilia (bem mais roxo), ainda, há a presença de sombras de Gumprecht como apontado na seta, que são núcleos rompidos, indicando células frágeis e neoplásicas. OBS: O diagnóstico de leucemia só é confirmado com a análise da medula óssea. COMO EU VOU SUSPEITAR DE UMA LEUCEMIA? Para cães, no hemograma iremos encontrar uma contagem de linfócitos acima de 10.000 linfócitos/uL, e para gatos, entre 25.000 - 50.000/uL. CONFIRMAÇÃO DE LEUCEMIA Pedimos uma análise da medula óssea, onde, se houver acima de 30% de linfócitos maduros, temos uma leucemia linfocítica crônica (LLC), e se houver acima de 30% linfoblastos, temos uma leucemia linfoblástica aguda (LLA). MONÓCITOS: ALTERAÇÕES DE QUANTIDADE MONOCITOSE ↑ MONOCITOPENIA ↓ Pode ser doença crônica Sem grande importância na interpretação Pode ser início de quadro agudo Relatos na resposta ao esteróide: gatos, cavalos e bovinos Esteróides (cão) Neoplasia Quando junto de uma neutrofilia, podemos pensar em inflamação, infecção, sepse Leucemia de monócitos ou mielomonocítica POR: LAÍS DANTAS MONÓCITOS ATIVADOS (OU REATIV0S) Podem indicar alguma lesão (necrose) tecidual. Aparece em pacientes que chegam com um determinado tipo de lesão corpórea, alguma queimadura ou algo mais intenso. ERITROFAGOCITOSE Encontrado nos casos de anemia hemolítica imunomediada, de grande importância para clínica de pequenos, visto que é uma afecção encontrada com frequência na rotina clínica. CÉLULAS CIRCULANTES RARAS • Mastócito: encontrado apenas em casos de mastocitomas - mastocitose sistêmica (leucemia de mastócitos); • Plasmócito: quando encontrado, podemos pensar em mieloma múltiplo. INTERPRETAÇÃO DA RESPOSTA LEUCOCITÁRIA 1) RESPOSTA À EXCITAÇÃO (EPINEFRINA) Resposta de fuga ou de luta. Acontece em situações de excitação, medo, ansiedade, dor, parto, convulsões e exercício físico. Nesses casos, a liberação da adrenalina causa uma ação cardiovascular, ela vai aumentar o fluxo sanguíneo pela microcirculação, principalmente nos músculos (pois para correr ou fugir, precisaria estar bem preparado). Vai haver também uma migração das células do compartimento marginal para o circulatório para permitir que isso aconteça. No leucograma, isso é visto como: • Aumento de hematócrito: principalmente devido a uma contração esplênica. Normalmente associamos o aumento de hematócrito a uma desidratação, o que de fato acontece corriqueiramente, mas por exemplo, um animal que foi atropelado, o aumento de hematócrito vai estar mais relacionado ao medo e a dor do que a uma desidratação. O aumento de hematócrito pode ser por motivos piores que uma desidratação, e pode ocorrer em resposta à adrenalina; • Linfocitose: está relacionado à atividade muscular e a eventos cardiovasculares que causam o aumento do fluxo de linfócitos dos vasos linfáticos para o sangue; • Neutrofilia: é uma alteração bastante pontual, visto que sua resolução é rápida após o repouso. *Os gatos possuem uma resposta à excitação muito maior do que os cachorros, visto que não tem costume de serem manipulados por estranhos, como é o caso de cães que sempre vão POR: LAÍS DANTAS para banhos e são mais sociáveis. Portanto, cães não vão ter tanto essas alterações ao estresse que o gato tem no leucograma, e isso deve ser avisado ao tutor em situações em que você observar que o animal está estressado na coleta de sangue, para que saibam dessas possíveis alterações, assim como também devemos avisar ao patologista clínico para colaborar com o resultado. Gatos muito estressados podem ser medicados com uma dose baixa de gabapentina antes da coleta para evitar estas alterações. Nesses casos, as alterações no leucograma são: leucocitose por neutrofilia e uma linfocitose. Leucócito Alteração Leucócitos totais ↑ Neutrófilos segmentados ↑ Neutrófilos bastonetes *Não é esperado ter aumento e nem diminuição. Linfócitos ↑ (até 20.000 está dentro do esperado) Monócitos Inalterado Eosinófilos Inalterado *Obs: não há desvio à esquerda, pois a neutrofilia ocorre por células maduras, por um aumento devido a compartimentalização bidirecional de do compartimento marginal para o circulatório.Não há compensação medular e não esperamos encontrar desvio à esquerda nesses casos. 2) RESPOSTA AO ESTRESSE (CORTICÓIDES) POR CORTICOSTERÓIDES ENDÓGENOS: Ocorre no caso do ESTRESSE FISIOLÓGICO, pois nestes casos ocorre a liberação de hormônio adrenocorticotrófico pela glândula pituitária (hipófise), resultando na liberação de cortisol pela glândula adrenal, que irá ajudar o organismo a controlar o estresse. Outra situação em que se tem uma grande liberação de corticóides é no hiperadrenocorticismo, que é a principal característica de alteração laboratorial que encontramos. Também temos cortisol aumentado em doenças sistêmicas, distúrbios metabólicos e na dor, como por ex: doença renal, cetoacidose diabética, desidratação, doenças inflamatórias e dor (traumatismo). POR CORTICOSTERÓIDES EXÓGENOS: Ocorre quando se utiliza fármacos como prednisona, dexametasona dentre outros desta mesma classe que podem ser utilizados pelos animais em situações diversas na rotina clínica. O QUE ESPERAMOS TER NO ESTRESSE: • Linfopenia: quando temos ação dos corticóides, vamos ter uma apoptose de linfócitos, com isso vai ter uma redistribuição dos linfócitos do compartimento intravascular para o extravascular (linfonodos, baço medula óssea e duto torácico). POR: LAÍS DANTAS • Neutrofilia: diminui a viscosidade e a marginação celular, causa a retenção de neutrófilos na circulação, quando isso ocorre, temos uma hipersegmentação, e também aumenta a liberação de neutrófilos maduros do compartimento de reserva da medula óssea. • Eosinopenia: há um sequestro pela medula óssea ou por uma alteração direta na migração para a circulação sanguínea. Se eu estou com um hemograma na mão e penso ‘’foi muito difícil essa coleta’’, vamos pensar, então ele teve um aumento de corticoide ou de adrenalina? Isso vai nos ajudar a diferenciar se esse animal teve um estresse que aumenta a adrenalina ou se foi causado por corticóide. Nos casos de estresse por corticóides, sabemos que eles causam apoptose de linfócitos, logo há uma linfopenia, já quando é por adrenalina, há uma linfocitose para a fuga ou luta. Logo, o que podemos encontrar no leucograma de um paciente com resposta ao estresse por corticóides é: Leucócito Alteração Leucócitos totais ↑ Neutrófilos segmentados ↑ Neutrófilos bastonetes *Não é esperado ter aumento e nem diminuição. Linfócitos ↓ (mais importante de se observar) Monócitos ↑ Eosinófilos ↓ 3) RESPOSTA À INFLAMAÇÃO Quando temos uma resposta à inflamação, temos uma migração dos neutrófilos para os tecidos. Antes, estes passavam pelo pool mitótico > pool de maturação > pool sanguíneo (pool marginal e pool circulante), porém, quando um animal sofre um trauma ou algum processo de inflamação, vai ter a migração do circulante para o tecidual, aquela região chama atenção dos leucócitos, então eles migram para a área que está afetada. Nesta situação, com a migração, vai haver uma compensação e, consequentemente, vai haver a liberação da reserva, que irá causar a neutrofilia e um desvio à esquerda. Ou seja, se eu estou precisando da atuação de células para que haja novamente um equilíbrio naquela área que sofreu alguma injúria, que está em processo inflamatório, vamos ter uma neutrofilia, um aumento no número total de neutrófilos circulantes, eles irão migrar, o compartimento vai estar direcionado para a área tecidual e vai haver uma necessidade de neutrófilos da reserva para repor, e por isso vai haver esse desvio à esquerda esperado em um processo de inflamação. • Hiperplasia: aumento da produção, podendo ter alteração tóxica ou não, a depender do processo que estaremos lidando. Esse aumento de produção faz todo sentido, se estou gastando a reserva, consequentemente teremos que ter uma produção ou proliferação maior para continuar tendo células na reserva. O organismo não vai deixar você gastar toda POR: LAÍS DANTAS a sua reserva e ficar sem neutrófilo. Isso tudo é decorrente da lesão inflamatória e do consumo tecidual. SITUAÇÕES: EQUILÍBRIO DESEQUILÍBRIO POR CONSUMO TECIDUAL DESEQUILÍBRIO POR LIBERAÇÃO MEDULAR RESPOSTA À INFLAMAÇÃO ESPÉCIE RESERVA MEDULAR CAPACIDADE DE REGENERAÇÃO CÃO Relativamente alta Rápida GATO Intermediária Intermediária INTERPRETAÇÃO DA NEUTROPENIA NA INFLAMAÇÃO AGUDA Quando temos uma neutropenia (baixo número de neutrófilos) na inflamação aguda, aconteceu naquele momento e já tem um número muito baixo de neutrófilos, para o cão e para o gato, isso significa que tem uma lesão muito grave acontecendo, porque ele o animal que tem maior reserva, e se essa reserva já esgotou ou está com número baixo na inflamação aguda, isso quer dizer que é uma lesão muito grave e que o prognóstico já é mais reservado. ESPÉCIE Interpretação da neutropenia na inflamação aguda CÃO Lesão muito grave POR: LAÍS DANTAS GATO Lesão muito grave O QUE ESPERAMOS ENCONTRAR NA INFLAMAÇÃO: Leucócito Alteração Leucócitos totais ↑ ou ↓ Neutrófilos segmentados ↑ ou ↓ (depende da fase da inflamação) Neutrófilos bastonetes Se tiver tudo aumentado não é para encontrar diferença, mas se tiver tudo diminuído é para encontrar um ↑ (significaria compensação com liberação de neutrófilos imaturos, pois os maturos estarão reduzidos). Linfócitos ↑ ou ↓ Monócitos Inalterado ou ↑ (por compensação) Eosinófilos Inalterado ou ↑ (por compensação) ACOMPANHAMENTO DA RESPOSTA À INFLAMAÇÃO Observa-se que no tecido, a vida útil desses leucócitos é bem maior. Por exemplo, se um animal teve uma inflamação, o neutrófilo foi liberado e foi para aquele local, ele consegue atuar naquele tecido de 1 a 2 dias, isso acontece para que eles consigam atuar por um tempo maior do que na circulação. Linfócitos, por exemplo, duram semanas a anos, como ocorre no caso de vacinas. Na inflamação, apesar de o tempo de trânsito ser maior, apesar de ele ficar mais tempo no tecido do que na circulação sanguínea, o tempo que ele dura que seria de 7-10 dias normalmente, na inflamação reduz para 2-3 dias, visto que ele tem atuação mais presente e pesada no processo inflamatório. NEUTRÓFILOS: PANIC VALUES Casos em que encontramos uma neutropenia intensa (<500 - 1.000 neutrófilos/uL), são os únicos em que se tem uma alteração leucocitária que requer atenção imediata do clínico. Quando POR: LAÍS DANTAS causada pela diminuição da produção medular, é muito mais preocupante, pois o aumento de neutrófilos não ocorre a curto prazo, é um animal que está em ‘’game over’’ praticamente. Também pode ter risco de sepse, pois não tem defesa nesse animal, causando disseminação e infecção generalizada. Nesses casos, mesmo sem você ter um diagnóstico fechado, o recomendado é considerar uma antibioticoterapia profilática, visto que seria uma das possibilidades para que tenha uma neutropenia tão intensa. Isso seria feito para controlar uma possível sepse, e é muito melhor do que controlar a sepse depois de diagnosticada. POR: LAÍS DANTAS
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