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Século XVII - XVIII Entre as pinturas históricas e de retrato, os artistas lutavam por conferir à arte um lugar de erudição, tanto quanto o da poesia sempre ocupou.. Contraste entre Igrejas católicas e protestantes Protestantes – aversão à imagem Artistas dessas esferas tem o público como seu principal “patrão” – BARROCO MERCANTIL – início das especializações no campo da pintura, tendo em vista o impedimentos de obras religiosas e a saturação ou não pré disposição aos retratos. No século XVIII, as instituições inglesas e o gosto inglês tornaram-se admirados por todos os povos da Europa que ansiavam pelo governo da razão. Na Inglaterra, a arte não tinha sido usada para enaltecer o poder e a glória do governantes por direito divino - os pintores passaram a observar as paisagens, a vida dos homens e das mulheres comuns... Na França, a grandiosidade barroca de Versalhes tinha passado de moda a favor dos efeitos delicados e íntimos do rococó que anuncia, na figura de Watteau, o declínio da aristocracia. Somente em fins do século XVIII o terreno que se fazia comum entre artistas variados o do apreço ao “belo clássico” – começa a ceder gradualmente... A Revolução Francesa de 1789 pôs fim a pressupostos que haviam reinado durante século e que, no campo da arte, nos legou de um definição única ancorada em um ideal de beleza. Asssim como a Grande Revolução tem suas raízes na Era da Razão (século XVIII ou das Luzes), aí se originam também as mudanças nas ideias do homem ocidental sobre a arte. A primeira dessas mudanças refere-se à atitude do artista em relação ao que chama “estilo.” Na Era da Razão, as pessoas começaram a ficar mais exigentes a respeito de estilo e estilos... Padrões e formas de se fazer e entender a arte são colocados em dúvida. Entre os entendidos mais requintados da Inglaterra do século XVIII, havia alguns que queriam ser diferentes dos outros... Diz-se, então, de uma consciência individual. Ex. Horace Walpole – residência de campo Strawberry Hill – prefere o neogótico ao estilo Palladiano... 2 ... preocupados com o estilo correto, a ressurreição gótica é acompanhada de perto por uma ressurreição grega (arquitetura neoclássica)! (p.377) A vítória do estilo neoclássico foi assegurada depois da Revolução Francesa – a antiga tradição dos construtores e decoradores barrocos e rococós foi indentificada com o passado que acabava de ser varrido; fora o estilo dos palácios da realeza e da aristocracia os homens da Revolução gostavam de se considerar cidadãos livres de uma Atenas ressurgida... Quando Napoleão, posando como a personificação das ideias da Revolução, subiu ao poder na Europa, o estilo neoclássico de arquitetura tornou-se o Estilo do Império. (enquanto isso, a ressurreição gótica caminhava, atraíndo os espíritos românticos que estavam desenganados do poder da razão, dispostos a reformar o mundo na ânsia pelo retorno ao que chamavam a Era da Fé) É neste contexto que a pintura deixa de ser um ofício ordinário cujos conhecimentos eram transmitidos de mestre para aprendiz – antigos métodos entram em declínio. a pintura converte-se em uma disciplina, assim como a Filosofia, a ser ensinada nas Academias. A palavra “academia” deriva do nome da residência onde o filósofo grego Platão ensinava seus discípulos e foi gradualmente aplicada a reuniões de homens eruditos em busca de sabedoria. Tal designação perpassa as reuniões de artistas do século XV, XVI, na tentativa de galgar uma igualdade com os humanistas da época. É somente no século XVIII que a academia assume, pouco a pouco, a função de ensinar estudantes. Sob o patrocínio régio, manifestando o interesse que o rei tinha pelas artes, tal estudo sempre esteve voltada aos mestre do passado. Tal favorecimento cria importantes dificuldades – a clientela preferia comprar sempre os velhos mestres do que encomendar as pinturas do artistas vivos. Para remediar tal situação, as academias , primeiro em Paris e depois em Roma, começaram a organizar exposições anuais de obras de seus membros. Essas exposições anuais converteram-se em eventos sociais que serviam de tema de conversão na sociedade polida, e faziam ou desfaziam reputações.... Ao invés de trabalhar para os mecenas ou para um determinado público, os artistas tinham que investir no êxito de sua obra exposta publicamente, onde sempre havia o perigo do espetacular e do pretencioso superar o simples e o sincero. A tentação era grande, por parte dos artistas, de atraírem as atenções pela seleção de temas melodramáticos, para a atenção a dimensões e uso de cores que impressionassem o público. O choque de opiniões entre aqueles que atraiam o gosto do público e aqueles que se viam excluídos constituiu uma forte ameaça ao terreno comum em que toda arte se desenvolvera até então! PENSAR... Talvez, o efeito mais imediato e visível dessa profunda crise tenda sido que os artistas buscaram por toda parte novos tipos de assuntos. - descaso pelos temas tradicionais da arte. Iluminismo Projeto civilizatório moderno Universalidade Individualidade Autonomia - Desestabilização da ideia de um só estilo como denominador da arte ...do projeto civilizatório moderno Caminhos para a Arte Moderna Capitalismo Formação da propriedade privada - nova cartografia das relações a partir da privatização das terras expropriações via violência Reestruturação da massa humana, preparando-a para o trabalho Caráter modernizador – normatização da violência Nascimento da ideia de liberdade (dono da propriedade privada – ideia de suspensão do risco, do medo, da miséria... = homem livre/ dono-proprietário) Cisão entre o físico e o mental (ref. à Odisseia, de Homero – Ulysses e sua capacidade de controlar seus apetites – instauração de uma racionalidade superior) Ideia de liberdade – negação do estado absolutista Para Giulio Argan, o Moderno é o embrião da indústria cultural. Diz de uma arte que já é eminentemente industrial (atelier de Rubens – escala industrial/ Barroco) Compromisso intrínseco das pinturas com as relações de mercado Arte: Empodera a empresa mercantil colonial Diretamente vinculada ao processo de dominação Reinado Luis XIV Academias – órgãos disciplinadores Artistas ingleses – Era da Razão Momento de transição HOGARTH REYNOLDS GAINSBOROUGH ............................................................ (inclui os representativos do ROCOCÓ) ............................................................ Artista periférico alemão WINCKELMANN – figura prototípica da museologia Estabelece uma das primeiras considerações sobre a arte que ultrapassam o formalismo. Afirma que a arte grega é superior porque estava vinculada com a pólis; há, nesse sentido, uma vínculo da arte com o “republicano”... Discurso das Luzes. - Referências: -ensaios sobre pintura de Diderot – quer desestabilizar o status quo determinado pela Academia que estabelece a divisão da pintura em pintura de gênero (matéria comum) e pintura histórica (aristocracia-divindade); a tal divisão, Diderot propõe uma triagem entre o que estaria vivo e o que não estaria... provocação de uma mal estar. Para Diderot, seria preciso dispor de todas sortes de gosto, descrever a variedade das Formas sensíveis – potência do juízo; crítica. Seu ponto de vista é antimonárquico e ateu – faz da natureza uma referência. Os pintores que anuncia positivamente não estão na Academia. Discurso sobre as Ciências das Artes, de Rousseau (1755) – primeira floração de uma crítica filosófica e ideológica do discurso artístico. Critica a teatralidade palaciana, exalta a festa civil republicana. Ergue a ideia de um palco onde todos devem ver todos. Invenção do espaço panóptico – sentido progressista. 1756 – discurso inglês já remente ao sublime 1791 – Kant Crítica do Juízo - um do livros dedicados à analítica do sublime Contexto – século XVIII – auge do mercantilismo Formação das capitais inseridas em um sistema-mundo (rede fomentada via processo colonização ) Experiências que são da ordem dodesequilíbrio... em meio ao discurso do “belo”. Sublime diretamente associada à ideia deste desequilíbrio – o instante Kant: percepção e imaginação ultrapassadas por uma magnitude outra a sensorialidade não consegue acompanhar tal fenômeno, que é muito maior; a linguagem, tampouco, dá conta... revela-se a dimensão metafísica da razão kantiana Sublime como a infinitude da razão O pintor Jacques Louis David diz tentar, à sua maneira, representar o sublime. Não havia uma diferença ontológica entre um pintor e um cozinheiro, por exemplo. Jacques Louis David – ascensão do artista como intelectual Neoclassicismo NEOCLASSICISMO (Academicismo - séc. XVIII até parte do séc. XIX) -floresceu na França e na Inglaterra, por volta de 1750, sob a influência do neopalladianismo, e estendeu-se para outros países, chegando ao apogeu em 1830; * Andrea Palladio (1508 -1580) foi um grande arquitecto italiano/ Renascimento (ideal clássico). -contrapõe-se ao Barroco que é considerado artificial, excessivo e luxuoso (a imaginação como ilusão e a técnica como trucagem); -toma como referência a arte greco-romana e defende o equilíbrio, a clareza e a razão sob os ideias iluministas; associa o belo ao útil (baseia-se na técnica e necessidade de planejamento); prega a adequação da forma à função, a sobriedade do ornamento, a proporção dos volumes; -relaciona-se à difusão das ideias Iluministas que prenunciavam o fim do Antigo Regime e acenavam um novo modelo político e social mais justo e igualitário. É a chamada “Era da Razão” permeada por várias revoluções que insurgem contra os modelos absolutistas de governo (inclusive com o modelo colonial, resultando na independência das Américas); - renovação das teorias políticas, jurídicas e filosóficas com Locke, Voltaire, Montesquieu e Rousseau; primeiras declarações dos direitos que consolidam as bases do modelo de sociedade até hoje; ARQUITETURA - descoberta, em 1738 e 1748, na Itália, as ruínas das cidades de Herculano e Pompéia. Multiplicam-se, na Europa, as construções inspiradas nos templos gregos e romanos; a arquitetura surge principalmente na Inglaterra e na França: predomínio das linhas horizontais, uso de frontões, colunas e átrios com vistas a um ideal de ordem, proporção, harmonia e solidez; - importante modificação da cidade de Paris (a grande capital europeia) por Napoleão Bonaparte via o trabalho dos arquitetos Charles Percier e Pierre François Fontaine: arquitetura monumental como o ARCO do TRIUNFO (1806 e 1807), e a Avenida dos Campos Elíseos. Arco do Triunfo, em Paris Paris, Av. dos Campos Elíseos Panteão Nacional (1757-1792) -antiga igreja de Santa Genoveva, em Paris PINTURA as inspirações dos pintores foram as esculturas antigas, com destaque para o desenho “de academia”, que copiava os modelos naturais; obras com simetria e proporcionalidade, com cores pálidas e luzes claras e difusas; -exalta temas históricos, a ética, o dever, as virtudes, o heroísmo; -os contornos são fortes e bem definidos; por outro lado, a produção pictórica do período atesta o conflito entre a produção academicista propriamente dita e a realização de uma pintura de cunho progressista, com forte vínculo com o ideais revolucionários da época. Destaque ao pintor Jacques Louis David (1748-1825): pintor oficial da corte de Luis XIV; durante a Revolução Francesa foi um ativista jacobino e amigo de Robespierre e após a Revolução foi o pintor oficial de Napoleão Bonaparte; Destaque ao pintor Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867), discípulo de David, é considerado como um artista em transição entre o Neoclassicismo e o Romantismo. Buscava atingir uma perfeição técnica e explorava um uso realista da cor. Exímio retratista, com maior aproximação dos temas de sua época; Em relação a artista como David, Gombrich afirma: “... Essas pessoas achavam estar vivendo tempos heróicos e que os acontecimentos de seus próprios dias eram tão dignos de atenção do pintor quanto os episódios da história grega e romana” (p.382). Neoclassicismo – tirania de uma única ideia... Jacques Louis David - Le serment du Jeu de paume, 1791 Juramento do Jogo de Péla (tipo de handball antigo) O quadro foi encomendado ao artista durante a Revolução Francesa pelo clube de Jacobinos para decorar a Assembleia Nacional. Reporta-se a um episódio heróico da época quando os delegados do Terceiro Estado, ameaçados de destituição, juraram fidelidade ao posto até a morte. Inconcluso. -quadro de um otimismo radioso, vinculado à Revolução Francesa “tirania” de uma única ideia Contrário à alegoria (liga, assim, a Diderot e Rousseau) – David é o pintor que lê os filósofos; quer encostar sua prática pictórica na filosofia. -vazio do quadro – se contrapõe à alegoria ou é, ele mesmo, uma alegoria negativa ou da Liberdade. Liberdade enquanto recusa a um direito estabelecido por convenção – rei=divino. Trata-se de um vazio racional, inteiramente geometrizado, que se oferece à ação humana – Inauguração da História do Progresso, início de uma História da Humanidade. Vazio – circularidade – uma Ágora figurada (a soberania da pólis é representada pelos gregos por um círculo vazio em que centro, ocupado por um e por outro, não é de ninguém...) Supressão da teologia, de uma instância divina (não há a ideia de um juízo final...); Confronto direto com o direito divino do rei. Discurso para fundação efetiva da República Porosidade em relação ao que acontece fora Pessoas em meio a uma ventania – o instantâneo, o efêmero – tipologias do sublime teto= capela oficial do Palácio de Versalhes Raio – incide sobre símbolo da monarquia – ideia de que a justiça está na natureza Pai com filhos apontado a cena, totalmente fora da ideia de ensino religioso. O Juramento dos Horácios, Jacques Louis David, 1784, Louvre. Obra: Juramento dos Horácios Disposição geometrizante; Escala – priorização da figura/escala humana* - chão acessível ao observador; Tela evoca história da fundação de Roma – interlocução com ideal Republicano pois traz o momento da libertação de Roma contra o domínio etrusco; Ensinamento moral: união, defesa da liberdade – pessoas à mesma altura do observador; Ambição de uma ordem política racional portadora de uma demanda burguesa. Mesma espacialidade da pintura inglesa, circunscrita no que emana do gesto do indivíduo *na pintura inglesa, tal fato já atesta o nascimento e ascensão da propriedade privada – os donos da terra A Morte de Marat, Jacques Louis David, 1793, óleo sobre tela, Museu Real de Belas Artes, Bruxelas, Bélgica. Napoleão em seu trono imperial, Jean August Ingres, 1806, óleo sobre tela, 259 x 162cm, Museu do Exército, Paris, França Bonaparte atravessando os Alpes (1801), de Jacques-Louis David Obra que retrata a coroação de Napoleão Bonaparte (1805-1807), de Jacques-Louis David Dominique Ingres Retrato da Princesa Albert de Broglie, 1853, Ingres. Metropolitan Museum of Art , Manhattan/ NY Banhista de Valpinçon (1808), de Ingres ESCULTURA Recuperação das antigas formas gregas e romanas como meio de resgatar os mais altos valores de excelência e virtude, criando figuras heroicas e majestosas; O escultor deveria interpretar as necessidades espirituais dos homens, seus sentimentos mais elevados e transportá-las à obra. O mármore, tido por muitos como a mais pura matéria-prima, com sua textura lisa e cor neutra fazia com que a atenção se voltasse para a forma esculpida; estátuas, ornamentos com alegorias alusivas às virtudes morais e cívicas e temas da mitologia grega foram esculpidos nos edifícios, monumentos e construções pelas cidades; Três principais expoentes: Antonio Canova (1757-1822); Berthel Thorvaldsen e Jean-Antonie Houdon; Perseu com a cabeça de Medusa, AntonioCanova, 1800, mármore, Museu do Vaticano, Itália Psiché reanimada pelo beijo do amor (1787-1793), Canova Pauline Bonaparte Borghese como Vênus (1808), de Antonio Canova Voltaire, de Jean-Antoine Houdon, 1781. Voltaire foi um dos grandes pensadores do Iluminismo.