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HISTÓRIA DA ARTE: RENASCIMENTO AO 
IMPRESSIONISMO 
APRESENTAÇÃO 
Professora Me. Giovanna Renzetti 
 
• Arquiteta e Urbanista 
• Mestre em Metodologia do Projeto Arquitetônico com enfoque em Referências 
Projetuais: história, modelos e ideias pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e 
Universidade Estadual de Maringá (UEM) 
• Especialista em Projeto Arquitetônico: Composição e Tecnologia do Ambiente 
Construído pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). 
• Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do 
Paraná) 
 
Atua como arquiteta no escritório Dellas Arquitetura e Interiores, onde desenvolve a parte 
criativa de projetos residenciais e comerciais e também elabora projetos executivos. 
Membro do grupo de pesquisa “Ideias e modelos de arquitetura e urbanismo no Paraná” 
da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e redatora na equipe do Prédios de Curitiba, 
plataforma de documentação e discussão da arquitetura na cidade. 
 
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/5329007871283195 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Seja bem vindo(a)! 
 
Caro aluno(a), espero que o tema desta disciplina tenha chamado sua atenção, 
para que juntos possamos percorrer o universo da história da arte e suas diferentes 
expressões. Espero que seja um conteúdo leve e prazeroso que abra a mente de vocês 
para os diversos caminhos que a arte pode te levar. 
Na primeira unidade, estudaremos sobre o renascimento e a cultura ocidental, 
maneirismo e o renascimento tardio. Veremos que durante a idade média não havia 
nenhuma diferenciação entre o artista e o artesão e como a tecnologia e a ciência 
influenciaram a arte renascentista. 
Na segunda unidade, tomaremos conhecimento sobre o barroco, rococó e barroco 
brasileiro. Aprenderemos sobre as principais características do período barroco e seus 
distanciamentos em relação ao período renascentista, além de mergulhar no panorama 
do barroco realizado no Brasil e sua riqueza para nossa cultura. 
Já na terceira unidade, seremos introduzidos aos períodos neoclássico e 
romântico da arte. Estudaremos sobre as características da escola neoclássica e seus 
fundamentos atrelados às redescobertas das ruínas antigas, ou seja, das cidades de 
Pompéia e Herculano, além de analisar o movimento romântico como movimento 
artístico e como estética romântica. 
Por fim, na quarta e última unidade, mergulharemos no universo dos movimentos 
realista, simbolista, art noveau, impressionismo e fotografia, a fim de assimilarmos como 
o contexto histórico-político pode ser interpretado de diferentes formas tanto no âmbito 
da arte, quanto na literatura. 
Espero que você percorra essa jornada comigo com leveza e de forma prazerosa, 
pois a arte é o que alimenta a alma. Espero, assim, contribuir para seu conhecimento 
pessoal e profissional. 
 
Muito obrigada e bons estudos! 
 
UNIDADE I 
RENASCIMENTO E A CULTURA OCIDENTAL. MANEIRISMO E RENASCIMENTO 
TARDIO 
Professora Mestre Giovanna Renzetti 
 
 
Plano de Estudo: 
● A subdivisão da arte em artes maiores, menores e aplicadas e o surgimento da 
distinção entre artista e artesão, entre arquiteto e engenheiro; 
● Como a ciência e a tecnologia influenciaram a arte renascentista; 
● O que é maneirismo; 
● Características do renascimento do norte. Diferenças entre renascimento italiano 
e renascimento do norte. 
 
 
 Objetivos de Aprendizagem: 
● Conceituar e contextualizar a subdivisão da arte em artes maiores, menores e 
aplicadas; 
● Compreender os princípios da arte renascentista; 
● Estabelecer a importância do maneirismo. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Nesta primeira unidade, iremos nos familiarizar com o período artístico conhecido 
como renascimento. Adianto a você que toda expressão de arte é uma manifestação de 
seu tempo, e o renascimento foi uma manifestação pelo apreço das antiguidades 
clássicas, a qual se manifestou nos campos da arquitetura, escultura e pintura. 
No nosso primeiro tópico, abordaremos a subdivisão da arte em artes maiores, 
menores e aplicadas e o surgimento da distinção entre artista e artesão, entre arquiteto 
e engenheiro. Visto que durante a idade média não havia nenhuma diferenciação entre 
o artista e o artesão, ambos participavam das mesmas guildas - corporações de ofícios, 
houve um caminho a ser percorrido até o artista ser aceito como um ser que pensasse e 
que estava conectado à ciência assim como os físicos e escritores, por exemplo. 
Segundamente, veremos como a tecnologia e a ciência influenciaram a arte 
renascentista. Juntamente com a retomada dos preceitos clássicos também houveram 
avanços no campo artístico com os estudos de físicos, astrônomos e do artista e cientista 
Leonardo da Vinci, os quais contribuíram com novas descobertas científicas, que, por 
sua vez, proporcionaram estudos matemáticos e de perspectiva ao mundo das artes. 
Em nosso terceiro tópico, aprenderemos um pouco sobre o que foi a arte 
maneirista e como ela se relaciona com o renascimento. O porquê de seu surgimento e 
qual a sua importância para o panorama da história da arte. Também veremos alguns 
exemplos dessa produção na pintura. 
Finalmente, no último tópico, iremos nos familiarizar com as características no 
renascimento do norte, bem como as diferenças entre renascimento italiano e 
setentrional. Tendo em mente como a mudança geográfica afeta a forma do artista 
encarar o mundo e como isso se manifesta em suas produções. 
Esta unidade tem como finalidade ambientar-lhe com o panorama do 
renascimento, suas produções, artistas e diferentes fases, complementando o repertório 
da evolução das artes. 
 
 
 
 
1 A SUBDIVISÃO DA ARTE EM ARTES MAIORES, MENORES E APLICADAS E O 
SURGIMENTO DA DISTINÇÃO ENTRE ARTISTA E ARTESÃO, ENTRE ARQUITETO 
E ENGENHEIRO 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-background-wallpaper-black-
white-antic-1173930682 
 
Quando falamos sobre o período da alta renascença, comumente estamos nos 
referindo aos artistas italianos, contudo, adiante, também, iremos nos familiarizar com 
alguns artistas do norte europeu. 
Antes de tudo, ressaltamos que o renascimento surgiu com uma visão mais 
científica do mundo, em que os estudos sobre perspectiva ganhavam força bem como a 
valorização do homem. O artista não mais encarava o ser humano como apenas um 
observador do universo e, sim, como a criação mais divina. 
Assim, as criações renascentistas reforçam esse sentimento, tendo em vista que toda 
obra de arte é uma resposta ao seu tempo. 
O termo renascimento ganhou força a partir do momento em que pensadores 
contemporâneos passaram a considerar o tempo em que viviam como o abrigo da 
tradição clássica, ou seja, o lugar onde esta poderia florescer novamente. Tendo em vista 
que todo o período histórico-artístico entre a antiguidade clássica e renascimento foi 
encarado como idade das trevas. 
Nesse tempo medieval, pontua-se que os artífices participavam de diferentes 
guildas, em outras palavras, corporações de ofício, de acordo com o material com o qual 
manuseiam. O termo “artista” era raramente utilizado, de modo que pintores, escultores 
não eram reconhecidos assim como os poetas, mas como membros de suas referidas 
guildas, assim como os artesãos. 
Um dos pontos de mudança da posição do artista frente à sociedade se deve, em 
parte, a Leonardo da Vinci, pintor e cientista da alta renascença, que em seu tratado de 
pintura, mostra sua preocupação em definir um novo estatuto para as artes. Da Vinci 
relata que as manifestações artísticas não são uma atividade mecanizada e, sim, uma 
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-background-wallpaper-black-white-antic-1173930682
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-background-wallpaper-black-white-antic-1173930682
 
tarefa mental, tal qual a de um pensador e não de umartesão. A pintura, por exemplo, é 
julgada por ele como uma ciência apoiada na matemática e no estudo da natureza. 
Encarava a função do artista como uma exploração do mundo visível, tal qual seus 
antecessores haviam feito, porém de maneira mais complexa e com maior precisão e 
vigor. Tinha como intenção expor que a pintura era uma manifestação artística liberal e 
que a parte manual nela envolvida não tinha maior ou menor grau de importância do que 
o trabalho de elaborar uma poesia. 
 
 
Havia três realizações tangíveis dos mestres italianos para as quais podiam 
apontar. Uma foi a descoberta da perspectiva científica, a segunda o 
conhecimento da anatomia - e, simultaneamente, a representação perfeita do 
belo corpo humano - e, em terceiro lugar, o conhecimento das formas clássicas 
de construção, que pareciam simbolizar, para as pessoas desse período, tudo o 
que era digno e belo (GOMBRICH, 2012, p. 341). 
 
Dessa forma, os artistas passaram a ganhar maior autonomia e a receber 
propostas externas, de acordo com sua especialidade, ou seja, pinturas, esculturas, 
projetos arquitetônicos. No século XVI, período conhecido como Cinquento, a Itália, em 
especial a cidade de Florença, passou por grande crescimento em seu campo artístico. 
Em parte, graças ao mecenas - famílias conhecidas pelos seus incentivos às artes 
por meio de encomendas aos artistas. Uma das famílias de mecenas mais conhecidas 
foi a família Médici, responsável por contratar Brunelleschi para a construção da Catedral 
de Santa Maria del Fiore, por exemplo, na mesma cidade, sobre a qual nos 
aprofundaremos mais adiante. 
 
 
 
 
 
2 COMO A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA INFLUENCIARAM A ARTE RENASCENTISTA 
Imagem do Tópico:https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/14th-century-anatomy-art-by-leonardo-
1672886845 
 
No período da alta renascença não era mais possível separar arte e ciência, 
ambas se fundiram em um arranjo inconfundível que acarretou em algumas das maiores 
produções artísticas de todos os tempos. 
O período em que os grandes mestres do renascimento atuaram, como Leonardo 
da Vinci e Michelangelo, por exemplo, foi próximo ao das grandes descobertas 
astronômicas do astrônomo e matemático Nicolau Copérnico e, posteriormente, do físico 
Galileu Galileu. E foi nessa atmosfera em que arte e ciência se incorporaram, na medida 
em que as produções artísticas foram reduzidas aos preceitos da matemática e 
astronomia. Mas como isso se deu? Pela descoberta da perspectiva. 
Nesse período, houve a introdução da técnica da perspectiva linear, ou seja, a 
tradução do espaço pitoresco a uma combinação de associações matemáticas e sua 
projeção ao infinito, guiado pelo ponto de fuga. O desenvolvimento dos artistas acontecia 
paralelamente ao desenvolvimento das ciências. Para tanto, destaca-se o papel do 
arquiteto Filippo Brunelleschi. Segundo Gombrich: 
 
 
Brunelleschi não foi apenas o pioneiro da arquitetura da Renascença. A ele se 
deve, ao que parece, uma outra e momentos a descoberta no campo da arte, a 
qual dominaria também toda a arte de séculos subsequentes: a da perspectiva 
[...] Foi Brunelleschi quem forneceu aos artistas os meios técnicos para 
solucionar esse problema (criar a ilusão de profundidade); e o entusiasmo que 
isso causou entre seus amigos pintores deve ter sido imenso. (GOMBRICH, 
2012, p. 228-229). 
 
Na arquitetura foi ainda Brunelleschi que deu o pontapé inicial com uma 
construção que negava completamente o estilo internacional e adotava preceitos 
clássicos. Tratava-se de uma livre interpretação das construções gregas e romanas, a 
fim de originar novas maneiras de “harmonia e beleza”. Essa nova arquitetura foi 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/14th-century-anatomy-art-by-leonardo-1672886845
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/14th-century-anatomy-art-by-leonardo-1672886845
 
concretizada no projeto da Catedral de Florença, onde se destaca a abóbada octagonal 
e as conquistas da perspectiva em seu interior. 
 
Figura 1 - Catedral de Florença - 1420-36 
 
Fonte: Gombrich, 2012, p. 225. 
 
Uma das primeiras expressões artísticas realizadas de acordo com os preceitos 
da matemática foi o afresco intitulado “A Santíssima Trindade com a Virgem, S. João e 
doadores”, do pintor Masaccio em 1428. Essa pintura causou uma revolução na arte de 
pintar, gerando certo espanto ao ser exibida com seus traços em perspectiva e ilusão de 
profundidade. Não só por isso, mas também pela “simplicidade e grandeza” das figuras. 
É possível observar neste afresco os contornos rígidos característicos da pintura 
renascentista e os planos geométricos delimitadores da obra, de modo que as figuras 
parecem imóveis. 
 
 
Figura 2 - A Santíssima Trindade com a Virgem, S. João e doadores - 1425-1428 
 
Fonte: Gombrich, 2012, p. 228. 
 
 
 
3 O QUE É MANEIRISMO 
 
O Movimento cunhado de maneirismo (à maneira de) surgiu como resposta à 
rigidez das manifestações renascentistas, nos três campos da arte: pintura, arquitetura 
e escultura. Os artistas dessa vertente tinham vontade de ultrapassar os grandes 
mestres clássicos por meio de suas produções incomuns e peculiares, criando, assim, 
uma nova forma de expressão. 
Esse acontecimento se deve, em parte, ao fato da técnica clássica ter atingido um 
patamar tão impecável que os artistas do maneirismo acreditavam que qualquer pintor, 
arquiteto e/ou escultor estava apto a dominar seus artifícios. Eles ansiavam por percorrer 
caminhos ainda não explorados, trazendo uma nova perspectiva às manifestações da 
arte, ou seja, algo novo e inesperado. 
Há quem diga que o maneirismo foi um rito de passagem do renascimento ao 
barroco, outros autores consideram como um estilo consolidado, indiferentemente, foi 
um marco na história da arte e merece seu reconhecimento, e, sem dúvidas, anunciou 
algumas características do período barroco. 
É sólido afirmar que o maneirismo se diferencia dos princípios renascentistas, no 
entanto, surgiu durante o período da alta renascença, em Roma, e perdurou até o início 
do século XVII. Em um panorama geral, os artistas englobam, de algum modo, o exagero 
em suas produções, alinhando-se às cores fortes para tal, por exemplo. 
Dentre as características da arte maneirista estão o efeito dramático, a fantasia, 
a complexidade da pintura, o mistério, o alongamento dos corpos e das proporções das 
figuras. Ainda se ressalta o exagero nas cores e certa dramaticidade na disposição 
espacial dos elementos da pintura. 
Um dos pintores que expressou esses elementos em suas obras foi o italiano 
Tintoretto. Segundo Gombrich, “Tintoretto, deve ter, finalmente, resolvido contar suas 
histórias de um modo diferente e fazer com que o espectador sentisse a emoção e a 
dramaticidade intensa dos eventos que pintava (2012, p. 368)”. 
E foi em sua pintura “O reencontro do corpo de São Marcos”, 1562, que expressou 
suas intenções. Em uma composição agitada e passível de gerar confusão ao 
espectador, não se utilizou do ideal de beleza do renascimento, tampouco da cor 
 
abstrata, mas sim, do efeito de luz e sombra - escurecendo alguns pontos da obra e 
fornecendo mais luz a outros. O posicionamento e expressões das figuras representam 
também certa dramaticidade, bem como seus respectivos posicionamentos, como o 
gesto do homem do canto esquerdo, por exemplo. 
 
Figura 3 - O reencontro do corpo de São Marcos - 1562 
 
Fonte: Gombrich, 2012, p. 369 
 
Outro pintor muito conhecido do maneirismo foi o grego, radicado na Espanha, 
El Greco. Com uma identidade distinta e pessoal, fez uso em suas obras de cores 
exageradas, disposições espaciais estranhas e figuras distorcidas e alongadas, como 
podemos observar em sua obra “O enterro do Conde de Orgaz”, 1586. 
 
Figura 4 - O enterro do Conde de Orgaz - 1586 
 
 
Fonte: Farthing, 2011, p. 208 
 
 
 
4 CARACTERÍSTICAS DO RENASCIMENTO DO NORTE. DIFERENÇAS ENTRERENASCIMENTO ITALIANO E RENASCIMENTO DO NORTE 
 
Imagem de Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/gent-belgium-july-25-lamb-god-
148396922 
 
Ainda falando sobre os princípios das perspectivas, que tiveram início na Itália a 
partir dos estudos de Leonardo da Vinci e Filippo Brunelleschi, sua conquista final, no 
entanto, aconteceu no norte europeu pelo pintor flamengo do século XV Jan Van Eyck. 
Foi nos países baixos que o artista alcançou descobertas revolucionárias a partir da sua 
técnica expressiva da realidade em todos os detalhes da obra, mas o grande triunfo veio 
com a invenção da pintura a óleo. 
Foi algo tão revolucionário quanto a descoberta da perspectiva, pois constituía 
uma característica totalmente inovadora entre os artistas. Van Eyck mudou a receita de 
como as tintas eram preparadas, utilizando óleo ao invés de ovo (técnica da encáustica), 
o que permitia que a tinta secasse muito mais devagar, permitindo a transição entre as 
nuances das cores com maior exatidão. Criando uma técnica pictórica mais adequada 
às novas conquistas de perspectiva e dos tempos atuais. 
Em suas obras, diferentemente das obras do renascimento italiano, Van Eyck não 
idealizava a figura humana. Pelo contrário, chegou até a usar modelos nus para pintá-
los de maneira fiel e detalhada observando-os diretamente. Segundo Gombrich: 
 
 
Usando óleo em vez de ovo, podia trabalhar muito mais devagar e com maior 
exatidão. Podia fazer cores lustrosas, suscetíveis de serem aplicadas em 
camadas transparentes ou “vidradas”: podia adicionar cintilantes detalhes em 
relevo com um pincel de ponta fina, e realizar todos aqueles milagres de precisão 
e minúcia que espantaram seus contemporâneos e cedo levaram à aceitação 
geral do óleo como veículo pictórico mais adequado (GOMBRICH, 2012, p. 240). 
 
 Como podemos observar em seu retábulo pintado para uma igreja em Flandres: 
 
 
 
 
 
Figura 5 - O retábulo de Ghent - 1432 
 
Fonte: Gombrich, 2012, p. 237 e 238 
 
Diferentemente dos artistas italianos, os pintores do norte mostravam suas 
habilidades para pintura nos elementos da natureza, nos animais, vestimentas e 
edifícios. Não se prendiam à aparência real das figuras, mas representavam a natureza 
de maneira quase científica. Segundo Gombrich: 
 
 
É um palpite fácil dizer que qualquer obra que se destaque pela representação 
da bela superfície das coisas, de flores, jóias ou textura das roupagens, será de 
um artista setentrional, muito provavelmente de um pintor holandes; ao passo 
que um pintura de contornos ousados, perspectiva clara e um domínio seguro 
do belo corpo humano será italiana (GOMBRICH, 2012, p. 240). 
 
Algumas dessas diferenças também podem ser observadas na arquitetura, ao 
passo que a Itália já se caracterizava com suas construções que seguiam os preceitos 
clássicos, o Norte Europeu ainda se encontrava no estilo gótico. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Alguns aspectos do renascimento eram mais interessantes do que outros para os 
artistas nórdicos. Na Itália, a Renascença foi um ressurgimento e principalmente uma 
redescoberta dos ensinamentos e da cultura da Grécia e Roma antigas. Essas culturas 
não eram tão relevantes para os europeus do norte, para os quais as representações da 
mitologia clássica eram muito mais raras do que nos países do Mediterrâneo. A 
Renascença Nórdica foi inspirada pela Reforma Protestante, que trouxe consigo um 
interesse renovado pela representação da imagem humana e por retratar o mundo visível 
de forma realista. 
 
Fonte: (Farthing, 2011, p. 182). 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
REFLITA 
 
A ciência mais útil é aquela cujo fruto é o mais comunicável. 
 
Fonte: Leonardo da Vinci. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Nesta unidade, busquei trazer a você algumas considerações sobre o 
renascimento italiano e setentrional, algumas vezes pouco conhecidas. 
Abordamos, em nosso primeiro tópico, sobre a evolução do conceito de artista 
para artesão e o longo caminho que foi percorrido para serem reconhecidos como tal. 
Também relatamos a importância dos estudos de Leonardo da Vinci para este 
acontecimento, bem como para as descobertas científicas no universo das artes. 
Já no segundo tópico, vimos como a ciência e tecnologia influenciaram o período 
renascentista a partir de estudos como o de Nicolau Copérnico, Galileu Galileu e Da 
Vinci. Ressaltando, também, o arquiteto Filippo Brunelleschi e suas pesquisas sobre 
perspectiva. 
No terceiro tópico, nos familiarizamos com o movimento chamado de maneirismo, 
ou seja, à maneira de, e sua importância tanto como vertente artística transitório entre o 
renascimento e o barroco. Vimos que suas características adiantaram alguns preceitos 
do barroco, ainda associadas à perspectiva do renascimento, sem, no entanto, empregar 
o ideal de beleza grego. 
Por fim, no quarto e último tópico, analisamos as características do renascimento 
do norte, bem como suas aproximações e distanciamentos com o renascimento italiano. 
Constatando que a partir da mudança geográfica também há mudanças na maneira de 
se encarar o mundo e que isto é retratado na forma de expressão artística, seja na 
pintura, arquitetura e/ou escultura. 
E, por fim, foi compartilhado com você parte de um trabalho dissertativo sobre o 
renascimento italiano, a fim de consolidarmos os princípios aprendidos. 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
A fim de complementarmos nossos estudos sobre o renascimento, leia um trecho 
da dissertação de Viviane de Oliveira a seguir, ressaltando a pintura realizada em 
Florença, na Itália, polo da arte renascentista. 
A valorização da pintura como trabalho intelectual constitui uma tradição 
justificada por vários tratados desde a Antiguidade Clássica grega. Contudo, o primeiro 
tratado sobre pintura, que conhecemos, foi O livro da arte, de Cennino Cennini (1370-
1440). Este é considerado pela História da Arte o primeiro tratado tecnológico 
renascentista, manual pioneiro da química aplicada” (PEDROSA, 2006 p. 58). O que 
chamamos de artistas, mesmo nos séculos XVI, nos textos de Leonardo da Vinci e Vasari 
(2006), não podem ser considerados como o conceito contemporâneo sugere, eram 
artesãos, ou homens que eram procurados pela propaganda das cidades, por meio da 
arte e construções. Em nenhuma cidade esse sentimento de orgulho, confiança e 
esperança era mais intenso do que em Florença, onde haviam grandes homens que 
marcariam a História, como Dante Alighieri (1265-1321) e de Giotto di Bondone (1267-
1337). Foi nessa próspera cidade de mercadores, nas primeiras décadas do século XV, 
que um grupo de artistas se dispôs deliberadamente a criar um conceito forte e nobre 
para a concepção de arte (GOMBRICH, 1995). O Renascimento também pode ser 
considerado e renascer do ânimo humano, pois, o século XIV havia sido marcado pelo 
colapso demográfico, a instabilidade política, as revoltas religiosas, e principalmente para 
a peste negra de 1347 – onde metade da população florentina fora dizimada e toda região 
demoraria mais de 50 anos para renascer (FRANCO JÚNIOR, 2001). Há um efeito desse 
movimento de transformação no conceito de arte que devemos considerar. Até por volta 
de 1400, a arte em diferentes partes da Europa desenvolveu-se, segundo linhas 
semelhantes. Segundo Gombrich (1995), o estilo dos pintores e escultores góticos desse 
período é conhecido como Estilo Internacional, porque os objetivos dos mais destacados 
mestres da França e Itália, da Alemanha e da Borgonha, eram todos muito semelhantes 
– claro, salvo exceções, como as diferenças entre a França e a Itália durante o século 
XIII – mas, em seu todo, elas não eram muito importantes. Essa ideia não se aplica 
apenas ao campo da arte, mas também ao mundo do saber e da política. Os eruditos 
 
medievais falavam e escreviam em latim, uma língua única, não fazia grande diferença 
então de onde lecionariam, seja naUniversidade de Paris, Pádua ou Oxford (VERGER, 
1990). Esses fatos modificariam gradualmente em fins da Idade Média, com o 
desenvolvimento urbano, nas cidades, novas ordens como os mercadores e os 
burgueses se tornaram mais vitais para a suas sociedades do que castelos e senhores. 
O mercado utilizava a língua vernácula e cada cidade orgulhava-se de suas posições, 
construções e status. Tudo isso influenciava diretamente o comércio daquela região. 
As mudanças quanto ao conceito de arte, que decorreram ao longo do século XIV 
e XV, são fundamentais para se compreender o próprio Renascimento Italiano, para além 
de uma análise simplista de retorno aos clássicos gregos. A própria evolução da arte é 
representação material da mutação temporal que a História percorre para a criação do 
nosso entendimento. Afinal, pensarmos os limites entre o artesão e o artista nos permite 
entender essa passagem. O conceito de artista, tal como conhecemos e definimos 
Leonardo da Vinci, não é atemporal. Esse processo se deu a partir da tomada de 
conhecimento e valorização de si próprio. A partir do momento em que o chefe de um 
ateliê já não se considera um fabricante e concede-se algumas curiosidades intelectuais, 
toda uma série de transformações imprime-se em seu trabalho. A representação gráfica 
torna-se um modo de investigação ‘científica’ e não mais atende à necessidade material 
de alguma função. Em outras palavras, o próprio conceito de artista é criação do 
Renascimento. O fato é que Florença, desde a época do Magnífico, oferece mais 
problemas do que certezas. Leonardo da Vinci compreendia essa nova evolução cultural, 
não de forma consciente. Em seus princípios sobre a pintura, o artista busca defender 
essa arte a partir de sua cientificação. Na primeira parte do Tratado da Pintura, ele define 
a pintura como a principal arte e a compara com as demais formas artísticas: poesia, 
música e arquitetura. Para justificar a superioridade da pintura, em relação às outras 
artes, Leonardo da Vinci tenta, a partir da matemática, estudos anatômicos e outras 
concepções de experiência, definir a pintura como a ciência que relaciona a realidade 
com a imagem, como ciência universal. 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
● Título: O renascimento 
● Autor: Nicolau Sevcenko. 
● Editora: Editora Atual. 
● Sinopse: Conheça essa grande experiência histórica, base cultural do mundo 
moderno. Acompanhe a trajetória dos humanistas, a criação das línguas 
nacionais, o nascimento do individualismo e do racionalismo. Experiência 
radicalmente humana, exercício de liberdade de criação, o renascimento é tema 
essencial no estudo da história. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
● Título: Médici: mestres de Florença 
● Ano: 2016-2018. 
● Sinopse: Acompanhe a série baseada na história dos Medici de Florença, uma 
família influente que governou a cidade no século 15, promovendo a vida artística, 
cultural, espiritual e científica da época. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. 
 
GOMBRICH, E.H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 
 
OLIVEIRA, V. Uma concepção de educação no conceito de ciência universal de 
Leonardo da Vinci. (Dissertação de Mestrado). Universidade Estadual de Maringá: 
Maringá, 2016. 
 
 
 
UNIDADE II 
BARROCO, ROCOCÓ E BARROCO BRASILEIRO 
Professora Mestre Giovanna Renzetti 
 
 
Plano de Estudo: 
● Características do estilo barroco e diferenças entre renascimento e barroco; 
● Principais artistas do barroco italiano e barroco do norte; 
● Diferenças entre barroco e rococó; 
● Barroco brasileiro e suas características essenciais. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conceituar e contextualizar as características do estilo barroco; 
● Compreender as diferenças entre barroco e rococó; 
● Estabelecer a importância do barroco brasileiro. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Nesta unidade, iremos mergulhar no universo do barroco e suas principais 
características. Veremos, em um primeiro momento, suas origens europeias e, 
posteriormente, seu desdobramento no Brasil. Também aprenderemos diferenciar as 
particularidades entre barroco e renascimento e barroco e rococó. Lembro a você que 
todo movimento artístico se manifestou na pintura, na arquitetura e na escultura. 
No primeiro tópico, aprenderemos sobre as principais características do período 
barroco e seus distanciamentos em relação ao período renascentista. Perceberemos que 
os artistas do século XVII priorizaram a emoção acima da razão, adicionando 
dramaticidade a suas produções, a qual se manifestou por meio do jogo de luz e sombra, 
movimentação e, comumente, composições na diagonal. 
Em um segundo momento, iremos nos familiarizar com os principais expoentes 
do barroco italiano, bem como do barroco setentrional e perceberemos como as obras 
se alteram de acordo com a localização geográfica dos artistas, contudo, ainda existindo 
um paralelo de particularidades. 
No terceiro tópico, seremos introduzidos a um novo movimento artístico cunhado 
de rococó, posterior ao período barroco, e, assim, aprenderemos algumas de suas 
principais características, nos possibilitando fazer uma comparação com as 
particularidades do período anterior, traçando as diferenças entre ambos. 
Por fim, em nosso último tópico, mergulharemos no universo do barroco brasileiro 
e suas manifestações locais. Veremos que a principal forma de produção em território 
verde e amarelo aconteceu por forma de grandiosas igrejas e também esculturas. Além 
disso, seremos introduzidos aos principais artistas brasileiros desse período que 
consolidaram o movimento em nosso país. 
A nossa leitura complementar nos auxiliará, ainda, a compreender esse marco 
que foi a produção barroca em alguns estados brasileiros, principalmente, em Minas 
Gerais. 
 
 
 
1 CARACTERÍSTICAS DO ESTILO BARROCO E DIFERENÇAS ENTRE 
RENASCIMENTO E BARROCO 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/amsterdam-netherlands-31-december-
2015-picture-377749780 
 
No século XVII tivemos as manifestações artísticas do período barroco, o qual 
surgiu na península itálica, mas se dissipou pelo restante dos países europeus e também 
pelo continente americano. Assim, ressalta-se que cada lugar teve suas variações dentro 
do universo barroco. 
Enfatiza-se que toda manifestação artística é relacionada ao contexto no qual o 
artista está inserido, ou seja, é uma representação de sua época, dessa forma, o 
sentimentalismo nas pinturas deste período está ligado à reforma protestante, à 
contrarreforma, ao momento de incertezas e maior subjetividade na maneira de se 
encarar o mundo. 
Em termos compositivos, destaca-se a vitalidade das figuras, a vivacidade 
expressiva e a opção por dispor os elementos da pintura no eixo diagonal. Há, ainda, um 
abuso da técnica do claro e escuro - jogo de luz e sombra - com o intuito de intensificar 
o sentimentalismo e emoção que o autor deseja transmitir. Os elementos da pintura 
formam um conjunto, de maneira que todos os volumes estão conectados. 
Os temas se concentraram, principalmente, em cenas religiosas e da vida nobre 
e do povo, mergulhados em jogos de luz, onde certas partes são privilegiadas com 
luminosidade e outras escurecidas. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - A lição de anatomia de Dr. Tulp - Rembrandt 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/amsterdam-netherlands-31-december-2015-picture-377749780
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/amsterdam-netherlands-31-december-2015-picture-377749780
 
 
Fonte: (Proença, 2011, p. 145) 
 
Enfatiza-se que o barroco se manifestou na pintura, arquitetura, escultura, bem 
como na música, dando lugar a formas contínuas e infinitas. Foi o período que sucedeu 
à baixa renascença, o maneirismo do fim do século XVI e precedeu as manifestações 
artísticas do rococó, dando lugar a uma beleza mais moderada ao invés dos ideaisde 
beleza clássicos. Teve como características intenso decorativismo, designs complexos, 
além do uso de luz e sombra. Roma foi a cidade mais ligada ao período barroco por ter 
sido o centro das produções e debates artísticos e também por conta da contrarreforma 
católica. 
Diferentemente do renascimento, a pintura barroca quebra com a harmonia entre 
razão e sentimento, atribuindo emoção acima da razão às suas representações. 
Os pintores renascentistas pintavam o mundo como ele era, mais próximo ao real 
e viam o ser-humano como a maior manifestação de Deus, assim sendo, as figuras 
representadas passaram a ganhar maior fisionomia humana. Os temas se concentravam 
na antiguidade grega e cristã, e cada elemento existia por si só nas composições. As 
pinturas apresentavam uma concepção de linhas geométricas e diferentes planos onde 
as personagens eram alocadas, formando o conjunto total da obra. 
A linha determinava com clareza os objetos representados, os contornos eram 
bem definidos e rigorosos e toda a composição apresentava a mesma ênfase em termos 
 
de luz, ou seja, uma luz abstrata. Os limites estabelecidos pela pintura renascentista 
onde a composição toma forma em diferentes planos horizontais deixa de aparecer na 
pintura barroca. Os elementos da pintura não são isolados entre si, mas formam um 
conjunto, de maneira que todos os volumes estão conectados. 
No período barroco, as esculturas, por exemplo, ganham maior movimentação, 
percebida no movimento das vestes e posição dos braços e pernas, diferentemente do 
renascimento em que estão estáticas. Na arquitetura, as linhas clássicas renascentistas 
deram lugar aos ornamentos e exageros do barroco. 
 
 
 
 
 
2 PRINCIPAIS ARTISTAS DO BARROCO ITALIANO E BARROCO DO NORTE 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/rome-italy-july-26-2018-famous-
1212306121 
 
É a partir da seguinte afirmação de Gombrich que iniciamos nossos estudos sobre 
os principais artistas do renascimento da Itália e do Norte Europeu: 
 
 
O desenvolvimento da pintura, ao sair do impasse do maneirismo para um estilo 
muito mais fértil em possibilidades do que o dos grandes mestres anteriores, foi 
semelhante em alguns aspectos ao da arquitetura barroca. Na grande pintura de 
Tintoretto e El Greco vimos o crescimento de algumas ideias que adquiriram 
cada vez mais importância na arte do século XVII: a ênfase sobre a luz e a cor; 
o desprezo pelo equilíbrio simples; e a preferência por composições mais 
complicadas (GOMBRICH, 2012, p. 390). 
 
O trecho acima, bem como o primeiro tópico desta apostila, anuncia as principais 
características do período barroco que foram manifestadas tanto na pintura, quanto na 
escultura e arquitetura. Adiante, veremos quais os principais expoentes dessas 
produções nas diferentes regiões europeias. 
Na Itália dois grandes artistas se destacaram com suas produções barrocas, 
sendo eles: Caravaggio e Carracci, os quais trabalharam na cidade de Roma, que, como 
já vimos, era o centro de disseminação cultural e artística da época. 
Segundo Farthing (2011), o estilo de Carracci “é repleto de movimento, dinamismo 
e cor”, evidenciado nas vestes das figuras. O autor ainda enfatiza a beleza do ideal 
clássico em suas imagens, porém atribui a elas sentimentalismo nas expressões e certa 
dramaticidade. 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - A adoração dos pastores, 1612 - Carracci 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/rome-italy-july-26-2018-famous-1212306121
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/rome-italy-july-26-2018-famous-1212306121
 
 
Fonte: (Farthing, 2011, p. 212) 
 
Em outra linha de pensamento, Caravaggio apresentava uma vertente mais 
naturalista em suas produções, pois tinha por intuito representar o mundo como o via. 
Negou os ideais de beleza clássico, adotando uma maior honestidade de representação 
das figuras. Suas obras são conhecidas pelo intenso uso da técnica de luz e sombra, na 
qual o artista se utiliza de lugares específicos da tela para dar maior ênfase e, assim, 
chamar a atenção do espectador para lugares específicos da composição. Esses 
contrastes de luz e sombra ainda auxiliavam no volume dos corpos e possibilitaram a 
restrição na paleta de cores. O pintor ficou conhecido por suas produções valorosas, 
dramáticas e comumente de temas religiosos. 
 
 
 
Figura 3 - Tomé o incrédulo, 1600 - Caravaggio
 
Fonte: (Gombrich, 2012, p. 251) 
 
Ainda na Itália, nos deparamos com Bernini, artista que expressou suas 
características estilísticas barrocas na arquitetura e em esculturas. Sua obra mais 
conhecida é a escultura “O êxtase de Santa Teresa” pela intensidade da expressão da 
figura central que apela pela atenção do espectador. Além da sensação de movimento a 
partir das vestes e do posicionamento dos elementos da composição escultural. Segundo 
Gombrich (2012), Bernini “rejeitou deliberadamente todas as limitações e levou-nos a um 
extremo de emoção que os artistas haviam até então evitado”. Há o predomínio de linhas 
sinuosas, uso do dourado e decorativismo exacerbado. 
A obra ainda conta com um conjunto entre arquitetura e escultura onde o artista 
também projeta “o pano de fundo” da escultura com uma abóbada ornamentada, com 
abertura para a entrada de luz, fornecendo dramaticidade tipicamente barroca. 
Em termos de arquitetura barroca italiana, a grande intenção da igreja católica era 
demonstrar seu “triunfo da fé” por meio da grandiosidade da arquitetura, abandonando 
os valores simples e racionais do renascimento e investindo em elementos dourados e 
ornamentos, característicos do período barroco. As manifestações artísticas eram um 
meio de propagação da fé católica. 
 
 
Figura 4 - O êxtase de Santa Teresa, 1652 - Bernini 
 
Fonte:(Farthing, 2011, p. 213) 
 
Entrando no panorama da pintura dos países baixos, é importante primeiramente 
entendermos que: 
 
 
Depois de 80 anos de guerras, o Tratado de Munster (1648) deu a independência 
à República dos Países Baixos e, numa nação de maioria protestante, a arte 
tomou um rumo diferente. A República das Sete Províncias Unidas dos Países 
Baixos abrangia uma área que hoje compreende Holanda, Bélgica e 
Luxemburgo, no norte da Europa, e era governada pelos reis Habsburgo da 
Espanha. A fim de se desligar de seus governantes católicos, os Países Baixos 
criaram um estado governado por cidadãos eleitos, soldados e comerciantes que 
acabariam por construir a nação mais rica da Europa do século XVII. O sucesso 
financeiro da jovem república se baseava em seu poderio marítimo e no comércio 
exterior. Com a prosperidade renovada e o surgimento de uma burguesia 
mercantil, a república exigiu o surgimento de uma nova arte, o que resultou na 
idade de ouro da pintura holandesa (FARTHING, 2011, p. 222). 
 
 
E foi diante desse contexto que as produções dos artistas que estudaremos a 
seguir ganharam vida. Conhecidos como pintores do norte, veremos que, com o 
deslocamento geográfico houveram certas diferenciações entre as produções da Itália e 
da Europa setentrional, mesmo com a maioria desses artistas tendo se deslocado à 
Roma para estudar e retornado a seus respectivos países de origem. 
No barroco do norte, os artistas podem ser reunidos de acordo com a temática de 
suas produções, ou seja, a pintura dessa época viu uma especialização cada vez maior 
de certos temas escolhidos. 
O primeiro pintor dentre esses artistas que veremos é Rubens, que, segundo 
Gombrich (2012) trouxera da Itália a predileção pelas telas gigantescas para decorar 
igrejas e palácios, e isso ajustava-se ao gosto dos dignitários e príncipes. Rubens 
aprendera a arte de dispor as figuras numa vasta escala e de usar luz e cores para 
aumentar o efeito geral. 
O pintor criou diversas obras religiosas, em altares, bem como retratos e pinturas 
históricas. Suas pinceladas eram perceptíveis e suas composições energéticas com uso 
de coresvibrantes. Suas figuras comumente apareciam de corpo inteiro com caráter 
mais naturalista. O grande mistério das manifestações de Rubens era sua maestria em 
tornar intensamente viva toda e qualquer coisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 - Virgem e menino entronizados com santos, 1628 - Rubens 
 
 
Fonte: (Gombrich, 2012, p. 399) 
 
O pintor Velázquez se destacou na Espanha por pintar retratos da corte e da 
família real. Também foi à Roma estudar e absorveu o naturalismo típico de Caravaggio. 
Dedicou-se a observar a natureza e não se prender a regras de representações. Em 
suas obras predominam os tons mais acinzentados, castanhos e esverdeados, em que 
podemos perceber em uma de suas obras mais icônicas chamada “as meninas”, em que 
o artista, a partir do uso de luz e sombra, cria uma ilusão de espaço. Suas pinceladas 
são perceptíveis e o efeito de luminosidade na composição é adquirido através da adição 
e subtração de camadas de tinta. 
 
 
 
 
Figura 6 - As meninas, 1656 - Velázquez 
 
 
Fonte: (Gombrich, 2012, p. 409) 
 
Rembrandt e Vermeer também marcaram a idade de ouro da pintura holandesa. 
O primeiro, não se utilizava de gestos intensos em suas produções para passar suas 
mensagens bíblicas, empregou tons castanhos escuros em suas produções em 
contrastes com cores mais vibrantes, coroadas pelo efeito do claro e escuro. Assim como 
Caravaggio, dava maior valor à harmonia da composição do que à beleza das figuras. 
Vermeer, assim como Rembrandt, ficou conhecido por reproduzir cenas do povo 
e do cotidiano da vida holandesa. Seus quadros são conhecidos como “naturezas-mortas 
com figuras humanas”, pintou poucas telas e dava grande atenção aos detalhes de suas 
composições, em um jogo de cores e formas. 
 
 
 
Figura 7 - A ronda noturna, 1642 - Rembrandt 
 
 
Fonte: (Farthing, 2011, p. 226) 
 
Figura 8 - A leiteira, 1660 - Vermeer 
 
Fonte: (Gombrich, 2012, p. 432) 
 
3 DIFERENÇAS ENTRE BARROCO E ROCOCÓ 
 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/ussr-circa-1983-postcard-printed-
shows-91623812 
 
A vertente artística denominada de rococó, diferentemente do barroco, floresceu 
na França no século XVIII, estando diretamente relacionada à vida aristocrática. 
Foi um movimento que uniu elegância, dinamismos teatrais, graciosidade e 
decorações, sendo uma reação ao exacerbamento do barroco. Segundo Gombrich 
(2012, p. 454), na pintura, houve “uma predileção por cores e decorações delicadas que 
sucederam ao gosto mais robusto do período barroco e que se expressou em alegre 
frivolidade”. Os artistas também empregavam linhas mais curvas e maior luminosidade 
em suas pinturas. Foi um estilo predominantemente decorativo. 
Os temas se concentraram em cenas da vida aristocrática e se afastaram de 
representações religiosas, diferentemente do período anterior. Em termos arquitetônicos, 
o rococó se manifestou principalmente na decoração interior dos palácios. 
Um dos maiores expoentes da pintura rococó foi o francês Jean-Antoine Watteau, 
o qual ajudou a desenvolver o estilo. As características recorrentes em suas pinturas são 
cenas campestres idílicas, com ar melancólico, os contornos delicados e a harmonia 
entre as cores. 
Outro artista que merece destaque é o francês Jean-Honoré Fragonard, autor da 
obra "O balanço", na qual retrata o gosto dos pintores do período pelo erotismo, ambiente 
bucólico e as linhas sinuosas, como na vestimenta da figura central. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9 - Festa num parque, 1718 - Watteau 
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/ussr-circa-1983-postcard-printed-shows-91623812
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/ussr-circa-1983-postcard-printed-shows-91623812
 
 
Fonte: (Gombrich, 20121, p. 454) 
 
Figura 10 - O balanço, 1767 - Fragonard 
 
Fonte: (Farthing, 2011, p. 254) 
 
 
4 BARROCO BRASILEIRO E SUAS CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS 
 
O movimento do barroco também chegou em solo brasileiro, porém de maneira 
tardia. Enquanto os países europeus já haviam superado as produções barrocas, o Brasil 
atingia seu apogeu. O barroco brasileiro ficou conhecido, sobretudo, por suas igrejas, as 
quais veremos a seguir, mas também se manifestou na pintura e escultura, entre os 
séculos XVIII e XIX. 
É correto afirmar que em território verde e amarelo esse estilo é intrinsecamente 
associado à religião católica, contudo, um fato curioso, é que as construções barrocas 
se estenderam para além das igrejas, dando forma a casas, cadeias, câmaras 
municipais, chafarizes, entre outros. 
Ainda existiram duas linhas do barroco brasileiro, uma ligada às terras 
enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela exploração de minérios, como foi o caso 
dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, e, em contrapartida, 
as regiões que não foram enriquecidas pelo ciclo do açúcar e da mineração, as quais 
apresentaram traços barrocos mais modestos. Nos estados mencionados acima, a 
arquitetura, escultura e pintura atingiram seu ápice de representação barroca 
impulsionadas pelas riquezas dos ciclos exploratórios, como veremos em sequência. 
No século XVIII, com total predomínio do estilo barroco, a primeira capital federal 
do Brasil, Salvador, era a região mais rica da época, por ser o principal centro econômico. 
Assim sendo, é encontrado grandes igrejas beneficiadas por essas riquezas na região, 
ornamentadas por ouro em seu interior e com grande riqueza em detalhes, como é o 
caso da Igreja de São Francisco de Assis, datada em 1708. 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 - Altar lateral Igreja São Francisco de Assis, Salvador - BA, 1708 
 
 
Fonte: (Proença, 2011, p. 155) 
 
O Rio de Janeiro se beneficiou com o ciclo econômico do barroco a partir de 
construções civis que auxiliaram em seu desenvolvimento urbano. Além disso, foi palco 
de um dos grandes escultores do barroco brasileiro: Mestre Valentim, o qual produziu 
obras para praças e jardins públicos, como também para diversas igrejas cariocas, onde 
as esculturas eram comumente feitas em madeira, com linhas que expressam 
movimento. 
Já a região de São Paulo recebeu manifestações bastante simplórias, pelo fato 
de não ser um centro de grandes riquezas, algumas pinturas e igrejas são encontradas 
na região. 
A maior expressão barroca brasileira pode ser encontrada no estado de Minas 
Gerais, onde houve a exploração do ouro. Em termos arquitetônicos, Proença afirma que 
(2011, p. 164): 
 
 
A evolução da arquitetura mineira não foi rápida. A princípio, tentou-se utilizar 
como técnica construtiva a taipa de pila, um processo tipicamente paulista. Mas 
 
não deu certo, por causa do terreno duro e pedregoso, pouco favorável ao 
fornecimento de terras argilosas. Depois, paulistas e portugueses tentaram 
outros processos, até chegarem às construções com muros de pedra. Porém, 
essas construções de pedra foram surgindo lentamente [...] Assim, as 
construções constituíam-se de paredes paralelas que criavam interiores 
retangulares, com muros lisos, sem as sinuosidades tão comuns ao estilo 
barroco. (PROENÇA, 2011, p. 164) 
 
Com o passar dos anos, no entanto, as técnicas de construção foram sendo 
aperfeiçoadas, bem como a rica ornamentação dos interiores das igrejas, dando lugar à 
riquíssimas composições e integrações entre arte (escultura, pintura) e arquitetura. O 
projeto da Igreja de São Francisco em Ouro Preto é uma representação dessa 
assimilação entre as artes. Com ornamentos esculpidos em pedra sabão por Antônio 
Francisco Lisboa - o Aleijadinho e pintura no teto de Manuel da costa Ataíde - Mestre 
Ataíde, as linhas curvas da arquitetura englobam todo o conjunto artístico. 
É perceptível a técnica da perspectiva dominada por mestre Ataíde em sua pintura 
da igreja, onde as colunas dão a impressão de estarem avançando ao infinito, bem como 
as particularidades das esculturas de aleijadinho, comumenterealizadas em pedra sabão 
e/ou madeira. Suas figuras apresentam olhos amendoados, simplicidade e dinamismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12 - Teto da Igreja São Francisco, Ouro Preto - Mestre Ataíde 
 
 
Fonte: (Proença, 2011, p.166) 
 
 
SAIBA MAIS 
 
O termo "barroco" era, inicialmente, depreciativo, e foi cunhado por uma geração 
posterior de críticos que pretendia desonrar a arte que os havia precedido. A palavra 
significa disforme, absurdo ou grotesco e se refere às formas tipicamente fluidas e 
infinitas associadas ao estilo. O termo é usado para designar a arte, a arquitetura e a 
música que sucedeu a Baixa Renascença e precedeu o rococó. Visto como uma reação 
ao estilo maneirista do fim do século XVI, no qual o idealismo clássico deu lugar a uma 
beleza plácida, o barroco é associado principalmente à arte feita sob encomenda para a 
Igreja Católica. É caracterizado pela decoração pesada, o design complexo, porém 
sistemático e a aplicação abundante de luzes e sombras. 
 
Fonte: (Farthing, 2011, p. 213) 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
REFLITA 
 
Escolha apenas um mestre - a natureza. 
 
Fonte: Rembrandt, 1975. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O objetivo desta unidade foi introduzir a você no período barroco dentro do 
universo da história da arte. Assim, busquei criar uma linha de aproximações e 
afastamentos entre o barroco e renascimento e barroco e rococó, a fim de localizá-lo no 
panorama da história da arte. 
Em um primeiro momento, revisamos as principais características abordadas no 
movimento, como o uso de luz e sombra, composições na diagonal e em massas, 
dramaticidade e emoção acima da razão. Também vimos que toda manifestação de arte 
está relacionada ao seu tempo, desse modo, os artistas do barroco estavam 
intrinsecamente ligados à reforma protestante e à contrarreforma, ou seja, um período 
de incertezas, fato que transparece em suas produções. 
No segundo tópico, conhecemos as produções de alguns dos principais artistas 
do período, tanto do barroco italiano, quanto do barroco do norte, e notamos as 
diferenças entre as duas regiões, principalmente, nos temas que foram abordados. No 
primeiro, a religiosidade esteve muito presente, já, no barroco setentrional, houve maior 
concentração de retratos e temas da vida cotidiana. 
Em nosso terceiro tópico, fomos introduzidos ao período rococó de modo a fazer 
um paralelo às manifestações barrocas, sendo possível perceber que no rococó as 
pinturas ganharam maior leveza, sendo mais teatrais, graciosas e idílicas. Na arquitetura, 
os ornamentos e decoração de interiores ganharam destaque especial. 
No último tópico, nos aprofundamos no barroco brasileiro e conhecemos os 
grandes expoentes da pintura e escultura local. Vimos que as manifestações barrocas 
se concentraram em igrejas nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e, 
sobretudo, em Minas Gerais. Foi possível perceber a grandiosidade dessas produções, 
bem como sua importância para nossa história e cultura. 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
A fim de complementarmos nossos estudos sobre o barroco brasileiro, leremos 
um trecho da dissertação de Jorge Pedro Barbosa Lemos sobre as igrejas barrocas. 
 
Há um detalhe que se tornou uma particularidade das igrejas trabalhadas no estilo 
barroco em todas as regiões do Brasil. Enquanto as igrejas espanholas e portuguesas, 
na decoração de seus interiores, optaram por arabescos, ornatos, rendas, babados e 
desenhos curvilíneos assimétricos, os ornamentos das igrejas brasileiras apresentam-se 
mediante figuras de plantas, animais e motivos indígenas como penas, trançados e 
tramas; talvez pela proximidade ou pela intenção de atrair as comunidades indígenas 
que eram muito maiores no século XVIII. 
 A cidade de Salvador, na Bahia, foi a mais importante da época colonial, e existe 
um adágio popular que diz: "Na Bahia tem mais igrejas que os dias do ano”. A maior 
parte delas eram cópias adaptadas de modelos portugueses nas típicas fachadas com 
duas torres, como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, e 
Bom Jesus do Monte em Braga, Portugal. 
Em contraponto, em Minas Gerais, no final do século XVIII, quando a riqueza do 
ouro trouxe prosperidade para a região, desenvolveu-se um núcleo do barroco tardio 
riquíssimo não só pelo valor agregado pelo ouro, mas pelo requinte da arquitetura ali 
desenvolvida. A Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, é incomparável, possui 
um traçado curvilíneo alongado; as paredes externas ora são côncavas ora são 
convexas; as torres são embutidas nos 54 corpos da igreja que lembra, segundo os guias 
turísticos locais, uma caravela de cabeça para baixo, em um capricho de Aleijadinho que 
não esqueceu nem mesmo dos canhões nas janelas. 
 Em Mato Grosso, não houve tempo, na era do ouro, de desenvolver as artes da 
arquitetura ou da decoração, tais quais as desenvolvidas nas terras mineiras. As 
características de mineração e mesmo de urbanização não permitiam uma estabilidade 
social em torno da reaplicação da arrecadação local. As preocupações com a própria 
sobrevivência geram, na população local, receio dos rigores do clima e dos caminhos 
fluviais, repletos de perigos em embarcações precárias. Isso tudo não permitia a 
 
abstração requerida pela arte e uma disposição emocional em aplicar recursos naquilo 
que não era imediato e concreto. 
Nessa situação, a religião era um apego de devoções pessoais, e santos, santas 
e anjos eram domésticos. O altar era sem requinte, apenas uma cômoda ou prateleira 
onde se acendiam as velas. Era um barroco adaptado, não decorativo, mas um barroco 
atitude, no qual a religiosidade era adaptada à pobreza. 
 A descoberta de ouro no Sul do Brasil, mais especificamente em Paranaguá, no 
final do século XVII, era de pequena quantidade, nada comparável ao que aconteceria 
em Minas Gerais no século seguinte, mas foi o suficiente para fundar a cidade de 
Paranaguá e deixar ali uma comunidade dedicada à pesca. 
Foi na província de São Paulo onde, primeiramente, encontrou-se o ouro de 
aluvião. Até aquela época, na primeira metade do século XVII, o ouro ainda não tinha 
sido encontrado em outro lugar. O achado foi exageradamente comemorado, atraindo 
multidões de aventureiros, porém os veios auríferos eram de pequena quantidade, o que 
causou desilusão entre os garimpeiros que voltaram aos seus antigos lugares e 
costumes. As tentativas de se extrair ouro do litoral duraram o suficiente para fundar-se 
cidades. Foi o caso de Paranaguá. Entretanto, o que se seguiu foi um forte comércio de 
pesca, e a caça à baleia tornou aquela região uma das mais fortes províncias no 
fornecimento do óleo e outros produtos derivados da pesca ao cetáceo. Com a 
exploração da pesca, tanto as regiões paranaenses que ainda pertenciam à capitania de 
São Paulo quanto às regiões da província de Santa Catarina passaram a ser habitadas 
com outros interesses, além da febre do ouro. Esses movimentos comerciais levaram à 
formação de pequenos agrupamentos litorâneos e, consequentemente, à construção de 
capelas que abriram espaço para o estabelecimento do artesanato das artes sacras. 
 
 
 
 
LIVRO 
 
 
● Título: A história da arte 
● Autor: E. H. Gombrich. 
● Editora: Editora LTC. 
● Sinopse: A História da Arte é um dos mais famosos e populares livros sobre arte 
já publicados. Durante 45 anos, permaneceu incomparável como uma introdução 
a todo o assunto, das mais antigas pinturas em cavernas à arte experimental de 
hoje. Leitores de todos os tempos e das mais diversas origens encontram em 
Ernst Gombrich um verdadeiro mestre, que combina o conhecimento e a 
sabedoria a um talento excepcional para comunicar seu profundo amor pelas 
obras de arte que descreve. A História da Arte deve sua duradoura popularidade 
à objetividade e simplicidade do texto, sem mencionar a habilidade do autorpara 
apresentar uma narrativa fluente. Ele descreve como sendo seu objetivo trazer 
alguma ordem compreensível à riqueza de nomes, períodos e estilos que 
preenchem as páginas com as obras mais ambiciosas. Além disso, Gombrich usa 
sua percepção da psicologia das artes visuais para nos fazer ver a história da arte 
como uma tela contínua e uma mudança de tradições, em que cada obra reflete 
o passado e aponta para o futuro. Trata-se de uma corrente viva, que ainda liga o 
nosso tempo à era das Pirâmides. 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
● Título: Moça com brinco de pérola 
● Ano: 2003. 
● Sinopse: Em pleno século XVII vive Griet, uma jovem camponesa holandesa. 
Devido a dificuldades financeiras, Griet é obrigada a trabalhar na casa de 
Johannes Vermeer, um renomado pintor de sua época. Aos poucos Johannes 
começa a prestar atenção na jovem de apenas 17 anos, fazendo dela sua musa 
inspiradora para um de seus mais famosos trabalhos, a tela “Girl with a Pearl 
Earring". 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. 
 
GOMBRICH, E.H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 
 
LEMES, J. P. O barroco no Brasil: Arte e educação nas obras de Antônio Francisco 
Lisboa. (Dissertação de mestrado). Universidade Estadual de Maringá: Maringá, 2012. 
 
PROENÇA, G. A história da arte. São Paulo: Ática, 2011. 
 
 
 
 
UNIDADE III 
NEOCLASSICISMO E ROMANTISMO 
Professor Mestre Giovanna Renzetti 
 
 
Plano de Estudo: 
● Características da escola neoclássica; 
● Principais artistas do neoclassicismo; 
● Diferenças e semelhanças entre o classicismo e romantismo; 
● Esclarecimentos sobre o movimento romântico e a estética romântica. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conceituar e contextualizar as características da escola neoclássica; 
● Compreender as semelhanças e diferenças entre o classicismo e romantismo; 
● Estabelecer a importância do movimento e estética românticas. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Nesta primeira unidade, vamos conhecer os períodos artísticos neoclássico e 
romântico. Veremos as características que aproximam e distanciam as duas escolas, 
bem como os fatos históricos que impulsionaram o desenvolvimento de cada uma. 
Lembrando que cada manifestação artística é uma expressão dos acontecimentos de 
seu tempo. Também aprenderemos sobre a estética romântica e sua relação com a 
filosofia e a poética antiga. 
No primeiro tópico, aprenderemos sobre as características da escola neoclássica 
e seus fundamentos atrelados às redescobertas das ruínas antigas, ou seja, das cidades 
de Pompéia e Herculano. Bem como ao pensamento iluminista e ao pensamento 
humanista-renascentista, o que desencadeou em uma série de particularidades que 
retomaram os preceitos clássicos, tais como a simetria, equilíbrio e racionalidade. 
Já no segundo tópico, aprenderemos sobre os principais artistas do 
neoclassicismo, com enfoque em dois pintores: Jacques-Louis David e Jean-Auguste 
Dominique Ingres. Veremos os temas abordados por esses artistas, nas particularidades 
de cada um. 
No terceiro tópico, iremos fazer um comparativo entre as características do 
período neoclássico e romântico. Fazendo uma abordagem entre as aproximações e 
afastamentos de suas particularidades, nos familiarizando mais profundamente com o 
período denominado de romantismo e seus artistas. 
Por fim, no último tópico, iremos nos familiarizar de maneira mais aprofundada no 
movimento romântico como movimento artístico e também na estética romântica dentro 
do escopo de teoria da arte. Perceberemos que apesar das semelhanças, a estética 
romântica foi fortemente influenciada pela filosofia e por uma nova maneira de enxergar 
o mundo e de posicionar o sujeito frente a ele. 
 
 
 
1 CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA NEOCLÁSSICA 
 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/death-socrates-by-jacques-louis-
david-751011886 
 
O neoclassicismo surgiu no século XVIII e perdurou aproximadamente até 
meados do século XIX. Foi uma vertente da arte ocidental que surgiu em Roma e se 
dissipou pelo restante da Europa. É importante ressaltar que a literatura e a filosofia 
serviram como apoio para o desenvolvimento das artes visuais desse movimento, bem 
como para a arquitetura e moda. Isso ocorreu pelo fato de uma nova vertente filosófica 
denominada de iluminismo - apoiada no racionalismo histórico - estar se desenvolvendo 
no período em questão. 
Outro destaque do contexto histórico do período neoclássico se dá para as 
redescobertas do mundo antigo clássico. Nos anos de 1738 e 1748 as cidades de 
Herculano e Pompéia, respectivamente, soterradas pelo vulcão Vesúvio estavam sendo 
escavadas, o que acarretou em descobertas que despertaram a curiosidade e o interesse 
pela antiguidade clássica. Fato que culminou nas características adotadas pelo estilo 
neoclássico em suas diferentes facetas e que aqui serão exploradas. 
Ressalta-se, ainda, que o culto à antiguidade foi fundamental para o 
desenvolvimento do pensamento humanista-renascentista. Em termos políticos, foi uma 
época em que houve a transição do regime de monarquias absolutas, com período de 
revoluções e pós-revolução, sobretudo, a era do império napoleônico - fato que será 
expresso nas artes. 
Os artistas, literatos, filósofos tinham por intenção ir além dos exageros da arte 
barroca e viabilizar o regresso ao rigor, disciplina e clareza das formas do mundo 
clássico. Por isso a denominação da vertente artística de neoclássica. A teoria base do 
movimento foi desenvolvida pelo filósofo alemão Winckelmann, o qual relatou em seus 
escritos a superioridade da arte grega. 
Sendo assim, as características do período neoclássico retomaram àquelas da 
antiguidade clássica, tais como o racionalismo, equilíbrio e a técnica. Os temas recaíam, 
sobretudo, na narrativa de cenas da mitologia clássica, havia também intenção de se 
distanciar da frivolidade das pinturas rococó. Ainda com a ascensão de Napoleão ao 
trono, as pinturas retratavam diferentes períodos do império romano, com o imperador 
em destaque. Segundo Proença: 
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/death-socrates-by-jacques-louis-david-751011886
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/death-socrates-by-jacques-louis-david-751011886
 
 
 
Nas últimas décadas do século XVIII e nas primeiras do século XIX uma nova 
tendência estética predominou nas criações dos artistas europeus. Trata-se do 
academicismo ou neoclassicismo, que expressou os valores próprios de uma 
nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direção da sociedade europeia após 
a Revolução Francesa e principalmente com o império de Napoleão (PROENÇA, 
2011, p. 171). 
 
Os artistas apresentavam uma linguagem mais sistemática e acadêmica típica 
dos modelos clássicos. O que se desejava era imitar as formas criadas pelos gregos 
antigos e renascentistas italianos, de tal maneira que o termo “imitar” fosse uma 
expressão ideal do produto artístico clássico. 
A pintura seguia as linhas racionais da escultura grega, já em termos 
arquitetônicos, as construções seguiram os modelos dos templos greco-romanos ou das 
edificações do renascimento, ressalta-se que as produções, independente do campo da 
arte, buscavam sempre o equilíbrio de suas composições. 
 
 
 
2 PRINCIPAIS ARTISTAS DO NEOCLASSICISMO 
 
Imagem de Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/pope-pius-vii-sistine-chapel-by-
423235825 
 
Aqui falaremos sobre os dois principais pintores do período neoclássico: Jean-
Louis David (1748-1825) e seu discípulo Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867). 
O primeiro ganhou grande destaque por suas pinturas com temas sobre a revolução 
francesa e, sobretudo, sobre os fatos históricos durante o governo de Napoleão. 
Ressaltou em suas pinturas a nobreza da antiguidade clássica a partir de seus temas 
heroicos e das suas formas equilibradas.Retratou cenas de heroísmo e sacrifício. 
Na pintura abaixo, é possível observar o equilíbrio e simetria da composição, bem 
como a nitidez dos contornos, em uma representação do imperador Napoleão - tema 
histórico. 
 
Figura 1 - Bonaparte atravessando os alpes, 1801 - Jean Louis David 
 
Fonte: (Proença, 2011, p. 173) 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/pope-pius-vii-sistine-chapel-by-423235825
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Ingres, pintou cenas da mitologia clássica, bem como retratos de Napoleão 
Bonaparte, em um estilo único, escultural e de maneira quase artificial. Apresentava 
grande domínio da arte do desenho e dos tons claros. Seus contornos, assim como os 
antigos clássicos são bem nítidos e se utilizava de poucas cores em suas composições. 
O destaque da obra de Ingres se dá para suas produções de nus, paisagens e retratos. 
Na imagem abaixo se observa a organização dos indivíduos e da composição 
pelas linhas horizontais, representada pelos degraus, como também a construção grega 
ao fundo e os contornos nítidos das figuras. No centro, a figura do imperador como 
imagem de maior autoridade, mesclando antiguidade clássica e historicismo. 
 
Figura 2 - A apoteose de Homero, 1827 - Jean Auguste Dominique Ingres 
 
Fonte: (Spike, 2009, p. 80) 
 
 
 
3 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE O CLASSICISMO E ROMANTISMO 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/lake-zug-by-joseph-mallord-
william-751011847 
 
A pintura romântica surgiu como resposta às produções artísticas neoclássicas. 
Pautada pelas revoluções industrial e francesa, os pintores românticos queriam se 
desprender dos preceitos clássicos da pintura academicista, tinham como intuito dar voz 
aos seus próprios sentimentos e pensamentos. Tendo como pano de fundo no contexto 
histórico-político uma época de grandes mudanças, as sensações do momento presente, 
do nacionalismo e da observação da natureza se manifestaram em produções artísticas. 
Ressalta-se que o romantismo retomou alguns preceitos da pintura barroca, 
negados pelos pintores neoclássicos, como a valorização do uso de luz e sombra - 
contrastes de claro e escuro - o uso da cor, pinceladas soltas, composição em diagonal, 
formas complexas e expressividade dos sentimentos, angústias e prazeres da época. 
É interessante observar que os temas se concentraram em duas vertentes: fatos 
históricos-nacionais contemporâneos e paisagens. O pintor romântico também 
expressava seus sentimentos através da natureza. Diferentemente do pintor 
neoclássico, as paisagens ganharam mais destaque nas mãos dos românticos. 
Entre os pintores mais conhecidos do romantismo estão o espanhol Goya, o 
francês Delacroix e o inglês Turner. 
Ambas vertentes retrataram fatos históricos, porém, enquanto o romantismo 
expressava intenso sentimentalismo em suas composições, os neoclássicos prezavam 
pelo equilíbrio em suas obras. Em termos compositivos, os românticos recuperaram 
características do barroco como a composição em diagonal, já na escola neoclássica a 
simetria prevalecia nas produções. Entre os pintores mais conhecidos do romantismo 
estão o espanhol Goya, o francês Delacroix e o inglês Turner. 
Goya se dedicou a retratar membros da corte espanhola, bem como 
personalidades comuns. Ainda representou cenas históricas. No século XIX o tema 
histórico presente nas pinturas já era considerado um gênero consolidado. O espanhol 
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/lake-zug-by-joseph-mallord-william-751011847
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fez uso abundante do efeito de luz e sombra e retomou a composição da tela na diagonal 
como seus precedentes do período barroco. 
 
Figura 3 - Os fuzilamentos de 3 de Maio de 1808, 1815 - Goya 
 
Fonte: (Proença, 2011, p. 176) 
 
Figura 4 - A liberdade guiando o povo, 1830 - Delacroix 
 
Fonte: (Proença, 2011, p. 177) 
 
Em termos de paisagem romântica, podemos dizer que esse tema ganhou 
destaque na Inglaterra do século XIX. Os pintores adeptos desse gênero defendiam o 
efeito que a paisagem tinha sobre o homem, buscando representar essa interação de 
 
sentimentos entre o homem e a natureza. Em termos técnicos, procuraram recriar as 
cores tais como eram, com suas diferentes nuances causadas pela luz do sol, de maneira 
realista. Também faziam croquis ao ar livre para representar com maior fidelidade esse 
jogo de tonalidades. 
Um dos grandes expoentes da paisagem romântica foi o pintor Turner, o qual por 
meio do estudo da luz, retratou a movimentação da natureza. Tinha como principal 
intenção transmitir ao espectador a atmosfera que estava representando. O inglês se 
utilizava para atingir tal efeito de pinceladas impulsivas e expressivas. Em suma, o que 
se retratava era menos importante do que o jogo de cores e luz da cena em si. 
 
Figura 5 - Chuva, vapor e velocidade, 1844 - Turner 
 
Fonte: (Proença, 2011, p. 179) 
 
 
 
 
 
4 ESCLARECIMENTOS SOBRE O MOVIMENTO ROMÂNTICO E A ESTÉTICA 
ROMÂNTICA 
 
Imagem de Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/beautiful-monument-greek-
philosopher-homer-bronze-1323104681 
 
Na primeira metade do século XIX, floresceu na Europa a “cultura do moderno” 
apoiada por um entusiasmo ideal, civil e artístico que resultou na revolução romântica. 
Iniciava-se uma nova maneira de sentimento e representação entre o sujeito e a nova 
realidade vivida. 
O movimento romântico, assim como o neoclássico, também se apoiou na 
antiguidade clássica, no entanto, os românticos direcionaram o olhar para os mitos 
clássicos, dando voz aos itens sombrios e irracionais da alma humana, desse modo, 
surgia uma nova sensibilidade romântica. Portanto, houve uma linha tênue entre os 
escritos da literatura antiga e as interpretações neoclássicas e românticas. 
Assim sendo, o que alimentou o romantismo foram o sentimentalismo e a 
irracionalidade, apoiados, também, nas expressões da natureza. Afirma-se que foram 
movimentos antagônicos: razão versus paixão, harmonia versus dinamismo, porém com 
raízes em comum. 
A interpretação dos autores neoclássicos foi guiada pela harmonia perfeita, já a 
dos autores românticos, pela exaltação do sentimento e busca pela liberdade. Os 
românticos, a partir das descobertas da antiguidade clássica, atentaram-se à 
imutabilidade do passado, fascinando-se pelas ruínas e pelos produtos mais obscuros 
do período medieval, sendo menos condicionados pelo racionalismo e mais abertos aos 
sentimentos originados a partir daí. 
Acreditavam que as produções artísticas tinham origem nas emoções do homem 
e na espontaneidade da natureza, não deixando se limitar pela intervenção da razão. O 
movimento romântico não considerava mais a arte como uma pura imitação da natureza, 
mas um sentimento superior condicionado pelo mistério e espírito das ruínas. 
Em suma, a realidade circundante servia como combustível de inspiração para o 
artista moderno, dessa forma, a linha sinuosa tomou a frente do movimento, exprimindo 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/beautiful-monument-greek-philosopher-homer-bronze-1323104681
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/beautiful-monument-greek-philosopher-homer-bronze-1323104681
 
valores de sentimentalismo e subjetividade - apoiados nas mudanças que estavam 
acontecendo na Europa, tal qual os movimentos revolucionários - uma nova maneira de 
comunicação entre o sujeito e a realidade introduziu-se. Algumas características do 
período podem ser sintetizadas da seguinte maneira: 
● Revolução romântica; 
● Estética e poética do romantismo; 
● Imaginário romântico: indivíduo, natureza e interioridade; 
● Busca de uma harmonia perdida e a relação com o passado; 
● Concepção da história e a ideia de nação. 
A estética romântica teve seuepicentro na Alemanha, foi uma movimentação 
filosófica e um tanto complexa. Consistiu em uma organização das teorias individuais 
acerca do gosto, originando, assim, uma estética autônoma e original. 
Teve sua origem em alguns elementos culturais emergidos durante o período 
neoclássico e do iluminismo, não negando seus antecessores, no entanto, os românticos 
inovaram pela consciência com que perceberam a própria modernidade em relação à 
tradição. 
O desenvolvimento das ideias da estética romântica teve como base a reflexão e 
formulação teórica de intelectuais alemães do fim do século XVIII e início do século XIX, 
em que refletiram sobre o papel da arte e do artista. 
A poética romântica girou em torno do preceito da liberdade absoluta do espírito 
artístico e do descarte de qualquer imposição externa limitadora da criatividade do artista. 
Alguns princípios foram estabelecidos: 
● A crítica ao princípio classicista da imitação; 
● A polêmica contra as três unidades aristotélicas (tempo, lugar e ação); 
● A contestação aberta da divisão tradicional das formas e gêneros literários. 
Destaca-se que o pensamento do filósofo Kant influenciou a estética romântica, 
propiciando um novo olhar para o mundo. Segundo Barbosa e Nunes: 
O pensamento kantiano influenciou os românticos que por sua vez influenciaram 
Humboldt. 
 
 
 
Tal influência parte, inicialmente, da estética, já que a mesma proporcionou um 
novo olhar no e para o mundo. A estética, a partir de Kant (1993 e 2008), 
transformou, para os pensadores e artistas, o modo de entender o mundo via 
percepção do sujeito, já que o sujeito passa a ser compreendido não mais como 
isolado ou mesmo submisso às vontades das deidades, uma vez que o mesmo 
é entendido a partir de valores apriorísticos ou em outras palavras a carga natural 
no sujeito em consórcio com os valores morais moldaram o sujeito, isto é, mesmo 
o homem buscando sua liberdade, a anarquia social, não se desprende das 
amarras naturais e as convenções referendadas socialmente. Diante disso, a 
estética proporcionou uma liberdade relativa, já que a construção de elementos 
via estética significava (ainda significa) a edificação pela imaginação, na qual a 
criatividade é fomentada e posta em prática. O olhar estético, desde Kant (2008), 
passando pelos românticos proporcionou a construção de uma nova cosmovisão 
a qual estava vinculada à importância dos indivíduos (enquanto sujeitos capazes 
de irem além das imposições naturais e sociais) e a postura destes indivíduos 
em apontar as incongruências do e no mundo, buscando um maior equilíbrio [...] 
(BARBOSA e NUNES, 2011, p. 64 e 65) 
 
Diante disso, podemos concluir que uma nova visão de mundo foi desencadeada 
a partir da estética romântica, na qual o sujeito se relaciona com o mundo externo sem 
abrir mão de sua individualidade, sensibilidade e racionalidade, em que a estética é o 
aglutinante desses elementos. De forma a compreender o universo da metafísica sem, 
no entanto, abandonar por completo o pensamento racional, questionando as 
contradições do gosto e do belo. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
O filósofo grego Sócrates (469-399 a.c.) foi um dos maiores nomes do mundo 
antigo. Sua visão de mundo severa e digna foi extremamente influente, ainda que suas 
opiniões controversas frequentemente o colocassem em conflito com as autoridades. Em 
399 a.C. ele foi julgado e condenado por corromper as mentes dos jovens atenienses. 
Sócrates poderia ter evitado esse destino se desmentisse suas crenças e se exilasse, 
mas ele se recusou a comprometer seus ideais e optou por morrer. 
 
Fonte: (Farthing, 2011, p. 262) 
 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
“Se a obediência é o resultado do instinto do povo, a revolta é o resultado da reflexão”. 
 
Fonte: Jacques-Louis David. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Esta unidade teve como objetivo introduzir a você os períodos artísticos 
conhecidos como neoclássico e romantismo, localizando-os em seus contextos histórico-
sociais, apoiados na literatura. 
Em um primeiro momento, mergulhamos no universo do neoclássico e atestamos 
como as redescobertas das ruínas antigas influenciaram uma nova maneira de encarar 
a arte, atrelada aos escritos literários e às transformações históricas vigentes. Dessa 
forma, fundamentos como a simetria e o equilíbrio tomaram a frente das produções 
artísticas, em um exercício de mimética clássica sempre em busca do belo e perfeito. 
Posteriormente, fomos introduzidos a dois pintores do neoclassicismo e 
aprendemos sobre os temas abordados por cada um deles, verificando suas 
características em comum, como a retratação dos eventos históricos da época e também 
os clássicos da mitologia grega. 
No terceiro tópico, fomos introduzidos ao período romântico em um exercício de 
comparação entre o romantismo e o neoclassicismo. Percebemos que, embora fossem 
movimentos antagônicos suas raízes se concentraram na antiguidade clássica, no 
entanto, com diferentes interpretações de teóricos e filósofos da época. Enquanto os 
neoclássicos exaltavam a razão e rigidez, os românticos defendiam a paixão e 
dinamismo. 
Por fim, fizemos uma revisão histórico-teórica sobre o movimento e a estética 
romântica, em um estudo mais aprofundado sobre as origens da escola romântica como 
representação artística e a estética romântica como revisão literária e filosófica. 
A fim de completarmos nossos estudos, um trecho do artigo sobre arte 
neoclássica foi disponibilizado com o intuito de nos aprofundarmos nas relações entre o 
renascimento e a arte grega antiga e as novas interpretações clássicas do século XVIII. 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
A fim de complementarmos nossos estudos sobre a escola neoclássica, leremos 
a seguir um trecho do artigo “a pintura em foco: o neoclassicismo em uma abordagem 
historiográfica” dos autores André Albuquerque, Adauto Duque e Rômulo Soares: 
 
A arte greco-romana é a “nobre simplicidade e a tranquila grandeza”, as linhas 
clássicas, claras e simples, surgem como um bálsamo para os que reagem contra as 
formas exageradas e excessivas do barroco. Mas esta interpretação do passado vai 
assumir características diferentes daquelas assumidas durante o Renascimento. Os 
artistas neoclássicos vão basear-se na sua estética, mas vão atribuir-lhe um novo 
significado e um novo conteúdo, vão usá-la como invólucro da mensagem 
contemporânea da nova visão do mundo e da sociedade. Mas a grande parte das peças 
da Antiguidade Clássica descobertas no século XVIII são tridimensionais: a escultura é 
uma das formas de expressão mais cultivada, então, ao contrário da pintura. Desse 
modo, a maior influência pictórica assimilada pelos neoclássicos vai ser aquela deixada 
pela herança das pinturas dos artistas do renascimento e do maneirismo. 
Mais do que apenas uma revivificação da Antiguidade, o neoclassicismo esteve 
ligado a eventos políticos contemporâneos. Essa escola artística surgiu em virtude das 
grandes aspirações revolucionárias que efervesciam na França junto com as mudanças 
políticas, religiosas e culturais da época. Os ideais da revolução francesa, igualdade, 
liberdade e fraternidade, eram evocados por todos os cantos, gerando uma comoção em 
torno do erudito que caminha para o popular. Não é para menos que a arte ajuda a 
construir esse conjunto de ideários que serão representados pelo neoclassicismo e 
divulgados como elemento de civilidade e formosura da sociedade. Os temas são 
tratados com cenas de grande eloquência; a arte, acima de tudo, tinha o papel de 
difusora dos ideários daquele momento. Artistas neoclássicos buscaram substituir a 
sensualidade e a trivialidade do rococó por um estilo que fosse guiado pela lógica, 
solenidade, e de caráter moralizante. Quando movimentos revolucionários republicanos 
se estabeleceram na França e na América, os novos governos adotaram o 
neoclassicismo como o estilo para sua arte oficial,em virtude de sua associação com a 
 
democracia da Grécia Antiga. Depois, quando Napoleão subiu ao poder na França, o 
estilo foi modificado para servir às suas necessidades propagandísticas, eventualmente 
se tornando um maneirismo repetitivo e inanimado. 
Com o surgimento do Romantismo, uma preferência para expressão pessoal 
substituiu uma arte fundada em valores fixos, ideais. Talvez tenha sido por esse motivo, 
que o Brasil representado na pessoa do Rei de Portugal Dom João VI, tenha contratado 
os serviços de vários artistas vindos da França para a elaboração de uma memória 
artística que se desenvolveria nos oitocentos com caráter civilizatório nos moldes 
europeus. O estilo neoclássico desenvolveu-se após as escavações das ruínas das 
cidades de Herculano, em 1738, e Pompéia, em 1748; a publicação de livros como 
Antiguidades de Atenas (1762) pelos arqueólogos ingleses James Stuart (1713-1788) e 
Nicholas Revett (1720-1804); e a chegada em Londres (1806) dos Mármores do friso do 
Partenon de Atenas, retirados da Grécia por Lord Elgin. O apresentado novo estilo 
exaltava a “nobre simplicidade e grandeza” tranquila de arte greco-romana, levando o 
historiador de arte alemão Johann Winckelmann conclamar os artistas a estudar e 
“imitar” suas formas artísticas ideais e atemporais. Suas ideias encontraram uma 
recepção entusiástica dentro do meio artístico internacional reunido, na década de 1760, 
em Roma. Ao contrário das típicas composições para pintura de tetos do barroco ou do 
rococó, sua composição é simples: só algumas figuras, em poses calmas e estáticas - 
derivadas principalmente de estátuas antigas. Hamilton, que também era arqueólogo e 
negociante de arte, completou cinco quadros (1760-65) inspirados pela Ilíada de Homero 
e com a incorporação de figuras derivadas de esculturas antigas. 
 
Fonte: ALBUQUERQUE, A; DUQUE, A; SOARES, R. A pintura em foco: o neoclassicismo em uma 
abordagem historiográfica. Revista Homem, Espaço Tempo. Centro de Ciências Humanas da 
Universidade Estadual Vale do Acaraú/UVA. Ano II, número 1, março de 2008. ISSN 1982-3800. 
 
 
LIVRO 
 
 
● Título: Tudo sobre arte: os movimentos e as obras mais importantes de todos os 
tempos 
● Autor: Stephen Farthing. 
● Editora: Sextante. 
● Sinopse: Organizado cronologicamente e repleto de ícones que encantaram o 
mundo, este livro traça um panorama da evolução artística em seus mais 
importantes estilos e movimentos, apresentando as obras emblemáticas da 
pintura, da escultura, da arte conceitual e da performática, além de análises 
detalhadas que facilitam sua compreensão. 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
● Título: Meia noite em Paris 
● Ano: 2011. 
● Sinopse: Gil (Owen Wilson) é um escritor e roteirista americano que vai com a 
noiva Inez e a família dela a Paris, cidade que idolatra. Ele realiza vários passeios 
noturnos sozinho e descobre que, surpreendentemente, ao badalar da meia-noite, 
é transportado para a Paris de 1920, época e lugar que considera os melhores de 
todos. Nessas "viagens", Gil vai a várias festas onde conhece inúmeros 
intelectuais e artistas que admira e que frequentavam a cidade-luz naquela época, 
como F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Ernest Hemingway, Salvador Dali, e 
outros, até que tenta acabar o seu romance com Inez, pois se apaixonou por 
Adriana (Marion Cotillard), uma bela moça do passado, e é forçado a confrontar a 
ilusão de que uma vida diferente (a "época de ouro" francesa) é melhor do que a 
atualidade. 
 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/F._Scott_Fitzgerald
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gertrude_Stein
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ernest_Hemingway
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_Dali
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marion_Cotillard
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BARBOSA, Tulio, NUNES, João Osvaldo. Kant e a estética romântica germânica: da 
paisagem de Humboldt à geografia científica. Synesis, v. 3, n. 1, 2011, p. 63-85. 
 
E.H. Gombrich. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 
 
FARTHING, Stephen. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. 
 
PROENÇA, G. A história da arte. São Paulo: Ática, 2011. 
 
 
 
 
 
UNIDADE IV 
REALISMO, SIMBOLISMO, ART NOUVEAU, IMPRESSIONISMO 
Professor Mestre Giovanna Renzetti 
 
 
Plano de Estudo: 
● Realismo (França, século XIX) e realismos; 
● O que é o Simbolismo, como movimento literário e artístico do séc. XIX. Quais as 
semelhanças e diferenças com o Romantismo e os reflexos do Simbolismo em 
movimentos e grupos posteriores; 
● O que é o estilo Art Nouveau e como o Art Nouveau foi interpretado em outros 
países e seus diversos nomes; 
● Como surgiu o impressionismo, como a ciência da época contribuiu para seu 
surgimento e qual o impacto da invenção da fotografia teve sobre a pintura. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conceituar e contextualizar os movimentos do realismo e simbolismo; 
● Compreender o estilo Art Noveau; 
● Estabelecer a importância do impressionismo e da fotografia. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Nesta unidade, iremos mergulhar no universo do realismo, simbolismo, art 
nouveau, impressionismo e fotografia. Veremos que esses acontecimentos estão 
interligados por acontecimentos histórico-políticos do final do século XIX e início do 
século XX, com suas diferentes interpretações que resultaram em expressões artísticas 
distintas. 
No primeiro tópico, iremos nos familiarizar com a pintura realista, a qual rompeu 
com o idealismo do movimento romântico, dando voz aos acontecimentos políticos e às 
cenas do dia a dia. Foi por meio desta pintura e, em especial, pela voz do artista Gustave 
Coubert, que surgiu a pintura social, como uma forma de denunciar as desigualdades 
sociais dos novos tempos. 
Já no tópico seguinte, veremos como o movimento simbolista se manifestou tanto 
na literatura quanto na pintura, de modo que as duas formas de arte estavam interligadas 
entre si. Diferentemente do realismo, o simbolismo retomou alguns dos preceitos 
românticos e mergulhou na subjetividade, negando o intenso materialismo provocado 
pelas novas tecnologias. 
No terceiro tópico, aprenderemos sobre o movimento do art nouveau, para tal, 
seremos introduzidos ao movimento das artes e ofícios (arts & crafts), a fim de 
compreender o panorama da intensa industrialização e a ânsia por correlacionar a arte 
do artesanato com a produção mecânica. Veremos como o art nouveau se manifestou 
em diferentes países, bem como a integração entre as diferentes artes com uma mesma 
tendência ornamental em comum. 
Por fim, iremos nos familiarizar com o marco inicial das produções de arte 
moderna do século XX: o impressionismo. Veremos que os artistas impressionistas 
mudaram o panorama da arte a partir das suas expressões artísticas, ao mesmo tempo 
em que a fotografia ganhava maior espaço no panorama da arte. Ainda abordaremos as 
correlações entre a pintura impressionista e a fotografia. 
 
 
 
 
 
 
 
1 REALISMO (FRANÇA, SÉCULO XIX) E REALISMOS 
 
Imagem de Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/young-ladies-village-by-gustave-
courbet-751011754 
 
Em detrimento às idealizações românticas, o realismo surgiu como uma nova 
tendência estética juntamente à crescente industrialização europeia e à ascensão 
tecnológica. Paris, na época, era o grande centro artístico europeu e foi palco das 
principais expressões realistas na pintura. 
O indivíduo inserido nesse contexto crescente de industrialização concluiu que 
precisava apresentar um olhar mais crítico e objetivo perante a sociedade ao seu redor, 
ou seja, precisava ser mais realista. E foi assim que os pintores realistas passaram a 
conceber uma abordagem pictórica direta, representando o mundo moderno como o era. 
Os temas históricos, mitológicos, bíblicos e literários foram deixados de lado para dar 
lugar às representações da realidade. 
Pontua-se que com a crescente industrialização houve a ascensão econômica daclasse burguesa e se originou a classe trabalhadora, o proletariado. Assim sendo, os 
artistas realistas tinham como intenção que suas pinturas “denunciassem” essa 
desigualdade social. O que importava a eles era a elaboração artística a partir da 
realidade imediata e não imaginada. 
Os pintores realistas também representaram a natureza em suas pinturas, no 
entanto, ao contrário dos românticos, não a concediam qualquer significado. Pintavam 
cenários que, segundo eles, mereciam ser retratados verdadeiramente. Segundo 
Farthing: 
 
 
O realismo marca um afastamento formal e estilístico das cenas idealizadas 
naturais e da pintura histórica da arte acadêmica do começo do século XIX. Ele 
fez parte de um movimento mais amplo nas artes, que começou na França com 
a eclosão da Revolução de fevereiro de 1848. O crescimento rápido da 
população, sucessivas quebras de safra e a industrialização acelerada causaram 
privação e miséria aos pobres das áreas urbanas e rurais. Isso gerou uma 
instabilidade considerável, que culminou com a Revolução, depois da qual o 
governo provisório garantiu o voto universal aos homens e deu aos cidadãos o 
"direito ao trabalho". (FARTHING, 2011, p. 300). 
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 Diante disso, veremos alguns exemplos de pinturas desses artistas que 
acreditavam que a beleza estava na realidade tal como era. 
Jean Baptiste Camille Corot (1796-1875) se esforçou em transmitir a realidade o 
mais fielmente possível a partir da sua abordagem mais focada nas formas e cores do 
que nos detalhes em si. 
 
Figura 1 - Tivoli, os jardins da Villa D’Este, 1843 - Corot 
 
Fonte: (Gombrich, 2012, p. 507) 
 
Já Jean-François Millet (1814-1875) retratou cenas da vida camponesa como 
realmente eram, sem idealizá-las. Expressou em suas obras o estilo de vida rudimentar 
e digno da população rural da época, com cores suaves e brilhantes. 
 
 
 
 
 
Figura 2 - As respingadoras, 1857 - Millet 
 
 
Fonte: (Mason, 2009, p. 86) 
 
No entanto, o maior expoente da pintura realista foi o francês Gustave Courbet 
(1819-1877). Com sua exposição individual em 1855, intitulada Le Réalisme (o realismo), 
o artista, criador da pintura social, não atribuía olhares subjetivos a seus quadros, apenas 
a verdade, de forma a protestar as convenções artísticas de seu tempo. Tinha como 
intuito chocar a burguesia a partir de seus temas cotidianos, tais como as representações 
dos trabalhadores mais humildes da sociedade vigente - suas pinturas tinham um caráter 
político. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 - Moças peneirando o trigo, 1854 - Courbet 
 
 
Fonte:( Mason, 2009, p. 87) 
 
Coubert seguia sua própria consciência como artista, ou seja, não se “corrompia” 
aos desejos da classe burguesa por pinturas academicistas e retratos. Manteve-se fiel a 
si mesmo ao retratar temas e personagens reais. 
 
 
 
 
2 O QUE É O SIMBOLISMO, COMO MOVIMENTO LITERÁRIO E ARTÍSTICO DO SÉC. 
XIX. QUAIS AS SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS COM O ROMANTISMO E OS 
REFLEXOS DO SIMBOLISMO EM MOVIMENTOS E GRUPOS POSTERIORES 
Imagem de Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/three-tahitian-women-by-paul-
gauguin-751010497 
 
Neste tópico, iremos mergulhar no universo do simbolismo. Para isso, iremos 
destacar duas vertentes deste movimento - a literária e a artística - estando 
intrinsecamente ligadas. O pontapé inicial das manifestações simbolistas se deu a partir 
da literatura francesa do final do século XIX, como uma maneira de responder ao intenso 
materialismo e às mudanças tecnológicas e científicas do período em questão. O 
movimento simbolista surge como uma vertente literária e artística em oposição ao 
intenso materialismo, cientificismo e racionalismo do século XIX, negando a realidade 
objetiva. 
As características deste movimento, tanto na literatura quanto na arte, foram a 
subjetividade, o idealismo e o individualismo - a objetividade foi deixada de lado. 
Distanciou-se do extremo materialismo e da racionalidade, os temas explorados foram 
mais espiritualistas, representando a realidade de uma maneira diferente e mais 
idealizada. 
Sendo assim, foi um movimento libertador “estético-espiritualista”, tendo como 
principais escritores Baudelaire, Verlaine, Rimbaud, Claudel e o crítico de arte francês 
Jean Moréas, o qual surgiu com o termo “simbolismo” no ano de 1886, em Paris. 
O movimento teve como uma das suas principais fontes a obra de Charles 
Baudelaire (já citado acima), o qual foi um poeta pós-romântico considerado pai de toda 
a poesia moderna e, por sua vez, precursor do simbolismo. 
Em termos de linguagem poética, a poesia simbolista se caracteriza por ser vaga, 
imprevisível e fluida, exaltando a importância da musicalidade em seus versos - de 
maneira a demonstrar a subjetividade da música. A palavra é empregada em seu valor 
principal - exaltando o símbolo da ideia. 
Sendo assim, a experiência poética se relaciona ao pensamento metafísico, onde 
a beleza torna-se um ideal de forma a rejeitar a lógica da sociedade burguesa. Para os 
poetas simbolistas há uma decepção generalizada, ou seja, o mundo está em crise, 
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/three-tahitian-women-by-paul-gauguin-751010497
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assim, o poeta foge para o universo paralelo da imaginação, onde constrói uma filosofia 
“do nada”, da ruína, da desesperança e da descrença. 
Ressalta-se que o simbolismo retoma algumas das características da poesia 
romântica, como a subjetividade, manifestada pelo interesse das zonas profundas da 
mente, em outras palavras, o inconsciente e subconsciente. No entanto, não 
apresentavam um sentimentalismo superficial e melancólico tais quais os românticos. 
Em termos artísticos, os pintores simbolistas rejeitaram o naturalismo e o realismo 
em detrimento à ênfase do romantismo expressada pela imaginação e, no lugar do 
mundo exterior palpável, olharam para o interior, de forma que seus sentimentos e ideias 
fossem o ponto de partida para as produções artísticas. 
Muitos dos pintores simbolistas olharam para a ideia do romântico Delacroix de 
que a cor poderia ser utilizada tanto para descrever quanto para expressar, dessa forma, 
acataram-se a essa ideia e, também, fizeram uso de ideias similares com a linha e a 
forma. 
Os temas das pinturas simbolistas se concentraram na dor da existência, na 
loucura, no pessimismo e nos ideais espiritualistas, bem como no imaginário de símbolos 
religiosos, imagens da natureza, fantasias e figuras femininas. Esses temas também 
foram diretamente influenciados pelas poesias dos poetas franceses, desse modo, temas 
sombrios e espirituais eram recorrentes nas pinturas, bem como a utilização de cores e 
tons mais frios e escuros expressando emoções e valores metafísicos. Segundo Mason: 
 
 
Conforme o século se aproximava o fim, alguns artistas (assim como poetas e 
escritores) de toda a Europa viram-se mais atraídos pelo mundo dos mitos, 
sonhos e emoção. Eles ficaram conhecidos como simbolistas, sobretudo em 
razão de seus trabalhos simbólicos, ou evocativos, algo além do que estava 
realmente à mostra (em contraste com o trabalho dos realistas) (MASON, 2009, 
p.100). 
 
 
Um dos expoentes deste movimento foi o pintor francês Gustave Moreau que 
retratou cenas bíblicas e mitológicas com um ar sombrio e assustador, acentuado pela 
aplicação de tons escuros e conteúdo dramático, comumente chamado de fim de século. 
Como podemos observar na imagem abaixo: 
 
 
Figura 3 - Orfeu,1895 - Moreau 
 
Fonte: (Mason, 2009, p. 100) 
 
Com a mudança para o século XX outras vertentes artísticas foram originadas, 
também a partir das concepções simbolistas, tais como o primitivismo, o art nouveau, o 
secessionismo e o movimento da arte moderna. 
 
 
 
 
 
 
3 O QUE É O ESTILO ART NOUVEAU E COMO OART NOUVEAU FOI 
INTERPRETADO EM OUTROS PAÍSES E SEUS DIVERSOS NOMES 
Imagem de Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/milan-italy-february-04-2021-
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O art nouveau foi um conjunto de manifestações artísticas influenciadas pelo 
movimento das artes e ofícios, o qual surgiu na Inglaterra com o intuito de unir as artes 
à crescente indústria artesanal, a fim de aprimorar o design das manufaturas e tornar a 
arte conciliável com a industrialização. 
O movimento das artes e ofícios (arts & crafts) teve como precursor o inglês 
William Morris que ressaltava a importância do artesanato na melhoria do design, com 
medo que o processo industrial prejudicasse a expressão artística dos objetos 
industrializados. Por fim, acabou aceitando a produção de arte mecanizada pelo simples 
fato de ser impossível associar o intenso consumo com a técnica da produção artesanal. 
No entanto, suas ideias deram voz ao movimento das artes e ofícios que 
estabeleceu forte influência sob o desenho moderno industrial e possibilitou aos artistas 
desenharem itens de arte para serem produzidos em série pela indústria. Esse 
movimento, inclusive, acabou por se desdobrar nas expressões artísticas do art nouveau, 
que, segundo Farthing: 
 
 
O art nouveau foi um versátil estilo decorativo que granjeou imensa popularidade 
por toda a Europa e nos Estados Unidos e influenciou todos os ramos da arte, 
desde a pintura e arquitetura à arte gráfica e design. A principal característica do 
art nouveau era o apreço pelos padrões lineares sinuosos. Predominavam as 
formas naturais estilizadas, como folhas e gavinhas, mas empregavam-se 
também formas humanas estilizadas e motivos relativamente abstratos como a 
curva "chicote" e o arabesco. Os designers evitavam conteúdos simbólicos e 
expressivos em suas obras, concentrando-se no aspecto decorativo 
(FARTHING, 2011, p. 346). 
 
Foi um movimento que surgiu na última década do século XIX e reuniu as mais 
variadas tendências artísticas, tais como a arte industrial do movimento das artes e 
ofícios, a arte oriental, as artes decorativas e, também, as iluminuras medievais. 
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Destaca-se que o movimento teve origem na França e se dissipou por outros países 
europeus, sob o escopo de diferentes nomes, bem como na América do Norte. Foi 
também uma expressão artística das artes aplicadas, ou seja, da produção de objetos 
para o dia a dia. Uniu pintura, design de mobiliário, gravuras, arquitetura, objetos de 
decoração etc. 
 
Figura 4 - Ilustração A bela e a Fera, 1874 - Walter Crane 
 
Fonte: (Proença, 2011, p. 187) 
 
Na Alemanha, o Art nouveau ficou conhecido como Jugendstil (juventude) e um 
dos seus principais representantes foi o ilustrador Otto Eckmann, que, assim como seus 
colegas, elaborou diversos móveis, papéis de parede e cerâmicas. Já na Itália, o 
movimento foi cunhado de Stile Liberty. 
Na Áustria o movimento ficou conhecido como Secessão - grupo formado por 
artistas que não estavam contentes com a arte austríaca produzida na época e 
consideravam que havia muito mais a ser expresso por meio das artes, dito isso, o 
movimento tinha como intenção se separar de toda a produção anterior. 
Gustav Klimt assumiu a primeira presidência no ano de 1897, assumindo a 
responsabilidade de estabelecer uma conexão com os grandes centros europeus e suas 
 
respectivas produções artísticas. Dessa forma, foi criado um pavilhão de exposições 
projetado pelo arquiteto Joseph Maria Olbrich como um centro de “ideal de liberdade 
para as artes”. 
As obras, de diferentes vertentes - decoração, pintura, escultura - deveriam 
dialogar com a exposição como um todo, seguindo uma mesma linha estética. Uma das 
obras mais famosas que saiu do grupo da Secessão foi a pintura “O beijo” de Klimt, que 
podemos observar abaixo, onde adotou temas decorativos geométricos e abstratos, bem 
como efeitos florais, exemplificando sua interpretação do art nouveau. 
 
Figura 5 - O beijo, 1907 - Gustav Klimt 
 
Fonte: (Proença, 2011, p. 190) 
 
Houve também a integração do art nouveau com a arquitetura, em uma inclinação 
à ornamentação e novas formas criadas pela combinação de ferro e vidro. Em suma, o 
movimento impulsionou uma intensa unidade das artes, em que móveis, objetos do 
cotidiano, edifícios, pinturas começaram a ser elaborados com base em uma “mesma 
tendência decorativista” recorrendo ao processo artesanal. 
 
 
 
 
4 COMO SURGIU O IMPRESSIONISMO, COMO A CIÊNCIA DA ÉPOCA CONTRIBUIU 
PARA SEU SURGIMENTO E QUAL O IMPACTO DA INVENÇÃO DA FOTOGRAFIA 
TEVE SOBRE A PINTURA 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/paris-france-august-29-2019-visitor-
1515199205 
O movimento da pintura impressionista revolucionou o panorama da arte e deu 
início às produções artísticas modernas do século XX. Esse fato se deu porque os 
pintores impressionistas romperam com os valores academicistas da pintura, ou seja, 
abordaram novas técnicas e novos temas. Não só começaram a pintar ao ar livre como 
utilizaram a luz natural e suas diferentes nuances como seu principal recurso. Com base 
na observação do sol passaram a registrar em suas pinturas os diferentes efeitos 
provocados pela luz sob os objetos. 
As figuras não mais apresentavam contornos nítidos e as cores não eram 
misturadas nas paletas, pelo contrário, eram aplicadas diretamente na tela, sendo 
dissociadas por um jogo de óptica. Os impressionistas pintavam de acordo com sua 
percepção particular. Para tanto, utilizavam pinceladas denominadas staccato - rápidas; 
destacadas - e valorizavam luz acima de qualquer detalhe pictórico. A pintura passou a 
ser um jogo de experimentações. Destaca-se que um grande fator que possibilitou aos 
artistas pintarem ao ar livre foi a recente invenção dos tubos portáteis de pintura a óleo. 
Os temas se concentraram na crescente burguesia moderna, originada com a 
revolução industrial, havia uma nova classe média que passou a ser retratada em seu 
tempo livre por meio de cores vivas e pinceladas rápidas, bem como as paisagens 
modernas. Segundo Gompertz: 
 
 
A revolução e a mecanização haviam criado uma nova classe social conhecida 
como burguesia [...] essa nova classe média noveau riche iria querer um tipo 
diferente de arte. O homem moderno esclarecido iria querer adquirir arte que 
refletisse seu estimulante novo mundo, não enfadonhas pinturas marrons cheias 
de iconografia religiosa antiga. O lazer era a grande novidade, tempo livre para 
passear e se divertir, a grande dádiva da nova tecnologia (GOMPERTZ, 2013, p. 
59). 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/paris-france-august-29-2019-visitor-1515199205
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O precursor do movimento impressionista foi o francês Édouard Manet, o qual 
chocou a sociedade da época com suas obras que retratavam temas do cotidiano e que 
se afastavam das normas clássicas da pintura academicista. Outros pintores do período 
merecem destaque, tais como Monet, Renoir, Degas, entre outros. 
 
Figura 6 - Almoço na relva, 1863 - Manet
 
Fonte: (Proença, 2011, p. 208) 
 
Ao passo que os impressionistas estavam em cena, a fotografia estava sendo 
desenvolvida e aprimorada, sendo aceita como forma de arte pela primeira vez no início 
do século XX. A primeira fotografia reconhecida foi a do francês Nicéphore Niépce de 
1826. Assim sendo, as relações entre a pintura impressionista e a fotografia se estreitam, 
como afirma Reis: 
 
 
As relações entre Impressionismo e fotografia começam na origem do 
movimento francês. Alguns pintores Impressionistas se inspiraram na recém-
 
criação do momento: a fotografia. Utilizaram as primeiras imagensfotográficas 
como estudos para pinturas, com novos ângulos, agora oblíquos, e a capacidade 
de decompor o movimento, agora retratado mais fielmente. Alguns desses 
pintores também foram fotógrafos, como por exemplo Edgar Degas, que 
fotografava bailarinas para estudar seus movimentos. Assim, tornou-se possível 
pintar sem que o modelo tivesse de estar presente o tempo todo. A forma de ver 
o mundo havia mudado (REIS, 2015, p. 5). 
 
Figura 7 - Fotografia gelatina de prata, 1896 - Edgar Degas 
 
Fonte: (Reis, 2015, p. 15) 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 - Antes do banho, 1896 - Edgas Degas 
 
 
Fonte: (Reis, 2015, p. 15) 
 
Portanto, a fotografia foi uma aliada dos pintores impressionistas por permitirem 
que estes estudassem diferentes ângulos, movimentações e jogos de luz e sombra. 
Por serem contemporâneas, a pintura impressionista e a fotografia dialogaram uma 
com a outra, porém com diferentes intenções e resultados distintos. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Cada movimento, cada “ismo”, está intrinsecamente conectado, um levando ao 
outro como elos em uma corrente. Mas todos eles têm suas próprias abordagens 
individuais, estilos distintos e métodos de fazer arte, que são o ponto culminante de uma 
ampla variedade de influências: artísticas, políticas, sociais e tecnológicas. 
 
Fonte: (Gompertz, 2013, p.17). 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
REFLITA 
 
“Há que pintar o que se vê”. 
 
Fonte: (Édouard Manet, 1866). 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Nesta unidade, estudamos os movimentos da arte realismo, simbolismo, art 
nouveau, impressionismo e a fotografia. Vimos logo no início de nossos estudos que 
essas manifestações artísticas aconteceram em um cenário histórico e político similar 
tendo como pano de fundo revoluções e a ascensão da tecnologia. 
Em um primeiro momento, tomamos conhecimento sobre a pintura realista e como 
essa rompeu as barreiras com o sentimentalismo e subjetividade do movimento 
romântico. Adotando temas do cotidiano, bem como explorando novas cenas da nova 
classe social originada pela revolução industrial: o proletariado. Também observamos o 
nascimento da pintura social e o olhar crítico do artista. 
No segundo tópico, nos familiarizamos com o movimento literário e artístico do 
simbolismo, o qual se apoiou no universo paralelo da imaginação, dando lugar a temas 
mais sombrios e cores mais frias em suas telas, e voltando seu olhar à subjetividade na 
literatura, diferentemente do realismo, aproximando-se do movimento romântico. Os 
simbolistas ainda impulsionaram as produções artísticas que ainda estariam por vir no 
início do século XX. 
Já na terceira parte, mergulhamos no universo da art nouveau e sua interligação 
entre as diferentes áreas da arte - design de mobiliário, pintura, decoração, escultura, 
arquitetura - em prol de uma tendência em particular. Percebemos que a art nouveau foi 
influenciada pelo movimento das artes e dos ofícios e que recebeu diferentes 
denominações em países distintos. 
No quarto tópico, fomos introduzidos ao movimento impressionista e seu 
rompimento com a arte clássica da academia, a qual era produzida até então. Os 
impressionistas prezavam por pinceladas soltas, pinturas ao ar livre e eram orientados 
pela luz solar. Além do mais, utilizaram a fotografia como ferramenta auxiliar para a 
produção de suas obras, uma vez que podiam analisar diferentes ângulos, movimentos, 
cores e luzes. 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
A seguir leremos um trecho do artigo escrito por Sandra Pelegrini pontuando 
algumas particularidades do contexto econômico-social no qual floresceu o realismo: 
 
A análise das telas de Courbet, conforme nosso entendimento, não pode nos 
eximir da averiguação sobre significativas transformações sociais, econômicas e 
culturais ocorridas na sociedade europeia, responsáveis pela configuração de uma nova 
organização societária e de um novo sistema econômico, o Capitalismo. O florescimento 
da “Revolução Industrial”, desde meados do século XVIII, consolidou a organização do 
processo produtivo por intermédio do sistema de fábrica, e por meio do qual foram 
produzidas e reconfiguradas relações sociais distintas daquelas até então existentes. Ela 
suscitou, em última instância, a apropriação de saberes, a utilização integral do tempo e 
a dominação social, até então, não vivenciados de forma tão aguda. A divisão pontual 
da sociedade entre classes sociais antagonicamente distintas, quais sejam a burguesia 
e o proletariado, gerou enfrentamentos porque a primeira se impôs como segmento 
dominante por ser detentora do capital, ao passo que a segunda se impôs como 
proprietária de sua força de trabalho. “A dissociação entre esses dois grupos”, afirmou 
Eric Hobsbawn, “se acentua e ganha todos os aspectos da vida social, porque não é 
apenas dentro da fábrica que eles se diferenciam, mas ainda pelo acesso à 
industrialização, pela participação na vida política, pelo habitat” (1996, p. 294-295). 
Emblemáticas obras de historiadores asseveram que, se a industrialização se 
transformou em um processo bem-sucedido, realizado por meio de várias etapas, esse 
“sucesso” deve ser atribuído não apenas às mudanças dos aparatos técnicos e às novas 
invenções, mas, principalmente, às estratégias administrativas e tecnologias de controle 
da produção e do tempo do trabalhador. Por essa via, concluem que a incorporação do 
taylorismo e do fordismo, por um lado, constituiu uma resposta do empresário capitalista 
às pressões dos trabalhadores e às demandas cada vez maiores dos mercados e, por 
outro, facilitou a concentração dos trabalhadores no espaço citadino e consolidou a 
disciplina nas fábricas e nas vilas operárias, reafirmando a lógica do sistema industrial. 
Por certo, esse processo implicou transformações que não se circunscrevem ao âmbito 
 
social, econômico e político, mas, se manifestaram no campo da produção artística que 
naquele momento já se mostrava propensa a abandonar as prerrogativas das tendências 
estéticas do Neoclássico ou do Romantismo, especialmente no que tange à opção por 
composições ora idealizadas, porém, sóbrias, ora por representações emotivas e 
alegóricas de quiméricos valores sociais. Logo, os pintores identificados com o Realismo 
remeter-se-iam à escolha diferenciada de temas: uma parte deles iria se ocupar de temas 
do cotidiano, das relações sociais e do luxo da classe social mais abastada, qual seja a 
burguesia, a outra tenderia a abordar o dia a dia das pessoas mais humildes. Édouard 
Manet (1832-1883), parisiense de família aristocrática, optou por tematizar as 
características da vida luxuosa dos burgueses e expor a fragilidade dos seus padrões de 
moralidade. Em contrapartida, Gustave Courbet partiu da ideia de que a beleza plástica 
não era privilégio da aristocracia e dedicou-se ao desvendamento das vivências dos 
segmentos sociais menos favorecidos e suas condições de vida. Sem afastar-se dos 
princípios estéticos realistas, Courbet desenvolveu a denominada “pintura social” 
(FERRUA, 2003, p. 30-49), cujo objetivo explicitou o intento de denunciar as injustiças e 
as desigualdades sociais, a miséria do trabalhador pobre em oposição à riqueza e 
opulência da aristocracia e da burguesia francesa. A tendência de valorização das 
concepções “fiéis” da imagem e das temáticas ligadas ao cotidiano imediato demonstrou 
o seu explícito desinteresse dos pintores realistas por temas oriundos da mitologia, 
episódios bíblicos, históricos e literários. Os diversos cenários colocados à disposição 
das obras realistas deram um novo sentido às representações pictóricas, à medida que 
os seus objetos de pesquisa e experimentações se remeteram à organização social, 
configurada com base em novos padrões. Gustave Courbet, como precursor do 
“Realismo Social”, optou pelo deslocamento dos temas subjetivos e pela negação dos 
valores da burguesia ascendente. Seu repertório incluiupercepções de todo o social, 
mas privilegiou, a partir de 1850, os personagens comuns e cenas do cotidiano do 
trabalho. Reconhecê-lo como profissional inscrito no âmbito da pintura social implica, 
segundo Gombrich (1999), proceder a uma análise dos registros do artista com relação 
à escolha de seus temas, seus objetivos sociais e ideológicos. 
 
 
Fonte: PELEGRINI, Sandra. Patrimônio e memória - ISSN - 1808 - 1967. O realismo social de Courbet. 
Notas sobre as interfaces entre a pintura e a fotografia na pesquisa histórica. São Paulo, Unesp, v. 9, n. 
2, p. 17-42, julho-dezembro, 2013. 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Isso é arte? 150 anos de arte moderna do impressionismo até hoje 
• Autor: Will Gompertz. 
• Editora: Zahar. 
• Sinopse: Original, irreverente, acessível e tecnicamente impecável, isso é arte? conduz 
o leitor por uma excitante viagem através de mais de 150 anos de arte moderna, do 
impressionismo até os dias de hoje. E não poderia haver guia melhor que o editor de 
artes da BBC Will Gompertz. Com estilo envolvente - que mescla profundo conhecimento 
do assunto, ótimo texto e um delicioso senso de humor - ele conta a história dos 
movimentos, dos artistas e das maravilhosas obras de arte que não apenas mudaram a 
arte para sempre, mas ajudaram a criar e definir o mundo moderno. Dos nenúfares de 
Monet aos girassóis de Van Gogh, das latas de sopa de Andy Warhol ao tubarão em 
conserva de Damien Hirst, fique sabendo as histórias por trás das obras-primas, conheça 
os artistas e descubra do que realmente se trata a arte moderna. 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
• Título: Camille Claudel 
• Ano: 1988 
• Sinopse: Dia e noite, Camille Claudel entrega-se à sua paixão, a escultura. Seu sonho 
é entrar no ateliê do grande mestre Rodin. Impressionada pelo talento e pela 
determinação do mestre, ela se engaja como aprendiz. Os dois tornam-se amantes. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. 
 
GOMBRICH, E.H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 
 
GOMPERTZ, Will. Isso é arte? 150 anos de arte moderna do impressionismo até 
hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. 
 
MASON, Antony. História da arte ociedental: da pré história ao século 21. São Paulo: 
Rideel, 2009. 
 
PROENÇA, G. A história da arte. São Paulo: Ática, 2011. 
 
REIS, Lucas. Impressionismo e fotografia: um diálogo contemporâneo. Centro 
universitário de Brasília - UNICEUB. Brasília, 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO GERAL 
 
Prezado(a) Aluno(a), 
 
Neste material busquei trazer a você os principais conceitos sobre cada um dos 
movimentos de arte pontuados. Criando, assim, uma linha do tempo histórica. Além 
disso, tive a intenção de mostrar a você as relações da obra de arte, do artista e do 
momento histórico, político, cultural e social vigente, a fim de desenvolver um olhar 
crítico-histórico frente às produções artísticas. 
Avançando em nosso material, pontuamos as principais características não só do 
renascimento italiano como também da arte renascentista setentrional, em um paralelo 
com o quê foi o movimento maneirista. 
Levantamos também características sobre a pintura barroca, rococó e sobre a 
arquitetura, escultura e pintura do barroco brasileiro. Bem como sobre as particularidades 
dos movimentos do neoclassicismo e romantismo, analisando as aproximações e 
distanciamentos entre essas produções. 
Também aprofundei com vocês conceitos da arte simbolista, do impressionismo, 
do realismo, do art nouveau e da fotografia, no panorama da arte do final do século XIX 
e início do século XX. 
A partir de agora, acredito que você já esteja preparado(a) para desenvolver um 
olhar mais crítico sobre a arte, apontando suas diferentes técnicas e períodos em que 
foram desenvolvidas, de forma a aprofundar seu repertório artístico, pessoal e 
profissional. 
 
Até uma próxima oportunidade. Obrigada!

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