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H A B I L I D A D E S C L Í N I C A S I I I A N D R E S S A S A N T O S - M 7 Pré Natal de Baixo Risco Anamnese Obstétrica, Exame físico e Pré Natal de Alto Risco Assistência ao Parto Suporte Básico de Vida Anamnese do SD, Exame Físico do Abd e Exames Complementares Exame Ginecológico Neonatologia – Pré Natal de Baixo Risco: Primeiro Trimestre A consulta que o casal faz antes de uma gravidez, objetivando identificar fatores de risco ou doenças que possam alterar a evolução normal de uma futura gestação. Constitui, assim, instrumento importante na melhoria dos índices de morbidade e mortalidade materna e infantil. Podem ser instituídas ações específicas quanto aos hábitos e ao estilo de vida: • Orientação nutricional visando à promoção do estado nutricional adequado tanto da mãe como do recém-nascido, além da adoção de práticas alimentares saudáveis; • Orientações sobre os riscos do tabagismo e do uso rotineiro de bebidas alcoólicas e outras drogas; • Orientações quanto ao uso de medicamentos e, se necessário mantê-los, realização da substituição para drogas com menores efeitos sobre o feto; • Avaliação das condições de trabalho, com orientação sobre os riscos nos casos de exposição a tóxicos ambientais; • Administração preventiva de ácido fólico no período pré-gestacional, para a prevenção de anormalidades congênitas do tubo neural, especialmente nas mulheres com antecedentes desse tipo de malformações (5mg, VO/dia, durante 60 a 90 dias antes da concepção); • Orientação para registro sistemático das datas das menstruações e estímulo para que o intervalo entre as gestações seja de, no mínimo, 2 (dois) anos. - SINAIS DE PRESUNÇÃO: • Atraso menstrual • Manifestações clínicas (náuseas, vômitos, tonturas, salivação excessiva, mudança de apetite, aumento da frequência urinária e sonolência); • Modificações anatômicas (aumento do volume das mamas, hipersensibilidade nos mamilos, tubérculos de Montgomery, saída de colostro pelo mamilo, coloração violácea vulvar, cianose vaginal e cervical, aumento do volume abdominal). - SINAIS DE PROBABILIDADE: • Amolecimento da cérvice uterina, com posterior aumento do seu volume; • Paredes vaginais aumentadas, com aumento da vascularização (pode-se observar pulsação da artéria vaginal nos fundos de sacos laterais); • Positividade da fração beta do HCG no soro materno a partir do oitavo ou nono dia após a fertilização. - SINAIS DE CERTEZA: • Presença dos batimentos cardíacos fetais (BCF), que são detectados pelo sonar a partir de 12 semanas e pelo Pinard a partir de 20 semanas; • Percepção dos movimentos fetais (de 18 a 20 semanas); • Ultrassonografia: o saco gestacional pode ser observado por via transvaginal com apenas 4 a 5 semanas gestacionais e a atividade cardíaca é a primeira manifestação do embrião com 6 semanas gestacionais. Após a confirmação da gravidez, em consulta médica ou de enfermagem, dá-se início ao – acompanhamento da gestante, com seu cadastramento no SisPreNatal. Os procedimentos e as condutas que se seguem devem ser realizados sistematicamente e avaliados em toda consulta de pré-natal. As condutas e os achados diagnósticos sempre devem ser anotados na Ficha de Pré-Natal e no Cartão da Gestante. A partir desse momento, a gestante deverá receber as orientações necessárias referentes ao acompanhamento de pré-natal: sequência de consultas (mensalmente, se possível), visitas domiciliares e grupos educativos. Deverão ser fornecidos: - O Cartão da Gestante, com a identificação preenchida, o número do Cartão Nacional da Saúde, o hospital de referência para o parto e as orientações sobre este; - O calendário de vacinas e suas orientações; - A solicitação dos exames de rotina; - As orientações sobre a participação nas atividades educativas (reuniões e visitas domiciliares). É importante enfatizar que duas informações essenciais que devem constar explicitamente no Cartão da Gestante são as relacionadas ao nome do hospital de referência para o parto e as relativas às intercorrências durante a gestação. Se, no decorrer da gestação, surgir alguma situação que caracterize risco gestacional, com mudança do hospital ou da maternidade de referência, isso também deve estar escrito no cartão. Esta informação é considerada fundamental para que a mulher e seu companheiro ou familiares possam reivindicar o direito de atendimento na respectiva unidade de saúde. A gestação é um fenômeno fisiológico e deve ser vista pelas gestantes e equipes de saúde como parte de uma experiência de vida saudável que envolve mudanças dinâmicas do olhar físico, social e emocional. No entanto, devido a alguns fatores de risco, algumas gestantes podem apresentar maior probabilidade de evolução desfavorável. São as chamadas “gestantes de alto risco”. Fatores relacionados às características individuais e às condições sociodemográficas desfavoráveis: • Idade menor do que 15 e maior do que 35 anos; • Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse; • Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em se tratando de adolescente; Situação conjugal insegura; • Baixa escolaridade (menor do que cinco anos de estudo regular); • Condições ambientais desfavoráveis; • Altura menor do que 1,45m; • IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso ou obesidade. Fatores relacionados à história reprodutiva anterior: • Recém-nascido com restrição de crescimento, pré termo ou malformado; • Macrossomia fetal; • Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas; • Intervalo interpartal menor do que dois anos ou maior do que cinco anos; • Nuliparidade e multiparidade (cinco ou mais partos); • Cirurgia uterina anterior; • Três ou mais cesarianas. Fatores relacionados à gravidez atual: • Ganho ponderal inadequado; • Infecção urinária; • Anemia. As consultas de pré-natal poderão ser realizadas na unidade de saúde ou durante visitas domiciliares. O calendário de atendimento durante o pré-natal deve ser programado em função dos períodos gestacionais que determinam maior risco materno e perinatal. O calendário deve ser iniciado precocemente (no primeiro trimestre) e deve ser regular, garantindo- se que todas as avaliações propostas sejam realizadas e que tanto o Cartão da Gestante quanto a Ficha de Pré-Natal sejam preenchidos. – O total de consultas deverá ser de, no mínimo, 6 (seis), com acompanhamento intercalado entre médico e enfermeiro. Sempre que possível, as consultas devem ser realizadas conforme o seguinte cronograma: • Até 28ª semana – mensalmente; • Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente; • Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. A maior frequência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal. Não existe “alta” do pré-natal antes do parto. Devem ser solicitados na primeira consulta os seguintes exames complementares: • Hemograma; • Tipagem sanguínea e fator Rh; • Coombs indireto (se for Rh negativo); • Glicemia de jejum; • Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR; • Teste rápido diagnóstico anti-HIV; • Anti-HIV; • Toxoplasmose IgM e IgG; • Sorologia para hepatite B (HbsAg); • Exame de urina e urocultura; • Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade gestacional; • Citopatológico de colo de útero (se necessário); • Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica); • Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica); • Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciformeou apresentar história de anemia crônica). OBS: USG transvaginal é indicada nesse período gestacional e não apresenta risco para gestante. Essa USG só pode ser solicitada pelo médico e apresenta melhor visualização de detalhes. OBS2:O citoplatológico avalia as células e só atinge a ectocérvice enquanto o preventivo (PCCU) faz o rastreio de câncer do colo do útero. • Deve haver a interpretação dos dados da anamnese, o exame clínico/obstétrico e a instituição de condutas específicas; • Deve-se orientar a gestante sobre a alimentação e o acompanhamento do ganho de peso gestacional; • Deve-se incentivar o aleitamento materno exclusivo até os seis meses; • Deve-se fornecer todas as informações necessárias e respostas às indagações da mulher, de seu companheiro e da família; • Deve-se prescrever suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia) para profilaxia da anemia; Hb entre 8 e 11g/dL → leve a moderada → sulfato ferroso 40mg Hb<8g/dL → anemia grave → sulfato ferroso 20mg • Deve-se orientar a gestante sobre os sinais de risco e a necessidade de assistência em cada caso; • Deve-se referenciar a gestante para atendimento odontológico; • Deve-se encaminhar a gestante para imunização antitetânica (vacina dupla viral), quando a paciente não estiver imunizada; • Deve-se referenciar a gestante para serviços especializados quando o procedimento for indicado. Entretanto, mesmo com referência para serviço especializado, a mulher deverá continuar sendo acompanhada, conjuntamente, na unidade básica de saúde; • Deve-se realizar ações e práticas educativas individuais e coletivas. Os grupos educativos para adolescentes devem ser exclusivos dessa faixa etária, devendo abordar temas de interesse do grupo. Recomenda-se dividir os grupos em faixas de 10-14 anos e de 15-19 anos, para obtenção de melhores resultados; – • Deve-se agendar consultas subsequentes. ➢ TIPAGEM SANGUÍNEA: Rh- e parceiro Rh+/desconhecido: Solicitar Coombs Indireto, mesmo negativo repetir a cada 4 semanas após a 24º. Se positivo, referenciar ao pré-natal de alto risco. ➢ SÍFILIS- TESTE RÁPIDO: +: coletar amostra para VDRL da gestante e parceiros. -: realizar sorologia no 3º trimestre, no momento do parto e em caso de aborto. ➢ SÍFILIS SOROLOGIA VDRL +: Tratar a gestante e o parceiro; Em caso de sífilis primária trate com dose única de 2.400.000 UI. Em sífilis secundaria ou latente recente (menos de 1 ano) trate com duas doses de 2.400.000, uma a cada semana. Na sífilis terciária ou latente tardia (mais de 1 ano de evolução) trata com 3 doses de 2.400.000 UI com intervalo de 1 semana. Acompanhe o exame mensal para controle de cura. VDRL -: Repita o exame no 3º, no momento do parto e em caso de abortamento. ➢ EAS E UROCULTURA Proteinúria: "Traços" , isoladamente, deve-se repetir com 15 dias, caso permaneça encaminhe ao pré-natal de alto risco. "Traços" e Hipertensão e/ou edema: referir ao pré-natal de alto risco. "Maciça", referir ao pré-natal de alto risco. Piúria/Bacteriúria/Leucocitúria: Tratar ITU empiricamente, até o antibiograma. Repetir o sumário de urina ao fim do tratamento. Em casos de infecções recorrentes após tratamento adequado ao antibiograma, referir ao pré-natal de alto risco. Em casos de suspeita de Pielonefrite referir ao hospital de referência. Hematúria: Se for piúria associada, considerar ITU e proceder empiricamente. Se for isolada, e excluído sangramento genital, referir ao especialista. Cilíndrúria: Referir a gestante ao pré-natal debaixo risco. ➢ DOSAGEM DE Hb Hb >11 g/dl: Ausência de anemia -Suplementação de ferro a partir da 20ºsemana, 40mg/dia de ferro elementar ou200mg/dia de sulfato ferroso. Ingerir antes da refeição. Hb entre 8 g/dl e 11g/dl: Anemia leve ou moderada- Solicitar EPF e tratar, se presente; Tratar anemia com 120g a 240 mg/ dia de ferro elementar, ou 5 comprimidos de 40mg de sulfato ferroso (2 de manhã,2 a tarde, 1 anoite). Repetir a dosagem de Hb com 30 dias a60 dias, se os níveis estiverem subindo manter o tratamento até 11g/dl, se não referenciar ao pré-natal de alto risco. Hb < 8g/dl: Anemia grave- referenciar ao pré- natal de alto risco. ➢ GLICEMIA EM JEJUM 85 - 119mg/dl: Realizar o TTG de 24 a 28ºsemanas. >110mg/dl: Repetir o exame, se o resultado persistir o resultado será de Diabetes Gestacional. ➢ ANTI HIV (TESTE RÁPIDO E SOROLOGIA) Se +: Realizar aconselhamento pós-teste e encaminhar ao centro de referência de HIV. Se -: Repetir o exame no 3º trimestre. ➢ HEPATITE B Se +: Realizar aconselhamento pós-teste e encaminhar ao centro de referência de Hepatite. Se -: Aconselhamento pós-teste, encaminhar a vacinação caso não tenha sido imunizada previamente e repetir o exame no 3º trimestre. Nas consultas subsequentes, devem ser realizados os seguintes procedimentos: • Anamnese atual sucinta: deve-se enfatizar a pesquisa das queixas mais comuns na gestação e dos sinais de intercorrências clínicas e obstétricas, com o propósito de se reavaliar o risco gestacional e de se realizar ações mais efetivas; • Exame físico direcionado (deve-se avaliar o bem-estar materno e fetal); • Verificação do calendário de vacinação; • Deve-se avaliar o resultado dos exames complementares; – • Devem ser feitas a revisão e a atualização do Cartão da Gestante e da Ficha de Pré- Natal. Além disso, devemos executar as seguintes tarefas: I. Controles maternos: • Cálculo e anotação da idade gestacional; • Determinação do peso e cálculo do índice de massa corporal (IMC): anote no gráfico e realize a avaliação nutricional subsequente e o monitoramento do ganho de peso gestacional; • Medida da pressão arterial (observe a aferição da PA com técnica adequada); • Palpação obstétrica e medida da altura uterina (anote os dados no gráfico e observe o sentido da curva para avaliação do crescimento fetal); • Pesquisa de edema; • Exame ginecológico, incluindo das mamas, para observação do mamilo. II. Controles fetais: • Ausculta dos batimentos cardiofetais; • Avaliação dos movimentos percebidos pela mulher e/ou detectados no exame obstétrico/ registro dos movimentos fetais; • Teste de estímulo sonoro simplificado (Tess), se houver indicação clínica. III. Condutas: • Interpretação dos dados da anamnese e do exame clínico/obstétrico e correlação com resultados de exames complementares; • Avaliação dos resultados de exames complementares e tratamento de alterações encontradas ou encaminhamento, se necessário; • Prescrição de suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia), para profilaxia da anemia; • Oriente a gestante sobre alimentação e faça o acompanhamento do ganho de peso gestacional; • Incentive o aleitamento materno exclusivo até os seis meses; • Oriente a gestante sobre os sinais de risco e a necessidade de assistência em cada caso; • Faça o acompanhamento das condutas adotadas em serviços especializados, pois a mulher deverá continuar a ser acompanhada pela equipe da atenção básica; • Proceda à realização de ações e práticas educativas individuais e coletivas; • Faça o agendamento das consultas subsequentes. REFERÊNCIA: MS caderno nº32 – Pré Natal de Baixo Risco: Segundo Trimestre Início: 13ª a 27ª semana É o período mais tranquilo com sintomas menores, menos enjoos e menos riscos de aborto. Sinais vitais: avaliar PA Roteiro semelhante ao do 1º trimestre • USG morfológica (entre 20ª e 24ª semana) • Hemograma • Glicemia em jejum • Exame de urina e urinocultura • Sorologia sífilis, VDRL, anti HIV, toxoplasmose, hepatite B Fibronectina Fetal: avalia o risco de parto prematuro (22ª e 36ª semana), secreção vaginal do colo uterino. • Eletroforesede Hb (se houver indicação) • Teste de tolerância para glicose com 75g, se a glicemia estiver acima de 85mg/dl ou se houver fator de risco (realize este exame preferencialmente entre a 24ª e a 28ª semana) • Coombs indireto (se for Rh negativo) ➢ NÁUSEAS, VÔMITOS E TONTURAS: - Explique que tais sintomas são comuns no início da gestação; - Oriente a gestante a: (i) consumir uma dieta fracionada (6 refeições leves ao dia); (ii) evitar frituras, gorduras e alimentos com cheiros fortes ou desagradáveis; (iii) evitar líquidos durante as refeições, dando preferência à sua ingestão nos intervalos; (iv) ingerir alimentos sólidos antes de se levantar pela manhã, como bolacha de água e sal; (v) ingerir alimentos gelados; - Medicamentos: bromoprida, normoprida, dimenidrato, fenotiazinas, clorpromazina, levomepromazina, metoclopramida, associados ou não à vitamina B6; - Agende consulta médica ou refira a gestante ao pré-natal de alto risco em caso de vômitos frequentes refratários às medidas citadas, pois podem provocar distúrbios metabólicos, desidratação, perda de peso, tontura, sonolência e desmaio (veja a conduta para hiperêmese gravídica). ➢ EDEMA O edema (inchaço) discreto é uma condição normal da gestação causada pelos fluidos e sangue adicionais e ocorre nas mãos , face , tornozelos e pés. ➢ PIROSE Oriente a gestante a: - consumir dieta fracionada, evitando frituras; - evitar café, chá preto, mates, doces, álcool e fumo. Obs.: Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de medicamentos antiácidos. ➢ SIALORREIA (SALIVAÇÃO EXCESSIVA) Explique que é um sintoma comum no início da gestação; - Oriente dieta semelhante à indicada para náusea e vômitos; - Oriente a gestante a deglutir a saliva e tomar líquidos em abundância (especialmente em épocas de calor). ➢ FRAQUEZA E DESMAIOS Oriente a gestante para que não faça mudanças bruscas de posição e evite a inatividade; - Indique dieta fracionada, de forma que a gestante evite jejum prolongado e grandes intervalos entre as refeições; – - Explique à gestante que sentar com a cabeça abaixada ou deitar em decúbito lateral, respirando profunda e pausadamente, melhora a sensação de fraqueza e desmaio. ➢ DOR ABDOMINAL, CÓLICAS, FLATULÊNCIA E CONSTIPAÇÃO INTESTINAL Certifique-se de que não sejam contrações uterinas; - Se a gestante apresentar flacidez da parede abdominal, sugira o uso de cinta (com exceção da elástica) e exercícios apropriados; Se houver flatulências (gases) e/ou obstipação intestinal: - Oriente dieta rica em resíduos: frutas cítricas, verduras, mamão, ameixas e cereais integrais; - Recomende que a gestante aumente a ingestão de líquidos e evite alimentos de alta fermentação, tais como repolho, couve, ovo, feijão, leite e açúcar; - Recomende caminhadas, movimentação e regularização do hábito intestinal; Eventualmente, prescreva: - Dimeticona (para os gases); - Supositório de glicerina (para a obstipação); - Hioscina, 1 cápsula, via oral, até 2 vezes ao dia (para as cólicas). Solicite exame parasitológico de fezes, se necessário. ➢ HEMORROIDA Recomende à gestante: - Alimentação rica em fibras, a fim de evitar a obstipação intestinal. Se necessário, prescreva supositórios de glicerina; - Que não use papel higiênico colorido ou áspero (nestes casos, deve-se molhá-lo) e faça higiene perianal com água e sabão neutro, após a evacuação; - Que faça banhos de vapor ou compressas mornas. Agende consulta médica, caso haja dor ou sangramento anal persistente. ➢ CORRIMENTO VAGINAL Explique que um aumento de fluxo vaginal é comum na gestação; Não prescreva cremes vaginais, desde que não haja diagnóstico de infecção vaginal; Agende consulta se ocorrer fluxo de cor amarelada, esverdeada ou com odor fétido ou caso haja prurido. ➢ QUEIXA URINÁRIA: Explique que, geralmente, o aumento do número de micções é comum no início e no final da gestação (devido ao aumento do útero e à compressão da bexiga). Mesmo sendo incômodo o aumento do número de micções, é de extrema importância incentivar a ingestão hídrica adequada; Agende consulta médica caso exista dor ao urinar ou hematúria (sangue na urina), acompanhada ou não de febre. ➢ HIPERÊMESE GRAVÍDICA Caracteriza-se por vômitos contínuos e intensos que impedem a alimentação da gestante, ocasionando desidratação, oligúria, perda de peso e transtornos metabólicos. Há outros fatores que podem acarretar vômitos com a mesma gravidade e que devem ser afastados, tais como: úlcera gástrica, cisto torcido de ovário, gravidez ectópica, insuficiência renal, infecções intestinais. Os vômitos tardios da gravidez não devem ser confundidos com hiperêmese gravídica. Nas situações de êmese persistente, o profissional de saúde deve prescrever drogas antieméticas, por via oral ou intravenosa, além de hidratação. Antieméticos orais: - Metoclopramida = 10mg de 4 em 4h; - Dimenidrato = 50mg de 6 em 6h. ➢ SÍNDROMES HEMORRÁGICAS As mais importantes situações hemorrágicas na gravidez são as seguintes: - Na primeira metade da gestação: abortamento, descolamento cório-amniótico, gravidez ectópica e neoplasia trofoblástica gestacional benigna (mola hidatiforme); - Na segunda metade da gestação: placenta prévia (PP) e descolamento prematuro da placenta (DPP). – ➢ ABORTAMENTO É a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto pesa menos de 500g. Pode ser espontâneo ou provocado. O abortamento é dito precoce quando ocorre até a 12ª semana e tardio quando ocorre entre a 13ª e a 22ª semanas. ➢ GRAVIDEZ ECTÓPICA Corresponde à nidação do ovo fora da cavidade uterina, sendo mais frequente a prenhez tubária na sua porção ampular. ➢ DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL (MOLA HIDATIFORME) Caracteriza-se pela degeneração trofoblástica ocorrida após uma gestação, tópica ou ectópica, podendo apresentar-se como mola hidatiforme, corioadenoma destruens e coriocarcinoma. O diagnóstico clínico pode ser feito pela presença de sangramento vaginal intermitente, geralmente de pequena intensidade, indolor e, por vezes, acompanhado da eliminação de vesículas (sinal patognomônico). ➢ DOENÇA DO TRATO GENITAL INFERIOR Cervicites, lacerações, pólipos, lesões por agentes químicos ou mecânicos. ➢ DESCOLAMENTO DO CÓRIO AMNIÓTICO Sangramento genital de pequena intensidade. ➢ DESCOLAMENTO PREMATURO DA PLACENTA (DPP) É a separação intempestiva da placenta do seu sítio de implantação no corpo uterino antes do nascimento do feto. ➢ PLACENTA PRÉVIA Implantação da placenta, inteira ou parcialmente, no segmento inferior do útero. ➢ DOENÇA DO LÍQUIDO AMNIÓTICO - Oligoidrâmnio: Caracteriza-se pela acentuada diminuição do volume do líquido amniótico, diagnosticado quando o volume se apresenta inferior a 250ml, entre a 21ª e a 42ª semanas gestacionais. - Polidrâmnio: acúmulo de líquido amniótico em volume superior a 2.000ml no momento da resolução da gravidez. ➢ RUPTURA PREMATURA DAS MEMBRANAS OVULARES (AMNIORREXE PREMATURA) A rotura prematura das membranas ovulares (RPMO) é caracterizada pela rotura espontânea das membranas ovulares antes do início do trabalho de parto em qualquer idade gestacional. ➢ TRABALHO DE PARTO PREMATURO (TPP) Conceitua-se gravidez pré-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 semanas (ou 154 dias) e 37 semanas (ou 259 dias). Para o diagnóstico de trabalho de parto prematuro, deve- se considerar a contratilidade uterina e as modificações cervical. – – Pré-Natal de Baixo Risco: 3º Trimestre Período: 28 a 42 semanas Sintomas mais intensos por estar no final da gestação, porém tranquilos. Frequência de consultas: • Até 36s: quinzenal • Após 36s: semanal Devem ser solicitados os exames do terceiro trimestre; Prescrição e manutenção da suplementação de ferro; Encaminhar ou referenciara gestante para assistência especializada; Realizar ações e práticas educativas individuais e coletivas; REGISTRAR SEMPRE NA CADERNETA DA GESTANTE E NO PRONTUÁRIO; Agendar as consultas subsequentes. Informar sobre sinais de risco e necessidade de assistência em cada caso. AVALIAR O RISCO GESTACIONAL. • Hemograma • Glicemia em jejum (TTGO) • VDRL • Urina I e urocultura • USG com doppler • HIV • Toxoplasmose • Hepatite B • CMV (citomegalovírus) • bacterioscopia de secreção vaginal a partir de 37s • Outros exames: ecocardiograma fetal, bactéria estreptococcus B e dopllerfluxometria – – – Anamnese e Exame Físico Obstétrico – – A consulta pré natal, assim como uma consulta clínica, é composta de anamnese, exame físico e avaliação dos exames complementares. As consultas são divididas em primeira consulta e acompanhamento. A primeira consulta é o contato inicial da paciente gestante com seu obstetra, momento em que serão estabelecidas as relações de confiança e empatia, e tem como objetivos principais: Definir a condição de saúde da mãe e do concepto; Estimar a idade gestacional; Iniciar o planejamento do acompanhamento pré- natal; O número mínimo de consultas é 6 conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Programa de Humanização no Pré- natal e Nascimento do Ministério da Saúde, devendo ser realizada 1 no 1º trimestre, 2 no 2º trimestre e 3 no 3º trimestre. Já a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomenda realizar consultas mensais até as 28 semanas, quinzenais entre 28 e 36 semanas e semanais até o termo. Porém, conforme recomendação da desta última, a segunda consulta do pré-natal deve ser realizada no máximo 15 dias após, pois será necessário avaliar resultados de exames e adotar medidas necessárias. No exame físico, são indispensáveis os seguintes procedimentos: avaliação nutricional (peso e cálculo do IMC), medida da pressão arterial, palpação abdominal e percepção dinâmica, medida da altura uterina, ausculta dos batimentos cardiofetais, registro dos movimentos fetais, rea- lização do teste de estímulo sonoro simplificado, verificação da presença de edema, exame ginecológico e coleta de material para colpocitologia oncótica, exame clínico das mamas e toque vaginal de acordo com as necessidades de cada mulher e com a idade gestacional. – – O risco gestacional deve ser avaliado desde a 1º consulta pré-natal devendo ser reavaliado a cada retorno na tentativa de avaliar o quanto antes possíveis anormalidades clínicas ou obstétricas. A caracterização do risco gravídico inicia-se com anamnese e exame clínico, aliada aos exames complementares. Inúmeros são os fatores de risco que podem indicar encaminhamento ao pré-natal de alto risco segundo o Ministério da Saúde, entre elas pode- mos destacar: – – - Identificação da paciente: nome, idade materna (extremos de idade podem apresentar intercorrências), raça, estado civil, religião, nome da mãe, profissão (risco de teratogênese, má formação, exposição a altas temperaturas, laser,etc), procedência/residência, domicílio, etc. - Antecedentes pessoais fisiológicos, patológicos: afecções clínicas, cirúrgicas, traumas, alergias. - Antecedentes ginecológicos: menarca, sexarca, tratamento clínico ou cirúrgico, anticoncepção. - Antecedentes obstétricos: gestações, puerpério, amamentação. – - Antecedentes familiares: doenças crônicas, síndromes genéticas, malformações congênitas, complicações obstétricas com parentes de primeiro grau. - História obstétrica atual: planejamento e aceitação (apoio psicológico, adoção), DUM, IG, DPP, intercorrências, hospitalizações, dúvidas, mitos, expectativas. - Interrogatório sistemático - Hábitos de vida: atividade física (gestação normal com exercício sem impacto, porém, gestações de risco não deve haver exercícios), uso de álcool, tabaco, alimentação, atividade sexual em qualquer estágio da gravidez, exceto em ITU, risco de trabalho de parto prematuro (após o parto, abster-se de relações sexuais por 6 semanas). - Histórico psicossocial: moradia, educação, transporte, financeiro, relação entre os familiares, violência doméstica, entre outros. DUM – data da última menstruação DPP – data provável do parto Regra de Naegele: - Somar 7 ao dia do mês da DUM - Somar 9 ou subtrair 3 ao mês (OBS.: soma-se nove só até o mês 3) EX.: DUM: 12/03/2019 -> 12+7 = 19 // 03 + 09 = 12 DPP: 19/12/2019 – – No primeiro trimestre da gestação, a paciente pode ser examinada deitada. Nos trimestres posteriores, a paciente deve adotar a posição se- missentada com os joelhos flexionados. Essa posição é mais confortável e reduz o peso do útero gravídico na aorta descendente e veia cava in- ferior. A gestante não deve ficar em decúbito dorsal por longos períodos de tempo. A maior parte dos exames (exceto o exame ginecológico) deve ser realizada com a paciente sentada ou em decúbito lateral esquerdo. Antes de começar o exame físico, o material descrito adiante deve ser reunido: • Espéculo ginecológico e lubrificação: devido ao relaxamento da parede vaginal durante a gestação, um espéculo maior do que o habitual pode ser necessário para pacientes multíparas. • Materiais para coleta de amostras: devido ao aumento da vascularização das estruturas vaginal e cervical, a escova cervical pode causar hemorragia, o que interfere nas amostras de Papanicolaou, de forma que o dispositivo de amostragem (“escova”) é preferível durante a gestação. Use cotonetes adicionais conforme necessário para o rastreamento de DST, estreptococos do grupo B e esfregaço a fresco. • Fita métrica: uma fita de plástico ou papel é usada para avaliar o tamanho do útero após a 20ª semana de gestação. • Monitor da FCF com Doppler e gel: um “Doppler” é um dispositivo manual usado para avaliar a frequência cardíaca fetal (FCF) após 10 semanas de gestação quando aplicado externamente ao abdome gravídico. O exame físico completo deve ser realizado na primeira consulta da gestação. O exame físico da gestante é realizado da mesma forma que um exame físico completo de rotina. Assim, somente as alterações mais marcantes e as manobras especiais serão descritas. Inspeção geral: avalie a saúde geral, o estado emocional, o estado nutricional e a coordenação neuromuscular da paciente, conforme ela entre no consultório e se move para a mesa de exame. – Antropometria e sinais vitais: determine a altura e o peso e calcule o índice de massa corporal (IMC). A pressão arterial deve ser aferida em todas as consultas. Aferições pré-gestacionais do nível basal são importantes para determinar a faixa de normalidade da paciente. Cabeça e pescoço: fique de frente para a paciente sentada e inspecione a cabeça e o pescoço, dando atenção especial aos seguintes itens: • Face: manchas acastanhadas irregulares na fronte, nas regiões malares, no nariz e na mandíbula são conhecidas como cloasma gravídico ou melasma (a “máscara da gravidez”) e é um achado normal durante a gravidez. • Cabelo e pelos: o cabelo pode estar ressecado, oleoso ou ralo durante a gravidez, hirsutismo leve na face, no abdome e nos membros também é um achado comum. • Olhos: examine as escleras e as conjuntivas à procura de sinais como palidez e icterícia. • Nariz: inspecione as mucosas e o septo nasal. Congestão nasal e epistaxe são mais frequentes durante a gravidez. • Boca: examine os dentes e as gengivas da gestante. Hipertrofia gengival associada a sangramento é comum durante a gravidez. • Glândula tireoide: discreto aumento simétrico causado por hiperplasia glandular e aumento da vascularidade são normais na inspeção e na palpação. Au- mento da tireoide, bócio e nódulos da tireoide são anormais e demandam investigação. Tórax: - Pulmões: Inspecioneo tórax, observando os contornos e os padrões respiratórios; A percussão permite detectar elevação diafragmática que pode ocorrer até mesmo no primeiro trimestre de gravidez; Ausculte e verifique se há murmúrio vesicular normal, sem sibilos, estertores ou roncos. - Coração: Palpe o impulso apical (ictus cordis), que pode estar rotado para cima e para esquerda em direção ao quarto espaço intercostal (EIC) pelo útero em expansão; Ausculte o coração para determinar se há zumbido venoso ou sopro mamário contínuo frequentemente encontrado durante a gestação devido ao fluxo sanguíneo aumentado por vasos normais. O sopro mamário é frequentemente auscultado durante o final da gestação ou lactação, é mais forte no segundo ou terceiro espaço intercostal na borda esternal e, tipicamente, é sistólico e diastólico, embora somente o componente sistólico seja audível. Ausculte à procura de demais sopros. Mamas: Inspecione a simetria e a coloração das mamas e dos mamilos. Alterações normais incluem padrão venoso exacerbado, mamilos e aréolas escurecidos e tubérculos de Montgomery (tubérculos areolares). Palpe as mamas à procura de massas e linfonodos axilares. Mamas normais podem ser dolorosas à palpação e nodulares durante a gravidez. Cada mamilo deve ser comprimido entre o polegar e o dedo indicador do examinador, colostro pode ser ordenhado dos mamilos durante os últimos trimestres. Abdome: o exame do abdome é descrito a seguir em exame ginecológico/obstétrico. Extremidades: Solicite à paciente que se sente ou fique em decúbito lateral esquerdo. Os membros inferiores são inspecionados à procura de veias varicosas. Os membros inferiores devem ser palpados à procura de edema. Verificação da presença de edema: caso presente, deve ser graduado em cruzes (+/IV a ++++/IV). 1. Membros inferiores: Posicione a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias. Pressione a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna, no nível do seu terço médio, face anterior (região pré-tibial). O edema fica evidenciado mediante presença de depressão duradoura no local pressionado. – 2. Região sacra: Posicione a gestante em decúbito lateral ou sentada. Pressione a pele, por alguns segundos, na região sacra, com o dedo polegar. O edema fica eviden- ciado mediante presença de depressão duradoura no local pressionado. 3. Face e membros superiores: identifique a presença de edema pela inspeção. – No exame ginecológico/obstétrico, deve-se avaliar a genitália externa, a vagina, o colo uterino e, no toque bidigital, o útero e os anexos. Após a 12ª semana, deve-se medir a altura do fundo uterino no abdome. A ausculta fetal será possível após a 10ª-12ª semana, com o sonar-doppler. ABDOME: Inspecione o abdome à procura de estrias e cicatrizes, verificando também as dimensões, o formato e os contornos. Estrias violáceas e linha nigra são achados normais na gravidez. Palpe o abdome à procura de: • Órgãos e massas: o achado do útero grávido é esperado. • Movimentos fetais: de modo geral, pode- se sentir os movimentos fetais externamente após a 24ª semana de gravi- dez, enquanto a gestante geralmente consegue perceber esses movimentos entre as 18ª e 24ª semanas. • Altura do fundo uterino: coloque o “zero” de uma fita métrica de papel ou plástico no local onde foi palpada a sínfise púbica. A seguir, estique a fita métrica até o ponto mais alto do fundo de útero e anote o nú- mero de centímetros aferidos. • Ausculte batimentos cardíacos fetais: o monitor com Doppler da frequência cardí- aca fetal (FCF) é o dispositivo padrão para essa aferição da FCF, que normalmente é audível já na 10ª a 12ª semana de gestação. A ausculta com o estetoscópio de Pinard é possível a partir de 16 semanas gestacionais. Localização: a partir da 10ª à 18ª semana de gestação, a FCF se localiza ao longo da linha mediana da parte inferior do abdome. Depois dessa época, a FCF é mais bem auscultada no dorso ou no tórax e depende da posição fetal. Frequência cardíaca: a FCF varia entre 110 e 160 batimentos por minuto (bpm). Ritmo: a FCF deve variar 10 a 15 bpm de um segundo para outro, sobretudo nos estágios avançados da gravidez. Essa sutileza pode ser difícil de detectar com o Doppler, mas pode ser rastreada com o monitoramento da FCF, se houver alguma dúvida. – Manobras de Leopold-Zweifel: são usadas para determinar a posição do feto no abdome da ges- tante no início do segundo trimestre, a acurácia é maior após a 36ª semana de gestação. • Primeira manobra (polo fetal superior): o examinador se posiciona ao lado da paciente e palpa delicadamente o polo su- perior do útero com as palmas e os dedos de ambas as mãos, tentando identificar qual estrutura está situada nesta região. As nádegas fetais são irregulares e firmes, a cabeça é regular, lisa e endurecida. • Segunda manobra (paredes laterais do abdome materno): na mesma posição, o examinador desliza suas mãos, dispondo- as uma em cada extremidade lateral uterina. A palpação deve identificar o lado do dorso fetal, que é regular, liso e rígido. A extremidade que contém os membros se apresenta irregular e seus movimentos podem ser notados. • Terceira manobra (polo fetal inferior e descida para a pelve): com apenas uma das mãos o polo inferior deve ser apreendido entre o polegar e os dedos da mão dominante, logo acima da sínfise púbica. Movimentos laterais são feitos para evidenciar o movimento passivo desta região. Um polo fixo indica insinuação do feto na pelve e proximidade do trabalho de parto. • Quarta manobra (apresentação): o examinador vira-se de frente para os pés da paciente e com as mãos afastadas cerca de 10 cm uma da outra, avança das fossas ilíacas em direção ao hipogástrio. Nesta etapa, tenta aprofundar as mãos na pelve para evidenciar qual região fetal está no polo inferior do útero (apresentação fetal). A porção fetal cefálica é menor, lisa, irredutível e endurecida quando compara- da com a porção pélvica que se apresenta maior, irregular e amolecida. Se o feto estiver transversal, o polo se encontra vazio. Na apresentação cefálica, os dedos em contato com a região occipital do feto avançam mais adentro na pelve que os dedos contralaterais. – – – Compreende as relações de posicionamento fetal com diversos pontos de referência. - Atitude: relaciona as partes fetais entre si, de acordo com o período gestacional. Durante o curso da gestação, o feto se encontra em flexão generalizada, formando um ovoide, delimitado por dois polos. Um cefálico, menor, e um pélvico, maior. No parto, as atitudes fetais se modificam para a expulsão do concepto. - Situação: relaciona o eixo longitudinal fetal e uterino. Se paralelos, a situação é longitudinal, se perpendiculares a situação é transversa. - Apresentação: localiza a região fetal que se encontra no estreito superior da pelve. Nas situações longitudinais, a apresentação é cefálica (cabeça fetal) ou pélvica (pelve fetal). Na situação transversa a apresentação é sempre denominada córmica. - Posição: é a relação do dorso fetal com o lado direito ou esquerdo da mãe. A primeira posição ou posição esquerda ocorre quando o feto está com o dorso no lado esquerdo materno. A segunda posição ou posição direita quando o dorso se encontra no lado direito da mãe. Variedade de posição: relaciona pontos de referência fetais com pontos de referência maternos dispostos circularmente na pelve, traduzindo a rotação no eixo longitudinal fetal. Assim, cada apresentação possui um ponto de referência fetal. Este será descrito de acor- do com sua proximidade aos pontos de referência na pelve materna (sacro, púbis, pontos transversais direitos e esquerdos). Por exemplo, um feto com apresentação cefálica e situação longitudinal, tem a variedade de posição occípito-pubianaquando a região occipital fetal se encontra próxima à região pubiana da mãe. Na apresentação pélvica, o ponto de refe- rência fetal é o sacro. – – Pré-Natal de Alto Risco Doenças crônicas prévias: • HSA • Diabetes • Lúpus • Doenças psiquiátricas • Cardiopatias • infecções crônicas: hepatite e HIV • tuberculose; Gestação anterior de alto risco: • Hipertensão • Aborto de repetição; • Deslocamento prévio de placenta Identificação durante a gestação de uma doença ou condição: • Diabetes gestacional • DHEG • pré-eclâmpsia e eclampsia • infecções gerais • trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada; • Aminorrex prematura; • hemorragias; • Óbito fetal • Idade maior que 35 e menor que 15; • Altura menor que 1,45 cm; • Peso pré-gestacional menor que 45 e maior que 75kg; • Anormalidades nos órgãos e estruturas - reprodutivas; • Situação conjugal insegura e conflitos familiares; • Dependência de Drogas ilícitas ou lícitas; • Exposição à riscos ocupacionais e agentes físicos ou químicos; • Síndromes hemorrágicas (incluindo descolamento prematuro de placenta, placenta prévia), independentemente da dilatação cervical e da idade gestacional; OBS: Perdas vaginais devem SEMPRE ser investigadas pois podem indicar descolamento da placenta prematuro da placenta, IST’s e ITU (infecção do trato urinário). • Suspeita de pré-eclâmpsia: pressão arterial > 140/90, medida após um mínimo de 5 minutos de repouso, na posição sentada. Quando estiver associada à proteinúria, pode-se usar o teste rápido de proteinúria; • Sinais premonitórios de eclâmpsia em gestantes hipertensas: escotomas cintilantes, cefaleia típica occipital, epigastralgia ou dor intensa no hipocôndrio direito; • Eclâmpsia (crises convulsivas em pacientes com pré-eclâmpsia); • Amniorrexe prematura: perda de líquido vaginal (consistência líquida, em pequena ou grande quantidade, mas de forma persistente), podendo ser observada mediante exame especular com manobra de Valsalva e elevação da apresentação fetal. A doença hipertensiva da Gestação pode ser transitória ou crônica. (1) hipertensão transitória da gravidez: a pressão retorna ao normal até 12 semanas após o parto (diagnostico retrospectivo) ou (2) hipertensão crônica: a elevação da pressão arterial persiste além de 12 semanas após o parto. – ➢ PA = ou >que 110mmgH Proteinuria = ou > que 2,0g em 24hrs Oliguria > que 500ml/dia Niveis séricos de creatinina >que 1,2mg/DL Cefaleia e distúrbios visuais Aumento de peso rápido e edema facial Presença de convusões ou coma. ➢ Hemoglobina < 8mg/dl Aumento do débito cardíaco Baixa de Hb (hemodiluição) - CONDUTA: Suplementação com sulfato ferroso 40mg + ácido fólico 10mg por 60 dias + alimentação rica em ferro + Noripurum endovenoso. - EXAMES: HCM, VHCM E RDW: índices hematimétricos que avaliam as características das hemácias. ➢ Aumento de 30mmHg na sistólica ou 15mmHg na diastólica com proteinúria e aumento do ácido úrico. - CONDUTA: Metildopa 250mg sublingual (estabilizar e realizar manejo com 3000mg ao dia) + Sulfato de Mg intravenoso (reposição dos níveis de Mg) ➢ Realizar USG mensal; Analisar os exames; - CONDUTA: IgG + e IgM- : toxoplasmose antiga; IgG- e IgM+: infecção recente, iniciar com espiramicina 1g 8h/8h via oral. IgG + e IgM +: realizar teste de avidez: ⬧ Avidez forte e IG maior que 16 semanas: iniciar espiramicina até a 30ª semana e após a 30ª semana iniciar com a tríplice = pirimetamina 25mg de 12h/12h via oral + sulfadiazina 1500mg de 12h/12h via oral + ácido folínico 10mg/dia ⬧ Avidez fraca: iniciar espiramicina imediatamente. – Parada cardiorrespiratória (PCR) é definida como a cessação súbita da função mecânica cardíaca com consequente colapso hemodinâmico. Utilizamos o termo “parada cardiorrespiratória” para aqueles eventos que foram rapidamente detectados, enquanto ainda há possibilidade de retorno da circulação espontânea por meio de ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Os casos que evoluem para óbito ou aqueles em que a ressuscitação cardiopulmonar não for executada devem ser chamados de morte súbita cardiovascular. A PCR é um evento rápido e uma situação extrema de emergência médica que tem sua chance de sobrevivência dependente do tempo rápido entre reconhecimento e início das manobras. ▪ Tempo é cérebro. ▪ Tempo é músculo. Objetivos da RCP: A principal etiologia da PCR é o infarto agudo do miocárdio (IAM), mas outras etiologias, como as emergências neurológicas, perfazem em torno de 16% das paradas cardiorrespiratórias extra- hospitalares. Em relação à sobrevida, os números são ainda mais díspares. Considerando-se que o prognóstico de um paciente após uma ressuscitação bem- sucedida depende em grande parte da condição do sistema nervoso central (SNC) e que a preservação da função do SNC depende de um rápido reconhecimento e adequada RCP, fica claro que onde a “corrente de sobrevivência” é mais eficaz, o número de pacientes que se recuperam é maior, podendo a ressuscitação cardiopulmonar imediata duplicar ou triplicar as chances de sobrevivência a uma FV. Se a FV permanecer sem atendimento por 15 minutos, ela deteriora para assistolia. Cada minuto de um ritmo chocável sem desfibrilação diminui em 10% a chance de sobrevivência, de modo que após 12 minutos essa chance varia de 0 a 5%. Para o correto diagnóstico da PCR, devemos verificar se a vítima se encontra com: 1. Ausência de resposta: – Após chamado e toque vigoroso nos dois ombros. 2. Ausência de respiração ou respiração irregular (gasping): – O gasping pode durar vários minutos. 3. Ausência de pulso central: – Checar pulso carotídeo ou femoral. – Se houver dúvida ou o pulso não for detectado em até 10 segundos, a RCP deverá ser iniciada. Identificado o paciente em PCR, é preciso iniciar o atendimento rápido e eficaz por meio do suporte básico de vida (BLS). Caso a vítima se encontre com pulso presente e respiração normal, apenas aguarde o serviço médico de emergência. Se a vítima se encontrar com pulso presente e respiração ausente ou irregular, realize 1 ventilação de resgate a cada 6 segundos, cheque – pulso a cada 2 minutos, administre naloxone se suspeita de intoxicação por opioides e aguarde o serviço médico de emergência (SME). Diagnosticada a PCR, uma das primeiras providências é instalar um monitor para obter o ritmo cardíaco, seja de maneira automática (desfibrilador externo automático – DEA) ou não. O objetivo é identificar ritmos que possam ser chocáveis. ➢ A determinação da causa da parada cardiorrespiratória no atendimento inicial é difícil, e muitas vezes informações sobre idade, anamnese, comorbidades e medicações não estão disponíveis ou não são confiáveis. Na maioria das vezes, a PCR é decorrente de patologias do coração, destacando-se o infarto agudo do miocárdio (IAM). Hipotermia e afogamento são causas de PCR que podem se manifestar em qualquer ritmo de parada e seu manejo envolve medidas invasivas de aquecimento e ressuscitação prolongada. ➢ Taquicardia ventricular – sem pulso (TVsp) Atividade elétrica sem pulso Fibrilação ventricular (FV) Assistolia Foi criada para ressaltar a importância da adoção de atitudes organizadas e hierarquizadas na situação de provável ou confirmada PCR no ambiente extra-hospitalar. Nesse aspecto, é importante a identificação de ritmos passiveis de tratamento com o desfibrilador como FV e TVsp. – O suporte básico de vida (BLS) contém o alicerce de conhecimentos necessários para salvar vidas após uma PCR e deve ser disseminado entre médicos e leigos. Os aspectos fundamentais do BLS em adultos incluem: 1. Reconhecimento imediatode parada cardiorrespiratória. 2. Ativação imediata do sistema de resposta a emergências. 3. Manuseio básico de vias aéreas. 4. RCP precoce e de alta qualidade. 5. Desfibrilação rápida com um desfibrilador externo automático (DEA). Sequência do SBV em adultos: 1. SEGURANÇA DA CENA: Antes de avaliar a vítima e iniciar qualquer atendimento, é imprescindível garantir a segurança da cena. Segurança do profissional em 1º lugar. Caso o local não seja seguro (por exemplo, um prédio com risco de desmoronamento, uma via de trânsito), deve-se tornar o local ou remover a vítima para um local seguro. Se o local estiver se- guro, pode-se prosseguir com o atendimento. 2. AVALIAÇÃO E AÇÃO: - Avaliação da responsividade: A avaliação da responsividade da vítima consiste em checar a consciência. Deve-se chamar a vítima (em voz alta) e realizar estímulo tátil tocando-a pelos ombros. Se a vítima responder, se apresente, ofereça ajuda. Caso não responda, o próximo passo é chamar por ajuda. - Chamar ajuda: Deve-se dar prioridade ao contato com o serviço local de emergência (por exemplo, Sistema de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU 192) e, se um DEA estiver disponível no local, providenciar. Se não estiver sozinho, peça para uma pessoa ligar e conseguir um DEA, enquanto continua o atendimento à vítima. É im- portante designar pessoas para que sejam responsáveis em realizar essas funções. - Checar o pulso e respiração: A checagem de pulso (carotídeo ou femoral) deve ser realizada em até 10 segundos, tanto no atendimento inicial para diagnóstico, como após 2 minutos ou 5 ciclos se houver ritmo no monitor capaz de gerar pulso. Notada a ausência de pulso e de movimentos respiratórios (pode ser avaliada através da presença de expansibilidade torácica) deve-se iniciar imediatamente os ciclos de compressões e ventilações. Se o pulso estiver presente, abrir via aérea e aplicar uma insuflação a cada 5 a 6 segundos (10 a 12/min) e verificar a presença de pulso a cada 2 minutos. 3. COMPRESSÕES TORÁCICAS: Um dos principais preditores de sucesso na RCP é a correta execução de compressões torácicas externas, principal responsável pela circulação sanguínea em pacientes nessa situação. Para explicar o fluxo sanguíneo durante a fase da compressão cardíaca, as principais teorias são a “bomba cardíaca” e a “bomba torácica”. - A teoria da “BOMBA CARDÍACA” foi a primeira a ser proposta e afirma que a compressão simultânea dos VD e VE entre o esterno e a coluna vertebral cria um gradiente de pressão entre o ventrículo e a aorta. Essa teoria pressupõe que as valvas atrioventriculares permaneçam fechadas durante a compressão. Como consequência, a pressão lateral pleural e as pressões arterial e venosa intratorácica devem ser diferentes, a pressão arterial intratorácica igual à pressão extratorácica e a pressão venosa intratorácica maior que a extratorácica (devido às válvulas e provável colapso venoso). Dessa maneira, seria criado um gradiente arterial-venoso periférico, resultando em fluxo sanguíneo adiante, com o ventrículo se enchendo durante a descompressão. No entanto, estudos recentes demostraram que as valvas cardíacas permanecem abertas durante a compressão cardíaca. - A teoria da “BOMBA TORÁCICA” propõe que mais importante que o momento da compressão torácica é o momento da descompressão, por induzir o fluxo de sangue para o coração, aumentando a pré-carga e levando à perfusão das artérias coronárias. O importante é que essa descompressão ocorra de maneira completa. A teoria da “bomba torácica” explica melhor a perfusão do sistema nervoso central durante a RCP, pois há evidências sugerindo que a perfusão cerebral ocorre tanto na sístole (compressão) quanto na diástole, quando o retorno da caixa torácica à sua posição original é total (descompressão). – - TÉCNICA DA COMPRESSÃO TORÁCICA: Para realizar as manobras de RCP, é necessário se posicionar de joelhos ao lado da vítima, desnudar o tórax e posicionar a região hipotenar da mão dominante sobre o corpo do osso esterno, na linha intermamilar entre a fúrcula esternal e o apêndice xifoide, e sobrepor a outra mão, entrelaçando-a. O número de compressões deve ser entre 100-120 por minuto (rápida e intensa), deprimindo o tórax em 5 a 6 cm) e permitindo o retorno completo do tórax após cada compressão, sem retirar o contato das mãos. É recomendado o revezamento das compressões a cada 2 minutos, pois existe relação entre RCP prolongada, fadiga e redução da eficácia das compressões. Compressões acima de 120/min aumentam a chance de inadequada profundidade torácica, e profundidade acima de 6 cm está associada ao aumento de lesões intratorácicas; portanto, a AHA preconiza: • Local: 1/2 inferior do esterno, com a palma da mão não dominante sobre o dorso da mão dominante, dedos entrelaçados e braços completamente estendidos, perpendiculares ao tórax do paciente. Comprimir com região hipotenar da mão dominante. • Velocidade: 100 a 120 por minuto. • Profundidade: deprimir o tórax entre 5 e 6 cm. • Não se apoiar no tórax do paciente, permitindo a expansão torácica após cada compressão. • Minimizar as interrupções entre as compressões. Quando parar as manobras de SBV: Na fibrilação ventricular (FV), a contração coordenada do miocárdio ventricular é substituída por excitação desorganizada de alta frequência, resultando em contração desorganizada das fibras miocárdicas e, consequentemente, na falha do coração em bombear o sangue. As principais causas de FV são a falta de fluxo sanguíneo adequado para o músculo cardíaco ou danos no músculo cardíaco devido a isquemia, cardiomiopatia, doenças da aorta, toxicidade de drogas e sepse. A desfibrilação elétrica tem um objetivo simples: terminar a fibrilação e restaurar o ritmo sincronizado em todo o miocárdio a partir de um foco sinusal. Há mais de um século é sabido que esse objetivo é alcançado aplicando um choque elétrico através do coração. O mecanismo pelo qual o choque retorna o ritmo ao normal ainda é motivo de controvérsia. As teorias clássicas sugerem que um campo elétrico produzido por um choque é capaz de estimular todo o miocárdio, incluindo regiões em vários estados de repolarização e refratariedade. Dessa maneira, ocorreria uma despolarização homogênea interrompendo os padrões de fibrilação e redefinindo a condução elétrica no tecido. Essa teoria foi posteriormente expandida quando se demonstrou que a desfibrilação poderia ocorrer sem que todo o miocárdio fosse afetado. – Posteriormente desenvolveu-se uma teoria alternativa baseada nos mecanismos que induzem a arritmia. Em modelos experimentais, a aplicação de um choque ao tecido durante o período vulnerável de repolarização pode induzir FV. Nesse modelo, observou-se que havia um limite superior na força de choque capaz de induzir uma arritmia. Acredita-se, por esses motivos, que para ser bem- sucedido, um choque deve ser capaz de impedir a progressão das frentes de ativação e alcançar um gradiente de potencial suficiente em todo o miocárdio, de modo a não permitir os fenômenos de reentrada que causam a arritmia. - TÉCNICA: No atendimento pré-hospitalar, a desfibrilação é realizada por desfibrilador externo automático (DEA), que é de fácil utilização, podendo ser aplicado por socorristas leigos (p. ex., bombeiros, agentes policiais e paramédicos), pois o DEA analisa o ritmo automaticamente e indica se o choque é necessário sem a necessidade de o operador interpretar o ritmo. No intra-hospitalar, os desfibriladores podem ser monofásicos ou bifásicos. Nestes últimos, a energia necessária para se desfibrilar com sucesso é menor, diminuindo a chance de disfunção miocárdica pós-choque. No início da ressuscitação de um paciente em PCR, o ritmo deve ser checado e, na presença de ritmo chocável (FV ou TVsp), a desfibrilação deve ser realizadao mais precocemente possível e não deve ser atrasada pelas compressões torácicas. É necessário, no entanto, lembrar que a desfibrilação sem a RCP pode resultar em RCE principalmente nos primeiros 2 minutos; após esse período, a evidência é conflitante. Ademais, o choque deve ser entregue rapidamente com interrupções mínimas na RCP. Isso pode ser facilitado e agilizado pela colocação de pás adesivas que dispensam o reposicionamento a cada ciclo das pás e do gel condutor. O ritmo de atividade elétrica sem pulso (AESP) pode ser observado após uma desfibrilação bem- sucedida; assim, mesmo se um ritmo organizado se apresentar no monitor, é necessária manutenção da RCP por mais um ciclo. POSIÇÃO DAS PÁS: • Posição anteroapical: uma pá é colocada em ápice cardíaco, e a outra pá em região infraclavicular direita. É a posição de escolha para pacientes em posição supina. • Posição anteroposterior: uma pá adesiva é colocada em região paraesternal esquerda e a outra pá é colocada em região infraescapular esquerda. • Posição posteroapical: uma pá adesiva é colocada em região precordial e a outra pá é colocada em região infraescapular esquerda. Ao avaliar a via aérea de um paciente em parada respiratória é necessário realizar primeiramente manobras que possam abrir a via aérea de maneira adequada. Há diferença entre a ABERTURA e a DESOBSTRUÇÃO de vias áreas e para cada uma das situações há uma manobra específica. O simples ato de abrir a via aérea já pode ser suficiente para o retorno da respiração espontânea. Posteriormente se torna necessária a avaliação da cavidade oral em relação à presença de secreções ou de corpo estranho, pois a obstrução de via aérea é causa frequente de parada respiratória e a aspiração ou retirada do fator obstrutivo se torna imperativa nesse contexto. – Para ABERTURA duas manobras podem ser realizadas: Chin Lift e Jaw-Trust. Se houver história de trauma recomenda-se a manobra de Jaw-trust que é a elevação da mandíbula que permite a abertura da via aérea mantendo a cervical estável em posição neutra. Por outro lado, se não houver história de trauma, pode ser realizada a manobra head tilt-chin lift, que consiste na elevação do queixo e extensão da cabeça. Existem alguns mecanismos de barreira disponíveis para aplicar as ventilações, a fim evitar o contato do socorrista com a vítima e uma consequente contaminação. A obstrução das vias aéreas por corpos estranhos (OVACE) consiste na obstrução de vias aéreas causada por aspiração de corpo estranho, geralmente localizado na laringe ou traqueia. Essa condição pode ser um evento potencialmente fatal. Ela é mais comum em crianças do que em adultos. Vítimas com obstrução da via aérea, se não forem socorridas a tempo ela podem evoluir para uma PCR. • Se posicione atrás da vítima, com suas pernas entre as dela. • Abrace a vítima na altura na crista ilíaca. • Posicione uma mão com o punho fechado e polegar voltado para região abaixo do apêndice xifoide e a outra mão espalmada sobre a primeira cobrindo-a. • Faça compressões rápidas e firmes, para dentro e para cima, em movimento que lembre um J. • Repetir manobra até sucesso na desobstrução ou até o paciente perder a consciência. – A OVACE em crianças com menos de 1 ano é frequentemente proveniente da ingestão de líquidos, principalmente o leite materno. Os bebês com casos leves não demandam a realização de nenhuma intervenção para a desobstrução, apenas pegar o bebê no colo em pé e permitir que ele tussa. • Anteriorizar a vítima. • Permitir a tosse. • Monitorar o paciente de forma vigilante, pois o quadro pode se agravar. Os bebês com quadros graves e responsivos devem ser apoiados sobre o antebraço do socorrista em decúbito ventral, estando esse apoiado sobre a coxa, posicionando a mão próxima ao mento, com os dedos próximos às clavículas e fúrcula. O socorrista deve realizar uma inclinação da vítima, de maneira que a cabeça fique em um nível inferior aos membros e posteriormente promover 5 golpes com a região hipotênar entre as escápulas, para, em seguida, virar o bebê e realizar 5 compressões torácicas na região intermamilar com 2 dedos. Feita as compressões, vira a criança e avalia via aérea buscando corpo estranho. Caso o corpo estranho não seja facilmente retirável você deve retorna a manobra. Esse procedimento deve ser repetido até que o bebê expulse o corpo estranho ou perca a consciência. As crises convulsivas decorrem de uma alteração involuntária e repentina dos sentidos, do comportamento, da atividade muscular ou do nível de consciência que resulta da irritação ou da superatividade das células cerebrais. A crise convulsiva, exceto o estado epiléptico, é autolimitante, durando cerca de 1 a 2 minutos, embora o paciente possa apresentar sonolência por várias horas. Além disso, as crises convulsivas se iniciam e cessam de forma espontânea, não sendo possível reduzir sua duração. Por ser um evento de curta duração, alguns cuidados imediatos devem ser adotados a fim dar apoio e evitar lesões pós-convulsão: • Mover a vítima quando próxima a um objeto perigoso que não possa ser afastado ou quando em local de grande risco de acidente; • Posicionar a vítima em decúbito lateral, com rosto virado para baixo (posição lateral de segurança), a fim de que secreções e vômitos não sejam broncoaspirados e para que a base da língua não regrida e bloqueie a via aérea; • Colocar apoio macio sob a cabeça da vítima, a fim de evitar lesões na cabeça; • Manter vias aéreas desobstruídas; • Remover ou afrouxar as roupas apertadas da vítima, principalmente em volta do pescoço, e remover óculos; • Permanecer com a vítima por toda a crise, caso necessite buscar ajuda, mandar outra pessoa; – • Não colocar nada a força entre os dentes da vítima e nunca administrar nada por via oral; • Não restringir movimentos da vítima, a menos que esteja próximo a objetos perigosos que não possam ser movidos; • Se vítima consciente, tranquiliza-la, assim como outras pessoas que estiverem com ela; • Evitar que a vítima se transforme em um espetáculo, pedindo para que os observadores se retirem; • Após a crise convulsiva, acalmar e reorientar a vítima, mantendo-a mais confortável possível. 3 objetivos principais: coluna estabilizada, cabeça em posição neutra e decúbito lateral. – Anamnese (aná = trazer de novo e mnesis = memória) significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e a pessoa doente. A anamnese é classicamente composta pelos seguintes tópicos: identificação, queixa principal, história da doença atual (HDA), interrogatório sistemático ou sintomatológico (IS), antecedentes (pessoais e familiares), hábitos de vida e história psicossocial (condições socioeconômicas e culturais). A identificação é o perfil sociodemográfico do paciente que permite a interpretação de dados individuais e outros aspectos relacionados a ele. São elementos obrigatórios da identificação do paciente: nome, idade, sexo, cor/etnia, estado civil, ocupação, escolaridade, religião, naturalidade e procedência e grau de confiabilidade. O que não pode faltar? • O registro do nome do paciente deve ser completo, sem abreviações. • A idade é quantificada em dias ou meses, no caso de crianças abaixo de 1 ano de idade, e em anos, no caso de indivíduos acima de 1 ano de vida. • O registro do sexo biológico é feito como masculino ou feminino. No entanto, o gênero pode diferer do sexo biológico e também deve constar na identificação. • O registro da cor/etnia deve basear-se na autodeclaração do paciente e recomenda- se usar a seguinte nomenclatura: cor branca, cor parda, cor preta, etnia indígena, etnia asiática, entre outras. • A ocupação refere-se à atividade produtiva que opaciente exerce no dia a dia. É importante também referir o local e as condições de trabalho. • A escolaridade e a religião são infor- mações importantes da identificação, uma vez que interferem diretamente na vida do paciente e na sua relação com determinadas situações e doenças. • A naturalidade é o local onde o paciente nasceu e a procedência refere-se ao local de residência atual do paciente. Neste item, registra-se a queixa principal ou o motivo que levou o paciente a procurar o médico, repetindo, se possível, as expressões por ele utili- zadas. É uma afirmação breve e espontânea, geralmente um sinal ou um sintoma, nas próprias palavras da pessoa, que é o motivo da consulta. Geralmente, é uma anotação entre aspas para indicar que se trata das palavras exatas do paciente. Cada sintoma principal deve ser bem caracterizado e deve incluir os 7 atributos de um sintoma: (1) localização; (2) características; (3) quantidade ou intensidade; (4) cronologia, in- clusive início, duração e frequência; (5) a situação em que ocorre; (6) os fatores que agravam ou aliviam o sintoma; e (7) as manifestações associadas. Principais queixas do sistema digestório: ➢ Define-se disfagia como dificuldade à deglutição. A disfagia que ocorre nas duas primeiras fases da – deglutição é chamada de bucofaríngea, alta ou de transferência, e a disfagia da terceira fase da deglutição, de disfagia esofágica, baixa ou de transporte. A disfagia bucofaríngea pode ser facilmente reconhecida: o alimento permanece no todo ou em parte na cavidade bucal após a tentativa de deglutição, podendo haver aspiração para a árvore traqueobrônquica, seguida de tosse, ou regurgitação nasal. Na disfagia esofágica, o paciente tem a sensação de parada do bolo alimentar no esôfago, embora não possa localizar precisamente o nível da obstrução. Ela pode ocorrer devido a uma obstrução de natureza orgânica ou a alterações motoras; ➢ A odinofagia, dor que surge com a ingestão de alimentos, pode ocorrer como sintoma isolado, porém comumente está associada à disfagia. O caráter da dor é variável, sendo referida como dor urente, em punhalada, constritiva ou espasmódica. A dor urente representa grau mais intenso da pirose e é frequente na esofagite péptica, sendo exacerbada pela ingestão de alimentos ácidos ou condimentados. Nos distúrbios motores esofágicos, a odinofagia se deve a contrações musculares de maior intensidade no esôfago distal ou a lesões associadas da mucosa. ➢ Significa obstrução esofágica completa, que, em geral, se deve a impactação do bolo alimentar e representa uma emergência médica. ➢ A fagofobia é o medo de deglutir, que pode ocorrer em casos de histeria, tétano, raiva e paralisia faríngea. Geralmente desencadeado por medo de aspiração de alimentos ou comprimidos. ➢ Comumente referida pelo paciente como azia, queimor ou queimação, é o principal sintoma do refluxo gastresofágico. Na maioria das vezes, é de localização retroesternal, sendo percebida no nível do apêndice xifoide, podendo propagar-se para a região epigástrica, para ambos os lados do tórax ou, mais comumente, em direção ascendente, até o nível do manúbrio esternal. Ocorre, quase sempre, após as refeições e pode ser desencadeada por determinados alimentos como frituras, bebidas alcoólicas, café, frutas cítricas e chocolate, ou pela posição de decúbito. Acompanha-se, às vezes, de regurgitação de pequenas quantidades de líquido de sabor azedo ou amargo. A pirose constante sugere insuficiência do mecanismo impediente do refluxo, cujas causas mais comuns são o relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago, a hérnia hiatal e a hipotonia do esfíncter inferior do esôfago. ➢ A dor esofágica “espontânea” distingue-se da odinofagia por não depender do ato de ingerir alimento, podendo, todavia, com ela coexistir. A dor espontânea pode ser causada por mudanças do pH intraluminal, atividade motora anormal ou processos inflamatórios ou neoplásicos da parede esofágica. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: De modo geral, a disfagia que se manifesta somente para sólidos é sugestiva de obstáculo mecânico, ao passo que a disfagia que ocorre tanto com alimentos sólidos como líquidos indica alteração da motilidade esofágica. É importante considerar a evolução da disfagia. Nas obstruções de natureza orgânica, a disfagia é intermitente nas membranas e anéis, e progressiva nas neoplasias e nas estenoses pépticas. Nos distúrbios motores do esôfago, a disfagia é intermitente no espasmo difuso e progressiva no megaesôfago ou acalasia. Disfagia transitória pode ser provocada por processos inflamatórios. – O caráter da dor varia em função da doença-base. ➢ Entende-se por regurgitação a volta do alimento ou de secreções contidas no esôfago ou estômago à cavidade bucal, sem náuseas e sem a participação dos músculos abdominais. A regurgitação de pequena quantidade de líquido, pela manhã, é chamada de pituíta. ➢ A hematêmese ou vômito com sangue caracteriza a hemorragia digestiva alta, assim entendida aquela em que a sede do sangramento se localiza desde a boca até o ângulo de Treitz (transição duodenojejunal). A causa mais comum de sangramento são as varizes do esôfago. Na maioria das vezes é volumosa e contém sangue, ainda não alterado por ação do suco gástrico. Hematêmese de menor volume, de origem esofágica, pode ocorrer no câncer do esôfago e nas úlceras esofágicas. ➢ É o sintoma mais frequente das doenças do estômago e duodeno. A dor visceral do estômago e do bulbo duodenal é percebida na linha mediana do epigástrio, poucos centímetros abaixo do apêndice xifoide. Esta é a localização indicada pela maioria dos pacientes com úlcera péptica. Também a exibem, menos frequentemente, pacientes com gastrite e câncer gástrico. ➢ Trata-se de um grupo heterogêneo de sintomas localizados no andar superior do abdome, na maior parte das vezes na região epigástrica, atribuídos a alterações gastroduodenais. Pode ser definida pela presença de um ou mais dos seguintes sintomas: plenitude pós-prandial, saciedade precoce, epigastralgia e queimação epigástrica. Tais manifestações podem ou não vir acompanhadas de outros sintomas gastrintestinais, como eructações, náuseas e vômito. Podem ser causados por doenças estruturais (gastrite, úlcera péptica, neoplasias), metabólicas (gastroparesia) e funcionais (quando nenhuma causa orgânica reconhecível justifica a sintomatologia). ➢ Plenitude pós-prandial é a sensação de persistência prolongada de alimentos no estômago após uma refeição, gerando desconforto. A saciedade precoce é definida como a sensação de que o estômago está cheio logo após o início de uma refeição, impedindo que seja terminada. Podem estar presentes de forma isolada ou acompanhando a dor epigástrica. ➢ São manifestações comuns das doenças do estômago e do duodeno. As náuseas são definidas como uma sensação desagradável relacionada à necessidade iminente de vomitar, localizada no epigástrio ou na garganta. O vômito é caracterizado pela expulsão forçada do conteúdo gástrico ou intestinal pela boca, associado à contração dos músculos abdominais e torácicos. A ocorrência de vômitos acompanhando as crises dolorosas não denota necessariamente obstrução do trato de saída do estômago. Quantidades elevadas de bile no vômito sugerem obstrução intestinal alta. Quando há sangue (hematêmese), isto denota sangramento a montante do ângulo de Treitz e pode corresponder a hemorragia proveniente de úlcera péptica ou câncer gástrico. É importante enfatizar que náuseas e vômito frequentemente têm origem extradigestiva. De fato, podem ser causados por doenças sistêmicas tão diversas como intoxicações exógenas, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DOR: O diagnóstico diferencial deve ser feito com dor de origem não dispéptica, como litíase biliar, pancreatite, tumor de pâncreas,parasitoses, isquemia mesentérica e doenças não abdominais como infarto agudo do miocárdio e pneumonia. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: A dor esofágica pode ser confundida com dor cardíaca da insuficiência coronariana. A avaliação clínica pode necessitar de exames como a endoscopia digestiva alta e a manometria, bem como uma completa investigação cardiológica, tendo em vista que ambas as condições podem coexistir, sobretudo em pacientes idosos. – afecções do sistema nervoso central, infarto do miocárdio, litíase e insuficiência renal, infecções de diferentes naturezas e hipertireoidismo. ➢ A diarreia é a manifestação mais comum das doenças do intestino delgado, definida como aumento do teor líquido das fezes, frequentemente associado ao aumento do número das evacuações e do volume fecal (maior que 200 g em 24 horas). - MECANISMOS DA DIARREIA: ■ Aumento da pressão osmótica do conteúdo intraluminal (diarreia osmótica). O acúmulo de substâncias não absorvíveis no intestino delgado pode determinar retardo da absorção de água e eletrólitos ou passagem de líquidos do meio interno para o lúmen intestinal. Este tipo de diarreia aparece quando há defeito na digestão ou na absorção de nutrientes, como se observa na síndrome de má absorção e na deficiência das dissacaridases (lactase, frutase ou sacarase) ou na ingesta de nutrientes mal absorvidos, como magnésio, manitol, sorbitol. ■ Aumento da secreção de água e eletrólitos pela mucosa intestinal (diarreia secretora). Este mecanismo ocorre mais comumente quando há estímulos à síntese de monofosfato de adenosina (AMP) cíclico intracelular, por ação de enterotoxinas bacterianas (Vibrio cholerae, Escherichia coli) e por alguns medicamentos (teofilina, prostaglandinas). Pode ocorrer ainda por ação hormonal, como nos tumores neuroendócrinos produtores de serotonina ou peptídio vasointestinal ativo (VIP). ■ Aumento da permeabilidade da mucosa intestinal (diarreia exsudativa). Alterações inflamatórias, neoplásicas ou isquêmicas na mucosa intestinal resultam em passagem anormal de líquidos do meio interno para o lúmen do intestino delgado. São exemplos a diarreia das doenças inflamatórias e dos linfomas difusos do intestino delgado. ■ Alteração da motilidade do intestino delgado (diarreia motora). Este mecanismo ocorre quando há uma alteração capaz de modificar o padrão normal do trânsito no intestino delgado. São exemplos o hipertireoidismo e a diarreia funcional, condições nas quais o trânsito pelo intestino delgado é acelerado. É importante diferenciar a diarreia verdadeira de diarreia paradoxal (ocorre especialmente em idosos, em que pequenas porções de fezes líquidas extravasam ao redor de um fecaloma) e incontinência fecal (incapacidade de controlar a eliminação de fezes). Sempre que tiver oportunidade, o médico deve examiná-las pessoalmente. A determinação da duração do processo diarreico é muito útil, em especial para estabelecer o diagnóstico etiológico. São classificadas como agudas quando duram menos de 14 dias (e tendem a ter etiologia bacteriana, viral, alérgica ou por toxina), crônicas, se duram mais que 1 mês (tendem a ser não infecciosas), e subagudas, entre 15 e 30 dias. - CARACTERÍSTICAS SEMIOLÓGICAS DA DIARREIA: Os dados relativos ao volume, consistência e aspecto das fezes, bem como à frequência das evacuações, são fundamentais para que se conclua se há acometimento exclusivo ou predominante do intestino delgado. Nestes casos, as dejeções costumam ser volumosas e amolecidas, quando não francamente líquidas ou semilíquidas. O volume aumentado das fezes pode ser aparente, quer em cada evacuação, quer quando se calcula o volume de 24 horas. Sua frequência está aumentada, mas dificilmente alcança a que se observa nas afecções inflamatórias das porções mais distais do intestino grosso. São comuns as modificações do aspecto das fezes, que podem estar mais claras, brilhantes, leves e espumosas. As evacuações podem se acompanhar da eliminação de grande quantidade de gases, o que confere um caráter “explosivo” às dejeções. Muitas vezes são precedidas de cólicas abdominais, de localização periumbilical, ou de dor difusa, a qual predomina no hemiabdome direito. A presença de sangue sugere etiologia inflamatória, assim como a presença de pus. Dejeções líquidas, sem características invasivas ou – aspecto de esteatorreia sugerem etiologia secretora ou osmótica, sendo que a segunda melhora com jejum e a primeira, não. ➢ Em condições normais, o aumento do consumo de lipídios não acarreta a elevação da gordura fecal, traduzindo a enorme capacidade do organismo de promover a digestão e a absorção dos nutrientes, em geral, e das gorduras, em particular. A esteatorreia é definida como o aumento da quantidade de gordura excretada nas fezes (mais de 7 g de gordura ou 9% do consumo, em 24 horas). Essa condição pode ser decorrente de vários mecanismos, os quais se relacionam com má absorção exclusiva do componente lipídico da alimentação ou de todos os macronutrientes: hidratos de carbono, proteínas e gorduras. Pode ser completamente inaparente, o que é mais provável de acontecer quando o aumento da excreção fecal de gorduras é de pouca monta. ➢ A dor abdominal é sintoma comum das doenças do intestino delgado. Na caracterização semiológica da dor abdominal, é importante considerar a localização, a irradiação, a intensidade, o modo de início, as variações cronológicas, os fatores de melhora e de piora e as manifestações associadas. Quando a dor tem origem exclusiva no intestino, sem que haja participação peritoneal, a sua localização é, em geral, imprecisa, sendo indicada pelo paciente em algum ponto próximo da região umbilical. Quando há comprometimento dos segmentos mais distais do íleo, ela se localiza um pouco abaixo da cicatriz umbilical, entre o mesogástrio e o hipogástrio. Se sua origem for no íleo terminal, é percebida no quadrante inferior direito. Quando decorre de uma peritonite restrita, sua localização corresponde ao local da sede do processo inflamatório. Por fim, quando há peritonite generalizada, ela é sentida difusamente por todo este local. A irradiação da dor para outros locais depende do mecanismo etiopatogênico e da intensidade da estimulação dolorosa. Quando é motivada por distensão das paredes do intestino ou por contração vigorosa da sua musculatura, a dor é irradiada para o dorso somente se o estímulo for muito intenso. Quando há peritonite restrita, produzindo dor que se localiza em um ou outro quadrante inferior do abdome, pode haver irradiação para a base da coxa, independentemente da intensidade do estímulo doloroso. A avaliação da intensidade da dor nem sempre é fácil, dado o seu caráter subjetivo. Depende da sensibilidade de cada pessoa e da natureza e da intensidade do processo patológico. Influem também os estados físico e emocional do paciente, se há outros sintomas e o efeito de medicamentos usados. Alguns indicadores da intensidade da dor são: mudanças importantes na vida do paciente, diminuição da capacidade de exercer as atividades usuais, interesse em procurar tratamento sintomático ou atendimento – médico e necessidade de uso de analgésicos injetáveis. A ocorrência de manifestações autonômicas, como náuseas, vômito, sudorese, palidez cutânea e inquietude, indica dor abdominal intensa. É preciso se lembrar de obter dados sobre a natureza ou caráter da dor. A dor visceral, originada da distensão ou da contração das paredes musculares do intestino, costuma ser descrita como tendo caráter de “distensão” ou “torção”. Quando há alterações inflamatórias, congestivas ou isquêmicas, é possível que se apliquem as designações “constrição” ou “peso”. Sensações semelhantes a “queimação” ou “pontada” podem ser empregadas quando há participação do peritônio perivisceral no processo inflamatório. O
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