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CADERNO HC III

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H A B I L I D A D E S
C L Í N I C A S I I I
A N D R E S S A S A N T O S - M 7
Pré Natal de Baixo Risco 
Anamnese Obstétrica,
Exame físico e Pré Natal
de Alto Risco
Assistência ao Parto
Suporte Básico de Vida
Anamnese do SD, Exame
Físico do Abd e Exames
Complementares
Exame Ginecológico 
Neonatologia 
 –
 
Pré Natal de Baixo Risco: 
Primeiro Trimestre
A consulta que o casal faz antes de uma gravidez, 
objetivando identificar fatores de risco ou doenças 
que possam alterar a evolução normal de uma 
futura gestação. Constitui, assim, instrumento 
importante na melhoria dos índices de morbidade 
e mortalidade materna e infantil. 
 
Podem ser instituídas ações específicas quanto 
aos hábitos e ao estilo de vida: 
• Orientação nutricional visando à 
promoção do estado nutricional adequado 
tanto da mãe como do recém-nascido, 
além da adoção de práticas alimentares 
saudáveis; 
• Orientações sobre os riscos do tabagismo e 
do uso rotineiro de bebidas alcoólicas e 
outras drogas; 
• Orientações quanto ao uso de 
medicamentos e, se necessário mantê-los, 
realização da substituição para drogas com 
menores efeitos sobre o feto; 
• Avaliação das condições de trabalho, com 
orientação sobre os riscos nos casos de 
exposição a tóxicos ambientais; 
• Administração preventiva de ácido fólico 
no período pré-gestacional, para a 
prevenção de anormalidades congênitas 
do tubo neural, especialmente nas 
mulheres com antecedentes desse tipo de 
malformações (5mg, VO/dia, durante 60 a 
90 dias antes da concepção); 
• Orientação para registro sistemático das 
datas das menstruações e estímulo para 
que o intervalo entre as gestações seja de, 
no mínimo, 2 (dois) anos. 
 
 
 
 
 
 
 
- SINAIS DE PRESUNÇÃO: 
• Atraso menstrual 
• Manifestações clínicas (náuseas, vômitos, 
tonturas, salivação excessiva, mudança de 
apetite, aumento da frequência urinária e 
sonolência); 
• Modificações anatômicas (aumento do 
volume das mamas, hipersensibilidade nos 
mamilos, tubérculos de Montgomery, 
saída de colostro pelo mamilo, coloração 
violácea vulvar, cianose vaginal e cervical, 
aumento do volume abdominal). 
 
- SINAIS DE PROBABILIDADE: 
• Amolecimento da cérvice uterina, com 
posterior aumento do seu volume; 
• Paredes vaginais aumentadas, com 
aumento da vascularização (pode-se 
observar pulsação da artéria vaginal nos 
fundos de sacos laterais); 
• Positividade da fração beta do HCG no soro 
materno a partir do oitavo ou nono dia 
após a fertilização. 
 
- SINAIS DE CERTEZA: 
• Presença dos batimentos cardíacos fetais 
(BCF), que são detectados pelo sonar a 
partir de 12 semanas e pelo Pinard a partir 
de 20 semanas; 
• Percepção dos movimentos fetais (de 18 a 
20 semanas); 
• Ultrassonografia: o saco gestacional pode 
ser observado por via transvaginal com 
apenas 4 a 5 semanas gestacionais e a 
atividade cardíaca é a primeira 
manifestação do embrião com 6 semanas 
gestacionais. 
 
Após a confirmação da gravidez, em consulta 
médica ou de enfermagem, dá-se início ao 
 –
 
acompanhamento da gestante, com seu 
cadastramento no SisPreNatal. Os procedimentos 
e as condutas que se seguem devem ser realizados 
sistematicamente e avaliados em toda consulta de 
pré-natal. 
 
As condutas e os achados diagnósticos sempre 
devem ser anotados na Ficha de Pré-Natal e no 
Cartão da Gestante. 
 
A partir desse momento, a gestante deverá 
receber as orientações necessárias referentes ao 
acompanhamento de pré-natal: sequência de 
consultas (mensalmente, se possível), visitas 
domiciliares e grupos educativos. Deverão ser 
fornecidos: 
- O Cartão da Gestante, com a identificação 
preenchida, o número do Cartão Nacional da 
Saúde, o hospital de referência para o parto e as 
orientações sobre este; 
- O calendário de vacinas e suas orientações; 
- A solicitação dos exames de rotina; 
- As orientações sobre a participação nas 
atividades educativas (reuniões e visitas 
domiciliares). 
 
É importante enfatizar que duas informações 
essenciais que devem constar explicitamente no 
Cartão da Gestante são as relacionadas ao nome 
do hospital de referência para o parto e as 
relativas às intercorrências durante a gestação. Se, 
no decorrer da gestação, surgir alguma situação 
que caracterize risco gestacional, com mudança 
do hospital ou da maternidade de referência, isso 
também deve estar escrito no cartão. Esta 
informação é considerada fundamental para que a 
mulher e seu companheiro ou familiares possam 
reivindicar o direito de atendimento na respectiva 
unidade de saúde. 
 
 
A gestação é um fenômeno fisiológico e deve ser 
vista pelas gestantes e equipes de saúde como 
parte de uma experiência de vida saudável que 
envolve mudanças dinâmicas do olhar físico, social 
e emocional. No entanto, devido a alguns fatores 
de risco, algumas gestantes podem apresentar 
maior probabilidade de evolução desfavorável. 
São as chamadas “gestantes de alto risco”. 
 
 
Fatores relacionados às características individuais 
e às condições sociodemográficas desfavoráveis: 
• Idade menor do que 15 e maior do que 35 
anos; 
• Ocupação: esforço físico excessivo, carga 
horária extensa, rotatividade de horário, 
exposição a agentes físicos, químicos e 
biológicos, estresse; 
• Situação familiar insegura e não aceitação 
da gravidez, principalmente em se 
tratando de adolescente; Situação 
conjugal insegura; 
• Baixa escolaridade (menor do que cinco 
anos de estudo regular); 
• Condições ambientais desfavoráveis; 
• Altura menor do que 1,45m; 
• IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso 
ou obesidade. 
 
Fatores relacionados à história reprodutiva 
anterior: 
• Recém-nascido com restrição de 
crescimento, pré termo ou malformado; 
• Macrossomia fetal; 
• Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas; 
• Intervalo interpartal menor do que dois 
anos ou maior do que cinco anos; 
• Nuliparidade e multiparidade (cinco ou 
mais partos); 
• Cirurgia uterina anterior; 
• Três ou mais cesarianas. 
 
Fatores relacionados à gravidez atual: 
• Ganho ponderal inadequado; 
• Infecção urinária; 
• Anemia. 
 
 
As consultas de pré-natal poderão ser realizadas 
na unidade de saúde ou durante visitas 
domiciliares. O calendário de atendimento 
durante o pré-natal deve ser programado em 
função dos períodos gestacionais que determinam 
maior risco materno e perinatal. 
 
O calendário deve ser iniciado precocemente (no 
primeiro trimestre) e deve ser regular, garantindo-
se que todas as avaliações propostas sejam 
realizadas e que tanto o Cartão da Gestante 
quanto a Ficha de Pré-Natal sejam preenchidos. 
 –
 
O total de consultas deverá ser de, no mínimo, 6 
(seis), com acompanhamento intercalado entre 
médico e enfermeiro. Sempre que possível, as 
consultas devem ser realizadas conforme o 
seguinte cronograma: 
• Até 28ª semana – mensalmente; 
• Da 28ª até a 36ª semana – 
quinzenalmente; 
• Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. 
 
A maior frequência de visitas no final da gestação 
visa à avaliação do risco perinatal e das 
intercorrências clínico-obstétricas mais comuns 
nesse trimestre, como trabalho de parto 
prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, 
amniorrexe prematura e óbito fetal. Não existe 
“alta” do pré-natal antes do parto. 
 
 
Devem ser solicitados na primeira consulta os 
seguintes exames complementares: 
• Hemograma; 
• Tipagem sanguínea e fator Rh; 
• Coombs indireto (se for Rh negativo); 
• Glicemia de jejum; 
• Teste rápido de triagem para sífilis e/ou 
VDRL/RPR; 
• Teste rápido diagnóstico anti-HIV; 
• Anti-HIV; 
• Toxoplasmose IgM e IgG; 
• Sorologia para hepatite B (HbsAg); 
• Exame de urina e urocultura; 
• Ultrassonografia obstétrica (não é 
obrigatório), com a função de verificar a 
idade gestacional; 
• Citopatológico de colo de útero (se 
necessário); 
• Exame da secreção vaginal (se houver 
indicação clínica); 
• Parasitológico de fezes (se houver 
indicação clínica); 
• Eletroforese de hemoglobina (se a 
gestante for negra, tiver antecedentes 
familiares de anemia falciformeou 
apresentar história de anemia crônica). 
 
OBS: USG transvaginal é indicada nesse período 
gestacional e não apresenta risco para gestante. 
Essa USG só pode ser solicitada pelo médico e 
apresenta melhor visualização de detalhes. 
OBS2:O citoplatológico avalia as células e só atinge 
a ectocérvice enquanto o preventivo (PCCU) faz o 
rastreio de câncer do colo do útero. 
 
 
• Deve haver a interpretação dos dados da 
anamnese, o exame clínico/obstétrico e a 
instituição de condutas específicas; 
• Deve-se orientar a gestante sobre a 
alimentação e o acompanhamento do 
ganho de peso gestacional; 
• Deve-se incentivar o aleitamento materno 
exclusivo até os seis meses; 
• Deve-se fornecer todas as informações 
necessárias e respostas às indagações da 
mulher, de seu companheiro e da família; 
• Deve-se prescrever suplementação de 
sulfato ferroso (40mg de ferro 
elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia) 
para profilaxia da anemia; 
 
Hb entre 8 e 11g/dL → leve a moderada → sulfato 
ferroso 40mg 
Hb<8g/dL → anemia grave → sulfato ferroso 
20mg 
 
• Deve-se orientar a gestante sobre os sinais 
de risco e a necessidade de assistência em 
cada caso; 
• Deve-se referenciar a gestante para 
atendimento odontológico; 
• Deve-se encaminhar a gestante para 
imunização antitetânica (vacina dupla 
viral), quando a paciente não estiver 
imunizada; 
• Deve-se referenciar a gestante para 
serviços especializados quando o 
procedimento for indicado. Entretanto, 
mesmo com referência para serviço 
especializado, a mulher deverá continuar 
sendo acompanhada, conjuntamente, na 
unidade básica de saúde; 
• Deve-se realizar ações e práticas 
educativas individuais e coletivas. Os 
grupos educativos para adolescentes 
devem ser exclusivos dessa faixa etária, 
devendo abordar temas de interesse do 
grupo. Recomenda-se dividir os grupos em 
faixas de 10-14 anos e de 15-19 anos, para 
obtenção de melhores resultados; 
 –
 
• Deve-se agendar consultas subsequentes. 
 
 
➢ TIPAGEM SANGUÍNEA: 
Rh- e parceiro Rh+/desconhecido: Solicitar 
Coombs Indireto, mesmo negativo repetir a cada 4 
semanas após a 24º. Se positivo, referenciar ao 
pré-natal de alto risco. 
 
➢ SÍFILIS- TESTE RÁPIDO: 
+: coletar amostra para VDRL da gestante e 
parceiros. 
-: realizar sorologia no 3º trimestre, no momento 
do parto e em caso de aborto. 
 
➢ SÍFILIS SOROLOGIA 
VDRL +: Tratar a gestante e o parceiro; Em caso de 
sífilis primária trate com dose única de 2.400.000 
UI. Em sífilis secundaria ou latente recente (menos 
de 1 ano) trate com duas doses de 2.400.000, uma 
a cada semana. Na sífilis terciária ou latente tardia 
(mais de 1 ano de evolução) trata com 3 doses de 
2.400.000 UI com intervalo de 1 semana. 
Acompanhe o exame mensal para controle de 
cura. 
VDRL -: Repita o exame no 3º, no momento do 
parto e em caso de abortamento. 
 
➢ EAS E UROCULTURA 
Proteinúria: "Traços" , isoladamente, deve-se 
repetir com 15 dias, caso permaneça encaminhe 
ao pré-natal de alto risco. "Traços" e Hipertensão 
e/ou edema: referir ao pré-natal de alto risco. 
"Maciça", referir ao pré-natal de alto risco. 
 
Piúria/Bacteriúria/Leucocitúria: Tratar ITU 
empiricamente, até o antibiograma. Repetir o 
sumário de urina ao fim do tratamento. Em casos 
de infecções recorrentes após tratamento 
adequado ao antibiograma, referir ao pré-natal de 
alto risco. Em casos de suspeita de Pielonefrite 
referir ao hospital de referência. 
 
Hematúria: Se for piúria associada, considerar ITU 
e proceder empiricamente. Se for isolada, e 
excluído sangramento genital, referir ao 
especialista. 
 
Cilíndrúria: Referir a gestante ao pré-natal 
debaixo risco. 
 
➢ DOSAGEM DE Hb 
Hb >11 g/dl: Ausência de anemia -Suplementação 
de ferro a partir da 20ºsemana, 40mg/dia de ferro 
elementar ou200mg/dia de sulfato ferroso. Ingerir 
antes da refeição. 
 
Hb entre 8 g/dl e 11g/dl: Anemia leve ou 
moderada- Solicitar EPF e tratar, se presente; 
Tratar anemia com 120g a 240 mg/ dia de ferro 
elementar, ou 5 comprimidos de 40mg de sulfato 
ferroso (2 de manhã,2 a tarde, 1 anoite). Repetir a 
dosagem de Hb com 30 dias a60 dias, se os níveis 
estiverem subindo manter o tratamento até 
11g/dl, se não referenciar ao pré-natal de alto 
risco. 
 
Hb < 8g/dl: Anemia grave- referenciar ao pré-
natal de alto risco. 
 
➢ GLICEMIA EM JEJUM 
85 - 119mg/dl: Realizar o TTG de 24 a 28ºsemanas. 
>110mg/dl: Repetir o exame, se o resultado 
persistir o resultado será de Diabetes Gestacional. 
 
➢ ANTI HIV (TESTE RÁPIDO E SOROLOGIA) 
Se +: Realizar aconselhamento pós-teste e 
encaminhar ao centro de referência de HIV. 
Se -: Repetir o exame no 3º trimestre. 
 
➢ HEPATITE B 
Se +: Realizar aconselhamento pós-teste e 
encaminhar ao centro de referência de Hepatite. 
Se -: Aconselhamento pós-teste, encaminhar a 
vacinação caso não tenha sido imunizada 
previamente e repetir o exame no 3º trimestre. 
 
 
Nas consultas subsequentes, devem ser realizados 
os seguintes procedimentos: 
• Anamnese atual sucinta: deve-se enfatizar 
a pesquisa das queixas mais comuns na 
gestação e dos sinais de intercorrências 
clínicas e obstétricas, com o propósito de 
se reavaliar o risco gestacional e de se 
realizar ações mais efetivas; 
• Exame físico direcionado (deve-se avaliar o 
bem-estar materno e fetal); 
• Verificação do calendário de vacinação; 
• Deve-se avaliar o resultado dos exames 
complementares; 
 –
 
• Devem ser feitas a revisão e a atualização 
do Cartão da Gestante e da Ficha de Pré-
Natal. 
 
Além disso, devemos executar as seguintes 
tarefas: 
I. Controles maternos: 
• Cálculo e anotação da idade gestacional; 
• Determinação do peso e cálculo do índice 
de massa corporal (IMC): anote no gráfico 
e realize a avaliação nutricional 
subsequente e o monitoramento do ganho 
de peso gestacional; 
• Medida da pressão arterial (observe a 
aferição da PA com técnica adequada); 
• Palpação obstétrica e medida da altura 
uterina (anote os dados no gráfico e 
observe o sentido da curva para avaliação 
do crescimento fetal); 
• Pesquisa de edema; 
• Exame ginecológico, incluindo das mamas, 
para observação do mamilo. 
II. Controles fetais: 
• Ausculta dos batimentos cardiofetais; 
• Avaliação dos movimentos percebidos pela 
mulher e/ou detectados no exame 
obstétrico/ registro dos movimentos 
fetais; 
• Teste de estímulo sonoro simplificado 
(Tess), se houver indicação clínica. 
III. Condutas: 
• Interpretação dos dados da anamnese e do 
exame clínico/obstétrico e correlação com 
resultados de exames complementares; 
• Avaliação dos resultados de exames 
complementares e tratamento de 
alterações encontradas ou 
encaminhamento, se necessário; 
• Prescrição de suplementação de sulfato 
ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e 
ácido fólico (5mg/dia), para profilaxia da 
anemia; 
• Oriente a gestante sobre alimentação e 
faça o acompanhamento do ganho de peso 
gestacional; 
• Incentive o aleitamento materno exclusivo 
até os seis meses; 
• Oriente a gestante sobre os sinais de risco 
e a necessidade de assistência em cada 
caso; 
• Faça o acompanhamento das condutas 
adotadas em serviços especializados, pois 
a mulher deverá continuar a ser 
acompanhada pela equipe da atenção 
básica; 
• Proceda à realização de ações e práticas 
educativas individuais e coletivas; 
• Faça o agendamento das consultas 
subsequentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA: MS caderno nº32 
 
 
 –
 
Pré Natal de Baixo Risco: 
Segundo Trimestre
Início: 13ª a 27ª semana 
É o período mais tranquilo com sintomas menores, 
menos enjoos e menos riscos de aborto. 
Sinais vitais: avaliar PA 
Roteiro semelhante ao do 1º trimestre 
• USG morfológica (entre 20ª e 24ª semana) 
• Hemograma 
• Glicemia em jejum 
• Exame de urina e urinocultura 
• Sorologia sífilis, VDRL, anti HIV, 
toxoplasmose, hepatite B 
Fibronectina Fetal: avalia o risco de parto 
prematuro (22ª e 36ª semana), secreção vaginal 
do colo uterino. 
• Eletroforesede Hb (se houver indicação) 
• Teste de tolerância para glicose com 75g, 
se a glicemia estiver acima de 85mg/dl ou 
se houver fator de risco (realize este exame 
preferencialmente entre a 24ª e a 28ª 
semana) 
• Coombs indireto (se for Rh negativo) 
➢ NÁUSEAS, VÔMITOS E TONTURAS: 
- Explique que tais sintomas são comuns no início 
da gestação; 
- Oriente a gestante a: (i) consumir uma dieta 
fracionada (6 refeições leves ao dia); (ii) evitar 
frituras, gorduras e alimentos com cheiros fortes 
ou desagradáveis; (iii) evitar líquidos durante as 
refeições, dando preferência à sua ingestão nos 
intervalos; (iv) ingerir alimentos sólidos antes de 
se levantar pela manhã, como bolacha de água e 
sal; (v) ingerir alimentos gelados; 
- Medicamentos: bromoprida, normoprida, 
dimenidrato, fenotiazinas, clorpromazina, 
levomepromazina, metoclopramida, associados 
ou não à vitamina B6; 
- Agende consulta médica ou refira a gestante ao 
pré-natal de alto risco em caso de vômitos 
frequentes refratários às medidas citadas, pois 
podem provocar distúrbios metabólicos, 
desidratação, perda de peso, tontura, sonolência 
e desmaio (veja a conduta para hiperêmese 
gravídica). 
 
➢ EDEMA 
O edema (inchaço) discreto é uma condição 
normal da gestação causada pelos fluidos e sangue 
adicionais e ocorre nas mãos , face , tornozelos e 
pés. 
 
➢ PIROSE 
Oriente a gestante a: 
- consumir dieta fracionada, evitando frituras; 
- evitar café, chá preto, mates, doces, álcool e 
fumo. 
Obs.: Em alguns casos, a critério médico, a 
gestante pode fazer uso de medicamentos 
antiácidos. 
 
➢ SIALORREIA (SALIVAÇÃO EXCESSIVA) 
Explique que é um sintoma comum no início da 
gestação; 
- Oriente dieta semelhante à indicada para náusea 
e vômitos; 
- Oriente a gestante a deglutir a saliva e tomar 
líquidos em abundância (especialmente em 
épocas de calor). 
 
➢ FRAQUEZA E DESMAIOS 
Oriente a gestante para que não faça mudanças 
bruscas de posição e evite a inatividade; 
- Indique dieta fracionada, de forma que a 
gestante evite jejum prolongado e grandes 
intervalos entre as refeições; 
 –
 
- Explique à gestante que sentar com a cabeça 
abaixada ou deitar em decúbito lateral, respirando 
profunda e pausadamente, melhora a sensação de 
fraqueza e desmaio. 
 
➢ DOR ABDOMINAL, CÓLICAS, FLATULÊNCIA 
E CONSTIPAÇÃO INTESTINAL 
Certifique-se de que não sejam contrações 
uterinas; 
- Se a gestante apresentar flacidez da parede 
abdominal, sugira o uso de cinta (com exceção da 
elástica) e exercícios apropriados; 
 
Se houver flatulências (gases) e/ou obstipação 
intestinal: 
- Oriente dieta rica em resíduos: frutas cítricas, 
verduras, mamão, ameixas e cereais integrais; 
- Recomende que a gestante aumente a ingestão 
de líquidos e evite alimentos de alta fermentação, 
tais como repolho, couve, ovo, feijão, leite e 
açúcar; 
- Recomende caminhadas, movimentação e 
regularização do hábito intestinal; 
 
Eventualmente, prescreva: 
- Dimeticona (para os gases); 
- Supositório de glicerina (para a obstipação); 
- Hioscina, 1 cápsula, via oral, até 2 vezes ao dia 
(para as cólicas). Solicite exame parasitológico de 
fezes, se necessário. 
 
➢ HEMORROIDA 
Recomende à gestante: 
- Alimentação rica em fibras, a fim de evitar a 
obstipação intestinal. Se necessário, prescreva 
supositórios de glicerina; 
- Que não use papel higiênico colorido ou áspero 
(nestes casos, deve-se molhá-lo) e faça higiene 
perianal com água e sabão neutro, após a 
evacuação; 
- Que faça banhos de vapor ou compressas 
mornas. 
 
Agende consulta médica, caso haja dor ou 
sangramento anal persistente. 
 
➢ CORRIMENTO VAGINAL 
Explique que um aumento de fluxo vaginal é 
comum na gestação; 
Não prescreva cremes vaginais, desde que não 
haja diagnóstico de infecção vaginal; 
Agende consulta se ocorrer fluxo de cor 
amarelada, esverdeada ou com odor fétido ou 
caso haja prurido. 
 
➢ QUEIXA URINÁRIA: 
Explique que, geralmente, o aumento do número 
de micções é comum no início e no final da 
gestação (devido ao aumento do útero e à 
compressão da bexiga). Mesmo sendo incômodo 
o aumento do número de micções, é de extrema 
importância incentivar a ingestão hídrica 
adequada; 
 
Agende consulta médica caso exista dor ao urinar 
ou hematúria (sangue na urina), acompanhada ou 
não de febre. 
 
➢ HIPERÊMESE GRAVÍDICA 
Caracteriza-se por vômitos contínuos e intensos 
que impedem a alimentação da gestante, 
ocasionando desidratação, oligúria, perda de peso 
e transtornos metabólicos. 
 
Há outros fatores que podem acarretar vômitos 
com a mesma gravidade e que devem ser 
afastados, tais como: úlcera gástrica, cisto torcido 
de ovário, gravidez ectópica, insuficiência renal, 
infecções intestinais. Os vômitos tardios da 
gravidez não devem ser confundidos com 
hiperêmese gravídica. 
 
Nas situações de êmese persistente, o profissional 
de saúde deve prescrever drogas antieméticas, 
por via oral ou intravenosa, além de hidratação. 
Antieméticos orais: 
- Metoclopramida = 10mg de 4 em 4h; 
- Dimenidrato = 50mg de 6 em 6h. 
 
➢ SÍNDROMES HEMORRÁGICAS 
As mais importantes situações hemorrágicas na 
gravidez são as seguintes: 
- Na primeira metade da gestação: abortamento, 
descolamento cório-amniótico, gravidez ectópica 
e neoplasia trofoblástica gestacional benigna 
(mola hidatiforme); 
- Na segunda metade da gestação: placenta prévia 
(PP) e descolamento prematuro da placenta (DPP). 
 
 
 
 –
 
➢ ABORTAMENTO 
É a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 
semanas ou quando o concepto pesa menos de 
500g. Pode ser espontâneo ou provocado. O 
abortamento é dito precoce quando ocorre até a 
12ª semana e tardio quando ocorre entre a 13ª e 
a 22ª semanas. 
 
➢ GRAVIDEZ ECTÓPICA 
Corresponde à nidação do ovo fora da cavidade 
uterina, sendo mais frequente a prenhez tubária 
na sua porção ampular. 
 
➢ DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL 
(MOLA HIDATIFORME) 
Caracteriza-se pela degeneração trofoblástica 
ocorrida após uma gestação, tópica ou ectópica, 
podendo apresentar-se como mola hidatiforme, 
corioadenoma destruens e coriocarcinoma. 
 
O diagnóstico clínico pode ser feito pela presença 
de sangramento vaginal intermitente, geralmente 
de pequena intensidade, indolor e, por vezes, 
acompanhado da eliminação de vesículas (sinal 
patognomônico). 
 
➢ DOENÇA DO TRATO GENITAL INFERIOR 
Cervicites, lacerações, pólipos, lesões por agentes 
químicos ou mecânicos. 
 
➢ DESCOLAMENTO DO CÓRIO AMNIÓTICO 
Sangramento genital de pequena intensidade. 
 
➢ DESCOLAMENTO PREMATURO DA 
PLACENTA (DPP) 
É a separação intempestiva da placenta do seu 
sítio de implantação no corpo uterino antes do 
nascimento do feto. 
 
➢ PLACENTA PRÉVIA 
Implantação da placenta, inteira ou parcialmente, 
no segmento inferior do útero. 
 
➢ DOENÇA DO LÍQUIDO AMNIÓTICO 
- Oligoidrâmnio: Caracteriza-se pela acentuada 
diminuição do volume do líquido amniótico, 
diagnosticado quando o volume se apresenta 
inferior a 250ml, entre a 21ª e a 42ª semanas 
gestacionais. 
- Polidrâmnio: acúmulo de líquido amniótico em 
volume superior a 2.000ml no momento da 
resolução da gravidez. 
➢ RUPTURA PREMATURA DAS 
MEMBRANAS OVULARES (AMNIORREXE 
PREMATURA) 
A rotura prematura das membranas ovulares 
(RPMO) é caracterizada pela rotura espontânea 
das membranas ovulares antes do início do 
trabalho de parto em qualquer idade gestacional. 
 
➢ TRABALHO DE PARTO PREMATURO (TPP) 
Conceitua-se gravidez pré-termo aquela cuja 
idade gestacional encontra-se entre 22 semanas 
(ou 154 dias) e 37 semanas (ou 259 dias). Para o 
diagnóstico de trabalho de parto prematuro, deve-
se considerar a contratilidade uterina e as 
modificações cervical.
 –
 
 
–
 
Pré-Natal de Baixo Risco: 
3º Trimestre
Período: 28 a 42 semanas 
Sintomas mais intensos por estar no final da 
gestação, porém tranquilos. 
Frequência de consultas: 
• Até 36s: quinzenal 
• Após 36s: semanal 
Devem ser solicitados os exames do terceiro 
trimestre; 
Prescrição e manutenção da suplementação de 
ferro; 
Encaminhar ou referenciara gestante para 
assistência especializada; 
Realizar ações e práticas educativas individuais e 
coletivas; 
REGISTRAR SEMPRE NA CADERNETA DA 
GESTANTE E NO PRONTUÁRIO; 
Agendar as consultas subsequentes. 
Informar sobre sinais de risco e necessidade de 
assistência em cada caso. 
AVALIAR O RISCO GESTACIONAL. 
• Hemograma 
• Glicemia em jejum (TTGO) 
• VDRL 
• Urina I e urocultura 
• USG com doppler 
• HIV 
• Toxoplasmose 
• Hepatite B 
• CMV (citomegalovírus) 
• bacterioscopia de secreção vaginal a partir 
de 37s 
• Outros exames: ecocardiograma fetal, 
bactéria estreptococcus B e 
dopllerfluxometria
 
 
–
 
 
 
–
 
 
 
 
–
 
Anamnese e 
Exame Físico Obstétrico
– – 
A consulta pré natal, assim como uma consulta 
clínica, é composta de anamnese, exame físico e 
avaliação dos exames complementares. As 
consultas são divididas em primeira consulta e 
acompanhamento. A primeira consulta é o 
contato inicial da paciente gestante com seu 
obstetra, momento em que serão estabelecidas as 
relações de confiança e empatia, e tem como 
objetivos principais: 
Definir a condição de saúde da mãe e do 
concepto; 
Estimar a idade gestacional; 
Iniciar o planejamento do acompanhamento pré-
natal; 
 
O número mínimo de consultas é 6 conforme 
recomendação da Organização Mundial da Saúde 
(OMS) e do Programa de Humanização no Pré-
natal e Nascimento do Ministério da Saúde, 
devendo ser realizada 1 no 1º trimestre, 2 no 2º 
trimestre e 3 no 3º trimestre. Já a Federação 
Brasileira das Associações de Ginecologia e 
Obstetrícia (FEBRASGO) recomenda realizar 
consultas mensais até as 28 semanas, quinzenais 
entre 28 e 36 semanas e semanais até o termo. 
Porém, conforme recomendação da desta última, 
a segunda consulta do pré-natal deve ser realizada 
no máximo 15 dias após, pois será necessário 
avaliar resultados de exames e adotar medidas 
necessárias. 
No exame físico, são indispensáveis os seguintes 
procedimentos: avaliação nutricional (peso e 
cálculo do IMC), medida da pressão arterial, 
palpação abdominal e percepção dinâmica, 
medida da altura uterina, ausculta dos batimentos 
cardiofetais, registro dos movimentos fetais, rea-
lização do teste de estímulo sonoro simplificado, 
verificação da presença de edema, exame 
ginecológico e coleta de material para 
colpocitologia oncótica, exame clínico das mamas 
e toque vaginal de acordo com as necessidades de 
cada mulher e com a idade gestacional. 
– –
O risco gestacional deve ser avaliado desde a 1º 
consulta pré-natal devendo ser reavaliado a cada 
retorno na tentativa de avaliar o quanto antes 
possíveis anormalidades clínicas ou obstétricas. A 
caracterização do risco gravídico inicia-se com 
anamnese e exame clínico, aliada aos exames 
complementares. 
Inúmeros são os fatores de risco que podem 
indicar encaminhamento ao pré-natal de alto risco 
segundo o Ministério da Saúde, entre elas pode-
mos destacar: 
 
– –
- Identificação da paciente: nome, idade materna 
(extremos de idade podem apresentar 
intercorrências), raça, estado civil, religião, nome 
da mãe, profissão (risco de teratogênese, má 
formação, exposição a altas temperaturas, 
laser,etc), procedência/residência, domicílio, etc. 
- Antecedentes pessoais fisiológicos, patológicos: 
afecções clínicas, cirúrgicas, traumas, alergias. 
- Antecedentes ginecológicos: menarca, sexarca, 
tratamento clínico ou cirúrgico, anticoncepção. 
- Antecedentes obstétricos: gestações, puerpério, 
amamentação. 
–
 
- Antecedentes familiares: doenças crônicas, 
síndromes genéticas, malformações congênitas, 
complicações obstétricas com parentes de 
primeiro grau. 
- História obstétrica atual: planejamento e 
aceitação (apoio psicológico, adoção), DUM, IG, 
DPP, intercorrências, hospitalizações, dúvidas, 
mitos, expectativas. 
- Interrogatório sistemático 
- Hábitos de vida: atividade física (gestação 
normal com exercício sem impacto, porém, 
gestações de risco não deve haver exercícios), uso 
de álcool, tabaco, alimentação, atividade sexual 
em qualquer estágio da gravidez, exceto em ITU, 
risco de trabalho de parto prematuro (após o 
parto, abster-se de relações sexuais por 6 
semanas). 
- Histórico psicossocial: moradia, educação, 
transporte, financeiro, relação entre os familiares, 
violência doméstica, entre outros. 
DUM – data da última menstruação 
DPP – data provável do parto 
Regra de Naegele: 
- Somar 7 ao dia do mês da DUM 
- Somar 9 ou subtrair 3 ao mês (OBS.: soma-se 
nove só até o mês 3) 
EX.: DUM: 12/03/2019 -> 12+7 = 19 // 03 + 09 = 12 
DPP: 19/12/2019 
– –
No primeiro trimestre da gestação, a paciente 
pode ser examinada deitada. Nos trimestres 
posteriores, a paciente deve adotar a posição se-
missentada com os joelhos flexionados. Essa 
posição é mais confortável e reduz o peso do útero 
gravídico na aorta descendente e veia cava in-
ferior. A gestante não deve ficar em decúbito 
dorsal por longos períodos de tempo. A maior 
parte dos exames (exceto o exame ginecológico) 
deve ser realizada com a paciente sentada ou em 
decúbito lateral esquerdo.
 
Antes de começar o exame físico, o material 
descrito adiante deve ser reunido: 
• Espéculo ginecológico e lubrificação: 
devido ao relaxamento da parede vaginal 
durante a gestação, um espéculo maior do 
que o habitual pode ser necessário para 
pacientes multíparas. 
• Materiais para coleta de amostras: devido 
ao aumento da vascularização das 
estruturas vaginal e cervical, a escova 
cervical pode causar hemorragia, o que 
interfere nas amostras de Papanicolaou, 
de forma que o dispositivo de amostragem 
(“escova”) é preferível durante a gestação. 
Use cotonetes adicionais conforme 
necessário para o rastreamento de DST, 
estreptococos do grupo B e esfregaço a 
fresco. 
• Fita métrica: uma fita de plástico ou papel 
é usada para avaliar o tamanho do útero 
após a 20ª semana de gestação. 
• Monitor da FCF com Doppler e gel: um 
“Doppler” é um dispositivo manual usado 
para avaliar a frequência cardíaca fetal 
(FCF) após 10 semanas de gestação quando 
aplicado externamente ao abdome 
gravídico. 
 
 
O exame físico completo deve ser realizado na 
primeira consulta da gestação. O exame físico da 
gestante é realizado da mesma forma que um 
exame físico completo de rotina. Assim, somente 
as alterações mais marcantes e as manobras 
especiais serão descritas. 
 
Inspeção geral: avalie a saúde geral, o estado 
emocional, o estado nutricional e a coordenação 
neuromuscular da paciente, conforme ela entre 
no consultório e se move para a mesa de exame. 
–
 
Antropometria e sinais vitais: determine a altura 
e o peso e calcule o índice de massa corporal 
(IMC). A pressão arterial deve ser aferida em todas 
as consultas. Aferições pré-gestacionais do nível 
basal são importantes para determinar a faixa de 
normalidade da paciente. 
Cabeça e pescoço: fique de frente para a paciente 
sentada e inspecione a cabeça e o pescoço, dando 
atenção especial aos seguintes itens: 
• Face: manchas acastanhadas irregulares 
na fronte, nas regiões malares, no nariz e 
na mandíbula são conhecidas como 
cloasma gravídico ou melasma (a “máscara 
da gravidez”) e é um achado normal 
durante a gravidez. 
• Cabelo e pelos: o cabelo pode estar 
ressecado, oleoso ou ralo durante a 
gravidez, hirsutismo leve na face, no 
abdome e nos membros também é um 
achado comum. 
• Olhos: examine as escleras e as conjuntivas 
à procura de sinais como palidez e icterícia. 
• Nariz: inspecione as mucosas e o septo 
nasal. Congestão nasal e epistaxe são mais 
frequentes durante a gravidez. 
• Boca: examine os dentes e as gengivas da 
gestante. Hipertrofia gengival associada a 
sangramento é comum durante a gravidez. 
• Glândula tireoide: discreto aumento 
simétrico causado por hiperplasia 
glandular e aumento da vascularidade são 
normais na inspeção e na palpação. Au-
mento da tireoide, bócio e nódulos da 
tireoide são anormais e demandam 
investigação. 
Tórax: 
- Pulmões: Inspecioneo tórax, observando os 
contornos e os padrões respiratórios; A percussão 
permite detectar elevação diafragmática que pode 
ocorrer até mesmo no primeiro trimestre de 
gravidez; Ausculte e verifique se há murmúrio 
vesicular normal, sem sibilos, estertores ou 
roncos. 
- Coração: Palpe o impulso apical (ictus cordis), 
que pode estar rotado para cima e para esquerda 
em direção ao quarto espaço intercostal (EIC) pelo 
útero em expansão; Ausculte o coração para 
determinar se há zumbido venoso ou sopro 
mamário contínuo frequentemente encontrado 
durante a gestação devido ao fluxo sanguíneo 
aumentado por vasos normais. O sopro mamário 
é frequentemente auscultado durante o final da 
gestação ou lactação, é mais forte no segundo ou 
terceiro espaço intercostal na borda esternal e, 
tipicamente, é sistólico e diastólico, embora 
somente o componente sistólico seja audível. 
Ausculte à procura de demais sopros. 
 
Mamas: Inspecione a simetria e a coloração das 
mamas e dos mamilos. Alterações normais 
incluem padrão venoso exacerbado, mamilos e 
aréolas escurecidos e tubérculos de Montgomery 
(tubérculos areolares). 
 
 
Palpe as mamas à procura de massas e linfonodos 
axilares. Mamas normais podem ser dolorosas à 
palpação e nodulares durante a gravidez. Cada 
mamilo deve ser comprimido entre o polegar e o 
dedo indicador do examinador, colostro pode ser 
ordenhado dos mamilos durante os últimos 
trimestres. 
 
Abdome: o exame do abdome é descrito a seguir 
em exame ginecológico/obstétrico. 
Extremidades: Solicite à paciente que se sente ou 
fique em decúbito lateral esquerdo. Os membros 
inferiores são inspecionados à procura de veias 
varicosas. 
Os membros inferiores devem ser palpados à 
procura de edema. 
 
Verificação da presença de edema: caso presente, 
deve ser graduado em cruzes (+/IV a ++++/IV). 
1. Membros inferiores: Posicione a gestante 
em decúbito dorsal ou sentada, sem meias. 
Pressione a pele na altura do tornozelo 
(região perimaleolar) e na perna, no nível 
do seu terço médio, face anterior (região 
pré-tibial). O edema fica evidenciado 
mediante presença de depressão 
duradoura no local pressionado. 
–
 
 
2. Região sacra: Posicione a gestante em 
decúbito lateral ou sentada. Pressione a 
pele, por alguns segundos, na região sacra, 
com o dedo polegar. O edema fica eviden-
ciado mediante presença de depressão 
duradoura no local pressionado. 
 
3. Face e membros superiores: identifique a 
presença de edema pela inspeção. 
 
–
No exame ginecológico/obstétrico, deve-se avaliar 
a genitália externa, a vagina, o colo uterino e, no 
toque bidigital, o útero e os anexos. Após a 12ª 
semana, deve-se medir a altura do fundo uterino 
no abdome. A ausculta fetal será possível após a 
10ª-12ª semana, com o sonar-doppler. 
 
ABDOME: Inspecione o abdome à procura de 
estrias e cicatrizes, verificando também as 
dimensões, o formato e os contornos. Estrias 
violáceas e linha nigra são achados normais na 
gravidez. 
Palpe o abdome à procura de: 
• Órgãos e massas: o achado do útero 
grávido é esperado. 
• Movimentos fetais: de modo geral, pode-
se sentir os movimentos fetais 
externamente após a 24ª semana de gravi-
dez, enquanto a gestante geralmente 
consegue perceber esses movimentos 
entre as 18ª e 24ª semanas. 
• Altura do fundo uterino: coloque o “zero” 
de uma fita métrica de papel ou plástico no 
local onde foi palpada a sínfise púbica. A 
seguir, estique a fita métrica até o ponto 
mais alto do fundo de útero e anote o nú-
mero de centímetros aferidos. 
 
 
• Ausculte batimentos cardíacos fetais: o 
monitor com Doppler da frequência cardí-
aca fetal (FCF) é o dispositivo padrão para 
essa aferição da FCF, que normalmente é 
audível já na 10ª a 12ª semana de 
gestação. A ausculta com o estetoscópio 
de Pinard é possível a partir de 16 semanas 
gestacionais. 
 
 
 
Localização: a partir da 10ª à 18ª semana de 
gestação, a FCF se localiza ao longo da linha 
mediana da parte inferior do abdome. Depois 
dessa época, a FCF é mais bem auscultada no 
dorso ou no tórax e depende da posição fetal. 
Frequência cardíaca: a FCF varia entre 110 e 160 
batimentos por minuto (bpm). 
Ritmo: a FCF deve variar 10 a 15 bpm de um 
segundo para outro, sobretudo nos estágios 
avançados da gravidez. Essa sutileza pode ser 
difícil de detectar com o Doppler, mas pode ser 
rastreada com o monitoramento da FCF, se houver 
alguma dúvida. 
–
 
Manobras de Leopold-Zweifel: são usadas para 
determinar a posição do feto no abdome da ges-
tante no início do segundo trimestre, a acurácia é 
maior após a 36ª semana de gestação. 
 
• Primeira manobra (polo fetal superior): o 
examinador se posiciona ao lado da 
paciente e palpa delicadamente o polo su-
perior do útero com as palmas e os dedos 
de ambas as mãos, tentando identificar 
qual estrutura está situada nesta região. As 
nádegas fetais são irregulares e firmes, a 
cabeça é regular, lisa e endurecida. 
 
 
• Segunda manobra (paredes laterais do 
abdome materno): na mesma posição, o 
examinador desliza suas mãos, dispondo-
as uma em cada extremidade lateral 
uterina. A palpação deve identificar o lado 
do dorso fetal, que é regular, liso e rígido. 
A extremidade que contém os membros se 
apresenta irregular e seus movimentos 
podem ser notados. 
 
 
• Terceira manobra (polo fetal inferior e 
descida para a pelve): com apenas uma 
das mãos o polo inferior deve ser 
apreendido entre o polegar e os dedos da 
mão dominante, logo acima da sínfise 
púbica. Movimentos laterais são feitos 
para evidenciar o movimento passivo 
desta região. Um polo fixo indica 
insinuação do feto na pelve e proximidade 
do trabalho de parto. 
 
• Quarta manobra (apresentação): o 
examinador vira-se de frente para os pés 
da paciente e com as mãos afastadas cerca 
de 10 cm uma da outra, avança das fossas 
ilíacas em direção ao hipogástrio. Nesta 
etapa, tenta aprofundar as mãos na pelve 
para evidenciar qual região fetal está no 
polo inferior do útero (apresentação fetal). 
A porção fetal cefálica é menor, lisa, 
irredutível e endurecida quando compara-
da com a porção pélvica que se apresenta 
maior, irregular e amolecida. Se o feto 
estiver transversal, o polo se encontra 
vazio. Na apresentação cefálica, os dedos 
em contato com a região occipital do feto 
avançam mais adentro na pelve que os 
dedos contralaterais. 
 
 
–
 
 
– –
Compreende as relações de posicionamento fetal 
com diversos pontos de referência. 
 
- Atitude: relaciona as partes fetais entre si, de 
acordo com o período gestacional. Durante o 
curso da gestação, o feto se encontra em flexão 
generalizada, formando um ovoide, delimitado 
por dois polos. Um cefálico, menor, e um pélvico, 
maior. No parto, as atitudes fetais se modificam 
para a expulsão do concepto. 
 
- Situação: relaciona o eixo longitudinal fetal e 
uterino. Se paralelos, a situação é longitudinal, se 
perpendiculares a situação é transversa. 
 
 
- Apresentação: localiza a região fetal que se 
encontra no estreito superior da pelve. Nas 
situações longitudinais, a apresentação é cefálica 
(cabeça fetal) ou pélvica (pelve fetal). Na situação 
transversa a apresentação é sempre denominada 
córmica. 
 
 
- Posição: é a relação do dorso fetal com o lado 
direito ou esquerdo da mãe. A primeira posição ou 
posição esquerda ocorre quando o feto está com 
o dorso no lado esquerdo materno. A segunda 
posição ou posição direita quando o dorso se 
encontra no lado direito da mãe. 
Variedade de posição: relaciona pontos de 
referência fetais com pontos de referência 
maternos dispostos circularmente na 
pelve, traduzindo a rotação no eixo 
longitudinal fetal. Assim, cada 
apresentação possui um ponto de 
referência fetal. Este será descrito de acor-
do com sua proximidade aos pontos de 
referência na pelve materna (sacro, púbis, 
pontos transversais direitos e esquerdos). 
Por exemplo, um feto com apresentação 
cefálica e situação longitudinal, tem a 
variedade de posição occípito-pubianaquando a região occipital fetal se encontra 
próxima à região pubiana da mãe. Na 
apresentação pélvica, o ponto de refe-
rência fetal é o sacro. 
 
–
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
–
 
Pré-Natal de Alto Risco
Doenças crônicas prévias: 
• HSA 
• Diabetes 
• Lúpus 
• Doenças psiquiátricas 
• Cardiopatias 
• infecções crônicas: hepatite e HIV 
• tuberculose; 
 Gestação anterior de alto risco: 
• Hipertensão 
• Aborto de repetição; 
• Deslocamento prévio de placenta 
Identificação durante a gestação de uma doença 
ou condição: 
• Diabetes gestacional 
• DHEG 
• pré-eclâmpsia e eclampsia 
• infecções gerais 
• trabalho de parto prematuro e gravidez 
prolongada; 
• Aminorrex prematura; 
• hemorragias; 
• Óbito fetal 
• Idade maior que 35 e menor que 15; 
• Altura menor que 1,45 cm; 
• Peso pré-gestacional menor que 45 e 
maior que 75kg; 
• Anormalidades nos órgãos e estruturas - 
reprodutivas; 
• Situação conjugal insegura e conflitos 
familiares; 
• Dependência de Drogas ilícitas ou lícitas; 
• Exposição à riscos ocupacionais e agentes 
físicos ou químicos; 
• Síndromes hemorrágicas (incluindo 
descolamento prematuro de placenta, placenta 
prévia), independentemente da dilatação cervical 
e da idade gestacional; 
OBS: Perdas vaginais devem SEMPRE ser 
investigadas pois podem indicar descolamento da 
placenta prematuro da placenta, IST’s e ITU 
(infecção do trato urinário). 
• Suspeita de pré-eclâmpsia: pressão arterial > 
140/90, medida após um mínimo de 5 minutos de 
repouso, na posição sentada. Quando estiver 
associada à proteinúria, pode-se usar o teste 
rápido de proteinúria; 
• Sinais premonitórios de eclâmpsia em gestantes 
hipertensas: escotomas cintilantes, cefaleia típica 
occipital, epigastralgia ou dor intensa no 
hipocôndrio direito; 
• Eclâmpsia (crises convulsivas em pacientes com 
pré-eclâmpsia); 
• Amniorrexe prematura: perda de líquido vaginal 
(consistência líquida, em pequena ou grande 
quantidade, mas de forma persistente), podendo 
ser observada mediante exame especular com 
manobra de Valsalva e elevação da apresentação 
fetal. 
 
A doença hipertensiva da Gestação pode ser 
transitória ou crônica. 
(1) hipertensão transitória da gravidez: a 
pressão retorna ao normal até 12 semanas após 
o parto (diagnostico retrospectivo) ou 
(2) hipertensão crônica: a elevação da pressão 
arterial persiste além de 12 semanas após o 
parto. 
–
 
➢ 
PA = ou >que 110mmgH 
Proteinuria = ou > que 2,0g em 24hrs 
Oliguria > que 500ml/dia 
Niveis séricos de creatinina >que 1,2mg/DL 
Cefaleia e distúrbios visuais 
Aumento de peso rápido e edema facial 
Presença de convusões ou coma. 
 
➢ 
Hemoglobina < 8mg/dl 
Aumento do débito cardíaco 
Baixa de Hb (hemodiluição) 
- CONDUTA: Suplementação com sulfato ferroso 
40mg + ácido fólico 10mg por 60 dias + 
alimentação rica em ferro + Noripurum 
endovenoso. 
- EXAMES: HCM, VHCM E RDW: índices 
hematimétricos que avaliam as características das 
hemácias. 
➢ 
Aumento de 30mmHg na sistólica ou 15mmHg na 
diastólica com proteinúria e aumento do ácido 
úrico. 
- CONDUTA: Metildopa 250mg sublingual 
(estabilizar e realizar manejo com 3000mg ao dia) 
+ Sulfato de Mg intravenoso (reposição dos níveis 
de Mg) 
➢ 
Realizar USG mensal; 
Analisar os exames; 
- CONDUTA: IgG + e IgM- : toxoplasmose antiga; 
IgG- e IgM+: infecção recente, iniciar com 
espiramicina 1g 8h/8h via oral. 
IgG + e IgM +: realizar teste de avidez: 
⬧ Avidez forte e IG maior que 16 semanas: 
iniciar espiramicina até a 30ª semana e 
após a 30ª semana iniciar com a tríplice = 
pirimetamina 25mg de 12h/12h via oral + 
sulfadiazina 1500mg de 12h/12h via oral + 
ácido folínico 10mg/dia 
⬧ Avidez fraca: iniciar espiramicina 
imediatamente. 
–
 
Parada cardiorrespiratória (PCR) é definida como a 
cessação súbita da função mecânica cardíaca com 
consequente colapso hemodinâmico. 
 
Utilizamos o termo “parada cardiorrespiratória” 
para aqueles eventos que foram rapidamente 
detectados, enquanto ainda há possibilidade de 
retorno da circulação espontânea por meio de 
ressuscitação cardiopulmonar (RCP). 
 
Os casos que evoluem para óbito ou aqueles em 
que a ressuscitação cardiopulmonar não for 
executada devem ser chamados de morte súbita 
cardiovascular. 
 
A PCR é um evento rápido e uma situação extrema 
de emergência médica que tem sua chance de 
sobrevivência dependente do tempo rápido entre 
reconhecimento e início das manobras. 
 
▪ Tempo é cérebro. 
▪ Tempo é músculo. 
 
Objetivos da RCP: 
 
 
A principal etiologia da PCR é o infarto agudo do 
miocárdio (IAM), mas outras etiologias, como as 
emergências neurológicas, perfazem em torno de 
16% das paradas cardiorrespiratórias extra-
hospitalares. 
 
Em relação à sobrevida, os números são ainda 
mais díspares. Considerando-se que o prognóstico 
de um paciente após uma ressuscitação bem-
sucedida depende em grande parte da condição 
do sistema nervoso central (SNC) e que a 
preservação da função do SNC depende de um 
rápido reconhecimento e adequada RCP, fica claro 
que onde a “corrente de sobrevivência” é mais 
eficaz, o número de pacientes que se recuperam é 
maior, podendo a ressuscitação cardiopulmonar 
imediata duplicar ou triplicar as chances de 
sobrevivência a uma FV. 
 
Se a FV permanecer sem atendimento por 15 
minutos, ela deteriora para assistolia. Cada 
minuto de um ritmo chocável sem desfibrilação 
diminui em 10% a chance de sobrevivência, de 
modo que após 12 minutos essa chance varia de 0 
a 5%. 
 
Para o correto diagnóstico da PCR, devemos 
verificar se a vítima se encontra com: 
1. Ausência de resposta: 
– Após chamado e toque vigoroso nos dois 
ombros. 
 
2. Ausência de respiração ou respiração irregular 
(gasping): 
– O gasping pode durar vários minutos. 
 
3. Ausência de pulso central: 
– Checar pulso carotídeo ou femoral. 
– Se houver dúvida ou o pulso não for detectado 
em até 10 segundos, a RCP deverá ser iniciada. 
 
Identificado o paciente em PCR, é preciso iniciar o 
atendimento rápido e eficaz por meio do suporte 
básico de vida (BLS). 
 
Caso a vítima se encontre com pulso presente e 
respiração normal, apenas aguarde o serviço 
médico de emergência. 
 
Se a vítima se encontrar com pulso presente e 
respiração ausente ou irregular, realize 1 
ventilação de resgate a cada 6 segundos, cheque 
–
 
pulso a cada 2 minutos, administre naloxone se 
suspeita de intoxicação por opioides e aguarde o 
serviço médico de emergência (SME). 
 
Diagnosticada a PCR, uma das primeiras 
providências é instalar um monitor para obter o 
ritmo cardíaco, seja de maneira automática 
(desfibrilador externo automático – DEA) ou não. 
O objetivo é identificar ritmos que possam ser 
chocáveis. 
 
➢ 
 
A determinação da causa da parada 
cardiorrespiratória no atendimento inicial é difícil, 
e muitas vezes informações sobre idade, 
anamnese, comorbidades e medicações não estão 
disponíveis ou não são confiáveis. 
 
Na maioria das vezes, a PCR é decorrente de 
patologias do coração, destacando-se o infarto 
agudo do miocárdio (IAM). 
 
Hipotermia e afogamento são causas de PCR que 
podem se manifestar em qualquer ritmo de 
parada e seu manejo envolve medidas invasivas de 
aquecimento e ressuscitação prolongada. 
 
➢ 
Taquicardia ventricular – sem pulso (TVsp) 
 
Atividade elétrica sem pulso 
 
Fibrilação ventricular (FV) 
 
Assistolia 
 
 
Foi criada para ressaltar a importância da adoção de atitudes organizadas e hierarquizadas na situação de 
provável ou confirmada PCR no ambiente extra-hospitalar. 
Nesse aspecto, é importante a identificação de ritmos passiveis de tratamento com o desfibrilador como FV 
e TVsp. 
 
–
 
O suporte básico de vida (BLS) contém o alicerce 
de conhecimentos necessários para salvar vidas 
após uma PCR e deve ser disseminado entre 
médicos e leigos. 
 
Os aspectos fundamentais do BLS em adultos 
incluem: 
1. Reconhecimento imediatode parada 
cardiorrespiratória. 
2. Ativação imediata do sistema de 
resposta a emergências. 
3. Manuseio básico de vias aéreas. 
4. RCP precoce e de alta qualidade. 
5. Desfibrilação rápida com um 
desfibrilador externo automático (DEA). 
 
Sequência do SBV em adultos: 
 
1. SEGURANÇA DA CENA: 
Antes de avaliar a vítima e iniciar qualquer 
atendimento, é imprescindível garantir a 
segurança da cena. 
 
Segurança do profissional em 1º lugar. 
 
Caso o local não seja seguro (por exemplo, um 
prédio com risco de desmoronamento, uma via de 
trânsito), deve-se tornar o local ou remover a 
vítima para um local seguro. Se o local estiver se-
guro, pode-se prosseguir com o atendimento. 
2. AVALIAÇÃO E AÇÃO: 
- Avaliação da responsividade: A avaliação da 
responsividade da vítima consiste em checar a 
consciência. Deve-se chamar a vítima (em voz alta) 
e realizar estímulo tátil tocando-a pelos ombros. 
Se a vítima responder, se apresente, ofereça 
ajuda. Caso não responda, o próximo passo é 
chamar por ajuda. 
 
- Chamar ajuda: Deve-se dar prioridade ao contato 
com o serviço local de emergência (por exemplo, 
Sistema de Atendimento Móvel de Urgência - 
SAMU 192) e, se um DEA estiver disponível no 
local, providenciar. Se não estiver sozinho, peça 
para uma pessoa ligar e conseguir um DEA, 
enquanto continua o atendimento à vítima. É im-
portante designar pessoas para que sejam 
responsáveis em realizar essas funções. 
 
- Checar o pulso e respiração: A checagem de 
pulso (carotídeo ou femoral) deve ser realizada em 
até 10 segundos, tanto no atendimento inicial para 
diagnóstico, como após 2 minutos ou 5 ciclos se 
houver ritmo no monitor capaz de gerar pulso. 
 
Notada a ausência de pulso e de movimentos 
respiratórios (pode ser avaliada através da 
presença de expansibilidade torácica) deve-se 
iniciar imediatamente os ciclos de compressões e 
ventilações. Se o pulso estiver presente, abrir via 
aérea e aplicar uma insuflação a cada 5 a 6 
segundos (10 a 12/min) e verificar a presença de 
pulso a cada 2 minutos. 
 
3. COMPRESSÕES TORÁCICAS: 
Um dos principais preditores de sucesso na RCP é 
a correta execução de compressões torácicas 
externas, principal responsável pela circulação 
sanguínea em pacientes nessa situação. 
Para explicar o fluxo sanguíneo durante a fase da 
compressão cardíaca, as principais teorias são a “bomba 
cardíaca” e a “bomba torácica”. 
 
- A teoria da “BOMBA CARDÍACA” foi a primeira a ser 
proposta e afirma que a compressão simultânea dos VD e 
VE entre o esterno e a coluna vertebral cria um gradiente 
de pressão entre o ventrículo e a aorta. Essa teoria 
pressupõe que as valvas atrioventriculares permaneçam 
fechadas durante a compressão. Como consequência, a 
pressão lateral pleural e as pressões arterial e venosa 
intratorácica devem ser diferentes, a pressão arterial 
intratorácica igual à pressão extratorácica e a pressão 
venosa intratorácica maior que a extratorácica (devido às 
válvulas e provável colapso venoso). Dessa maneira, seria 
criado um gradiente arterial-venoso periférico, resultando 
em fluxo sanguíneo adiante, com o ventrículo se enchendo 
durante a descompressão. No entanto, estudos recentes 
demostraram que as valvas cardíacas permanecem abertas 
durante a compressão cardíaca. 
 
- A teoria da “BOMBA TORÁCICA” propõe que mais 
importante que o momento da compressão torácica é o 
momento da descompressão, por induzir o fluxo de sangue 
para o coração, aumentando a pré-carga e levando à 
perfusão das artérias coronárias. O importante é que essa 
descompressão ocorra de maneira completa. 
A teoria da “bomba torácica” explica melhor a perfusão do 
sistema nervoso central durante a RCP, pois há evidências 
sugerindo que a perfusão cerebral ocorre tanto na sístole 
(compressão) quanto na diástole, quando o retorno da 
caixa torácica à sua posição original é total 
(descompressão). 
–
 
- TÉCNICA DA COMPRESSÃO TORÁCICA: 
Para realizar as manobras de RCP, é necessário se 
posicionar de joelhos ao lado da vítima, desnudar 
o tórax e posicionar a região hipotenar da mão 
dominante sobre o corpo do osso esterno, na linha 
intermamilar entre a fúrcula esternal e o apêndice 
xifoide, e sobrepor a outra mão, entrelaçando-a. 
 
O número de compressões deve ser entre 100-120 
por minuto (rápida e intensa), deprimindo o tórax 
em 5 a 6 cm) e permitindo o retorno completo do 
tórax após cada compressão, sem retirar o contato 
das mãos. É recomendado o revezamento das 
compressões a cada 2 minutos, pois existe relação 
entre RCP prolongada, fadiga e redução da eficácia 
das compressões. 
 
 
Compressões acima de 120/min aumentam a 
chance de inadequada profundidade torácica, e 
profundidade acima de 6 cm está associada ao 
aumento de lesões intratorácicas; portanto, a AHA 
preconiza: 
• Local: 1/2 inferior do esterno, com a palma 
da mão não dominante sobre o dorso da 
mão dominante, dedos entrelaçados e 
braços completamente estendidos, 
perpendiculares ao tórax do paciente. 
Comprimir com região hipotenar da mão 
dominante. 
• Velocidade: 100 a 120 por minuto. 
• Profundidade: deprimir o tórax entre 5 e 6 
cm. 
• Não se apoiar no tórax do paciente, 
permitindo a expansão torácica após cada 
compressão. 
• Minimizar as interrupções entre as 
compressões. 
 
Quando parar as manobras de SBV: 
 
Na fibrilação ventricular (FV), a contração 
coordenada do miocárdio ventricular é substituída 
por excitação desorganizada de alta frequência, 
resultando em contração desorganizada das fibras 
miocárdicas e, consequentemente, na falha do 
coração em bombear o sangue. 
 
As principais causas de FV são a falta de fluxo 
sanguíneo adequado para o músculo cardíaco ou 
danos no músculo cardíaco devido a isquemia, 
cardiomiopatia, doenças da aorta, toxicidade de 
drogas e sepse. 
 
A desfibrilação elétrica tem um objetivo simples: 
terminar a fibrilação e restaurar o ritmo 
sincronizado em todo o miocárdio a partir de um 
foco sinusal. Há mais de um século é sabido que 
esse objetivo é alcançado aplicando um choque 
elétrico através do coração. O mecanismo pelo 
qual o choque retorna o ritmo ao normal ainda é 
motivo de controvérsia. 
 
As teorias clássicas sugerem que um campo 
elétrico produzido por um choque é capaz de 
estimular todo o miocárdio, incluindo regiões em 
vários estados de repolarização e refratariedade. 
Dessa maneira, ocorreria uma despolarização 
homogênea interrompendo os padrões de 
fibrilação e redefinindo a condução elétrica no 
tecido. Essa teoria foi posteriormente expandida 
quando se demonstrou que a desfibrilação 
poderia ocorrer sem que todo o miocárdio fosse 
afetado. 
 
–
 
Posteriormente desenvolveu-se uma teoria 
alternativa baseada nos mecanismos que induzem 
a arritmia. Em modelos experimentais, a aplicação 
de um choque ao tecido durante o período 
vulnerável de repolarização pode induzir FV. Nesse 
modelo, observou-se que havia um limite superior 
na força de choque capaz de induzir uma arritmia. 
Acredita-se, por esses motivos, que para ser bem-
sucedido, um choque deve ser capaz de impedir a 
progressão das frentes de ativação e alcançar um 
gradiente de potencial suficiente em todo o 
miocárdio, de modo a não permitir os fenômenos 
de reentrada que causam a arritmia. 
 
- TÉCNICA: 
No atendimento pré-hospitalar, a desfibrilação é 
realizada por desfibrilador externo automático 
(DEA), que é de fácil utilização, podendo ser 
aplicado por socorristas leigos (p. ex., bombeiros, 
agentes policiais e paramédicos), pois o DEA 
analisa o ritmo automaticamente e indica se o 
choque é necessário sem a necessidade de o 
operador interpretar o ritmo. 
 
No intra-hospitalar, os desfibriladores podem ser 
monofásicos ou bifásicos. Nestes últimos, a 
energia necessária para se desfibrilar com sucesso 
é menor, diminuindo a chance de disfunção 
miocárdica pós-choque. 
 
No início da ressuscitação de um paciente em PCR, 
o ritmo deve ser checado e, na presença de ritmo 
chocável (FV ou TVsp), a desfibrilação deve ser 
realizadao mais precocemente possível e não 
deve ser atrasada pelas compressões torácicas. 
 
É necessário, no entanto, lembrar que a 
desfibrilação sem a RCP pode resultar em RCE 
principalmente nos primeiros 2 minutos; após 
esse período, a evidência é conflitante. Ademais, o 
choque deve ser entregue rapidamente com 
interrupções mínimas na RCP. 
 
Isso pode ser facilitado e agilizado pela colocação 
de pás adesivas que dispensam o 
reposicionamento a cada ciclo das pás e do gel 
condutor. 
 
O ritmo de atividade elétrica sem pulso (AESP) 
pode ser observado após uma desfibrilação bem-
sucedida; assim, mesmo se um ritmo organizado 
se apresentar no monitor, é necessária 
manutenção da RCP por mais um ciclo. 
 
POSIÇÃO DAS PÁS: 
• Posição anteroapical: uma pá é colocada 
em ápice cardíaco, e a outra pá em região 
infraclavicular direita. É a posição de 
escolha para pacientes em posição supina. 
 
 
• Posição anteroposterior: uma pá adesiva é 
colocada em região paraesternal esquerda 
e a outra pá é colocada em região 
infraescapular esquerda. 
• Posição posteroapical: uma pá adesiva é 
colocada em região precordial e a outra pá 
é colocada em região infraescapular 
esquerda. 
 
Ao avaliar a via aérea de um paciente em parada 
respiratória é necessário realizar primeiramente 
manobras que possam abrir a via aérea de 
maneira adequada. 
 
Há diferença entre a ABERTURA e a 
DESOBSTRUÇÃO de vias áreas e para cada uma 
das situações há uma manobra específica. 
 
O simples ato de abrir a via aérea já pode ser 
suficiente para o retorno da respiração 
espontânea. Posteriormente se torna necessária a 
avaliação da cavidade oral em relação à presença 
de secreções ou de corpo estranho, pois a 
obstrução de via aérea é causa frequente de 
parada respiratória e a aspiração ou retirada do 
fator obstrutivo se torna imperativa nesse 
contexto. 
 
–
 
Para ABERTURA duas manobras podem ser 
realizadas: Chin Lift e Jaw-Trust. 
 
Se houver história de trauma recomenda-se a 
manobra de Jaw-trust que é a elevação da 
mandíbula que permite a abertura da via aérea 
mantendo a cervical estável em posição neutra. 
 
 
Por outro lado, se não houver história de trauma, 
pode ser realizada a manobra head tilt-chin lift, 
que consiste na elevação do queixo e extensão da 
cabeça. 
 
 
Existem alguns mecanismos de barreira 
disponíveis para aplicar as ventilações, a fim evitar 
o contato do socorrista com a vítima e uma 
consequente contaminação. 
 
 
A obstrução das vias aéreas por corpos estranhos 
(OVACE) consiste na obstrução de vias aéreas 
causada por aspiração de corpo estranho, 
geralmente localizado na laringe ou traqueia. Essa 
condição pode ser um evento potencialmente 
fatal. Ela é mais comum em crianças do que em 
adultos. 
 
Vítimas com obstrução da via aérea, se não forem 
socorridas a tempo ela podem evoluir para uma 
PCR. 
 
• Se posicione atrás da vítima, com suas pernas 
entre as dela. 
• Abrace a vítima na altura na crista ilíaca. 
• Posicione uma mão com o punho fechado e 
polegar voltado para região abaixo do apêndice 
xifoide e a outra mão espalmada sobre a primeira 
cobrindo-a. 
• Faça compressões rápidas e firmes, para dentro 
e para cima, em movimento que lembre um J. 
• Repetir manobra até sucesso na desobstrução 
ou até o paciente perder a consciência. 
–
 
 
 
A OVACE em crianças com menos de 1 ano é 
frequentemente proveniente da ingestão de 
líquidos, principalmente o leite materno. 
 
Os bebês com casos leves não demandam a 
realização de nenhuma intervenção para a 
desobstrução, apenas pegar o bebê no colo em pé 
e permitir que ele tussa. 
• Anteriorizar a vítima. 
• Permitir a tosse. 
• Monitorar o paciente de forma vigilante, 
pois o quadro pode se agravar. 
 
Os bebês com quadros graves e responsivos 
devem ser apoiados sobre o antebraço do 
socorrista em decúbito ventral, estando esse 
apoiado sobre a coxa, posicionando a mão 
próxima ao mento, com os dedos próximos às 
clavículas e fúrcula. 
 
O socorrista deve realizar uma inclinação da 
vítima, de maneira que a cabeça fique em um nível 
inferior aos membros e posteriormente promover 
5 golpes com a região hipotênar entre as 
escápulas, para, em seguida, virar o bebê e realizar 
5 compressões torácicas na região intermamilar 
com 2 dedos. 
 
Feita as compressões, vira a criança e avalia via 
aérea buscando corpo estranho. Caso o corpo 
estranho não seja facilmente retirável você deve 
retorna a manobra. Esse procedimento deve ser 
repetido até que o bebê expulse o corpo estranho 
ou perca a consciência. 
 
 
 
 
As crises convulsivas decorrem de uma alteração 
involuntária e repentina dos sentidos, do 
comportamento, da atividade muscular ou do 
nível de consciência que resulta da irritação ou da 
superatividade das células cerebrais. 
A crise convulsiva, exceto o estado epiléptico, é 
autolimitante, durando cerca de 1 a 2 minutos, 
embora o paciente possa apresentar sonolência 
por várias horas. Além disso, as crises convulsivas 
se iniciam e cessam de forma espontânea, não 
sendo possível reduzir sua duração. 
Por ser um evento de curta duração, alguns 
cuidados imediatos devem ser adotados a fim dar 
apoio e evitar lesões pós-convulsão: 
• Mover a vítima quando próxima a um 
objeto perigoso que não possa ser 
afastado ou quando em local de grande 
risco de acidente; 
• Posicionar a vítima em decúbito lateral, 
com rosto virado para baixo (posição 
lateral de segurança), a fim de que 
secreções e vômitos não sejam 
broncoaspirados e para que a base da 
língua não regrida e bloqueie a via aérea; 
• Colocar apoio macio sob a cabeça da 
vítima, a fim de evitar lesões na cabeça; 
• Manter vias aéreas desobstruídas; 
• Remover ou afrouxar as roupas apertadas 
da vítima, principalmente em volta do 
pescoço, e remover óculos; 
• Permanecer com a vítima por toda a crise, 
caso necessite buscar ajuda, mandar outra 
pessoa; 
–
 
• Não colocar nada a força entre os dentes 
da vítima e nunca administrar nada por via 
oral; 
• Não restringir movimentos da vítima, a 
menos que esteja próximo a objetos 
perigosos que não possam ser movidos; 
• Se vítima consciente, tranquiliza-la, assim 
como outras pessoas que estiverem com 
ela; 
• Evitar que a vítima se transforme em um 
espetáculo, pedindo para que os 
observadores se retirem; 
• Após a crise convulsiva, acalmar e 
reorientar a vítima, mantendo-a mais 
confortável possível. 
 
 
3 objetivos principais: coluna estabilizada, cabeça 
em posição neutra e decúbito lateral. 
–
 
Anamnese (aná = trazer de novo e mnesis = 
memória) significa trazer de volta à mente todos 
os fatos relacionados com a doença e a pessoa 
doente. 
A anamnese é classicamente composta pelos 
seguintes tópicos: identificação, queixa principal, 
história da doença atual (HDA), interrogatório 
sistemático ou sintomatológico (IS), antecedentes 
(pessoais e familiares), hábitos de vida e história 
psicossocial (condições socioeconômicas e 
culturais). 
A identificação é o perfil sociodemográfico do 
paciente que permite a interpretação de dados 
individuais e outros aspectos relacionados a ele. 
São elementos obrigatórios da identificação do 
paciente: nome, idade, sexo, cor/etnia, estado 
civil, ocupação, escolaridade, religião, 
naturalidade e procedência e grau de 
confiabilidade. 
O que não pode faltar? 
• O registro do nome do paciente deve ser 
completo, sem abreviações. 
• A idade é quantificada em dias ou meses, 
no caso de crianças abaixo de 1 ano de 
idade, e em anos, no caso de indivíduos 
acima de 1 ano de vida. 
• O registro do sexo biológico é feito como 
masculino ou feminino. No entanto, o 
gênero pode diferer do sexo biológico e 
também deve constar na identificação. 
• O registro da cor/etnia deve basear-se na 
autodeclaração do paciente e recomenda-
se usar a seguinte nomenclatura: cor 
branca, cor parda, cor preta, etnia 
indígena, etnia asiática, entre outras. 
• A ocupação refere-se à atividade produtiva 
que opaciente exerce no dia a dia. É 
importante também referir o local e as 
condições de trabalho. 
• A escolaridade e a religião são infor-
mações importantes da identificação, uma 
vez que interferem diretamente na vida do 
paciente e na sua relação com 
determinadas situações e doenças. 
• A naturalidade é o local onde o paciente 
nasceu e a procedência refere-se ao local 
de residência atual do paciente. 
 
Neste item, registra-se a queixa principal ou o 
motivo que levou o paciente a procurar o médico, 
repetindo, se possível, as expressões por ele utili-
zadas. 
É uma afirmação breve e espontânea, geralmente 
um sinal ou um sintoma, nas próprias palavras da 
pessoa, que é o motivo da consulta. Geralmente, 
é uma anotação entre aspas para indicar que se 
trata das palavras exatas do paciente. 
Cada sintoma principal deve ser bem 
caracterizado e deve incluir os 7 atributos de um 
sintoma: (1) localização; (2) características; (3) 
quantidade ou intensidade; (4) cronologia, in-
clusive início, duração e frequência; (5) a situação 
em que ocorre; (6) os fatores que agravam ou 
aliviam o sintoma; e (7) as manifestações 
associadas. 
Principais queixas do sistema digestório: 
➢ 
Define-se disfagia como dificuldade à deglutição. 
A disfagia que ocorre nas duas primeiras fases da 
–
 
deglutição é chamada de bucofaríngea, alta ou de 
transferência, e a disfagia da terceira fase da 
deglutição, de disfagia esofágica, baixa ou de 
transporte. 
A disfagia bucofaríngea pode ser facilmente 
reconhecida: o alimento permanece no todo ou 
em parte na cavidade bucal após a tentativa de 
deglutição, podendo haver aspiração para a árvore 
traqueobrônquica, seguida de tosse, ou 
regurgitação nasal. 
Na disfagia esofágica, o paciente tem a sensação 
de parada do bolo alimentar no esôfago, embora 
não possa localizar precisamente o nível da 
obstrução. Ela pode ocorrer devido a uma 
obstrução de natureza orgânica ou a alterações 
motoras; 
➢ 
A odinofagia, dor que surge com a ingestão de 
alimentos, pode ocorrer como sintoma isolado, 
porém comumente está associada à disfagia. O 
caráter da dor é variável, sendo referida como dor 
urente, em punhalada, constritiva ou 
espasmódica. A dor urente representa grau mais 
intenso da pirose e é frequente na esofagite 
péptica, sendo exacerbada pela ingestão de 
alimentos ácidos ou condimentados. 
Nos distúrbios motores esofágicos, a odinofagia se 
deve a contrações musculares de maior 
intensidade no esôfago distal ou a lesões 
associadas da mucosa. 
➢ 
Significa obstrução esofágica completa, que, em 
geral, se deve a impactação do bolo alimentar e 
representa uma emergência médica. 
➢ 
A fagofobia é o medo de deglutir, que pode 
ocorrer em casos de histeria, tétano, raiva e 
paralisia faríngea. Geralmente desencadeado por 
medo de aspiração de alimentos ou comprimidos. 
➢ 
Comumente referida pelo paciente 
como azia, queimor ou queimação, é o principal 
sintoma do refluxo gastresofágico. Na maioria das 
vezes, é de localização retroesternal, sendo 
percebida no nível do apêndice xifoide, podendo 
propagar-se para a região epigástrica, para ambos 
os lados do tórax ou, mais comumente, em direção 
ascendente, até o nível do manúbrio esternal. 
Ocorre, quase sempre, após as refeições e pode 
ser desencadeada por determinados alimentos 
como frituras, bebidas alcoólicas, café, frutas 
cítricas e chocolate, ou pela posição de decúbito. 
Acompanha-se, às vezes, de regurgitação de 
pequenas quantidades de líquido de sabor azedo 
ou amargo. 
A pirose constante sugere insuficiência do 
mecanismo impediente do refluxo, cujas causas 
mais comuns são o relaxamento transitório do 
esfíncter inferior do esôfago, a hérnia hiatal e a 
hipotonia do esfíncter inferior do esôfago. 
➢ 
A dor esofágica “espontânea” distingue-se da 
odinofagia por não depender do ato de ingerir 
alimento, podendo, todavia, com ela coexistir. A 
dor espontânea pode ser causada por mudanças 
do pH intraluminal, atividade motora anormal ou 
processos inflamatórios ou neoplásicos da parede 
esofágica. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: De modo geral, a 
disfagia que se manifesta somente para sólidos é 
sugestiva de obstáculo mecânico, ao passo que a 
disfagia que ocorre tanto com alimentos sólidos 
como líquidos indica alteração da motilidade 
esofágica. É importante considerar a evolução da 
disfagia. Nas obstruções de natureza orgânica, a 
disfagia é intermitente nas membranas e anéis, e 
progressiva nas neoplasias e nas estenoses 
pépticas. Nos distúrbios motores do esôfago, a 
disfagia é intermitente no espasmo difuso e 
progressiva no megaesôfago ou acalasia. Disfagia 
transitória pode ser provocada por processos 
inflamatórios. 
 
–
 
O caráter da dor varia em função da doença-base. 
➢ 
Entende-se por regurgitação a volta do alimento 
ou de secreções contidas no esôfago ou estômago 
à cavidade bucal, sem náuseas e sem a 
participação dos músculos abdominais. A 
regurgitação de pequena quantidade de líquido, 
pela manhã, é chamada de pituíta. 
➢ 
A hematêmese ou vômito com sangue caracteriza 
a hemorragia digestiva alta, assim entendida 
aquela em que a sede do sangramento se localiza 
desde a boca até o ângulo de Treitz (transição 
duodenojejunal). 
A causa mais comum de sangramento são as 
varizes do esôfago. Na maioria das vezes é 
volumosa e contém sangue, ainda não alterado 
por ação do suco gástrico. 
Hematêmese de menor volume, de origem 
esofágica, pode ocorrer no câncer do esôfago e 
nas úlceras esofágicas. 
➢ 
É o sintoma mais frequente das doenças do 
estômago e duodeno. A dor visceral do estômago 
e do bulbo duodenal é percebida na linha mediana 
do epigástrio, poucos centímetros abaixo do 
apêndice xifoide. Esta é a localização indicada pela 
maioria dos pacientes com úlcera péptica. 
Também a exibem, menos frequentemente, 
pacientes com gastrite e câncer gástrico. 
➢ 
Trata-se de um grupo heterogêneo de sintomas 
localizados no andar superior do abdome, na 
maior parte das vezes na região epigástrica, 
atribuídos a alterações gastroduodenais. 
Pode ser definida pela presença de um ou mais dos 
seguintes sintomas: plenitude pós-prandial, 
saciedade precoce, epigastralgia e queimação 
epigástrica. Tais manifestações podem ou não vir 
acompanhadas de outros sintomas 
gastrintestinais, como eructações, náuseas e 
vômito. 
Podem ser causados por doenças estruturais 
(gastrite, úlcera péptica, neoplasias), metabólicas 
(gastroparesia) e funcionais (quando nenhuma 
causa orgânica reconhecível justifica a 
sintomatologia). 
➢ 
Plenitude pós-prandial é a sensação de 
persistência prolongada de alimentos no 
estômago após uma refeição, gerando 
desconforto. 
A saciedade precoce é definida como a sensação 
de que o estômago está cheio logo após o início de 
uma refeição, impedindo que seja terminada. 
Podem estar presentes de forma isolada ou 
acompanhando a dor epigástrica. 
➢ 
São manifestações comuns das doenças do 
estômago e do duodeno. 
As náuseas são definidas como uma sensação 
desagradável relacionada à necessidade iminente 
de vomitar, localizada no epigástrio ou na 
garganta. O vômito é caracterizado pela expulsão 
forçada do conteúdo gástrico ou intestinal pela 
boca, associado à contração dos músculos 
abdominais e torácicos. 
A ocorrência de vômitos acompanhando as crises 
dolorosas não denota necessariamente obstrução 
do trato de saída do estômago. 
Quantidades elevadas de bile no vômito sugerem 
obstrução intestinal alta. Quando há sangue 
(hematêmese), isto denota sangramento a 
montante do ângulo de Treitz e pode 
corresponder a hemorragia proveniente de úlcera 
péptica ou câncer gástrico. 
É importante enfatizar que náuseas e vômito 
frequentemente têm origem extradigestiva. De 
fato, podem ser causados por doenças sistêmicas 
tão diversas como intoxicações exógenas, 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DOR: O 
diagnóstico diferencial deve ser feito com dor de 
origem não dispéptica, como litíase biliar, 
pancreatite, tumor de pâncreas,parasitoses, 
isquemia mesentérica e doenças não abdominais 
como infarto agudo do miocárdio e pneumonia. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: A dor esofágica pode 
ser confundida com dor cardíaca da insuficiência 
coronariana. A avaliação clínica pode necessitar de 
exames como a endoscopia digestiva alta e a 
manometria, bem como uma completa investigação 
cardiológica, tendo em vista que ambas as condições 
podem coexistir, sobretudo em pacientes idosos. 
–
 
afecções do sistema nervoso central, infarto do 
miocárdio, litíase e insuficiência renal, infecções 
de diferentes naturezas e hipertireoidismo. 
➢ 
A diarreia é a manifestação mais comum das 
doenças do intestino delgado, definida como 
aumento do teor líquido das fezes, 
frequentemente associado ao aumento do 
número das evacuações e do volume fecal (maior 
que 200 g em 24 horas). 
 
- MECANISMOS DA DIARREIA: 
■ Aumento da pressão osmótica do conteúdo 
intraluminal (diarreia osmótica). O acúmulo de 
substâncias não absorvíveis no intestino delgado 
pode determinar retardo da absorção de água e 
eletrólitos ou passagem de líquidos do meio 
interno para o lúmen intestinal. Este tipo de 
diarreia aparece quando há defeito na digestão 
ou na absorção de nutrientes, como se observa 
na síndrome de má absorção e na deficiência das 
dissacaridases (lactase, frutase ou sacarase) ou 
na ingesta de nutrientes mal absorvidos, como 
magnésio, manitol, sorbitol. 
■ Aumento da secreção de água e eletrólitos 
pela mucosa intestinal (diarreia secretora). Este 
mecanismo ocorre mais comumente quando há 
estímulos à síntese de monofosfato de adenosina 
(AMP) cíclico intracelular, por ação de 
enterotoxinas bacterianas (Vibrio cholerae, 
Escherichia coli) e por alguns medicamentos 
(teofilina, prostaglandinas). Pode ocorrer ainda 
por ação hormonal, como nos tumores 
neuroendócrinos produtores de serotonina ou 
peptídio vasointestinal ativo (VIP). 
■ Aumento da permeabilidade da mucosa 
intestinal (diarreia exsudativa). Alterações 
inflamatórias, neoplásicas ou isquêmicas na 
mucosa intestinal resultam em passagem 
anormal de líquidos do meio interno para o 
lúmen do intestino delgado. São exemplos a 
diarreia das doenças inflamatórias e dos linfomas 
difusos do intestino delgado. 
■ Alteração da motilidade do intestino delgado 
(diarreia motora). Este mecanismo ocorre 
quando há uma alteração capaz de modificar o 
padrão normal do trânsito no intestino delgado. 
São exemplos o hipertireoidismo e a diarreia 
funcional, condições nas quais o trânsito pelo 
intestino delgado é acelerado. 
É importante diferenciar a diarreia verdadeira de 
diarreia paradoxal (ocorre especialmente em 
idosos, em que pequenas porções de fezes líquidas 
extravasam ao redor de um fecaloma) e 
incontinência fecal (incapacidade de controlar a 
eliminação de fezes). Sempre que tiver 
oportunidade, o médico deve examiná-las 
pessoalmente. 
A determinação da duração do processo diarreico 
é muito útil, em especial para estabelecer o 
diagnóstico etiológico. 
São classificadas como agudas quando duram 
menos de 14 dias (e tendem a ter etiologia 
bacteriana, viral, alérgica ou por toxina), crônicas, 
se duram mais que 1 mês (tendem a ser não 
infecciosas), e subagudas, entre 15 e 30 dias. 
- CARACTERÍSTICAS SEMIOLÓGICAS DA 
DIARREIA: 
Os dados relativos ao volume, consistência e 
aspecto das fezes, bem como à frequência das 
evacuações, são fundamentais para que se 
conclua se há acometimento exclusivo ou 
predominante do intestino delgado. 
Nestes casos, as dejeções costumam ser 
volumosas e amolecidas, quando não 
francamente líquidas ou semilíquidas. 
O volume aumentado das fezes pode ser aparente, 
quer em cada evacuação, quer quando se calcula 
o volume de 24 horas. Sua frequência está 
aumentada, mas dificilmente alcança a que se 
observa nas afecções inflamatórias das porções 
mais distais do intestino grosso. 
São comuns as modificações do aspecto das fezes, 
que podem estar mais claras, brilhantes, leves e 
espumosas. 
As evacuações podem se acompanhar da 
eliminação de grande quantidade de gases, o que 
confere um caráter “explosivo” às dejeções. 
Muitas vezes são precedidas de cólicas 
abdominais, de localização periumbilical, ou de 
dor difusa, a qual predomina no hemiabdome 
direito. 
A presença de sangue sugere etiologia 
inflamatória, assim como a presença de pus. 
Dejeções líquidas, sem características invasivas ou 
–
 
aspecto de esteatorreia sugerem etiologia 
secretora ou osmótica, sendo que a segunda 
melhora com jejum e a primeira, não. 
➢ 
Em condições normais, o aumento do consumo de 
lipídios não acarreta a elevação da gordura fecal, 
traduzindo a enorme capacidade do organismo de 
promover a digestão e a absorção dos nutrientes, 
em geral, e das gorduras, em particular. 
A esteatorreia é definida como o aumento da 
quantidade de gordura excretada nas fezes (mais 
de 7 g de gordura ou 9% do consumo, em 24 
horas). 
Essa condição pode ser decorrente de vários 
mecanismos, os quais se relacionam com má 
absorção exclusiva do componente lipídico da 
alimentação ou de todos os macronutrientes: 
hidratos de carbono, proteínas e gorduras. Pode 
ser completamente inaparente, o que é mais 
provável de acontecer quando o aumento da 
excreção fecal de gorduras é de pouca monta. 
➢ 
A dor abdominal é sintoma comum das doenças 
do intestino delgado. 
Na caracterização semiológica da dor abdominal, 
é importante considerar a localização, a 
irradiação, a intensidade, o modo de início, as 
variações cronológicas, os fatores de melhora e de 
piora e as manifestações associadas. 
Quando a dor tem origem exclusiva no intestino, 
sem que haja participação peritoneal, a sua 
localização é, em geral, imprecisa, sendo indicada 
pelo paciente em algum ponto próximo da região 
umbilical. 
Quando há comprometimento dos segmentos 
mais distais do íleo, ela se localiza um pouco 
abaixo da cicatriz umbilical, entre o mesogástrio e 
o hipogástrio. Se sua origem for no íleo terminal, é 
percebida no quadrante inferior direito. Quando 
decorre de uma peritonite restrita, sua localização 
corresponde ao local da sede do processo 
inflamatório. 
Por fim, quando há peritonite generalizada, ela é 
sentida difusamente por todo este local. 
 
A irradiação da dor para outros locais depende do 
mecanismo etiopatogênico e da intensidade da 
estimulação dolorosa. Quando é motivada por 
distensão das paredes do intestino ou por 
contração vigorosa da sua musculatura, a dor é 
irradiada para o dorso somente se o estímulo for 
muito intenso. Quando há peritonite restrita, 
produzindo dor que se localiza em um ou outro 
quadrante inferior do abdome, pode haver 
irradiação para a base da coxa, 
independentemente da intensidade do estímulo 
doloroso. 
 
A avaliação da intensidade da dor nem sempre é 
fácil, dado o seu caráter subjetivo. Depende da 
sensibilidade de cada pessoa e da natureza e da 
intensidade do processo patológico. Influem 
também os estados físico e emocional do 
paciente, se há outros sintomas e o efeito de 
medicamentos usados. Alguns indicadores da 
intensidade da dor são: mudanças importantes na 
vida do paciente, diminuição da capacidade de 
exercer as atividades usuais, interesse em 
procurar tratamento sintomático ou atendimento 
–
 
médico e necessidade de uso de analgésicos 
injetáveis. 
A ocorrência de manifestações autonômicas, 
como náuseas, vômito, sudorese, palidez cutânea 
e inquietude, indica dor abdominal intensa. 
É preciso se lembrar de obter dados sobre a 
natureza ou caráter da dor. A dor visceral, 
originada da distensão ou da contração das 
paredes musculares do intestino, costuma ser 
descrita como tendo caráter de “distensão” ou 
“torção”. Quando há alterações inflamatórias, 
congestivas ou isquêmicas, é possível que se 
apliquem as designações “constrição” ou “peso”. 
Sensações semelhantes a “queimação” ou 
“pontada” podem ser empregadas quando há 
participação do peritônio perivisceral no processo 
inflamatório. 
O

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