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Leia atentamente a proposição e responda à questão: Nicolau Maquiavel foi sem sombra de dúvidas um dos pensadores que mais influenciaram o pensamento político para além de sua época. Considerado o fundador da ciência política moderna suas ideias foram interpretadas de forma bastante controversas desde a publicação de suas obras, sobretudo, desde a publicação de O Príncipe. Suas abordagens da política tiveram fontes diversas, entre elas a sua experiência prática na Chancelaria da cidade de Florença e a leitura dos clássicos greco- romanos. Escreva um texto refletindo sobre o pensamento de Maquiavel tomando por base as seguintes provocações: - Qual o contexto da escrita de sua obra? - Qual a originalidade de seu pensamento sobre a política? - O que Maquiavel entende por virtú e fortuna? - Podemos definir Maquiavel como um utópico? - Quais as controvérsias em relação ao termo Maquiavélico? A obra “O Príncipe”, uma espécie de espelho para os governantes da época, foi escrita durante o exílio de Nicolau Maquiavel, entre 1513 e 1516, banido de Florença acusado de conspirar contra o governo. Nesse período, a Europa passava por grandes transformações, como a ascensão da burguesia e o Renascimento Cultural. Além disso, a Itália necessitava de um forte líder militar e político que conseguisse criar um Estado unificado no norte do país, para eliminar as forças estrangeiras do território italiano. A questão central do livro são o papel da ética e sua relação com a política. O poder político, durante o período medieval, era concebido como algo divino. No Renascimento, os clássicos gregos voltaram e substituíram esse pensamento. Maquiavel, no entanto, elaborou uma teoria política inédita, fundamentada na prática e na experiência concreta. A estratégia dele, na obra em questão, foi comparar experiências históricas com fatos contemporâneos, a fim de analisar as sociedades e a política. Maquiavel é considerado o fundador do pensamento político contemporâneo, pois foi o primeiro a pintar os fatos como realmente são e não mais como eles deveriam ser. Dessa maneira, ele não é utópico, já que não há um modelo ou um projeto político para orientar a política e fazer uma sociedade melhor. O autor mostrou existirem duas éticas distintas: uma ética cristã, útil para salvar a alma (ser bom sempre, sem usar máscaras), e uma ética política, útil para salvar o Estado (ser mau e mentir quando necessário). Isso não significa que Maquiavel era um defensor da maldade e da corrupção, mas defende a ideia de que o príncipe deve saber “não ser bom” da maneira certa. Na sua concepção, o príncipe, para garantir o bem comum, deve saber atuar como raposa e leão, ou seja, “trocar de pensamentos e de atitudes como também de máscaras e de vestes”. Além disso, para ele, é melhor ser temido do que amado, visto que não é possível ser os dois ao mesmo tempo e que os homens ofendem mais aqueles que amam do que aqueles que temem. Esse medo viria da punição que o príncipe aplicaria em quem causar desordem na sociedade. Paralelamente a isso, o príncipe deveria ter a “virtú” e a “fortuna”. A virtú está relacionada à virtude, à capacidade de manter o poder e perceber o jogo político, ou seja, saber agir quando necessário e da forma necessária, sendo a raposa ou o leão. Já a fortuna seria o fato de que um príncipe não deve contar com a sorte do acaso, pois deve ser precavido e antecipar os contratempos, não deixando escapar nenhuma oportunidade. Portanto, Maquiavel defende que o bom príncipe é aquele que apenas aparenta ser bom, com “poucos atos fortes de violência e muitos atos fracos de bondade”.
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