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Aula 01 André de Faria Thomáz Finanças Corporativas Livro Didático Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor ANDRÉ DE FARIA THOMÁZ Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Olá. Meu nome é André de Faria Thomáz. Sou Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Minas - FAMINAS (2006). Pós- Graduando em Docência Superior pela Universidade Gama Filho (2009), Pós-Graduado em MBA Executivo em Administração de Empresas (2009-2012), Mestre pela Pontifícia Universidade Católica 2011 em Administração, Doutor pela Pontifícia Universidade Católica 2018 em Administração Prática nas funções Contador e de Professor nas Modalidades Presencial e EaD, Auditoria de Departamentos Contábil, Financeiro e Pessoal - tendo atuado nestas áreas incluindo as Obrigações Acessórias e Obrigatórias, experiência como Coordenador de Curso. Tenho experiência na área de Contabilidade atuando e lecionando principalmente com Contabilidade Básica, Economia, Planejamento e Contabilidade Tributária, Contabilidade de Custos e Análise de Custos, Gestão por Processos, Estrutura das Demonstrações Contábeis, Análise das Demonstrações, Contabilidade Gerencial, Teoria da Contabilidade, Contabilidade Intermediária, Contabilidade Internacional, Auditoria, Contabilidade Empresarial, Controle Interno, Matemática, Logística Recursos Humanos, Gestão de Risco. E na área de Administração, Conteudista e Curador. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Autor ANDRÉ DE FARIA THOMÁZ INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e inda- gações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Contextualizações sobre Finanças Corporativas 10 Entendendo Finanças Corporativas 10 Objetivo da Administração Financeira 17 Desafios da Administração Financeira 18 Gestão de Capital de Giro 20 Capital a curto e a longo prazo 28 Aplicabilidade das Finanças Corporativas 37 Instrumentos do Capital 39 Fontes de Financiamentos a Curto Prazo 42 Finanças Corporativas 7 UNIDADE 01 Finanças Corporativas8 Você sabia que a área Finanças Corporativas é uma das mais demandas tanto na indústria, quanto no comércio e será responsável pela geração de grandes vagas de empregos nos próximos 10 anos? Isso mesmo. A área de Finanças faz parte da cadeia de Finanças e Contábil de uma empresa. Sua principal responsabilidade é conhecer os principais aspectos que norteiam a administração financeira de uma empresa é requisito fundamental para o gestor financeiro atual. A evolução dos procedimentos empresariais que envolvem transações financeiras ultrapassou o limite da estrutura interna organizacional e transformou as empresas em sistemas integrados com a realidade econômica nacional e mundial. A importância da disciplina Finanças Corporativas está na necessidade de aperfeiçoar e atualizar constantemente as empresas e os profissionais envolvidos na gestão financeira no que diz respeito às informações cruciais sobre o mundo dos negócios. As empresas podem ser vistas como sistemas globalizados, cujos propósitos se vinculam à interação de mercados nacionais e internacionais na busca da otimização de resultados. Tal observação nos leva a entender os motivos pelos quais esse estudo é recomendado no trabalho empresarial. Dessa forma, a complexidade das decisões exige o mapeamento monetário de todas as ações empresariais como forma de otimizar a distribuição de recursos e agregar mais valor ao negócio. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Finanças Corporativas 9 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar as características das Finanças Corporativas; 2. Executar os Desafios da Administração Financeira; 3. Identificar Capital a Curto e Longo prazo; 4. Executar as Fontes de Financiamento a Curto Prazo. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Finanças Corporativas10 Contextualizações sobre Finanças Corporativas INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona as rotinas empresariais e como aplicar as finanças corporativas. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. As pessoas que tentaram ingressar dentro do ramo de finanças sem a devida instrução tiveram problemas ao aplicar e identificar suas características dentro das empresas. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá? Avante! Entendendo Finanças Corporativas Os conhecimentos aplicados à área de finanças corporativas abrangem a economia, a contabilidade, o mercado de capitais, a controladoria, a estatística, a administração financeira, a psicologia e o planejamento estratégico, que pode ser entendido como uma área de conhecimento formada por um conjunto integrado de saberes, que permite a aplicação com eficiência e eficácia dos recursos financeiros disponibilizados para as empresas. Nesse primeiro capítulo, serão abordados os desafios da administração financeira contemporânea e a gestão do capital de giro, assim como a definição de seus objetivos. A importância da disciplina Finanças Corporativas está na necessidade de aperfeiçoar e atualizar constantemente as empresas e os profissionais envolvidos na gestão financeira no que diz respeito a informações cruciais sobre o mundo dos negócios. As empresas podem ser vistas como sistemas globalizados, cujos propósitos se vinculam à interação de mercados nacionais e internacionais na busca da otimização de resultados. Tal observação nos leva a entender os motivos pelos quais esse estudo é recomendado no trabalho empresarial. Finanças Corporativas 11 Kato (2012, p. 26) descreve: “[...] em sentido amplo, Finanças busca estudar os processos e os instrumentos envolvidos na transferência de recursos financeiros entre pessoas, organizações e governo”. Ao se levar em consideração essa afirmação, compreende-se a interdependência financeira dos elementos envolvidos na operacionalidade, na manutenção e na visão futura das empresas no mercado. Figura 1: Agentes relacionados em finanças. Fonte: Kato (2012, p. 26) O fator operacionalidade está vinculado às pessoas, uma vez que elas são o ponto vital para a continuidade da empresa. Elas estão representadas na figura dos clientes, responsáveis pela geraçãode receita, ou na figura dos funcionários/colaboradores, fonte expressiva do trabalho. No caso das organizações, o fator de manutenção se identifica com a transferência de recursos, que é caracterizada pela integração com diferentes segmentos, os quais podem ser representados por fornecedores de produtos e serviços, instituições financeiras nacionais e internacionais e também pelos concorrentes, estes, por sua vez, atuam como colaboradores indiretos na criação de estratégias e diferenciais para a permanência no mercado. Finanças Corporativas12 Em resumo, o domínio das finanças corporativas pode ser entendido como uma área de conhecimento formada por um conjunto integrado de saberes, que permite a aplicação com eficiência e eficácia dos recursos financeiros disponibilizados para as empresas. Recursos esses oriundos de capitais próprios ou de terceiros e que podem ser utilizados tanto para agregar valor ao negócio quanto para garantir o retorno esperado pelos acionistas. A integração desses saberes é o que fundamenta as decisões financeiras empresariais. A importância da aplicação prática das finanças corporativas é justificada no contexto de trabalho da empresa, a fim de projetar, com maior segurança, perspectivas futuras de novos investimentos e crescimento no mercado. Assaf Neto e Lima (2010, p. 2) complementam: Esse processo decisorial básico ao sucesso de toda empresa vem assumindo complexidades e riscos cada vez maiores na economia brasileira. Altas taxas de juros, carga tributária elevada, baixo volume de crédito de longo prazo, intervenções nas regras de mercado da economia, comportamento nas taxas de inflação, desafios para o crescimento de nossa economia, entre outros aspectos, vêm exigindo uma capacidade mais questionadora e analítica das unidades decisórias. IMPORTANTE: Por fim, não isolado do fator manutenção, porém associado diretamente à análise da visão futura da empresa, está o Governo. Suas determinações impactam financeiramente as empresas, tanto no ambiente interno quanto no externo. Podemos perceber os reflexos dessas determinações em aspectos que dizem respeito a juros, impostos, investimentos, inflação, variação cambial e demais atualizações pertinentes às decisões tomadas em relação ao mundo dos negócios. Finanças Corporativas 13 Os conhecimentos aplicados à área de finanças corporativas abrangem a economia, a contabilidade, o mercado de capitais, a controladoria, a estatística, a administração financeira, a psicologia e o planejamento estratégico. A consolidação dessas informações propicia a análise situacional e gerencial dos procedimentos de trabalho que envolve recursos financeiros e oferece suporte aos administradores na condução dos negócios. O administrador tem como prerrogativa conseguir direcionar as funções da administração financeira para obter melhores resultados e maximizar o patrimônio empresarial. A administração financeira surge como o ponto de partida para atingir o objetivo e o entendimento do processo de finanças corporativas no trabalho organizacional. Isso é possível graças à adequação dos recursos empregados na constituição, na manutenção e na continuidade dos negócios. Figura 2 Fonte: pixabay Por meio de uma análise minuciosa, pode-se perceber que as empresas surgem de um capital financeiro, o qual precisa ser administrado da melhor forma possível, de forma que se multiplique e a atividade empresarial seja mantida, sempre tendo em vista as regras do mercado no qual as organizações estão inseridas. Finanças Corporativas14 As decisões de investimentos são as ações realizadas na escolha da melhor alternativa para a aplicação dos recursos disponíveis, tanto no ambiente interno quanto no externo à organização, objetivando benefícios financeiros futuros, já considerando a análise de risco e retorno. As decisões de financiamento têm como foco o subsídio financeiro do processo operacional da empresa, no sentido de angariar recursos para propostas de incremento de capital ou para suprir financeiramente situações desfavoráveis que venham a ocorrer no cotidiano. Em contrapartida, é necessária a análise do impacto da despesa financeira decorrente de juros e encargos relacionados com o benefício da utilização desse capital pela empresa. Como última função, destacam-se a utilização do lucro, o planejamento e o controle financeiro. Esse ponto é decorrente das funções anteriores, pois o lucro é proveniente da adequada administração e da captação de recursos. Logo, pode-se estruturar um novo planejamento e procedimentos flexíveis de controle financeiro, com o estabelecimento de metas para expansão, gerenciamento de resultados, avaliação de desempenho e distribuição de dividendos. A atuação do administrador financeiro é muito relevante para o melhor resulta do financeiro, assim como para a execução das funções descritas. O mundo dos negócios tem oferecido cada vez mais oportunidades para esse tipo de profissional, pois sua formação profissional reúne conhecimentos, habilidades, métodos, técnicas e ferramentas de gestão adequadas para suprir as exigências econômico- financeiras do mercado e dos acionistas. As altas taxas de mortalidade empresarial apontam para a falta de controle e planejamento financeiro. De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), aproximadamente 56% das micro e pequenas empresas (MPE) fecham suas portas até o quinto ano de existência e 29% antes de completar um ano (BEDÊ, 2005). Esses dados acabam reforçando a necessidade e a importância da atuação do administrador financeiro nas empresas. Finanças Corporativas 15 Vários segmentos empresariais sofrem com a falta de profissionais capacitados, fato que, muitas vezes, acaba provocando um acúmulo de atividades e responsabilidades em torno de uma só pessoa. Entretanto, no caso do administrador financeiro, a execução de várias atividades é compensada pela alta remuneração salarial, devido ao leque de conhecimentos exigidos para desempenho da função. Descrever as atribuições desse profissional é detalhar especificamente as ações já distribuídas no grupo de funções, mencionadas anteriormente. O objetivo dessas medidas é atender às diretrizes básicas da administração financeira. De acordo com o tamanho da organização, o administrador financeiro pode atender por várias nomenclaturas relacionadas às atividades realizadas e ao tipo de informações que gerenciará. Assim, pode-se encontrar em uma mesma empresa o controller, o gestor financeiro e o tesoureiro. Controller Gestor financeiro Tesoureiro Administração de custos e preços Administração de risco Administração de Caixa Orçamento Administração do câmbio Administração de crédito e cobrança Avaliação de desempenho Decisão de financiamento Efetivação de pagamentos Patrimônio Decisão de investimento Relacionamento com bancos Planejamento tributário Análise de retorno Relatórios gerenciais Planejamento e controle financeiro Análise de contabilidade e auditoria Relacionamento com acionistas e investidores Fonte: o autor Finanças Corporativas16 O controller responde pelas áreas de planejamento, gerencia- mento, avaliação e projeção de resultados. As informações controladas por esse profissional são utilizadas como mecanismos gerenciais na determinação de objetivos e metas de trabalho a serem atingidas. O tesoureiro atua no sentido de atender aos requisitos mais práticos do controle financeiro na empresa. Suas atividades se concentram no registro e na efetivação de todos os recebimentos e pagamentos realizados, na consolidação do relatório de caixa, na criação e decisão de métodos de cobrança e crédito oferecidos aos clientes e na responsabilidade no relacionamento com bancos e instituições financeiras. “O tesoureiro é o responsável por gerenciar o caixae o crédito da empresa, seu planejamento financeiro e os gastos de capital” (Ross; Westerfield; Jordan, 2008, p. 2). Figura 3 Fonte: pixabay Com base nas informações obtidas do controller e do tesoureiro, visualiza-se a figura do gestor ou diretor financeiro. Sua função é tomar as melhores decisões sobre investimentos, financiamentos e ações mediante o planejamento financeiro, a análise de risco e de retorno e a distribuição de dividendos aos acionistas. É o profissional que conhece o mercado e informa o presidente sobre a situação financeira geral (interna e externa) da empresa. Finanças Corporativas 17 Objetivo da Administração Financeira As teorias relacionadas à administração financeira detalham, de modo geral, o objetivo que se pretende atingir no contexto global no qual a empresa está inserida. Entretanto, o objetivo resumido não reflete a gama de ações, estratégias e métodos aplicados para que ele seja alcançado. Salazar (2010, p. 4) explica que “O objetivo fundamental das finanças corporativas é a maximização do valor das empresas. A maximização da riqueza dos proprietários das grandes empresas e a capitalização do patrimônio líquido das médias e pequenas empresas”. SAIBA MAIS: Para crescer, obviamente a empresa necessita de lucro. Este, por sua vez, é a base inicial da construção da riqueza dos proprietários. Se, ao final do exercício financeiro, o resultado positivo das operações realizadas for integralmente distribuído entre os acionistas, não haverá nenhuma geração de riqueza, pois o patrimônio empresarial continuará o mesmo. Atendendo ao princípio da continuidade empresarial, a geração de riqueza é constatada quando ocorre a destinação de parte do lucro para reaplicação de recursos no patrimônio. Logo, se o patrimônio se modifica positivamente, o valor da ação da empresa torna-se cada vez mais atrativo por demonstrar crescimento e valorização empresarial. Na economia globalizada, os investidores externos buscam, mediante análise patrimonial, identificar se a empresa é geradora, ou não, de riqueza, para formalizar suas decisões de investimentos. As ações das companhias de capital aberto são negociadas no mercado. Para elas, a agregação de valor ao patrimônio é um fator de atratividade para a venda de suas ações e contribui para a melhor e maior visualização da organização no cenário mundial. Finanças Corporativas18 A constante atualização de conhecimentos é a base para um resultado eficaz e satisfatório. Esse fato acontece tanto sob a ótica da empresa quanto sob a ótica dos mercados vinculados ao universo de negócios do mundo globalizado. Desafios da Administração Financeira A globalização aproximou economias diferentes para ampliar a comercialização de produtos e serviços e criar oportunidades de novos investimentos. Essas medidas visam à evolução das empresas em cenários internacionais, nos quais a administração tem muitos desafios em relação à organização e ao processamento de informações, especialmente quanto à gestão financeira, pois a gama de conhecimentos exigidos nesses cenários é muito mais abrangente do que se o gerenciamento da empresa se limitasse apenas ao mercado interno. ACESSE: Para complementar nossos estudos assista o vídeo sobre como a globalização atua dentro das finanças: http://bit. ly/2QFCZUY A decisão de ampliar a área de abrangência da empresa tem alguns pontos críticos. Entre eles, destacam-se o entendimento sobre situações legais e viabilidade em atividades de importação e exportação e os encargos da carga tributária incidente. Os mecanismos de controle financeiro também se tornam mais complexos, tendo em vista a utilização de outra moeda na efetivação de transações financeiras. Dessa forma, concretizar um novo negócio exige o conhecimento de regras que regem outras economias e monitoramento frequente da variação cambial de outras moedas. Finanças Corporativas 19 Figura 4 Fonte: pixabay Além desses parâmetros, é função atual da administração financeira controlar e avaliar condições de funcionamento e manutenção da empresa no atendimento de exigências legais vinculadas à sustentabilidade. Para tanto, exige-se a adequação a padrões de sustentabilidade e o desenvolvimento de ações que visem ao cumprimento de normas ambientais. Essas medidas exigem novos planejamentos financeiros que atendam à demanda de projetos que produzam reflexos positivos quanto à participação da empresa em questões de relevância social. EXPLICANDO MELHOR: O impacto financeiro gerado por esses procedimentos recai nas análises dos custos ocasionados e no tempo de retorno do capital investido. Entretanto, do ponto de vista social, verifica-se maior agregação de valor ao produto ou serviço oferecido. Trata-se, então, de uma estratégia vantajosa para o alcance das metas determinadas e para a valorização das ações da empresa no mercado. O direcionamento dos negócios para estabelecer metas de crescimento e maiores expectativas de retorno em função das oportunidades criadas pelos projetos sociais exige do administrador prudência nas decisões financeiras. A razão disso está no fato de que a gestão Finanças Corporativas20 de recursos não é uma ciência exata. Ela depende de fatores que retratam a realidade do ambiente econômico e de hipóteses comportamentais do público-alvo a ser atendido. De forma resumida, acredita-se que o maior desafio da administração financeira contemporânea seja otimizar a conciliação e a integração geral de informações que oferecem subsídios para as negociações que ainda ocorrerão nos diferentes mercados. Gestão de Capital de Giro Qualquer organização utiliza recursos financeiros para suprir suas despesas e custos essenciais na sequência dos negócios. Muito se discute sobre a apuração do lucro, porém, para que o resultado alcançado seja satisfatório durante o exercício financeiro, a empresa precisa dispor frequentemente de recursos para administrar o processo operacional. Hoji (2009, p. 11-12) afirma que [...] existe uma correlação entre o lucro e o caixa, mas eles podem ser diferentes no aspecto temporal apresentando diferença no início, mas convergindo para o mesmo valor ao final do ciclo operacional. Uma empresa que gera lucro pode estar em dificuldade financeira por não gerar caixa. IMPORTANTE: O recurso financeiro disponível de forma imediata para aplicação nos procedimentos empresariais pode ser entendido como capital de giro. Ehrhardt e Brigham (2012, p. 632) destacam duas importantes definições: capital de giro e capital de giro líquido. O primeiro, “algumas vezes denominado capital de giro bruto, simplesmente se refere ao ativo circulante usado nas operações”. Já o segundo é “definido como os ativos circulantes menos passivos circulantes totais”. Em ambos os conceitos, existe a necessidade de acompanhamento constante dos dados do balanço patrimonial (BP) e da demonstração do fluxo de caixa (DFC). O acompanhamento do balanço patrimonial se deve Finanças Corporativas 21 à totalização dos grupos ativo e passivo circulantes. Eles evidenciam todos os bens e direitos como obrigações de curto prazo da empresa. O acompanhamento da demonstração do fluxo de caixa é importante devido à movimentação financeira diária da empresa na forma de recebimentos e pagamentos efetuados. O resultado do fechamento de caixa é crucial para a decisão de financiar ou não as atividades empresariais com recursos de terceiros. EXPLICANDO MELHOR: A gestão do capital de giro é a ferramenta que proporcionará o alcance do lucro desejado, uma vez que o trabalho constante no controle financeiro das operações proverá oportunidades de investimentos que, juntamente com as atividades habituais da empresa, agregarão mais valor ao negócio. Logo, o controle das obrigações e do capital, próprio ou de terceiros, deve ser coerente com a capacidade de pagamento da organização. Para identificar ovalor disponível para a empresa na forma de capital de giro, é preciso definir alguns padrões de trabalho. Esses padrões se referem: � ao controle e à formação de estoque; � às condições de créditos a receber; � à definição de valores mínimos de caixa necessários; � à limitação de créditos a pagar. Nesse sentido, a delimitação do ciclo operacional e financeiro da empresa auxilia na constatação da necessidade de financiamento ou incremento de capital de giro no fluxo das atividades empresariais. Ross, Westerfield e Jordan (2008, p. 627) explicam que o ciclo operacional “descreve o modo como um produto se movimenta através das contas do ativo circulante. O produto começa a vida como estoque, é convertido em contas a receber quando é vendido e finalmente é convertido em caixa quando recebemos a venda”. Vale salientar que a determinação da duração do ciclo operacional oscila de acordo com a atividade empresarial. O conhecimento desses períodos é primordial para a adequação e gestão do capital de giro. Finanças Corporativas22 Hoji e Silva (2010, p. 10) definem que “o ciclo financeiro tem início com o primeiro desembolso e termina geralmente com o recebimento da venda. Caso haja pagamento de custos ou despesas após o recebimento da venda, é nesse momento que se encerra o ciclo financeiro”. O planejamento de um capital de giro positivo para a empresa acontece durante a previsão e a determinação de prazos satisfatórios nas condições de trabalho, seja para fornecedores ou para clientes. No início da vida empresarial, o ideal é que não sejam oferecidos ao cliente prazos superiores aos ofertados pelo fornecedor. Dessa forma, o gestor poderá administrar as contas com os recursos disponíveis. IMPORTANTE: Na constituição de uma empresa, o ideal é que o capital de giro seja programado na distribuição do capital social. Essa necessidade se deve ao simples fato de que a empresa iniciante passará por diversas fases até chegar à estabilização. Essas fases são: adaptação ao mercado; divulgação de seu produto ou serviço; procura e fidelização de clientes. Até então, o capital de giro tende a suprir as necessidades financeiras da organização. Vários fatores podem intervir na composição do capital de giro. Não existe uma regra, pois as variáveis do ambiente empresarial irão colaborar ou dificultar essa composição. Questões como localização do empreendimento, facilidade de compra, acesso para a entrega de produtos e disponibilidade de distribuição após a venda influenciarão na determinação dos ciclos empresariais e, por fim, incidirão diretamente na formação e na identificação do capital de giro. O aumento do investimento em capital de giro pode ser motivado por várias situações apresentadas pelo mercado. Quando financiado por recursos de terceiros, não necessariamente será reflexo de uma crise financeira, pois poderá ser oriundo de uma oportunidade de negócios que renderá benefícios financeiros futuros. Por exemplo, um financiamento adquirido para ampliação da produção, visando ao aumento de produtos comercializados mediante novos contratos e parcerias estabelecidas. Finanças Corporativas 23 Entretanto, o mercado poderá ser um fator de risco para a atividade empresarial. Produtos e serviços com preços vinculados à determinação do mercado oferecerão risco. Esse fato se deve à probabilidade de turbulências econômicas, políticas e financeiras incidirem diretamente na operacionalidade da empresa, o que afeta negativamente o capital de giro. A necessidade de capital de giro está associada basicamente a três definições, que levam em consideração valores, segundo Brom e Balian (2007): necessidade de capital de giro positiva, negativa e nula. A necessidade de capital de giro positiva se reflete na falta de recursos para gerir as atividades de curto prazo da empresa. Nessa situação, há uma demanda de recursos para atender ao giro do negócio e é por isso que surge a necessidade de financiamento, que pode ser por meios próprios ou de terceiros. Essa medida tem o objetivo de cumprir as aplicações efetuadas. Assim, ACO > PCO. Entende-se por ACO, ativo circulante operacional, os recursos correntes para a execução das atividades do cotidiano empresarial. Por PCO entende-se o passivo circulante operacional, representado pelas obrigações empresariais de curto prazo. A necessidade de capital de giro negativa é reflexo da empresa capitalizada e fruto da sobra de recursos, que poderão ser utilizados para uma possível expansão ou investimentos no mercado financeiro, visto que as atividades operacionais estão sendo mantidas com folga financeira. Desse modo, PCO > ACO. A última possibilidade é aquela em que a empresa apresenta uma necessidade nula em relação aos recursos para financiar o seu giro, isto é, não falta dinheiro para manter as atividades cotidianas, mas também não há sobra financeira para aplicações e investimentos. SAIBA MAIS: Quando ocorre o crescimento da empresa, fruto de sua própria atividade, há a necessidade de aumentar o capital de giro para acompanhar o fluxo da operacionalidade e garantir a implementação de novas estratégias, como maior prazo para clientes e novos projetos de produtos e serviços a serem ofertados. Finanças Corporativas24 Nesse caso, PCO = ACO. O administrador define o montante considerado como capital de giro suficiente. Essa definição depende da análise dos recursos movimentados pela empresa no período, considerando todos os custos e as despesas de manutenção e produção, tais como as previsões de receitas e de rentabilidades dos investimentos realizados. Na gestão contemporânea dos negócios, toda decisão de caráter financeiro deve levar em consideração a análise dos mercados interno e externo em que a empresa está inserida. Não basta somente fixar o valor a ser destinado como capital de giro, é necessário aplicá-lo corretamente e verificar se ele condiz com as necessidades operacionais e de demanda do produto/serviço ofertado. O ponto inicial dessa análise é a identificação de um período no qual não ocorram significativas variações nas operações de produção e venda. Desse modo, após o aporte inicial de giro, a própria receita obtida pela empresa será suficiente para financiar as atividades do próximo ciclo financeiro. Assim, mantém-se o nível ideal de capital de giro em situações econômicas relativamente estáveis. No caso das economias inflacionárias, as análises e aplicações tornam-se mais elaboradas e frequentes devido às oscilações constantes do mercado. Nesse sentido, a empresa preserva seu princípio de continuidade e busca a otimização de resultados. Contudo, a receita que financiava um ciclo financeiro permanente deve ser periodicamente revisada para acompanhar os impactos nos preços provocados pela incidência da inflação. Isso requer aumento constante do valor destinado ao capital de giro. Assaf Neto (2010, p. 514) ressalta que, em suma, o que se nota é que muitas vezes, para manter a mesma capacidade de produção e venda, a empresa que atua em contextos inflacionários se vê obrigada a efetuar aplicações financeiras adicionais em seu capital de giro. É como se as necessidades de investimento em giro crescessem de forma exponencial, não sendo acompanhadas, com a mesma intensidade, pela entrada de novos recursos para financiamento. Finanças Corporativas 25 Figura 05 Fonte: pixabay Nesse cenário entre a relação de risco-retorno para o financiamento mostra-se relevante em relação ao capital de giro, visto que, nesse caso, as propostas de curto e longo prazos revelam projeções diferentes. IMPORTANTE: Viera (2008) aponta para dois componentes responsáveis pela aplicação em ativos circulantes da empresa: os de investimentos de forma permanente/fixa, ou seja, aqueles que são necessários mesmo em épocas desfavoráveis aos negócios, e os investimentos destinados a atender à sazonalidadedo produto/serviço, os quais apresentam caráter temporário ou sazonal. Com isso, o administrador poderá optar por financiamentos de curto ou longo prazos para prover essas necessidades. Para o aporte de giro nos períodos sazonais, a melhor opção é pelos recursos ofertados no curto prazo. Já para as necessidades permanentes busca-se a integração entre os fornecedores, caracterizada como fonte de recursos espontâneos e propostas de longo prazo. A vantagem dessa linha de ação é que a empresa consegue se prevenir financeiramente para o cumprimento de suas obrigações tanto no curto como no longo prazo. Lembrando que, antes de qualquer decisão, é importante analisar as taxas de juros cobradas, pois essa é a medida inicial na mensuração do risco e da influência na verificação da rentabilidade do processo e, por fim, no retorno esperado. Finanças Corporativas26 As políticas de investimentos em ativos circulantes proporcionam ao administrador definir a manutenção ou o incremento de recursos financeiros em cada conta, à medida que a atividade empresarial se desenvolve. Na concepção de Ehrhardt e Brigham (2012, p. 836), “A política de capital de giro envolve duas questões básicas: (1) qual o montante apropriado de ativos circulantes que a empresa deve manter, tanto no total como em cada conta específica, e (2) como os ativos circulantes devem ser financiados”. A análise dos montantes financeiros que oscilam no grupo do ativo circulante é chamada de política de investimento. Em economias consideradas instáveis, há a possibilidade de aplicação de três linhas de políticas de investimentos em ativos circulantes. As políticas de investimento têm estreita relação com o volume de vendas de produtos/serviços, visto que as vendas representam a fonte principal de receita que a empresa tem para a continuidade do seu negócio. Essas políticas são descritas por Vieira (2008) como agressivas, moderadas e restritivas. Figura 6 Fonte: VIEIRA, Administração Estratégica do Capital de Giro.2008, p. 41. IMPORTANTE: Na compreensão da composição do capital de giro de uma empresa, encontram-se as contas do grupo do ativo circulante descrito no balanço patrimonial. Cada conta reflete um modo diferenciado de gestão, visualizando formas de converter novas oportunidades de negócios em dinheiro imediato para aplicação de recursos. Finanças Corporativas 27 A política agressiva é marcada por um volume maior de recursos investidos em estoques, bancos e contas a receber de clientes. É uma política de crédito mais folgada, também chamada pelos autores de política de afrouxamento ou abundante. A utilização dessa modalidade exige que o administrador considere vantajosa a manutenção de estoques altos, o que reduz o giro (quantidades de compras). Nessa política, os altos valores deixados em conta corrente ou caixa precisam ser administrados a favor do processo operacional e financeiro da empresa. Por exemplo, os recursos disponíveis de forma imediata podem reduzir encargos de juros ou multas, o que minimiza o grau de despesas empresariais. Outra opção é o aproveitamento de oportunidades de mercado caracterizadas pela relação custo/benefício, mediante descontos atrativos com fornecedores pelo pagamento à vista. IMPORTANTE: A política moderada se encontra entre a política agressiva e a restritiva. O volume de recursos investidos é suficiente para suprir as necessidades operacionais e não trabalhar com faltas nem com excessos. É utilizada por empresas mais realistas, preocupadas com o fator de risco de sua atividade de mercado. O giro de estoques é maior do que o da política agressiva, o que caracteriza empresas que trabalham com produtos perecíveis ou com validade mínima. O setor alimentício é um bom exemplo. Como última análise, apresenta-se a política restritiva, também denominada escassez ou intencional. Ela é caracterizada pelo investimento mínimo em caixa, recebíveis e estoques. Esse método de gestão é justificável em função da sazonalidade de produtos/serviços. O risco de perdas em vendas é minimizado mesmo que o número de compras aumente. Em contrapartida, agrega-se maior retorno sobre o investimento, com maiores oportunidades de lucros, mas não de valor (aumento de patrimônio). O giro do ativo circulante é obtido pela divisão entre as vendas e o ativo circulante (v/ac). O resultado nos dá o valor do montante de venda gerado para cada unidade de capital investida no circulante. Sobre esse tema, Vieira (2008, p. 42) afirma: Finanças Corporativas28 A comparação dos resultados produzidos pelas alternativas de investimento que podem ser implementadas revela que a produtividade do capital investido varia muito. Dessa forma, o giro do ativo circulante será mais elevado para a política restritiva (significando maior produtividade dos recursos investidos) e irá se reduzindo gradativamente à medida que essa política se torna mais agressiva. Juntamente com o controle da produtividade do capital, está o esforço em definir estratégias para o crescimento das vendas, pois, em uma situação restritiva, as metas determinadas pela empresa são mais fáceis de serem atingidas. Em contrapartida, o aspecto financeiro recebe o impacto da pouca geração de valor por não conseguir acumular um recurso maior no capital de giro. A responsabilidade de agregar valor e de promover o equilíbrio racional de recursos financeiros aplicados no capital de giro exige do administrador financeiro o acompanhamento dos cenários de mercado que apontam situações de risco e retorno para a atividade empresarial. Capital a curto e a longo prazo A grande velocidade e a profundidade com que ocorrem alterações nos ambientes interno e externo em que a empresa atua trazem consequências importantes e rápidas nas bases sobre as quais foram fundamentadas as políticas. Dessa forma, as políticas são estabelecidas para as condições próximas às encontradas no momento de sua definição. Havendo alterações nos ambientes internos e externos, as políticas deverão ser revistas e redefinidas. (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010, p. 374). Finanças Corporativas 29 É impossível abordar capital de giro sem mencionar a gestão de caixa. Faz parte de uma boa gestão de caixa definir procedimentos de controle dos recursos financeiros necessários à manutenção das atividades empresariais. O modelo de controle comumente utilizado é o fluxo de caixa, o qual Sá (2009, p. 11) conceitua como o método de captura e registro dos fatos e valores que provoquem alterações no saldo de caixa e sua apresentação em relatórios estruturados, de forma a permitir sua compreensão e análise. Para os efeitos desta definição, a expressão “caixa” significa “moeda” e todos os valores que possam ser prontamente convertidos em moeda, tais como depósitos bancários, cheques que possam ser depositados irrestrita e imediatamente, e aplicações de curtíssimo prazo. Sob o enfoque da administração financeira, o gestor define o controle de caixa com base nas informações que são pertinentes à atividade empresarial e no tempo necessário para a tomada de decisão. Dessa forma, podem ser encontrados controles de caixa diários, semanais, quinzenais ou mensais. Entretanto, quanto maior for o prazo de controle, maior será o risco na tomada de decisão financeira em razão de imprevistos que podem vir a ocorrer. Já no registro contábil, a demonstração do fluxo de caixa é um registro formal. Sua estrutura deve apresentar o grupo de demonstrações financeiras ou contábeis obrigatórias da empresa. No setor financeiro, o fechamento do controle de caixa provém de dois relatórios específicos: o controle de bancos e o controle de caixa interno. IMPORTANTE: A gestão do capital de giro estará sempre vinculada às situações de risco da empresa. Uma vez que o risco operacional relacionado à atividade sofra alterações pelas mudanças de mercado, imediatamentehaverá ajustes de estratégias para minimizar o risco financeiro, que está ligado à manutenção dos capitais. O resultado maximizado do retorno é fruto de uma eficiente gestão de riscos. O capital de giro é o componente empresarial que dimensiona a distribuição de recursos empresariais. Essa distribuição pode acontecer na forma de capacidade de pagamento das obrigações, disponibilidade de dinheiro para novos investimentos ou alerta para decisões de busca de capital de terceiros. Finanças Corporativas30 Figura 07 Fonte: pixabay SAIBA MAIS: O controle bancário é realizado por meio do procedimento de conciliação bancária. Nela são verificadas todas as entradas e saídas de recursos nas instituições financeiras que mantêm relação de negócios com a empresa. A tecnologia via internet oferece suporte para o gerenciamento à distância desses recursos. No ambiente interno, o controle de caixa é realizado mediante os recebimentos e pagamentos efetuados na própria empresa. Como há um planejamento, os recursos para atender a situações emergenciais já são programados. Logo, na conclusão do processo, as informações são reunidas em um relatório consolidado. O administrador pode tirar conclusões sobre aspectos de liquidez da empresa por meio do exame minucioso e da crítica permanente sobre o controle de caixa. Essas medidas são importantes porque indicam como anda a liquidez da empresa, fator essencial para a continuidade dos negócios, uma vez que reflete na capacidade de cumprir as obrigações da organização em relação aos agentes detentores do capital de terceiros. Finanças Corporativas 31 Ainda referenciando as observações de Sá (2009, p.4), é prudente destacar que a geração de caixa é mais importante do que a geração de lucro, já que o que quebra uma empresa não é a falta de lucro, é a falta de caixa. São inúmeros os exemplos de empresas que se inviabilizaram financeiramente, mesmo apresentando lucros contábeis. Curiosamente, o inverso também é verdadeiro. Incontáveis empresas sobrevivem e sobreviveram longos períodos de prejuízos viabilizando a liquidez. A análise do fluxo de caixa permite que os sintomas de fragilização da estrutura de capital de giro sejam detectados a tempo para que se possam tomar as medidas necessárias à correção desta distorção. Uma tomada de decisão coerente depende do relatório formal de recebimentos e pagamentos e da apuração do capital de giro mediante controle de caixa. Ela também depende da definição dos seguintes pontos: determinar as razões empresariais para reter caixa, definir técnicas de gestão de caixa e calcular prazos e valores estratégicos de caixa. SAIBA MAIS: As duas primeiras situações envolvem ações que buscam melhores resultados financeiros. Quanto aos cálculos, a informação preconiza a identificação de períodos nos quais as ações deverão ser implementadas ou asseguradas por razões de segurança financeira. A reserva de caixa, para precaver-se em relação às atividades rotineiras, tem o objetivo de agilizar pagamentos de gastos específicos, que podem estar relacionados com alguma mudança do mercado, ou pode cobrir flutuações negativas imprevistas. São os chamados saldos de segurança. A estreita ligação com as instituições financeiras – por meio de conta corrente, aplicações financeiras e até mesmo contratação de empréstimos funciona como “moeda de troca” nas relações de negócios. O serviço prestado pelo banco é sempre cobrado financeiramente, o que provoca uma melhoria nos seus índices de lucro. Mas, para a empresa, a utilização desses serviços oferece oportunidades de maior margem para aquisição de financiamentos ou tratamento com recebíveis. A margem mínima de valor depositado em conta garante à empresa os chamados Finanças Corporativas32 saldos compensatórios, porém, para serem mantidos, eles devem ser preservados em caixa. Os descontos comerciais oferecidos pelos fornecedores para pagamentos antecipados muitas vezes valem a pena. O impacto é sentido no futuro, pois a redução de custo do produto causa aumento da margem de lucro empresarial. VOCÊ SABIA? As técnicas de gestão de caixa são implementadas de acordo com o nível e o fluxo de atividades da empresa. Grandes organizações, além de gerenciarem seus recursos financeiros no mercado interno, preocupam-se com a cotação cambial nos negócios firmados em outras moedas. Assim, estabelecer padrões de trabalho que viabilizem a maior e mais rápida movimentação de recursos é função do gestor financeiro. Quando se trata de outra moeda, a complexidade no monitoramento do capital de giro aumenta pelo simples motivo de haver alteração constante no valor das outras moedas em relação ao real. Ehrhardt e Brigham (2012) dividem as técnicas de gestão de caixa em sincronização do fluxo de caixa, aceleração do processo de compensação de cheques e definição de políticas de cobrança. Para a sincronização de caixa em uma relação temporal, é necessário estabelecer, de forma geral, uma correspondência entre períodos de recebimentos e períodos de pagamentos. Pode-se executar essa medida por meio da programação de prazos com fornecedores e clientes. O resultado desse procedimento é a preservação dos saldos de segurança e o alcance de um bom nível de capital de giro líquido. A aceleração do processamento de cheques talvez seja a questão mais fácil de ser administrada no cenário contemporâneo, devido à possibilidade e ao crescente uso de cartões de débito e crédito nas transações financeiras. A preocupação com o controle dos cheques é que, muitas vezes, estes são emitidos em locais distantes e a demora na compensação pode gerar aumento no índice de inadimplência no momento do resgate ou da compensação na agência bancária. Desse Finanças Corporativas 33 modo, sugere-se a adoção de um controle específico para esses documentos, com o objetivo de respeitar os prazos programados sem ampliar o tempo para desconto. Na definição de métodos para política de cobrança, a empresa repassa ao banco a execução desses serviços. Isso ocorre principalmente nos grandes centros, devido à falta de tempo para encontrar-se com o cliente para receber pelo produto ou serviço prestado. Essa atitude difere-se da prática convencional, que agrega maior custo na contratação de um ou mais funcionários para cumprir essa tarefa. SAIBA MAIS: De acordo com Ehrhardt e Brigham (2012, p. 650), um sistema de cobrança bancária reduz o prazo necessário para receber cheques, depositá-los e processar sua compensação por meio do sistema bancário e disponibilizá- los para uso. Serviços de cobrança bancária podem disponibilizar o dinheiro entre dois a cinco dias mais rápido que o sistema “convencional”. Na última etapa, entendida como etapa prática do planejamento de caixa, estão os cálculos básicos para a resposta na definição de prazos e valores mínimos. São três aplicações: ciclo de caixa, giro de caixa e caixa mínimo operacional. O fechamento do ciclo de caixa (CC) ou ciclo financeiro (CF) corresponde ao tempo compreendido entre a aquisição de materiais ou mercadorias dos fornecedores e o recebimento da venda do produto. Ele é composto por três análises diferenciadas de prazo, que resultarão na resposta final. Dessa maneira, tem-se que: CF = PMRE + PMRV - PMPF Em que: PMRE = prazo médio de renovação de estoques PMRV = prazo médio de recebimento de vendas PMPF = prazo médio de pagamentos de fornecedores O prazo médio de estoques (PME) pode ser obtido pela fórmula: PME = Saldo médio de estoques × 360 Finanças Corporativas34 Custo das mercadorias vendidas Veja o seguinte exemplo: uma empresa mantém como estoque de segurança o valor médio de R$ 15.000,00. Se o custo da mercadoria vendida for de R$ 90.000,00, o PME será de 60 dias, conforme demonstração: PME = 15.000,00 × 360 = 60 dias 90.000,00 Conceder prazos a clientes é uma prática empresarial quase obrigatórianos dias atuais, principalmente no trabalho com a concorrên- cia. De maneira recíproca, ao passo que há benefícios, também ocorrem limitações, pois os custos e os riscos inerentes a essa ação são assumidos integralmente pela empresa. Os benefícios estão concentrados na possibilidade de ampliação dos níveis operacionais, ganho de escala e escoamento da produção e, automaticamente, maior giro dos estoques. SAIBA MAIS: As informações para a resposta desse cálculo são encontradas no balanço patrimonial, pela conta cliente ou duplicatas a receber, e na demonstração de resultado do exercício (DRE), pela conta receita operacional bruta. Os fornecedores são elementos vitais para a continuidade da empresa, pois o financiamento de seu capital (mercadoria/matéria- prima) permite a concessão de prazos aos clientes. Enquanto a empresa busca um número menor de dias para receber dos clientes, com os fornecedores a situação é contrária. Quanto maior for o prazo, melhor será para a empresa. A fórmula adotada nessa definição é: PMPF = Saldo médio de fornecedores × 360 Montante de compras O ciclo financeiro, por sua vez, reflete o equilíbrio e a organização financeira da empresa, por isso deve ser permanentemente monitorado e avaliado. Uma das atribuições do gestor financeiro é a capacidade de negociar maiores prazos com os fornecedores. Outra atribuição desse profissional é promover a motivação do departamento de vendas, para que novas estratégias sejam criadas para antecipar o tempo de recebimento dos clientes. Assim, podem ser evidenciados os aspectos que garantem a competitividade da empresa no mercado. O giro do Finanças Corporativas 35 caixa (GC) demonstra a média de vezes que os recursos entram e saem da empresa no período de um ano. Ele é obtido pelo seguinte cálculo: GC = 360 CC No caso do exemplo trabalhado, a empresa teria um giro de caixa de 24 vezes, pois seu ciclo de caixa fechou em 15 dias. Quanto ao custo financeiro da estocagem, o administrador deve ter como parâmetro inicial de análise que toda mercadoria ou todo insumo estocado precisa de investimento de recursos financeiros. Sempre tendo em vista que esse investimento irá ficar imobilizado por determinados momentos. Assim, definir padrões elevados de estoque pode prejudicar a empresa, visto que será mais difícil aproveitar oportunidades de aplicação de recursos que ofereçam liquidez de forma mais rápida. Com isso, a grande quantidade de compra leva à necessidade de um alto grau de captação de recursos de terceiros, mesmo que sejam de fornecedores. O resultado é a diminuição da rentabilidade do negócio. O cuidado com as mercadorias e os insumos utilizados pela empresa requer um profissional que execute as atividades de recepção, conferência, movimentação, fracionamento e despacho. Essas atribuições colaboram com a eliminação do desperdício e proporcionam uma melhora no aproveitamento dos recursos aplicados. Outro cuidado a ser tomado é em relação ao obsoletismo, que se relaciona ao acompanhamento da validade do produto e à oportunidade de o mercado aceitá-lo. A necessidade de investimentos em seguros está associada ao fator acidente. Vários são os exemplos de empresas que, em decorrência de calamidades como incêndios, enchentes e desabamentos, além de furtos ocorridos, perdem seus estoques e ficam impossibilitadas de trabalhar. Essa situação prejudica a entrada de receitas no caixa. SAIBA MAIS: O controle e a gestão são direcionados para a verificação e o monitoramento de todas as operações realizadas nos estoques. Dessa forma, o patrimônio empresarial será preservado e será agregado valor aos incrementos de capital de giro realizados. O resultado será a concretização dos conceitos de eficácia e de eficiência objetivados pela empresa. Finanças Corporativas36 No foco da administração, a identificação dos tipos de estoques existentes permite a organização de métodos de trabalho que atendam às premissas operacionais da empresa. Na visão de Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010), os principais tipos de estoques são classificados em: a. Matérias-primas: Componente principal em uma industrialização. Sua quantidade delimita o número de produtos a serem fabricados, do mesmo modo que a falta desse material provoca uma estagnação no trabalho da fábrica. Exemplo: parafina em uma fábrica de velas. b. Componentes: Correspondem a matérias que também estruturarão o produto final. São agregados ao produto no decorrer da etapa produtiva e variam no sentido de quantidades e especificações descritas na medida ou fórmula da mercadoria industrializada. Quanto maior for o número de componentes, mais complexos serão os controles. Exemplo: barbante e corante para composição da vela. c. Insumos: Colaboram para a operacionalidade do processo produtivo. Não estão no produto final, mas subsidiam o dia a dia da fabricação. Exemplo: lubrificantes para as máquinas da fábrica. Autores como Kato (2012) consideram esses elementos como materiais para manutenção, seja da produção ou da empresa em geral. d. Produtos em processo: São as unidades que não cumpriram todas as etapas produtivas e, por estarem inacabadas, não poderão ser vendidas. O ideal é que a empresa minimize a quantidade e o tempo de armazenagem desses produtos tendo em vista que não são fontes de receita e que eles ocupam lugares de produtos que já poderiam ser vendidos. e. Produtos acabados: Consistem nas unidades prontas para a venda e que deverão ser entregues no menor prazo possível a fim de liberar o espaço ocupado. Independentemente do tipo de estoque a ser considerado, é importante que seja realizada a análise custo/benefício financeiro para a empresa, principalmente na quantidade e variedade de elementos controlados. Finanças Corporativas 37 Aplicabilidade das Finanças Corporativas INTRODUÇÃO: O método do lote econômico prevê a quantidade armazenada em estoque de forma suficiente. A finalidade é não gerar custos excedentes para a empresa, bem como definir o número de pedidos de compra no período. Essas medidas produzem uma melhor organização com os fornecedores na entrega do material e com o setor financeiro no controle dos prazos de pagamentos. Groppelle e Nikbakht (2009, p. 341) conceituam: “O lote econômico de compra (LEC) é a quantidade de um item que, quando pedido regularmente, resulta em custos mínimos de pedido e de manutenção”. Para a obtenção desses dados, utiliza-se a fórmula: Em que: Q = quantidades requeridas do produto por período de tempo CP = custo por período de compra Cm = custo de manutenção do estoque. O sistema just in time (JIT) consiste em administrar os estoques com quantidades mínimas, porém suficientes para atender às demandas ou à produção imediata. O benefício verificado é a alta rotatividade dos estoques, o que permite o trabalho com mercadorias ou insumos novos. No entanto, o risco está associado à possibilidade de ocorrer uma solicitação de aumento de demanda. Essa situação pode gerar oscilação nos valores dos custos dos pedidos, o que causará a diminuição da margem de lucro. Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 425) ratificam: “O objetivo principal do sistema JIT é minimizar o investimento em estoques, evitando a sua passagem, por algum tempo, pelos almoxarifados da empresa, reduzindo a quase zero a idade média do estoque”. Finanças Corporativas38 O alcance de uma gestão eficiente de estoques passa pelos procedimentos de compras planejadas e estruturadas com base em objetivos e políticas de trabalho definidas. Controlar o estoque não significa somente registrar quantidades, mas identificar a sua localização e as condições de armazenagem dos produtos. Na relação com o capital de giro, a otimização da gestão de estoques permite melhor distribuição dos recursos financeiros em busca de resultados melhorados, levando-se em consideraçãoas condições de operacionalidade da empresa. O mercado, por sua vez, é muito inteligente. Nenhuma empresa consegue manter-se nele sem reaplicar parte dos recursos adquiridos por meio do lucro em sua atividade e em seu patrimônio. Diante de vários fatores que influenciam na atividade empresarial, a aplicação de métodos auxiliadores na tomada de decisão é sempre bem recebida na atividade cotidiana de uma empresa. As oscilações financeiras provocadas pelas taxas de juros, pelos índices de preços e pela inflação exigem o constante monitoramento do fluxo financeiro, bem como a supervisão de ganhos da atividade empresarial. Dessa forma, é possível projetar situações aceitáveis para os resultados almejados, a fim de consolidar a permanência da empresa no mercado. Assim, os controles financeiros são diferenciais apresentados na relação com os concorrentes. O objetivo é a adequação de todas essas evoluções sem que a organização sofra as consequências de uma crise financeira. O custo médio ponderado ou total de capital (WACC – do inglês Weighted Average Cost of Capital) representa a taxa mínima de atratividade da empresa. Essa taxa representa o retorno mínimo esperado dos investimentos da organização ou dos resultados para a remuneração adequada das fontes de financiamento. IMPORTANTE: Alguns cuidados são necessários na administração das informações do WACC para a tomada de decisões financeiras. A verificação de um novo WACC deve ser realizada quando houver modificação nas proporções das fontes de capital ou nos custos específicos de cada fonte. Essas alterações podem ser por meio de novos empréstimos ou financiamentos ou por meio de um incremento de capital no patrimônio líquido. Finanças Corporativas 39 É prudente lembrar que, se a empresa disponibiliza títulos de crédito no mercado, como debêntures, esses valores são entendidos como capitais de terceiros. Por isso, merecem o cálculo de seu custo específico relacionado à taxa de remuneração do título ofertada pela empresa. SAIBA MAIS: Na análise de novos investimentos, o WACC é uma medida referencial para a comparação dos retornos ofertados. A avaliação de diferentes propostas é uma opção para a seleção do investimento mais atrativo financeiramente, tendo em vista que as considerações sobre os riscos de cada proposta devem estar relacionadas. O WACC permite que o gestor financeiro identifique os resultados mínimos a serem alcançados e, assim, projete ações empresariais para atingir determinados objetivos. Como o planejamento se caracteriza como um plano de ações flexível e aberto, as adequações mediante a evolução econômica de certos dados proporcionam decisões mais rápidas e ágeis, que respondem aos reflexos da economia de mercado. Instrumentos do Capital INTRODUÇÃO: As mudanças frequentes dos índices de mercado impactam as atividades empresariais e provocam o constante ajuste no planejamento e na distribuição de recursos para o alcance dos objetivos e das metas esperadas. Na área financeira, essas alterações tornam-se mais complexas de serem reavaliadas e readequadas. O gestor financeiro, além de atualizado, precisa estar atento às informações repassadas pelo mercado. Ele deve organizar-se nos métodos de trabalho para ter a opção de escolher entre várias linhas de ação, conforme as mudanças ocorridas. Os objetivos são a manutenção e o crescimento da estrutura patrimonial. Finanças Corporativas40 A teoria convencional defende a existência de uma estrutura ótima de capital. Ela se fundamenta na possibilidade de uso combinado e adequado das fontes de financiamento. Essa medida tem o intuito de reduzir o custo total (WACC) e maximizar a riqueza dos acionistas. Segundo Assaf Neto e Lima (2010, p. 242), “Ao minimizar seu custo total de capital, a empresa torna seus projetos de investimentos mais rentáveis e, desse modo, pode maximizar seu valor de mercado”. Em resumo, a teoria convencional acredita que os capitais de terceiros podem produzir uma estrutura ótima, se utilizados até determinado ponto, e resultar em um nível de endividamento aceitável. Por outro lado, o aumento do endividamento gera o crescimento dos demais custos da empresa e diminui a rentabilidade e a geração de riqueza. No mercado brasileiro, para que as empresas consigam delimitar projeções favoráveis de suas estruturas de capital, é conveniente adotar metas a serem atingidas em prazos menores. Dessa maneira, a utilização de passivos onerosos por incremento de capital seria realizada com opções de curto prazo. Os fatores direcionados para esse cenário são os múltiplos indexadores de preços. Se eles forem considerados no planejamento financeiro da organização, sempre provocarão algum tipo de impacto ou mudança futura. São os casos dos índices gerais de preços da economia (Índice Geral de Preços do Mercado – IGP-M, Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA), da variação cambial e da inflação. É interessante e recomendável que o gestor financeiro analise as hipóteses de mercado disponíveis para captação de recursos de terceiros. Essas possibilidades precisam ser compatíveis com o tamanho da organização (pequeno, médio ou grande portes), com os benefícios oferecidos e a análise tributária requerida pelo regime vigente. De acordo com Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 222), os memso citam que: Finanças Corporativas 41 No caso de micro e pequenas empresas, as vantagens do endividamento diminuem, em função do regime tributário adotado, que permite recolher Imposto de Renda com base no faturamento (lucro presumido, simples), e não no lucro real. O resultado é que as despesas de juros, nesse caso, não são dedutíveis para o pagamento do Imposto de Renda, tornando o uso de capital de terceiros menos atraente. Outra situação é a diversificação de custos nas ofertas de capitais de terceiros disponíveis no Brasil. Nesse cenário, não se visualiza um equilíbrio, pois há casos em que as taxas de juros são definidas pelo mercado e tendem a ser elevadas e em que há o subsídio por meio de políticas governamentais de incentivo setorial. Como exemplo, pode ser citado o apoio à agricultura e à exportação de pequenas empresas ou microempreendedores. Com isso, no Brasil, cada empresa, conforme seu ramo de atividade, terá uma estrutura de capital. Essa estrutura busca melhores resultados sobre o retorno mínimo necessário e sobre as aplicações de recursos, fugindo, assim, de uma regra exata e preestabelecida aquela que diz que as empresas devem manter os índices de lucro e retorno. Os gestores podem contar com algumas informações no estabelecimento de diretrizes para compor a estrutura de capital adequada para a empresa. Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010) apontam dez linhas de informação norteadas para a escolha de uma estrutura de capital. A composição desse rol de análises exige que o gestor conheça a operacionalidade da empresa em vários aspectos. Entre eles, encontram-se a saúde financeira, a visão futura de mercado e os riscos da atividade empresarial. Em relação aos riscos, é necessário associá- los à sazonalidade do produto/serviço e às perspectivas de longo prazo dos sócios acionistas. Esse é o caminho para a construção de bases para a inclusão dos elementos que estão disponíveis no ambiente externo e, conjuntamente, estarão influenciando o patrimônio empresarial. Por fim, Groppelli e Nikbakht (2009, p. 208) sintetizam: Finanças Corporativas42 Como podemos ver, a correta composição do financiamento ou estrutura de capital é de difícil determinação. A decisão final representa um compromisso. No final das contas, todo o esforço que um administrador pode fazer é para a obtenção de uma razoável avaliação da saúde da empresa que seja, se possível, melhor do que a de seu setor como um todo e melhor do que a das empresas concorrentes.Fontes de Financiamentos a Curto Prazo A procura por opções de recursos de terceiros é uma prática constante no ambiente empresarial. Espera-se que as taxas oferecidas sejam atrativas e, ao mesmo tempo, atendam às necessidades de capitais das empresas no financiamento de suas atividades. TESTANDO: A evolução nos métodos de administração de estoques forçou as empresas a se readequarem para atender as necessidades do mercado e da produção com melhor aplicação de recursos financeiros, para evitar o risco da falta de capital para outras atividades e o risco de possíveis perdas de mercadorias ou matérias-primas. As inovações constantes na qualidade, modelo e função de determinados produtos demandam estratégias de gerenciamento de estoques, no intuito de evitar desperdícios, acúmulo de unidades e obsoletismo. A reduzida oferta de créditos de longo prazo inibe o crescimento e a competitividade das empresas brasileiras. O resultado é o financiamento da atividade por meio de recursos próprios, o que provoca a não aplicação da alavancagem financeira. A utilização de recursos próprios é obtida por intermédio da reaplicação na empresa de parte dos lucros do período. É a chamada reaplicação de dividendos. A grande questão, nesse aspecto, é que o custo de capital próprio é mais caro para as empresas do que o custo de capital de terceiros. Assim, em grande parte dos casos, os acionistas procuram no recurso externo a fonte financiadora para o desenvolvimento de suas atividades. Finanças Corporativas 43 Groppelli e Nikbakht (2009, p. 300-301, grifos no original) listam as principais razões para as empresas buscarem recursos na forma de financiamento em longo prazo: 1. Os aumentos esperados nas vendas futuras requerem fundos para a área de marketing e demais funções de apoio para manterem-se competitivas; 2. Com o crescimento da empresa, suas capacidades operacionais precisam aumentar; 3. Uma empresa deve continuar a se modernizar e a introduzir equipamentos mais eficientes; 4. Mudanças na demanda forçam a empresa a abandonar suas instalações obsoletas e a investir em uma nova capacidade de produção; 5. O financiamento de longo prazo de projetos de pesquisa e desenvolvimento promove um ciclo de vida saudável; 6. No longo prazo, grande parte do capital circulante torna- se permanente e deve ser financiado como tal. Os repasses de recursos internos são caracterizados pela participação de fundos que objetivam atender aos interesses econômicos nacionais. Dessa forma, a liberação dos recursos para a concessão de créditos está relacionada ao atendimento de necessidades de setores específicos, como agricultura, construção civil, atividades industriais e comerciais com foco em exportação. Normalmente, estão associados a esses repasses o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil (BB). A CEF e o BB direcionam os financiamentos voltados às áreas imobiliária e rural, respectivamente. Já o BNDES abrange interesses maiores para um universo também maior de favorecidos. Fortuna (2010, p. 319) contextualiza: As políticas operacionais do BNDES orientam e normatizam a concessão de financiamento – o Apoio Financeiro –, estabelecendo critérios para priorizar os projetos que Finanças Corporativas44 promovam o desenvolvimento com inclusão social, estimu- lando os empreendimentos que criem empregos e renda, contribuindo também para a geração de divisas, em consonância com as orientações do Governo Federal. Na condição de instituição financeira, o BNDES utiliza critérios bancários para a concessão dos seus financiamentos e segue a legislação, normas e resoluções que regulamentam as instituições financeiras públicas, sendo auditado pelo Tribunal de Contas da União – TCU. As linhas disponíveis para crédito no BNDES são: a. Finem: tem o objetivo de atender a empreendimentos para a realização de projetos de modernização, expansão ou implantação empresarial, incluindo a aquisição de máquinas de fabricação nacional. São alternativas para valores superiores a R$ 10.000.000,00. b. BNDES automático: tem a mesma linha de ação que o Finem, porém, limitado a R$ 10.000.000,00 por cliente a cada período de 12 meses. c. Cartão BNDES: seu foco é destinado para micro, pequenas e médias empresas com crédito pré-aprovado e limites de até R$ 500.000,00. O cliente solicita o cartão a instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen) e pode amortizar em parcelas limitadas de 3 a 48 vezes mensais e fixas. Também é cobrada uma anuidade do cartão. d. Finame máquinas e equipamentos e Finame agrícola: são financiamentos ofertados para aquisição de máquinas e equipamentos nacionais vinculados à área rural, industrial e comercial. e. Finame, leasing: não têm limite de valor e são concedidos à empresa arrendadora do bem para a compra de máquinas de fabricação nacional que serão disponibilizados para os usuários chamados de arrendatários. Finanças Corporativas 45 Dessa forma, os financiamentos para aquisição de máquinas e equipamentos devem basear-se na necessidade real da empresa. O investimento em modernização que gera um longo período de dívidas não pode afetar os recursos para o giro do negócio, como a necessidade de aquisição de insumos para a produção e mercadorias. Quando se fala em gerar riqueza mediante aumento patrimonial, nem sempre as imobilizações são o melhor caminho. f. Empréstimo-ponte: financia projetos específicos, selecionados mediante critérios adotados pelo BNDES. Os recursos são concedidos no período de estruturação da atividade de longo prazo. g. Project Finance: parceria financeira com uma Sociedade por Ações. Nela os fluxos de caixa esperados precisam ter condições de saldar o financiamento, assim como as receitas futuras do projeto necessitam ser vinculadas aos financiadores. Existem também os créditos vinculados à exportação e os que atendem ao mercado de valores mobiliários. A segunda modalidade de financiamentos de longo prazo são os repasses de recursos externos, os quais vêm de poupanças captadas no exterior e repassadas a empresas interessadas mediante a intervenção de instituições financeiras nacionais. Para que o repasse aconteça, faz- se necessária a participação do banco estrangeiro liberador do recurso, do banco nacional receptor e de outro que será o distribuidor. O valor do financiamento (repasse) é fixado em dólares (US$) e o pagamento é vinculado a parcelas trimestrais. As taxas de juros são anuais e compostas pela taxa Libor (London Interbank Offered Rate) e pelo título de risco (spread). EXPLICANDO MELHOR: As decisões de substituição são de uma importância crítica para a empresa, pois são em geral irreversíveis, isto é, não têm liquidez e comprometem grandes quantias. Uma decisão apressada de “livrar-se de uma sucata” ou capricho de possuir sempre o “último modelo” podem causar problemas sérios de capital de Giro. (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2010, p. 155). Finanças Corporativas46 Os empréstimos e financiamentos diretos, descritos como a terceira modalidade de financiamento de longo prazo, são ofertados pelas instituições financeiras componentes do mercado de capitais. Eles oscilam na linha de atendimento de recursos para os capitais de giro e fixo. Os juros cobrados são relativamente altos se comparados com linhas de crédito do BNDES, porém sua contratação é mais rápida e menos burocrática. A quarta modalidade é a subscrição de debêntures. Conforme explica Pinheiro (2009, p. 212), Debênture é um título emitido por uma sociedade anônima, previamente autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com a finalidade de captar recursos de médio e de longo prazos, destinados normalmente a financiamento de projetos de investimento ou alongamento de perfil do passivo. Caracteriza-se como título de valor mobiliário,sem remuneração baseada em taxas de renda fixa. Para a empresa emissora dos títulos, a vantagem reside no fato de os juros remuneratórios serem mais atrativos do que outras formas de captação de recursos. Além disso, a empresa preserva a autonomia de seu patrimônio, pois os títulos não geram direitos sobre o capital social. As garantias oferecidas no mercado são vinculadas aos ativos da empresa. Ademais, há a possibilidade de serem pagas bonificações, participação nos lucros e prêmios de reembolso por parte da empresa IMPORTANTE: Nessa modalidade, entre outras despesas, são cobradas comissões de repasse, de abertura de crédito e IR. As comissões de repasse são pagas ao banco nacional, que é o responsável por repassar os recursos, e as comissões de abertura de crédito são pagas ao banco estrangeiro, fornecedor dos recursos. O IR é referente aos juros enviados ao exterior e, nesse caso, o pagamento é também de responsabilidade da empresa beneficiada com os recursos. As demais despesas se referem ao registro do contrato e às garantias hipotecárias. Finanças Corporativas 47 emissora dos títulos. O limite de emissão das debêntures, no geral, é vinculado ao capital social da companhia. Santos e Schimidt (2007, p. 121) informam: A companhia poderá adquirir suas próprias debêntures, desde que o faça por valor igual ou inferior ao nominal. Este dispositivo tem por finalidade possibilitar uma melhor administração da dívida, uma melhor especulação ou fraude que possa lesar os demais tomadores das debêntures. Esse procedimento resulta nas debêntures em tesouraria. Elas são adotadas também pelas empresas, como forma de incentivar o mercado na aquisição de seus títulos. As principais classificações de factoring praticadas no Brasil são o adiantamento sobre títulos comprados pelo agente factor, as operações líquidas no vencimento, o adiantamento sobre títulos a serem emitidos, o factoring contra a entrega de mercadorias e administração de caixa. Nessa última classificação em especial, cabe detalhar que a casa factoring assume a gestão do caixa da empresa. Em razão de assumir os riscos das operações realizadas, os custos são bem caros e tornam-se maiores do que os empréstimos em instituições financeiras. Como benefícios, há maior flexibilidade de financiamento, redução de custos financeiros disfarçados e eliminação de risco. A flexibilidade de financiamento se deve à possibilidade que a casa factoring tem de recusar algum título utilizado na operação. Assim, as empresas encaminham para as transações somente títulos de clientes com qualidades creditícias, minimizando situações desagradáveis no relacionamento com a instituição. O custo financeiro disfarçado é um aspecto de comparação com uma instituição financeira, que se utiliza de médias e outras taxas para justificar o serviço. Isso acaba por “mascarar” o custo real. Já na abrangência das factorings, o valor é determinado no momento da negociação, sem adicionais ou reajustes extras, e os riscos, como já foram referenciados, são assumidos pela casa factoring, o que isenta a empresa de maiores análises. Finanças Corporativas48 Por último, está o financiamento de curto prazo por microcréditos. A criação de uma linha para atender às necessidades de pequenos empreendimentos traduz a relevância dessa atividade no contexto nacional. Os pequenos negócios são geradores de emprego, renda e melhoria na qualidade de vida. O microcrédito é utilizado para complementar financeiramente as etapas que compreendem o ciclo operacional e criar estratégias competitivas para a continuidade no mercado em que essas pequenas empresas estão inseridas. SAIBA MAIS: A indicação de uso desse tipo de crédito acontece quando a empresa necessita de recursos em, no máximo, cinco dias e não há possibilidade de negociação direta com a agência bancária em razão da emergência da necessidade do dinheiro. Para essa prática, é necessário que a empresa esteja em uma situação financeira sólida o bastante para arcar com os altos índices de juros, sem prejudicar o fluxo financeiro de forma agressiva. A modalidade de vendedor é identificada na relação comercial entre fornecedor, cliente e banco: o fornecedor vende o prazo para o cliente, que financia junto ao banco o pagamento. Em seguida, o banco libera o dinheiro ao fornecedor, que recebe à vista a mercadoria vendida. A procura por recursos financeiros pode estar relacionada a financiamentos de curto ou longo prazo. As razões motivadoras para esse tipo de operação sempre estarão ligadas a decisões necessárias para manter o funcionamento e a competitividade das empresas no mercado. O reflexo das constantes evoluções das políticas monetárias pode, em determinado momento, deixar as empresas incapacitadas financeiramente de realizar algum procedimento operacional. Por isso, nos intuitos de recuperar o prejuízo e buscar o lucro já planejado, os bancos e agentes fornecedores de crédito tornam-se os grandes parceiros empresariais. Segundo Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010), para o gerencia- mento dessa decisão por parte da empresa, alguns fatores devem ser analisados pelo administrador financeiro: Finanças Corporativas 49 � a empresa deve oferecer maior margem de contribuição de suas atividades ou produtos em relação aos custos do empréstimo; � os prazos precisam ser ajustados de acordo com as disponibilidades de caixa da empresa; � os padrões necessitam ser definidos como garantias; � os custos efetivos totais devem ser calculados. As formas de financiamento de curto prazo permitem maior operacionalidade às atividades empresariais. No entanto, elas devem ser gerenciadas de maneira cuidadosa para que não se incentive o aumento excessivo dos índices de endividamento empresarial. O ideal é que esses recursos sejam utilizados para fomentar a colocação de produtos e serviços no mercado em maiores quantidades. Além disso, espera-se que eles gerem um retorno financeiro lucrativo no mesmo prazo do financiamento e reduzam o risco financeiro da operação realizada. Quanto às modalidades de financiamento de recursos em curto prazo, as empresas podem optar por algumas opções, delimitadas em: � créditos bancários (subsídios em empréstimos, operações de desconto de títulos, operações de hotmoney, créditos rotativos e operações de vendas); � operações de fomento mercantil – factoring; � microcréditos. Pereira apud Pinheiro (2009, p. 397) conclui que: A convivência com crescimento econômico, a taxas pelo menos históricas, associado com um nível natural de emprego, reflete que o sistema econômico está mantendo o nível de atividades funcionando a plena capacidade, o que incentiva maiores investimentos empresariais. Por conseguinte, tal fenômeno estimula que os empresários procurem mais o mercado de capitais para financiar estes investimentos. Cria- se então certo clima de confiança, a partir de expectativas de que o país só tem a melhorar, influenciando positiva- mente a todos os participantes desse mercado. Finanças Corporativas50 RESUMINDO: A relação financeira estabelecida entre empresas, governos e mercados deve integrar medidas e procedimentos que sejam benéficos para todas as partes. Assim, o resultado positivo de um beneficiará a execução e o resultado de outro. O governo, por sua vez, deve estudar alternativas que melhorem as condições de trabalho empresarial, uma vez que o aumento dos lucros contribui para a gestão de medidas econômicas que afetam a vida da população, oferece melhores e maiores condições de compra, aquece a economia e viabiliza a distribuição de recursos no mercado. Desse modo, o país assume melhor posicionamento no cenário internacional e permite maior agregação de valor no produto que aqui é produzido. As consequências são a valorização da moeda e o incentivo a investimentos externos no mercado brasileiro. Finanças Corporativas
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