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A CRISE DO SISTEMA COLONIAL E OS PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA HISPÂNICA

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A CRISE DO SISTEMA COLONIAL E OS PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA HAITIANA.
Adriano da Silva Almeida
O processo de independência nas colônias espanholas na América é um dos temas mais prediletos das historiografias nacionais do século XIX (GUAZZELLI, 1996), amplamente discutidos e carregadas de interpretações diferenciadas. De forma consensual, os autores afirmam a independência como momento de ruptura da dominação política exercida pela metrópole e o nascimento dos Estados Nacionais.
Com esses temas em foco, busco analisar a crise do sistema colonial e os processos de independência nas colônias espanholas na América, para tal utilizarei o texto de César Augusto Barcellos Guazzelli, intitulado "A crise do sistema colonial e o processo de independência", e o filme “Igualdade para todos - Toussaint Louverture e a Revolução Haitiana” (IGUALDADE, 2017). Essas obras algumas contradições do período, evidenciando as relações de poder entre as elites chamadas, à época, de criollas, e o mundo indígena.
O movimento de independência na América Espanhola sucedeu em um conjunto de situações ao longo do século XVIII. Durante esse período, é observado a ascensão de um novo composto de valores, os quais questionava o pacto colonial e o autoritarismo monárquico. O iluminismo defendia a liberdade dos povos e a queda dos regimes políticos que promovessem o privilégio de determinadas classes sociais (IGUALDADE, 2017).
É de fato notório que os ideais iluministas inspiraram a elite letrada da América Espanhola. A maioria desses intelectuais era de origem criolla, ou seja, filhos de espanhóis nascidos na América, os quais não possuíam amplos direitos políticos nas grandes instituições do mundo colonial espanhol. Por estarem politicamente excluídos, enxergavam no iluminismo uma resposta aos entraves assegurados pelo domínio espanhol, ali representado pelos chapetones, espanhóis que viviam na América.
 A ascensão de Napoleão frente ao Estado francês e a demanda britânica e norte-americana pela expansão de seus mercados consumidores, no final do século XVIII, são pontos fundamentais para o processo de independência. A França, pelo descumprimento do Bloqueio Continental, invadiu a Espanha, desestabilizando a autoridade do governo sob as colônias. Além disso, Estados Unidos e Inglaterra tinham grandes interesses econômicos a serem alcançados com o fim do monopólio comercial espanhol na região.
Ao mesmo tempo, em que houve toda essa efervescência ideológica em torno do iluminismo e do fim da colonização, a pesada rotina de trabalho dos índios, escravos e mestiços também contribuiu para o processo de independência. As péssimas condições de trabalho e a situação de miséria já tinham, antes do processo definitivo de independência, mobilizado setores populares das colônias hispânicas. Essa insatisfação pode ser observada na Revolução Haitiana.
Vale salientar que os movimentos de independência hispano-americanos nunca haviam sido associados à ideia de revolução até muito recentemente, contudo o termo aparece frequentemente na historiografia tradicional sobre as independências no continente. No caso das Américas, a problemática da revolução no contexto das independências sempre estava atrelada ao caso da "Revolução Americana" - a das Treze Colônias, em fins do século XVIII - e ao caso do Haiti, no qual a articulação entre revolução, independência e abolição imprimiu características sobremodo radicais ao processo. 
Com a disseminação pelo mundo dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, proveniente da Revolução Francesa. Esse ímpeto revolucionário chega à ilha de São Domingos trazido da França pelo escravo liberto Vicent Ogé, o qual lidera um levante armado contra os “brancos” (SADER,2004). A rebelião o leva a ser executado em 1791, contudo, a morte do líder negro serviu apenas para inspirar os escravos e a Ilha explode em sedições, a adesão dos escravos ao movimento revolucionário foi massiva.
Entre os negros que aderem à revolução estar o escravo Toussaint L’Ouverture, que devido as suas habilidades, desde a sua juventude era aproveitado por seu proprietário nas atividades administrativas das fazendas de cana-de-açúcar, condição essa que o possibilitou a uma certa liberdade, permitindo-lhe entre outros benefícios, acesso à alfabetização. Toussaint L’Ouverture assume o posto de líder da revolução ao se negar a aceitar um acordo que seria realizado entre os líderes dos rebelados e os senhores “brancos”, sabendo ele que, com esse acordo os objetivos não seriam alcançados, e a pretensão da elite com a negociação era ganhar tempo para poder organizar a repressão do levante e seu consequente esmagamento.
Com a liderança de Toussaint L’Ouverture, os haitianos continuam bravamente sua luta revolucionária. Os confrontos entre escravos e senhores duraram 12 anos, nesse período o Haiti conseguiu resistir e lutar infligindo derrotas importantes, tanto às forças locais formadas pelos senhores de escravos, quanto às forças inglesas enviadas à ilha, que somavam 60 mil soldados, também derrotaram aos 43 mil soldados do exército francês de Napoleão Bonaparte, à época, tido por muitos como invencível (PRADO, 1987). No ano de 1803 Toussaint L’Ouverture é preso pelo exército francês e conduzido a uma prisão nos Alpes suíços onde morre.
Após a morte de Toussaint L’Ouverture, liderados agora por Dessalines, negro analfabeto, ocorre a vitória dos escravos haitianos sobre seus senhores. Em primeiro de janeiro de 1804 é proclamada a independência do Haiti. Embora tenha líderes letrados, influenciados pelos ideais franceses, a revolução foi executada até o fim pela maioria escrava analfabeta, os quais não compartilhava de tais ideais, lutando contra a condição de escravos a que estavam submetidos. Para Jean Jaques Dessalines, assim como para os demais rebelados: “A liberdade antes que tudo queria dizer o fim da escravidão” (PRADO, 1987).
A Revolução haitiana se transformou no maior movimento negro de rebeldia contra a exploração e a dominação colonial das Américas. O caso haitiano se torna único a todo o continente, se tornando a primeira colônia latino-americana a conseguir a independência e abolição da escravatura, sendo todo o seu processo de revolução e libertação conduzido pelos próprios escravos, estes conseguiram, além de realizar a libertação de seu país, realizar também, a própria liberdade. O acontecimento singular derruba por terra a ideia defendida à época pelas potências imperialistas de que as populações negras não pudessem se organizar por si só (SADER,2004). Com a Revolução, o Haiti se torna a primeira república negra do mundo.
Assim, mais do que inspiração, a independência do Haiti serviu como uma advertência, para o desespero dos senhores de escravos, estava demostrado que os cativos eram aptos a comandar uma rebelião capaz de transformar o status quo da sociedade, libertando os escravos e derrotando os seus donos. A este sentimento de insegurança e temor, deu-se o nome de haitianismo (LOPES,1998), muito comum, principalmente entre parte da elite brasileira do século XIX.
Para alguns autores (LOPES, 1998), este evento foi de suma importância para outros levantes emancipatórios da região hispano-americana. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o medo de que outro levante dos "plebeus" ocorresse em outros cantos do continente, faz com que os criollos antecipem os seus movimentos de independência.
É quando a França toma o trono do rei da Espanha, em 1808, durante as guerras napoleônicas, o processo por independência na América ganha fôlego. A tentativa da restauração da autoridade colonial espanhola seria o estopim dos levantes liderados pelos criollos. Contando com o apoio financeiro anglo-americano, os criollos convocaram as populações coloniais a se rebelarem contra a Espanha. Simón Bolívar e José de San Martín foram os principais líderes desse processo emancipatório. Ambos protagonizaram as lutas pela independência de vários países latino-americanos, num processo marcado por idas e vindas, entre o domínio dos revolucionários e a retomadado poder por tropas espanholas.
REFERÊNCIA: 
GUAZZELLI, César Augusto Barcellos. A crise do sistema colonial e o processo de independência. In: WASSERMAN, Cláudia. (Org.). História da América Latina: do descobrimento a 1900. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1996.
IGUALDADE para todos – Toussaint Louverture e a Revolução Haitiana. Direção de Public Broadcasting Service. Estados Unidos, 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5h6muqAIn2M>. Acesso em: 16 de janeiro de 2021. (50 minutos).
LOPES, Luiz Roberto. História da América Latina. 4. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998.
PRADO, Maria Ligia. A formação das nações latino-americanas – 3. ed. – São Paulo: Atual, 1987.
SADER, Emir. A grande Revolução negra. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 4 de Janeiro, 2004.

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