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Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 17:59:25 Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 17:59:25 DIREITO E LEGISLAÇÃO DO SEGURO REALIZAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA JONAS STIPP DE ANDRADE 2019 ALUIZIO JOSÉ BASTOS BARBOSA JUNIOR 2018 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS GERÊNCIA DA ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN EDIÇÃO PLANO B EDUCAÇÃO Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. 2ª EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2019 E73d Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Direito e legislação do seguro / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Jonas Stipp de Andrade. -- 2.ed. -- Rio de Janeiro : ENS, 2019. 189 p. ; 28 cm Formato: E-book. ISBN: 978-85-7052-691-5 1. Direito do seguro. 2. Seguro – Leis, decretos. 3. Corretor de seguros – Profissão – Leis, decretos. I. Andrade, Jonas Stipp de. II. Título. 0018-2211 CDU 368:347(072) Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 17:59:25 A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diver- sas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros ofe- rece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiên- cias com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros. DIREITO E LEGISLAÇÃO DO SEGURO Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 17:59:25 DIREITO DO SEGURO 1. DIREITO E O SEGURO NO BRASIL: NOÇÕES 11 INTRODUÇÃO 12 BREVES NOÇÕES SOBRE O DIREITO 14 O que é o Direito 14 Direito Objetivo e Subjetivo 15 Direito Público e Privado 16 Fontes do Direito 16 A Constituição Federal de 1988 17 As Normas Infraconstitucionais 18 FIXANDO CONCEITOS 1 20 2. O CONTRATO DE SEGURO 22 CONCEITO LEGAL DO CONTRATO DE SEGURO 23 ELEMENTOS DO CONTRATO DE SEGURO 23 Risco 24 Interesse Segurável 24 Garantia 25 Prêmio 25 Empresarialidade 26 PARTES DO CONTRATO DE SEGURO 26 Proponente 26 Segurado 26 Seguradora 27 Beneficiário 27 SUMÁRIO INTERATIVO DIREITO E LEGISLAÇÃO DO SEGURO Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 17:59:25 Estipulante 27 OBRIGAÇÕES DAS PARTES 27 Pagamento do Prêmio 27 Concessão da Garantia 29 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE SEGURO 32 Bilateral 32 Oneroso 32 Aleatório ou Comutativo 32 Solene 33 Consensual 33 Nominado 33 Adesão 34 INSTRUMENTOS CONTRATUAIS 34 Proposta 34 Apólice 37 Endosso ou Aditivo 39 Averbação 39 Bilhete 40 FIXANDO CONCEITOS 2 41 3. O SEGURO E O CÓDIGO CIVIL 43 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 44 DISPOSIÇÕES COMUNS AOS SEGUROS DE DANOS E DE PESSOAS 44 Riscos Predeterminados 45 Boa-Fé na Conclusão e na Execução do Contrato do Seguro 45 Efeitos do Descumprimento do Dever de Informação que Influi na Aceitação da Proposta ou na Tarifação do Prêmio 46 Ato Doloso do Segurado, do Beneficiário ou do Representante de um deles 47 Agravamento do Risco 49 Contratação por Meio de Agente Autorizado da Seguradora 50 Renovação Automática 51 Mora do Segurado 51 Mora da Seguradora 53 DIREITO E LEGISLAÇÃO DO SEGURO Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 17:59:25 Importância do Aviso de Sinistro 53 Aplicação Subsidiária do Código Civil aos Seguros Regidos por Leis Específicas 54 DISPOSIÇÕES RELATIVAS AOS SEGUROS DE DANOS 55 Transferência do Contrato de Seguro a Terceiro 55 Rateio Proporcional 56 Novo Seguro sobre Mesmo Interesse Segurável e Mesmo Risco 57 Sub-Rogação 58 Seguro de Responsabilidade Civil 59 DISPOSIÇÕES RELATIVAS AOS SEGUROS DE PESSOAS 61 Fixação do Capital Segurado e Contratação de Mais de um Seguro sobre o Mesmo Interesse 61 Instituição do(a) Companheiro(a) como Beneficiário(a) 62 Seguro sobre a Vida de Terceiro 63 Indicação e Substituição do Beneficiário 64 Efeitos da Não Indicação de Beneficiário ou da Invalidade (Parcial ou Total) da Cláusula Beneficiária 65 Transação para Pagamento Reduzido do Capital Segurado 66 Suicídio 67 Vedação à Exclusão de Certos Riscos 67 Sub-Rogação 68 Seguro Coletivo 68 A Exceção Contida no Artigo 802 do Código Civil 69 PRESCRIÇÃO 70 Prescrição do Segurado Contra a Seguradora no Seguro de Responsabilidade Civil 70 Prescrição do Segurado Contra a Seguradora nos Demais Seguros 72 Prescrição do Segurado em Grupo 73 Prescrição do Beneficiário 73 Prescrição do Terceiro Contra a Seguradora no Seguro de Responsabilidade Civil Obrigatório 74 Aviso de Sinistro como Causa Suspensiva da Prescrição 74 FIXANDO CONCEITOS 3 76 4. O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 78 ORIGEM E OBJETIVOS 79 CONCEITO DE CONSUMIDOR 79 DIREITO E LEGISLAÇÃO DO SEGURO Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 17:59:25 ENQUADRAMENTO DA ATIVIDADE SECURITÁRIA COMO SERVIÇO 80 VULNERABILIDADE E HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR 81 DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 82 Direito à Informação 83 Direito à Proteção Contra a Publicidade Enganosa e Abusiva 83 Direito à Facilitação da Defesa dos Direitos, Inclusive com a Inversão do Ônus da Prova 85 GARANTIA DE COGNOSCIBILIDADE 86 RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO FORNECEDOR PELO FATO DO SERVIÇO 86 RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO PRESTADOR DE SERVIÇO PROFISSIONAL LIBERAL 88 PRESCRIÇÃO PARA A AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DO SERVIÇO 89 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 90 OFERTA 90 RECUSA DO FORNECEDOR EM CUMPRIR A OFERTA 92 SOLIDARIEDADE 92 PRÁTICAS ABUSIVAS 93 Venda Casada 93 Seguro Não Solicitado 94 Comercialização de Seguro cujo Contrato Não Tenha Sido Submetido à Aprovação da SUSEP ou Esteja em Desacordo com as Normas Regulamentares 94 Prazo para Cumprimento da Obrigação 95 COBRANÇA DE DÍVIDA JÁ PAGA 95 CLÁUSULAS ABUSIVAS 96 CONTRATO DE ADESÃO 98 FIXANDO CONCEITOS 4 100 ESTUDOS DE CASO 102 GABARITO 104 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 106 DIREITO E LEGISLAÇÃO DO SEGURO Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 17:59:25 LEGISLAÇÃO DO SEGURO 1. O SISTEMA NACIONAL DE REGULAÇÃO, SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA, CAPITALIZAÇÃO E CORRETAGEM 109AS PRINCIPAIS NORMAS LEGAIS E REGULAMENTARES 110 O SISTEMA NACIONAL DE REGULAÇÃO, SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA, CAPITALIZAÇÃO E CORRETAGEM 111 COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS QUE COMPÕEM O SISTEMA NACIONAL DE REGULAÇÃO, SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO DE SEGUROS PRIVADOS, PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA, CAPITALIZAÇÃO E CORRETAGEM 115 Compete ao Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) 115 Compete à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) 120 Compete ao Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização (CRSNSP) 125 AS OPERAÇÕES DE SEGUROS PRIVADOS 126 OS SEGUROS OBRIGATÓRIOS 131 RESSEGURO – LEI COMPLEMENTAR Nº 126/2007 132 A Atuação do IRB Brasil RE 132 Das Normas Regulamentadoras do Resseguro e da Sociedade Corretora de Resseguros 135 FIXANDO CONCEITOS 1 137 2. O CORRETOR DE SEGUROS 140 A LEI QUE REGULA A PROFISSÃO DE CORRETOR DE SEGUROS 141 O PAPEL DE INTERMEDIADOR DO CORRETOR DE SEGUROS 142 REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL E REGISTRO NA SUSEP 145 O Corretor de Seguros – Profissional Autônomo 145 As Corretoras de Seguros Pessoas Jurídicas 151 O QUE SÃO EMPRESAS INDIVIDUAIS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI) 153 DIREITO E LEGISLAÇÃO DO SEGURO Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 17:59:25 HABILITAÇÃO TÉCNICO-PROFISSIONAL 155 REQUERIMENTO DE REGISTRO NA SUSEP 156 INEXISTÊNCIA DE LIMITAÇÃO TERRITORIAL PARA A ATUAÇÃO DO CORRETOR DE SEGUROS 157 OS PREPOSTOS DO CORRETOR 158 DIREITOS E DEVERES DO CORRETOR 161 Deveres Básicos do Corretor 161 Direito à Comissão de Corretagem 162 Dever de Registro das Propostas e de Demonstração à SUSEP 164 Dever de Repasse do Prêmio Recebido 165 Restrições Profissionais 167 AS RESPONSABILIDADES DO CORRETOR DE SEGUROS 169 A RESPONSABILIDADE DO CORRETOR DE SEGUROS E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC) 173 A RESPONSABILIDADE PENAL E O CÓDIGO PENAL 175 A RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA OU PROFISSIONAL 176 A AUTORREGULAÇÃO DO MERCADO DE CORRETAGEM (LEI COMPLEMENTAR Nº 137/2010) 181 O INSTITUTO BRASILEIRO DE AUTORREGULAÇÃO DO MERCADO DE CORRETAGEM DE SEGUROS, DE RESSEGUROS, DE CAPITALIZAÇÃO E DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA – IBRACOR 183 FIXANDO CONCEITOS 2 184 ESTUDO DE CASO 186 GABARITO 187 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 188 DIREITO E LEGISLAÇÃO DO SEGURO Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 17:59:25 UNIDADE Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:04:07 DIREITO DO SEGURO 11 UNIDADE 101DIREITO e o SEGURO no BRASIL: NOÇÕES ■ Avaliar a importância do direito para os contratos de seguros e entender como o seguro surgiu no Brasil. ■ Definir o que é direito e quais são suas principais fontes. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Reconhecer a importância da Constituição Federal de 1988. ■ Conhecer a estrutura do ordenamento jurídico brasileiro. ■ Identificar e distinguir as normas infraconstitucionais. INTRODUÇÃO BREVES NOÇÕES SOBRE O DIREITO FIXANDO CONCEITOS 1 TÓPICOS DESTA UNIDADE Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:04:07 UNIDADE 1 12DIREITO DO SEGURO INTRODUÇÃO Uma das questões dentre as várias que são feitas por estudantes tem a ver com a importância do estudo do Direito. Antes de começarmos, tente responder: qual a importância do direito na atividade profissional? A resposta para essa questão é simples: a importância do direito é trazer ordem, certeza, paz, segurança e justiça, que são finalidades do direito, não se podendo confundir com o próprio direito, já que não se pode con- fundir o objeto com a sua finalidade. Portanto, o direito é um instrumento que existe para evitar conflitos e, não sendo possível evitá-los, existe também para solucioná-los. Daí se dizer que a função precípua do direito é trazer segurança jurídica, tendo como fim concretizar a justiça, isto é, o que é justo. O direito é uma das peças fundamentais para os profissionais e para a comu- nidade, pois é por meio dessa fonte que se tem a base das informações, dos conceitos, das normas e das regras que norteiam a vida em sociedade. É preciso nos conscientizarmos da importância do seguro para a socie- dade e para o cidadão, compreendermos o real e concreto alcance do contrato de seguro e buscarmos as informações relevantes para cada tipo contratual, firme no propósito de bem utilizarmos esse importante instru- mento de desenvolvimento econômico e social, com o objetivo de nos pro- tegermos contra os infortúnios próprios da vida em sociedade. Porém, você pode estar se perguntando: o que isso tem a ver com o pro- fissional da área de seguros? A resposta é: tem tudo a ver! Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:04:07 UNIDADE 1 13DIREITO DO SEGURO Muitas vezes, o profissional da área de seguros não sabe como agir quan- do se depara com alguma questão jurídica em seu dia a dia. Isso pode gerar um grande impacto, por vezes desastroso, para ele próprio e para quem está ao seu redor. O profissional de seguros não pode alegar que não cumpriu uma norma por- que não é conhecedor de uma lei particular. Ao contrário, é fundamental que os profissionais estejam atentos a todas as normas e regras, além de suas atualizações, para fazer um trabalho ético e a contento para os seus clientes. O dever de gerir os contratos intermediados pelo corretor está expres- samente destacado pelas normas legais, de forma que os corretores de seguros devem, mais que nunca, administrar o andamento e o cumprimen- to do contrato, seja pelo lado de seus clientes-segurados ou pela segura- dora garantidora do contrato, uma vez que deixam de atuar como meros intermediários para assumirem a função de gerente contratual. O corretor deve, a partir de então, esclarecer e comunicar ao seu cliente de toda e qualquer ocorrência oriunda das obrigações contratuais, sob pena de ser responsabilizado civil e profissionalmente por falha na prestação do serviço de corretagem. É consenso que o profissional de seguro deve ter consciência de que será responsabilizado por qualquer dano que cause a alguém. Por isso, é tão importante seguir os preceitos éticos e jurídicos no atendimento a qual- quer segurado. Porém, nem sempre as questões jurídicas são tão claras, já que esses profissionais têm uma formação muito voltada apenas para a área securitária. Os temas abordados neste material estão relacionados às obrigações, aos direitos e aos deveres do segurado, da seguradora e do corretor. O conhecimento sobre as normas legais relativas ao contrato de seguro, incluindo quais são suas partes e suas principais obrigações, reúne infor- mações indispensáveis ao exercício da atividade profissional securitária. O Código Civil Brasileiro, instrumento legal que vem regulamentando as principais regras relativas ao contrato de seguro, estabelece penalidades gravíssimas que podem ocasionar a perda do direito à indenização, entre elas a má-fé do segurado ou da seguradora quando de sua efetivação, bem como as consequências da mora, ou seja, atraso do pagamento do prêmio. As disposições relativas ao Segurode Danos são institutos cujo conheci- mento é indispensável para a orientação do segurado, como a possibilida- de da transferência da apólice a terceiros e o instituto da sub-rogação, que implica o ressarcimento à companhia seguradora quando o dano sofrido pelo segurado é causado por terceiro. Em relação ao Seguro de Pessoas e sua possibilidade de contratação sem limite de valores, a indicação do companheiro como beneficiário e as nor- Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:04:07 UNIDADE 1 14DIREITO DO SEGURO mas relativas ao suicídio são informações que colaboram o conhecimento prático da vida profissional. O instituto da prescrição, ou seja, a perda do direito à ação judicial em virtu- de do tempo, é de conhecimento indispensável ao corretor de seguros, uma vez que, chamado a acompanhar o processo de sinistro, estará apto a orien- tar o segurado quanto ao prazo para reivindicar judicialmente seus direitos. As disposições relativas ao Código de Defesa do Consumidor e sua prote- ção na relação de consumo, a qual inclui a atividade securitária, estabelece uma série de regras de interesse do profissional de seguro, inclusive aque- las relativas à sua responsabilidade no exercício de suas funções. Assim, o profissional de seguros estuda a disciplina Direito do Seguro no início do curso em virtude de sua relevância em termos de conhecimento, servindo como alicerce que sustentará as demais informações necessárias para sua formação profissional. Bom estudo! BREVES NOÇÕES SOBRE O DIREITO — O que é o Direito Antes de tudo, precisamos entender o que é Direito e como ele surgiu. O Direito nasceu junto com a civilização, sob a forma de costumes que se tornaram obrigatórios. Por mais que mergulhemos no passado, sempre encontraremos o Direito, ainda que em estágio rudimentar, regulando as relações humanas tendo em vista que, indiscutivelmente, a sociedade não consegue se autorregular. Essas regras de procedimento, disciplinadoras da vida em sociedade, recebem o nome do Direito. O Direito é uma ciência social que tem por objeto o estudo das normas jurídicas, de seus elementos, de seus atributos, de sua interpretação e apli- cação. São as normas jurídicas que regulam as situações entre os sujeitos e são capazes de assegurar a convivência e a paz social. A vida em sociedade seria impossível sem a existência de um certo número de normas reguladoras do procedimento dos homens, por estes mesmos jul- gadas obrigatórias, e acompanhadas de punições para os transgressores. É a punição que torna a norma respeitada. A coação, ou possibilidade de cons- tranger o indivíduo à observância da norma, torna-se inseparável do Direito. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:04:07 UNIDADE 1 15DIREITO DO SEGURO O Direito é, também, um fenômeno social, pois surge, essencialmente, das relações sociais intersubjetivas, a exemplo do que ocorre com outros fenô- menos sociais, como a religião e a política, entre outros. Desse modo, sendo o Direito um fenômeno social, nada mais natural do que admitirmos que o Direito é dinâmico, visto que, à medida que a socie- dade muda seus conceitos, naturalmente, o Direito também se adapta a essa nova sociedade. Podemos citar inúmeros exemplos em que o Direito se modificou em virtu- de de a própria sociedade ter se modificado (ex.: Lei do Divórcio, direito a voto das mulheres, entre outros). O chamado Direito Positivo (ou Direito escrito) consiste num conjunto orde- nado e sistemático de normas jurídicas obrigatórias que o Estado, fazendo uso de suas competências, impõe à sociedade. As normas jurídicas possuem, portanto, um caráter coercitivo, ou seja, não estão sujeitas ao livre-arbítrio da vontade individual. Elas regem condutas essenciais para o convívio social, o bem coletivo, o equilíbrio das relações humanas e a manutenção da ordem. As normas jurídicas estão divididas em regras e princípios. As regras impõem, permitem ou proíbem uma conduta de forma imperativa. Um exemplo de regra está no inciso I do art. 162 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB – Lei nº 9.503/1997, que trata das infrações de trânsito e prevê que dirigir veículo sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir constitui infração gravíssima, sujeitando o infrator a multa e apreensão do veículo. Já os princípios enunciam valores ou abrigam direitos, mas não qualificam juridicamente as condutas. Pode ser citado, como exemplo, o princípio da dignidade da pessoa humana, presente no art. 1º, III, da Constituição Federal de 1988. Este princípio trata do respeito à identidade e à integridade de todo e qualquer ser humano. — Direito Objetivo e Subjetivo A palavra “direito” tem diferentes sentidos ou acepções, tornando-se pratica- mente impossível reuni-las numa única fórmula significativa. As mais impor- tantes são traduzidas pelas expressões direito objetivo e Direito subjetivo. O Direito objetivo designa o Direito enquanto regra de ação, isto é, o con- junto de regras vigentes num determinado momento para reger as relações humanas, que são impostas, coativamente, à obediência de todos. Temos como exemplo o Código Civil, o Código Penal ou a Lei do Inquilinato. O Direito subjetivo, a seu turno, encerra o poder de ação derivado da nor- ma, isto é, a faculdade ou prerrogativa de o indivíduo invocar a lei em seu interesse. Assim, ao direito subjetivo de uma pessoa corresponde sempre Impor tante O Direito positivo é imposto à sociedade pelo Estado a partir de um conjunto sistemático de normas jurídicas. Impor tante Direito objetivo Conjunto de regras vigentes que definem relações humanas. Direito subjetivo Ação facultativa que deriva da norma que o indivíduo pode usar a seu favor. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:04:07 UNIDADE 1 16DIREITO DO SEGURO o dever de outra, que, se não o cumprir, poderá ser compelida a observá-lo através de medidas judiciais. Desta forma, se um inquilino não paga o alu- guel, o proprietário tem o direito subjetivo de promover o despejo. — Direito Público e Privado O Direito pode ser dividido em dois ramos básicos: Direito Público e Direito Privado. Esta famosa classificação do Direito já era, de certa forma, conhe- cida na antiga Roma. O Direito público disciplina os interesses gerais da coletividade e se carac- teriza pela imperatividade de suas normas, que não podem nunca ser afas- tadas por convenção dos particulares. Já o Direito Privado versa sobre as relações dos indivíduos entre si, tendo na supletividade de seus preceitos a nota característica, isto é, vigora ape- nas enquanto a vontade dos interessados não disponha de modo diferen- te que o previsto pelo legislador. Desta forma, ocorre que: Direito Público Regula os interesses predominantes da sociedade, considerada como um todo. Nas relações de Direito Público, o Estado participa como sujeito ativo (titular do poder jurídico) ou como sujeito pas- sivo (destinatário do dever jurídico), mas sempre como órgão da sociedade e, portanto, sem perder a posição de supremacia ou poder de império. Exemplos: cobrança de impostos, ação criminal, matéria constitucional, entre outros. Direito Privado Regula as relações entre particulares. Nas relações jurídicas de Direi- to Privado, o Estado pode participar como sujeito ativo ou passivo, em regime de coordenação com os particulares, isto é, dispensando sua supremacia ou poder de império. Exemplos: contrato de seguro, locação debens, cobrança de dívidas, casamento, entre outros. — Fontes do Direito As fontes do Direito são a sua origem primária, o seu modo de expres- são, a partir das quais os intérpretes do Direito e o Poder Judiciário, no exercício de sua função julgadora, se socorre para buscar a solução dos conflitos apresentados. A palavra “fonte” deriva do latim , que fons, fontis significa “nascente”, designando tudo o que origina ou produz algo. A expressão “fontes do Direito”, portanto, encerra uma metáfora para indi- car a própria gênese do Direito, ou seja, os meios pelos quais se formam as regras jurídicas. Impor tante A Constituição Federal não será objeto de deliberação a proposta de emenda que tende a abolir a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos poderes e os direitos e garantias individuais. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:04:07 UNIDADE 1 17DIREITO DO SEGURO As principais fontes do Direito são as seguintes: Lei É a norma jurídica escrita, comum e obrigatória, emanada pelo Poder competente e provida de sanção (força coercitiva). A expres- são “lei”, portanto, abrange toda e qualquer norma jurídica, este- ja ela inserida na Constituição, em lei complementar, lei ordinária, decreto ou regulamento, entre outros. Costume É a “norma jurídica que resulta de uma prática geral, constante e prolongada, observada com a convicção de que é juridicamen- te obrigatória”. Como as leis escritas não compreendem todo o Direito, existem as normas costumeiras, também chamadas con- suetudinárias, que obrigam, igualmente, ainda que não constem de preceitos aprovados por órgãos competentes. Quando o caso concreto não se enquadra em qualquer norma jurídica existente no ordenamento, essa omissão legislativa exige que o juiz dê a sentença com base nos costumes. Doutrina É o resultado do estudo de pensadores ( juristas e filósofos) sobre o Direito, expresso em livros, pareceres e outros trabalhos. A dou- trina desempenha o papel de guia para o julgador e de subsídio e orientação para o legislador. Jurisprudência É o conjunto de reiteradas decisões dos tribunais sobre determi- nada matéria. A interpretação e a aplicação das normas jurídicas pelos tribunais repetidas vezes sobre um mesmo assunto tendem a criar precedentes que poderão ser invocados pelas partes e apli- cados pelos juízes a casos análogos. Pode haver decisões confli- tantes dentro do mesmo tribunal até que a questão seja pacifica- da, o que em nada desnatura o valor das decisões proferidas pelo Poder Judiciário. O entendimento predominante sobre determina- da matéria num tribunal pode ser pacificado por meio da chamada “súmula”, a qual, no entanto, não é imperativa.1 — A Constituição Federal de 1988 O ordenamento jurídico brasileiro é composto por inúmeras normas jurídi- cas, e a Constituição Federal de 1988 ocupa a mais alta posição hierárqui- ca, sendo conhecida, inclusive, como lei fundamental ou magna. Saiba mais A Jurisprudência vem ganhando importância como fonte do Direito, principalmente a Jurisprudência sedimentada nos tribunais superiores, relativa ao seguro, que será estudada mais à frente. 1 A única exceção é feita à chamada “Súmula Vinculante”, que versa exclusivamente sobre matéria constitucional e somente pode ser emitida pelo Supremo Tribunal Federal, devendo, necessariamente, ser observada pelos outros tribunais. Ressalte- se a Súmula Vinculante 32: “O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas seguradoras”. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:04:07 UNIDADE 1 18DIREITO DO SEGURO A Constituição deve ser entendida como a lei fundamental e supre- ma de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes políticos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direito, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é a Consti- tuição que individualiza os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas. (SILVA, 1996, p. 246). Uma vez que a Constituição Federal é a lei fundamental e suprema do Esta- do brasileiro, é nela que está o fundamento de toda autoridade, e somente ela confere poderes e competências governamentais. Além disso, as normas que integram o ordenamento jurídico brasileiro somente serão válidas quan- do o seu conteúdo estiver em conformidade com as normas constitucionais. Desse modo, as normas, sejam elas leis, resoluções, circulares, portarias ou qualquer outra espécie que, de alguma forma, contrariem a Constituição, são chamadas inconstitucionais e, consequentemente, não possuem valor jurídico. Por intermédio da chamada Emenda Constitucional, a Constituição Federal pode ser objeto de alteração, com a finalidade de se adaptar às modifica- ções da sociedade e do Estado. A Emenda Constitucional é promulgada pela mesa da Câmara dos Deputa- dos e do Senado Federal, sendo necessário, para tal, a aprovação por 3/5 dos membros de ambas as Casas Legislativas em duas sessões. Assim, a própria Constituição proíbe expressamente que haja qualquer tentativa de alterá-la em relação a essas matérias. — As Normas Infraconstitucionais Abaixo da Constituição Federal estão todas as outras normas jurídicas, também chamadas de normas infraconstitucionais. Podemos estabelecer a seguinte hierarquia entre as normas com base no art. 59 da Constituição Federal de 1988: Lei complementar Tem a finalidade de dispor sobre matérias que lhe são reservadas pela Constituição Federal. Sua edição depende de quórum privi- legiado e maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, como ocorreu com a Lei Complementar nº 126/2007, que dispõe sobre as operações de cosseguro, as contratações de seguro no exterior, as operações em moeda estrangeira do setor securitário, a política de resseguro, retrocessão e sua intermediação. Impor tante A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a: ■ Qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional. ■ Presidente da República. ■ Supremo Tribunal Federal. ■ Tribunais Superiores. ■ Procurador-Geral da República. ■ Cidadãos (na forma e nos casos previstos na Constituição). Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:04:07 UNIDADE 1 19DIREITO DO SEGURO Lei ordinária Elaborada pelo Poder Legislativo em sua função típica de legislar. Sua edição pode ocorrer por quórum simples, presente a maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional. Para ser elabora- da, a lei ordinária passa pelas seguintes fases: iniciativa, aprova- ção, sanção, promulgação e publicação, como a Lei nº 4.594/1964, que regula a profissão de corretor de seguros. Lei delegada É aquela elaborada pelo Poder Executivo por delegação do Poder Legislativo. Refletem, sem dúvida, a contemporânea tendência do Direito Público quanto à admissibilidade de o Legislativo delegar ao Presidente da República poderes para elaboração de leis em casos expressos. As leis delegadas comparam-se às leis ordiná- rias, pelas quais podem ser alteradas ou revogadas. Medida provisória É aquela emanada pelo Poder Executivo, com força de lei e vali- dade por 60 dias, prorrogáveis uma única vez por igual período. Assim, a vigência máxima das medidas provisórias é de 120 dias. Tais normas devem ser, nesse prazo, apreciadas pelo Poder Legis- lativo, a fim de serem transformadasem lei ordinária ou revogadas. A medida provisória não apreciada pelo Poder Legislativo em 120 dias perde sua eficácia por decurso de prazo. Decreto e resolução São normas que regulamentam disposições previstas em lei. Ambos são redigidos por autoridades administrativas competen- tes. Como exemplo temos as resoluções relativas ao seguro edita- das pelo CNSP. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer mem- bro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos na Constituição. É importante destacar que, antes da Constituição de 1988, havia a figura do decreto-lei, que era o ato normativo emitido unicamente pelo chefe do Poder Executivo, sem a necessidade de referendo do Congresso. Com a atual Constituição, essa figura foi extinta. Contudo, aqueles decre- tos-leis cujo conteúdo não contraria a atual Constituição Federal, como o Decreto-Lei nº 73/1966, que cria o Sistema Nacional de Seguros Privados, permanecem válidos e são tidos como recepcionados constitucionalmente. Saiba mais A Medida Provisória nº 719/2016 alterou a Lei nº 8.374/1991 referente ao Seguro Obrigatório para Embarcação (DPEM). Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:04:07 FIXANDO CONCEITOS 20DIREITO DO SEGURO FIXANDO CONCEITOS 1 MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 1. É correto afirmar que o Direito que consiste em um conjunto ordenado e sistemático de normas jurídicas obrigatórias que o Estado impõe à sociedade fazendo uso de suas competências é denominado: (a) Direito positivo ou escrito. (b) Direito costumeiro ou consuetudinário. (c) Direito público ou privado. (d) Direito objetivo ou subjetivo. (e) Direito natural ou ordinário. 2. O conjunto de repetidas decisões judiciais dos tribunais sobre certa matéria, criando precedentes que podem ser aplicados a casos semelhan- tes, denomina-se: (a) Doutrina. (b) Costume. (c) Subjetiva. (d) Lei. (e) Jurisprudência. 3. A Constituição Federal somente pode ser alterada por meio de: (a) Decreto. (b) Lei ordinária. (c) Emenda. (d) Lei delegada. (e) Medida provisória. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:11 FIXANDO CONCEITOS 21DIREITO DO SEGURO 4. É correto definir o Direito como sendo: (a) A particularidade do que é justo e correto, como o respeito à igual- dade de todos os cidadãos. (b) Norma ou conjunto de normas que tem o objetivo de regularizar o funcionamento de algo, de uma instituição, atividade, entre outras, em um lugar e um tempo determinado. (c) É o princípio básico de reconhecimento e preservação da cultura nacional. (d) Um conjunto legislativo advindo da Câmara dos Deputados Federais. (e) Um conjunto de normas de procedimento, disciplinadoras da vida em sociedade, de caráter obrigatório. 5. A norma legal infraconstitucional emanada pelo Poder Executivo, com anotações: força de lei e validade por 60 dias, prorrogável uma única vez por igual período, é o(a): (a) Lei complementar. (b) Constituição Federal. (c) Medida provisória. (d) Lei ordinária. (e) Decreto. 6. O Direito é um(a): (a) Ciência humana. (b) Ciência social. (c) Ciência exata. (d) Conjunto de regras morais. (e) Lei. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:11 DIREITO DO SEGURO 22 UNIDADE 2 02O CONTRATO ■ Definir o que é o contrato de seguro e identificar seus elementos. ■ Diferenciar as obrigações do contratante e da contratada. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Distinguir as garantias concedidas nos Seguros de Danos e de Pessoas. ■ Descrever as partes do contrato de seguro, seus instrumentos e suas principais características. CONCEITO LEGAL DO CONTRATO DE SEGURO ELEMENTOS DO CONTRATO DE SEGURO PARTES DO CONTRATO DE SEGURO OBRIGAÇÕES DAS PARTES PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE SEGURO INSTRUMENTOS CONTRATUAIS FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE de SEGURO Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:11 UNIDADE 2 23DIREITO DO SEGURO CONCEITO LEGAL DO CONTRATO DE SEGURO Para entendermos o contrato de seguro, é importante começarmos pelo art. 757 do Código Civil, que permite identificar os principais elementos que o compõem: “Art. 757. Pelo contrato de seguro o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada.” Inicialmente, estudaremos os cinco elementos que compõem o contrato de seguro para, em seguida, identificarmos as partes que integram o con- trato e suas respectivas obrigações. Posteriormente, serão abordadas as principais características desse con- trato, bem como seus principais instrumentos. ELEMENTOS DO CONTRATO DE SEGURO O contrato de seguro é constituído de cinco elementos: o , o risco interes- se segurável garantia prêmio empresarialidade, a , o e a . Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:11 UNIDADE 2 24DIREITO DO SEGURO — Risco O risco é a causa do contrato de seguro, já que o proponente recorre à seguradora com a finalidade de reduzir ou eliminar as consequências negativas que possam ser experimentadas em razão de sua ocorrência. O risco deve ser um evento possível, futuro, incerto ou de data incerta, e que não depende somente da vontade das partes. Nesse caso, a possibilidade significa que o risco deve ser algo sujeito a se manifestar no plano físico. O risco deve ser futuro, porque o seguro, via de regra, não admite a cober- tura de eventos verificados antes da celebração do contrato. O Código Civil que, se a seguradora, ao tempo do contrato, souber que não há risco ao segurado a ser coberto e, apesar disso, chega a expedir a apólice, pagará em dobro o prêmio estipulado (art. 773). Estabelece, ainda, que não se inclui na garantia o sinistro provocado por vício intrínseco da coisa segurada quando não declarado pelo segurado (art. 784). Vale lembrar que a noção de risco está claramente vinculada à de interes- se segurável ou segurado, já que é necessário que o proponente/segura- do tenha interesse legítimo em minorar ou eliminar as perdas que possam advir pela verificação do risco. Assim, o contrato de seguro deve especificar claramente os riscos cober- tos, indicando, para isso, as coberturas (garantias) contratadas. Também os riscos excluídos (coberturas ou garantias) não contratados devem, igual- mente, aparecer em destaque. Dessa forma, a obrigação da seguradora somente abrange aqueles riscos expressamente contratados, que devem ser limitados e particularizados nas condições (cláusulas) do contrato de seguro, não se obrigando por outros (arts. 757 e 760 do Código Civil). Os riscos cobertos pelos contratos de seguros, em regra, nominam as coberturas inerentes aos mais variados ramos e/ou modalidades de segu- ros oferecidos no mercado, como incêndio, roubo, colisão, acidentes pes- soais, morte, vendaval, inundação,alagamento etc. Nos Seguros de Danos, o risco compreenderá todos os prejuízos resultan- tes ou consequentes das providências adotadas pelo segurado para evitar o sinistro, minorar o dano ou salvar a coisa (art. 779 do Código Civil). — Interesse Segurável O interesse segurável é o objeto do contrato de seguro, pois é sobre ele que recai a garantia. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:11 UNIDADE 2 25DIREITO DO SEGURO Pela “teoria da necessidade”, é indispensável que aquele que propõe a contratação do seguro tenha interesse concreto – o qual deve ser sempre legítimo e, em alguns casos, também econômico – em prevenir os danos ou perdas que possam afetar o bem sobre o qual recai o risco. Nos Seguros de Pessoas, todavia, o Código Civil admite que o interesse seja presumido em certos casos (art. 790, parágrafo único, do Código Civil). O interesse não é uma coisa, mas, sim, a relação existente entre o segura- do e a coisa ou pessoa sujeita ao risco. Embora não coincida com a própria coisa a ser segurada, o interesse deve corresponder a um bem que esteja exposto a risco, ou seja, que possa desaparecer ou deteriorar-se (como é o caso de mercadorias transporta- das), perder-se, extinguir-se ou sofrer limitações (a exemplo do que ocorre com a vida e as faculdades humanas), ou, até mesmo, a um fato que pode não se realizar (como ocorre nos Seguros de Crédito ou de Garantia de Obrigações Contratuais). — Garantia É o terceiro elemento do contrato e consiste na obrigação da seguradora com relação à proteção do interesse legítimo do segurado: ela deve assegurá-la. Portanto, ela se perfaz na promessa que a seguradora faz ao segurado de que honrará o compromisso assumido, de acordo com as cláusulas cons- tantes do contrato, em reparar algum prejuízo ou pagar um capital deter- minado, ao cabo de um termo final. Dessa forma, o contrato de seguro garante ao segurado a indenização em caso de sinistro coberto. Vale lembrar que o limite dessa garantia deve estar previsto no contrato, na forma do art. 760 do Código Civil. A prestação que corresponde à garantia somente deve ser entregue se o segurado não estiver em mora (atraso) no pagamento do prêmio quando ocorrer um sinistro coberto. — Prêmio O prêmio é o quarto elemento do contrato de seguro e consiste na obriga- ção daquele que contrata o seguro para fazer jus à garantia que pretende obter da seguradora. Para fixação do prêmio, além de serem considerados o risco, a importância segurada e a duração do seguro, são utilizados, também, elementos esta- tísticos e financeiros. Ao aceitar a proposta de seguro, a seguradora leva em conta as informa- ções prestadas pelo proponente para definir a taxa do prêmio, que consi- dera, portanto, apenas os riscos e as coberturas que a seguradora preten- de assumir. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:11 UNIDADE 2 26DIREITO DO SEGURO A falta de seu pagamento nas condições legais e contratualmente estabe- lecidas gera a perda do valor segurado, na forma do art. 763 do Código Civil. Entretanto, a aplicação desse dispositivo deve ser feita com muito cuidado, pois há situações excepcionais em que o inadimplemento do prê- mio não acarretará a perda do direito à indenização ou capital segurado. — Empresar ialidade A empresarialidade é o quinto elemento do contrato. Significa que a segu- radora deve ser, necessariamente, uma entidade legalmente autorizada a exercer a atividade seguradora, ou seja, deve ser uma pessoa jurídica (art. 757, parágrafo único, do Código Civil). O art. 24 do Decreto-Lei nº 73/1966 já se referia a esse elemento ao colo- cá-lo como condição para o exercício da atividade securitária no país, pre- vendo que somente podem operar em Seguros Privados as sociedades anônimas e, em casos excepcionais, como Seguro-Saúde e acidente do trabalho. O mesmo decreto-lei aponta as sociedades seguradoras como integran- tes do Sistema de Seguros Privados, disciplinando a forma da autorização para o seu funcionamento, estabelecendo critérios para suas operações e fixando o regime de sua fiscalização e liquidação. PARTES DO CONTRATO DE SEGURO — Proponente É o titular do interesse legítimo segurável, relativo a pessoa ou coisa. Deve ser plenamente capaz de exercer os atos da vida civil para que possa assinar a proposta de seguro, sob pena de nulidade ou anulabilidade. O proponente pode acumular a condição de segurado, de beneficiário e de estipulante. — Segurado É a pessoa física ou jurídica sobre quem recai o risco. Pode, ou não, ser o proponente do seguro. Pode, também, acumular a condição de estipulante ou de beneficiário. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:11 UNIDADE 2 27DIREITO DO SEGURO — Seguradora É a empresa legalmente constituída sob a forma de sociedade anônima que concede a garantia. — Beneficiár io É aquele em favor de quem se institui a garantia. Pode ser pessoa física ou jurídica. — Estipulante É a pessoa física ou jurídica que contrata seguro por conta de terceiros, equiparando-se, por isso, ao segurado para efeito de celebração e de manutenção do contrato. Pode, eventualmente, acumular a condição de beneficiário. O estipulante representa os interesses do grupo segurado perante à seguradora. Saiba mais De acordo com o art. 2ª da Resolução CNSP nº 107/2004, é expressamente vedada a atuação, como estipulante ou subestipulante, de corretoras de seguros, bem como seus respectivos sócios, dirigentes, administradores, empregados, prepostos ou repre- sentantes, corretores autônomos, sociedades seguradoras, A vedação não se aplica quando a estipulação, por tais pessoas, for feita na condição de empregadores em favor de seus empregados. OBRIGAÇÕES DAS PARTES A obrigação assumida por aquele que contrata o seguro é a de pagar o prêmio, e a obrigação assumida pela seguradora é a de conceder a garan- tia. Estudaremos essas obrigações, detalhadamente, a seguir. — Pagamento do Prêmio A obrigação de pagar o prêmio é assumida por aquele que contrata o seguro, ou seja, o proponente. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:11 UNIDADE 2 28DIREITO DO SEGURO Normalmente, essa obrigação incumbe ao segurado, já que, via de regra, o seguro é contratado pela própria pessoa sobre a qual recai o risco de que ela pretende se proteger por meio do seguro. No entanto, há casos em que uma pessoa pode deter interesse legítimo em contratar seguro para proteção contra um risco que recai sobre outra pessoa ou sobre o patrimônio. Nesse caso, a obrigação de pagar o prêmio é da pessoa que propôs a contratação do seguro e que pode, eventual- mente, acumular a condição de beneficiária. Já nos seguros estipulados por uma pessoa física ou jurídica, a obrigação de repassar o prêmio à seguradora é do estipulante, que representa o grupo segu- rado na forma do § 1º do art. 801 do Código Civil. O Código Civil trata da obrigação de pagamento do prêmio no art. 763: “Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.” Assim, em princípio, na hipótese de o sinistro ocorrer em uma data na qual o pagamento do prêmio não esteja em dia, segurado ou beneficiário não terão direito à indenização ou capital. Contudo, a interpretação e a aplicação desse artigo,conforme jurispru- dência dominante no Judiciário brasileiro, serão objeto, neste manual, de seção específica: “Mora do Segurado”. É importante esclarecer que o fato de o risco não se verificar no curso da vigência da garantia não afasta a obrigação de pagamento do prêmio, exceto quando o contrário tenha sido ajustado entre as partes ou esteja previsto em lei especial. É o que estabelece o art. 764 do Código Civil: “Art. 764. Salvo disposição especial, o fato de se não ter verifi- cado o risco, em previsão do qual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio.” Tal dispositivo legal protege o segurador em função da própria natureza do negócio, tendo por resultado final a proteção do grupo segurado. Pelo princípio do mutualismo, mesmo que o risco não se verifique em razão do segurado, o prêmio servirá para indenizar outros segurados integrantes do grupo. O art. 758 do Código Civil prevê que o comprovante de pagamento do prêmio, na falta da apólice ou do bilhete, serve para provar a existência do contrato de seguro: “Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento compro- batório do pagamento do respectivo prêmio.” Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:11 UNIDADE 2 29DIREITO DO SEGURO Com este artigo, a lei aumenta a possibilidade do consumidor de provar a existência do contrato de seguro utilizando, além da apólice ou do bilhete, qualquer documento que comprove o pagamento do prêmio. Na realidade, a lei cria apenas uma presunção relativa de existência do contrato de seguro, que pode ser afastada por prova em contrário. Nesse sentido, a interpretação do artigo mencionado deve ser feita em conjunto com a Circular SUSEP nº 251/2004. O art. 8º dessa circular prevê que os contratos de seguro terão início de vigência a partir da recepção da proposta pela seguradora somente quando as propostas tenham sido recepcionadas com adiantamento de valor pelo proponente, com a exceção de algumas hipóteses citadas na mesma circular. Nada impede, no entanto, que a seguradora prove que recusou a proposta, dentro dos prazos estabelecidos no art. 2º da Circular SUSEP nº 251/2004, comprovando que restituiu ao proponente, na forma do § 3º do art. 8º, o valor do prêmio que havia sido pago e de que o sinistro ocorreu depois disso. Em se tratando de Seguros de Danos, a seguradora deverá comprovar também, que o sinistro ocorreu depois do prazo mencionado no §2º do art. 8º da Circular SUSEP nº 251/2004. Com isso, fica afastada a presunção de existência do contrato de seguro que decorre do comprovante do paga- mento do prêmio. — Concessão da Garantia A obrigação que a seguradora assume no contrato de seguro consiste em conceder uma garantia em prazo e condições que serão estabelecidos pelas partes. Todavia, o Código Civil traz algumas disposições específicas sobre o tema. Garantia nos Seguros de Danos Nos Seguros de Danos, a prestação que vai representar a concessão da garantia pela seguradora pode se caracterizar pelo pagamento de uma indenização ou pela reposição da coisa, se prevista no contrato: “Art. 776. O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o prejuízo resultante do risco assumido, salvo se convencionada a reposição da coisa.” A prestação devida pela seguradora, na ocorrência de sinistro coberto, consiste, a rigor, no pagamento de determinado valor. Excepcionalmente, o Código Civil autoriza a reposição da coisa segurada, possível apenas nos Seguros de Danos, desde que prevista em cláusula contratual, devendo contar com a concordância do segurado no momento da regulação. Fique por dentro A presunção de existência do contrato de seguro que decorre da exibição do comprovante do pagamento do prêmio pode ser afastada, ainda, no caso de a seguradora provar que o prêmio foi pago por meio de cheque não compensado. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:11 UNIDADE 2 30DIREITO DO SEGURO Quando previsto em cláusula em contratos de seguro por adesão, a repo- sição da coisa deve também contar com a concordância do segurado no momento da regulação. Além disso, o valor da garantia concedida pela seguradora também não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da celebra- ção do contrato (“conclusão do contrato”), sob pena da perda do direito ao valor do seguro pelo segurado. É o que prevê o art. 778 do Código Civil, que veda o chamado Sobresseguro: “Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da conclu- são do contrato, sob pena do disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber.” Tal fato vem corroborar a máxima de que o objetivo do seguro não é o de enriquecer o segurado, mas, sim, assegurar a reposição do interesse segu- rável ou uma compensação por sua avaria ou perda. Essas vedações decorrem do chamado , típico dos princípio indenitário Seguros de Danos, que consiste na noção de que o segurado deve rece- ber da seguradora indenização que permita a recomposição do estado anterior ( ) do seu patrimônio. Portanto, o segurado não status quo ante deve receber indenização superior ao seu efetivo prejuízo. Existe uma exigência de caráter técnico que justifica tal medida. Trata-se do princípio do , viabilizado através da aplicação da lei dos mutualismo grandes números, determinando que cada componente do grupo efetue um pequeno pagamento. Tal contribuição é somada a centenas ou milha- res de outras, objetivando a satisfação de prejuízos comuns a qualquer grupo. Portanto, não é possível o pagamento que exceda o valor dos pre- juízos ocorridos. A contratação do seguro por um percentual estimado do valor do interesse segurável é admitida excepcionalmente, permitindo um ajuste do valor da garantia para mais ou para menos. Nos Seguros de Automóveis, o valor da garantia pode ser fixado com base num percentual sobre o valor do bem calculado por uma determinada instituição. Um bom exemplo disso são os Seguros de Automóveis cuja garantia pode ser fixada entre 90% e 110% da tabela divulgada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). De acordo com o art. 779 do Código Civil, a garantia deve, necessaria- mente, abranger os prejuízos que o segurado sofrer para evitar o sinistro, minorar o dano ou salvar a coisa: “Art. 779. O risco do seguro compreenderá todos os prejuízos resultantes ou consequentes, como sejam os estragos ocasiona- dos para evitar o sinistro, minorar o dano, ou salvar a coisa.” Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:55 UNIDADE 2 31DIREITO DO SEGURO Este artigo traça norma de natureza técnica, determinando a abrangência da cobertura. Assim, a cobertura alcançará também os prejuízos oriundos das despesas no sentido de se evitar o sinistro, quando possível, ou redu- zir a extensão do dano, já que o objetivo foi salvar a coisa, sendo que os lucros cessantes e danos emergentes não estão abrangidos no dispositivo. Finalmente, nos Seguros de Responsabilidade Civil, a garantia deve abran- ger as perdas e danos que o segurado causou a terceiro na forma do art. 787 do Código Civil, conforme será estudado oportunamente. Garantia nos Seguros de Pessoas Nos Seguros de Pessoas, a prestação que representará o cumprimento da obrigação da seguradora corresponderá a um capital, fixado no contrato, cujo caráter não é indenizatório, mas meramente compensatório, jáque a vida e as faculdades humanas são inapreciáveis economicamente. Diferentemente do que ocorre nos Seguros de Danos, o proponente, nos Seguros de Pessoas, tem a liberdade de fixar o valor da garantia e de contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com a mesma ou com mais de uma seguradora (art. 789 do Código Civil). Dessa forma, nada impede que o corretor venha a intermediar Seguro de Vida para um segu- rado que já o possui em outras seguradoras. Todavia, o exercício desses direitos deve observar a boa-fé. Nos Seguros de Pessoas, o capital segurado que representa a garantia não pode ser consumido pelas dívidas do beneficiário nem integrar o inventá- rio do segurado falecido, por não constituir herança, conforme estabelece o art. 794 do Código Civil: “Art. 794. No Seguro de Vida ou de Acidentes Pessoais para o caso de morte, o capital estipulado não está sujeito às dívidas do segu- rado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito.” Este artigo expressa a finalidade do seguro, sua importância e os valores a ele relativos, determinando, ainda, que o capital segurado não responderá por dívidas, não sendo considerado herança. Nos termos da legislação, os beneficiários de um Seguro de Vida recebe- rão o valor integral da indenização, que não poderá ser utilizado para paga- mento de dívidas da pessoa falecida. Assim, fica caracterizada a finalidade social do contrato de seguro, pois será o único valor, decorrente da morte do segurado, que o beneficiário receberá livre de qualquer desconto. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:55 UNIDADE 2 32DIREITO DO SEGURO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE SEGURO No Direito Civil brasileiro, os contratos se classificam em: unilaterais ou bilaterais; onerosos ou gratuitos; comutativos ou aleatórios; nominados ou inominados; consensuais ou reais; solenes ou não solenes; e de adesão. A classificação dos contratos é importante para indicar suas características e como são compostos. Desse modo, os profissionais do seguro poderão avaliar os efeitos jurídicos dos contratos. Os contratos se classificam em função da formação das obrigações que os originam, das vantagens que podem trazer para as partes, da realidade da contraprestação, dos requisitos exigidos para a sua formação, do papel que tomam na relação jurídica, do modo de execução, do interesse que tem a pessoa com quem se contrata e da sua regulamentação, legal ou não. O contrato de seguro é classificado, por sua , em:natureza jurídica — Bilateral O contrato de seguro é bilateral porque gera obrigações para ambas as partes. A obrigação da seguradora é de garantia e a do proponente é de pagamento do prêmio. O não cumprimento (inadimplemento) da obrigação por uma das partes, ao menos como regra, impede que a mesma exija da outra o cumprimento da obrigação que lhe compete, ressalvada a jurispru- dência sobre a mora do segurado, que estudaremos a seguir. — Oneroso O contrato de seguro é oneroso porque ambas as partes almejam um benefício. O proponente busca uma garantia, que se traduz na proteção de um interesse legítimo contra determinados riscos. A seguradora almeja o recebimento do prêmio com o qual formará o fundo comum destinado a saldar a prestação correspondente à garantia. — Aleatório ou Comutativo O contrato de seguro é considerado aleatório para uns e comutativo para outros. Para os que defendem que o contrato de seguro é aleatório, tal defesa se baseia no argumento de não existir correspondência entre as prestações das partes, relacionadas às obrigações que assumiram. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:55 UNIDADE 2 33DIREITO DO SEGURO Quando da celebração do contrato, enquanto a seguradora tem a certeza de que receberá o prêmio do segurado, este último (ou o beneficiário por ele designado) não tem a certeza de que receberá a indenização ou capital segurado, pois tal prestação (que materializa a obrigação da seguradora) só se verificará na hipótese de ocorrer um sinistro coberto. Contudo, há quem defenda que o contrato de seguro seria contrato comu- tativo, visto que, conforme já apresentado na definição do art. 757 do Códi- go Civil, a seguradora se obriga a cobrir riscos predeterminados, ou seja, já saberia, de antemão, exatamente o tamanho da contraprestação a que estaria sujeita nessa relação contratual. — Solene O contrato de seguro é solene porque o consentimento das partes deve ser dado na forma prescrita pela lei. Em geral, esse consentimento é manifestado de forma escrita: o propo- nente apresenta proposta em formulário impresso, preenchido e assinado, e a seguradora manifesta sua aceitação mediante a emissão do bilhete, certificado ou apólice. O consentimento da seguradora no sentido de aceitar a proposta poderá, igual- mente, prescindir da forma escrita. Isso ocorrerá quando a seguradora deixar decorrer, sem manifestação formal, o prazo estabelecido nas normas regula- mentares, atualmente de 15 (quinze) dias, para aceitar ou recusar a proposta. O decurso desse prazo sem manifestação da seguradora acarretará a aceitação. — Consensual O contrato de seguro é consensual porque a manifestação de vontade de ambas as partes, no mesmo sentido, faz surgir o contrato. Contratos con- sensuais são os que se formam com a simples anuência das partes, não se exigindo nenhuma outra formalidade. Assim, a apresentação da proposta pelo próprio segurado (ou um terceiro), somada à aceitação dela pela seguradora, configura o vínculo contratual. — Nominado O contrato de seguro é nominado (ou típico) porque se trata de espécie de contrato regulamentada pela legislação (Código Civil, Código de Defesa do Consumidor, Resoluções do CNSP e Portarias da SUSEP). Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:55 UNIDADE 2 34DIREITO DO SEGURO — Adesão O contrato de seguro é contrato de adesão, pois a seguradora, na maioria dos casos, redige unilateralmente as cláusulas e as submete à aprovação do órgão regulador competente, restando ao proponente aderir ao seu conteúdo sem possibilidade de propor mudanças no clausulado. A exceção ocorre nos seguros de grandes riscos, nos quais as partes, em razão da complexidade do risco e do envolvimento econômico do interesse segurável, discutem e ajustam conjunta e previamente as cláu- sulas contratuais. INSTRUMENTOS CONTRATUAIS A partir de agora, vamos estudar os cinco instrumentos contratuais do con- trato de seguro: proposta, apólice, endosso ou aditivo, averbação e bilhete. — Proposta É o instrumento pelo qual o proponente manifesta, perante a seguradora, a sua vontade de contratar o seguro. Nesse documento, o proponente deve descrever o mais detalhadamente possível o interesse segurável e os ris- cos a que está sujeito, conforme estabelece o art. 759 do Código Civil: “Art. 759. A emissão da apólice deverá ser precedida de proposta escrita com a declaração dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco.” As informações constantes da proposta, sejam aquelas previamente impressas no formulário pela seguradora, sejam aquelas prestadas pelo proponente, integram o contrato de seguro. A proposta é um instrumento poderoso para a adequada seleção de risco pelo segurador, pois pode ser acompanhada de questionário de avaliação de risco. Nos Seguros de Automóveis, por exemplo, o questionário de avaliação de risco é conhecido como “perfil”. Nos Seguros de Pessoas, o questionário deavaliação de risco é chamado de “declaração de saúde e atividade”. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:55 UNIDADE 2 35DIREITO DO SEGURO A proposta não precisa, necessariamente, ser assinada pelo proponen- te. Pode ser assinada pelo corretor de seguros ou pelo representante legal do proponente, conforme o art. 13 da Lei nº 4.594/1964, o art. 9º do Decreto-Lei nº 73/1966 e o art. 1º da Circular SUSEP nº 251/2004. Veja os artigos descritos a seguir: Lei nº 4.594/1964: “Art. 13. Só ao corretor de seguros devidamente habilitado nos ter- mos desta lei e que houver assinado a proposta deverão ser pagas as corretagens admitidas para cada modalidade de seguro, pelas respectivas tarifas, inclusive em caso de ajustamento de prêmios.” Decreto-Lei nº 73/1966: “Art. 9º. Os seguros serão contratados mediante propostas assi- nadas pelo segurado, seu representante legal ou por corretor habilitado, com emissão das respectivas apólices, ressalvado o disposto no artigo seguinte.” Circular SUSEP nº 251/2004: Art. 1°. A celebração ou alteração do contrato de seguro somente poderá ser feita mediante proposta assinada pelo proponente, seu representante legal ou por corretor de seguros habilitado, exceto quando a contratação se der por meio de bilhete. Já o questionário de avaliação de riscos deve, necessariamente, ser preen- chido e assinado pelo segurado, única pessoa capaz de prestar de for- ma verdadeira e completa as informações solicitadas pela seguradora por meio desse documento. As declarações inexatas, se resultarem de má-fé do proponente, do cor- retor ou de seu representante legal, podem implicar a perda do direito ao valor do seguro, conforme o art. 766 do Código Civil, dispositivo que estudaremos mais adiante. A seguradora dispõe de um prazo específico para se manifestar sobre a proposta. O art. 2º da Circular SUSEP nº 251/2004 aborda tal prazo, que é de 15 dias contados a partir da data do recebimento da proposta, seja para seguros novos ou renovações, bem como para alterações que impliquem modificação do risco. O § 5º daquele artigo reduz o prazo para sete dias quando se tratar de contrato de Seguro do Ramo Transportes, cuja cober- tura se restrinja a uma viagem apenas. O prazo para a seguradora se manifestar sobre a proposta admite suspen- são na forma dos parágrafos 1º a 3º do mencionado artigo. De acordo com o § 4º, ficará a critério da seguradora a decisão de informar, ou não, por escrito, ao proponente, ao seu representante legal ou ao corre- tor de seguros sobre a aceitação da proposta. Contudo, em se tratado de recusa, deve haver comunicação formal e justificada. A Lei nº 4.594/1964 regula a profissão de corretor de seguros. Todo profissional que atue em corretagem de seguros deve conhecer essa lei. www.planalto.gov.br Vale a pena ler na íntegra Circular SUSEP nº 251/2004 – dispõe sobre a aceitação da proposta e sobre o início de vigência da cobertura nos contratos de seguros e dá outras providências. www.susep.gov.br Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:55 UNIDADE 2 36DIREITO DO SEGURO Decorrido o prazo para manifestação sem que a seguradora se manifeste, tal silêncio implicará a aceitação tácita, conforme se infere do § 6º do refe- rido artigo, bem como do art. 432 do Código Civil. Com base nessas premissas, o art. 4º da mesma circular define a data em que a proposta é considerada aceita: Art. 4º. A data de aceitação da proposta será: I – aquela em que a sociedade seguradora se manifestar expres- samente, observados os prazos previstos no art. 2º desta Circular; II – a de término dos prazos previstos no art. 2º desta Circular, em caso de ausência de manifestação formal, por parte da sociedade seguradora. Os Seguros de Danos e os Seguros de Pessoas com cobertura de risco submetem-se a essa sistemática, uma vez que as Circulares SUSEP nº 256/2004 e 302/2005 não tratam do tema. É importante mencionar que os seguros contratados por meio de bilhete dispensam a proposta escrita, como, por exemplo, o Seguro DPVAT. O contrato é um negócio jurídico e requer, para sua validade, a observância dos requisitos do art. 104 do Código Civil: agente capaz; objeto lícito, possí- vel, determinado ou determinável; e forma prescrita ou não defesa em lei. Além disso, sendo o contrato um negócio jurídico bilateral, a vontade das partes é, também, um requisito para sua validade. Para que a manifestação de vontade das partes seja válida, é indispensável que elas tenham capa- cidade de fato. Uma vez que o exercício dos direitos (capacidade de fato) pressupõe que a pessoa tenha consciência e vontade para tanto, a lei exige que o exercício dos direitos por determinadas pessoas se verifique com a observância de certas formalidades. Dispõe o art. 5º do Código Civil Brasileiro: “Art. 5º. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.” Desta forma, as pessoas que firmarem a proposta, bem como os corretores de seguro, para exercerem suas atividades, deverão ser pessoas maiores e capazes. Deve-se reforçar que o parágrafo único do art. 5º do Código Civil estabe- lece hipóteses excepcionais em que o menor de 18 anos pode se tornar plenamente capaz ao exercício dos atos da vida civil, quais sejam: Impor tante A capacidade de fato é a aptidão da pessoa para exercer seus direitos na vida civil por si mesma, sem necessidade de assistência ou de representação por um terceiro. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:55 UNIDADE 2 37DIREITO DO SEGURO I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologa- ção judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II – pelo casamento; III – pelo exercício de emprego público efetivo; IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Quando se trata de pessoas jurídicas, às pessoas jurídicas, a proposta de seguro deve ser assinada por quem tenha poderes para administrá-la (art. 47 do Código Civil). Considerando que a contratação por pessoa jurídica de Direito Público dis- pensa a intermediação de corretor, interessa, para efeito deste estudo, a pessoa jurídica de Direito Privado. Dispõe o art. 44 do Código Civil Brasileiro, que são pes- soas jurídicas de direito privado: ■ as associações; ■ as sociedades; ■ as fundações; ■ as organizações religiosas; ■ os partidos políticos; ■ as empresas individuais de responsabilidade limitada. Os atos constitutivos da pessoa jurídica de Direito Privado (contrato ou estatuto social) indicam quem são os seus administradores, estabelecendo os limites dos poderes que lhes são outorgados. — Apólice A apólice, a exemplo do bilhete, é emitida pela seguradora para formalizar a aceitação da proposta e, consequentemente, a contratação do seguro. Por isso é que o art. 758 do Código Civil prevê que a apólice é um dos meios de provar a existência do contrato de seguro: Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:55 UNIDADE 2 38DIREITO DOSEGURO “ -Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apóli ce ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento com- probatório do pagamento do respectivo prêmio.” A existência da apólice de seguro, portanto, presume a existência do contra- to de seguro e, por conseguinte, de garantia na vigência nela especificada. Contudo, essa presunção é relativa e pode ser afastada, por exemplo, no caso de a seguradora provar que o contrato de seguro foi cancelado antes do prazo previsto para término de sua vigência por determinado motivo. O art. 760 do Código Civil estabelece que a apólice deve ser nominativa, à ordem ou ao portador: Art. 760. A apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem ou ao portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário. Parágrafo único. No Seguro de Pessoas, a apólice ou o bilhete não podem ser ao portador.” A apólice nominativa é aquela que contém o nome do segurado e, quan- do for o caso, do beneficiário por ele indicado. A apólice à ordem contém o nome do segurado, e a cláusula à ordem permite que ela seja transferida pelo segurado a terceiro, mas somente pelo chamado endosso em preto, que é aquele datado e feito com assinatura do endossante e do endossatário (conforme o § 2º do art. 785 do Código Civil). A apólice ao portador é aquela que confere os direitos por ela garantidos a quem a portar, ou seja, a possuir. A emissão de uma apólice à ordem ou ao portador deve ser objeto de acordo entre o proponente e a seguradora. Nesse caso, a sua transmissão implica a transferência do crédito decorrente da garantia. É importante observar que o artigo mencionado veda a emissão de apóli- ces ou bilhetes ao portador nos Seguros de Pessoas. O mesmo dispositivo prevê que a apólice deve conter informações essenciais: riscos assumidos; o início e o fim de sua validade; o limite da garantia e o prê- mio devido; e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário. O art. 761 do Código Civil deixa claro que, quando houver cosseguro, a apólice deverá conter as informações sobre ele e informar o nome da seguradora que administrará o contrato: Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:55 UNIDADE 2 39DIREITO DO SEGURO Art. 761. Quando o risco for assumido em cosseguro, a apólice indicará o segurador que administrará o contrato e representará os demais, para todos os seus efeitos. O cosseguro é uma forma utilizada pelo segurador para a pulverização do risco que lhe foi transmitido pelo segurado. Sob a ótica do segurado, ele estará contratando com várias seguradoras ao mesmo tempo, ficando con- figurada a divisão de responsabilidades entre várias companhias. A apólice também deve estar acompanhada das suas condições, ou seja, das cláusulas que regem o contrato de seguro. As condições de apólice se dividem em , que se refecondições gerais - rem aos ramos de seguro; que se referem às modacondições especiais, - lidades do ramo; e , que dispõem sobre ajustes condições particulares específicos feitos entre segurado e seguradora. As condições particulares estão presentes, via de regra, nos seguros de médios e grandes riscos. Assim, as cláusulas das condições particulares prevalecem sobre as das condições especiais. As cláusulas das condições especiais, por sua vez, prevalecem sobre as cláusulas das condições gerais. As condições de apólice não devem contrariar as normas legais nem as regulamentares e precisam ser previamente aprovadas pelo órgão regula- dor competente. — Endosso ou Aditivo São instrumentos contratuais utilizados em função da necessidade de se modificarem dispositivos contratuais, de se acrescentarem dispositivos novos ou de se incluírem bens na cobertura. O endosso ou aditivo é utilizado para formalizar modificações, correções ou acréscimos na apólice. Exemplos: substituição de um veículo segurado, aumento da importância segurada, alteração de um dado pessoal do segurado. — Averbação A averbação é o instrumento típico das apólices denominadas abertas ou de averbação e é usada para individualizar detalhes variáveis sobre o risco. Nos seguros de transportes, por exemplo, por meio da apólice aberta, o segurado faz as averbações dos embarques realizados, agilizando, deste modo, a contratação do seguro. Pode ser provisória ou definitiva. Isto é básico Verifica-se o Cosseguro quando duas ou mais sociedades seguradoras, em determinada apólice e com a anuência do segurado, distribuem percentualmente o risco entre si. Cada seguradora responderá por sua cota-parte no pagamento da indenização securitária na proporção do risco que assumiu. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:08:55 UNIDADE 2 40DIREITO DO SEGURO — Bilhete O bilhete, a exemplo da apólice, é emitido pela seguradora para formalizar a contratação do seguro. A principal diferença é que os seguros contra- tados por bilhete dispensam a apresentação de proposta, bem como a emissão de apólice. O já citado art. 758 do Código Civil prevê que o bilhete é um dos meios de provar a existência do contrato de seguro. O art. 10 do Decreto-Lei nº 73/1966 autoriza a contratação de seguros por simples emissão de bilhete mediante solicitação do interessado. Contudo, cabe ao Conselho Nacional de Seguros Privados, órgão encarregado de estabelecer a Política Nacional de Seguros Privados, regulamentar as hipó- teses em que se admite a contratação de seguro por bilhete, padronizando as suas cláusulas e os impressos necessários: “Art. 10. É autorizada a contratação de seguros por simples emissão de bilhete de seguro, mediante solicitação verbal do interessado. § 1º O CNSP regulamentará os casos previstos neste artigo, padroni- zando as cláusulas e os impressos necessários.” Exemplos de seguros contratados por bilhete são: Danos Pessoais causa- dos por Veículos Automotores Terrestres (DPVAT), Acidente Pessoal Indivi- dual e Incêndio Residencial. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/01/2022 18:09:13 FIXANDO CONCEITOS 41DIREITO DO SEGURO FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa correta 1. A pessoa física ou jurídica que contrata um seguro por conta de terceiros é o(a): (a) Beneficiário. (b) Estipulante. (c) Ressegurador. (d) Seguradora. (e) Segurado. 2. Analise se as proposições são verdadeiras ou falsas e depois marque a alternativa correta: ( ) Nos Seguros de Danos, a garantia pode, excepcionalmente, consistir na reposição da coisa segurada. ( ) Nos Seguros de Danos, vigora a regra de que o valor da garan- tia concedida pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da contratação. ( ) Nos Seguros de Pessoas, a garantia tem natureza indenizatória. ( ) Nos Seguros de Pessoas, o capital segurado constitui herança. (a) V, F, V, F. (b) V, F, F, F. (c) F, V, F, V. (d) F, V, V, F. (e) F, V, V, V. Marque a alternativa correta 3. O instrumento no qual devem ser descritos para a seguradora o interes- se segurável e o risco é o(a): (a) Proposta. (b) Apólice. (c) Endosso. (d) Averbação. (e) Bilhete. 4. A pessoa sobre a qual recai o risco segurável é o(a): (a) Seguradora. (b) Estipulante. (c) Segurado. (d) Beneficiário. (e) Ressegurador. Impresso por Guih Ortega, CPF 375.598.628-02 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros.
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