Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Referência: aula da prof. Sabina Bastos Também pode ser chamado de bem estar fetal. Faz parte dos cuidados pré-natais de qualquer gestação. Na anamnese, com o simples interrogatório de movimentação fetal (MF), já avalia a vitalidade fetal. A percepção materna da movimentação do feto é um sinal tranquilizador, mas só é possível a partir de 16 a 20 semanas. Desde a vida embrionária, o embrião começa a mexer, sendo que a mãe não consegue perceber. As primigestas só percebem mais tarde, depois das 20 semanas. Indicações para avaliação da vitalidade fetal • Risco habitual: placentação adequada e um bom aporte de oxigênio para o feto, permitindo crescimento e vitalidade adequados. • Ausculta dos batimentos cardíacos fetais, medição da altura uterina e registro da movimentação fetal. • Nos casos com redução da movimentação fetal ou após 40 semanas, indica-se propedêutica ampliada, tendo grande relevância o perfil biofísico fetal, principalmente a cardiotocografia. • Gestação de alto risco: pode haver maior risco de placentação inadequada, ocasionando menor área de trocas materno-fetais, ou outras condições danosas ao compartimento intrauterino que restrinjam a oferta de oxigênio ao feto, necessitando avaliação da vitalidade fetal por métodos variados. Condições maternas que necessitam de propedêutica ampliada de vitalidade fetal Condições relacionadas à gravidez Principais testes de vitalidade fetal • Ausculta cardíaca • Mobilograma: contagem dos movimentos fetais • Cardiotocografia • Perfil biofísico fetal • Dopplervelocimetria ou perfil hemodinâmico fetal Mobilograma Consiste no registro diário da movimentação fetal. Orienta a paciente a, após as maiores refeições, esperar um tempo e deitar, observando as movimentações durante uma hora. O normal é que tenham seis movimentações em uma hora. A vantagem é que isso não tem custo nenhum e a paciente pode fazer sozinha. Para a gestação de risco habitual, causa ansiedade sem melhorar o resultado perinatal. Esse método tem um valor muito importante para as pacientes diabéticas. Cada feto tem seu próprio ritmo, caso a gestante perceba mudança desse padrão, deve buscar serviço de saúde. Cardiotocografia (CTG) • Classificação o Cardiotocografia anteparto o Cardiotocografia basal o Cardiotocografia estimulada • Outra classificação para CTG: antenatal ou basal, intraparto. Esse exame consiste no registro da frequência cardíaca fetal, dos movimentos corpóreos fetais e das contrações uterinas. Está indicado a partir de 28-32 semanas, porque antes disso o feto tem uma imaturidade do sistema nervoso autônomo, gerando muito falso positivo. É um exame que apresenta muitos falso positivos. 2 Pede para a mãe apertar esse pequeno eletrodo sempre que sentir o bebê mexer. Tem outro eletrodo que vai para o fundo do útero e outro que vai para o dorso fetal, que é por onde iremos registrar o BCF. Vai sair um papel registrando os BCFs, as movimentações fetais e as contrações uterinas. Esse exame apresenta alta sensibilidade e baixa especificidade. Ou seja, há elevadas taxas de falso positivo para detectar sofrimento fetal. Quando o bebê é mais prematuro, a chance de dar falso positivo é ainda maior. Pode alterar se o bebê estiver dormindo ou se a mãe não se alimentou adequadamente, por exemplo. A alteração desse exame expressa hipoxemia fetal. Parâmetros analisados • Alterações basais: linhas de base (FCF de base) e variabilidade. • Alterações transitórias: acelerações e desacelerações. 1. FCF basal: linha de base • FCF média em 10 minutos: 110/120 a 160 bpm • Bradicardia (FCF < 110 bpm): hipóxia, bloqueios cardíacos, drogas. o É mais grave quando abaixo de 100 bpm • Taquicardia (FCF > 160 bpm): hipoxemia em fase inicial, arritmias, hipertermia, infecções ansiedade. o É mais grave quando acima de 180 bpm 2. Variabilidade • Pequenas irregularidades – macro e micro oscilações da cardiotocografia: 10 a 25 bpm • Em 1 minuto, pega o maior e o menor valor. • Obs.: é definida entre 5 a 25 bpm pela FIGO e, pela classificação de Zugaih e Behle, entre 10 e 25 bpm. 2.1 Classificação • Tipo 0 (silenciosa): < 5 bpm; padrão terminal. • Tipo 1 (comprimida): diminuída; 5-10 bpm; hipóxia inicial ou sono. • Tipo 2 (ondulatória ou oscilatória): normal; 10-25 bpm. • Tipo 3 (saltatória): aumentada; > 25 bpm; compressão de cordão umbilical ou movimento fetal excessivo. • Padrão sinusoidal: grave – interrupção urgente. 3. Acelerações transitórias • Aumentos transitórios na FCF: mínimo 15 bpm, com duração > 15 minutos. 3 • Feto reativo: pelo menos duas acelerações transitórias. • Feto não reativo: sem aceleração em 40 minutos, podendo ser por imaturidade fetal, drogas, hipoxemia. Nesse caso, pode ser necessário fazer estímulo ou outros exames. 4. DIPS ou desacelerações • Quedas transitórias na FCF: são reduções na FCF abaixo da linha de base, de mais de 15 bpm de amplitude e com duração superior e 15 segundos. • Não periódicos: sem importância clínica. • Periódicos: consequentes à contração uterina. A imagem acima mostra, respectivamente, uma queda, que representa a desaceleração, e um aumento, que representa a contração uterina. A primeira desaceleração está coincidindo com a contração, já a segunda foi depois da contração. 4.1 Tipos de desacelerações • Desaceleração precoce: DIP I • Desaceleração tardia: DIP II • Desaceleração umbilical: DIP III 4.1.1 DIP 1, precoce ou cefálico • Contração uterina: estímulo vagal pela compressão do polo cefálico. • Coincide com a contração uterina. É um estímulo vagal comum de acontecer, então não representa sofrimento fetal. 4.1.2 DIP 2 ou tardio Ocorre após o início da contração uterina, significando sofrimento fetal. • Queda de pO2 no espaço interviloso. • Início e retorno lentos à FCF basal • Hipóxia fetal: lembrar que hipóxia é no tecido e hipoxemia é no sangue. 4.1.3 DIP 3 ou variável ou umbilical É uma ação vagal em resposta à compressão funicular (do cordão umbilical). • Favorável: observa-se aceleração antes e depois do DIP. • Desfavorável: DIP grave (FCF < 60 bpm) – hipóxia. 4 Os fatores predisponentes são: circular de cordão, prolapso de cordão, inserção velamentosa de cordão, rotura de membranas e oligoâmnio. Classificação dos resultados - Índice Cardiotocométrico Classificação usada na prática Cardiotocografia estimulada É feita no caso de o bebê estar dormindo. Assim, pode dar um lanche para a mãe ou coloca-la em decúbito lateral esquerdo. • Estímulo mecânico: movimentos laterais. o Reativo: pelo menos uma aceleração transitória. • Estímulo sonoro: faz com estimulador fetal Kobomed. o Polo cefálico: 5 segundos. Perfil biofísico fetal Da mesma forma da cardiotocografia, é reservado para as gestações de alto risco. Muitas vezes, faz como complemento em uma CTG alterada. O sistema nervoso central reflete as atividades biofísicas fetais. Avalia parâmetros fisiológicos em 30 minutos: • Frequência cardíaca fetal: CTG • Movimentos corporais fetais: USG • Movimentos respiratórios fetais: USG • Tônus fetal: USG • Volume de líquido amniótico: USG Os quatro primeiros são itens que avaliam questões agudas do feto. Já o líquido amniótico está muito relacionado com sofrimento fetal crônico. Metodologia • Idade gestacional: 28 semanas. • CTG: até 30 minutos • USG: até 30 minutos. • Pontuação: 2 (normal) ou 0 (anormal) A hipoxemia leva à perda progressiva das atividades reflexas fetais de forma inversa à ordem de desenvolvimento do concepto. Na embriogênese, o primeiro que aparece é o tônus, depois o movimento fetal, os movimentos respiratórios e a reatividade da FCF, que é o mais sensível à hipóxia. As alteraçõesacontecem de forma inversa ao que aparece primeiro. Dê um jeito de decorar isso. O que é normal? • Movimento respiratório: ≥ 1 episódio ≥ 30 segundos de duração. • Movimento fetal: ≥ 3 movimentos fetais discretos ou 1 de MMII. • Tônus: ≥ 1 movimento de flexão/extensão ou abrir/fechar mãos. • Líquido: maior bolsão ≥ 2 ou ILA. 5 A imagem anterior mostra o ILA, que é a medição do maior bolsão de cada quadrante. O movimento respiratório fetal é bom de ver na CA (circunferência abdominal), em que se olha a barriguinha fetal abrindo e fechando. Classificação Pontuação: até 10. • Falso positivo: prematuridade extrema, drogas sedativas, hipoglicemia, sono fetal, infecção amniótico.
Compartilhar