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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 DOENÇAS NEUROLÓGICAS .................................................................... 5 3 DOENÇAS CEREBROVASCULARES ....................................................... 6 3.1 Acidente vascular cerebral - AVC ......................................................... 7 3.2 Hemorragia Intraparenquimatosa Cerebral (HIP) ................................. 8 3.3 Hemorragia Subaracnóidea (HSA) ....................................................... 9 4 DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS DO SNC ..................................... 10 4.1 Atrofia Muscular Espinhal ................................................................... 10 4.2 Doença de Parkinson ......................................................................... 13 4.3 Doença de Alzheimer ......................................................................... 15 4.4 Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ................................................... 22 4.5 Doença de Huntington (DH) ............................................................... 30 4.6 ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM) .......................................................... 33 5 TRAUMATISMOS ..................................................................................... 36 5.1 Traumatismo Raquimedular ............................................................... 36 5.2 Traumatismo Cranioencefálico ........................................................... 37 6 DISTROFIAS NEUROMUSCULARES ...................................................... 38 6.1 Distrofia muscular de Becker (DMB) .................................................. 38 6.2 Distrofia muscular de Duchenne ........................................................ 39 6.3 Distrofia muscular de Emery- Dreifuss (DMED) ................................. 41 7 NEUROPATIAS PERIFÉRICAS ............................................................... 42 3 8 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO ............................................................... 43 9 TRANSTORNO DO SONO ....................................................................... 56 10 CEFALEIAS ........................................................................................... 59 11 ADRENOLEUCODISTROFIA ................................................................ 63 12 DEMÊNCIAS ......................................................................................... 65 12.1 Demência da Doença de Pick ......................................................... 65 12.2 Demência na doença de Creutzfeldt-Jakob .................................... 71 13 BIBLIOGRAFIAS ................................................................................... 74 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 DOENÇAS NEUROLÓGICAS Fonte: universoautista.com O número de desordens neurológicas atinge 1 bilhão de pessoas em todo o mundo e a tendência é que esse número duplique nos próximos 20 anos à medida que a população mundial envelhece (COSTA, 2010). Patologias neurológicas são as doenças do sistema nervoso central e periférico, que incluem desordens do cérebro, da medula espinhal, dos nervos periféricos e da junção neuromuscular. O tratamento dessas doenças envolve a identificação dos problemas e um planejamento de tratamento global por uma equipe multidisciplinar composta por neurologistas, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e nutricionistas (ELIAS, 2004 apud COSTA, 2010). Ainda de acordo com o autor, entende - se por doenças neurológicas as patologias que afetam o cérebro, a medula espinhal e os nervos. Os sintomas neurológicos podem incluir quadro álgico em membros superiores ou inferiores (ou em ambos), cefaleia, lombalgia, entre outros. Os músculos a sensibilidade da pele, os sentidos (visão, paladar, olfato e audição) dependem dos nervos para funcionarem normalmente. Assim, os sintomas neurológicos podem incluir também fraqueza muscular, déficit motor, deambulação incapacitada, perturbações da visão, paladar, olfato e audição. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/cefaleias/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-cefaleia 6 Os transtornos neurológicos podem interferir no sono, tornando o paciente ansioso ou agitado na hora de dormir. Alguns nervos periféricos (nervos sensoriais) transportam informações sensoriais (sobre coisas como dor, temperatura, vibração, odores e sons) até a medula espinhal e, então, ao cérebro. Outros (nervos motores) enviam impulsos que controlam o movimento muscular do cérebro através da medula espinhal para os músculos. Outros ainda (chamados nervos autônomos) enviam informações sobre o corpo e o ambiente externo para os órgãos internos, tais como vasos sanguíneos, estômago, intestino, fígado, rins e bexiga. Em resposta a esta informação, os nervos autônomos estimulam ou inibem os órgãos que abastecem. Esses nervos funcionam automaticamente (de forma autônoma), sem esforço consciente do paciente (COSTA, 2010). Segundo Costa (2010) se os nervos motores forem lesionados, os músculos podem ficar fracos ou paralisados. Se os nervos sensitivos forem danificados, sensações anormais podem ser sentidas, (ou sensações), a visão ou outro sentido pode ser comprometido ou perdido. Se os nervos autônomos forem danificados, o órgão que os mesmos regulam podem apresentar mau funcionamento. 3 DOENÇAS CEREBROVASCULARES Fonte: daiichisankyo.com.br https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/dist%C3%BArbios-do-sistema-nervoso-aut%C3%B4nomo/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-o-sistema-nervoso-aut%C3%B4nomo 7 A doença cerebrovascular pode ser classificada em três grandes grupos: Isquêmico (AVCI), Hemorragia Cerebral Intraparenquimatosa (HIP) e Hemorragia Subaracnóidea (HSA) ou meníngea. 3.1 Acidente vascular cerebral - AVC O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das maiores causas de morte e incapacidade funcional no mundo. Caracteriza-se por um déficit neurológico, geralmente focal, de instalação súbita e rápida evolução, decorrente do dano localizado em alguma região cerebral, o qual pode ser de natureza isquêmica (AVCI) ou hemorrágica (AVCH) (NOGUEIRA, et al 2018). Ainda segundo o autor, no caso do AVCI o dano é causado pela redução da oferta tissular de oxigênio e do suprimento energético decorrentes do comprometimento do fluxo sanguíneo (isquemia) para aquela respectiva região. O AVCI pode ser classificado com base no mecanismo determinante do fenômenoisquêmico. Os mecanismos mais comuns de AVCI são a trombose de grandes vasos, a embolia de origem cardíaca e a oclusão de pequenas artérias. Caso o fenômeno isquêmico cerebral seja de menor duração e intensidade, não levando ao dano tissular irreversível, o déficit neurológico súbito será́ passageiro, geralmente com duração de poucos minutos, ao que chamamos ataque isquêmico transitório (AIT). No AVCH o dano decorre do rápido extravasamento de sangue no interior do tecido cerebral, ao que chamamos de hemorragia intraparenquimatosa (HIP), com compressão mecânica e comprometimento da anatomia normal do tecido cerebral adjacente, e aumento da pressão intracraniana. Outros prováveis mecanismos de dano secundário incluem citotoxicidade, estresse oxidativo, inflamação e edema. As melhores evidências clínicas disponíveis no momento demonstram que o atendimento adequado, rápido e bem estruturado aos pacientes com AVC reduz a mortalidade e a morbidade dos mesmos (NOGUEIRA, et al 2018). 8 3.2 Hemorragia Intraparenquimatosa Cerebral (HIP) A HIP ou Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH) é uma situação clínica na qual ocorre uma lesão vascular seguida de hemorragia cerebral, que normalmente possui elevada morbimortalidade. Um dos fatores que predispõe à HIP são as diáteses hemorrágicas (tendência para sangramento sem causa aparente (hemorragias espontâneas) ou hemorragia mais intensa ou prolongada após um traumatismo), como hemofilia. O HIP de localização profunda é o mais comum, seguido pelos hematomas lobares. O local de sangramento profundo mais frequente é divergente, o lobar ocorrendo no lobo parietal com maior incidência. Pode-se observar na literatura que a HIP é altamente incapacitante, portanto, a associação entre diagnóstico rápido e tratamento adequado é crucial na recuperação dos pacientes, diminuindo assim os índices de morbimortalidade de pessoas acometidas por ela. (MARTINS, 2013, apud BERNARDO, 2017). O sangramento dentro do parênquima cerebral é indolor. Portanto, a HIP usualmente se apresenta como surgimento rápido de um déficit neurológico focal (hemiparesia, hipoestesia unilateral, hemianopsia, afasia, entre outros) de início brusco e que progride nos minutos a horas seguintes. Os sintomas dependem da região cerebral acometida. Os fatores de risco não modificáveis mais conhecidos para HIP são: idade avançada, raça negra, orientais e gênero masculino. Os fatores de risco modificados são: Hipertensão arterial, Angiopatia amiloide, tabagismo, álcool, coagulopatias, uso de fármacos ou drogas sintéticas (simpaticomiméticos). Dentre as doenças cerebrovasculares, o AVC hemorrágico é causado pela ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com extravasamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia Intraparenquimatosa), para o sistema ventricular (hemorragia intraventricular) e/ou espaço subaracnóideo (hemorragia subaracnóidea). A hemorragia Intraparenquimatosa cerebral (HIC) é o subtipo de AVC de pior prognóstico, com até 65% de mortalidade em 1 ano (FLAHERTY, 2006 apud PONTES, 2009). 9 3.3 Hemorragia Subaracnóidea (HSA) O termo “hemorragia subaracnóidea” (HSA) se refere ao sangramento para o espaço entre a aracnoide e a pia-máter. Essa patologia é responsável por cerca de 5% dos acidentes vasculares cerebrais e costuma ocorrer em pacientes relativamente jovens (COELHO et al, 2016). Em geral, de acordo com Coelho et al, (2016) a HSA é subsequente à ruptura de um aneurisma ou de uma malformação vascular, porém, em 15 a 20% dos casos, a causa não é identificável, mesmo após dois ou mais estudos angiográficos. Tais casos são denominados “hemorragia subaracnóidea não aneurismática”. Em 1985, van Gijn et al. subdividiram essa entidade em dois grupos com diferentes tipos de desfecho. Essa divisão baseou-se na distribuição do sangue observada na primeira tomografia computadorizada (TC) cerebral, realizada nas primeiras 24 horas após a ocorrência clínica do ictus. A HSA perimesencefálica (HSA-PM) apresenta uma distribuição do sangue nas cisternas perimesencefálicas anteriores ao tronco cerebral, que pode se estender até a cisterna ambiens e partes basais das fissuras sylvianas; o padrão da HSA não perimesencefálica (HSA-NPM) tem uma distribuição mais difusa do sangue, que ultrapassa as regiões acima referidas. Em geral, os estudos que avaliam a HSA não aneurismática descrevem uma maior prevalência de HSA-PM, embora este não seja um achado universal, já que alguns trabalhos referem que a HSA-NPM é mais comum (COELHO et al, 2016). 10 4 DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS DO SNC Fonte: drauziovarella.uol.com.br Milhões de pessoas ao redor do mundo são acometidas pelas chamadas doenças neurodegenerativas, um grupo de patologias que cursam com disfunção e posterior morte de neurônios tanto no sistema nervoso central como no periférico. Inclui-se nesse grupo de patologias a Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson, Doença de Huntington, Esclerose Lateral Amiotrófica, dentre outras (GLITER, 2017). 4.1 Atrofia Muscular Espinhal As Atrofias Musculares Espinhais (AME) são um grupo diverso de desordens genéticas que afetam o neurônio motor espinhal. As diferentes formas de AME estão associadas a numerosas mutações genéticas e significativa variabilidade fenotípica. A AME 5q é a forma mais comum entre esse grupo de doenças neuromusculares hereditárias autossômicas recessivas caracterizadas pela degeneração dos neurônios motores na medula espinhal e tronco encefálico (MINISTERIO DA SAUDE, 2019). De acordo com MS (2019) a AME 5q é a causa mais frequente de morte infantil decorrente de uma condição monogênica, apresentando uma prevalência de 1-2 em 11 100.000 pessoas e incidências de 1 a cada 6.000 até 1 a cada 11.000 nascidos vivos em estudos realizados fora do Brasil. De acordo com o autor citado a AME 5q é causada por alterações no locus do gene de sobrevivência do neurônio motor, localizado na região 5q11.2-13.3 do cromossomo 5. O locus é constituído por dois genes parálogos (classe particular de homólogos resultantes da duplicação genômica): o gene de sobrevivência do neurônio motor 1 (SMN1), localizado na região telomérica do cromossomo, e o gene de sobrevivência do neurônio motor 2 (SMN2), localizado na região centromérica. Os genes SMN1 e SMN2 são responsáveis pela síntese da Proteína de Sobrevivência do Neurônio Motor (SMN), fundamental para a manutenção dos neurônios motores. A ocorrência de deleções, duplicações e conversões envolvendo esses genes constitui o principal mecanismo molecular associado a AME 5q (ARAÚJO et al., 2005; BAIONI et al., 2010; FAROOQ et al., 2013; PECHMANN et al, 2017 apud MINISTERIO DA SAUDE, 2019). Na AME 5q, ambas as cópias do éxon 7 do gene SMN1 estão ausentes em cerca de 95% dos pacientes afetados. Nos 5% restantes dos pacientes com AME 5q, pode haver heterozigose composta (deleção em um alelo e mutação de ponto no outro alelo) ou, mais raramente, mutação de ponto em homozigose em casos de consanguinidade (MINISTERIO DA SAUDE, 2019). O gene parálogo SMN2 revela uma constituição similar ao SMN1, contudo as sequências genômicas de SMN2 diferem principalmente em uma base nucleotídica - C (citosina) por T (timina) na posição 6 do éxon 7. Enquanto o SMN1 expressa altos níveis de SMN de comprimento total e funcional, o SMN2 produz baixos níveis de transcrição de SMN de comprimento total (aproximadamente 10% dos transcritos) e uma abundância de uma isoforma processada (SMNΔ7) que não inclui o éxon 7 e codifica de forma instável a SMN, que é rapidamente degradada (MINISTERIO DA SAUDE, 2019). Segundo o autor é importante ressaltar que a perda completa de SMN é uma condição letal e que a SMA é causada por baixos níveis de SMN - não sua ausência total. É por isso que não foramidentificados pacientes com AME, que são nulos tanto para a SMN1 quanto para a SMN2. 12 A alteração bialélica do gene SMN é a situação em que a doença se expressa, sendo que o número de cópias do gene SMN2, que pode variar de zero a oito, é o principal determinante da gravidade da doença (MINISTERIO DA SAUDE, 2019). Contudo, essa relação não pode ser considerada determinante, pois os níveis de proteína SMN nos tecidos periféricos, como sangue e fibroblastos, variam e nem sempre se correlacionam com o número de cópias de SMN2 e com os níveis de RNA mensageiro (CRAWFORD et al., 2012; WADMAN et al., 2016 apud MINISTERIO DA SAUDE, 2019). Ademais, pacientes com o mesmo número de cópias de SMN2 podem apresentar fenótipos muito diferentes, o que sugere o envolvimento de outros mecanismos relacionados à manifestação clínica e gravidade da AME 5q. (MINISTERIO DA SAUDE, 2019). No Sistema Nervoso Central (SNC), os neurônios motores inferiores, localizados no corno anterior da medula espinhal, são os principais alvos da doença. A falta da proteína SMN resulta em degeneração e perda progressiva da função desses neurônios, deixando os neurônios sensoriais intactos. Essa degeneração resulta em fraqueza, hiporreflexia e atrofia simétrica progressiva com predomínio dos músculos voluntários proximais de membros inferiores, superiores, e, durante a progressão da doença, pode afetar os músculos axiais, da respiração e bulbares que, por sua vez, pode gerar falha respiratória e morte (DUBOWITZ, 1999; CRAWFORD, 1996; WANG et al., 2007; BAIONI et al., 2010 apud MINISTERIO DA SAUDE). Segundo o autor citado, a doença apresenta um padrão clínico similar ao miopático, com maior envolvimento dos músculos proximais do que distais, dos membros inferiores do que os superiores, e estes últimos são mais afetados que os músculos da face e diafragma, ou seja, a fraqueza e atrofia muscular não apresentam uma distribuição homogênea. Os indivíduos portadores de AME 5q tipo 1B/C, com diagnóstico genético confirmatório, sem necessidade de ventilação mecânica invasiva permanente (24 horas/dia), são a população-alvo destas recomendações. As recomendações referentes ao uso de nusinersena são aplicáveis a pacientes com AME 5q tipo 1B/C; contudo, algumas recomendações não farmacológicas também podem se estender a pacientes com outros tipos de AME 5q (MINISTERIO DA SAÚDE, 2019). 13 4.2 Doença de Parkinson A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, superada apenas pela doença de Alzheimer. A sua descrição remonta a 1817, quando James Parkinson descreveu os sintomas cardinais desta doença, mais tarde designada com o seu nome (CABREIRA, 2020). Segundo o autor, a DP integra o grupo das sinucleinopatias, caracterizadas pela acumulação da proteína alfa-sinucleína. Na DP está agrega-se de forma anómala no tecido neuronal, originando os corpos de Lewy, característica patológica deste grupo de doenças. A acumulação de corpos de Lewy antecede os sinais neuro- imagiológicos de morte neuronal, correspondendo a um processo de neurodegenerescência que evolui lentamente e se propaga a diferentes áreas do sistema nervoso, nomeadamente à substantia nigra pars compacta, com consequente perda de neurónios dopaminérgicos e respetivos sintomas motores da doença, que se correlacionam com a extensão da neurodegenerescência. De acordo com Cabreira (2020) a epidemiologia da doença varia consoante a localização geográfica e a metodologia dos estudos. Na Europa estima-se que se situe nos 257 a 1400 casos por 100 mil habitantes. Um recente estudo em Portugal, transversal, com uma amostra populacional acima dos 50 anos de idade, calculou a prevalência da DP em 180/100 000 habitantes (IC 95% 30 – 327/100 000), admitindo- se uma provável subestimativa. A DP surge geralmente entre os 50 e os 80 anos de idade, com um pico na sétima década de vida, sendo mais prevalente nos homens (3:2). Este padrão poderá refletir a importância de certos fatores ambientais e sociais na DP e a sua interação com outras variáveis, como genes, níveis hormonais, efeitos da gravidez e diferentes profissões ou exposições ambientais. Nas últimas décadas, a prevalência da DP tem vindo a aumentar, sobretudo nos países mais desenvolvidos: dados do Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study 2016 estimam a existência de cerca de 6,1 milhões de pessoas diagnosticadas com DP em todo o mundo, valor que não ultrapassava os 2,5 milhões em 1990 (CABREIRA, 2020). 14 Este aumento não parece ser explicado apenas pelo envelhecimento da população, existindo outros fatores como um melhor reconhecimento da doença e fatores ambientais ou sociais. A sobrevivência média dos doentes tem vindo a aumentar desde os 9,4 anos na era pré-levodopa (o primeiro marco histórico no tratamento da DP), para 13,1 anos em 1993, na era pré-estimulação cerebral profunda (segundo marco histórico no tratamento da DP), situando-se atualmente nos 14,6 (± 7,7) anos, comparativamente aos 23,3 anos estimados para um adulto de 60 anos da população geral. Dada a complexidade e heterogeneidade da DP, é difícil estimar o prognóstico de um doente individual (CABREIRA, 2020). A idade mais avançada, o género masculino, comorbilidades (e.g. fatores de risco vascular, cancro, síndrome metabólica, baixo índice de massa corporal), o atingimento motor axial, a deterioração cognitiva e disfunção autonómica precoces têm sido apontados como fatores preditores independentes de pior prognóstico.11– 16 Recentemente, níveis baixos de vitamina B12 foram associados a pior prognóstico (CABREIRA, 2020). Tabela - Tratamento na doença de Parkinson consoante certos sintomas (psiquiátricos e autonómicos) Sintoma Tratamento Insónia Ajuste na posologia, clonazepam, técnicas de higiene no sono Depressão Amitriptilina, inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina Fadiga Selegelina ou amantadina Sonolência diurna Modafilina Alucinações Recurso a antipsicóticos (quetiapina, clozapina), ajuste na posologia Obstipação Laxantes osmóticos (macrogol) Incontinência Estabilizadores anticolinérgicos urinários, desmopressina para casos noturnos, verificação da medicação Impotência Sildenafil, vardenafil, tadalafil Dor Relaxantes musculares, ajuste na posologia Hipotensão ortostática Aumentar o influxo de sal e água, fludrocortisona, midrodina, epinefrina, ajuste na posologia Salivação Injeções de toxina botulínica linguais, aplicação sublingual de gotas oculares de 0,5% de atropina 15 Sudorese Propranolol, propantelina, aplicação tópica de cremes com alumínio, ajuste na posologia Existem fases durante o período de síntese, liberação e metabolismo da dopamina dentro do sistema nervoso central, cuja intervenção medicamentosa é aumentando os níveis de dopamina, que podem influenciar as manifestações clínicas da doença de Parkinson. (PERKIN, 1998, apud VARA, 2011). 4.3 Doença de Alzheimer Fonte: institutoisads.org Doença de Alzheimer (DA) é uma alteração integrante da classe das mais importantes doenças em idosos. Atualmente, é a mais frequente das patologias relacionadas à demência, sendo grande razão do comprometimento cognitivo e comportamental no processo de envelhecimento, e não tem como ser prevista ou curada. Apesar de que, o Alzheimer é uma doença de caráter progressivo e na atualidade não ter cura, já houve melhorias a favor do idoso portador, com diagnósticos mais claros, fármacos que melhoram a cognição e diminuem mudanças comportamentais e o desenvolvimento de leis e portarias governamentais para esclarecer e fornecer os direitos de indivíduos com DA (ARAÚJO, 2019). Em relação a essa realidade emergente, o envelhecimento populacional traz consequências significantes para a sociedade,tanto nas políticas públicas e 16 sistemas de saúde, quanto no mercado de trabalho e dinâmica familiar (PEREIRA, 2015 apud ARAÚJO, 2019). Os primeiros aparecimentos da patologia contam com o comprometimento da memória, do raciocínio e do pensamento, deteriorando com os anos e tornando o indivíduo cada vez mais dependente de cuidados especiais de outras pessoas, reduzindo completamente sua independência para a realização de atividades simples da sua rotina. Conviver com pessoas que apresentam DA requer mudanças significativa na prática familiar, pois as novas necessidades do idoso doente precisam ser incluídas no cotidiano de todos os envolvidos nesse processo. Dessa forma, a doença de Alzheimer caracteriza um importante problema de saúde pública em todo o mundo (VENTURA et al., 2018). Portanto, na atualidade existe uma preocupação e maiores gastos vindos do setor público. Os idosos são frágeis e necessitam de mais serviço e amparos que melhorem a sua saúde, seja com o fornecimento de um exame ou o medicamento que é periodicamente ofertado pelo SUS (ARAÚJO, 2019). Ainda segundo o autor citado, a massa de idosos com 65 anos ou mais de idade (sendo está a faixa etária apontada “improdutiva”) terá um contingente populacional de 27.827.204 milhões no ano de 2050. A Doença de Alzheimer é ocasionado por processos físico-químicos os quais são a deposição de proteínas beta-amilóde e amaranhados neurofibrilares, essas duas modificações impedem as sinapses entre os neurônios. Portanto, as faltas dos processos de sinapses modificam o comportamento e memória longo e médio prazo do indivíduo. O tratamento farmacológico utilizado para combater os sinais e sintomas de DA são os inibidores da acetilcolinesterase, os quais são fármacos de primeira linha representados por donepezila, galantamina, rivastigmina e tacrina. Os fármacos têm como finalidade melhorar atenção, memória, como consequência redução dos graves sintomas da doença (FERREIRA et al., 2016 apud ARAÚJO, 2019). A doença de Alzheimer (DA) foi descoberta em meados de 1907 pelo alemão Alois Alzeimer o qual era neuropatologista e psiquiatra (NETO et al., 2014). DA é uma doença crônica degenerativa, a união de demências junto ao envelhecimento é uma realidade para os seguintes anos (GUTIERREZ et al., 2014). 17 No Brasil aumentou a população idosa, devido a transição demográfica, essa mudança exige modificações governamentais para assegurar os idosos (ARAÚJO, 2019). De acordo com Araújo (2019) o envelhecimento é a degradação vagarosa do organismo, provocando debilitação, fragilidade, vulnerabilidade, contribuindo com o surgimento de diversas enfermidades por modificações fisiológicas e ambientais. No Brasil, são considerados idosos aqueles com mais de 60 anos, parâmetro tal usado como delimitador pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2017). Existe uma maior expressão epidemiológica da doença de Alzheimer em mulheres, estudos mostram e justificam que o sexo masculino habitualmente chega a óbito por outros fatores, um grande exemplo são os problemas cardiovasculares, em contra partida, as mulheres são menos propensas a essa patologia, sendo reféns mais facilmente das demências, em especial a DA (TEXEIRA et al., 2015). Além dos danos pessoais ocasionados aos pacientes, existe os gastos governamentais, uma sobrecarga para a sociedade e saúde pública, suas principais despesas são voltadas aos fármacos distribuídos amplamente em território nacional (ARAÚJO, 2019). A doença de Alzheimer é a mais comum demência relacionada ao envelhecimento, como consequência existe a modificação cognitiva e comportamental, o tratamento para DA é paliativo e não é detectada precocemente em exames, a memória de fatos passados é mais fixa e, geralmente o paciente têm falhas e perca inicialmente na memória de curto prazo, as lembranças mais recentes (FAGUNDES et al., 2019 apud ARAÚJO, 2019). A DA que ataca cerca de 36 milhões de pessoas em todo o mundo, é geralmente considerada como uma doença neurodegenerativa relacionada com a idade, quase uma doença exclusiva do idoso (LOPES et al., 2018). Demência é uma síndrome identificada por redução constante da memória, linguagens e outras zonas da cognição, que modificam o comportamento habitual no meio social e familiar, prejudicando assim a qualidade de vida dos idosos. Se sabe que a demência e DA é resultante de fatores ambientais e genéticos (ARAÚJO, 2019). 18 Todavia, os 20 pacientes com demência possuem suas atividades limitadas, sua mobilidade é diminuída e os mesmos correm maiores riscos de acidentes domésticos, quedas acidentais, as quais podem se caracterizar em fraturas ósseas, complicando ainda mais o quadro de saúde do paciente. A redução cognitiva e perca do equilíbrio são frutos da demência e de alterações que modificam o estilo de vida de idosos (ARAÚJO, 2019). Ainda não se sabe a cura para DA, apesar de inúmeras pesquisas ao longo dos anos. Mas, a ciência sempre está em busca de uma melhor qualidade para os pacientes portadores buscando e pesquisando a fim de estabelecer os sintomas para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos (apud ARAÚJO, 2019). Segundo Teixeira et al, (2015) o Alzheimer em 2009, foi responsável por cerca de 65% da causa de morte em mulheres e 51,1% entre os homens, na sua pesquisa epidemiológica. Dentre as várias demências que prejudicam os idosos, a DA é a mais dominante delas. Atualmente, 54% dos idosos com demências têm DA e os casos desse mal crescem. No ano de 2010, um milhão de idosos no Brasil tinham Alzheimer. Estima-se que em 2020 serão 1,6 milhão. No Sistema Único de Saúde (SUS), somente o Alzheimer, realizou 38,13 milhões de serviços ambulatoriais no ano de 2015 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER, 2016). Na doença de Alzheimer existem três estágios evolutivos: leve, moderado e grave. Em casos de demência leve o idoso ainda possui sua independência em suas tarefas básicas mas com dificuldade em linguagem e inicia-se a perca evolutiva da memória, em casos estágios moderados se caracteriza com a perca mais efetiva da memória, em estágios graves idosos com demência mostraram dependência completa (WAJMAN et al., 2014 apud ARAÚJO, 2019). A doença é silenciosa e continua podendo levar de 2 a 15 anos, para seu desenvolvimento e manifestações por completo, em casos terminas que acontecem em 8 a 15 anos, todas as partes e funções exercidas pelo cérebro são modificadas e atacadas pela demência (XIMENES, 2014). Os sintomas citados no quadro, fazem parte das modificações bioquímicas e moleculares que ocorrem com os pacientes em seus três estágios da DA, um dos 19 eventos marcantes dos sinais e sintomas é a perca cognitiva e comportamentais que modificam o estilo de vida e funções habituais, em consequência a perca de memória e incapacidade de reconhecer faces (ARAÚJO, 2019). Fonte: ARAÚJO, 2019 As apraxias também são adversidades ocasionadas por DA que dificultam a realização de determinados gestos e a manipulação de alguns objetos. Isso ocorre em consequências de um dano no sistema nervoso em função do processo neurodegenerativo. As apraxias mais comuns na doença de Alzheimer são a apraxia ideatória e a apraxia no vestir (SILVA, 2018). No entanto, o habito de fazer atividades físicas podem melhorar e evitar transtornos futuros. O exercício aumenta o fluxo sanguíneo, vascularização cerebral e a síntese de neurotróficos que ajudam na neurogênese cerebral, além disso, aumentam a sensação de bem-estar dos doentes, melhorando assim a qualidade de vida, auxiliando na terapia por ser uma distração (COELHO, 2014 apud ARAÚJO, 2019). Além do mais, o tratamento alternativo com base na psicoterapia é benéfico aos indivíduos, com foco na melhoria da qualidade de vida domesmo, a psicoterapia 20 ato desenvolvido pelo profissional psicólogo para intervir nos sofrimentos psíquicos (SILVA, 2018). É considerado nova possibilidade de terapia, capaz de proporcionar e otimizar novas respostas ao tratamento farmacológico. Entretanto, as psicoterapias na fase inicial incluem o suporte através do acolhimento, de modo a amparar e sustentar a busca do reestabelecimento do equilíbrio e da elaboração das falhas, o que provoca, como consequência, o aumento da autoestima e confiança do paciente. Na fase final a psicoterapia já não é extremamente eficiente, as degenerações acometeram várias funções cognitivas, assim, nessa fase o tratamento terapêutico é de extrema importância para os cuidadores e o paciente (ARAÚJO, 2019). Fisiopatologia A neuropatologia da DA abrange placas neuríticas e novelos neurofibrilares, descritos como transformações extracelulares com aglomeração da proteína beta- amiloide, cujos sintomas iniciais incluem perturbações da memória, apatia e depressão (ARAÚJO, 2019). A histopatologia da DA sugere que a deposição extracelular da proteína insolúvel β-amiloide com formação de placas senis tem efeito tóxico sobre os neurônios. Esse acúmulo ocorre devido às mutações nos genes das enzimas que clivam a proteína precursora de amiloide, produzindo a β-amiloide (NITZSCHE, 2015). Além do mais, outro sinal da doença é através do aparecimento de emaranhados neurofibrilares no cérebro (FALCO et al., 2016). Os neurônios que são acometidos pelos emaranhados neurofibrilares apresentam, constantemente, uma forma diferente dos demais neurônios encontrados, apresentando forma alongada (MARTELLI, 2014 apud ARAÚJO, 2019). Segundo o autor citado acima, o cérebro na DA, apresenta modificações pela perda de neurônios e dendritos, presença de placas senis em maior número, de placas amiloides, neurofibrilação e áreas de degeneração granulo vacuolar. Representa um tipo de perda de neurotransmissores que pode ser a causa do severo déficit cognitivo. As doenças crônico-degenerativas geralmente afetam as 21 necessidades orgânicas de proteínas e de calorias, podendo estar associadas à inapetência, causada pela própria doença, por determinados medicamentos e por dificuldades de alimentação. As mudanças cerebrais acontecem antes do surgimento de sintomas de demência, as lesões se manifestam principalmente no córtex cerebral e influenciam na diminuição do tamanho do cérebro. As partes cerebrais inicialmente lesadas são: hipocampo, subículo e córtex entorrinal, os quais são responsáveis pela memória (ARAÚJO, 2019). Na DA muitos são os sinais bioquímicos que podemos observar, como, por exemplo, estresse oxidativo difundido no cérebro, neuroinflamação, desregulação de cálcio, deficiência e distribuição alterada das mitocôndrias, oligomerização do peptídeo Aβ, toxicidade sináptica e problemas na homeostase metálica. O comprometimento da cadeia respiratória mitocondrial por conta do peptídeo Aβ leva ao estresse oxidativo, acumulando espécies reativas de oxigênio, elevando os níveis de óxido nítrico e diminuindo a produção de ATP (ARAÚJO, 2019). A proteína Tau constituí a família a qual é associada aos microtúbulos e, tem como função estabilizar os mesmos por agregação de tubalina, unindo os microtúbulos com componentes do citoesqueleto. A proteína Tau é um componente fundamental para a formação dos emaranhados neutrofilares, e por isso, é existente de diversos estudos sobre a mesma. Em células sadias a proteína Tau se encontra em axônios em células não sadias encontra-se em no corpo celular e região dendrítica, contudo, o aumento da Tau causa modificações morfologias celulares, diminuem o crescimento e alterações essenciais na distribuição de organelas transportadoras por proteínas motoras dependentes de microtúbulos (PARDI et al., 2017 apud ARAÚJO, 2019). Devido à importância da proteína Tau para a homeostase neural, sua hiperfosforilação contribui para uma cascata de eventos que em última análise, causa a morte neural, porém, a Tau é um dos principais e importantes biomarcadores (ARAÚJO, 2019). Um fator importante para agregação de Tau é sua tendência para construir estruturas secundárias β. Apesar de que deposições de origem amiloide (peptídeo Aβ) possam ser também identificadas em minúsculas quantidades em cérebros de idosos 22 saudáveis, a produção deste tipo de peptídeo é considerada central na patologia da DA (ARAÚJO, 2019). Segundo o autor a Tau faz parte de um conjunto de proteínas que causam patologias cerebrais amiloides e possuem conformação em estruturas β4. Além do mais, constitui o grupamento o peptídeo Aβ. Aβ advém do processo proteolítico da proteína precursora amilóide (APP). A APP é uma proteína integral de membrana, no qual está em abundante no meio extracelular, com porção hidrofóbica transmembrana e uma pequena parte C-terminal voltado para meio intracelular, denominado domínio intracelular da APP. No cérebro, a inclusão e depósito tanto da proteína Tau como de Aβ como uma das caraterísticas marcantes do paciente com DA. O acúmulo de placas neurais β-amiloide é formada pela insolubilidade de mais de 42 aminoácidos que são agrupados formando essas placas de Aβ, os mesmos são resíduo fisiológico do metabolismo celular que é produzido através de eventos sucessivos de ruptura da proteína precursora amilóide (APP) pela β e γ-secretase, caracterizando a cascata amiloide, a segunda hipótese para justificar a DA (GARZÓN et al., 2018 apud (ARAÚJO, 2019). A neuroinflamação é outro membro considerável na fisiopatologia da DA o Aβ é um forte ativador da micróglia e a exposição continua a ele e aos mediadores inflamatórios pode ser responsável pelo comprometimento funcional persistente da micróglia observado nas placas senis (ARAÚJO, 2019). As placas senis (beta-amilóide) seu marcador neurofisiopatológico mais conhecido para identificação de DA e resultam do metabolismo anormal da APP. Além de ser um importante marcador, seu surgimento causa lesões aos neurônios e deterioram o sistema de transporte de nutrientes e outros materiais (ARAÚJO, 2019). 4.4 Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) foi descrita pela primeira vez em 1869 em Paris, por Jean-Martin Charcot, médico, professor e cientista. Na França, a doença é conhecida como “maladie de Charcot”. Nos Estados Unidos, a doença é conhecida como “doença de Lou Gehring”, nome associado a um jogador de beisebol que faleceu 23 em 1941, em decorrência da ELA. A primeira descrição da doença no Brasil ocorreu em 1909, pelo médico Cypriano Freitas. Em 1919, o médico Gonçalves Viana, descreveu os sintomas da doença em dois pacientes (SANTOS, 2017). A ELA é uma abreviatura na qual está intrínseca sua própria denominação. Conforme descrito por Santos (2017), a sigla trazendo o significado de Esclerose Lateral Amiotrófica, ainda abre-se deixando esclarecido os seguintes termos. 1. Esclerose significa endurecimento e cicatrização; 2. Lateral refere-se ao endurecimento da porção lateral da medula espinhal; 3. Amiotrófica é a fraqueza que resulta na atrofia do músculo. Ou seja, o volume real do tecido muscular diminui. Assim, a Esclerose Lateral Amiotrófica, tem em seu significado fraqueza muscular secundária, por conta do comprometimento dos neurônios motores. A etiologia da doença, ou seja, a forma como essa surge ainda é questionável. Segundo o autor, dentre as causas mais possíveis, a hereditariedade autossômica, infecções virais tardias, atividade física intensa, doença autoimune, exposição a metais (chumbo e mercúrio) e outras, como o excesso de glutamato, vemsendo observadas quanto a sua relação no desenvolvimento da ELA. A duração e a evolução da doença variam de acordo com a forma clínica, e geralmente, os pacientes tem uma expectativa de vida de 3 a 4 anos. Se a ELA tiver início no bulbo, a expectativa de vida é ainda menor. (CHAVES et al., 2010; PALLOTA, 2012 apud SANTOS, 2017). A relação entre a ELA e o excesso de glutamato vem sendo pesquisada há vários anos. O glutamato é um neurotransmissor que quando está em excesso 15 permite a entrada de cálcio nos neurônios o que resulta em morte neuronal, comprometendo assim os músculos responsáveis por movimentos voluntários e involuntários no corpo. Em primeiro instante os membros superiores e inferiores são afetados e em seguida outros movimentos são perdidos como dos músculos faciais e da região cervical, levando ao chamado “pescoço caído” (CHAVES et al., 2010). A ELA é uma doença de caráter neurodegenerativo que acomete os 1º e 2º neurônios motores superiores e inferiores, onde ocorre a deterioração em progressão das células do núcleo motor presente nos nervos do tronco encefálico. Ou seja, 24 envolve o feixe motor cortico-espinhal (piramidal) e de neurônios no cormo anterior da medula espinhal juntamente com os núcleos motores dos nervos cranianos bulbares. Segundo Rowland e Shneider (2001) os sintomas predominantemente clínicos são: fraqueza e atrofiamento muscular acompanhados de fasciculações e espasticidade (SANTOS, 2017). Os neurônios são células do Sistema Nervoso Central (SNC), responsáveis por controlar o movimento voluntário dos músculos. Os neurônios motores superiores (NMS) estão localizados na área motora do cérebro. Já os neurônios motores inferiores (NMI), se localizam no tronco cerebral e na porção anterior da medula espinhal. Os NMS são responsáveis por regular a atividade dos NMI através do envio de mensagens químicas. Após a ativação dos NMI ocorre a contração dos músculos voluntários do corpo, e no tronco cerebral, ocorre a ativação dos músculos da face, boca, garganta e língua. (FILHO; SILVA; ALMEIDA, 2016 apud SANTOS, 2017). Grande parte dos pacientes é acometida primeiramente nos neurônios motores da medula espinhal, enquanto que para cada 4-5 indivíduos, o início se dá através do bulbo. Na maneira em que a doença tem sua progressão ataca os braços, pernas e músculos essenciais para a fala, deglutição e ainda a respiração, deixando-os em paralisia completa. Os músculos que compõem o sistema ocular em se tratando dos movimentos e esfíncteres urinários são preservados resguardados. Em alguns 17 pacientes podem ser apresentados quadro de demência frontotemporal (SANTOS, 2017). Ainda segundo o autor, nesta fase inicial da doença são sintomas específicos, as alterações e o enfraquecimento muscular (caracterizados inicialmente nos membros superiores); a perda de equilíbrio; o aparecimento de cãibras musculares constantes e que demoram a passar; a dificuldade para usar uma das mãos; a dificuldade para subir e descer escadas e o cansaço sem motivo. A ELA atinge cerca de 66% dos pacientes com doenças neuronais, tendo preferência por pessoas do sexo masculino e que sejam idosos, de acordo com estudos, mas há casos em que a doença pode aparecer em qualquer idade no adulto. O autor afirma que quando surgem os primeiros sintomas da ELA, cerca de 80% dos neurônios motores já foram afetados. 25 O quadro clínico da ELA se caracteriza pela presença de sinais que denotam o acometimento neuronal superior e inferior, além de outros sintomas como disfunção dos movimentos, contrações musculares visíveis, hiperreflexia, espasticidade, cãibras e o mais característico dos sintomas, o sinal de Babinsky. A espasticidade é correspondente a progressão da atividade reflexa dos músculos que perderam o controle exercido pelos neurônios motores superiores (SANTOS, 2017). Desta forma pode ocasionar a perda do equilíbrio, tropeções e escorregões que são causas comuns de queda causando na maioria das vezes em contusões, fraturas, lacerações ou traumas cranianos. Embora, inúmeras quedas não resultem em nenhum dano físico, ainda que uma vez, pode deixar o paciente receoso e com medo intenso de participar de quaisquer atividades, inclusive sair de casa. Embora, nem todas as quedas possam ser prevenidas, existem inúmeras formas de eliminar os incidentes, seja a fim de manter o equilíbrio ou para evitar tropeções (ANEQUINI et al., 2006 apud SANTOS, 2017). De acordo com Santos (2017) a musculatura respiratória dos pacientes com ELA sofre grandes consequências, inclusive podendo evoluir a óbito, pois além da atrofia da musculatura esquelética, os pulmões ficam enrijecidos, ocasionando declínio na suficiência respiratória. Outros sintomas de comprometimento bulbar são disfonia, fraqueza ou atrofia dos músculos faciais, do palato e da língua, fasciculados na língua e reflexo mandibular anormal. O comprometimento no bulbo envolve sinais como: rouquidão, disfunção da musculatura da língua, atrofia e contrações, depressão, além de afetar a musculatura respiratória do paciente (SANTOS, 2017). Ainda de acordo com o autor, nos momentos iniciais da doença, ocorrem os sintomas característicos, as variações e o esgotamento muscular, como citado anteriormente (começam nos membros superiores), equilíbrio sensibilizado; início das cãibras nos músculos, de forma constante e se prolonga cada vez mais; a dificuldade de usar as mãos começa a aparecer; o ato de subir e descer escadas se torna difícil e cansaço de forma de repente sem que tenha tido qualquer esforço. Como apontado, que inicialmente ocorrem a diminuição no quesito habilidades, em realizar tarefas consideradas básicas para qualquer pessoa, com o passar do tempo manifesta-se a diminuição da velocidade dos movimentos. Com o passar do tempo e a progressão das doenças, se torna 26 impossível à realização de alguns movimentos dos quais dependem dos músculos afetados. Assim o paciente por sua natureza tende a adaptar-se para que desta forma possa realiza-los, ou seja, os movimentos são realizados de maneira mais lenta, adota posições ou faz uso de outros músculos para que assim possa compensar os afetados. (ANEQUINI et al 2006; ZINNI et al, 2004 apud SANTOS, 2017). Segundo Santos (2017) com a progressão da doença, as mãos tomam forma do tipo cadavérica, causado pela atrofia muscular. As manifestações se iniciam nas mãos expandindose para os antebraços, braços e posteriormente a cintura escapular. A saber, os membros inferiores começam a sofrer os sintomas logo depois do comprometimento ter alcançado os músculos superiores. O caminhar ou marcha sofrem mudanças, provindo do início do comprometimento atrófico muscular como, por exemplo, o pé caído. A fragilidade muscular começar a surtir suas primeiras manifestações nos músculos da faringe, laringe e língua onde afetam ainda a deglutição e a fala deixando-as comprometidas. Em suma, a sensibilidade em geral não se torna afetada, as parestesias, são incomuns e quando ocorrem são devido a compressões nervosas posturais (SANTOS, 2017). Histopatologia ELA Sabe-se que a ELA é uma patologia que surge em decorrência da degeneração e da perda dos neurônios motores e do córtex motor, do tronco encefálico, tratos corticoespinhais, medula espinhal e feixes nervosos. Diante do processo de degeneração, as células destruídas são substituídas por processos de proliferação de astroglia e ativação da micróglia (SANTOS, 2017). Ainda segundo autor, a perda de tecido celular atinge também as células piramidais do córtex motor do giro pré-frontal, bem como também atinge as fibras mielinizadas espessas das colunas anterior e lateral da medula espinhal, tronco encefálico e cerebelo. Além da proliferação da astroglia e ativação da microglia, outras partes de destruiçãodo neurônio podem ser identificadas em pacientes com ELA. 27 A partir do uso do microscópio ótico e eletrônico, são observados a presença de estruturas como pigmentos lipídicos (Lipofuscina), esferoides (acúmulo de neurofilamentos, proteínas e outras estruturas), corpúsculos de Bunina (estruturas eosinofílicas redondas) e estruturas semelhantes aos corpos de Lewy. Conforme a destruição neuronal acontece, as fibras musculares vão ficando mais enfraquecidas podendo comprometer toda a atividade muscular, levando a uma atrofia de diversos músculos. (DAROFF et al., 2012 apud SANTOS, 2017). Manifestações clínicas A ELA é uma doença progressiva e que se manifesta de diferentes formas, dependendo da localização do neurônio motor afetado. O paciente com ELA sofre com uma deterioração motora e progressiva, nos quais os sinais e sintomas se manifestam quando os neurônios superiores e inferiores são afetados. Geralmente, alguns sinais são responsáveis por demonstrar os primeiros indícios da patologia no paciente, sendo esses sinais, fraqueza excessiva e fadiga, acompanhados de reflexos vivos e patológicos (SANTOS, 2017). O autor afirma que os sintomas de fraqueza se manifestam de acordo com a localização inicial da doença. Quando a ELA atinge as extremidades superiores e inferiores, os sintomas são câimbras nas primeiras horas da manhã, abalos espontâneos dos membros ou contrações musculares, nos quais esses sintomas se tornam mais intensos em temperaturas baixas. Na maioria dos casos as extremidades superiores são mais acometidas do que as extremidades inferiores, sendo que nesse caso, a doença é conhecida como ELA espinhal ou clássica. Em 25% dos casos, a doença pode se manifestar primeiramente na musculatura ligada ao bulbo, dando origem a ELA de início bulbar. Em alguns casos, cerca de 1 a 2%, a ELA já se manifesta na região torácica e atinge todos os músculos respiratórios (SANTOS, 2017). A fraqueza que se inicia em decorrência da doença, tem início em apenas uma região e vai se estendendo para a musculatura próxima de onde surgiu. Em seguida, a fraqueza começa a se manifestar em regiões mais distantes. A ELA primeiramente se manifesta através da fraqueza de um membro em que a sua musculatura deriva do mesmo nervo periférico (TURNER et al., 2013 apud SANTOS, 2017). 28 Devido a fraqueza extensora nas mãos, é comum observar a atrofia dos nervos das falanges dando origem as “mãos em garra”. A manifestação mais comum da ELA nos membros inferiores é a perda da capacidade extensora do pé, perda do equilíbrio e instabilidade na marcha. Com a progressão da doença, outras funções do corpo vão perdendo a estabilidade devido a ELA atingir grandes grupos musculares. A fraqueza dos músculos paraespinhais promove a “queda da cabeça” para frente, sem a possibilidade de o paciente conseguir levantá-la. (VINCETI et al., 2012). Apesar do acometimento da doença acontecer de forma assimétrica, é inevitável que outros membros sejam atingidos, e os pacientes começam a sentir os efeitos da ELA à nível bulbar e respiratório (SANTOS, 2017). Quando a ELA é a nível bulbar, os membros superiores são mais afetados. Nesses casos, os pacientes apresentam dificuldades na deglutição de alimentos sólidos ou líquidos, na mastigação e acabam produzindo muita saliva devido a essas dificuldades, o que causa acúmulo e provoca grande desconforto. Outro problema, é a diminuição dos movimentos da região inferior da face, nos quais são responsáveis por movimentar a boca e a língua. Com isso, contribui para uma maior dificuldade na mastigação e deglutição, além de comprometer os movimentos fonéticos da comunicação, e a partir disso, o paciente apresenta um som de voz nasalada. É possível observar essas manifestações clínicas na grande maioria dos portadores da ELA (VINCETI et al., 2012 apud SANTOS, 2017). Segundo o autor quando a ELA compromete as vias corticoespinhais, ocorre um aumento dos reflexos tendinosos que podem ser evidentes no local onde teve início os primeiros sintomas, bem como nos locais onde aparentemente não foram atingidos. Em pacientes com a ELA mais avançada é possível observar uma movimentação passiva dos membros acometidos, que pode estar acompanhada ou não de rigidez muscular. As dificuldades respiratórias como hipoventilação noturna com dispneia, dificuldade em respirar deitado (ortopneia), e outros sintomas como o sono agitado, cefaleias, anorexia, sonolência diurna exacerbada, irritabilidade e alterações bruscas de humor estão presentes em 5% dos casos (SANTOS, 2017). Tratamento ELA 29 O termo Esclerose Lateral direciona-se principalmente a rigidez na coluna lateral da medula espinhal, causada em razão da gliose que segue a degeneração da medula espinhal. Porém a denominação Amiotrófica aponta-se à atrofia muscular (SANTOS, 2017). Segundo o autor, a projeção crescente e fatal da ELA realça a importância do apropriado e urgente diagnóstico. Porém, sabe-se que o diagnóstico pode ser dificultoso de ser obtido comparando-se aos mínimos sinais e sintomas e às outras possibilidades diagnosticadas. Em 1995 a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso do fármaco Riluzol, um antagonista do glutamato que diminui a velocidade da degeneração neuronal. O Riluzol é o medicamento de primeira escolha usado no tratamento de ELA e deve ser administrado 50 mg do comprimido duas vezes ao dia, cerca de 1 a 2 horas antes das refeições (SANTOS, 2017). O Riluzol é considerado um agente antiglutamato e permanece sendo a única alternativa de tratamento farmacológico que demonstrou certa eficácia nos ensaios clínicos realizados com pessoas portadoras do ELA. (BENSIMON, 2005). Recomenda-se o uso via oral, duas vezes ao dia de Riluzol 50mg, prorroga provavelmente a sobrevivência do paciente por cerca de dois meses, contudo deve ser iniciado precocemente, e em especial nos casos denominado início Bulbar (MILLER et al., 2003). Esse fármaco possui propriedades anti- excitotóxicas e que reduz drasticamente a progressão da doença, aumentando a sobrevida do paciente em cerca de 2 a 3 meses. É importante mencionar que além do uso do Riluzol, é preciso que o paciente receba acompanhamento psicológico permanente e também que receba tratamento de fisioterapia. (VINCETI et al., 2012 apud SANTOS, 2017). O fármaco Riluzol é absorvido por via oral e se liga às proteínas plasmáticas. O metabolismo ocorre no fígado e é excretado pela urina. Esse fármaco inibe a liberação do glutamato e bloqueia seus receptores. O aparecimento de cãibras na ELA é muito comum e causa incômodos aos pacientes. Geralmente, o tratamento para alívio das cãibras não é medicamentoso, mas consistem em massagens, fisioterapia, hidroginástica e exercícios. Quando esse tipo de tratamento não mostra efeito de melhora, o uso da gabapentina é recomendado aos pacientes. (ANDERSEN, 2012 apud SANTOS, 2017). 30 4.5 Doença de Huntington (DH) A Doença de Huntington (DH), descrita pela primeira vez em 1872 por George Huntington, é uma doença neurodegenerativa, de herança autossômica dominante (mutações dinâmicas e repetidas de CAG) caracterizada, clinicamente, pela tríade de distúrbios de movimentos, problemas psiquiátricos (alteração de personalidade, depressão) e declínio cognitivo, podendo culminar com síndrome demencial (PINHEIRO et al, 2020). De acordo com o autor, com a evolução da doença, ocorre perda progressiva de neurônios, principalmente no núcleo caudado e no putâmem, que são responsáveis pela produção do neurotransmissor GABA; ocasiona o aparecimento de movimentos involuntários irregulares, coreiae distonia, sobrevindo de forma progressiva e degeneração mental. Geralmente, as pessoas com DH manifestam os sintomas entre 40 e 50 anos de idade, com tempo médio de sobrevida variando entre 15 e 20 anos, após o aparecimento dos primeiros sintomas, sendo a disfagia a principal complicação que pode causar perda ponderal, broncoaspiração e risco de morte. A prevalência da doença varia conforme a região global, sendo escassos dados referentes à América Latina, e 13,7/100.000 habitantes no Canadá e 0,65/100.000 no Japão (PINHEIRO et al, 2020). Levando em consideração as alterações geradas na funcionalidade desses sujeitos, a literatura aponta a necessidade da intervenção fisioterapêutica, objetivando, nesses indivíduos, as suas habilidades para a realização das atividades de vida diária (AVD), a adaptação de equipamentos disponíveis com foco na melhoria da capacidade funcional, minimizando, assim, risco de quedas (PINHEIRO et al, 2020). 31 Clinicamente, ocorre a atrofia seletiva e progressiva do estriado e do córtex cerebral, está progressão é dividida em três estágios. No primeiro estágio, o Huntiniano apresenta mudanças sutis na coordenação, como movimentos involuntários, dificuldade para pensar e humor depressivo. No segundo estágio do DH, a fala e a deglutição são afetadas e as habilidades de raciocínio lógico diminuem gradualmente. No terceiro estágio o Huntiniano torna-se totalmente dependente, chegando até o estado vegetativo. Entretanto, a sua consciência permanece preservada (PINHEIRO et al, 2020). Segundo o autor citado o diagnóstico é obtido através de exames de neuroimagem, histórico familiar detalhado, sintomas como déficit motor progressivo associado à coréia ou rigidez sem outra causa definida e alterações psiquiátricas com demência progressiva, sem outra causa. Porém, os testes genéticos são fundamentais para confirmação da doença, uma vez que a diferenciação clínica é limitada. Esta limitação ocorre devido a sintomatologia da DH ser muito semelhante à de outras desordens neurológicas; como o Parkinson, o Alzheimer e a Demência. Os exames complementares para a obtenção do diagnóstico são: o eletroencefalograma (EEG), Tomografia de Emissão de Posítrons (PET), a tomografia computadorizada (TC). de crânio e a ressonância nuclear magnética (RNM). O EEG e o PET podem demonstrar alterações na atividade cerebral antes do início dos sintomas, portanto são úteis para a investigação. Nos exames de neuroimagem, (TC e RNM). pode-se observar a presença de atrofia do estriado, mais especificamente no núcleo caudado. A perda de neurônios também é notada no córtex cerebral, incluindo as regiões frontal, parietal e temporal. A atrofia cerebral pode ser vista através destes mesmo em estádios precoces da doença PINHEIRO et al, 2020). O tratamento da DH e sintomático, baseado em neurolépticos para controlar a coréia e a psicose, anticonvulsivantes, analgésicos e drogas para diminuir a espasticidade, como o Diazepan e Clorpromazina. No entanto, o tratamento não retarda e nem previne o início ou a progressão da doença. Devido aos diferentes sintomas apresentados juntamente com a forma de manifestação gradual dos sintomas, é muito difícil determinar a idade precisa de seu surgimento. Estudos 32 estatísticos revelam um hiato grande, de aproximadamente oito anos entre o início real da DH e seu diagnóstico (PINHEIRO et al, 2020). Segundo o autor, os benzodiazepínicos exercem ação anticoréica leve e podem ser utilizados também em pacientes com ansiedade. Para as desordens psíquicas é recomendado o uso de inibidores da recaptação de serotonina ou outros tipos de antidepressivos. A disfunção cognitiva pode ser amenizada com a administração de anticolinesterásicos, entretanto, são necessários mais estudos para a sua ampla utilização. O tratamento paliativo com fármacos segundo Pinheiro (2020), nem sempre melhora a qualidade de vida dos pacientes, ocasionando por vezes mais efeitos colaterais indesejáveis do que benefícios. Todos os fármacos apresentam efeitos positivos e negativos, podendo inclusive alterar a sintomatologia do paciente e interferir no diagnóstico. A promoção à saúde para o paciente portador de DH deve propiciar um estilo de vida saudável, com ambiente estável, prevenindo as possíveis complicações vindouras da doença e promovendo a participação do indivíduo acometido em atividades diárias de forma a estimular sua independência (PINHEIRO et al, 2020). 33 4.6 ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM) A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença inflamatória, caracterizada pela perda da bainha de mielina dos neurônios (desmielinização), frequentemente associada aos neurônios da matéria branca do sistema nervoso. As principais lesões se concentram nos neurônios da medula, cerebelo e dos nervos ópticos. Embora a Esclerose Múltipla seja considerada uma doença rara, é a principal doença neurológica a atingir jovens adultos no mundo. A doença é observada em indivíduos cuja idade é distribuída em uma ampla faixa, com média no momento do diagnóstico de 28,2 anos. Recebe importante influência de fatores genéticos e ambientais, sendo a localização geográfica e a exposição à luz solar alguns dos fatores que mais se correlacionam com a ocorrência da Esclerose Múltipla em um grupo ou população (NASCIMENTO et al, 2017). Estudos em bancos de dados de pacientes mostram que a doença apresenta padrões de progressão dos sintomas bem definidos e similar em diversos pacientes. Tais padrões também demonstram que a Esclerose Múltipla tende a reduzir a expectativa de vida e aumentar a mortalidade daqueles que a possuem, elevando a Esclerose Múltipla à um problema de saúde pública (HURWITZ, 2011 apud (NASCIMENTO et al, 2017). Atualmente, duas principais teorias tentam explicar os motivos pelo qual a doença ocorre segundo Nascimento (2017): • A hipótese da higiene (ou “hipótese da privação microbiana”) que postula que na sociedade moderna ocorre uma baixa exposição à patógenos durante a primeira infância que leva à um aumento no risco de doenças imunomoduladas na vida adulta como a Esclerose Múltipla. • A hipótese do gradiente da latitude, que postula que a Esclerose Múltipla está associada à bandas geoepidemiológicas onde a incidência de Esclerose Múltipla varia conforme a latitude. A proximidade dos polos está associada à uma maior incidência de EM nestas faixas. Apesar destas duas hipóteses predominantes, também existem dados que sugerem outras possibilidades explicativas, como infecções virais pelos 34 vírus da família herpesviridae estarem associadas ao desenvolvimento de condições que favorecem o aparecimento da Esclerose Múltipla. Consequente desta diversidade de hipóteses plausíveis, a doença ainda não é completamente caracterizada unicamente como uma doença neurológica de caráter degenerativo, autoimune ou até como uma doença viral latente/persistente a despeito da vasta literatura científica sobre o tema (NASCIMENTO et al, 2017). Esta dificuldade na caracterização é produto da heterogeneidade da doença, que gera dados conflitantes sobre as causas da Esclerose Múltipla: enquanto estudos falham em correlacionar parâmetros associados à exposição à patógenos na infância (como o número de irmãos, a exposição à animais ou estar matriculado em uma creche) à incidência de Esclerose Múltipla, outros dados validam a hipótese higiênica ao relacionar a correlação entre o histórico de infecção por helmintos ou pela bactéria H.pylori à uma ocorrência menor de Esclerose Múltipla (NASCIMENTO et al, 2017). Na Esclerose Múltipla, ocorre um processo inflamatório que tem como produto final o dano na bainha de mielina dos neurônios. Este processo ocorre predominantemente nas células da matéria branca do sistema nervoso e pode causar aperda de função dos neurônios que foram afetados conforme a doença progride. Devido à natureza inespecífica dos processos inflamatórios generalizados, as lesões podem ocorrer em sítios difusos de dano à bainha de mielina, o que tem como consequência o amplo quadro de sintomas sofridos pela pessoa com Esclerose Múltipla (PcEM) (NASCIMENTO et al, 2017). Dentre os principais sintomas relatados pelas pessoas que convivem com a doença estão: • Dores neuropáticas; • Nevralgias e cefaleias • Sensação de dormência (parestesias) ou perda de sensação • Perda de equilíbrio • Problemas associados ao trato urinário e gastrointestinal, como constipação e incontinência urinária. 35 • Fadiga • Alterações no raciocínio e memória Fonte: NASCIMENTO et al, 2017. Consequentemente, de acordo com o autor citado, os impactos da doença são muitos e afetam não somente o indivíduo que convive com a doença, mas atingem também seus familiares e a sociedade como um todo. Pessoas com Esclerose Múltipla apresentam risco elevado para doenças como depressão e ansiedade e também observam uma redução de sua participação social em atividades ao ar livre e nas esferas doméstica e lúdica. Um dos grandes desafios para as PcEM são as dificuldades para se manterem na força de trabalho, com esta população apresentando taxas de desemprego maiores que a população em geral. Também são atingidos seus cuidadores, que devido à complexidade de sintomas da EM, se envolvem por mais tempo no cuidado da PcEM e têm suas vidas modificadas prática e emocionalmente em torno do tratamento e do cuidado à pessoa com Esclerose Múltipla ((NASCIMENTO et al, 2017). Na Esclerose Múltipla, observa-se o aumento dos custos indiretos, oriundos da perda de capacidade produtiva da pessoa que vive com a doença e seus impactos na cadeia produtiva das pessoas que realizam o cuidado da pessoa com Esclerose Múltipla. Este custo pode ser contabilizado por até 47% 36 dos custos associados com a doença. No Brasil, os custos diretos, que envolvem a obtenção de cuidados médico-hospitalares e outros cuidados podem chegar a até 90% dos custos envolvidos no cuidado da EM (NASCIMENTO et al, 2017). 5 TRAUMATISMOS Fonte: saberatualizado.com.br 5.1 Traumatismo Raquimedular O termo traumatismo raquimedular (TRM) refere-se a lesões da coluna vertebral que podem causar consequências transitórias ou irreversíveis, depende dos tecidos afetados durante o trauma.1–3 As complicações clínicas do TRM têm sido avaliadas com o objetivo de melhorar as intervenções e obter um melhor prognóstico para esses pacientes, reduzir os custos socioeconômicos e a mortalidade. No entanto, poucos estudos abordaram as características e os aspectos clínicos de pacientes submetidos a cirurgia. Apenas um estudo descritivo6 conduzido no Brasil foi encontrado, o que demonstra a necessidade de compreender melhor essa população e determinar onde os investimentos para a prevenção e tratamento devem ser feitos. 37 Além disso, os fatores culturais e as diferenças regionais não devem ser negligenciados (NETO et al, 2017). Vários métodos de instrumentação e fixação podem ser usados em pacientes com TRM. No entanto, a técnica usada depende do paciente, das características da lesão e da experiência do cirurgião. De forma geral, instabilidades posteriores devem ser tratadas com artrodese posterior e instabilidades anteriores com artrodese anterior. No entanto, em casos de lesão discoligamentar completa, recomenda-se a fixação circular ou combinada para se obter uma estabilização adequada.8 A intervenção cirúrgica promove a dissecção e a retração das várias estruturas para exposição da coluna e correção da lesão instalada, resulta possivelmente em outras lesões teciduais e, consequentemente, em um aumento das complicações clínicas e mortalidade (NETO et al, 2017). 5.2 Traumatismo Cranioencefálico O trauma craniano é conceituado como uma agressão ao couro cabeludo, crânio, meninges, encéfalo ou seus vasos, causado por uma força física externa, podendo produzir uma alteração ou diminuição do nível de consciência, resultando em deficiência das habilidades cognitivas ou no funcionamento físico, além de distúrbios emocionais e comportamentais, temporários ou permanentes, parciais ou totais (SANTANA, 2018). Em pacientes politraumatizados, o crânio é o segmento corpóreo mais frequentemente envolvido, além de ser um fator agravante no prognóstico dessas vítimas. Este tipo de trauma é a causa mais comum de morte em adultos jovens, sendo responsável por 2/3 das mortes intra-hospitalares A gravidade das lesões está relacionada com a intensidade do trauma e a recuperação dos sobreviventes é marcada, na maioria das vezes, por sequelas neurológicas graves e a qualidade de vida prejudicada. O traumatismo crânio encefálico (TCE) é definido como qualquer agressão traumática gerada por forças externas capazes de ocasionar lesão anatômica ou comprometimento funcional de estruturas do crânio ou do encéfalo, 38 resultando em alterações cerebrais, momentâneas ou permanentes, de natureza cognitiva ou funcional. Quanto ao tipo de lesões no TCE as mesmas podem ter duas origens, primária e secundária. (MAGALHÃES, 2017, apud SANTANA, 2018). 6 DISTROFIAS NEUROMUSCULARES Fonte: discapnet.es O termo distrofia (do gr. dys, ‘mal’, ‘anormal’; trophen, ‘nutrição’) refere-se a anomalia do desenvolvimento por formação imperfeita de certos tecidos e, consequentemente, dos órgãos por ele formados. (DICIONARIO DE BIOLOGIA, 1993, apud FREZZA, 2005). 6.1 Distrofia muscular de Becker (DMB) A distrofia muscular do tipo Becker (DMB) afeta indivíduos do sexo masculino e está associada à herança genética (ligada ao cromossomo X), sendo cerca de 10 vezes mais rara do que a distrofia muscular do tipo Duchene. A diferença principal entre elas é a idade de início e a velocidade de progressão, sendo o tipo Becker mais lento. Segundo a maioria dos autores pesquisados, a DMB apresenta uma incidência de 5 a 10 vezes menor do que a DMD, ocorrendo um caso a cada 30 000 nascimentos. Porém, segundo o Centro de controle e prevenção de doenças dos Estados Unidos, https://www.discapnet.es/ 39 a DMB apresenta uma incidência de 1 a cada 18 518 meninos nascidos vivos, ou seja, 0,5 a cada 10 0004 (GODOY et al, 2012). Ainda segundo o autor, as distrofias musculares são caracterizadas por uma degeneração progressiva e irreversível da musculatura esquelética, com alteração quantitativa da proteína muscular chamada distrofina. Os pacientes portadores de DMB apresentam de forma geral início das manifestações entre os 5 e 25 anos de idade, com uma grande variabilidade de quadro clínico, porém todos apresentam fraqueza muscular. Os portadores de DMB apresentam alterações respiratórias devido à fraqueza da musculatura e precisam ser treinados para retardar a perda da eficácia da tosse e as alterações de volumes e capacidades. É muito importante que o tratamento fisioterapêutico planejado contemple objetivos e condutas a médio e longo prazos (treinamento muscular respiratório específico e formas de promover higiene brônquica e se necessário, instalação de suporte ventilatório) (FREZZA, 2005 apud GODOY et al, 2012). O treinamento da musculatura respiratória (TMR) em pacientes com doenças neuromusculares ainda é muito controverso, pois sabe-se que tanto a falta do treinamento quanto o excesso do mesmo podem ser prejudiciais e induzir à fraqueza. Contudo, entre os possíveis benefícios do treinamento podemos citar a melhora da eficácia da tosse, redução do acúmulo de secreção e retardo na instalação de suporte ventilatório (GODOY et al, 2012). 6.2 Distrofia muscular de Duchenne A Distrofia Muscular de Duchenne é causada por mutações no genedmd das quais resulta deficiência da proteína distrofina. A distrofina, uma proteína em forma de bastonete de 427 kDa, possui quatro domínios e é essencial para proteger o sarcolema do stress gerado pelas contrações musculares repetidas, tendo também funções no controlo de moléculas de sinalização intracelular (GUEDES, 2012). Segundo o autor, a ausência de distrofina condiciona a não agregação do complexo de ligação à distrofina, levando a fragilidade do sarcolema, conduzindo a entrada de cálcio na célula e lesão focal ou difusa da fibra muscular. Com os ciclos 40 repetidos de degeneração-regeneração induzidos pela atividade do músculo, a população de células progenitoras (células satélite) esgota-se e o músculo vai sendo progressivamente substituído por tecido conjuntivo e adiposo. O gene dmd localiza-se no braço curto do cromossoma X (Xp21.2) e possui 79 exões.(2,8) A maioria das alterações que ocorrem neste gene são deleções (65-72% dos casos de DMD) que ocorrem com maior frequência em regiões hotspot (exões 45- 53), duplicações de um ou mais exões (7%), e mutações pontuais, pequenas deleções ou inserções (20%). A maior parte dessas alterações correspondem a mutações nonsense, frame-shift ou em locais de splicing (GUEDES, 2012). Aproximadamente um terço destas mutações ocorre de novo. (5) Geralmente, mutações in-frame resultam em formas truncadas, mas parcialmente funcionais da proteína, originando habitualmente a forma mais ligeira da doença, a Distrofia Muscular de Becker (BMD). Por outro lado, mutações frame-shift resultam na ausência completa da proteína, originando a forma mais grave da doença, a DMD.(8) A gravidade da doença não se relaciona simplesmente com a extensão da deleção ou duplicação, mas depende também do local da proteína afetado (MORSE, 1996 apud GUEDES, 2012). A evolução clínica da DMD é grave e progressiva, embora o fenótipo e progressão da doença possam variar e alterar com o tempo. Esta doença manifesta- se dos três aos cinco anos de idade por alterações motoras: marcha bamboleante, dificuldades em correr, saltar e levantar-se do chão (sinal de Gower), quedas frequentes e pseudohipertrofia dos músculos da região gemelar. Menos frequentemente, os doentes apresentam-se com atraso do desenvolvimento da linguagem ou global, ou incidentalmente com elevação dos níveis de creatina cínase (CK) ou transamínases plasmáticas. Com a progressão da doença, os pacientes tornam-se incapazes de deambular, ficando dependentes de cadeira de rodas aos 11- 12 anos (GUEDES, 2012). Ainda segundo Guedes (2012) a nível respiratório, em todos os doentes, ocorre doença pulmonar restritiva, condicionando insuficiência respiratória crónica, sendo está a sua principal causa de morte. Um terço dos doentes apresenta também síndrome da apneia do sono. Após os dez anos de idade, tornam-se clinicamente 41 evidentes alterações do ritmo e condução cardíacas e cardiomiopatia dilatada, esta última representando a segunda causa de morte por DMD (10-40% das mortes). Estes doentes apresentam ainda escoliose, fraturas de ossos longos e osteoporose e, aproximadamente 30% apresentam também alterações intelectuais e/ou cognitivas não progressivas. Dificuldades em alimentar-se e perda de peso são complicações comuns em estádios tardios. A ausência de tratamento implica que a maioria destes doentes acabem por morrer devido à insuficiência respiratória ou cardiomiopatia, no final da adolescência ou quando adultos jovens 6.3 Distrofia muscular de Emery- Dreifuss (DMED) A distrofia muscular de Emery - Dreifuss é uma forma de distrofia muscular frequentemente associada a contraturas articulares e defeitos de condução cardíaca, que pode ser causada pela deficiência da proteína emerina na membrana nuclear interna das fibras musculares. Distrofia autossômica herança ligada ao cromossomo X, destacando atrofia e fraqueza muscular úmero - peroneal associada à contratura articular e defeitos da condução cardíaca (CARSTEN, 2006). Em 1962, Emery e Dreifuss relataram as principais manifestações clínicas desta doença em uma forma com herança ligada ao X, destacando atrofia e fraqueza muscular úmero-peroneal associada à contratura articular e defeitos da condução cardíaca. (COLOMER, 2002, apud CARSTEN, 2006). A DMED ocorre com maior frequência na infância ou adolescência, tendo curso benigno, sendo caracterizada principalmente por: atrofia, hipotonia e fraqueza muscular de distribuição úmero - peroneal; contraturas precoces, especialmente em pescoço, cotovelos e joelhos; defeitos de condução cardíacos. A fraqueza muscular é predominante nas porções proximais dos membros. O diagnóstico é confirmado pela biópsia muscular e estudo genético, porém o quadro clínico associado a contraturas articulares e as alterações do estudo eletrocardiográfico, fazem a suspeita diagnóstica. 42 O prognóstico depende do grau do comprometimento da musculatura respiratória e do desenvolvimento de deformidades da coluna vertebral. (MERCURI, 2002, apud ROCCO, 2005). 7 NEUROPATIAS PERIFÉRICAS Fonte: brale.org.br A prevalência estimada de neuropatias periféricas na população em geral é de cerca de 2% e em adultos com mais de 55 anos pode atingir 8%. Para o tratamento adequado da dor é importante conhecer a etiologia e os mecanismos envolvidos. Como são inúmeras as causas de neuropatias, a avaliação e o diagnóstico tornam-se difíceis. Dessa forma, mesmo com a avaliação apropriada, entre 25% e 40% das neuropatias permanecerão sem causa definida (KRAYCHETE, 2011). Classificação segundo autor citado: As neuropatias periféricas podem ser classificadas em três grandes grupos: • Mononeuropatias que comprometem apenas um tronco nervoso; Mononeuropatias múltiplas com comprometimento sucessivo de vários troncos nervosos; 43 • Polineuropatias distais com comprometimento difuso e simétrico dos quatro membros. As polirradiculoneuropatias se distinguem das neuropatias distais pela presença de alteração sensitiva ou motora proximal e distal. Podem ser hereditárias, metabólicas, tóxicas e idiopáticas. Quanto ao modo de instalação, a neuropatia pode ser aguda (até um mês), subaguda (meses) e crônica (anos). As neuropatias são desordens comuns relacionadas a muitas enfermidades sistêmicas ou próprias do Sistema Nervoso Periférico (SNP), que podem associar-se a disfunções do Sistema Nervoso Central (SNC). (VALLAT, 2005, apud FELIX, 2008 apud KRAYCHETE, 2011). 8 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Fonte: eephcfmusp.org.br Distúrbios de Movimento Ataxias Coreia Distonia Doença de Parkinson Atrofia de múltiplos sistemas Degeneração cortico basal gangliônica Demência com corpos de Lewy Paralisia supranuclear progressiva Síndrome das pernas inquietas Tremor Tiques e síndrome de Tourette Doença de Wilson Mioclonia (CAMARGOS et al, 2012). Segundo o autor ataxia é uma palavra grega que significa “fora de ordem”. Ataxia é um sinal neurológico de incoordenação motora e desequilíbrio que pode estar presente em uma série de doenças. A ataxia pode ser cerebelar, sensitiva ou vestibular. Atentaremos nesse capítulo às ataxias cerebelares. 44 Segundo Anita Harding (1996), ataxia cerebelar se refere à decomposição irregular do ajuste fino da postura e dos movimentos, normalmente controlados pelo cerebelo e suas conexões. O termo aplica-se à função motora dos membros, tronco, olhos e musculatura bulbar. As ataxias podem ser divididas em adquiridas e hereditárias, lembrando que os casos esporádicos podem ser tanto adquiridos quanto hereditários, provenientes de mutação nova, resultado de mutação dominante com penetrância incompleta ou secundário a heranças recessiva, mitocondrial e ligada ao X. Apresentação clínica segundo Camargos (2012). • Ataxia de marcha:
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