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Câncer de Vagina e Vulva

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Aula 5– Câncer de Vulva e Vagina 
Câncer de Vulva 
O câncer de vulva apresenta baixa incidência, repre-
sentando cerca de 3 a 7% de todas as neoplasias ge-
nitais femininas, sendo normalmente uma doença da 
pós-menopausa, mais comum em mulheres acima de 65 
anos. O tipo histológico mais comum é o carcinoma de 
células espinhosas, representando 75 a 90% dos ca-
sos. Pode apresentar como lesão precursora o líquen 
escleroso vulvar, assim como há associação com o 
vírus do HPV. O carcinoma in situ é considerado o pre-
cursor da doença invasiva e tende a ser multifocal. 
Os principais fatores de risco são o tabagismo (3x 
mais, mesmo após 5 anos da interrupção), início pre-
coce das relações sexuais, múltiplos parceiros, ati-
vidade sexual desprotegidas, baixo nível socioeco-
nômico, infectadas por HPV ou HIV ou outras doen-
ças condições de imunossupressão, como as doenças 
do colágeno. 
Histologia 
O tipo histológico mais comum é o carcinoma de cé-
lulas espinhosas, também chamado de carcinoma de 
células escamosas, epidermoide ou espinocelular. 
Em seguida, vem o melanoma, o qual representa 2 a 
10% dos casos. 
As lesões podem ser classificadas pelo sistema NIV, 
o qual está em desuso, em NIV 1, 2 o 3. Outra classifi-
cação em desuso é em subtipo I, que é mais comum em 
jovens, e subtipo II, que é mais comum em idosas, além 
de outras características próprias. 
Quadro Clínico 
O sintoma mais comum é o prurido vulvar, assim como 
a lesão ulcerada, a qual pode apresentar secreção 
com odor e sangramento local. Porém, também é 
muito comum a ocorrência da lesão vulvar assinto-
mática. Em cerca de 2/3 dos casos, a lesão se inicia 
nos grandes lábios. O principal diagnóstico dife-
rencial é o líquen escleroso. 
A disseminação da doença pela disseminação linfá-
tica é feita por cadeias, na seguinte ordem: linfonodos 
inguinofemorais superficiais, linfonodos inguinofemorais 
profundos, linfonodos ilíacos e disseminação sistêmica. 
Diagnóstico 
O exame clínico pode mostrar lesões de aspecto po-
limórfico, podendo variar desde lesões discrômicas a 
tumores vegetantes. Os linfonodos inguinais e femo-
rais podem estar acometidos, geralmente respei-
tando a lateralidade da lesão. 
Dessa forma, a vulvoscopia faz a ampliação de 40x, de 
forma semelhante a colposcopia, sendo fundamental 
para detecção de lesões iniciais. Durante o exame, é 
feito a aplicação de ácido acético a 5% e azul de 
toluidina, demonstrando os aspectos anormais do epi-
télio e auxiliando no local para realizar a biópsia, o 
qual faz a confirmação diagnóstica. 
Estadiamento 
O estadiamento varia de 0 a IV. O estadio 0 representa 
carcinoma in situ ou intraepitelial. Já o estadio 1 é 
o tumor confinado à vulva e/ou períneo com menos 
de 2 cm e sem metástases. Pode ser subdividido em IA e 
IB, de acordo com a invasão estromal. O estadio 2 é o 
mesmo que o 1, mas com tamanho maior que 2 cm. 
No estadio 3, há comprometimento da uretra e/ou va-
gina e/ou ânus e comprometimento dos linfonodos 
unilaterais, os quais subdividem o estadio em A, B e C. 
Por fim, há o estadio IV com comprometimento de 
outros estruturas associadas e linfonodos bilate-
rais, com ou sem presença de metástases (A e B). 
Tratamento 
O tratamento pode ser feito através da cirurgia con-
vencional com excisão completa da lesão com exci-
são fria, mantendo uma margem simples de 1 cm. Em 
casos mais extensos, a vulvectomia simples está indi-
cada. Outra possibilidade é a cirurgia a laser. 
A realização de linfadenectomia deve ser feita a par-
tir da biópsia de linfonodo-sentinela. Caso seja po-
sitivo (com seu comprometimento), deve-se realizar a 
vulvectomia. 
A radioterapia e a quimioterapia podem ser utiliza-
das antes ou depois da cirurgia, feitas nos seguintes 
casos: 
• Presença de 3 micrometástases ou 1 macro-
metástase (> 10 mm) linfonodal. 
• Evidência de tumor com extensão linfonodal 
extracapsular. 
• Margens de ressecção mínima (< 7 mm) ou 
comprometidas. 
• Tumores volumosos (> 4 cm). 
• Tumores pouco diferenciados (G3) ou com 
invasão linfovascular. 
É válido ressaltar que o acometimento do colo é 
muito comum nesse câncer, devendo-se examinar o 
colo de forma minuciosa. 
O fator prognóstico mais importante no câncer de 
vulva é o status dos linfonodos inguinais e suas va-
riáveis, sendo o principal delas o número de linfono-
dos acometidos. 
Câncer de Vagina 
O câncer de vagina é uma neoplasia rara, responsável 
por cerca de 2% de todas as neoplasias do trato uri-
nário feminino e cerca de 0,5% de todos os tumores 
que podem acometer a mulher. Cerca de 70 a 80% das 
pacientes com câncer de vagina possuem mais de 60 
anos. É válido ressaltar que a vagina, por conta da sua 
localização e das suas extensas interconexões linfáticas, 
é propensa a metástases de outros cânceres. Desse 
modo, as lesões metastáticas são duas a três vezes 
mais frequentes que o carcinoma primário. Entre os 
fatores de risco, há a exposição ao dietilestilbestrol 
e a infecção por HPV. 
O tipo histológico mais comum é o epidermoide, 
correspondendo a 90% dos casos. Em seguida, há os 
adenocarcinomas, os quais tendem a atingir mulhe-
res mais jovens (~17 anos). 
Quadro Clínico 
O sintoma mais frequente é o sangramento genital, 
também estando muito associado a corrimento, dis-
pareunia, sangramento ao coito e presença de tu-
mor vegetante no introito vaginal. 
Diagnóstico 
O primeiro passo para o diagnóstico é realizar o exame 
especular que visualize as paredes da vagina para 
identificação das lesões. A partir disso, faz-se a biópsia, 
a qual conclui o diagnóstico. 
Estadiamento 
O estadiamento também varia do 0 ao IV. O estadio 0 
significa carcinoma in situ ou intraepitelial. Já o es-
tadio I é o carcinoma limitado à parede vaginal. O 
estadio II representa o acometimento do tecido sub-
vaginal, mas sem extensão até a parede pélvica. O es-
tadio III é que se estende a parede pélvica, um 
terço da parede da vagina ou causa hidronefrose, 
podendo ou não acometer os linfonodos. Por fim, o es-
tadio IV é o carcinoma que se estende à pelve ou 
acomete a mucosa da bexiga ou do reto. Esse estadio 
pode ser subclassificado em IVA quando há dissemina-
ção do tumor para outros órgãos adjacentes (be-
xiga ou reto) ou IVB quando há disseminação para 
órgãos distantes. 
Tratamento 
O tratamento depende do tipo histológico, tamanho do 
tumor, localização, estadio da doença e idade da paci-
ente. Dessa forma, os carcinomas com menos de 2 cm 
e limitados a mucosa vaginal podem ser tratados 
apenas com cirurgia. Já nos casos localizados na parte 
superior da vagina, a histerectomia radical com 
colpectomia com 1 cm de margem associado à linfa-
denectomia pélvica pode ser realizada. Nos casos de 
tumor da parte inferior da vagina, a excisão radi-
cal com margem de 1 cm associada a linfadenecto-
mia inguinal é o tratamento de escolha.

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