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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO Mariana Duque de Andrade Ulisses do Vale Menezes ESTUDO DA RELEVÂNCIA DO REGENERADOR EM PROCESSO DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO FLUIDO BARRA MANSA 2018 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO Mariana Duque de Andrade Ulisses do Vale Menezes ESTUDO DA RELEVÂNCIA DO REGENERADOR EM PROCESSO DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO FLUIDO BARRA MANSA 2018 3 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO Mariana Duque de Andrade Ulisses do Vale Menezes ESTUDO DA RELEVÂNCIA DO REGENERADOR EM PROCESSO DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO FLUIDO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Petróleo do Centro Universitário de Barra Mansa, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Petróleo, sob orientação da Professora Me. Thaís da Silva Leite Garcia. BARRA MANSA 2018 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO Mariana Duque de Andrade Ulisses do Vale Menezes ESTUDO DA RELEVÂNCIA DO REGENERADOR EM PROCESSO DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO FLUIDO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Petróleo do Centro Universitário de Barra Mansa, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Petróleo, sob orientação da Professora Me. Thaís da Silva Leite Garcia. Data de aprovação: _____________________________________ Nome do orientador _____________________________________ membro da Banca Examinadora _____________________________________ membro da Banca Examinadora BARRA MANSA 2018 5 Dedicamos este trabalho, com todo nosso amor e carinho, aos nossos pais, irmãos e avós, em especial ao pai Carlos Henrique Menezes. 6 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus por nos dar força e sabedoria para a conclusão desse trabalho, sem Ele nada disso seria possível. Agradecemos aos nossos pais, Heliete e Cláudio, e, Fátima e Carlos Henrique, pelo apoio incondicional e por todas as oportunidades que nos foram dadas, por serem nossos maiores exemplos de vida, por sempre terem nos incentivado a seguir adiante e acreditado em nossos objetivos e anseios, por todo amor, dedicação e compreensão. Agradecemos aos nossos irmãos, Ivan, Raphaela e Fernanda, por acreditarem em nós, por toda paciência, ajuda, amor e carinho. Aos nossos avôs, que sempre estiveram dos nossos lados, educando e apoiando. A todos nossos amigos e familiares, pelos momentos de descontração. Aos amigos que fizemos na faculdade, por compartilhar e viver histórias e momentos de muito aprendizado. Agradecemos à nossa orientadora, professora Me. Thaís da Silva Leite Garcia, por sua atenção, paciência, dedicação e ensinamentos, por nos orientar sobre os caminhos necessários para executar e conseguir cumprir esta missão. Agradecemos à professora de TCC, Me. Carolina Rocha Luiz Vianna, por toda ajuda, paciência, dedicação e colaboração na realização deste trabalho. Gostaríamos de agradecer, de todo nosso coração, a todos que sempre torceram e acreditaram que esse sonho seria realizado! 7 “É do buscar e não do achar que nasce o que eu não conhecia.” Clarice Lispector 8 RESUMO ANDRADE, Mariana Duque de. MENEZES, Ulisses do Vale. Estudo da relevância do regenerador em processo de craqueamento catalítico fluido. 2018. 55p. Monografia (Graduação em Engenharia de Petróleo) – Centro Universitário de Barra Mansa, Barra Mansa, RJ, 2018. Com o crescimento da economia mundial ocorre um aumento considerável na demanda por petróleo. Assim, o petróleo está cada vez mais presente na vida das pessoas, não é apenas um fornecedor de energia. Tendo vários usos no dia a dia como transporte, cosmético, borracha e outros. Com isso, o refino do petróleo tem se tornado cada vez mais importante, sendo considerado o coração da indústria de petróleo, pois é necessário ocorrer à separação do petróleo em suas diversas frações para que tenha valor comercial. Um dos processos de conversão de refino é o craqueamento catalítico fluido, onde moléculas maiores e mais pesadas serão quebradas em moléculas menores e mais leves através da utilização de temperatura, pressão e do catalisador. Neste processo o catalisador vai perdendo sua atividade catalítica com o decorrer da sua utilização, devido a formação de coque e seguida deposição em sua superfície e por possuir elevado custo e dificuldades no seu descarte, ele deve ser recuperado e reutilizado no processo, por isso passa pela seção de regeneração. O equipamento regenerador é o responsável pela regeneração do catalisador, que acontece através da combustão do coque que está impregnado na superfície do catalisador. Depois de passar pelo regenerador o catalisador recuperado passa pelo resfriador e pode ser reutilizado, voltando ao riser e dando início a um novo ciclo do craqueamento catalítico fluido dependente do calor gerado na combustão do coque para acontecer. Como pode ser observado, o craqueamento catalítico é um processo cíclico, é a seção de regeneração que vai fornecer a energia necessária para ocorrer a quebra das moléculas e também fornece o catalisador recuperado. Verifica-se que o regenerador tem importantes funções, porém com a combustão do coque ocorrem emissões atmosféricas que podem causar impactos ambientais. O processo de craqueamento catalítico produz grandes quantidades de gases nocivos para a atmosfera e resíduos sólidos de difícil tratamento e disposição. Por isso, a indústria de refino, muitas vezes, é considerada como uma degradadora do meio ambiente, pois pode afetar o ar, a água, o solo e os seres vivos. Por meio de revisão bibliográfica, o processo de craqueamento catalítico e a seção de regeneração foram aprofundados. Além disso, os assuntos relacionados ao meio ambiente e seus principais impactos causados pelo craqueamento catalítico também foram estudados. Por fim, pesquisaram-se algumas ações mitigadoras adotadas para a redução dos impactos ambientais. Palavras-chave: petróleo, craqueamento catalítico fluido, regenerador, impactos ambientais. 9 ABSTRACT ANDRADE, Mariana Duque de. MENEZES, Ulisses do Vale. Estudo da relevância do regenerador em processo de craqueamento catalítico fluido. 2018. 55p. Monografia (Graduação em Engenharia de Petróleo) – Centro Universitário de Barra Mansa, Barra Mansa, RJ, 2018. Due to the world economy growth there is a considerable increase in the demand for oil. Thus, oil is increasingly present in peoples lives, not only as an energy supplier. It has different dailyuses such as transportation, cosmetics, rubber and various other. Therefore, the refining of petroleum has become mostly important, considered the soul of the oil industry because the petroleum separation in its several fractions is vital to its commercial value. One of the refining conversion processes is the fluid catalytic cracking, where larger and heavier molecules will be broken into smaller and lighter molecules through the use of temperature, pressure and the catalyst. Throughout the process the catalyst loses its catalytic activity with the course of its use, due to the formation of coke and then deposition on its surface. Moreover, it has high costs and difficulties in its disposal, it must be recovered and reused in the process, by the regeneration section. The regenerative equipment is responsible for the regeneration of the catalyst, which occurs through the coke combustion that is impregnated on the surface of the catalyst. After passing through the regenerator the recovered catalyst goes through the cooler and can be reused by returning to the riser and initiating a new cycle of the catalytic cracking fluid depending on the heat generated in the combustion of the coke to occur. As it can be seen, the catalytic cracking is a cyclic process, it is not only the regeneration section that provides the energy needed to break down the molecules, but also it provides the recovered catalyst. It is verified that the regenerator has important functions, however with the coke combustion atmospheric emissions occur that can cause environmental impacts. The catalytic cracking process produces large amounts of harmful gases into the atmosphere and solid waste that is difficult to treat and dispose of. Therefore, the refining industry is often considered as an environmental degradation because it can affect air, water, soil and living things. Through a bibliographic review, the catalytic cracking process and the regeneration section were deepened studied. Despite that the subjects related to the environment, and its main impacts caused by the catalytic cracking were also reviews. Finally, some mitigation actions that are adopted to reduce environmental impacts have been researched. Keywords: petroleum, catalytic cracking fluid, regenerator, environmental impacts. 10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Etapas do processo de maturação 16 Figura 2 – Fluxograma geral de um processo de refino 18 Figura 3 – Diferentes formatos de pellets de catalisadores sólidos heterogêneos 19 Figura 4 – Modelos do conversor (a) Side by side (b) Stacked 21 Figura 5 – Fluxograma do processo básico do FCC 22 Figura 6 – Representação esquemática do catalisador FCC 23 Figura 7 – Representação das correntes de entrada e saída de uma unidade FCC e o rendimento aproximado dos produtos em termos mássicos 26 Figura 8 – Detalhe do stripper do vaso regenerador 27 Figura 9 – Interior do vaso regenerador de uma unidade FCC 31 Figura 10 – Conjunto de ciclones e topo de um vaso regenerador 32 Figura 11 – Regenerador de leito borbulhante (a) e estilo combustor (b) 35 Figura 12 – Resfriador de catalisador 36 Figura 13 – Química de formação de NOx em uma unidade FCC 39 Figura 14 – Moléculas heterocíclicas contendo nitrogênio obstruindo os sítios ácidos do catalisador 40 11 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Composição elementar média do petróleo 15 Tabela 2 – Composição e informações dos ingredientes 24 Tabela 3 – Reações de combustão dos componentes do coque 30 Tabela 4 – Limites estabelecidos por lei no Brasil para emissão gasosa em unidade de FCC 43 Tabela 5 – Padrões de emissões de poluentes nas unidades de craqueamento catalítico 43 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13 1.1 Objetivo 13 1.1.1 Objetivo geral 13 1.1.2 Objetivo específico 14 1.2 Justificativa 14 2 DESENVOLVIMENTO 15 2.1 Petróleo 15 2.1.1 Características físicas e químicas do petróleo 16 2.2 Processos de refino 17 2.3 Catalisadores heterogêneos 19 2.4 Craqueamento catalítico fluido 20 2.4.1 Catalisadores utilizados no processo de craqueamento catalítico fluidizado 23 2.4.2 Descrição do processo de craqueamento catalítico fluidizado 25 2.5 Desativação do catalisador 28 2.6 Seção de regeneração 29 2.6.1 Variáveis do regenerador 33 2.6.2 Modelos de regenerador 35 2.6.3 Resfriador de catalisador 36 2.6.4 Combustão do coque e suas emissões gasosas 37 2.6.5 Origem do NOx nos regeneradores de FCC 38 2.6.5.1 Compostos de nitrogênio básicos e não-básicos 39 2.6.6 Fatores que influenciam as emissões gasosas no processo de FCC 40 2.7 Impactos ambientais 41 2.7.1 Efeitos decorrentes da poluição atmosférica 43 2.7.2 Medidas de controle dos impactos ambientais 45 2.7.2.1 Descarte do catalisador 46 2.7.2.2 Tecnologias empregadas para redução das emissões de NOx em unidades de FCC 48 3 CONCLUSÃO 50 REFERÊNCIAS 52 13 1 INTRODUÇÃO O petróleo é essencial para o desenvolvimento de um país, já que a maioria das indústrias é dependente dessa matéria prima para a produção de novos materiais. Cada vez mais a humanidade tem utilizado seus derivados para diversos bens de consumo, ele está presente em vários momentos do dia a dia, sendo utilizado como combustível, cosméticos, borrachas, entre vários outros produtos. E para se obter todos esses produtos existe um processo de extrema importância que é o refino, é através dele que ocorre a separação de petróleo em diversas frações (Mariano, 2005). Para ajudar essa separação, são utilizados catalisadores que vão acelerar as reações, facilitando a quebra de moléculas maiores em moléculas menores (SILVA, 2012). Vale ressaltar que um petróleo não é igual ao outro, que depende das características do reservatório que foram extraídos, podendo possuir impurezas. A partir das propriedades do petróleo que se obtém a rota de refino que ele irá passar, sendo que um dos processos é o craqueamento catalítico, que tem como principio a utilização de calor, pressão e de um regenerador onde ocorre a regeneração do catalisador através da queima do coque, para que ele possa ser utilizado novamente (Silva, 2012). Devido a essa queima do coque há uma grande emissão atmosférica, fazendo com que o craqueamento catalítico seja uma das fontes mais poluentes dentro das refinarias (MARIANO, 2005).O presente trabalho embasou-se em uma revisão bibliográfica, descrevendo o refino do petróleo e aprofundando em uma de suas etapas, o craqueamento catalítico, tendo o objetivo de estudar o funcionamento do regenerador, um equipamento utilizado no processo de craqueamento catalítico. 1.1 Objetivos 1.1.1 Objetivo geral Pretende-se com esse trabalho estudar dentre as etapas do refino de petróleo, descrever as etapas e funcionamento do craqueamento catalítico, dando foco no funcionamento do regenerador que é um dos equipamentos utilizados no craqueamento catalítico. 14 1.1.2 Objetivo específico Descrever o refino de petróleo a partir de uma revisão bibliográfica, com isso aprofundar em uma de suas etapas, que é o craqueamento catalítico, estudando as mudanças nas condições estruturais das moléculas de óleo; Mostrar os equipamentos utilizados nessa etapa; Explorar o funcionamento do regenerador, os processos que acontecem dentro desse equipamento e suas implicações; Abordar o assunto de catálise, demonstrar os tipos de catalisadores e como são utilizadas no processo de craqueamento catalítico fluido; Verificar as implicações que os catalisadores desativados podem causar ao meio ambiente; Analisar o efeito que as emissões de gases liberados do regenerador têm sobre o ambiente; Pesquisar medidas para minimizar os impactos ambientais gerados pelo craqueamento catalítico fluido. 1.2 Justificativa Este tema foi escolhido devido vários fatores, sendo que um deles é o interesse dos graduandos pela matéria de refino e entre outras opções foi a que mais chamou a atenção, devido toda sua importância. O refino do petróleo é de extrema importância para a indústria do petróleo e todos os outros seguimentos que utilizam os derivados do petróleo. Entre todos os processos do refino, o craqueamento catalítico é um dos mais significativos. O craqueamento foi uma alternativa para o aumento da produção de derivados nobres a partir de frações pesadas, sendo que de principio foi utilizada a forma térmica e mais tarde começou a utilização de catalisadores. O processo de craqueamento catalítico é responsável pela maior parte da produção mundial de gasolina proveniente das frações pesadas. Verifica-se uma grande importância desse processo, já que ele é rentável economicamente, onde utiliza as moléculas maiores, que não seriam utilizadas, transformando-as em moléculas menores. Além disso, a energia obtida através da combustão do coque é emitida para os catalisadores, fazendo que o processo continue. 15 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Petróleo O petróleo é uma substância formada por vários compostos químicos, como pode ser observado na Tabela 1, sendo que o principal constituinte é o hidrocarboneto. No estado líquido, o petróleo possui cheiro característico e cor variando do preto ao castanho-claro, é uma substância oleosa, inflamável e menos densa que a água (THOMAS, 2001). Tabela 1. Composição elementar média do petróleo. Elemento %(m/m) Carbono (C) 83,0 a 87,0 Hidrogênio (H) 11,0 a 14,0 Enxofre (S) 0,06 a 8,0 Nitrogênio (N) 0,11 a 1,70 Oxigênio (O) 0,10 a 2 Metais (Fe, Ni, V, etc) Até 0,30 Fonte: Moreira (2006) Sua formação leva milhares de anos, as jazidas petrolíferas mais novas têm menos de dois milhões de anos e as mais antigas cerca de 500 milhões de anos, acontece quando matéria orgânica vai decantando no solo marinho ou terrestre, com o passar do tempo outros sedimentos vão sendo depositados sobre estes (Gauto, 2011). Assim, o local fica sem oxigênio e a decomposição dos compostos orgânicos é feito por meio anaeróbico e, também, cada vez mais sedimentos são depositados e por isso, esses materiais orgânicos sofrem muita pressão e altas temperaturas. Os compostos orgânicos sofrem transformações devido à alta pressão e temperatura, originando o petróleo (Thomas, 2001). De acordo com a Figura 1, essas transformações que enquadra o ciclo de carbono compõem o processo de maturação que possui três etapas principais: diagênese, catagênese e metagênese. 1- Diagênse: Ocorre uma reorganização celular, devido à ação bacteriana, transformando-a em querogênio. 2- Catagênese: O querogênio é transformado em hidrocarbonetos líquidos e gás, devido a temperatura. 16 Figura 1 - Etapas do processo de maturação. Fonte: SPE/UFF. 3- Metagênse: Devido a elevada temperatura ocorre a formação de gases. 4- Metamorfismo: Ocorre a degradação de hidrocarbonetos, acima de 210 °C. O petróleo pode chegar à superfície espontaneamente ou não, depois disso ele passa por separadores para ser separado do gás natural. Em seguida, tanto o gás natural quanto o óleo passam pelo processamento primário, que é a fase de tratamento, e então, o petróleo é armazenado e transportado para refinaria ou terminais e o gás para consumo industrial (GAUTO, 2011). Essa matéria-prima é essencial à vida moderna, dele se produz a gasolina, combustível de aviação, gás de cozinha, lubrificantes, borrachas, plásticos, tecidos sintéticos, entre outros produtos, sendo que é o componente básico de mais de 6000 produtos (Gauto, 2011). Para que seja parte de toda essa diversidade de produtos, o petróleo deve passar por dois processos de grande importância, que é a petroquímica e o refino. 2.1.1 Características físicas e químicas do petróleo A composição do petróleo bruto varia de acordo com as características geológicas do seu reservatório de origem (Szklo; Uller e Bonfá, 2012). Devido a essa diversidade de composição que varia o número de átomos de carbono presente, as propriedades do petróleo não são fixas. O petróleo pode ser leve ou pesado, volátil ou viscoso (GAUTO, 2011). Essas diferenças das propriedades do petróleo vão influenciar o rendimento e a qualidade das frações obtidas, e também tem elevada importância na escolha rotas que serão 17 seguidas no processo de refino e nos produtos que serão adquiridos (Mariano, 2005). Com todas as diferenças são necessárias classificações em relação a algumas propriedades que serão discutidas a seguir: a) Grau API: É o grau de densidade do American Petroleum Institute (°API) e o óleo será mais leve quanto maior for seu valor, é calculado de acordo com a Equação 1. Equação 1: °𝐴𝑃𝐼 = 141 ,5 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 131,5 O petróleo pode ser classificado em leve, médio ou pesado de acordo com seu grau API. Pode ser leve quando seu grau API é maior que 30, nesse caso a densidade do óleo é menor que 0,72g/cm 3 . O petróleo é médio quando o grau API está entre 21 e 30 e é pesado quando está abaixo de 21° API e a densidade do óleo é maior que 0,92g/cm 3 (GAUTO, 2011). b) Teor de enxofre: Podem ser classificados em petróleos doces que é quando o teor de enxofre é menor que 0,5% em massa e petróleos ácidos quando o teor de enxofre for maior que 0,5% em massa (GAUTO, 2011). c) Razão entre os componentes químicos: Essa classificação é em relação ao seu conteúdo químico primário, ou seja, o tipo de hidrocarboneto que prevalece na sua composição. Podem ser saturados ou insaturados (MOREIRA, 2006). - Saturados: podem ser de cadeia aberta, chamados de parafínico ou de cadeia cíclica que são os naftênicos. - Insaturados: podem ser os de cadeia fechada, apresentado ligações duplas e simples alternadas (núcleo benzênico). Os olefínicos possuem cadeias com ligação dupla, ou ainda os acetilênicos que possuem cadeias retilíneas com ligação tripla (GAUTO, 2011). 2.2 Processos de Refino de Petróleo O petróleo bruto não tem muitas utilizações, pois é uma mistura de hidrocarbonetos com contaminações de enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais. Epara que a viabilidade técnico-econômica seja alcançada é necessário realizar vários processos, fazendo com que o petróleo seja aproveitado ao máximo. Com esse contexto, apresenta-se um assunto de vasta 18 importância para a indústria de petróleo, o refino, que vai separar as frações desejadas para se adquirir produtos rentáveis (Mariano, 2005). O refino de petróleo é responsável pela separação dessa complexa mistura, purificando as diversas frações através de processos físico-químicos, de acordo com o fluxograma da Figura 2. Figura 2 - Fluxograma geral de um processo de refino. Fonte: Dantas (2004). O refino de petróleo é dividido em três grandes grupos: processo de separação, conversão e tratamento. O processo de separação é o responsável por desmembrar o petróleo em suas frações básicas, através da modificação da temperatura e/ou pressão e a partir da relação de solubilidade e solventes. As principais operações desse processo são: dessalinização; destilação atmosférica; destilação à vácuo; desasfaltação a propano; desaromatização a furfural; desparafinação; desoleificação (MOREIRA, 2006). Os processos de conversão transformam determinadas frações em outras de maior valor econômico. Estes possuem natureza química, onde ocorrem quebra de moléculas maiores transformando-as em moléculas menores, reagrupamento (formando moléculas maiores) ou reestruturação molecular (moléculas melhores). Os principais processos de conversão são: craqueamento térmico; visco-redução; coqueamento; craqueamento catalítico; hidrotratamento; alquilação; isomerização; polimerização. Mais adiante é discutido sobre o processo de craqueamento catalítico, foco do trabalho, nos quais são utilizados catalisadores (MARIANO, 2005). 19 Os processos de tratamento são procedimentos químicos utilizados para transformar ou retirar as propriedades indesejáveis e também eliminar impurezas. Os principais tratamentos efetuados são: tratamento Bender; lavagem caústica; tratamento Merox; tratamento com DEA; tratamento de efluentes; tratamento de gás e recuperação de enxofre; produção de aditivos; limpeza dos trocadores de calor (MARIANO, 2005). 2.3 Catalisadores Heterogêneos O catalisador tem a função de acelerar a velocidade de uma transformação química para atingir o equilíbrio químico, sendo que este não aparece como um produto da reação. Este processo, chamado reação catalítica, ocorre através da redução da energia de ativação, podendo ser homogênea ou heterogênea (Valt, 2012). Na homogênea o catalisador e os reagentes estão em uma só fase, este tipo de catálise resulta em um maior rendimento, pois a interação entre os elementos da reação é melhor. Uma das suas maiores vantagens é a utilização da maioria das moléculas do catalisador, também possui alta seletividade e é mais fácil de controlar a temperatura e pressão, porém possui a desvantagem no momento da separação do catalisador e reagente, tornando-se um processo com custo elevado (LIMA, 2015). Quando o catalisador utilizado estiver em forma de pós ou suportados em outros sólidos (pellets), a catálise é heterogênea, pois são formadas duas ou mais fases, já que os reagentes utilizados são líquidos ou gasosos. Os catalisadores heterogêneos podem ser de formato esférico, partículas irregulares, pastilhas, pellets cilíndricos ou não, etc. A Figura 3 ilustra diferentes formatos de pellets. Figura 3 - Diferentes formatos de pellets de catalisadores sólidos heterogêneos. Fonte: Nóbrega (2014). 20 Com a utilização de catalisadores sólidos a reação deve ocorrer em superfície específica denominada sítio ativo. A utilização de catalisadores heterogêneos possui serventia, pois facilita a separação do sólido e os produtos obtidos e reagentes não convertidos ao fim do processo, contudo, a recuperação do catalisador é realizada através do processo de regeneração (NÓBREGA, 2014). Além de possuir a vantagem na separação do catalisador, a catálise heterogênea não possui problemas relacionados à corrosão e de tratamento de efluentes, mas não possui a facilidade no controle de temperatura e pressão, como a catálise homogênea. Porém a reação catalítica mais utilizada na indústria química é a heterogênea. Algumas propriedades dos catalisadores heterogêneos influenciam na reação catalítica, como: (LIMA, 2015). - Seletividade: Esta propriedade depende da pressão, temperatura, reagentes utilizados, grau de conversão e a natureza do catalisador. É a capacidade que o catalisador tem de conduzir a reação para produtos que são ansiados; - Atividade: Geralmente ocorre a perda de atividade no decorrer da vida útil de um catalisador, essa atividade está relacionada com o número de moléculas que reagem na unidade de tempo por massa, volume, área superficial ou por centro ativo; - Estabilidade: É a resistência que o catalisador possui sobre os processos, o que vai influenciar na sua vida útil; - Regenerabilidade: Recuperação da atividade do catalisador; - Propriedades mecânicas e térmicas: Influenciam no escoamento do fluido. 2.4 Craqueamento Catalítico Fluido No craqueamento catalítico fluido ocorre uma transformação das frações dos hidrocarbonetos, através da quebra de moléculas longas e pesadas (um processo endotérmico – absorve energia), como n-parafinas, olefinas, naftênicos e aromáticos, originando moléculas menores e mais leves, utilizando calor, pressão e um catalisador (Godoi, 2016). Os catalisadores utilizados são compostos por: zeólita, alumina, argila (geralmente caulim) e um ligante (sol de sílica) (Mariano, 2005). As unidades de craqueamento catalítico fluidizado (FCC) utilizam como carga, destilados mais leves que os resíduos (gasóleo), porém existe um processo que utiliza como carga o resíduo (resíduo atmosférico ou de vácuo, das torres de destilação), este processo é chamado de craqueamento catalítico de resíduo (RFCC). O resíduo do catalisador gasto de uma URFCC é muito mais tóxico que o resíduo gerado na UFCC, já que na URFCC utilizam-se cargas mais pesadas, com teores altos de metais 21 pesados, já que reutilizam catalisadores gastos das UFCC, que estão contaminados com compostos cancerígenos (JÚNIOR, 2010) (KAMIMURA, 2009). Com esse processo, produz-se gasolina de alta octanagem, menores quantidades de óleos combustíveis pesados e de gases leves, como o gás liquefeito do petróleo (GLP). Também, é através desse processo e com o desenvolvimento de catalisadores é que aumentou a produção de olefinas leves, assim o rendimento da gasolina torna-se cada vez mais elevado, a demanda por olefina para utilização como matéria prima é de 14,2 milhões de barris por dia, unidades de craqueamento catalítico fluidizado são responsáveis por 30% de sua produção mundial (Silva, 2012). O FCC pode adequar o rendimento da unidade à demanda, através de alterações nas variáveis operacionais e sistema catalítico, o que causa uma maior lucratividade para a refinaria (Godoi, 2016). O processo de craqueamento catalítico é um processo de conversão e é realizado no equipamento chamado conversor que pode ser visualizado na Figura 4, que pode ser de dois tipos side by side e stacked. Figura 4 - Modelos do conversor (a) Side by side (b) Stacked Fonte: Nóbrega (2014). - Side by side: Conversor no qual o vaso separador e o regenerador estão dispostos lado a lado (estruturas separadas), e possui boa distribuição do peso da estrutura, permitindo processar grandes volumes de matéria-prima. 22 - Stacked: Conversor no qual o vaso separador e o regenerador estão em um arranjo empilhados. Este modelo necessita de menos espaço para ser instalado do que o Side by side, opera com menor quantidade de catalisador, pois a etapa de regeneração possui dois estágios e, por isso, maior eficiência (KAMIMURA, 2009) (NÓBREGA, 2014). O processo FCC começa pelo pré-aquecedorde carga, depois passa pelo riser, reator, ciclones, retificador, regenerador e no final pela torre fracionadora, este processo está descrita no fluxograma da Figura 5, sendo que a unidade de craqueamento catalítico fluidizado é a mais utilizada atualmente e é composta por três seções: seção de reação ou conversão, seção de recuperação de gases e seção de tratamento. A primeira seção é onde ocorrem reações de processo, possui equipamentos de reação e é onde ocorre regeneração do catalisador, na segunda seção acontece o fracionamento das frações leves em nafta de craqueamento (gasolina), gás liquefeito de petróleo e gás combustível. A última seção é onde ocorre o tratamento das frações que foram obtidas na segunda etapa, tornando-as comercializáveis e, também, ocorre a redução do teor de enxofre (GARMBIS, 2011). Figura 5 - Fluxograma do processo FCC. Fonte: Júnior (2010). 23 2.4.1 Catalisadores utilizados no processo de craqueamento catalítico fluidizado Antigamente era utilizada, como catalisador, argila natural tratada com ácido, no processo de craqueamento catalítico. Porém, apresentavam, em sua composição, vários contaminantes que causava envenenamento do catalisador e desativação por formação do coque, também possuíam baixa resistência térmica e mecânica, que também comprometia a atividade do catalisador. Devido esses fatores, mais tarde começou a ser utilizado catalisadores sintéticos de sílica-alumina amorfa, que possuía maior estabilidade, aumentando a atividade do catalisador. Um tempo depois, a proporção de alumina no catalisador aumentou de 10% a 15% para 25% a 30%, melhorando ainda mais a atividade e seletividade do catalisador (NÓBREGA, 2014). Na década de 60, começou a ser utilizado um material com a seletividade muito maior dos outros já utilizados como catalisadores, a zeólita, que é 1000 vezes mais ativa do que os catalisadores de sílica-alumina. As zeólitas são estruturas formadas por tetraedros interconectados, antigamente eram conhecidas como alumino-silicatos cristalinos microporosos, pois são constituídas de AlO4 e SiO4 conectadas através de pontes de hidrogênio, sendo que o silício pode ser trocado por outros átomos, como: Fe, Ge, Ti, B, Ga, entre outros. Na Figura 6 a estrutura da zeólita pode ser visualizada. O alumínio é essencial na constituição da zeólita, já que ele introduz uma carga negativa na rede, assim ocorre a formação de sítios ácidos para compensar essa carga e a existência de sítios ácidos fortes e ajustáveis favorece a sua utilização em diversas reações catalíticas, essencialmente em indústrias de refino (NÓBREGA, 2014) (RODRIGUES, 2014). Figura 6 - Representação esquemática do catalisador FCC. Fonte: Godoi (2016). 24 As principais propriedades das zeólitas são referentes à sua cristalinidade e estabilidade térmica e hidrotérmica. A alta seletividade também é uma das propriedades das zeólitas e esta relacionada com a organização dos sítios ativos e por sua estrutura ser bem definida, formando microporos e com isso, uma área específica elevada (centenas de metros quadrados por grama). Com o tempo passou a utilizar uma mistura de zeólita, que é o componente ativo, com uma matriz e um aditivo (ou ingrediente funcional), como catalisador, a composição do catalisador zeólitico está descrita na Tabela 2. Esses catalisadores são partículas esféricas, com diâmetro médio de 70 a 80 μm e área específica de 300 a 350 m 2 /g. A matriz assegura a resistência mecânica e outras propriedades físicas, aumentar a área superficial e melhorar a distribuição do componente ativo. As matrizes existentes são: matriz inerte que é o caulim, um tipo de argila (garantido as propriedades físicas e estruturais); matriz ativa que é a alumina (promove o pré-craqueamento); e a matriz sintética que é a sílica, utilizada para incorporar o componente ativo à matriz (MAIDEL, 2016) (NÓBREGA, 2014) (PEDROSO, 2012) (RODRIGUES, 2014). Tabela 2. Composição e informações dos ingredientes Nome químico % Peso Óxido de silício amorfo 2,0 a 60,0 Zeólita 5,0 a 45,0 Óxido de alumínio 25,0 a 60,0 Caulim 10,0 a 45,0 Óxido de terras raras 0,0 a 10,0 Fonte: Pedroso (2012) Quando esse catalisador em pó entra em contato com uma corrente gasosa ele comporta como um fluido, por isso o processo tem o nome de craqueamento catalítico fluidizado e nele o catalisador tem a função de: propiciar que a reação aconteça em condições de temperatura e pressão muito mais inferiores do que a do craqueamento térmico (temperatura de 550°C e pressão de 25 a 70 kg/cm 2 ); levar o coque depositado na sua superfície para o regenerador, onde ele será queimado e gerará calor; agente de transferência de calor, ele retira o calor da zona de combustão e utiliza para aquecer e vaporizar a carga, mantendo as reações de craqueamento (PEDROSO, 2012). O catalisador vai sendo utilizado e vai perdendo a eficiência para propiciar as reações de craqueamento, pois suas cavidades vão sendo preenchidas, devido à contaminação 25 com o coque. Por isso o catalisador possui três formas relacionadas ao uso: catalisador virgem (atividade máxima, não foi utilizado nas reações), resíduo de catalisador (foi utilizado nas reações e esta impregnado de coque, teor de carbono de 1,0 a 1,2% em massa) e o catalisador regenerado (que já foi utilizado e queimado parte do coque impregnado a ele, o teor de carbono é de 0,1 a 0,5% em massa) (PEDROSO, 2012). 2.4.2 Descrição do processo de craqueamento catalítico fluidizado Os gasóleos leves e pesados oriundos da destilação, a vácuo ou atmosférica, são utilizados como carga. Uma unidade FCC começa seu processo injetando a carga, com formato de gotículas, através de um bico dispersor em um reator cilíndrico vertical (riser) com temperaturas de 250-425 °C, para um pré-aquecimento da carga. Logo depois, a carga entra em contato com o catalisador quente e em pó, formando uma suspensão de sólido em líquido, conhecido como slurry, dentro do riser, que é a linha de alimentação e, devido o tempo de contato entre o catalisador e o óleo ser de menos de um segundo, é onde a maioria das reações ocorre (Godoi, 2016). O diâmetro do riser varia de 1 a 3 metros, os mais comuns são de 60 a 180 centímetros e a altura da coluna varia de 25 a 30 metros, o tempo de residência da carga no equipamento está relacionada com essas duas medidas, é de 1 a 4 segundos e garante a produção adequada de produtos (Nóbrega, 2014). O riser possui um refratário, uma camada interna com espessura de 10 a 13 centímetros, de isolamento térmico e resistência à abrasão (Kamimura, 2009). A alta temperatura (aproximadamente 700 °C) que o catalisador foi sujeito faz com que o gasóleo vaporize e assim a catálise é ativada, e, rapidamente, os vapores gerados são levados ao topo do riser. Utiliza-se vapor d’água para impulsionar a mistura para cima, assim ocorre produção de produtos nobres ao longo do riser e para aumentar o rendimento do craqueamento acontece um aumento na vaporização (MAIDEL, 2016) (PEDROSO, 2012). A quebra das grandes moléculas de hidrocarbonetos acontece entre a base e o topo do riser, e também ocorre a deposição do coque, que é um subproduto não desejável, no catalisador, podendo ocorrer sua desativação (Nóbrega, 2014). Os produtos dessa reação e o catalisador, através de ciclones - que são cilindros verticais com um cone na parte inferior que gera uma rotação de elevada velocidade, gerando uma força centrípeta - de primeiro estágio vão para o vaso separador (reator), que atua como recipiente de ciclones, e esta no topo do riser, onde ocorre a separação do catalisador desativado e da fase gasosa que contém os hidrocarbonetos, devido à força centrípeta gerada pelo ciclone (Gomes, 2010) (Maidel, 2016) 26 (Pedroso,2012). As partículas do catalisador desativado vão para baixo, na parte inferior do vaso separador e as frações gasosas junto com partículas restantes do catalisador passam do topo do ciclone de primeiro estágio para o ciclone de segundo estágio, concluindo a separação (FREGOLENTE, 2009) (NÓBREGA, 2014). As frações gasosas de hidrocarbonetos saem pelo topo do ciclone do segundo estágio e passam a alimentar uma torre de fracionamento, onde ocorre uma separação primária dos cortes produzidos, o primeiro tratamento pela qual os produtos passam, a destilação fracionada. No fundo da torre produz o óleo pesado e denso, que é o resíduo do craqueamento, na lateral produz o óleo leve de reciclo, que é o diesel de craqueamento e no topo, uma corrente gasosa de nafta de craqueamento e hidrocarbonetos mais leves, a produção de uma unidade de FCC pode ser observada na Figura 7 (GODOI, 2016) (PENTEADO, 2003). Figura 7 - Representação das correntes de entrada e saída de uma unidade FCC e o rendimento aproximado dos produtos em termos mássicos. O catalisador com o coque que sai pela parte inferior do vaso separador e chega ao aparelho chamado stripper, o retificador, que tem o papel de remover o resíduo de gasolina que ficou no catalisador. Essa remoção deve ser realizada de forma mais eficiente possível, pois a presença de resíduo no regenerador no decorrer do processo de reativação do catalisador, esses gases podem entrar em combustão, podendo ocorrer um grande aumento da temperatura do equipamento (Maidel, 2016) (Pedroso, 2012). O stripper é um vaso que possui em seu interior vários conjuntos defletores em forma cônica, chamados de chicanas, que vão aumentar o comprimento do caminho que o catalisador, oriundo do vaso separador, irá FONTE: Nóbrega (2014). 27 percorrer, com isso o contato entre o catalisador e o fluxo de vapor ascendente será maior. O fluxo de vapor é o responsável pela retificação, na Figura 8 observam-se os detalhes de um stripper. O tempo de residência no leito estruturado juntamente com a pressão parcial do vapor, permite que hidrocarbonetos saiam dos poros do catalisador por difusão, o produto gerado entra no fluxo do ciclone de segundo estágio (GOMES, 2010) (KAMIMURA, 2009). A recuperação de hidrocarbonetos que estão nos poros do catalisador nem sempre é total, podendo haver certa quantidade de hidrocarbonetos ao chegar ao regenerador. Os hidrocarbonetos ricos em hidrogênio podem causar algumas desvantagens no regenerador, de acordo com Dantas (2004) algumas dessas desvantagens são: - Com o excesso de hidrogênio ocorre o aumento da temperatura do regenerador, podendo exceder a temperatura limite que o equipamento suporta. A combustão do hidrogênio forma água e com isso fornece 3,7 vezes mais calor para o sistema do que a formação de dióxido de carbono; - Perda de hidrocarbonetos que poderiam ser agregados aos produtos do riser; - A estrutura cristalina do catalisador é destruída com maior facilidade, assim, sua atividade catalisadora também diminui. Isso ocorre devido à elevada temperatura juntamente da formação de vapor no regenerador. Figura 8 - Detalhe do stripper do vaso separador. FONTE: Kamimura (2009). 28 Por fim, o catalisador que está no fundo do stripper entra no vaso regenerador, através do stand pipe, que é um tubo com uma válvula que vai controlar o fluxo do catalisador, para controlar o tempo de residência do catalisador no stripper (Kamimura, 2009). No vaso regenerador acontece uma combustão com temperatura de 700 °C, assim o catalisador é regenerado, já que o coque é queimado e então, o catalisador fica limpo, podendo voltar ao reator. A regeneração do catalisador faz com que o craqueamento seja um processo cíclico, que também se deve a diferença de pressão entre o regenerador e o reator (Maidel, 2016) (Pedroso, 2012). A queima desse coque que foi depositado no catalisador gera uma grande quantidade de energia e é utilizado como fonte de calor para a carga, supre a energia necessária para a realização do processo de craqueamento e como o calor necessário para o aquecimento e vaporização da mesma (GOMES, 2010) (MARIANO, 2005). 2.5 Desativação do catalisador O coque é o conjunto de subprodutos retidos dentro das partículas do catalisador, um resíduo sólido carbonáceo que possui elevado teor de carbono e contém hidrocarbonetos de alto peso molecular. São compostos com razão hidrogênio/carbono de 0,3 a 1,0, indicando que em sua composição possui espécies aromáticas. Podem ser obtidos diferentes tipos de coque, com propriedades diferentes (teor, natureza e localização), que vai depender do processo utilizado, das condições de operação e das propriedades da matéria-prima (JIMÉNEZ, 2011) (MELLO, 2007). As propriedades do coque vão designar o desempenho do catalisador e possui importante função na cinética de combustão do regenerador. Os tipos de coque são: catalítico, forma-se devido à condensação e desidrogenação; térmico, forma-se por um mecanismo de radicais livres; aditivo, forma-se a partir de moléculas pesadas de coque que estão presentes na alimentação; e o coque contaminante, formado devido à desidrogenação catalisada por níquel, ferro e vanádio (JIMÉNEZ, 2011). O coque e os metais (como níquel e vanádio) presentes no petróleo são depositados no catalisador, diminuindo suas propriedades catalíticas, o níquel interage com as terras raras e o vanádio fica livre e interage com a zeólita. Estes fatores podem levar a uma diminuição do número de sítios ativos ou da sua qualidade e uma degradação na acessibilidade ao espaço do poro, podendo ocorrer à desativação do catalisador. De acordo com Valt (2012), outros mecanismos também podem levar a desativação do catalisador, como: 29 - Envenenamento (poisoning): é uma adsorção de reagentes, produtos ou impurezas sobre os sítios ativos, bloqueando-os, ocorrendo mudanças na superfície ou formação de compostos químicos definidos. - Deposição de coque (fouling): onde ocorre o bloqueio dos poros e de sítios ativos, devido a deposição de espécies da fase fluida na superfície do catalisador. Se essa deposição continuar ocorrendo, pode acontecer a desintegração da partícula e entupimento do reator. - Sinterização do suporte/fase ativa (sintering – thermal degradation): acontece quando exposto a temperaturas acima de 500 °C, ocorrendo uma perda da área catalítica, resultada do crescimento de cristais da fase ativa e da queda da área do suporte. - Volatilização de componentes do catalisador (leaching by vapor transport): quando a temperatura ultrapassa 1000 °C, geralmente não tem importância no processo catalítico. A perda dos componentes da fase ativa, devido à formação de compostos voláteis, tem mais importância. A desativação do catalisador faz com que parte do catalisador seja retirada frequentemente, adicionando um catalisador fresco, assim no processo pode ter uma mistura de catalisadores com várias idades, conservando uma atividade catalítica constante (Valt, 2012). A desativação do catalisador pode ser de forma reversível, devido à produção de coque e sua eventual deposição na superfície e que através da combustão pode ser removido, e irreversível, por causa dos contaminantes presentes e pela perda de aluminato, quando o catalisador deve ser substituído (JIMÉNEZ, 2011). A desativação reversível é causada pelo envenenamento, quando uma molécula de coque bloqueia um sítio ativo interferindo na seletividade daquela região, ou pela obstrução de poros, que é quando a molécula de coque impede a entrada dos reagentes para mais de um sítio ativo. Como pode ser observado, é inevitável que ocorra a desativação do catalisador, porém é possível retardar ou impedir algumas de suasconsequências (JIMÉNEZ, 2011). 2.6 Seção de Regeneração A regeneração ocorre quando pode ser realizada uma reversão na desativação do catalisador, como no caso de desativação por deposição de coque, sendo que estes podem ser removidos por gaseificação com oxigênio, água ou hidrogênio (Lima, 2015). Como citado anteriormente, o regenerador têm duas atividades principais, a de recuperar a atividade do catalisador gasto, para que ele possa ser reutilizado no processo de craqueamento, e de fornecer calor para o craqueamento da carga. Ao entrar no regenerador, o catalisador possui 30 0,4 e 2,5% em peso de coque e é devido à combustão do coque que o catalisador pode ser reutilizado e, é o calor gerado para está combustão que é fornecido para o craqueamento da carga, na Tabela 3 verifica-se os produtos gerados através da combustão do coque (Kamimura, 2009). Porém, a combustão do coque nem sempre é completa, assim no catalisador regenerado sempre vai existir uma pequena quantidade de coque, o que faz com que sua atividade seja menor que a de um catalisador fresco. Para a eficiência do processo o catalisador deverá ser substituído depois de vários ciclos de regeneração, a quantidade de ciclos vai depender principalmente do tipo de carga de alimentação utilizado no processo (LIMA, 2015). Tabela 3. Reações de combustão dos componentes do coque. Reação Global Kcal/Kg de C, H2 ou S C + ½ O2 → CO 2.200 CO + ½ O2 → CO2 5.600 C + O2 → CO2 7.820 H2 + ½ O2 → H2O 28.900 S + xô → SOx 2.209 N + xô → NOx Fonte: Kamimura (2009) Para que a regeneração do catalisador seja eficiente, devem-se recuperar suas propriedades iniciais, como área específica e volume de poros, e também, é necessário recuperar as propriedades da fase metálica, como dispersão, redutibilidade e atividade catalítica. O regenerador é um vaso de forma cilíndrica com variação do diâmetro, fundo cônico e topo semicircular, possuem ciclones de dois estágios ligados a câmara plena que faz a exaustão dos gases de combustão, na Figura 9 está detalhada o interior do vaso regenerador de uma unidade de FCC (LIMA, 2015) (PENTEADO, 2003). 31 Figura 9 – Interior do vaso regenerador de uma unidade FCC. Fonte: Kamimura (2009). O catalisador é colocado no vaso regenerador através do distribuidor de catalisador e seu fluxo é controlado por uma válvula, a queima do coque ocorre quando ele entra em contato com o ar (que promove oxigênio para a combustão) à alta temperatura, 680° - 750° C, resultando em um catalisador regenerado e pronto para ser utilizado novamente. Através dessa combustão são gerados gases como subproduto da regeneração, que possuem muita energia térmica. O ar utilizado para fazer a combustão é derivado de sopradores com pressão e velocidade, e com sua passagem para o regenerador através do distribuídos de ar (que está abaixo do distribuidor de catalisador), no fundo do equipamento. (BATISTA 1994) (GOMES, 2010) (KAMIMURA, 2009).. O ar e os gases de combustão gerados causam a formação de bolhas no leito do catalisador o que provoca um efeito parecido com de um liquido em ebulição, forma-se então um leito fluidizado. A expressão leito fluidizado decorre do aspecto e características mecânicas se assemelharem muito às de um fluido. A fluidização do leito do catalisador é homogênea, assim aumenta o contato do ar com as partículas do catalisador e a eficiência e homogeneidade da queima do coque. O leito fluidizado vai criar um espaço entre as partículas sólidas, pois mantém um fluxo constante e uniforme de um material gasoso, normalmente o ar, por meio de um leito de material sólido particulado (GOMES, 2010) (KAMIMURA, 2009). 32 O leito fluidizado do catalisador no regenerador possui duas regiões: uma região localizada na parte inferior do leito, acima do distribuidor de ar, essa área é conhecida como fase densa (grid) e é onde o maior volume de partículas do catalisador está (partículas com tamanho de 50 a 90 μm), essa região é caracterizada pela turbulência do leito; e a fase diluída (freeboard), localizada na região superior do leito, acima da fase densa até a região de entrada dos ciclones e possui massa específica menor, com predomínio de ar e de gases da combustão, sendo que as partículas do catalisador estão em menor quantidade e ficam em suspensão na mistura ar-gases (partículas com tamanho de 0 a 50 μm), sendo que o sólido presente decorre do arraste promovido pela corrente de gases que saem da região densa (BATISTA, 1994) (GOMES, 2010) (KAMIMURA, 2009) (PENTEADO, 2003). A velocidade dos gases e o arraste do catalisador é diminuído com o aumento do diâmetro do regenerador. No regenerador também ocorre a utilização de ciclones para fazer a separação, a coleta e o retorno do catalisador arrastado ao longo do regenerador. A separação dos gases das partículas do regenerador é importante, pois o catalisador que está em suspensão na fase diluída não deve ser arrastado pelos gases para fora do regenerador, para serem enviados a atmosfera sem finos de catalisador. Os ciclones utilizados possuem pernas longas parcialmente submersas no leito fluidizado do catalisador, como pode ser visualizado na Figura 10 (GOMES, 2010) (PENTEADO, 2003). Figura 10 – Conjunto de ciclones e topo de um vaso regenerador. Fonte: Gomes (2010). 33 Os ciclones estão localizados nos principais vasos de pressão verticais de uma unidade de craqueamento, no regenerador e no separador, normalmente, trabalham em vários pares. São fabricados em chapas soldadas de aço inoxidável austenítico (para que o ciclone resista a altas temperaturas) e revestidos internamente por material refratário antierosivo de alta resistência à abrasão. A mistura gás-catalisador fica com alta velocidade tangencial e helicoidal e com constante contato com a parede interna dos ciclones, podendo causar uma erosão, por isso o refratário antierosivo possui elevada importância (GOMES, 2010). No fundo do vaso fica um acumulado de catalisador regenerado, que volta para o riser, com um fluxo controlado por uma válvula e, então, completa o ciclo do conversor (Gomes, 2010) (Kamimura, 2009). Como a combustão é exotérmica, ocorre uma elevada liberação de energia, por isso, aumenta à temperatura do catalisador regenerado, consequentemente, a energia é transferida para o riser. Os gases de combustão saem pela parte superior do regenerador e são encaminhados para equipamentos de recuperação de energia (as caldeiras), onde os gases vão receber uma quantidade extra de ar e com o auxilio de queimadores, o CO (monóxido de carbono) é convertido em CO2 (dióxido de carbono), em seguida os gases são emitidos para a atmosfera por uma chaminé de grande altura. As caldeiras possuem grande importância, devido a grande produção de energia que será utilizada na produção de vapor d’água para o acionamento de sopradores e compressores de gás, e também devido a eliminação de gases CO, contribuindo com o meio ambiente. (JIMÉNEZ, 2011) (RIBEIRO, 2007) (PENTEADO, 2003). 2.6.1 Variáveis do regenerador De acordo com Penteado (2003), as variáveis do regenerador são dependentes da circulação do catalisador e influenciam no processo de regeneração do catalisador, essas variáveis são: - Nível do catalisador no regenerador: O nível do regenerador é mantido através da reposição e do descarte do catalisador, essas ações podem ou não serem automáticas, depende apenas do grau de automação da unidade. Quanto maior for a quantidade de catalisador presente no regenerador, maior é o tempo de residência desse catalisador e assim, contribui para melhorar a regeneração. 34 - Vazão de alimentação de ar: Essa variável do regenerador interfere em todas as outras, tanto pela manutenção da estabilidade operacional dosreatores de queima parcial, quanto na manutenção da qualidade da regeneração. Normalmente, a capacidade do soprador restringe a utilização da alimentação de ar como uma variável para controle do processo. - Fração do coque no catalisador: A quantidade de coque presente no catalisador é a principal motivo para a variação da temperatura da fase densa. A produção de coque no riser é depende de fatores como cargas mais pesadas e a temperatura do craqueamento. Essa temperatura é controlada pela vazão do catalisador e a eficiência da regeneração depende da produção de coque no riser, e também, influência nessa produção. - Circulação do catalisador: Essa variável controla indiretamente a relação catalisador/óleo e essa relação influência na temperatura do riser. Com isso, a vazão do catalisador regenerado é uma função da temperatura do riser e essa vazão é controlada pelo diferencial de pressão na válvula de controle de nível de catalisador no reator. - Diferencial de pressão entre regenerador e vaso separador: É essa variável que vai garantir a segurança da unidade, evitando que ocorra fluxo reverso de catalisador, ou seja, que o catalisador tenha um fluxo do regenerador para o vaso separador, podendo causar à explosão do regenerador ou do vaso separador. O seu controle estabelece a pressão de operação do regenerador. - Temperatura do regenerador: A temperatura e o tempo de regeneração são influenciados, principalmente, pela quantidade de coque e a intensidade de regeneração. Como ela é uma variável dependente das condições de operação, ela pode ser controlada pela vazão de ar e pela quantidade de catalisador na fase densa. Alguns fatores podem contribuir para o aumento da temperatura do regenerador, como: temperatura elevada do vaso separador, catalisadores mais ativos e o modo de combustão (parcial ou total) no qual o regenerador opera. 35 2.6.2 Modelos de regeneradores Existem, basicamente, dois modelos de regeneradores em operação nas unidades FCC: regeneradores de leito borbulhante e regeneradores estilo combustor. Nos regeneradores de leito borbulhante o catalisador a ser regenerado entra no topo do leito e sai pelo fundo, esses modelos são bastante utilizados desde 1942, quando surgiram as primeiras unidades FCC. Os regeneradores estilo combustor possuem um combustor que realiza a queima completa do coque à CO2, sem utilizar promotores de combustão CO e sem a presença de oxigênio em excesso. O regenerador do tipo combustor produz 70 a 80% menos NOx (óxidos de nitrogênio) que os do tipo leito borbulhante. Os dois modelos de regeneradores podem ser visto na Figura 11 (SOUSA, 2012). Figura 11 - Regenerador de leito borbulhante (a) e estilo combustor (b). Fonte: Sousa (2012). 36 2.6.3 Resfriador de catalisador Para controlar a temperatura de regeneração do catalisador, o catalisador regenerado passa por um ajuste na sua temperatura antes de voltar ao riser, em um equipamento ligado externamente ao regenerador, um trocador de calor, conhecido como resfriador de catalisador, que pode ser visualizado na Figura 12. O resfriador auxilia não somente a controlar a temperatura e, consequentemente, o balanço de energia da unidade, mas também a manter o catalisador ativo. Esse ajuste é necessário, pois a temperatura influencia no processo de craqueamento, temperaturas baixas reduzem a eficiência catalítica e temperaturas altas levam a formação de mais coque e, assim, a redução da atividade do catalisador. O objetivo principal do resfriador é aumentar, de forma econômica, a eficiência dos processos de craqueamento (DANTAS, 2004) (MONZÓN, 2016). Figura 12 - Resfriador de catalisador Fonte: Kamimura (2009). O catalisador passa do regenerador para o resfriador e depois volta para o regenerador com uma temperatura, depende do tipo de combustão realizada, menor. Ao entrar no resfriador o catalisador flui para parte inferior, como um leito denso, através de trocadores que possuem tubo dentro de tubo e então, o catalisador envolve os tubos mais externos e troca 37 calor, resfriando-se, e retorna ao regenerador. No fundo do resfriador é injetado ar para fluidizar o catalisador. O retorno do catalisador para o regenerador é controlado por uma válvula, esse controle de circulação de catalisador pelo resfriador vai controlar a temperatura do regenerador. Para que ocorra o resfriamento, água é injetada na parte superior do espelho do resfriador, passa pelo tubo interno do sistema tubo dentro de tubo e sai por espaços vazios entre tubos (KAMIMURA, 2009). 2.6.4 Combustão do coque e suas emissões gasosas A força da regeneração e o seu modo de queima dependem da relação entre as quantidades de coque e ar, que também irá determinar a temperatura e o tempo de residência da regeneração do catalisador. De acordo com Penteado (2003), os regeneradores operam com combustão total ou parcial. A combustão parcial ocorre quando o gás de combustão possui uma mistura de CO e CO2, e esta mistura passa pela caldeira para completar a queima de CO. Os regenerados operam em temperaturas mais amenas e ocorrem duas configurações para esse tipo, queima atrasada e queima posterior, que vai depender da relação de alimentação de ar e coque. A queima atrasada acontece quando a regeneração ocorre com a relação ar/coque deficiente, o que diminui a conversão total do CO e aumenta a fração de coque no catalisador regenerado. Nesta configuração, a maior parte do oxigênio disponível é consumida e a maior parte da combustão acontece na fase densa, assim a temperatura da região diluída é menor que a da densa. Já na queima posterior o regenerador tem uma temperatura crescente da região densa para a diluída, pois a quantidade de ar presente é capaz de transformar CO em CO2 na região diluída, liberando uma parcela adicional de energia. Na combustão total, todo C do coque é transformado em CO2 e o gás de combustão é eliminado diretamente para a atmosfera. Nesta configuração, o material utilizado para sua construção deve ser resistente, porque o regenerador precisa de ar em excesso e temperatura superior a 760º C, podendo chegar a 800º C. Com isso, deve-se ter cuidado para não ocorrer a desativação térmica (sinterização) do catalisador. O tempo de regeneração é reduzido, pois o excesso de ar e temperatura aumenta a velocidade da reação. A combustão total é a mais comum, ela gera CO2 e então, diminui a emissão de CO para a atmosfera. Os gases emitidos podem ser O2, N2, CO, CO2, SOx (óxidos de enxofre) e NOx. A partir de compostos de enxofre (S) e de nitrogênio (N) presentes na carga craqueada na unidade de FCC os gases SOx e NOx são produzidos. Geralmente, utiliza-se carga a ser 38 craqueada com teor de S de 0,1 a 1,0% e de N de 0,05 a 0,5%. Em geral, de 2 a 4% do nitrogênio que entra na unidade é emitido na forma de NOx e de 5 a 10% do enxofre que entra na unidade é emitido na forma de SOx. Em uma refinaria, a unidade de FCC é a maior fonte de emissão de SOx e NOx, sendo que cerca de 17% de SOx e 22% de NOx numa refinaria provém do processo de FCC, de acordo com um levantamento feito pela Petrobras (RONCOLATTO, 2007). As emissões gasosas de SOx e NOx contribuem para formação da chuva ácida, aerossóis e aumento de O3 (ozônio) que causam danos a natureza, como acidificação de solos e rios, destruição de folhas de vegetais, corrosão do ferro e mármore e aos seres humanos, como problemas respiratórios. (ROCOLATTO, 2007, p. 3). Quando o regenerador atua com combustão parcial não ocorre à oxidação completa do coque a CO2 e a H2O, pois a quantidade de O2 injetada na corrente de alimentação não é suficiente. Por isso, produz-se CO, espécies de nitrogênio oxidadas e reduzidas (NOx, NH3, HCN e N2, são exemplos) em quantidades consideráveis no regenerador.Já na combustão total a quantidade de NOx produzida é maior, devido ao teor de oxigênio presente (SOUSA, 2012). De acordo com a EPA (Environmental Protection Agency), o limite de emissão de CO em efluentes gasosos é de 500 ppm. Assim, quando ocorre excesso de CO, ele é queimado em um combustor externo com auxilio de um combustível para queima, obtendo limites aceitáveis de emissão de CO no efluente do regenerador. Nesse combustor externo, com presença de O2, o CO é oxidado a CO2; HCN e NH3 a NOx (SOUSA, 2012). 2.6.5 Origem de NOx nos regeneradores de FCC Em um regenerador, para conseguir a combustão total, é necessário um excesso de oxigênio, o que reduz a capacidade de queima do coque e aumenta as emissões de NOx. O NOx é formado em uma unidade FCC devido ao nitrogênio contido no coque. O nitrogênio é convertido, direta ou indiretamente, em nitrogênio molecular e NOx através da reação com espécies que possuem nitrogênio, como HCN e NH3. Na regeneração, de 70 a 90% de nitrogênio presente no coque é reduzido a N2 e o restante, 10 a 30% são convertidos em NOx. Também existe uma influência do monóxido de carbono na redução dos NOx a N2, como pode ser observado na Figura 13 (JIMÉNEZ, 2011) (SOUSA, 2012). 39 Figura 13 – Química de formação de NOx em uma unidade FCC. Fonte: Sousa (2012). O NOx é uma mistura de gases (nitrogênio e oxigênio) em diferentes quantidades, os óxidos de nitrogênio mais tóxicos são o NO e o NO2 e também são os principais óxidos formados durante a combustão do coque no regenerador FCC. O NOx é produzido a partir de duas formas, térmica e combustível. O NOx térmico ocorre quando o produto da oxidação de N2 entra com ar combustão no regenerador, ele não é termodinamicamente favorável sob condições típicas de uma unidade de regeneração de FCC, pois é formado acima de 1760º C e com excesso de oxigênio. O NOx combustível ocorre devido a oxidação dos compostos de nitrogênio presentes no coque do catalisador e tem a maior contribuição na formação de NOx dentro do regenerador FCC. Foi realizada uma análise de emissões de NO em várias unidades comerciais, onde foi utilizado um Davison Circulating Riser (DCR) contendo diferentes níveis de nitrogênio na carga, observou-se que em cargas com maiores teores de nitrogênio ocorre maior produção de NOx, concluindo que as emissões de NOx no regenerador são resultados do nitrogênio contido no combustível no catalisador coqueado (JIMÉNEZ, 2011) (SOUSA, 2012). 2.6.5.1 Compostos de nitrogênio básicos e não-básicos Os compostos orgânicos de nitrogênio podem ser básicos e não-básicos, sendo que os compostos básicos podem neutralizar momentaneamente os sítios ácidos do catalisador, o que vai diminuir sua atividade e, por consequência, reduzir a conversão da unidade de 40 craqueamento, esse impedimento causado por moléculas volumosas contendo nitrogênio pode ser observado na Figura 14. Vale ressaltar que o envenenamento dos sítios ácidos do catalisador é momentâneo, pois, quando o coque for queimado no regenerador, esses compostos serão oxidados e assim, a atividade do catalisador será restaurada. Os compostos não-básicos também contribuem para a formação de coque, porém em menor proporção (SOUSA, 2012). Figura 14 - Moléculas heterocíclicas contendo nitrogênio obstruindo os sítios ácidos do catalisador. Fonte: Sousa (2012). As condições de operação e o modelo de regenerador influenciam na emissão de NOx produzida no regenerador e, também, o modo de combustão, sendo que a combustão total aumenta a emissão de NOx em relação a combustão parcial (SOUSA, 2012). 2.6.6 Fatores que influenciam as emissões gasosas no processo de FCC De acordo com Roncolatto (2007), vários fatores podem afetar as emissões de SOx e NOx em unidades de FCC, como carga, equipamentos, processo e catalisadores utilizados e pós-tratamentos. Com relação à carga, existe uma relação entre o teor de nitrogênio que está presente na carga e a emissão de NOx, que também se dá entre o teor de enxofre e a emissão de SOx. Na carga estão presentes compostos de S e N, que são responsáveis pela emissão, logo a vazão da carga afeta a emissão. Os equipamentos devem possui bom desempenho de distribuidores de catalisador e ar no regenerador, retificadores e ciclones desfavorecem a 41 emissão de NOx, SOx e CO. As variáveis do processo (temperatura, quantidade de catalisador e de carga, velocidade de circulação do catalisador, quantidade de coque, entre outros) também influenciam as emissões nos diferentes ambientes do processo (riser, retificador e regenerador). Quando o catalisador de FCC tem caráter menos ácido ou básico, favorece uma menor emissão de SOx, pois pode adsorver SOx no regenerador e liberar no reator, nesse caso o N também fica retido no catalisador. A presença de Ni e V no catalisador também favorece menor emissão de NOx e SOx. Os catalisadores de emissão são considerados aditivos, o seu uso é a forma mais eficiente para redução da emissão de NOx, SOx e CO, pois o projeto de regenerador e as condições operacionais não precisam ser modificadas. Eles são usados como partículas separadas ou incorporadas ao catalisador de FCC. A utilização de pós-tratamentos é de suma importância. Como já foi dito, para reduzir a emissão de CO é utilizado caldeiras, que oxidam a CO2 e utilizam a energia liberada como fonte de calor para outras unidades. A diminuição da vazão de ar ou da concentração de O2 na caldeira de CO reduz a emissão de NOx. Para redução de SOx usa-se lavador de gases com hidróxido de sódio que vai reter SOx na forma de Na2SO4. Tratamentos para reduzir a emissão SOx e NOx possuem custo de investimento, operação e manutenção elevado, porém são eficientes. 2.7 Impactos ambientais Os impactos ambientais são divididos em agudos, quando possuem efeitos catastróficos em um curto espaço de tempo, ou crônicos, quando impactam o meio ambiente, ao longo do tempo. Na indústria de petróleo os principais impactos agudos são os relacionados à grande vazamento de óleo, os impactos crônicos são diversos e um deles é o de emissões atmosféricas causadas pelas refinarias. A cadeia produtiva da refinaria de petróleo tem a capacidade de provocar uma grande variedade de impactos ambientais, como emissão gasosa, geração de resíduos sólidos e geração de efluentes líquidos, que são impactos crônicos, porém ao longo do tempo podem causar um impacto ambiental significativo. Por isso, na última década as pressões, para que as refinarias sigam os requisitos de segurança e meio ambiente, aumentaram (NICÁCIO, 2014). Um dos impactos ambientais de uma refinaria é o relacionado com a geração de resíduos sólidos, como a utilização e o descarte de catalisadores. Esses resíduos podem sofrer incineração, fixação química, neutralização ou disposição em aterros sanitários. Os resíduos 42 químicos são os que causam maior impacto no meio ambiente, por isso é necessário que sejam identificados e descartados em uma área definida dentro ou fora da refinaria. Além do impacto causado pelo descarte de catalisador desativado, também existe o impacto devido à perda de catalisador pelas chaminés dos regenerados para o meio ambiente, devido a eficiência dos ciclones, nesse caso a mistura do catalisador com correntes gasosas é considerado como material particulado (MP), que possuem diâmetro aerodinâmico inferior a 50 μm. Dependendo da fonte de emissão e onde está localizado, o MP pode alterar significantemente a qualidade do ar e causar problemas na saúde pública, quanto menor for o tamanho do material particulado maior é o dano a saúde. Também ocorre às perdas de catalisador por emissões fugitivas (JÚNIOR, 2010) (NICÁCIO, 2014). De acordo com a norma da ABNT-NBR 8969/1985, poluente atmosférico pode ser definido como: Toda e qualquer forma de matériae/ou energia que, segundo suas características, concentração e tempo de permanência no ar, possa causar ou venha a causar danos à saúde, aos materiais, à fauna e à flora e seja prejudicial à segurança, ao uso e ao gozo da propriedade, à economia e ao bem estar da comunidade. As principais emissões atmosféricas oriundas de refinarias são: emissões fugitivas de produtos voláteis (devido a vazamento em equipamentos), emissões geradas pela queima de combustíveis em aquecedores e caldeiras e as emissões das unidades de processos. As emissões causadas por aquecedores e caldeiras liberam produtos tóxicos, como CO, NOx e SOx, que podem ser minimizadas, porém, ao longo prazo, podem causar impacto ambiental significativo (Nicácio, 2014). O processo de FCC, de hidrotratamento e de reforma catalítica são considerados os principais emissores de gases de uma refinaria, pois a regeneração do catalisador, além das emissões fugitivas e dos gases de chaminé, gera correntes gasosas que podem conter monóxido de carbono, material particulado, óxidos de nitrogênio e enxofre e hidrocarbonetos voláteis, que são considerados os principais poluentes atmosféricos. Antes de ser emitida a atmosfera, a corrente gasosa deve ser tratada, podendo passar por caldeiras e ciclones (para retirar o material particulado) (MARIANO, 2005) (REZENDE, 2013). As emissões gasosas oriundas do regenerador do FCC podem causar vários efeitos, por isso muito tem se empenhado para a redução dessas emissões. Três estados do Brasil possuem suas próprias legislações relacionadas com a emissão gasosa, como pode ser observada na Tabela 4, a tendência é que a legislação se torne mais restritiva. O limite de CO é de 500 ppm nas fontes fixas, tanto na saída do regenerador, quanto na saída das caldeiras (RONCOLATTO, 2007). 43 Tabela 4. Limites estabelecidos por lei no Brasil para emissão gasosa em unidades de FCC. Estado Resolução SOx NOx MG Deliberaçao normativa COPAM 001/1992 1800 mg/Nm 3 ou 630 ppmv SO2 a 8% de O2 600 mg/Nm 3 ou 292 ppmv NO2 a 8% de O2 RJ DZ-FEEMA 1800 mg/Nm 3 ou 630 ppmv SO2 - PR SEMA 41 1700 mg/Nm 3 ou 595 ppmv SO2 700 mg/Nm 3 ou 341 ppmv NO2 Fonte: Roncolatto (2007) A nível federal, são as resoluções do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) que organizam como as atividades industriais poderão ser conduzidas, obedecendo a política ambiental vigente. A resolução do CONAMA 436/2011 estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas, os limites são fixados por poluentes e por tipo de fonte. Para os processos de refinaria os limites de emissão também são estabelecidos, sendo que um desses processos é o craqueamento catalítico (caldeiras de monóxido de carbono ou recuperadoras dos gases dos regeneradores). A Tabela 5 mostra os padrões de emissões de poluentes nas unidades de craqueamento catalítico (REZENDE, 2013). Tabela 5. Padrões de emissões de poluentes nas unidades de craqueamento catalítico. Material Particulado a 8% de O2 [mg/m 3 ] NOx (como NO2) a 3% de O2 [mg/m 3 ] SOx (como SO2) a 3% de O2 [mg/m 3 ] 75 600 1200 Fonte: Rezende (2013) 2.7.1 Efeitos decorrentes da poluição atmosférica A poluição atmosférica pode causar efeitos, em longo prazo, em diferentes ecossistemas, sobre o clima e sobre a estratosfera, por isso os estudos relacionados a isso têm crescido nos últimos anos. Os poluentes atmosféricos afetam prejudicialmente o meio ambiente e causam danos à composição química da atmosfera que levam a varias consequências ao bem estar do homem e dos animais, perda ao meio ambiente (natural, 44 residencial e espaço de trabalho) e efeitos que levam a danificação do conforto (MARIANO, 2001) (REZENDE, 2013). Um dos maiores problemas de caráter global é o das chuvas ácidas, que também é causado pela poluição atmosférica. Quando gases poluentes são emitidos a atmosfera, principalmente óxidos de enxofre e nitrogênio, ocorre um aumento da acidez das águas, formando as chuvas ácidas, sendo que a chuva é levemente ácida com um pH em torno de 5,65. Os óxidos de enxofre e nitrogênio ao entrarem em contato com a atmosfera transformam-se em sulfatos e nitratos, e combinados com o vapor d’água, formam ácido sulfúrico nítrico. Uma das consequências da diminuição do pH da chuva é a decorrente diminuição no pH das águas superficiais e subterrâneas, que é prejudicial ao abastecimento humano e outros usos. A contaminação dos rios e lagos, leva a uma devastação da flora e fauna aquática e ao infiltrar no solo libera metais tóxicos, que devido a redução do pH tem sua solubilidade aumentada e, com isso, pode se introduzir na cadeia alimentar. As chuvas ácidas causam problemas nos solos, devido a sua lavagem pelas chuvas ácidas e também podem levar a consequências ecológicas irreversíveis, afetando a vegetação e podendo levar a morte de plantas e tornando o solo estéril. Outra consequência da chuva ácida é a corrosão de monumentos históricos, estátuas, edificações, obras de arte e outros materiais (MARIANO, 2001) (REZENDE, 2013). Além do problema da chuva ácida, que também acarreta outros problemas, existe o problema das mudanças climáticas, o efeito estufa, que também são causadas pela poluição atmosférica. O efeito estufa é decorrente do aumenta das concentrações dos gases na atmosfera, os gases considerados do efeito estufa, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, 2007), são: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6), hidrofluorcarbono (HFC) e perfluorcarbono (PFC). Essa concentração de gases vai aumentar a temperatura geral do globo terrestre, modificando o regime das chuvas e, por consequência, surgem alterações nas terras cultiváveis e na extensão dos desertos. A intensidade da radiação solar também é danificada, ela é reduzida devido à presença de sulfatos e partículas finas. Outro problema é a diminuição do ozônio na estratosfera, causando um buraco na camada de ozônio, que tem a capacidade de proteger o planeta, assim ocorre um aumento da quantidade da radiação ultravioleta que chega a Terra. O problema do buraco na camada de ozônio se deve a presença de hidrocarbonetos halogenados e os óxidos de nitrogênio (MARIANO, 2001). A poluição atmosférica causada pelo material particulado danifica a agricultura, pois reduz a colheita e aumenta o custo da produção, pois, é necessária a utilização de fertilizantes 45 e irrigação. Quando ocorre a emissão de material particulado com elevado teor de metais pesados a devastação da vegetação e sua desconfiguração é muito severa, e também, reduz a visibilidade. Fora todo o impacto ambiental que a poluição atmosférica causa, ela também é responsável por inúmeras patologias, cooperando para a elevação da taxa de mortalidade. Para agravar, o próprio vento espalha a poluição atmosférica a grandes distancias de suas fontes de emissão (REZENDE, 2013). 2.7.2 Medidas de controle dos impactos ambientais As medidas de controle devem ser desenvolvidas pelas indústrias para que ocorre um desenvolvimento sustentável, as tecnologias que serão empregadas devem ser planejadas alvejando um crescimento econômico contínuo, juntamente com uma distribuição igualitária dos benefícios. Em relação a questão da poluição atmosférica, existem dois métodos básicos para controlar e minimizar a emissão de poluentes, os indiretos e diretos, que atendem as exigências das leis ambientais para limites de emissão de gases vigentes. O método indireto é quando ocorre o controle a partir da modificação do equipamento e do processo, matéria- prima, manutenção dos equipamentos e operações dentro da sua limitação (Mariano, 2001). Alguns dos métodos indiretos de uma unidade de craqueamento catalítico são (REZENDE, 2013): - Melhor eficiência na
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