Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resenha crítica: A sexta extinção Na obra intitulada a sexta extinção a autora faz um alerta de que podemos estar testemunhando a sexta extinção em massa do planeta. Nosso planeta já passou por 5 grandes extinções em massa que culminaram em modificações profundas no nosso habitat. A jornalista Elizabeth Kolbert descreve em seu livro como foram suas viagens para várias partes do mundo, recolhendo materiais que exemplificam as extinções que estão ocorrendo em todo mundo inclusive em nossos quintais. O livro é dividido em duas partes e em treze capítulos que contam história de espécies que estão em processo de extinção ou já estão extintas a saber: I-Atelopus zeteki: com nome popular de rã do Panamá endêmica de El Vale, considerada como talismã foi dizimado aos olhos dos moradores em pouco tempo, sendo considerada extinta na natureza com exemplares preservados em algo denominado como hotel de anfíbios , lugar altamente esterilizado , foi descoberto a causa da morte desses e outros anuros ao redor e mundo , considerado uma pandemia o fungo Batrachochytrium dendrobatidis dizimou animais em boa parte do planeta , esse fungo mata devido sua aderência a pele levando o animal a sofrer um ataque cardíaco. Esse fungo levou a extinção várias espécies pelo mundo, inclusive no Brasil na Mata Atlântica, a ação do homem foi responsável por espalhar esse fungo ao redor do planeta com o manejo das espécies de anfíbios ao redor do mundo. Figura 1- Anfíbios extintos da mata Atlântica: Holoaden bradei, extinto nos anos 1970 (o roxinho, foto de Ivan Sazima) e Phrynomedusa appendiculata (o verdinho, foto de Gualter Lutz) II- Mammut americanum- Os ossos do Mastodonte foram encontrados em 1730 e enviados para França um período que ainda o conceito de extinção não havia sido definido. Os mastodontes são considerados diferentes gerando muita confusão entre os pesquisadores onde alguns achavam que eram dois animais mortos juntos ao invés de um devido a sua dentição. O naturalista Cuvier fez uma suposição e teorizou a extinção dizendo que esses animais não existiam mais. III- Pinguinus impennis- Extinto no século 19 devido a ação do homem, com a caça indiscriminada. Eram excelentes nadadores, porém com dificuldade para andar tornavam-se presas fáceis de outros animais e seres humanos. Considerados como ‘pinguins” originais tinham um modo de vida semelhante, uma erupção vulcânica e 1830 colaborou com a sua extinção, por sua raridade os últimos exemplares passaram a ser caçados para enriquecer coleções; IV- Discoscaphites jerseyensis- O geólogo Alvarez em seus estudos reescreveu a história da vida, descobrindo os vestígios do asteroide gigante que pôs fim ao período cretáceo, dizimando três quartos de todas as espécies. Abundância de fósseis de amonites foram encontrados que viviam em grandes quantidades no Cretáceo Superior. As extinções não ocorreram devido a um único evento como um asteroide pode- se considerar que o evento de extinção em massa ocorreu de diferentes causas. V- Dicranograptus ziczac ; No fim do Ordoviciano os oceanos se exauriram próximo de 85 % das espécies marinhas foram extintas , o fato foi considerado como a primeira das cinco grandes extinções as causas foram atribuídas a 2 terremotos leves porém letais. Graptólitos, animais coloniais, eram bem comuns nessa época e quase foram extintos. As Dicranograptus ziczac, são um tipo de graptólitos em forma de V, que desapareceram por completo. Conforme avançava os estudos, definiram o atual momento como Antropoceno uma era geológica predominantemente comandada e destruída pelo homem que em pouco tempo: modificou a superfície terrestre, desviou o percurso original dos rios, desmatamentos e uso indevido do solo, água e ar. VI- Patella caerulea- Com a revolução industrial o ser humano passou a produzir ainda mais petróleo, carvão e gás natural jogando na natureza ainda mais carbono que o suportado. Esse aumento de gás carbônico acarretará aumento na temperatura global desencadeando uma série de desastres como alagamento e até desaparecimento de ilhas, derretimento de geleiras, além da alteração de gases na atmosfera criando um desequilíbrio entre as trocas de gases da atmosfera e dos oceanos. Os oceanos estão absorvendo cada vez mais carbono e se tornando cada vez mais ácidos devido a isso. O efeito dessa acidez pode ser visto na deterioração das conchas de moluscos bivalves dentre eles a Patella caerulea com corrosões suficientes para mostrar seu desprotegido corpo cinzento. VII- Acropora millepora- Os corais, animais bentônicos, formam verdadeiras barreiras no mar capazes de danificar navios, sempre foram alvos de cientistas devido ao seus encanto e interesse no seu surgimento. Em sua volta a vida acontece. Podem se apresentar de diferentes formatos inclusive em forma de galhos como o Acropora millepora e infelizmente o processo de acidificação dos oceanos está alterando o ciclo reprodutivo de modo a não permitir a continuidade da espécie. VIII- Alzatea verticillata- Existe mais vida nos trópicos que nos polos e o aquecimento global irá modificar toda a vida no planeta não apenas nos polos como se imagina, afetando animais e plantas. O aquecimento global é capaz de alterar onde as árvores se localizam, pois à proporção que a Terra aquece as condições para a sobrevivência que as plantas estavam acostumadas desaparecem. IX- Eciton burchellii- Na Amazônia há um projeto Dinâmica Biologia de fragmentos de florestas (PDBFF). O PDBFF envolve a participação de conservacionistas e pecuaristas. A ocupação de terras amazônicas na década de 70 foi resultado de um incentivo do governo federal para a criação de gado, porém os proprietários deveriam manter metade de suas terras intactas com o tempo esse método não se mostrou tão eficaz e aos poucos a degradação continua devido ao isolamento levaram espécies a extinção. As fatias preservadas não eram apropriadas para os animais que se deslocavam além da faixa e com isso não conseguiam sobreviver. X- Myotis lucifugus- Os morcegos começaram a morrer devido a um pó branco, chegando a 90% de mortandade dependendo da região, mais tarde verificou-se que esse pó era um fungo (psicrófilo) com adaptação ao frio e trazido da Europa para os EUA pelo homem, o comércio e as viagens globais encurtam percursos e inserem espécies invasoras causando danos irreversíveis na natureza. A síndrome do focinho branco como ficou conhecida dizimou milhares morcegos levando – os ao processo de extinção. Espécies invasoras inseridas pelo homem causam estragos devastadores na natureza assim também aconteceu com a cobra- arbórea- marrom possivelmente trazida para em navios militares para a ilha de Guam, predou os pássaros nativos da ilha ao ponto de só serem encontrados na reprodução em cativeiro. Plantas também são afetadas por espécies invasoras como o castanheiro -americano infectado por fungo provavelmente de origem japonesa, por terem evoluído junto ao fungo os castanheiros japoneses sobreviviam aos seus efeitos, porém ao serem introduzidos nos EUA os fungos levaram a morte praticamente 100% das árvores pelo cancro do castanheiro – 4 bilhões de árvores. Espécies invasores podem ter esse potencial efeito devastador onde são inseridas acidentalmente ou não pelo homem, pois não fazem parte daquele nicho ecológico e as espécies endêmicas não est]ao adaptadas a nova espécie possibilitando uma certa vantagem a concorrente em busca de espaço, alimentos e até mesmo pela ação predatória. Na ilha de Fernando de Noronha um rato (Noronhomys vespuccii) endêmico do lugar foi extinto devido a introdução do rato (Rattus rattus), trazido nas embarcações coloniais além de extinguir uma espécie nativa também é responsável pela contaminação com a peste bubônica. Figura 2: O rato-de-noronha extinto ainda durante a colonização do Brasil. XI- Dicerorhinus sumatrensis- Os rinoceronteseram encontrados ao pé do Himalaia, bem comuns sendo considerados até como pragas para a agricultura. O desmatamento reduziu seu habitat e fragmentou. Em 1984 estavam considerados praticamente extintos, foram capturados animais na tentativa de reprodução em cativeiro, tentativa frustrada resultando na morte por parasitas, machucados na captura e pela não adaptação no novo ambiente além da dieta incorreta resultando em 3 nascidos em cativeiro um fracasso pois foram capturados mais de 40 animais para esse procedimento. A morte desses grandes animais está relacionada ao desenvolvimento da população humana, no Antropoceno originado na revolução industrial o processo de destruição do planeta e espécies pela ação humana acelerou com a introdução de novos adventos tecnológicos- motosserras, turbinas, estradas de ferro- além da ganância onde rinocerontes são mortos e o quilo do seu chifre chega a 40 mil dólares sendo utilizado o pó como uma droga, assim como a cocaína. Assim como o rinoceronte que começaram a sua extinção com o desmatamento e caça, o maçarico- esquimó (Numenius borealis) também teve seu fim devido a esses fatores, não é vista desde 1930 no Brasil. Figura 3: O maçarico-esquimó é uma ave migratória que desapareceu do território brasileiro (Pintura de Archibald Thorbum. XII- Homo neanderthalensis- Cerca de 30 mil anos atrás os neandertais desapareceram várias teorias são lançadas para entender a sua extinção desde mudanças climáticas, doenças e em estudos mais modernos sugerem o aparecimento do Homo sapiens há mais de 40 mil anos atrás como causa da extinção seja por competição ou por serem perseguidos , o fato é que o livro deixa bem claro que com a proliferação da espécie humana na terra há também a extinção de outras sendo por muitas vezes causadas por seus maus hábitos de vida. Alguns estudos sugerem a interação de Neandertais e Homo sapiens e com isso geração de descendentes possuindo no DNA humano 4% de DNA neandertal. O texto aborda com preocupação com extinção de espécies consideradas irmãs e como estamos também levando a extinção nossos primos, podendo futuramente nos tornarmos o único representante dos primatas. XIII – A coisa com penas (Homo sapiens): O capítulo descreve os esforços incessantes dos pesquisadores para preservar várias espécies de aves seja através de leis de preservação de aves marinhas, proibição de pesticidas sintéticos (DDT) com isso houve aumento no número de águias-da-cabeça-branca nos EUA. Quando não conseguem, preservam células em nitrogênio líquido criando verdadeiros zoológicos criogênicos, vários estão sendo formados devido a ineficiência em manter as espécies vivas e na tentativa desesperada de que futuramente possam repovoar a terra com esses espécimes. O centro de conservação no colorado clonou uma doninha-de-patas-pretas. No processo foram utilizadas células preservadas de uma fêmea morta há 35 anos. Elizabeth Ann, atingiu a maturidade sexual e futuramente poderá acasalar e caso os seus descendentes sejam saudáveis será a primeira vez que pesquisadores poderão utilizar a clonagem como auxílio na preservação de espécies em extinção. Figura 2: A-Elizabeth Ann no Centro Nacional de Conservação de Doninhas-de-Patas-Negras em 31 de dezembro de 2020. Na foto, ela está com 3 semanas de idade. B- Elizabeth Ann, a doninha clonada, brinca em seu primeiro aniversário. Em breve ela será criada para produzir descendentes que podem revigorar a população selvagem. USFWS NATIONAL BLACK-FOOTED CONSERVATION CENTER. O livro ressalta que o mundo passou por 5 grandes extinções em massa e embora o ser humano não tenha participação em nenhuma delas, estudos sugerem que estramos a caminho de uma sexta extinção em massa onde os hábitos destrutivos do ser humano correspondem como fator importante para o aumento na taxa de perda de espécies, nossas ações coletivas impensadas se continuarem na proporção que estamos poderá se comparar com ação de um asteroide em termos de destruição em massa , porém acabar com uma série de espécies pode aparentar ser algo trivial pois milhares de outras continuam a existir porém a extinção de abelhas como já é um indicativo pode acarretar na extinção de várias espécies inclusive humana . As extinções estão ocorrendo devido a mudanças climáticas, desmatamento, poluição química e espécies invasoras todas causadas acidentalmente ou não pelo homem; REFERÊNCIAS – ANIMAIS EXTINTOS Figura 1 – Anfíbios extintos no Brasil em decorrência de fungos- https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2019/03/29/fungo-atingiu-501-especies-de- anfibios-no-mundo Figura 2- Rato extinto em Fernando de Noronha devido a espécie invasora- https://www.todamateria.com.br/animais-extintos-no-brasil/ Figura 3- Ave extinta - https://www.todamateria.com.br/animais-extintos-no-brasil/ Figura 4: Doninha clonada - https://www.science.org/content/article/conservation-first- cloned-ferret-could-help-save-her-species?fbclid=IwAR3IX1tDDJSY72nlQfpcyfa29S- gRlOpkIs64XXACoj9ogde2HMNsjla0Y8 Figura 2: Doninha clonada- https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2021/02/doninha-de-patas-pretas-e- clonada-processo-inedito-em-especie-ameacada-de-extincao https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2019/03/29/fungo-atingiu-501-especies-de-anfibios-no-mundo https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2019/03/29/fungo-atingiu-501-especies-de-anfibios-no-mundo https://www.todamateria.com.br/animais-extintos-no-brasil/ https://www.todamateria.com.br/animais-extintos-no-brasil/ https://www.science.org/content/article/conservation-first-cloned-ferret-could-help-save-her-species?fbclid=IwAR3IX1tDDJSY72nlQfpcyfa29S-gRlOpkIs64XXACoj9ogde2HMNsjla0Y8 https://www.science.org/content/article/conservation-first-cloned-ferret-could-help-save-her-species?fbclid=IwAR3IX1tDDJSY72nlQfpcyfa29S-gRlOpkIs64XXACoj9ogde2HMNsjla0Y8 https://www.science.org/content/article/conservation-first-cloned-ferret-could-help-save-her-species?fbclid=IwAR3IX1tDDJSY72nlQfpcyfa29S-gRlOpkIs64XXACoj9ogde2HMNsjla0Y8 https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2021/02/doninha-de-patas-pretas-e-clonada-processo-inedito-em-especie-ameacada-de-extincao https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2021/02/doninha-de-patas-pretas-e-clonada-processo-inedito-em-especie-ameacada-de-extincao
Compartilhar